Coordenação Modular no Brasil

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Relatório de Avaliação dos Esforços para Implantação da Coordenação Modular no Brasil

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Relatório de Avaliação dos Esforços para Implantação da

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República Federativa do BrasilLuiz Inácio Lula da SilvaPresidente

Miguel JorgeMinistro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial - ABDIReginaldo Braga ArcuriPresidente

Clayton Campanhola Diretor

Maria Luisa Campos Machado LealDiretora

Claudionel LeiteEspecialista em Projetos

Valdênio MirandaTécnico em Projetos

Willian SouzaAssistente Técnico

Fundação Euclides da Cunha – FECSérgio LeusinCoordenação Geral

Silk KappSupervisão

Wellington Cançado CoelhoAna Paula EmídioCoordenação

Estudo realizado via contrato 014/2009 ABDI-FEC, no âmbito do Acordo de Cooperação 031/2008, no qual participam:

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Lista de SiglasA2D Agência para o Desenvolvimento do Design CerâmicoABAL Associação Brasileira do AlumínioABC Associação Brasileira de CerâmicaABCP Associação Brasileira de Cimento PortlandABDI Agência Brasileira de Desenvolvimento IndustrialABIMCI Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada MecanicamenteABNT Associação Brasileiras de Normas TécnicasAFAP-PVC AssociaçãodosFabricantesdePerfisdePVCparaaCons trução CivilAFEAÇO Associação Nacional dos Fabricantes de Esquadrias de AçoAFEAL Associação Nacional de Fabricantes de Esquadrias de AlumínioANFACER Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica para RevestimentoAPL Arranjo Produtivo LocalAsBEA Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura ASPACER Associação Paulista das Cerâmicas de RevestimentoBIM Building Information ModelingBNH Banco Nacional da HabitaçãoCBC Centro Brasileiro da Construção BouwcentrumCBCA Centro Brasileiro de Construção em AçoCCB Centro Cerâmico do BrasilCEF Caixa Econômica Federal CM Coordenação ModularCNMaC ComissãoNacionaldoSistemadeQualificaçãodeMate riais, Componentes e Sistemas Construtivos FEC Fundação Euclides da CunhaFIESP Federação das Indústrias do Estado de São Paulo FINEP Financiadora de Estudos e ProjetosFIRJAN Federação das Indústrias do Estado do Rio de JaneiroFUNDEP Fundação de Desenvolvimento da PesquisaHIS Habitação de Interesse SocialIABr Instituto Aço BrasilINMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade IndustrialIPARDES Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e SocialISO International Organization for Standardization MCidades Ministério das Cidades MCT Ministério da Ciência e Tecnologia MDIC Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

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NBR Norma BrasileiraOSCIP Organização da Sociedade Civil de Interesse PúblicoPBQP-H Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade no HabitatPDP Política de Desenvolvimento ProdutivoPNQM Programa Nacional de Qualidade da MadeiraPSQ Programa Setorial da QualidadeSINAPROCIM Sindicato Nacional da Indústria de Produtos de Cimento SINDUSCON-SP Sindicato das Indústrias de Construção de São PauloSINDUSGESSO Sindicato da Indústria do Gesso do Estado de PernambucoSINPROCIM Sindicato da Indústria de Produtos de Cimento do Estado de São PauloUFAL Universidade Federal de AlagoasUFC Universidade Federal do CearáUFF Universidade Federal FluminenseUFMG Universidade Federal de Minas GeraisUFPB Universidade Federal da ParaíbaUFPR Universidade Federal do ParanáUFRGS Universidade Federal do Rio Grande do SulUFSC Universidade Federal de Santa CatarinaUSP Universidade de São Paulo

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Lista de FigurasFIGURA 1 Blocos de concreto: Tabela das medidas normalizadas na NBR 6136FIGURA 2 Blocos cerâmicos de vedação: Tabela das medidas normali zadas NBR 15270-1FIGURA 3 Blocos cerâmicos estruturais: Tabela das medidas normali zadas NBR 15270-2FIGURA 4 Chapas de gesso: Tabela das medidas normalizadas na NBR 14715FIGURA 5 Telhas cerâmicas: Terminologia de medidas na NBR 15310FIGURA 6 Telha cerâmica: Diferença entre comprimento útil e compri mento de coordenaçãoFIGURA 7 Telhas cerâmicas: Possibilidades de comprimentos coorde nados modularmenteFIGURA 8 Telhasdefibrocimento:TerminologiademedidasFIGURA 9 Esquadrias modulares: Medidas na NBR 5722FIGURA 10 Esquadrias modulares: Detalhe na NBR 5728FIGURA 11 Esquadrias de alumínio: Instruções de montagem de dois fabricantesFIGURA 12 Esquadrias: Alturas convencionais e ambientes internosFIGURA 13 Esquadrias de aço: Instruções de montagem de dois fabricantesFIGURA 14 Portas internas de Madeira: Exemplo de medidas praticadas

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Lista de QuadrosQUADRO 1 Tipos de componentes em foco neste estudoQUADRO 2 Blocos de concreto: Linhas normalizadas e características de coordenaçãoQUADRO 3 Blocos de concreto: Componentes nos catálogos das em- presas pesquisadasQUADRO 4 Blocos cerâmicos: Linhas normalizadas e linhas praticadasQUADRO 5 Blocos cerâmicos de vedação e estruturais: Linhas pratica- das e características de coordenaçãoQUADRO 6 Blocos cerâmicos de vedação e estruturais: Componentes nos catálogos das empresas pesquisadasQUADRO 7 Blocos de gesso: medidas nominais propostas em projeto de norma e medidas de coordenação decorrentesQUADRO 8 Chapas de gesso acartonado Drywall: Medidas praticadasQUADRO 9 Telhas cerâmicas: Medidas de coordenação inferidasQUADRO 10 Telhasdefibrocimentonãoestruturais:MedidasnormalizadasQUADRO 11 Telhasdefibrocimento:Componentesnoscatálogosdas empresas pesquisadasQUADRO 12 Telhas de aço: Componentes nos catálogos das empresas pesquisadasQUADRO 13 Dimensionamento de vãos e esquadriasQUADRO 14 Esquadrias de alumínio: Medidas preferidas segundo a ABALQUADRO 15 Esquadrias de alumínio: Exemplos de medidas reaisQUADRO 16 Esquadrias de alumínio: Medidas praticadasQUADRO 17 Esquadrias de aço: Medidas recomendadas no PSQQUADRO 18 Esquadrias de aço: Exemplos de medidas reaisQUADRO 19 Esquadrias de aço: Medidas praticadasQUADRO 20 EsquadriasdePVC:MedidasdeprodutospadronizadosdaYziplasQUADRO 21 EsquadriasdePVC:MedidaspreferidaspelaClaris-TigreQUADRO 22 Portas de madeira: Medidas da NBR 8052QUADRO 23 Portas internas de madeira: Medidas praticadasQUADRO 24 Janelas de madeiras: Medidas recorrentesQUADRO 25 Revestimentos cerâmicos: Exemplos de medidas reaisQUADRO 26 Revestimentos cerâmicos: Praticas dimensionadas e informacionais de quatro empresas pesquisadasQUADRO 27 Revestimentos cerâmicos: Componentes nos catálogos das empresas pesquisadasQUADRO 28 Resumo de conclusões gerais do levantamentoQUADRO 29 Recomendações em relação às Normas Técnicas em vigor

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SumárioApresentação...............................................................................................9

A importância da Coordenação modular no contexto da Política de Desenvolvi-

mento Produtivo...........................................................................................10

1. Introdução...............................................................................................11

1.1 Contextualização....................................................................................11

1.2 Breve histórico ......................................................................................12

1.3 Ações recentes.......................................................................................12

1.4 Foco do estudo......................................................................................13

2. A Coordenação Modular..........................................................................14

2.1 Normas.................................................................................................14

2.2 Vocabulário...........................................................................................15

2.3 Objetivos...............................................................................................16

2.4 Princípios...............................................................................................16

2.5 Características de um componente ou conjunto modular...........................17

3. Levantamento de segmentos críticos..........................................................18

3.1 Metodologia..........................................................................................18

3.2Vedaçãosimpleseestrutural...................................................................19

3.2.1 Blocos de concreto..............................................................................19

3.2.2 Blocos Cerâmicos...............................................................................25

3.2.3 Chapas e blocos de gesso...................................................................29

3.3 Coberturas............................................................................................33

3.3.1 Telhas cerâmicas.................................................................................33

3.3.2Telhasdefibrocimento.........................................................................36

3.3.3 Telhas de aço......................................................................................41

3.4 Abertura................................................................................................43

3.4.1 Normas referentes a todos os tipos de esquadrias..................................43

3.4.2 Esquadrias de alumínio........................................................................45

3.4.3 Esquadrias de aço...............................................................................51

3.4.4EsquadriasdePVC..............................................................................55

3.4.5 Esquadrias de Madeira........................................................................58

3.5 Acabamento..........................................................................................62

3.5.1 Revestimentos cerâmicos......................................................................62

4. Conclusões..............................................................................................66

5.Referênciasbibliográficas..........................................................................75

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Apresentação

Como forma de contribuir para uma análise preliminar e debates sobre a implantação da Coordenação Modular no Brasil, a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), órgão ligado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), contratou a Fundação Euclides da Cunha (FEC/UFF-RJ) para elaborar um relató-rio sobre os impactos da iniciativa no País.

A intenção da Agência é disseminar a publicação para os agentes do setor e fornecer sub-sídios para argumentação técnica sobre o tema. Atualmente o principal enfoque da ABDI está nos programas e projetos estabelecidos pela Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP), lançada em maio de 2008, na qual participa como Secretaria Executiva juntamente com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e os ministérios da Fazenda e da Ciência e Tecnologia.

Além do importante papel na governança da PDP, a Agência desenvolve projetos setoriais alinhados às diretrizes e metas da PDP, e demais políticas e programas de governo, com objetivo de promover o desenvolvimento industrial e aumento da competitividade da in-dústria nacional, tendo a modernização e inovação tecnológica como focos principais. Todos os projetos, ações e publicações setoriais desenvolvidos pela Agência podem ser consultados no site www.abdi.com.br

ParaosetordaConstruçãoCivil,alémdeaçõesespecíficasdesenvolvidasemconjuntocom o setor privado por meio de seu Programa de Competitividade Setorial (PCS), a ABDI apoia o MDIC na articulação, coordenação, execução e acompanhamento da Agenda de ações PDP, no âmbito do Fórum de Competitividade.

Nesse contexto, vem desenvolvendo em parceria com MDIC e outras entidades diversas ações voltadas para a modernização do setor da Construção Civil. Entre essas frentes, a implantação da Coordenação Modular, sem dúvida, é um dos maiores e mais importantes desafiosasersuperado,alémdoqueconstituirequisitoparaumaefetivaindustrializaçãodo setor, com impacto direto no aumento da produtividade e diminuição das perdas.

Como pode ser constatado ao longo deste relatório, com exceção dos segmentos de BlocosdeConcretoePainéisdeGesso,sãograndesosdesafiosparaadequaçãodosde-mais segmentos e produtos à prática da Coordenação Modular. No entanto, igualmente significativos têmsidoosesforçosdesenvolvidosnessadireçãoalguns jáapresentandoresultados concretos, como a recente publicação pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) da nova norma de Coordenação Modular (NRB-15873/2010).

Assim,comestapublicação,aABDIacreditaestarcontribuindosignificativamenteparaadoção da estratégia de modernização e industrialização do setor de Construção Civil, como principal estratégia de competição para a indústria nacional.

Esperamos que você também some esforços a esta empreitada. Boa leitura!

Reginaldo Braga ArcuriPresidente da ABDI

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A importância da coordenação modular no contexto da Política de Desenvolvimento Produtivo – PDP

SegundoestudosdaFundaçãoGetúlioVargas(FGV)-Projetos,paradarsustentabilidadeao atual ciclo de crescimento da construção civil no Brasil é fundamental que o setor al-cance um aumento médio anual de 3% na produtividade da sua mão de obra, durante a próxima década.

Trata-sedeumenormedesafio,cujasuperaçãorequermudançassignificativasnospro-cessos construtivos, que precisam migrar do método artesanal para a construção indus-trializada aberta.

Para isto será indispensável a plena implantação da Norma Técnica de Coordenação Mo-dular (NBR-15873/2010), que viabilizará a interoperabilidade técnica e permitirá: • reduziredarcoerênciaàvariedadedemedidasutilizadasnafabricaçãodecomponentes;• simplificaracoordenaçãodimensionalnosprojetosdasedificações,quehojeéela-boradacasoacaso;

• simplificaroprocessodemarcaçãonocanteirodeobrasparaposicionamentoemon-tagemdecomponentesconstrutivos;

• reduzircorteseajustesdecomponenteseelementosconstrutivoseageraçãoderesí-duosnocanteirodeobras;

• aumentaraintercambiabilidadedecomponentestantonaconstruçãoinicialquantoemreformasemelhoriasaolongodavidaútildaedificação;

• evitarcorteseajustesdesnecessários;• induzirmaiorcuidadonaresoluçãodeprojetosemaioracuidadetécnicanasuaexecução• ampliaracooperaçãoentreosdiversosagentesdacadeiaprodutivadaconstrução.• eminimizardesperdícios,comreduçãodecustosediminuiçãonosprazosdeexecu-çãodasobras,devidoàmaiorfacilidadedeajustesemontagens;

Por estas razões, a implantação da coordenação modular no País é um dos eixos centrais da Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP)– Setorial da Construção Civil.

Neste contexto, esta publicação da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) é muito oportuna, pois traz importantes subsídios para orientar as estratégias e ações ne-cessárias para se alcançar este objetivo.

O Relatório evidencia também que a implantação da coordenação modular requer um alinhamento de esforços, numa ação convergente e integrada cadeia da produtiva da construção civil, no sentido de prover o mercado de produtos que observem a coorde-nação modular, condição sine qua non para o desenvolvimento da interoperabilidade técnica e para a difusão da construção industrializada aberta no País.

Marcos Otávio Bezerra PratesCoordenador do Fórum de Competitividade do Setor de Construção Civil

Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - MDIC

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1 Introdução

1.1 ContextualizaçãoOpresenterelatórioéparteintegrantedoestudodeidentificaçãoeavaliaçãotécni-ca dos impactos da Coordenação Modular (CM) e do Building Information Mode-ling (BIM) no setor de construção civil no Brasil, contratado pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) junto à Fundação Euclides da Cunha (FEC).

O estudo visa a contribuir para a difusão e implementação efetiva da Coordenação Modular na construção civil brasileira. Seu desenvolvimento consiste no levanta-mento e na caracterização dos requisitos para a implementação da Coordenação Modular em segmentos críticos da cadeia produtiva da construção civil imobiliária, seguido da elaboração de modelos de aplicação nesses segmentos críticos.

1.2 Breve HistóricoA Coordenação Modular é um instrumento de compatibilização de medidas na construção, difundido internacionalmente a partir da década de 40, cujas pri-meiras normas da International Organization for Standardization (ISO) datam da década de 70. Também no Brasil se publicou a primeira norma de Coordenação Modularem1950ehouveumesforçosignificativoparaanormalizaçãodetalhadae para a adoção desse instrumento nas décadas de 60 e 70. O Banco Nacional da Habitação (BNH) contratou o Centro Brasileiro da Construção Bouwcentrum (CBC) em 1969 para o desenvolvimento de uma estratégia de implantação da Coordenação Modular no Brasil. Contudo, as ações não tiveram sistematicidade e recursos suficientes para uma difusão ampla, sendo interrompidas em 1972(BALDAUF, 2004).

Com as mudanças dos processos de trabalho na construção civil brasileira ocor-ridas desde a década de 80 e mais marcadamente na década de 90, tornou-se evidente a necessidade de uma retomada da Coordenação Modular, com o ob-jetivo de melhorar a produtividade dos processos construtivos, a versatilidade de componentes construtivos e a comunicação entre os agentes do setor (fabricantes, construtores, projetistas, usuários, poder público).

Em 2006, a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) lançou um edital de projetos de pesquisa (CHAMADA PÚBLICA MCT/FINEP/FNDCT/CAIXA - HABITARE - 01/2006) que incluiu, entre as linhas propostas, o desenvolvimento da Coordenação Modular para a produção habita-cional. Projetos de oito instituições de pesquisa (UFAL, UFC, UFMG, UFPB, UFPR, UFRGS, UFSC, USP) foram aprovados nessa linha, formando-se, assim, uma Rede Colaborativa de pesquisa, que examinou as normas vigentes de Coordenação Modulareidentificouosprincipaisobstáculosàsuaimplementação.

Dentre esses obstáculos merecem destaque o desconhecimento da Coordenação

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Modular por grande parte dos agentes da construção civil imobiliária (projetistas de engenharia, arquitetura e produtos, fabricantes, comerciantes e vendedores, mestres-de-obras, encarregados e demais operários especializados e não especia-lizados, consumidores). Muitos estão familiarizados com a expressão “coordena-ção modular”, mas entendem-na nos mais diversos sentidos coloquiais (repetição de elementos construtivos, pré-fabricação, coordenação dimensional etc.), o que contribui para a persistência de alguns preconceitos, como, por exemplo, a idéia de que a construção coordenada modularmente levaria a uma monotonia do am-biente construído.

Tambémconfiguramobstáculosrelevantesaspráticaserotinashistoricamentese-dimentadas no setor da construção, tais como a pouca observância de juntas de dilatação não estruturais, a confecção sob medida de elementos e componentes da construção, o ajuste in loco, a quase ausência da indicação de tolerâncias nos projetosdeedificaçõesetc.

UmterceirodificultadorparaaimplementaçãodaCoordenaçãoModularsãoasNormas Brasileiras relativas ao tema. Além de fragmentárias e por vezes contra-ditórias (KAPP, 2009), elas foram formuladas a partir de uma visão prescritiva. A CBC,especialmentenafiguradeseucoordenadorTheodoroRosso,quetambémparticipou ativamente da elaboração das respectivas NBRs, partia do pressuposto de que medidas modulares e medidas nominais de componentes construtivos, as-sim como multimódulos utilizados para determinados tipos de construções, deve-riamserfixadas.Consideravam-se,paraisso,determinadosprocessosconstrutivosexistentes. Mudanças nesses processos levariam, necessariamente, a uma revisão das normas. Não havia a perspectiva de que as normas podem estabelecer limites e princípios de compatibilização dimensional dentro dos quais a indústria e os de-mais agentes têm liberdade para inovar.

A mobilização da Rede Colaborativa FINEP no sentido de uma superação pau-latina desses obstáculos constituiu, no empenho em dar início a um processo de revisão das respectivas Normas da ABNT, na realização de palestras e mini-cursos em todos os pontos da Rede, na implantação de um web site sobre o tema e no desenvolvimento de produtos para a construção coordenada modularmente. Cabe observar, no entanto, que a natureza, o alcance e os recursos desse projeto de pesquisa não seriam adequados para ações mais sistemáticas de transformação do setor da construção civil imobiliário para a adoção da CM.

1.3 Ações RecentesEm 2008, a União, por intermédio do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o Ministério das Cidades (MCidades), a Caixa Econômica Federal (CEF), a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) e a Fundação Euclides da Cunha de Apoio Institucional à Universidade Federal Fluminense (FEC) celebraram um Acordo de Cooperação Técnica para a promoção, o fortalecimento e a realização de ativi-

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dades que contribuam para a melhoria do ambiente de negócios, o desenvolvimento industrial, tecnológico e a elevação do patamar competitivo da cadeia produtiva da construção civil, e que estejam alinhadas com os objetivos e metas estabelecidos na Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP) ou com estratégias e ações do Fórum de Competitividade da Cadeia Produtiva da Construção Civil, de modo especial com foconareduçãododéficithabitacionalenamodernizaçãodaConstruçãonopaís.Arevisão das normas de Coordenação Modular e o desenvolvimento de um plano de difusão estão incluídos nas ações prioritárias desse Acordo de Cooperação. O Grupo MOM, sob coordenação de Silke Kapp4, integra a supramencionada Rede Colaborativa de Pesquisa FINEP. A partir do conhecimento assim adquirido, auxiliou também a articulação entre a Rede e as ações do MDIC e da Universidade Federal Fluminense (UFF), no âmbito do Acordo de Cooperação Técnica, para a revisão das normas brasileiras concernentes ao tema.

Em julho de 2009, foi reaberta a Comissão de Estudos 02 138 15 - Coordenação ModularparaEdificaçõesdaAssociaçãoBrasileirasdeNormasTécnicas(ABNT),com representantes da Rede FINEP, do MDIC, da UFF, além dos representantes dos mais diversos segmentos da cadeia produtiva da construção civil. A elaboração de umanorma-diretrizfoifinalizadanoiníciode2010,formandoabaseparaumadiscussão e difusão nacional deste instrumento, sua aprovação pela ABNT e a posteriorelaboraçãodenormasespecíficasporsegmento,quandopertinente.

Assim, presente estudo complementa esses esforços, subsidiando a formulação de medidas e ações para a intencionada difusão e implementação efetiva da Coor-denação Modular no país.

1.4 Foco do EstudoA implementação da Coordenação Modular depende de pelo menos três fatores:

• Práticadeprojetistaseconstrutores;• Legislaçãourbana,exigênciasdeprogramasdefinanciamento,normastécnicas;• Característicasdoscomponentesconstrutivosdisponíveisnomercado.

O presente estudo tem por objeto o último desses fatores, isto é, a indústria bra-sileira de componentes construtivos. No âmbito dessa indústria, há segmentos em que a relação de custo-benefício da implementação sistemática da Coordenação Modularserámaissignificativapelofatodeseusprodutosintegraremelementosbásicosdasedificaçõeseemrazãodovolumeatualdeproduçãoeconsumo.Porisso, nosso foco está nos segmentos produtores dos tipos de componentes relacio-nados abaixo (quadro 1). 4 SilkeKappéarquiteta,mestreedoutoraemFilosofia,professoraadjuntadaEscoladeArquiteturadaUFMG.Desde2007temrealizadopesquisassobreotemadaCoordenaçãoModular,especialmentenoprojetodepesquisaFinepintitulado“Interfacedigitaldeapoioàproduçãodemoradias:Princípios,componenteseprocessosparaaconstruçãocoordenadamodularmente”.Entreoutrostrabalhos,publicou:- KAPP,Silke;BaltazardosSantos,AnaPaula;Nascimento,D.M.ArchitectureasCriticalExercise:Littlepointerstowardsalternativepractices.Field.AfreejournalforArchitecture,v.2,p.7-29,2008.- KAPP,Silke;GREVEN,Hélio.Coordenaçãomodular:desfazendomal-entendidos,retomandoumaprática

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Trata-sedeanalisaroscondicionantesespecíficosdecadasegmentoparaaim-plantação da coordenação modular. Tais condicionantes são derivados dos siste-mas produtivos e das características do respectivo parque industrial, enfocando-se os impactos sobre o desenho de produtos, sobre as necessidades de ajustes nas linhas de produção daí decorrentes e, eventualmente, sobre a logística (embala-gem,armazenamento, transporte)eaqualificaçãodamão-de-obra(projetistas,vendedores, instaladores etc.).

QUADRO 1. Tipos de componentes em foco neste estudoTipo de componente Função na edificação Peculiaridades

Blocos de concretoBlocos cerâmicosChapas de gesso

Vedação simples ou es-trutural

Interface com instalações

Telhas cerâmicasTelhasdefibrocimentoTelhas de aço

Cobertura Interface com subcober-turas

Esquadrias de alumínioEsquadrias de açoEsquadriasdePVCEsquadrias de madeira

Abertura Interface com vedações

Revestimentos cerâmicos Acabamento Interface com vedações

Fonte: Autores

2 A Coordenação Modular

2.1 NormasO presente estudo é fundamentado nos princípios da Coordenação Modular in-ternacionalmente acordados, praticados e formalizados em normas técnicas de diversos países, bem como em três normas ISO essenciais ao tema:

• ISO1006-1983-BuildingConstruction-ModularCoordination-BasicModule• ISO1791-1983-BuildingConstruction-ModularCoordination-Vocabulary• ISO2848-1984-BuildingConstruction-ModularCoordination-Principles

and Rules

Como explicitado acima, as respectivas normas técnicas brasileiras se encontram em processo de revisão, embora seus princípios básicos sejam os mesmos das normas internacionais. A necessidade de revisão se deve a três fatos. Em primeiro lugar, as normas brasileiras datam de 1982, sendo, portanto, anteriores às normas ISO.Emsegundolugar,suadifusãosistemáticaédificultadaporconstituíremumto-tal 25 documentos em 62 páginas, para um conteúdo que pode ser sintetizado em uma única norma. Em terceiro lugar, as normas brasileiras vigentes apresentam de-finiçõesoraredundantes,oraambíguas,enãoelucidamsuficientementeosproce-dimentosadotadosparaaconstruçãodeedificaçõescoordenadasmodularmentee

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para a produção de componentes construtivos modulares. Assim, são inadequadas para cumprir o objetivo de uma norma dessa natureza: promover a coordenação efetiva entre os agentes da cadeia produtiva da construção civil imobiliária.

Nas seções seguintes, explicitamos o vocabulário e os princípios fundamentais da Coordenação Modular, concordantes com as normas internacionais, bem como com as discussões desenvolvidas até o momento na respectiva Comissão da ABNT.

2.2VocabulárioParaefeitodopresenteestudo,adotar-se-ãoasseguintesdefinições:

• Elemento (construtivo):Partedaedificaçãocomfunçõesespecíficas,consti-tuída por um conjunto de componentes e/ou materiais de construção. Exemplo: parede, janela, escada.

• Componente (construtivo):Produtodestinadoàedificaçãoeformadocomoumaunidadedistinta,degeometriadefinidaedemedidasespecificadasnastrês dimensões. Exemplos: Bloco cerâmico, telha, painel etc.

• Material (de construção):Produtodestinadoàedificaçãoequenãoéfor-mado como uma unidade distinta, não temgeometria definida ou não temmedidasespecificadasnastrêsdimensões.Exemplo:areia,brita,cal,cimento,chapa, bambu, pedra de mão, aditivo, tinta, argamassa etc.

• Coordenação dimensional: Interrelação de medidas de elementos e com-ponentes construtivos e das edificações queos incorporam, usadapara seuprojeto, sua fabricação e sua montagem.

• Coordenação modular: Coordenação dimensional mediante o emprego do módulo básico ou de um multimódulo.

• Módulo básico: Menor unidade de medida linear da coordenação modular, representada pela letra M, cujo valor é M=100mm.

• Multimódulo: Múltiplo inteiro do módulo básico.• Espaço de coordenação: Espaço necessário a um elemento ou componente

construtivo, incluídas folgas para deformações e instalação, tolerâncias e mate-riais de união.

• Medida real:Medidaverificadadiretamentenoobjetosingular,apóssuaexe-cução/ fabricação. Exemplo: Painel de 58,82cm x 279,10cm x 8,93cm.

• Medida nominal: Medidaesperadadeumobjeto,definidaantesdesuaexe-cução/ fabricação. Exemplo: Painel de 59cm x 279cm x 9cm.

• Medida de coordenação: Medida do espaço de coordenação de um ele-mento ou componente. Exemplo: Painel de 60cm x 280cm x 10cm.

• Medida modular: Medida de coordenação cujo valor é igual ao módulo bá-sico ou a um multimódulo. Exemplo: Painel de 6M x 28M x 1M

• Tolerância: Diferença admissível entre uma medida real e a medida nominal correspondente.

• Ajuste de coordenação: Diferença entre uma medida nominal e a medida de coordenação correspondente. O ajuste de coordenação garante folgas para deformações e instalação, tolerâncias e materiais de união.

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• Elemento Modular: Elemento construtivo cujas medidas de coordenação são modulares.

• Componente Modular: Componentes construtivo cujas medidas de coorde-nação são modulares.

• Conjunto Modular: Agrupamento de componentes construtivos que, em con-junto, resultam em medidas de coordenação modulares.

2.3 Objetivos A Coordenação Modular promove a compatibilidade dimensional entre elementos construtivos (definidosnosprojetosdasedificações) e componentes construtivos(definidosnosprojetosdeprodutosdosrespectivosfabricantes),paraalémdear-ranjos produtivos particulares ou de alcance restrito. Isso possibilita:

• Reduziravariedadedemedidasutilizadasnafabricaçãodecomponentes;

• Simplificaracoordenaçãodimensionalnosprojetosdasedificações,quehojeéelaboradacasoacaso;

• Simplificaroprocessodemarcaçãonocanteirodeobrasparaposicionamentoemontagemdecomponentesconstrutivos;

• Reduzircorteseajustesdecomponenteseelementosconstrutivos;

• Aumentara intercambiabilidadedecomponentes tantonaconstrução inicialquantoemreformasemelhoriasaolongodavidaútildaedificação;

• Aumentaromercadodeexportaçãodecomponentes;

• Ampliaracooperaçãoentreosdiversosagentesdacadeiaprodutivadaconstrução.

2.4 Princípios A Coordenação Modular se baseia num único princípio fundamental: o espaço ocupado por um elemento ou componente construtivo deve ter medidas múltiplas de 100mm nas três dimensões.

O espaço ocupado por um elemento ou componente denomina-se espaço de co-ordenação. Ele inclui o elemento ou componente propriamente dito e, também, as folgas perimetrais requeridas em razão de suas deformações (mecânicas, térmicas ou por umidade), suas tolerâncias (de fabricação, marcação e montagem), seu processo de instalação e seus materiais de união com componentes ou elementos vizinhos. Essas folgas perimetrais são denominadas ajustes de coordenação.

Portanto:Espaço de coordenação = Elemento ou componente + Ajustes de coordenação Elemento ou componente = Espaço de coordenação - Ajustes de coordenaçãoAjustes de coordenação = Espaço de coordenação - Elemento ou componente

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As medidas do espaço de coordenação, quando múltiplas do módulo básico de 100mm (M), são denominadas medidas modulares. As medidas previstas do ele-mento ou componentes propriamente ditas são denominadas medidas nominais.

Portanto:Medida modular = Medida nominal + Ajuste de coordenaçãoMedida nominal = Medida modular - Ajuste de coordenaçãoAjuste de coordenação = Medida modular - Medida nominal

Para além desse princípio fundamental, existe a possibilidade de reduzir a variedade de medidas praticadas por fabricantes e projetistas mediante o uso de séries de multimó-dulos, como, por exemplo, as séries n x 2M, n x 3M ou séries de incremento variado.

Nãoconsideramosqueasdefiniçõesdessassériesdevamserfeitaspreviamenteou para todos os diferentes setores da construção civil em conjunto. Uma vez im-plementada a Coordenação Modular, a demanda de mercado funcionará, por si só, como um fator de seleção dimensional. Ao longo do tempo, diferentes setores poderãoseorganizarparaoestabelecimentodesériesconcernentes,especifica-mente, a determinados produtos ou segmentos.

2.5 Características de um Componente ou Conjunto ModularComo já explicitado no vocabulário, um componente construtivo é um produto formadocomoumaunidadedistinta,degeometriadefinidaemedidasespecifi-cadas nas três dimensões, isto é, um produto que, normalmente, é instalado na edificaçãosemcortesouajustes.Paraqueumcomponenteconstrutivopossaserutilizadoemedificaçõescoordenadasmodularmente,bastaquesuasmedidasdecoordenação sejam iguais ao módulo básico de 100mm ou a um multimódulo. O componente é então denominado componente modular.

Asmedidasnominaisdeumcomponentemodulardificilmenteseráigualaomó-dulobásicoouaummultimódulo,umavezqueissosignificariaajustesdecoor-denação nula, o que, por sua vez, pressupõe a total ausência de deformações, tolerâncias, folgas de montagem e materiais de união.

Um componente modular pode ter medida não modular em uma dimensão (par-ticularmente,aespessura),desdequeelanãointerfiradiretamentenasuacoor-denaçãocomosdemaiselementosecomponentesdaedificaçãoouque,unidaaoutros componentes, integre novamente uma medida modular.Finalmente, um componente modular pode ter quaisquer medidas e disposições geométricas no seu interior, conforme conveniências de consumidores e fabricante, pois as subdivisões internas do componente não interferem na coordenação mo-dulardaedificação.Assim,porexemplo,umaesquadriaserámodularemrazãode suas medidas de coordenação (externas), não importando a paginação das folhas,operfilutilizado,otamanhodosvidrosetc.

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18 |Implantação da Coordenação Modular no Brasil - ABDI

Um conjunto modular é constituído por componentes construtivos que, individual-mente, não são modulares, mas cuja soma ou justaposição resulta numa medida modular. Conjuntos modulares podem ter, internamente, quaisquer medidas e dis-posições geométricas, desde que, a intervalos regulares, apresentem medidas de coordenação iguais a um multimódulo. Nesses casos, cabe ao fabricante informar o menor espaço modular resultante de um conjunto e, se necessário, fornecer so-luções de arremate para o preenchimento desse espaço.

3 Levantamento de Segmentos Críticos

3.1 Metodologia Os levantamentos realizados constantes deste relatório cumpriram basicamente quatro etapas:

• Identificaçãodotipodecomponentesegundosuafunçãonaedificação,segui-da de uma breve caracterização do segmento (principais entidades, número de empresas,principaisprodutosetc.);

• IdentificaçãodasNormasBrasileirasvigenteseaplicáveisaotipodecompo-nentecomrelaçãoàscaracterísticasdimensionais;breveavaliaçãodaconfor-midadedasNormascomosprincípiosdaCoordenaçãoModular;

• AvaliaçãodaconformidadedoscomponentescomaCoordenaçãoModular,utili-zando-se dados técnicos e catálogos disponibilizados online por fabricantes, bem comoavaliaçõesrealizadasoupromovidaspelasprópriasentidadesdosegmento;

• Complementaçãodaavaliação,emalgunscasos,pelacomparaçãoentreda-dos de catálogo, dados em embalagens e medidas reais, obtidas pela medição direta de componentes em show-rooms.

A concentração do exame em empresas e entidades com disponibilidade de dados on-line tem por premissa que essa disponibilidade é em si mesma, um indício do grau de estruturação do segmento examinado. Ações de implementação da Coordenação Modular também devem ser voltadas prioritariamente para estruturas existentes, pois a não-conformidade de empresas sem capacitação tecnológica e pequeno volume de produção é menos perniciosa do que a não-conformidade (por vezes intencional) de empresas com capacitação tecnológica e grande volume de produção.

Os dados do levantamento são detalhados a seguir. Na próxima fase deste Estudo tais dados serão complementados por entrevistas com técnicos, empresários e re-presentantes de cada segmento.

3.2VedaçãoSimpleseEstrutural

3.2.1 Blocos de Concreto

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ABDI - Implantação da Coordenação Modular no Brasil | 19

Entidades A Associação Brasileira da Indústria de Bloco de Concreto - BlocoBrasil (www.blocobrasil.com.br) foi criada em 2003 com o objetivo de fortalecer o setor de blocos de concreto para alvenarias e pavimentação, controlando a qualidade dos produtos. A entidade reúne 26 empresas fabricantes de blocos e outros produ-tos cimentícios, além de empresas produtores de insumos, equipamentos e serviços relacionados a processos construtivos à base de cimento.

Uma segunda entidade que congrega fabricante de blocos de concre-to é o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos de Cimento - Sinaprocim (www.sinaprocim.org.br). Ele é responsável pelo Programa Setorial da Qualidade (PSQ) - Blocos de Concreto, iniciado em fevereiro de 2001, para promover a con-formidade às normas da ABNT. As duas entidades, Sinaprocim e Bloco Brasil têm pareceria com a Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP).

Normas Asnormasbrasileirasdefinemdoistiposprincipaisdeblocosdeconcreto,deacor-do com sua aplicação: o bloco vazado de concreto simples para alvenaria sem função estrutural e o bloco vazado de concreto simples para alvenaria estrutural. Nos dois casos, os blocos se caracterizam por furos na vertical, que permitem a passagem de instalação e a aplicação de concreto de alta plasticidade (graute). As normas relevantes para as características dimensionais dos blocos, que também a grande maioria dos fabricantes pesquisados declara observar, são:

• NBR6136:2007–Blocosvazadosdeconcretosimplesparaalvenaria-Requisitos

• NBR8798:1985–Execuçãoecontroledeobrasemalvenariaestruturaldeblocos vazados de concreto

A NBR 6136 faz referência explícita à NBR 5796:1977 - Coordenação Modular da Construção e à NBR 5726:1982 - Série Modular de Medidas, isto é, a normas de Coordenação Modular vigentes até o presente momento e que se encontram em processo de substituição. No entanto, há algumas importantes divergências de definiçõeseentendimentoemrelaçãoaosprincípiosdaCoordenaçãoModular.Assim,aNBR6136define:

dimensões nominais: Dimensões comerciais dos blocos, indicadas pelos fabricantes, múltiplos do módulo M = 10cm e seus submódulos M/2eM/4;

dimensões reais: Aquelas obtidas ao medir cada bloco, equivalentes às dimensões nominais diminuídas em 1cm, que correspondem à espes-suramédiadajuntadeargamassa;[...]

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20 |Implantação da Coordenação Modular no Brasil - ABDI

Sobre o uso do termo dimensões em lugar de medidas, muito comum nas NBRs mais recentes e bastante difundido no nosso meio técnico, cabe um breve esclarecimento. Para as normas ISO (por exemplo, ISO 1803), dimension(dimensão)significaumagrandeza, enquanto size(medida)significaumvalorqueseexpressanumaunit of size (unidade de medida). O termo dimensão designa, para objetos e espaços, uma grandezanecessáriaparadefinirumaformageometria(umalinhatemumadimen-são, um plano tem duas dimensões, um cubo tem três dimensões). Largura, com-primento e altura são dimensões, enquanto seus valores são medidas. Tome-se um exemplo da ISO 1791 - Building construction - Modular coordination - Vocabulary:

component: a building product formed as a distinct unit, having specified sizes in three dimensions.

[componente: um produto construtivo formado como unidade distinta commedidasespecificadasemtrêsdimensões.]

Para além dessa divergência terminológica, também são problemáticos os con-teúdosdasdefiniçõesdaNBR6136acimacitadas.Aschamadas“dimensõesno-minais” são, na realidade, medidas de coordenação. Se fossem “diminuídas em 1cm, que corresponde à espessura média da junta de argamassa” ter-se-iam as medidas nominais e não, como reza a Norma, “dimensões reais”. Como já expli-citadoanteriormente,amedidanominaléamedidaesperadadeumobjeto,defi-nidaantesdesuaexecuçãooufabricação;ovalorobtido“aomedircadabloco”resultará próximo à medida nominal, dentro do limite de tolerância.

ANBR6136tambémdefine:

blocos modulares: Blocos com dimensões coordenadas, para a execu-ção de alvenarias modulares, isto é, alvenarias com dimensões múltiplas domóduloM=10cmeseussubmódulosM/2eM/4;

OquechamaaatençãonessadefiniçãoéofatodeossubmódulosM/2eM/4serem utilizados na mesma função do próprio módulo. A Coordenação Modular parte do pressuposto de que o módulo básico M (sempre igual a 100mm) é a menor unidade de medida linear para coordenar componentes construtivos. In-crementossubmodularespodemserusadosemsituaçõesespecíficas,masnãoemsubstituição ao módulo. Uma vez instituído um submódulo de 5cm ou 2,5cm para quaisquer usos, perde-se grande parte das vantagens da Coordenação Modular, como, por exemplo, o aumento de compatibilidade dimensional entre componen-tes de diferentes tipos e origens. Em rigor, um bloco com medidas de coordenação 15cm x 30cm não é modular, mas apenas coordenado dimensionalmente (30 e múltiplo de 15) e passível de formar conjuntos modulares (2 x 15cm = 3M). A de-finiçãode“famíliadeblocos”naNBR6136apresentaomesmoproblema:

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ABDI - Implantação da Coordenação Modular no Brasil | 21

família de blocos: Conjunto de componentes de alvenaria que intera-gem modularmente entre si e com outros elementos construtivos. Os blocos que compõem a família, segundo suas dimensões, são designados como bloco inteiro (bloco predominante), meio bloco, blocos de amarração L e T (blocos para encontros de paredes), blocos compensadores A e B (blo-cosparaajustesdemodulação)eblocostipocanaleta.[grifonosso]

“Interagir modularmente”, no âmbito da Coordenação Modular Dessimétrica que estáemquestãoaqui,significaumacoordenaçãofundamentadanomódulode10cmenãonosincrementossubmodularesde5cme2,5cm.Issoserefletenata-belademedidasnormalizadasparablocosdeconcreto,reproduzidanafigura1.

FIGURA1: Blocos de concreto: Tabela das medidas normalizadas na NBR 6136

Famílias de Blocos

Desig-nação

Nominal 20 15 12,5 10 7,5

Módulo M + 20 M + 15 M + 12,5 M + 10 M + 7,5

Amarração 1/2 1/2 1/2 1/2 1/2 1/3 1/2 1/2 1/3 1/2

Linha 20 x 40 15 x 40 15 x 30

12,5 x 40

12,5 x 25

12,5 x 37,5

10 x 40

10 x 30

10 x 30

7,5 x 40

Largura (mm)

190 140 140 115 115 115 90 90 90 65

A l t u r a (mm)

190 190 190 190 190 190 190 190 190 190

“Com-primen-to (mm)”

Inteiro 390 390 290 390 240 365 390 190 290 390

Meio 190 190 140 190 115 - 190 90 - 190

2/3 - - - - - 240 - - 190 -

1/3 - - - - - 115 - - 90 -

Amarra-ção L

- 340 - - - - - - - -

Amarra-ção T

- 540 440 - 365 365 - 290 290 -

Compen-sador A

90 0 - 90 - - 90 - - 90

Compen-sador B

40 40 - 40 - - 40 - - 40

“Nota:As tolerâncias permitidas nas dimensões dos blocos indicados na tabela 1sãode+/-2.0mmpara largurae+/_3.0mmparaaalturaeparaocomprimento. OscomponentesdasfamíliasdosblocosdeconcretotemsuaodulaçãodeterminadadeacordocomasABNTNBR5406eABNTNBR5726”

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22 |Implantação da Coordenação Modular no Brasil - ABDI

Atabela(figura1)mostraqueanormanãodistingueentrelinhasdeblocoscommedidasdefatomodulares(20x40;10x40;10x30)elinhasdeblocoscommedidasdecoordenaçãonãomodulares(15x40;15x30;12,5x40;12,5x25;12,5x37,5;7,5x40). Também não há, na NBR 6136, nenhuma recomendação para que essas últimas sejam usadas em conjuntos que ocupem espaços de coordenação com medidas modulares.

As Linhas 15x30, 15x40 e 7,5x40 são especialmente desfavoráveis nesse sentido. Paraquesejaintegradoaedificaçõescoordenadasmodularmenteéprecisoin-troduzir blocos de compensação e é preciso que os projetos de alvenaria operem com conjuntos (de duas vezes 15cm ou quatro vezes 7,5cm) em todas as dimen-sões afetadas pela largura dos blocos. Essas exigências de projeto se tornam mais complexas quanto mais componentes individuais não modulares são empregados. Pode-se chegar a uma situação em que o esforço para manter a Coordenação Modular será maior do que seus benefícios. Nesse sentido, caberia estimular o uso das Linhas de blocos modulares e desestimular o uso das Linhas não modulares.

As Linhas com largura de coordenação de 12,5cm4 são remanescentes da co-ordenação octamétrica, cujo módulo básico é 100/8, isto é, 12,5cm. Na Linha 12,5x25, ela é empregada de modo coerente (exceto pela altura dos blocos, que é sempre de 20cm). Já na Linha 12,5x40, ela se mistura com a Coordenação Mo-dular Dessimétrica, o que torna a aplicação ainda mais ilógica.

Finalmentecabenotarqueadefiniçãodasmedidasnominaisdeblocosdecon-creto parte sempre da premissa de que as juntas de argamassa da alvenaria terão medida nominal de 1cm. No caso do desenvolvimento de uma nova tecnologia de assentamento com juntas menores, os fabricantes teriam que aguardar uma alteração da norma para alterarem as medidas nominais de seus produtos de modo a manter as medidas de coordenação (que são as mais importantes para a compatibilização com componentes de outras origens, tipos e funções).

Conformidade com a Coordenação Modular A pesquisa abrangeu catálogos de produtos de 19 empresas associadas à Blo-cobrasil e qualificadas no PSQde Blocos deConcreto5. Tais empresas foram selecionadas segundo o critério de disponibilização online de informações técni-cas de seus produtos. A relação das Linhas mais utilizadas, suas medidas e suas características quanto à coordenação dimensional e modular estão apresentadas no quadro 2.

A avaliação indica que o segmento já produz, em sua maior parte, componentes

2 Acoordenaçãooctamétricaequivaleàdivisãode1mem8partes.Elafoidesenvolvidanadécadade40porErnstNeufertepredominounaAlemanhaatéadécadade70.5 Relação atualizada pelo Sinaprocim janeiro de 2010. Disponível em www4.cidades.gov.br/pbqp-h/.Acesso10/02/10.

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ABDI - Implantação da Coordenação Modular no Brasil | 23

modulares ou passíveis de formarem conjuntos modulares, de acordo com a NBR 6136. Os agentes do segmento estão habituados ao raciocínio a partir de ajuste de coordenação, isto é, folgas para tolerâncias e juntas de argamassa.

QUADRO 2. Blocos de concreto: Linhas normalizadas e características de coor-denação

Linhas

20x40 15x40 15x30 12,5x40 12,5x25 10x40 7,5x40

Largura de Coorde-nação (cm)

20 15 15 12,5 12,5 10 7,5

Compri-mentos de Coorde-nação (cm)

20 40 20 35 40 55 15 30 45 20 40 12,5 25 37,5 20 30 40 20 40

Largura Nominal (cm)

19 14 14 11,5 11,5 9 6,5

Compri-mentos Nominais (cm)

19 39 19 34 39 54 14 29 44 19 39 11,5 24 36,5 19 29 39 19 39

Coorde-nado dimensio-nalmente?

SIM Apenas com blo-cos especiais

SIM NÃO SIM SIM NÃO

Coor-denado modular-mente?

SIM Apenas em con-juntos modulares

Apenas em conjuntos modulares

NÃO NÃO SIM Apenas em

conj. modul.

Alturadecoordenaçãodetodasaslinhas=20cm=2MComprimentosdestacadosemnegritoindicamoblocointeiro(blocobásico)decadalinha.Fontedosdados:NBR6136:2007ewebsitesfabricantes(verRef.Bibliográficas)

Chama a atenção, nos catálogos, que a indicação das medidas nominais pre-valece amplamente sobre a indicação de medidas de coordenação (modulares ou não). Não encontramos nenhum exemplo em que ambas fossem explicitadas, emboraoraciocínioapartirdemedidasdecoordenaçãosejainfinitamentemaissimples nesse caso. Parte dessa incongruência está relacionada à própria NBR 6136:2007, comentada acima.

O agrupamento dos blocos nos catálogos segue diferentes lógicas: por compri-mento,larguraoutipo.Issodificultaacompreensãodaaplicaçãodosprodutosea comparação entre fabricantes. O termo “família” é usado para designar ora o comprimento nominal do bloco inteiro (“família 39”, por exemplo), ora a largura dos blocos (“família 14”).

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24 |Implantação da Coordenação Modular no Brasil - ABDI

QUADRO 3.Blocos de concreto: Componentes nos catálogos das empresas pesquisadas

Linha

20x40 15x40 15x30 12,5x40 12,5x25 10x40 7,5x40

Largura de Coordena-ção (cm)

20 15 15 12,5 12,5 10 7,5

Comprimen-tos de Coor-denação (cm)

20 40 20 35 40 55 15 30 45 20 40 12,5 25 37,5 20 30 40 20 40

Bloco Sigma (MG)

X X X X X X X X X X X

Blocos e Blo-cos SP

X X X X X X

Blojaf (MG) X X X X X X X X X X

C a l b l o c k (SP)

X X X X X X X X X X X X X X

Dibloco (SP) X X X X X X X X X X X X

E x a c t o m m (SP)

X X X X X X X X X X X X X

Glasser (SP) X X X X X X X X X X X X X

Pen tágono (RJ)

X X X X X X X X X X

Mul t ib loco (RJ)

X X X X X X X X X X X X X X X

O r i g i n a l (DF)

X X X X X X X X X X X X X X X

O t e r p r e m (SP)

X X X X X X X X X X X X X

Pavibloco (RJ) X X X X X X X X X X X

Piuca (SP) X X X X X X X X X X X

Presto (SP) X X X X X X X X X X X X X X

Renger (SP) X X X X X X X X X X X

T&A (CE) X X X X X X

Tatu (SP) X X X X X X X X X X X X X X

TBS Sul (RS) X X X X X X

Tecmold (RS) X X X X X X X X X

Alturadecoordenaçãodetodososgrupos=20cm=2MFontedosdados:Websitesdasempresas(verReferênciasBibliográficas) O quadro 3 sistematiza a relação dos blocos fabricados pelas 19 empresas pesqui-sadas, seguindo o mesmo agrupamento do quadro 2. Note-se que a Linha 15x40 é a mais amplamente fabricada, embora, como já dito, seus componentes não se-jam coordenados dimensionalmente entre si (40cm não é múltiplo de 15cm), nem coordenados modularmente (15cm não é um multimódulo). As Linhas 12,5x40 e 12,5x25, remanescentes da coordenação octamétrica são relativamente pouco produzidas, assim como a Linha 7,5x40, que também não favorece a Coorde-naçãoModularDessimétrica.Observamos,porfim,queasempresasOterpreme Renger fabricam uma linha com 7cm de largura nominal, que não corresponde nem à NBR 6136, nem tampouco à Coordenação Modular.

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ABDI - Implantação da Coordenação Modular no Brasil | 25

3.2.2 Blocos Cerâmicos

Entidades A Associação Nacional da Indústria Cerâmica - ANICER (www.anicer.com.br) é uma en-tidade associativa patronal, representante e porta-voz de aproximadamente 5.500 em-presas que compõem o setor cerâmico brasileiro. Fundada em 1992, tem sua sede no Rio de Janeiro, junto à Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN). ElaéresponsávelpeloEncontroNacionaldaIndústriadeCerâmicaVermelhaepelaRevista da Anicer, além de cursos técnicos e outras atividades de formação. Parceira no Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade no Habitat (PBQP-H), a Associação procurafiscalizaraobediênciaàsNormasTécnicas.

Normas As normas brasileiras relativas a blocos cerâmicos também distinguem entre blo-cos estruturais e de vedação, sendo que, à diferença dos blocos de concreto, a geometria não é a mesma nos dois casos. Os blocos estruturais têm furos verticais, ao passo que os blocos de vedação podem ter furos verticais ou horizontais. As normas pertinentes com referência às características dimensionais são:

• NBR15270–1:2005-Componentescerâmicos-Parte1-Blocoscerâmicospara alvenaria de vedação - Terminologia e requisitos

• NBR15270–2:2005-Componentescerâmicos-Parte2:Blocoscerâmicospara alvenaria estrutural - Terminologia e requisitos

À diferença das normas de blocos de concreto, as de blocos cerâmicos não fazem referência às normas de Coordenação Modular vigentes. A terminologia usada não corresponde à da Coordenação Modular e à das normas ISO, nem tampouco é igual à terminologia da NBR 6136 referente a blocos de concreto. O conceito de medidas reais comparece como “dimensões efetivas”:

dimensões efetivas:ValoresdimensionaisdosblocosobtidossegundoaABNTNBR15270-3[Métododeensaio];(NBR15270:2005)

Já a utilização de submódulos na mesma função do módulo M é bastante semelhan-teaoquejáseconstatouemrelaçãoaosblocosdeconcreto.ANBR15270define:

módulo dimensional: O módulo dimensional é M=10cm. Podem ser usadostambémossubmódulosM/2ouM/4;(NBR15270:2005)

As medidas nominais, que na NBR 6136 são chamadas de “dimensões reais”, aqui comparecem como “dimensões de fabricação”:

dimensões de fabricação:Valoresdalargura(L),altura(H)ecompri-

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26 |Implantação da Coordenação Modular no Brasil - ABDI

mento(C),queidentificamumbloco,correspondendoamúltiplosesub-múltiplosdomódulodimensionalMmenos1cm;(NBR15270:2005)

A noção de “família” é mais claramente atrelada à largura dos blocos:

família de blocos cerâmicos: Conjunto de componentes necessários para a construção das alvenarias e suas amarrações, que tem como ca-racterísticacomumamesmalargura;(NBR15270:2005)

As tabelas de medidas normalizadas de blocos cerâmicos se referem diretamente à Co-ordenaçãoModular,expressandoosvaloresporfraçõesdomóduloM(figuras2e3).

FIGURA 2. Blocos cerâmicos de vedação: Tabela das medidas normalizadas NBR 15270-1DimensõesL x H x CMódulo DimensionalM = 10 cm

Dimensões de fabricação cm

Largura (L) Altura (H) Comprimento ( C )

Bloco principal 1/2 Bloco

(1) M x (1) M x (2) M 9 9 19 9

(1) M x (1) M x (5/2) M 24 11,5

(1) M x (3/2) M x (2) M 14 19 9

(1) M x (3/2) M x (5/2) M 24 11,5

(1) M x (3/2) M x (3) M 29 14

(1) M x (2) M x (2) M 19 19 9

(1) M x (2) M x (5/2) M 24 11,5

(1) M x (2) M x (3) M 29 14

(1) M x (2) M x (4) M 39 19

(5/4) M x (5/4) M x (5/2) M 11,5 11,5 24 11,5

(5/4) M x (3/4) M x (5/2) M 14 24 11,5

(5/4) M x (2) M x (2) M 19 19 9

(5/4) M x (2) M x (5/2) M 24 11,5

(5/4) M x (2) M x (3) M 29 14

(5/4) M x (2) M x (4) M 14 19 39 19

(3/2) M x (2) M x (2) M 19 9

(3/2) M x (2) M x (5/2) M 24 11,5

(3/2) M x (2) M x (3) M 29 14

(3/2) M x (2) M x (4) M 39 19

(2) M x (2) M x (2) M 19 19 19 9

(2) M x (2) M x (5/2) M 24 11,5

(2) M x (2) M x (3) M 29 14

(2) M x (2) M x (4) M 39 19

(5/2) M x (5/2) M x (5/2) M 24 24 24 11,5

(5/2) M x (5/2) M x (3) M 29 14

(5/2) M x (5/2) M x (4) M 39 19

Nota:Osblocoscomlargurade6,5cmealturade19cmserãoadmitidosexcepcionalmente,somenteemfunçõessecun-dárias(comoem“shafts”oupequenosenchimentos)erespaldadosporprojetocomidentificaçãodoresponsáveltecnico.

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ABDI - Implantação da Coordenação Modular no Brasil | 27

FIGURA 3. Blocos cerâmicos estruturais: Tabela das medidas normalizadas NBR 15270-2

Fonte:NBR15270-2:2005

Note-se que o módulo da coordenação octamétrica, isto é, 12,5cm (com res-pectiva medida nominal de 11,5cm) tem presença ainda mais marcante nesse segmento do que no segmento dos blocos de concreto, abrangendo, inclusive, a altura.Noentanto,comoseveráadiante,essavariaçãodealturanãoseverificanos produtos efetivamente oferecidos pelas empresas pesquisadas. Também cabe notar que a largura nominal 6,5cm aqui é admitida “excepcionalmente, somente em funções secundárias” (NBR 15270-1).

Conformidade com a Coordenação Modular Os blocos cerâmicos apresentados em catálogos de fabricantes associadas à Ani-cerindicamqueosegmentojáproduzumrepertóriosignificativodecomponentesmodulares.Avaliamosasmedidaspraticadaspor11das30empresasqualificadasno PSQ de Blocos Cerâmicos4. Tais empresas foram selecionadas segundo o crité-rio de disponibilização online de informações técnicas de seus produtos.

O agrupamento das medidas normalizadas de blocos cerâmicos em Linhas, com-paráveis àquelas utilizadas para blocos de concreto, é apresentado no quadro 4. Ali estão assinaladas também as medidas efetivamente praticadas pelo segmento: de 26 Linhas ou possibilidades teóricas, apenas oito são usadas pelos fabricantes pesquisados. Em outras palavras, a demanda de mercado tende a eliminar parte da variedade. Isso vale para todas as alturas diferentes de 20cm e parte das me-didas provenientes da coordenação octamétrica.

4 RelaçãoatualizadapelaAnicerem14/08/09.Disponívelemwww4.cidades.gov.br/pbqp-h/.Acesso10/12/09.

DimensõesL x H x CMódulo Di-mensionalM = 10 cm

Dimensões de fabricação cmLargura (L) Altura (H) Comprimento ( C )

Bloco principal 1/2 Bloco Amarração (L)

Amarra-ção (T)

(5/4) M x (5/4) M x (5/2) M

11,5 11,5 24 11,5 - 36,5

(5/4) M x (2) M x (5/2) M

19 24 11,5 - 36,5

(5/4) M x (2) M x (3) M

29 14 26,5 41,5

(5/4) M x (2) M x (4) M

39 19 31,5 51,5

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28 |Implantação da Coordenação Modular no Brasil - ABDI

QUADRO 4. Blocos cerâmicos: Linhas normalizadas e linhas praticadasAltura de coordenação (cm)

25 20 15 12,5 10

Linhas normali-zadas de blocos cerâmicos

25x40 20x40* 15x40* 12,5x40* 10x40*

25x30 20x30 15x30* 12,5x30 10x30 10x30

25x25 20x25 15x25 12,5x25* 10x25 12,5x25 10,25 12,5x25 10x25

20x20 15x20 12,5x20 10x20 10x20Linhas destacadas em negrito são as praticadas pelo segmento de blocos cerâmicos(*) Linhas praticadas também pelo segmento de blocos de concreto

Fontedosdados:NBR15270ewebsitesfabricantes(verRef.Bibliográficas)

Note-se que as Linhas de blocos cerâmicos efetivamente usadas pelos fabricantes (quadro 4) são semelhantes mas não idênticas às linhas de blocos de concreto (qua-dro 2). As Linhas 12,5x30, 20x30 e 10x30 não são utilizadas para blocos de concreto (o bloco 10cm x 30cm é fabricado apenas como complemento da Linha 10x40). A Linha 12,5x25 não é utilizada para blocos cerâmicos. Portanto, no segmento dos blo-cos cerâmicos, as incongruências entre coordenação ocatamétrica e Coordenação Modular Dessimétrica ainda são maiores do que no segmento dos blocos de concre-to, apesar de haver uma tendência de eliminação pela demanda de mercado.

O quadro 5 apresenta apenas as Linhas de blocos cerâmicos praticadas, os com-ponentes que fazem parte de cada linha e suas características em relação à Co-ordenação Modular.

QUADRO 5. Blocos cerâmicos de vedação e estruturais: Linhas praticadas e características de coordenação

Linhas

20x40 20x30 15x40 15x30 12,5x40 12,5x30 10x40 10x30

Largura de Coordenação (cm)

20 20 15 15 12,5 12,5 10 10

Comprimentos de Coordena-ção (cm)

20 40 15 30 20 35 40 15 30 45 20 40 15 30 20 40 15 30

Largura Nominal (cm)

19 19 14 14 11,5 11,5 9 9

Comprimentos Nominais (cm)

19 39 14 29 19 34 39 14 29 44 19 39 14 29 19 39 14 29

Coordenado dimensional-mente?

SIM NÃO Apenas com blocos especiais

SIM NÃO NÃO SIM SIM

Coordenado modularmente?

SIM SIM Apenas em conjuntos modulares

Apenas em conjuntos modulares

NÃO NÃO SIM SIM

Altura de coordenação de todas as linhas = 20cm = 2M

Comprimentos destacados em negrito indicam o bloco inteiro (bloco básico) de cada linha.

O quadro 6 sistematiza a relação dos blocos cerâmicos fabricados pelas 11 em-presas pesquisadas, seguindo as mesmas Linhas do quadro 5. Nesse caso, distin-

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ABDI - Implantação da Coordenação Modular no Brasil | 29

guimos entre blocos de vedação e estruturais em razão da diferença de geometria (furos verticais ou horizontais e formas das paredes dos blocos).

QUADRO 6. Blocos cerâmicos de vedação e estruturais: Componentes nos catá-logos das empresas pesquisadas

Linha

20x40 20x30 15x40 15x30 12,5x40 12,5x30 10x40 10x30

Largura de Coordenação (cm)

20 20 15 15 12,5 12,5 10 10

Comprimentos de Coordena-ção (cm)

20 40 15 30 20 35 40 15 30 45 20 40 15 30 20 40 15 30

Selecta (SP) VE VE V VE E VE VE VE E V VE V V V V

Braúnas (MG) V VE V V VE E VE VE VE E VE VE V V VE VE V V

City (SP) VE VE VE VE VE VE VE VE VE VE VE VE VE

PortoVelho(RJ) V V V VE E VE E VE E V V V V V V

GGP (RJ) V VE E V VE VE E V VE VE V VE VE

Argibem (RJ) V VE V E VE E V VE V V V V

Nova Dutra (RJ) V V V

Jacarandá (MG)

V V E E E VE VE E E E V V E E V V

Pauluzzi (RS) E E E E E E E V V

São Sebastião (RJ)

E E VE V V V E VE

Matieli(SP) E E E E E E E VE EAlturadecoordenaçãodetodasasLinhas=20cm=2MLegenda:V=Vedação;E=Estrutural;VE=Vedaçãoeestrutural

Um aspecto a destacar é o fato de os catálogos das empresas, assim como no segmento dos blocos de concreto, não trazerem distinções entre medidas nominais e de medidas de coordenação ou medidas modulares. Apenas em dois casos en-contramos indicações de medidas de coordenação: como “dimensões comerciais” e nos nomes dos blocos (“Tijolo 15x30”). As medidas nominais são frequentemente denominadas “dimensões reais”, um termo que nem sequer comparece na norma de blocos cerâmicos, mas é utilizado por analogia à norma de blocos de concreto.

3.2.3 Chapas e blocos de gesso

Entidades A Associação Brasileira Dos Fabricantes para Chapas de Drywall (www.drywall.org.br) foi fundada em 2000 com o objetivo de difundir a tecnologia Drywall em toda a cadeia produtiva da construção civil. Seu fundadores e únicos associados são as empresas Knauf Drywall (RJ), Lafarge Gypsum (RJ) e Placo do Brasil (Moji das Cruzes/SP). A Drywall participa do PQPB-H com o PSQ-Drywall.

No mesmo segmento do gesso, o Sindicato da Indústria do Gesso do Estado de

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30 |Implantação da Coordenação Modular no Brasil - ABDI

Pernambuco - Sindusgesso (www.sindusgesso.org.br), criado em 1985, congrega empresas do arranjo produtivo do Pólo Gesseiro de Pernambuco, incluindo desde empresasdemineraçãodegipsitaeindústriasdebeneficiamentoatéfabricantesde componentes para a construção e empresas de aplicação desses componentes. No entanto, os cerca de 70 associados do Sindusgesso representam uma porção pequena do total: a região do Araripe (PE) concentra 39 minas de gipsita, 139 indústrias de calcinação e mais de 700 fábricas de premoldados, predominan-temente de micro e pequeno porte. O Pólo não produz chapas de gesso acarto-nado. Segundo o web site do Sindusgesso, a produção relacionada à construção civil concentra-se revestimentos, blocos (usados em paredes internas e externas) e placas (usadas em forros e não abordadas no presente trabalho).

Normas As normas abaixo listadas dizem respeito a chapas de gesso para sistemas de ve-dação, divisórios ou de revestimento do tipo drywall:

• NBR14.715:2001-Chapasdegessoacartonado-Requisitos.

• NBR14.716:2001-Chapasdegessoacartonado-Verificaçãodascaracterís-ticas geométricas.

• NBR14.717:2001-Chapasdegessoacartonado–Determinaçãodascarac-terísticas físicas

• NBR15.217:2005-Perfisdeaçoparasistemasdegessoacartonado-Requisitos

• NBR15758-1:2009-Sistemasconstrutivosemchapasdegessoparadrywall- Projeto e procedimentos executivos para montagem. Parte 1: Requisitos para sistemas usados como paredes

• NBR15758-2:2009-Sistemasconstrutivosemchapasdegessoparadrywall- Projeto e procedimentos executivos para montagem. Parte 2: Requisitos para sistemas usados como forros

• NBR15758-3:2009-Sistemasconstrutivosemchapasdegessoparadrywall- Projeto e procedimentos executivos para montagem. Parte 3: Requisitos para sistemas usados como revestimentos

Dessas normas, a mais relevante para o presente propósito é a NBR 14715, na qualsãodefinidasascaracterísticasdimensionaisdaschapas.Nãohámedidasprescritas,masapenaslimitesetolerâncias,conformemostraafigura4.

FIGURA 4. Chapas de gesso: Tabela das medidas normalizadas na NBR 14715

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ABDI - Implantação da Coordenação Modular no Brasil | 31

Essas características não contradizem a Coordenação Modular. O fato de as tole-râncias nas dimensões de largura e comprimento serem indicadas de modo assimé-trico(+0/-4mm;+0/-5mm)éfavorável,porquesimplificaatransposiçãodeme-didas nominais para medidas de coordenação. As normas acima listadas também recomendamqueseusemmontantesdeperfisdeaçoparadrywallacada60cmou40cm (distâncias axiais), o que corresponde a 6M e 4M, respectivamente.

Já quanto aos blocos de gesso, não existem normas brasileiras, mas há o Projeto deNorma02:103.40-010/2005queincluiadefiniçãodascaracterísticasdimen-sionais dos blocos nos termos resumidos no quadro 7.

QUADRO 7. Blocos de gesso: medidas nominais propostas em projeto de norma e medidas de coordenação decorrentes

Medidas nominais (mm) Medidas decoordenação (mm)

Largura (espessura)

70 ± 5 76 ± 5 100 ± 5

75 81 105

Comprimento 666 ± 5 671Altura 500 ± 5 505

Asmedidasdecoordenaçãoforaminferidasdasmedidasnominaisedesuastolerânciasdimensionaisdefabrica-ção.Nãoforamconsideradasastolerânciasdemarcaçãoemontagem,nemasjuntasparaacolaqueuneosblocosnaalvenaria.Portanto,asmedidasdecoordenaçãotendemaseraindamaiores.Fontedasmedidasnominais:ProjetodeNormaABNT02:103.40-010/2005

Independentemente de imprecisões terminológicas e outros aspectos que o Projeto deNorma02:103.40-010/2005possaapresentar,suasdefiniçõesdimensionaiscontradizem os princípios da Coordenação Modular. A altura de 500mm, equiva-

Característica geométrica Tolerância LimiteEspessura 9,5 mm +/- 0,5 mm -

12,5 mm -15,0 mm -

Largura + 0 / - 4 mm Máximo de 1.200 mmComprimento + 0 / - 5 mm Máximo de 3.600 mmEsquadro ≤2,5mm/mdelargura -Rebaixo (1) Largura Mínimo - 40 mm

Máximo - 80 mmProfundidade Mínimo - 0,6 mm

Máximo - 2,5 mm(1):AbordarebaixadadeveestarsituadanafacedafrentedachapaesuaslarguraeprofundidadedevemsermedidasdeacordocomNBR14719

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32 |Implantação da Coordenação Modular no Brasil - ABDI

lente a 5M, poderia resultar modular, se fosse tomada como medida de coorde-nação. No entanto, usada como medida nominal e admitindo-se uma tolerância de ±5mm, cada bloco pode vir a ocupar, na prática, uma altura de até 505mm, ainda sem considerar juntas e tolerâncias de marcação e montagem. O mesmo ra-ciocínio se aplica à largura (espessura) de 100 ±5mm e ao comprimento de 666 ±5mm. Esse último é particularmente desfavorável, mesmo se fosse ajustado para uma medida nominal de 666mm +0/-10mm, de modo que três componentes to-talizassem 2000mm ou 20M. Trata-se de um múltimódulo relativamente grande e de difícil compatibilização com outros componentes. Sobretudo para construções depequenoporte,comoashabitações,omultimódulo20Mépoucoflexível.Seriamelhor que se utilizasse um comprimento modular de 6M, isto é, 600mm.

As medidas de blocos de gesso não estão normalizadas pela ISO. A norma européia DIN EN 12859 é baseada nas medidas de coordenação 666mm x 500mm. Na China e em Singapura encontramos fabricantes que oferecem blocos de 600mm x 600mm.

Conformidade com a Coordenação Modular Os três fabricantes de Drywall no Brasil produzem componentes coordenados mo-dularmente, nos tamanhos apresentados no quadro 8. No último relatório do PSQ dosegmentoqueestápublicamentedisponível(DRYWALL,2006),aconformidadedimensional das chapas era de 100%.

QUADRO 8. Chapas de gesso acartonado Drywall: Medidas praticadas

Compri-mento Modular

6M 12M

Alturas Modula-res

18M 20M 24M 25M 27M 28M 18M 20M 24M 25M 27M 28M 30M 36M

Compri-mento No-minal (mm)Tole-rância +0/-4

600 1200

Alturas Nomi-nais (mm)Tole-rância +0/-5

1800 2000 2400 2500 2700 2800 1800 2000 2400 2500 2700 2800 3000 3600

Placo X X X X X X X

Knauf X X X X X X X X X X X X es esOsfabricantesoferecemoutrasalturasdecoordenaçãosobconsulta.Alargura(espessura)daschapaséumadimensãomenosrelevanteparaacoordenaçãodosistemaDrywallcomoutroscomponentesconstrutivos,razãopelaqualnãoéapresentadaaqui.Fontesdosdados:Drywall(2006)ewebsitesdasempresas(verReferênciasBibliográficas)

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ABDI - Implantação da Coordenação Modular no Brasil | 33

ODrywall configuraumsegmentoque,pelascaracterísticasda tecnologiaem-pregada, opera com um grau de precisão acima da média da construção civil brasileira. Há informações técnicas claras, com indicação de tolerâncias e juntas. No entanto, os termos que designam diferentes tipos de medidas (nominais, de coordenação e modulares) não são difundidos entre os fabricantes de chapas de gesso acartonado e não comparecem em seus catálogos.

Já em relação aos blocos de gesso, observamos antes que o Sindusgesso tem uma atuação ainda limitada e as empresas produtoras em Pernambuco são relativamente pequenas,dificultandoaobtençãodeinformaçõesprecisassobreascaracterísticasdimensionais de seus produtos. Os poucos exemplos a que tivemos acesso indicam queasmedidasdefinidasnoProjetodeNorma02:103.40-010/2005sãodefatousadas pelos fabricantes. Essa prática não condiz com a Coordenação Modular.

3.3 Coberturas

3.3.1 Telhas cerâmicas

Entidades A já citada Associação Nacional da Indústria Cerâmica (ANICER) congrega, além dosfabricantesdeblocoscerâmicos,tambémfabricantesdetelhascerâmicas;aliás,muitos oferecem ambos os produtos. Dentre os associados da Anicer, o web site da entidade indica 40 fabricantes de telhas cerâmicas. Já o PSQ - Telhas Cerâmicas (ANICER,2009)apresentaumarelaçãodeapenas23empresasqualificadas.Ver-se-áadianteque,dopontodevistadaCoordenaçãoModular,osegmentoestá muito menos estruturado do que, por exemplo, o de blocos cerâmicos. Sendo assim,apesquisafoirealizadaentrefabricantesqualificadosnorespectivoPSQ,mas ampliada também para outras empresas não relacionadas no Programa.

Normas Anormamaisimportanteparaadefiniçãodecaracterísticasdimensionaisdetelhascerâmicas é:

• NBR15310:2009-Componentescerâmicos-Telhas-Terminologia,requisitosemétodos de ensaio

Anormasubstituiecancelaumasériedenormasmaisantigas,quecontinhamdefi-niçõesacercademodelosespecíficosdetelhas.

A terminologia utilizada para as características dimensionais das telhas cerâmicas é definidapelaNBR15310comosegue.

comprimento efetivo:Valordocomprimentoresultantedemedições

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34 |Implantação da Coordenação Modular no Brasil - ABDI

segundooanexoA.[Métododeensaio]

comprimento de fabricação: Valor do comprimento indicado pelofabricante, correspondente ao maior comprimento da telha, conforme indicadonafigura1.[Vide,nestedocumento,figura5.]

comprimento útil (Cu): Comprimento da parte visível da telha quando montadootelhado,conformeindicadonafigura1.[Vide,nestedocu-mento,figura5.][...]

largura de fabricação: Largura indicada pelo fabricante, correspon-denteàmaior largurada telha,conforme indicadonafigura2. [Vide,nestedocumento,figura5.]

largura efetiva:Valordalargura,resultantedemedições,segundooanexoA.[Métododeensaio]

largura útil (Lu): Valor da largura da parte visível da telha quandomontadootelhado,conformeindicadonafigura2.[Vide,nestedocu-mento,figura5.]

FIGURA 5. Telhas cerâmicas: Terminologia de medidas na NBR 15310

Transpondo esses termos para o vocabulário da Coordenação Modular, tem-se que:larguraefetivaequivalealargurareal;larguradefabricaçãoequivalealar-gura nominal; e largura útil equivale a largura de coordenação.Omesmo seaplica ao comprimento efetivo e ao comprimento real. Porém, o comprimento útil não será idêntico ao comprimento de coordenação, porque o plano de medição da telha tem inclinação diferente do plano do conjunto do telhado, como mostra esquematicamenteafigura6.

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ABDI - Implantação da Coordenação Modular no Brasil | 35

FIGURA 6. Telha cerâmica: Diferença entre comprimento útil e comprimento de coordenação.

O ângulo entre o plano de medição da telha e o plano do telhado varia com o modelo da telha.O comprimento de coordenação equivale à galga média (distância entre ripas).Fonte: Autores

Portanto, telhas cerâmicas modulares teriam que ter galga média e largura útil com valores múltiplos do módulo de 100mm, seja por telha individual, seja por determinadoconjuntodetelhas.Noentanto,aNBR15310nãofixaessesvalores,apenas surgere (em um Anexo informativo) medidas de fabricação para diferentes modelos.Aomesmo tempo,aNormadefinequeaunidadedemedidaparaacomercialização é o metro quadrado de telhado. O fabricante deve explicitar o número de telhas necessárias para cobrí-lo e deve indicar medidas de fabricação (isto é, medidas nominais) nos produtos, mas não precisa fornecer informações relativas a medidas de coordenação.

Conformidade com a Coordenação Modular A pesquisa mostrou que a maioria dos fabricantes não divulga, em web site ou catálo-go, as medidas de coordenação e as medidas úteis das telhas cerâmicas. Encontramos com maior frequência medidas de fabricação (medidas nominais) e quantidade de peças por metro quadrado. Contudo, o valor da galga média (distância entre ripas, que equivale ao comprimento de coordenação) também é informado, permitindo infe-rir medidas de coordenação, embora o recobrimento na colocação das telhas admita variações relativamente grandes. O quadro 9 apresenta essa medidas inferidas.

QUADRO 9. Telhas cerâmicas: medidas de coordenação inferidas

Modelos

Romana Americana Portuguesa Plan

Medidas de coordenação (mm)

Compr. Larg. Compr. Larg. Compr. Larg. Compr. Larg. 2 peças

MS (MT) 336 190 368 220 344 185

Barrobelo (SP) 335 187 365 210 330 178

Maristela (SP) 325 192 358 213 325 189

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36 |Implantação da Coordenação Modular no Brasil - ABDI

Maracá (MG) 334 193 370 220 333 180

Inca (MG) 376 222 400 172

Miranda Corrêa (AM)

330 189 370 225 330 183 390 184

Kappa 345 193 370 225 390 198

União (MG) 350 238 290 215

Cincera (PB) 340 196 325 181 400 178

Inajá (PR) 329 191 336 178

Variação 325 345

187196

350376

210238

200344

178215

390400

172198

Diferença (mm) 20 9 26 28 54 37 10 26

Fontedosdados:websitesfabricantes(verReferênciasBibliográficas)

Para o ajuste dos comprimentos apresentados no quadro 9 à Coordenação Mo-dular, há duas possibilidades básicas: utilizar planos verticais como planos de co-ordenação;ouutilizarosplanosperpendicularesàinclinaçãodotelhado(figura7). Essas possibilidades devem ser estudadas caso a caso, já que o resultado varia conforme a inclinação do telhado e o modelo da telha.

FIGURA 7. Telhas cerâmicas: Possibilidades de comprimentos coordenados modularmente

A.Coordenaçãoporplanosverticais.B.Coordenaçãoporplanosperpendicularesàinclinaçãodotelhado.Fonte:Autores

Por outro lado, convém lembrar que o telhado constitui um sistema relativamente indepen-dentedaedificação.Coordená-lomodularmentefacilitaaexecução,masnãofazê-lonãocompromente a coordenação de outras partes.

3.3.2 Telhas de fibrocimento

Entidades OSinaprocimreúnesetefabricantesdetelhasdefibrocimento,asaber: Infibra,Casalite, Confibra, PreconGoiás, Decorlit e Eternit, além da já citada Brasilit.Essas empresas evidentemente não cobrem todo o segmento. Segundo dados do Sinaprocim, o setor de Fibrocimento, que inclui telhas, caixas d’água, floreirase outros itens, teve o segundo maior faturamento entre os produtos cimentícios, com R$1,700 bilhão, atrás apenas do setor de lajes pré-fabricadas (SINAPROCIM, 2009). Contudo, consideramos que as supracitadas empresas são representativas

Continuação

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ABDI - Implantação da Coordenação Modular no Brasil | 37

do tipo de produtos comercializados e das respectivas medidas de fabricação.

Uma segunda entidade a citar nesse segmento é a Associação Brasileira das In-dústrias eDistribuidoras de Produtos de Fibrocimento –ABIFibro (www.abifibro.com.br),quefoifundadaem1996parapromoverprodutosdefibrocimentocomtecnologias alternativas à do amianto crisotila, nocivo à saúde e de uso restrito (Lei nº 12.684/07). São associadas à ABIFibro as empresas Braskem, CSN, Quattor, Radicifibras, IguaçúeBrasilit.Apenasessaúltima fabrica telhas;asdemais sãoprodutorasdeinsumosparaofibrocimento.

Normas AsnormasABNTrelativasàstelhasdefibrocimentosão:

• NBR12800:1993-Telhadefibrocimento,tipopequenasondas.

• NBR12825:1993-Telhadefibrocimento,tipocanal.

• NBR5640:1995-Telhaestruturaldefibrocimento.

• NBR7196:1983-Folhadetelhaonduladadefibrocimento.

• NBR7581:1993-Telhaonduladadefibrocimento.

Esse conjunto de normas não faz referência às normas ou aos princípios da Coorde-nação Modular, nem tampouco emprega os conceitos de medidas reais, nominais , modularesoudecoordenação.Noentanto,sãoutilizadosdoisconceitosafins:

Largura Distância entre dois pontos extremos de igual posição relativa noperfilepertencentesaummesmoplanoperpendicularaocompri-mento da telha. (NBR 12800:1993)

Largura útil Distância entre dois pontos de igual posição relativa no perfilepertencentesaummesmoplanoperpendicularaocomprimentoda telha, considerados, após a montagem, em duas telhas consecutivas. (NBR 12825:1993)

O conceito de largura útil equivale, nesse caso, à largura de coordenação. Já o comprimento de coordenação será obtido pelo comprimento nominal subtraído dorecobrimentolongitudinalnecessárioconformeainclinaçãodotelhado.Afigu-ra 8 ilustra esses conceitos.

FIGURA 8.Telhasdefibrocimento:Terminologiademedidas

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38 |Implantação da Coordenação Modular no Brasil - ABDI

Fonte:Autores

Asnormasdefinemcomotelhas tipo pequenas ondas (NBR 12800) aquelas com altura de onda não superior a 39mm. Telhas de altura de onda superior são deno-minadas simplesmente telhas onduladas (NBR 7581), enquanto as telhas tipo canal(NBR12825)secaracterizamporperfisdeapenasumcanaleduascristas.Finalmente,astelhasestruturaisdefibrocimentosãodefinidasnosseguintestermos:

Elementocomqualquerperfil,quesuportacarganãoinferiora2kN,parapeças de largura útil inferior a 0,70 m, ou não inferior a 2,5 kN, para pe-ças de largura útil igual ou superior a 0,70 m, quando a telha for colocada isoladamente sobre dois apoios, em um vão mínimo de 4,00 m, conforme a NBR 5641. (NBR 5640:1995)

Oconjuntodenormasacimarelacionadotrazespecificaçõesdemedidastaiscomosintetizadasnoquadro10.Note-sequenãoháhomogeneidadenessasespecifica-ções. Os comprimentos das telhas de pequenas ondas (NBR 12800) e de telhas on-duladasemgeral(NBR7581)sãodefinidospelaconversãodeumamedidaempéspara o sistema métrico (1 pé = 30,48cm), gerando valores de difícil manipulação e compatibilização com outros componentes construtivos. Outro aspecto que chama aatençãoéofatodeaNBR12800definirlargurasnominais,aopassoqueaNBR12825definelargurasúteis.Nãohánormalizaçãodimensionalespecíficaparaastelhas estruturais.

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ABDI - Implantação da Coordenação Modular no Brasil | 39

QUADRO 10. Telhasdefibrocimentonãoestruturais:medidasnormalizadasTipos de telhas

Pequenas ondas Ondulada Canal

Largura Nominal (cm) 50 a 51 ou múltiplos 92 ou 110 -Largura útil ou de coordenação (cm) - - 50Comprimento Nominal (cm)

120153183213244

91120153183213244275305366

170185220230270320370410460470

Recobrimento long. recomendado (cm)

- 14 -

Nota:nãohánormalizaçãoespecíficaparaasmedidasdetelhasestruturaisdefibrocimentoAstolerânciasparaasmedidasdecomprimentoelargurasãode±10mm.Fontedosdados:NBR12800:1993,NBR12825:1993eNBR7581:1993

Tem-se,portanto,queasnormasrelativasàstelhasdefibrocimentonãoseade-quam aos princípios da Coordenação Modular, seja pela terminologia, seja pelas definiçõesdimensionais.HáumaaproximaçãoaomóduloMapenasnas telhasdo tipo canal, com largura de coordenação de 50cm e comprimentos em grande parte múltiplos de 10cm. No entanto, a tolerância de ±10mm anula essa confor-midade. Correto seria uma tolerância assimétrica (de +0/-20mm, por ex.), que considerasse fabricação, marcação e montagem.

Conformidade com a Coordenação Modular Avaliamos as medidas de catálogos de seis empresas associadas ao Sinaprocim (Brasilit,Casalit,Confibra,Decorlit,Eternit,Infibra)eoutrasduasnãoassociadas(Imbralit e Multilit). Tais empresas foram selecionadas segundo o critério de dispo-nibilização online de informações técnicas de seu produtos.

QUADRO 11.Telhasdefibrocimento:Componentesnoscatálogosdasempre-sas pesquisadas

Tipos de telhasPequenas

ondasOndula-

daCanal

Largura Nominal (cm) 50,6 92 110 60,5 106,4 47,2 52,1 100,8Largura útil ou de coordenação (cm)

45 87 105 50 102 44 49 90,8

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40 |Implantação da Coordenação Modular no Brasil - ABDI

Comprimento Nominal (cm)*

6191122153183213244

91122153183213244305366

185230320370410460

300330370410460

200250300360400450500550600650720

300370460600670740820920

Recobrimento long. recomendado (cm)

14 14 20 20 20 20

Inclinação recomendada

15o 15o 2o 2o 5o 5o

Vão máximo (cm) 115 199 300 446 500 550 650

Brasilit (SP) X X X X X X X

Casalite (RJ) X X X

Confibra (SP) X X X

Decorlit (SP) X

Eternit (SP) X X X X X

Imbralit (SP) X X

Infibra (SP) X X

Multilit (PR) X X

*Nemtodasasempresasfornecemtodososcomprimentolistados.Fontedosdados:websitesdasempresas(verReferênciasBibliográficas)

O quadro 11 relaciona as medidas recorrentes nos catálogos das empresas pes-quisadas,classificando-assegundoostipos:pequenasondas,onduladaecanal/estrutural. (Não distinguimos entre modelos quando as medidas decisivas para a Coordenação Modular se mantêm iguais).

De um modo geral, as medidas das telhas seguem as respectivas NBRs, embora

Continuação

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ABDI - Implantação da Coordenação Modular no Brasil | 41

haja também comprimentos nominais inferiores aos recomendados. Como já dito, issosignificanãoconformidadecomosprincípiosdaCoordenaçãoModular.Cabeobservar, no entanto, que esse fato compromete relativamente pouco sua aplica-çãoaosdemaiselementosecomponentesdaedificação.Açõesparaaadequaçãopoderiam começar pela indicação de recobrimentos longitudinais que tornassem os comprimentos úteis e vãos máximos coordenados modularmente, seja no plano do telhado, seja no plano horizontal (segundo o mesmo princípio já ilustrado na figura7paraastelhascerâmicas).Issovaleespecialmenteparaastelhasdepe-quenas ondas e as telhas onduladas, cujos vãos máximos são reduzidos.

3.3.3 Telhas de aço

Entidades A Associação Brasileira da Construção Metálica - ABCEM (www.abcem.org.br) foi fundada em 1974, e congrega nacionalmente fabricantes de estruturas e de coberturas metálicas de aço, empresas de galvanização a fogo e escritórios de arquitetura e engenharia. Dos 30 fabricantes e montadores de telhas associados à entidade, metade atua nacionalmente, sobretudo na Região Sudeste. A ABCEM também é responsável pelo PSQ - Telhas de Aço, cujas atividades se iniciaram em 2000 mas encontram-se suspensas por determinação da Comissão Nacional do SistemadeQualificaçãodeMateriais,ComponenteseSistemasConstrutivos(CN-MaC).Emmaiode2006,aABNT,responsávelpelacertificaçãodeconformida-denessePrograma,haviaqualificadoapenasquatroempresas(Ananda,GerdauAçominas, Santo André e Telhaço).

O Centro Brasileiro de Construção em Aço - CBCA (www.cbca-ibs.org.br) é um consórcio gerido pelo Instituto Aço Brasil e fundado pelas empresas AcelorMittal, Gerdau Açominas, Usiminas e Companhia Siderúrgica Nacional. Ele também re-úne fabricantes de telhas de aço (que não diferem dos citados pela ABCEM) e tem tido uma atuação expressiva na criação e revisão das normas técnicas de telhas de aço desde 2000.

Normas As normas ABNT relativas às telhas de aço são:

• NBR14513:2008Telhasdeaçorevestidodeseçãoondulada-Requisitos

• NBR14514:2008Telhasdeaçorevestidodeseçãotrapezoidal-Requisitos

Essas normas não pertencem ao Comitê Brasileiro de Construção Civil (o chamado CB-02 da ABNT), mas ao Comitê Brasileiro de Siderurgia (CB-28), de modo que uma análise técnica detalhada não poderia entrar no escopo do presente trabalho.

Conformidade com a Coordenação Modular

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42 |Implantação da Coordenação Modular no Brasil - ABDI

Avaliamos as medidas de catálogos de 16 empresas associadas à AB-CEM. Como nos outros casos, elas foram selecionadas segundo o crité-rio de disponibilização online de informações técnicas de seus produtos.

Oquadro 12 relaciona asmedidas recorrentes nesses catálogos, classificandoas telhas segundo osmesmos tipos definidos nas normas, isto é, onduladas etrapezoidais. Não foram incluídas telhas curvas e outros tipos especiais, como telhas multidobras, zipadas e calandradas. Observe-se que o quadro tam-bém não inclui medidas de comprimento porque, na maioria dos casos, essas medidas são limitadas apenas pelas condições de transporte e logísticas, po-dendoseradequadasàCoordenaçãoModularsemnenhumadificuldade.

O ponto mais problemático são as chamadas larguras úteis, condicionadas pelo desenhodosperfisepelalarguradasbobinasdeaçoplanoutilizadasnafabrica-ção.Umamudançanessasmedidas,istoé,nodesenhodosperfisteriaimplica-ções amplas e de custo relativamente elevado. Entendemos que não se trata de uma ação prioritária.

QUADRO 12. Telhas de aço: Componentes nos catálogos das empresas pesquisadasTipo de telha

Trapezoidal Ondulada

Altura (mm) 10 15 25 25 25 35 40 40 75 100 120 260 17 17

LarguraNominal (mm)

1140 550

1062

1048

1033

1095

1050

1077

- 1020

945

690

1082

1110

Largura útil ou de co-ordenação (mm)

1090 505

1016

1000

990

1054

980

1027

880

960

900

620

985

1000

Vãomáximo(m)

- 1 3 2,2 - 4,5 3 3,5 6 5,7 9,5 13 2 2,2

Açotel (MG) X X X X X X

Ananda (SP) X X X X X X

Gruppo Telhas (SP)

X X X X X X

Cofevar (SP) X X X

Danica (SP) X

Eucatex (SP) X X X

Eurotelhas (RS)

X X X X X

Regional Telhas (SP)

X X X X X X X X

Ifal (RJ) X X

Isoeste (GO) X X X

MBP (SP) X X X X X X X

Perfilor(SP) X X X X X

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ABDI - Implantação da Coordenação Modular no Brasil | 43

Santo André (SP)

X X X X

Siraço (SP) X X

Soufer (SP) X X X X X X

Tetraferro X X X

Notas: Os catálogos apresentam pequenas variações na indicação de medidas de um mesmo modelo. As três

larguras úteis destacadas em negrito são as únicas em conformidade com a coordenação modular. Não inclui-

mos telhas curvas, calandradas e multidobras na relação abaixo.

Fontedosdados:websitesdasempresas(verReferênciasBibliográficas)

3.4 Abertura

3.4.1 Normas referentes a todos os tipos de esquadrias As normas em vigor relacionadas à geometria das esquadrias em geral, sem descri-minação de materiais ou processos de fabricação, estão listadas abaixo, seguindo-se a ordem da mais recente à mais antiga:

• NBR14718:2008-Guarda-Corposparaedificação.

• NBR10821:2000-Caixilhosparaedificação-Janela.

• NBR10820:1989-Caixilhoparaedificação-Janela-Terminologia.

• NBR10831:1989-Projetoeutilizaçãodecaixilhosparaedificaçõesdeusoresidencial e comercial - Janelas - Procedimentos.

• NBR5728:1982-Detalhesmodularesdeesquadrias

• NBR5722:1982-EsquadriasModulares

• NBR5708:1982-VãosModulareseseusfechamentos

• NBR14718:2008-Guarda-Corposparaedificação.

• NBR10821:2000-Caixilhosparaedificação-Janela.

• NBR10820:1989-Caixilhoparaedificação-Janela-Terminologia.

• NBR10831:1989-Projetoeutilizaçãodecaixilhosparaedificaçõesdeusoresidencial e comercial - Janelas - Procedimentos.

• NBR5728:1982-Detalhesmodularesdeesquadrias

• NBR5722:1982-EsquadriasModulares

• NBR5708:1982-VãosModulareseseusfechamentos

ANBR14718define,entreoutrascoisas,osprocedimentosaseremadotadosparao

Continuação

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44 |Implantação da Coordenação Modular no Brasil - ABDI

dimensionamento da altura de guarda-corpos, incluindo-se a altura do peitoril de ja-nelas.TaisdefiniçõesnãocontradizemnemreforçamosprincípiosdaCoordenaçãoModular, apenas estabelem alturas mínimas conforme diferentes situações de uso.

ANBR10821,aNBR10820eaNBR10831especificamtermoseclassesdejanelas,bemcomoaspectosdeseufuncionamento,masnãodefinemmedidasnominaisoudecoordenação, nem tampouco fazem qualquer referência à Coordenação Modular.

Já as NBRs 5708, 5722 e 5728 pertencem ao conjunto das normas de Coorde-nação Modular em vigor e, por isso, têm interesse direto para este trabalho. A NBR 5708 simplesmente que os vãos devem ter medidas modulares. A NBR 5722 defineEsquadriasModularescomoaquelas“projetadaseexecutadasparaocuparvãos modulares”. A condição geral, tanto para portas quanto para janelas, é que tenham “com suas guarnições [...], para largura e altura,medidasmodulares”(NBR 5722:1982). Já a medida da espessura “não deve ser necessariamente mo-dular”(NBR5722:1982).Afigura9ilustraessesprincípios.

FIGURA 9. Esquadrias modulares: Medidas na NBR 5722

Nota:TodasascotasindicamamedidanM,istoé,nvezesomódulobásicoM=100mm.Fonte:NBR5722:1982

Num contexto em que a Coordenação Modular fosse uma prática corrente, enten-der-se-ia com facilidade o conteúdo dessas normas: as medidas de coordenação dos vãos e das esquadrias devem ser modulares, isto é, múltiplos do módulo bá-sico M=100mm. No entanto, a NBR 5708 e a NBR 5722 não fazem referência ànormaquedefineessemódulo (NBR5731:1982),demodoque, lidas isola-damente, são insuficientespara informar fabricantes, projetistasou construtoressobre as características dimensionais das esquadrias. Sabemos, pelas pesquisas já realizadas (Kapp, 2009), que esse é um dos problemas do corpo de normas da Coordenação Modular que se encontra atualmente em processo de revisão.

Page 45: Coordenação Modular no Brasil

ABDI - Implantação da Coordenação Modular no Brasil | 45

FIGURA 10. Esquadrias modulares: Detalhe na NBR 5728

O quadriculado no desenho indica a posição dos planos modulares.

Fonte: NBR 5728:1982

A NBR 5728:1982 - Detalhes modulares de esquadrias apresenta essa mesma escas-sez de informações. Ela explicita apenas que a esquadria deve ser projetada a partir dochamado“reticuladoespacialmodulardereferência”emostra,emdetalhe(figura10), que o plano modular deve estar na junta entre parede e esquadria.

Como condição geral, a NBR 5728 dita ainda que:

Os detalhes modulares devem ser projetados de tal forma que absorvam também os problemas relacionados com os erros de execução na obra, tais como montagem, encaixe, sobreposições etc. (NBR 5728:1982)

Na realidade, é impossível que a Coordenação Modular solucione erros de exe-cução. Trata-se, de fato, de projetar ajustes de coordenação que possam absorver tolerâncias de fabricação, marcação e montagem. Essas tolerência não são quais-quer,masdevemserdefinidasporfabricanteseconstrutores.

Vê-se,assim,queasnormasexistentessobreaCoordenaçãoModulardeesqua-driassãoinsuficientesparadefinirumprocedimentodecompatibilizaçãodimen-sional comum aos diversos fabricantes e demais agentes.

3.4.2 Esquadrias de alumínio Entidades A Associação Nacional de Fabricantes de Esquadrias de Alumínio - AFEAL (www.afeal.com.br)éumaentidadedeclassefundadaem1983;sãofabricantesdees-quadriasespeciaisepadronizadas,fabricantesdeacessórios,silicones,fitas,elas-

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46 |Implantação da Coordenação Modular no Brasil - ABDI

tômeros, revestimentos em ACM e alumínio, anodização, pintura e outros insumos. Com sede na cidade de São Paulo, a AFEAL atua em nível nacional, estando presente em 16 estados brasileiros com um total de 132 empresas associadas. As esquadrias de alumínio representam cerca de 20% do volume total de caixilhos produzidos no país. A AFEAL participa tanto do Programa Qualihab do Estado de São Paulo, quanto, no âmbito federal, do PSQ - Esquadrias de Alumínio.

Também nos interessa nesse segmento a Associação Brasileira do Alumínio - ABAL (www.abal.org.br), fundada em 1970 pela Alcan Alumínio do Brasil Ltda, Alcomi-nas (atual Alcoa Alumínio S.A.) e Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), em-presas produtoras de alumínio primário. A ABAL oferece um Manual de Portas e Janelas de Alumínio, cujo conteúdo é analisado adiante.

Normas e manuais do segmento O documento acerca dos Fundamentos do Programa Setorial da Qualidade de Esquadrias de Alumínio (AFEAL, 2007) traz uma relação extensa de normas a se-rem utilizadas pelo fabricante. Elas estão focadas no desempenho dos produtos, definindocaracterísticascomopermeabilidadeaoar,estanqueidadeàágua,resis-tência às cargas de vento, resistência às operações de manuseio, mas não incluem determinações de dimensionamento que sejam relevantes para a Coordenação Modular. Não comparecem nessa relação as NBRs 5708, 5722 e 5728, direta-mente concernentes à coordenação modular.

No entanto, a AFEAL, o Sindicato das Indústrias de Construção de São Paulo (Sinduscon-SP) e a Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (AsBEA) to-maram, em 1997, a iniciativa de promover a elaboração de um estudo que com-plementasse essas normas, detalhando sua aplicação. Disso resultou o Manual TécnicodeModulaçãodeVãosdeEsquadrias,deautoriadeHugoLucini(2001).Baldauf observa que a própria necessidade desse Manual é um indício da grande diversidade de medidas utilizadas de fato e da falta de Coordenação Modular no segmento (BALDAUF, 2004, p.124).

O Manual é pautado nas medidas de alvenarias de blocos de concreto ou cerâ-micos coordenadas modularmente, com juntas nominais de argamassa de 1cm. Assim, os 12 vãos preferidos e as respectivas esquadrias são dimensionados se-gundo a regra resumida no quadro 13. Lucini considera sempre um vão modular (nM), um vão nominal (nM + 1cm, correspondente à junta de argamassa) e uma medida nominal de esquadria (nM - 5cm), de modo que a junta perimetral da es-quadria será necessariamente de 3cm.

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ABDI - Implantação da Coordenação Modular no Brasil | 47

QUADRO 13. Dimensionamento de vãos e esquadrias

Vão Esquadria Ajuste de coordenação

Medida modular (M) nM nM -Medida nominal (cm)

nM + 1cm nM - 5cm 1cm + 5cm = 6cm(3cm em cada lado)

Fonte dos dados: LUCINI, 2001

Aparentemente, trata-se de uma concepção coerente. No entanto, há incongru-ências que merecem análise e que não provêm das normas em que o Manual é baseado (NBR 5708, NBR 5722 e NBR 5728), mas de sua interpretação. Lucini trata as medidas nominais do vão como “vão disponível à vedação” (LUCINI, 2001).Issosignificatomarporgarantidaaexistênciadeumespaçolivrecomme-didas “nM + 1cm” na altura e na largura. Mas a diferença de 1cm entre a medida nominal e a medida modular de um vão em alvenarias de blocos de concreto ou cerâmicos não pode ser considerada “disponível à vedação”, pois ela existe não apenas para a junta de argamassa mas também para absorver tolerâncias de fa-bricação, marcação e montagem dos blocos. Tomar a medida “nM + 1cm” por referênciaparaovãoaservedadosignificaabrirmãodessastolerâncias,tomandopor pressuposto a ausência de imprecisões da alvenaria. Ademais, trata-se de uma definiçãoorientadapela juntadeargamassadealvenarias.Outros sistemasdeparedes, tal como o Drywall por exemplo, não têm juntas de argamassa de 1cm. Se o fabricante de Drywall quisesse atender às medidas do “vão disponível à ve-dação” enunciadas pelo Manual seria obrigado a fugir da Coordenação Modular de seu produto.

Ponderação semelhante vale para as medidas das esquadrias. Lucini aponta que “a dimensão precisa da esquadria é uma decisão particular de cada fabricante em função do projeto do produto e da tecnologia empregada” (LUCINI, 2001), mas, ao mesmo tempo, determina que a medida da esquadria seja obtida pela fórmula “nM - 5cm”. O que essa fórmula expressa? Se for compreendida como medida no-minal da esquadria, contradiz a ideia de que cada fabricante decide a “dimensão precisa da esquadria”, pois a “dimensão precisa” não pode ser senão a medida nominal da esquadria acompanhada das respectivas tolerâncias de fabricação. Se forcompreendidacomomerareferênciaapartirdaqualcadafabricantedefinesuas próprias medidas nominais, estaria havendo uma duplicação de referências (ou medidas de coordenação), uma sendo a medida modular do vão e outra sen-do a “nM - 5cm”. Essa duplicação anula a principal vantagem da Coordenação Modular: que todos os agentes trabalhem a partir das mesmas referências (ou medidas de coordenação).

Baldaufconstata,em2004,queoManualdeLucini“ficousónopapel,poisosfabricantes ainda não reformularam as dimensões das suas esquadrias” (BALDAUF,

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48 |Implantação da Coordenação Modular no Brasil - ABDI

2004,p.125).Ver-se-áadiantequeessaconstataçãocontinuapertinente.Talvezum dos motivos sejam as incongruências acima apontadas.

A ABAL disponibiliza um Manual de Portas e Janelas de Alumínio que incorpora os mesmos conceitos de dimensionamento e medidas preferidas do Manual Técnico de Modulação de Vãos de Esquadrias (LUCINI, 2001). Sintetizamos essas medidas preferidas no quadro 14, considerando apenas os chamados “vãos modulares”. Observe-se que resultam cinco tamanhos de janelas e sete tamanhos de portas.

QUADRO 14. Esquadrias de alumínio: Medidas preferidas segundo a ABAL

Tipos de esquadriasJanelas Portas

Altura nominal (cm)

55 115 215 225

Largura nomi-nal (cm)

55 75 95 115 145 85 145 195 235 295 115 145

Altura decoordenação (cm)

60 120 220 230

Largura de coordenação (cm)

60 80 100 120 150 90 150 200 240 300 120 150

Altura modular (M)

6 12 22 23

Largura modular (M)

6 8 10 12 15 9 15 20 24 30 12 15

Nota: A tabela da ABAL traz as medidas em mm. Larguras e alturas modulares (expressas em M) nãoconstamdoManualdaABAL,quedenomina“VãoModular”asmedidasdecoordenaçãotambém em mm.Fonte dos dados: ABAL, s.d.

Conformidade com a Coordenação Modular O segmento das esquadrias de alumínio inclui dois subsegmentos bastante distintos quanto aos procedimentos dimensionais: o de esquadrias especiais e o de esquadrias padronizadas.Noprimeirocaso,oprojetoarquitetônicodefinevãosetiposdeesqua-drias e os produtos são projetados, fabricados e instalados sob encomenda. Não existe, nessecaso,nenhumadeterminaçãopréviadeCoordenaçãoModular;seelaforprati-cada, é por escolha dos agentes de um empreendimento particular. Já as esquadrias padronizadas são produzidas em escala e distribuídas em lojas de materiais de constru-çãocommedidasdefinidasindependentementedaaplicaçãoparticular.Sãoelasqueinteressam ao presente estudo e é a elas que se aplicam as medida preferidas constantes do Manual de Lucini (2001) e do Manual da ABAL.

Foram pesquisados catálogos de 11 fabricantes de esquadrias padronizadas as-sociados à AFEAL, a saber: Alumasa (SC), Atlântica (SP), Brimak (SP), Ebel (SP), Ibral (SP), JAP (SP), MGM (MG), Prado (SP), Sasazaki (SP), SBA (MG) e Trifel (SP).

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ABDI - Implantação da Coordenação Modular no Brasil | 49

Nenhum desses catálogos faz referência à diferença entre medidas nominais e medidas de coordenação ou medidas modulares, seja nesses termos, seja com termos como “vão modular” ou “vão de vedação”. Os catálogos simplesmente fornecem uma “largura” ou “largura total” e uma “altura” ou “altura total”. Em muitos casos, não é indicada a unidade de medida (m, cm, mm) ou há indicações de unidades que não correspondem aos valores listados.

Paranoscertificarmosdotipodemedidasindicadasnoscatálogos(nominaisoudecoordenação),fizemosalgumasmediçõesdiretasdosprodutosemlojasdevarejoque distribuem os produtos. Evidentemente, essas medições não têm a precisão e nem tampouco a função de um exame feito em laboratório especializado. No entanto,elassãosuficientesparamostrarqueasmedidasdecatálogosãomedi-das nominais (quadro 15). Algumas vezes as medidas reais são maiores do que essa indicação, outras vezes são menores, mesmo em se tratando de uma mesma empresa.Outroindícionessesentido,istoé,paraaidentificaçãodasmedidasdecatálogo com medidas nominais, são as instruções de montagem dos fabricantes, comoexemplificadasnafigura11.

QUADRO 15. Esquadrias de alumínio: Exemplos de medidas reais

Tipos de esquadriasJanelas Portas

Altura indicada em catálogo (cm) 120 60 40 218 214 210Altura real (cm) 120, 5 60,5 40,3 215 212 209,5Largura indicada em catálogo(cm)

100 60 60 250 250 120

Largura real (cm) 100,5 60,5 60,3 248 248 119,5

Fonte dos dados: medição direta de produtos executada pelos autores (2009)

FIGURA 11. Esquadrias de alumínio: Instruções de montagem de dois fabricantes

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50 |Implantação da Coordenação Modular no Brasil - ABDI

Nafigura11a:alturado“vãolivre”=“dimensãodaesquadria”+3cm;largurado“vãolivre”=“dimensãodaesquadria”+2cm.Essasdimensõesoumedidasdasesquadriassãofornecidasnafigura11b,sendotodasmúltiplas de 10cm, de modo que resultará necessariamente um vão não modular.Nafigura11c,ofabricanterecomendaquesejaplanejadaumafolgade20mmentreaesquadriaeaalve-naria, sem nenhuma indicação de vão modular ou vão de coordenação.

As medidas de catálogo das 11 empresas pesquisadas, que tomamos por medidas nominais, estão reunidas no quadro 16. Ele traz mais de 50 diferentes tamanhos de janelas (contra cinco do Manual da ABAL) e 30 tamanhos de portas (contra sete do Manual da ABAL). A variedade é tão grande que não incluímos aqui a relação dos produtos oferecidos por cada um dos fabricantes.

QUADRO 16. Esquadrias de alumínio: Medidas praticadas

Tipos de esquadrias

Janelas Portas

Altura nominal (cm)

40 50 60 70 75 80 100 120 135 140 160 210 215 217 218 230

Largu-ras no-minais (cm)

406080

100120160200

100

150

406080

100120150200

140 150 406080

100120150160220

40506060

100120140150160180200220

60100120140150160180200220240

35 120140

80120160

60707580858890

100120140150160200220240

88 68788898

160200250

120140150160200220240

Fontedosdados:websitesdosfabricantes(verReferênciasBibliográficas)

Page 51: Coordenação Modular no Brasil

ABDI - Implantação da Coordenação Modular no Brasil | 51

O quadro 16 evidencia que é muito comum a utilização de múltiplos de 10cm paraasmedidasnominaisdasesquadrias;coisaque,dopontodevistadesuaCoordenaçãoModularcomoutroscomponentesdaedificação,éinútil.Tambémcabe notar que as medidas nominais (“dimensões da esquadria”) dos Manuais de Lucini e da ABAL são inteiramente ignoradas pelos fabricantes.

Outro aspecto importante é que, apesar da enorme variedade de tamanhos de esquadrias de alumínio no mercado, tais tamanhos se concentram na alturas de 100cm, excluída das medidas recomendadas pela ABAL e por Lucini (2001). Essa altura que atende aos quesitos mínimos da maioria dos códigos de obra, mas re-sultaempeitorisouvergasmuitoaltos,prejudicandoosambientes(figura12).

FIGURA 12. Esquadrias: Alturas convencionais e ambientes internos

Caberia aqui uma revisão das práticas, tanto para adequar as esquadrias de alu-mínio padronizadas à Coordenação Modular, como também para propiciar me-lhores condições de ventilação e visibilidade, especialmente na produção de Ha-bitações de Interesse Social (HIS).

3.4.3 Esquadrias de aço Entidades O Instituto Aço Brasil (IABr), fundado em 1963, é a entidade mais antiga rela-cionada a esse segmento, congregando as empresas siderúrgicas brasileiras. Em 1998,oIABrrealizouumaidentificaçãosistemáticadefabricantesdecaixilhosdeaço, a partir da qual foi lançado o PSQ - Caixilhos, Janelas e Portas de Aço.

Em função desse programa e com o intuito de agregar um maior número de fabri-cantes, criou-se, em 2005, a Associação Nacional dos Fabricantes de Esquadrias

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52 |Implantação da Coordenação Modular no Brasil - ABDI

de Aço - AFEAÇO (www.afeaco.com.br). Ela congrega atualmente 30 empresas, que representam aproximadamente 80% da produção nacional. Em novembro de 2009, seteempresashaviamsidoqualificadaspeloPSQeoutras15empresaseram participantes do Programa.

Segundo a AFEAÇO, o país consome 12 milhões de portas e janelas de aço anu-almente, o que equivale a 50% do mercado nacional, se considerados todos os tipos de materiais. 90% da produção se destinam a construções habitacionais e, em sua maioria, para o segmento popular.

Normas e PSQ do segmento Nãoexistemnormasbrasileirasespecíficasrelativasaesquadriasdeaçocomrefe-rência às suas características dimensionais. As normas vigentes são as já analisa-das acima, válidas para todos os tipos de esquadrias. Essas normas, notadamente com exceção das normas relativas à Coordenação Modular, são referidas pela chamada Matriz da Qualidade do PSQ do segmento (IABr, AFEAÇO, 2009).

A mesma Matriz da Qualidade determina “dimensões nominais” de esquadrias para “clientes especiais (CDHU / Construtoras / Caixa / Cohabs)” (IABr, AFEA-ÇO, 2009, s.p.). Essas determinações estão claramente em contradição com os princípios da Coordenação Modular, já que múltiplos de 10cm são utilizados para as medidas nominais das esquadrias, de modo que os respectivos vãos resultarão necessariamente não modulares (quadro 17).

QUADRO 17. Esquadrias de aço: Medidas recomendadas no PSQTipos de esquadrias

Janelas PortaAltura nominal (cm) 60 80 100 120 220Largura nominal (cm) 80 80 80 100 120 100 120 85

Fonte dos dados: IABr, AFEAÇO, 2009.

O quadro 17 mostra que a situação das esquadrias de aço, do ponto de vista nor-mativo ou de recomendações internas ao segmento, é ainda mais problemática do que no caso das esquadrias de alumínio. Se para essas últimas constatamos algumas incongruências na forma de determinação de medidas nominais, pelo menos existe a concepção fundamental de que vãos modulares têm medidas múltiplas de 10cm e que as medidas das esquadrias devem ser menores do as desses vãos. As recomen-dações do segmento de esquadrias de aço, pelo contrário, ignoram esse princípio.

Conformidade com a Coordenação Modular Assim como a NBR 5728 - Esquadrias Modulares não é conhecida pelas entidades que representam o segmento, também é ignorada pelos fabricantes de esquadrias de aço. Ademais, o fabricante que a aplicasse estaria contradizendo as recomen-

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dações do respectivo PSQ (IABr, AFEAÇO, 2009), possivelmente prejudicando sua própria inserção no mercado.

Foram pesquisados catálogos de 10 fabricantes de esquadrias de aço associadas à AFEAÇO, a saber: Atimaky (SP), Binofort (SP), Brostel (MG), Cutrale esquadrias (SP),Gerotto(SP),Gravia(GO),Haiala(GO),MGM(GO),Sasazaki(SP),Vent-lar(SP). Nenhum dos catálogos faz referência à diferença entre medidas nominais e medidasdecoordenaçãooumedidasmodulares.Paranoscertificarmosdequeasmedidas indicadas são de fato nominais, utilizamos um procedimento semelhante ao já aplicado no segmento das esquadrias de alumínio, com uma medição em lojas de varejo (quadro 18) e a consulta às instruções de montagem dos fabrican-tes(figura13).

QUADRO 18. Esquadrias de aço: Exemplos de medidas reais

Tipos de esquadriasJanelas Portas

Altura indicada em catálogo (cm)

100 120 60 215 215 217

Altura real (cm) 99,5 120 60 215 215,2 217,4Largura indicada em catálogo (cm)

120 100 59,7 75 150 140

Largura real (cm) 120 100 59,7 75 150,2 140,4

Fonte dos dados: medição direta de produtos executada pelos autores (2009)

FIGURA 13. Esquadrias de aço: Instruções de montagem de dois fabricantes

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As medidas de catálogo das 10 empresas pesquisadas estão reunidas no quadro 19, com 49 diferentes tamanhos de janelas e 72 tamanhos de portas. Também nesse caso não incluímos a relação dos produtos oferecidos por cada um dos fa-bricantes, em razão da grande variedade existente no mercado.

Como mostra o quadro 19, as esquadrias de aço para janelas seguem, sem exce-ção, o uso de múltiplos de 10cm para medidas nominais, contrariando a Coorde-nação Modular. As esquadrias para portas não são dimensionadas dessa mesma forma, de modo que é possível supor que alguns dos componentes ofertados sejam modulares, ainda que por mero acaso. Se considerarmos, por exemplo, um ajuste modular de 5cm para esse tipo de esquadria, a altura de 215cm seria adequada, bem como as larguras 65cm, 75cm e 85cm. No entanto, como os fabricantes dessesprodutosnãoesclarecemafolgaperimetralexigida,nãoépossívelafirmarque o produto seja de fato modular.

QUADRO 19. Esquadrias de aço: Medidas praticadas Tipos de esquadrias

Janelas

Altura nominal (cm) 30 40 50 60 80 100 120 140 150 200

Larguras nominais (cm) 30 40

50

60

80

100

50

100

120

146

150

40

60

70

80

100

120

150

200

60

80

100

120

50

60

80

100

120

150

200

50

60

80

100

120

140

150

160

200

50

60

80

50

60

80

100

120

60

100

120

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ABDI - Implantação da Coordenação Modular no Brasil | 55

Portas

Alturas nominal (cm) 180 200 210 212 214 215 216 217 220 238

Larguras nominais (cm) 240 85

240

250

260

300

60

70

80

120

140

150

200

65

75

78

85

88

120

150

163

200

150

160

200

61

65

68

71

75

77

78

81

83

85

87

88

99

120

140

150

160

200

75

85

88

150

65

67

75

77

80

83

84

85

87

88

100

118

119

120

140

145

150

151

160

180

200

75

80

85

250

Fontedosdados:websitesdosfabricantes(verReferênciasBibliográficas)

3.4.4EsquadriasdePVC Entidades AAssociaçãodosFabricantesdePerfisdePVCparaaConstruçãoCivil-AFAP-PVC(www.afap.org.br) foi fundada em 1988 com o objetivo de estruturar um programa degarantiadaqualidadeparaaproduçãodeperfisdePVC.Dentreasempresasassociadasestão:Multiplast,Rehau,Tigre,Bellevue,IrmãosPetroll,Medabil,Wei-ku,PavecWindowseCande/Perfisa.

AFAPumadasprimeirasentidadesaintegraroPBQP-HcomoPSQ-PerfisdePVCparaForros(1995).JáoPSQ-JanelasePortasdePVCencontra-sesuspensopordeterminaçãodaCNMaC.TambémowebsitedaAFAP-PVCestáinteiramentefo-cadas no subsegmento de forros, não trazendo informações sobre esquadrias.

Normas AAFAP-PVCparticipoudaelaboraçãodostextosnormativosdaABNTparaperfise

Continuação

Page 56: Coordenação Modular no Brasil

56 |Implantação da Coordenação Modular no Brasil - ABDI

forrosdePVC.Noentanto,nãohánormasespecíficasparaodimensionamentodeesquadriasdePVC,anãoserasjámencionadas(NBRs5708,5722e5728),quesão ignoradas também por esse segmento. Mesmo a NBR 10821:2000 - Caixilhos paraedificação-Janela,frequentementereferidanossegmentosdeesquadriasdealumínioeaço,nãoérelacionadanowebsitedaAFAP-PVC.

Conformidade com a Coordenação Modular Forampesquisadas14empresasfabricantesdeesquadriasdePVC,associadasounãoàAFAP-PVCeescolhidaspelocritériodedisponibilizaçãodeinformaçõesonli-ne, a saber: 1a Linha (SP), Alphadoor (SP), Claris-Tigre (vários estados), Eurosystem (SP),Ketamy(PR),Modulyne(RS),PavecWindows(SP),Perfilplast(PE),Shinewindos(SP),Squadra(SP),Utrapvc(RS),Weiku(SC),Wigga(RS)eYziplas(SP).

A pesquisa mostrou que apenas dois desses fabricantes oferecem esquadrias de PVCpadronizadasparapronta-entrega:aempresaYziplas,que temuma linhapara pronta entrega cujas medidas não são coordenadas modularmente (quadro 20);eaempresaPerfilplas,quefabricaportassanfonadascujasmedidasseadap-tam a vão diversos. Todos os demais produtos são fabricados sob encomenda. De um modo geral, os fabricantes indicam somente medidas máximas e mínimas para cada tipo ou modelo de esquadria. A empresa Claris-Tigre oferece um guia de medidas preferidas que são coordenadas modularmente (quadro 21), mas não exclui a produção em outros tamanhos.

CabeobservartambémquesãopoucososfabricantesdeesquadriasdePVCqueesclarecem a relação entre medidas nominais e de coordenação, ou a relação entre a esquadria e o vão onde será instalada. O segmento trabalha com o pres-supostodequeasmedidasdosvãosserãoverificadasnolocalporumtécnicoequeasmedidasnominaisde fabricaçãodasesquadrias serãodefinidas casoacaso. Portanto, trata-se de um segmento em que a Coordenação Modular ainda deverá ser introduzida.

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ABDI - Implantação da Coordenação Modular no Brasil | 57

QUADRO 20.EsquadriasdePVC:MedidasdeprodutospadronizadosdaYziplas

Tipos de esquadrias

Janelas Portas

Altura Nominal (cm) 60 80 100 120 140 220 240

Largura Nominal (cm) 60

120

60

80

120

60

80

120

140

160

100

120

140

160

200

340

380

100

120

140

160

85

95

105

180

200

320

340

160

180

Altura de Coordenação Altura nominal + 10mm

Largura de Coordenação Largura nominal + 10mm

NOTA: Medidas de coordenação foram deduzidas a partir da exigência de, no catálogo dos produtos, de 5mm livres em todo o perimetro do vão da esquadria.Fonte: www.aecweb.com.br/cls/catalogos/yziplas/catalogo_linha_ouro.pdf

QUADRO 21.EsquadriasdePVC:MedidaspreferidaspelaClaris-Tigre

Tipos de esquadriasJanelas Portas

Altura Nominal (mm) 395 a 2795, incremento 100

(exceto: 1695, 1895, 2195, 2295, 2495, 2595)

199520952195

Altura de Coordenação (mm) Altura nominal + 5Altura Modular (M) 4 a 28

(exceto: 17, 19, 22, 23, 25, 26)

202122

Largura Nominal (mm) 390 a 3590, incremento 100

(exceto: 1095)

590 a 3590, incremento 100

(exceto: 990 e 1090)Largura de Coordenação (mm) Largura nominal + 10Largura Modular (M) 4 a 36

(exceto: 11)6 a 36

(exceto: 10 e 11)NOTAS:Asmedidasacimasereferemaoconjuntodosmodelosdeesquadrias;nemtodassãoaplicáveis a todos os modelos. Medidas de coordenação e modulares foram deduzidas a partir da exigência de “vão livre” indicada pelo fabricante.Fonte das medidas nominais: www.clarisportasejanelas.com.br

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3.4.5 Esquadrias de Madeira Entidades A Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente - ABI-MCI (www.abimci.com.br) é uma entidade de classe que foi fundada em 1972, originalmente por fabricantes de compensados para formas de concreto. Hoje ela representa empresas diversas relacionadas à indústria da madeira, desde re-florestadorasefornecedoresdeinsumosemáquinasatéfabricantesdemateriais(painéis, chapas, laminados etc) e componentes, como as esquadrias.

Em 1999, a ABIMCI tomou a iniciativa de desenvolvimento de um Programa Na-cional de Qualidade do Compensado, que mais tarde foi ampliado para um Pro-grama Nacional de Qualidade da Madeira (PNQM). Dentre os seus segmentos, há o PNQM-Portas, associado ao PSQ - Portas Internas de Madeira para Edifícios, iniciado em 2004 e também coordenado pela ABIMCI. Não existe, ainda, ini-ciativa análoga para as esquadrias de madeira em geral. A razão disso está no fato de a produção nacional de janelas e molduras de esquadrias de madeira ser pulverizada em pequenas e médias empresas, ao passo que a produção de folhas deportasémaisconcentrada;15empresassãoresponsáveisporquasemetadeda produção nacional (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DA MADEIRA, 2005).VáriasdasseteempresasqueintegramoPNQM-Portasfabricamtambémesquadrias completas de portas e janelas.

Também é importante mencionar, nesse segmento, o Arranjo Produtivo Local (APL) daMadeiradePortoUniãoeUniãodaVitória,oficializadoem2005,integrando47 empresas de vários municípios do Paraná e um município de Santa Catarina. A região é a maior produtora de esquadrias de madeira e um dos maiores pó-los madeireiros do país. Entre fabricantes de esquadrias e casas pré-fabricadas de madeira, há 89 empresas nessa região (IPARDES, 2006). Contudo, parece evidente que as esquadrias de madeira em geral ainda constituem um segmento menos organizado e estruturado do que os segmentos de esquadrias abordados anteriormente.

Normas Nãoconstam,naABNT,normasespecíficasparaesquadriasdemadeiraemgeral.Há duas normas relativas a portas de madeira, a saber:

• NBR8037:1983-Portasdemadeiradeedificações-Terminologia

• NBR8052:1986Portademadeiradeedificação-Dimensões

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A segunda dessas normas faz referência à Coordenação Modular dos vãos (NBR 5708:1982) e recomenda as medidas sintetizadas no quadro 22, que estão em perfeita concordância com os princípios da Coordenação Modular. No entanto, a NBR 8052 não é citada no corpo de um total de 12 NBRs que o PSQ - Portas Internas de Madeira tem por fundamento (ABIMCI, 2006).

QUADRO 22. Portas de madeira: Medidas da NBR 8052Largura do vão modular (mm)[= largura de coordenação da es-quadria]

700 800 900 1000

Largura nominal da folha (mm) 620 720 820 920Espessura das ombreiras e da travessa do marco (mm)

35

Altura do vão modular NãoespecificadaAltura nominal da folha (mm) 2110 ou 2010

Fonte: NBR 8052:1986

Também são relevantes nesse segmento os Códigos de Obras Municipais, que quase sempre definemmedidasmínimas para os vãos de abertura das portasinternaseexternas.Viaderegra,essasmedidassãomúltiplasde10cm(vãosde60cm, 70cm, 80cm e 90cm). Quando se trata de portas pivotantes com batente convencional, tais medidas resultam em folhas de n.M + 2cm (folhas de 62cm, 72cm, 82cm e 92cm), condizentes com a NBR 8052. Contudo, do ponto de vista da Coordenação Modular, as medidas de folhas e vãos de abertura são de impor-tância menor. Decisivas são as medidas externas do conjunto da esquadria ou o componente que o segmento denomina porta pronta (conjunto de marco, folha, alisareseferragens),queosCódigosdeObranãoespecificam.

Conformidade com a Coordenação Modular Foram pesquisadas inicialmente informações de empresas integrantes do PSQ - PortasInternasdeMadeira,asaber:FrameMadeirasEspeciais(marcaFrameport);ManoelMarchetti (marcaAlamo);ÂngeloCamilotti (marcaCamidoor);FuckSA;PimentelLopes(marcaMultidoor);Sincol.Namaioriadoscasos,nãoháindicaçãode medidas de coordenação do conjunto da esquadria, mas apenas das folhas. SomenteaempresaPimentelLopes(marcaMultidoor)forneceumaespecificaçãodetalhadaaesserespeito(figura14),evidenciandomedidasdecoordenaçãodomarco não modulares (larguras de 67cm, 77cm e 87cm, por exemplo) para me-didas nominais das folhas múltiplas de 10cm. Dados semelhantes são citados no catálogo da empresa Camelotti, embora sem detalhamento.

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60 |Implantação da Coordenação Modular no Brasil - ABDI

FIGURA 14. Portas internas de Madeira: Exemplo de medidas praticadas

NOTA: As medidas do “Kit” correspondem às medidas nominais externas da esquadria. As medi-dasdo“VãoPorta”correspondemàsmedidasdecoordenaçãodaesquadria.Fonte: www.multidoor.com.br

QUADRO 23. Portas internas de madeira: Medidas praticadas

PortasLargura nominal da folha (mm)

600 620 700 720 800 820 900 920

Largura nominal da esqua-dria (mm)

645 665 745 765 845 865 945 965

Largura de coordenação da esquadria (mm)

670 690 770 790 870 890 970 990

Altura nominal da folha (mm)

2100

Altura nominal da esquadria (mm)

2123

Altura de coordenação da esquadria (mm)

2135

NOTA:Medidasnominasedecoordenaçãodaesquadriaforaminferidasapartirdosdadosdafigura14.Fonte dos dados (medidas nominais das folhas): web sites dos fabricantes (ver Referências Biblio-gráficas)

Esses resultados permitem inferir que o subsegmento de portas internas de madeira está se orientando por uma aparente racionalização de medidas das folhas e dos vãos de abertura (quadro 23), sem observar a Coordenação Modular do conjunto com os demais elementos da construção. Há indícios de uma não conformidade intencional.

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Quanto às janelas e portas externas de madeira, pesquisamos os catálogos de oitoempresaspertencentesaoAPLdaMadeiradePortoUniãoeUniãodaVitória(Acifer,Brixner,Difladi,Nobre,Madense,Schwegler,Unimad,Vitromad)eoutrasduasnãoligadasaessepólo(Ulimax,deSãoPaulo,eVassoler,doEspíritoSanto).Também essas empresas foram selecionadas conforme a disponibilidade de infor-mações online.

QUADRO 24. Janelas de madeira: Medidas recorrentes

PortasAltura nominal (cm) 40 60 80 100 120 140Largura nominal (cm) 60

806080100120140160180

6080100120140160180200

120140160180200220240

120140160180200220240

120140160180200220240

Fontedosdados:websitesdosfabricantes(verReferênciasBibliográficas)

Assim como no subsegmento das portas internas, as medidas indicadas pelos fa-bricantes de janelas e portas externas raramente incluem informações sobre sua coordenaçãocomosdemaiselementosdaconstrução.AsempresasDifladieAci-fer, recomendam “deixar 1 cm de sobra de cada lado na abertura da parede. Ex.: Parajanelas1,45mx1,25mdeixarumespaçode1,47mx1,27m.”(www.difladi.com.br/manual.html e www.acifer.com.br/ manual.php). A empresa Ulimax indica espessuras de batentes (de 3,5cm ou 4,3cm) que se somam às larguras e alturas listadas, resultando nas medidas nominais do conjunto da esquadria, mas não nas suas medidas de coordenação. A variedade de tamanhos praticados no subseg-mento de é maior do que de todos os outros pesquisados, de modo que seria pou-co produtivo detalhá-la aqui. Restringímo-nos a medidas recorrentes de janelas (quadro 24), que, mais uma vez, são medidas nominais múltiplas de 10cm.

É interessante observar que o incremento de 20cm na altura e na largura deve ser derivado das medidas modulares de alvenarias de blocos de concreto ou cerâmi-cos,masqueháumamal-entendidoquantoaosignificadodessasmedidas.Comoem muitos outros casos, parte-se do pressuposto de que a folga correspondente à junta de argamassa estará necessariamente disponível para a instalação da esqua-dria;oqueresultafrequentementeemreajustesinloco.

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3.5 Acabamento

3.5.1 Revestimentos cerâmicos Entidades AentidademaisabrangentedessesegmentoespecíficoéaAssociaçãoNacionaldos Fabricantes de Cerâmica para Revestimento - ANFACER (www.anfacer.org.br), fundada em 1984, que representa os fabricantes de 85% da produção brasileira e 95% das suas exportações. Segundo dados da entidade, o segmento é composto por um total de 94 empresas (60 das quais são associadas), que operam 117 plantas industriais em 17 estados, tendo produzido 607,9 milhões de metros qua-drados de revestimentos cerâmicos em 2006.

Outra entidade ativa no segmento é o Centro Cerâmico do Brasil - CCB (www.ccb.org.br), uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) consti-tuídaem1993.Seuobjetivoprincipaléqualificarecertificarfabricantesdereves-timentos cerâmicos, atuando como entidade tecnológica do segmento. Como Or-ganismoCertificadorcredenciadopeloINMETRO,oCCBrealizaensaios,controlede processo e treinamento. Em fevereiro de 2010, havia 31 empresas fabricantes deplacascerâmicasderevestimentocertificadaspeloCCB.

Em 2006, a ANFACER e o CCB reativaram a Comissão de Estudos de placas ce-râmicas da ABNT, tendo por escopo a elaboração de uma norma para placas de porcelanato (que resultou na NBR 15463:2007 - Placas cerâmicas para revesti-mento - Porcelanato) e a revisão das demais normas de placas cerâmicas em vigor (que ainda não foi realizada).

Cabe mencionar também a Agência para o Desenvolvimento do Design Cerâmico - A2D (www.a2d.org.br), criada em 2005 a partir da aprovação de um projeto FI-NEP que prevê a implantação de um Centro de Gestão em design cerâmico. Esse projeto é fruto da parceria entre o Centro Cerâmico do Brasil - CCB e a Univer-sidade Federal de Santa Catarina - UFSC. Conta ainda com apoio do CNPq, do ProgramaViaDesigndoSEBRAE(DesignCatarina),edaprópriaANFACER.Suasprincipais ações e serviços estão voltados à realização de pesquisas e projetos em design visando elevar o valor agregado dos produtos cerâmicos nacionais, de for-ma a contribuir para ampliar a competitividade da indústria cerâmica brasileira.

Normas As normas brasileiras referentes a produtos cerâmicos de revestimento são:

• NBR13753:1996-Revestimentodepisointernoouexternocomplacascerâ-micas e com utilização de argamassa colante - Procedimento

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ABDI - Implantação da Coordenação Modular no Brasil | 63

• NBR13754:1996-Revestimentodeparedesinternascomplacascerâmicasecom utilização de argamassa colante - Procedimento

• NBR13755:1997Revestimentodeparedesexternasefachadascomplacascerâmicas e com utilização de argamassa colante - Procedimento

• NBR10247:1988-Produtosdecerâmicavidradaequeimada-Determinaçãoda resistência à abrasão.

• NBR13816:1997-Placascerâmicaspararevestimento-Terminologia• NBR13817:1997-Placascerâmicaspararevestimento-Classificação• NBR13818:1997-Placascerâmicaspararevestimento-Especificaçãoemé-

todos de ensaios• NBR15463:2007-Placascerâmicaspararevestimento-Porcelanato• NBR5719:1982-Revestimentos

Dessas normas, a única que faz referência ao dimensionamento é a NBR 5719:1982, anormaquedefineaCoordenaçãoModularderevestimentossemespecificidadede material. Tal norma deixa especialmente evidente o caráter fragmentário do conjunto de normas de Coordenação Modular atualmente em vigor. Ela contém somente as seguintes informações:

1 Objetivo1.1EstaNormafixaascondiçõesexigíveisquesedevemaplicaraaosreves-timentos. 1.2 Esta Norma abrange os revestimentos com elementos simples ou com-postos, aplicados horizontalmente ou verticalmente, na construção coorde-nada modularmente.

2 Condições Gerais2.1 O comprimento e a largura do componente ou de um conjunto de com-ponentes devem ser modulares. A sua espessura, não necessariamente mo-dular, depende do material e de sua colocação.2.2 Para os componentes com medidas não modulares, mas que associados apresentam em conjunto medidas modulares, deve-se dar preferência a que suas medidas, comprimento e largura, sejam iguais a n x M/4.2.3 A escolha das medidas modulares dos componentes devem levar em consideração além das condições referentes a fabricação e aplicação, a maiorflexibilidadeecombinaçãodestasmedidas.(NBR5719:1982)

A norma não esclarece que o módulo é de 10cm e não remete à NBR 5706, a única norma que contém essa informação. Um fabricantes que consultar essa nor-ma poderia interpretar o termo “modular” no seu sentido coloquial, entendendo apenas que as medidas de seus componentes devem ser “casadas” de alguma forma e que a proporção 1:4 é privilegiada pela norma, sem que se indique o motivo. Mas, mesmo se o fabricante souber que a Coordenação Modular opera com o módulo de 10cm, também é improvável que fabrique componentes efetiva-mente modulares. A norma o induz a dimensionar esse componente com medidas

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nominaismúltiplasde100mm(M)oude25mm(M/4),demodoquedificilmentelhe corresponderá um espaço modular, já que existe a exigências de juntas e tole-râncias de fabricação, marcação e assentamento.

A NBR 15463:2007 - Placas cerâmicas para revestimento - Porcelanato, a mais recentedasnormasacimarelacionadas,nãoespecificadimensõesparaaspeças,mas indica apenas que:

O porcelanato pode apresentar dimensões variadas: tamanhos pequenos (áreadoproduto≤50cm2),intermediários(50cm2<áreadoproduto≤2500 cm2) ou grandes (área do produto > 2 500 cm2). (NBR 15463:2007)

Conformidade com a Coordenação Modular A ANFACER, o CCB e a A2D não fazem qualquer referência à NBR 5719, nem tam-pouco à Coordenação Modular. O mesmo vale para os 12 fabricantes cujos catálo-gos foram pesquisados, a saber: Acro (SP), Anhanguera (SP), Cecrisa (SP), Chiarelli (SP), Kardenia (SP), Kera (SP), Pisoforte (SC), Tecnogres (BA), Savane (SP), Buschinelli (SP)eVillagres(SP),sendoqueasduasúltimapertencemaomesmogrupo.

Como em outros segmentos, também aqui a forma de indicação de medidas em catálogos e embalagens não tem qualquer padronização. Cada fabricante utiliza sua própria terminologia. Na maioria dos casos, as medidas que dão nome aos produtos são apenas arrendondamentos das medidas nominais de fabricação e das respectivasmedidas reais, comopudemos verificarpelamediçãodiretadealguns produtos em lojas de varejo (quadro 25). Parece que o segmento compre-ende a expressão “medida nominal” ou “dimensão nominal”, literalmente, como a medida que dá um nome (fantasia) ao produto e não como medida nominal de fabricação (isto é, a medida teórica esperada em relação à qual medida real veri-ficadaemcadaobjetosingularpodevariardentrodolimitedetolerância).

QUADRO 25. Revestimentos cerâmicos: Exemplos de medidas reais

Cerâmica branca para piso ou paredeMedidas de catálogo (cm) 31 x 41 33 x 45 25,0 x 33,5 43 x 43 15 x 15Medidas reais (mm) 307 x 407 335 x 455 250 x 335 425 x 425 151 x 151

Fonte dos dados: Medição direta de produtos executada pelos autores (2009)

Apenas quatro das 12 empresas pesquisadas explicitam em seus catálogos a dife-rença entre a medida indicada no nome do produto e a medida nominal de fabri-cação do mesmo produto. Dessas quatro, apenas uma (Cecrisa) fabrica compo-nentes modulares e utiliza as medidas de coordenação corretamente no nome do produto. Nos demais casos, as medidas nominais de fabricação são ora menores ora maiores do que as medidas indicadas nos produtos (quadro 26).

Page 65: Coordenação Modular no Brasil

ABDI - Implantação da Coordenação Modular no Brasil | 65

QUADRO 26. Revestimentos cerâmicos: Práticas dimensionais e informacionais de quatro empresas pesquisadas

EmpresasKera Acro Cecrisa Savane

Denominações das medi-das de catálogo

Linha Formato Dimensão nominal

Tamanho

Medidas de catálogo 31 x 3131 x 4137 x 3744 x 44

30 x 4032 x 4535 x 3540 x 4045 x 45

20 x 2020 x 3030 x 3040 x 40

38 x 3840 x 40

Denominação das medi-das nominais de fabrica-ção

Tamanho de fabricação

Dimensão de fabricação

Dimensão de fabricação

Dimensão de fabricação

Medidas nominais (mm)

306 x 306306,0 x 406,1 370,5 x 370,5 436,2 x 436,2

307 x 411320 x 452357 x 357411 x 411453 x 453

195 x 195195 x 295295 x 295395 x 395

383 x 383393 x 393

Tolerância de fabricação (%)

Não indicada Não indicada ± 0,6 Não indicada

Medidas modulares (M) Não há Não há 2 x 22 x 33 x 34 x 4

Não há p/ 38 x 384 x 4

Nota: Apenas uma das empresas comercializa placas coordenadas modularmente (Cecrisa). Medi-das nominais podem ser menores ou maiores do que as medidas de catálogo, inclusive na mesma empresa (Kera e Savane). O “formato” 32cm x 45cm da Acro é denominado “Linha Coordenada”, mas não há esclarecimentos sobre a forma de coordenação aplicável a essas medidas.Fontes dos dados: www.keraceramica.com.br; www.acroceramica.com.br; www.cecrisa.com.br;www.savane.com.br.

Também é notável que as medidas dos componentes fabricados por uma mesma empresa raramente são coordenadas entre si (mesmo que não pelo módulo de 100mm),oquedificultaapaginaçãodoassentamente,especialmentenoencon-tro de revestimentos diversos (piso e parede, por exemplo). O quadro 27 sintetiza as medidas que registramos nos catálogos das 12 empresas em conjunto.

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QUADRO 27. Revestimentos cerâmicos: Componentes nos catálogos das empre-sas pesquisadas

ComponentesMenor dimensão <10cm <20cm < 30cm < 40cm < 50cm < 60cmMedidas de catá-logo (cm)

7 x 7 10 x 1010 x 2010 x 5013 x 1315 x 15

20 x 2020 x 3023,5 x 35,525 x 2525 x 3527 x 3728,5 x 50,029 x 4929,5 x 5029,8 x 50,5

30 x 3030 x 4530 x 5031 x 3131 x 4131 x 4231 x 6032 x 4433 x 3333 x 4535,5 x 35,537 x 3738 x 38

40 x 4041 x 4142 x 4243 x 4344 x 4445 x 4547 x 4749 x 49

50 x 5056 x 5657 x 57

Fontedosdados:websitesdosfabricantes(verReferênciasBibliográficas)

Tem-se, portanto, que o segmento de revestimentos cerâmicos não apenas desco-nhece a Coordenação Modular como também pratica uma enorme variedade de tamanhos e de formas de indicá-los. Subjaz a essas práticas a noção de que não é possível organizar a construção para evitar recortes e ajustes in loco na fase de acabamento. Assim, por exemplo, o Manual de Assentamento de Revestimentos Cerâmicos - Paredes Internas da CCB apenas recomenda, em relação à pagina-ção,definiralarguradasjuntasparareduzironúmerodecorteseplanejarumencaixe preciso dos desenhos (CCB, s.d., p.20). Não há qualquer referência a uma coordenação dimensional prévia.

4 ConclusõesApresentamos em seguida conclusões extraídas do presente levantamento, que deverá ser complementado posteriormente com mais informações obtidas junto às entidades e aos fabricantes acerca dos impactos de eventuais mudanças. Trata-se, por ora, de mapear os segmentos e requisitos mais problemáticos para a imple-mentaçãodaCoordenaçãoModularedefinirasnecessidadesmaisprementes.Duas dessas necessidades prementes são comuns a todos os segmentos:

• Difusãode informações sobreaCoordenaçãoModular.Émuitocomumautilização de medidas nominais múltiplas de 100mm em lugar de medidas de coordenaçãomúltiplasde100mm;oqueindicaquenãoháumdesconheci-mento total, mas uma compreensão errônea dos princípios da CM.

• Padronizaçãodeconceitosdemedidas.Setermoscomomedidasreais,me-didas nominais, medidas de coordenação e medidas modulares fossem utili-zados da mesma maneira por todos os fabricantes e devidamente indicados em catálogos, embalagens e projetos técnicos, ter-se-ia maior facilidade de

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coordenação dimensional entre componentes, mesmo que não esses compo-nentes não fossem modulares ou que alterações nas suas medidas nominais de fabricação fossem alcançadas apenas em médio prazo. Além disso, muitos componentes não modulares podem ser utilizados em conjuntos modulares, bastando para isso que o fabricante indique a projetistas e construtores como se formam tais conjuntos.

Seguem observações sobre cada um dos segmentos, que resumem as análises feitas acima e são sintetizadas novamente nos quadro 26 e 27.

Blocos de concreto:O segmento nãoapresenta dificuldades noquediz res-peito ao processo de fabricação dos componentes que, em grande parte, já são modulares.AsnormasespecíficassãocompatíveiscomaCoordenaçãoModularDecimétrica, embora haja divergências terminológicas e uma utilização demasia-damente ampla de incrementos submodulares. O grau de conformidade a essas normas,aomenosentreosassociadosdaBlocoBrasil,éalto.Amaiordificuldadeestá na constituição de conjuntos modulares a partir dos blocos das Linhas 15x30, 15x40 e 7,5x40 e no fornecimento de componentes de compensação para es-ses casos. Também seria recomendável que a largura 12,5 fosse paulatinamente eliminada, mas entendemos que o próprio mercado tenderá a essa redução na variedade de medidas, se a Coordenação Modular for praticada também por outros segmentos. Eventualmente, a norma poderá ser revista quanto ao uso dos incrementos submodulares M/2 e M/4.

Blocos cerâmicos: O segmento pratica um repertório de medidas menos siste-matizado do que o de blocos de concreto. Embora também já utilize uma gama de componentes coordenados modularmente, a conformidade às normas vigentes é menor. Tais normas são compatíveis com a Coordenação Modular, apresentan-do apenas as mesmas fragilidades de terminologia e utilização de incrementos submodulares já constatadas em relação às normas de blocos de concreto. Os esforços devem se concentrar na elaboração de soluções de conjuntos modulares para a largura de 15cm, com as devidas peças de compensação. A Linha 20x40 costuma ser comercializada de modo incompleto, demandando componentes complementares. Além disso, interessa conhecer o volume de consumo da família 12,5 e as razões para que seja mantida em catálogo.

Chapas e blocos de gesso: Os catálogos dos fabricantes de chapas de gesso associados à Drywall indicam que o segmento já produz componentes modulares, demodoquenãohádificuldadesdopontodevistadafabricação.Nãoéusuala diferenciação entre medidas nominais e medidas de coordenação das chapas degesso,masadefiniçãodetolerânciasassimétricasparaasmedidasnominaissãosuficientesparaasseguraracoordenaçãoentrecomponentes,dadaarelativaprecisão da tecnologia adotada. O sistema de montantes também é coordenado modularmente, com distâncias axiais recomendadas de 40cm (4M) e 60cm (6m). Todasessascaracterísticassãoreflexodiretodasrespectivasnormas,observadas

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por todos os fabricantes do segmento e compatíveis com a Coordenação Modular. Nãohá,portanto,dificuldadesourecomendaçõesespecíficasparaaschapasdegesso. Já os blocos de gesso constituem um subsegmento relativamente pouco estruturado,queadotaconceitoseespecificaçõesdimensionaisincondizentescoma Coordenação Modular e para o qual existe apenas um projeto de norma que, sefosseaprovado,consagrariaessasmesmasincompatibilidades.Adificuldade,nesse caso, está na difusão de uma nova prática entre um grande número de em-presas pequenas. Caberá investigar os impactos que uma alteração nas medidas praticadas teria nessas empresas de pequeno porte. Recomenda-se, enfaticamen-te,queoprocessodeelaboraçãodeumanormaespecíficasejaretomado,incor-porando os princípios da Coordenação Modular. Isso pode ser facilitado pelo fato de não haver indícios de não conformidade intencional.

Telhas cerâmicas: A Coordenação Modular não é prática corrente ou mesmo conhecida nesse segmento, nem tampouco comparece - literalmente ou por prin-cípio - nas respectivas normas. Os fabricantes não costumam indicar medidas úteis ou medidas de coordenação nos seus catálogos, limitando-se a informar galgas e quantidade de telhas consumidas por m2. Além disso, a inconformida-de do segmento às normas em vigor é alta. Tudo isso tende a impossibilitar uma racionalização dos projetos, especialmente naquelas situações em que o telhado não é independente mas interrompido por outros elementos construtivos (caixa d’água, casa de máquinas etc.). Ao mesmo tempo, considerando-se que as telhas cerâmicas são componentes de dimensões reduzidas, que permitem ajustes rela-tivamente generosos nos recobrimentos lateral e longitudinal, quase sempre seria possivel adequá-las à coordenação modular. Para isso, os fabricantes devem for-necer informações mais precisas e indicar como se formam conjuntos modulares para cada modelo de telha e inclinação de telhado. Recomenda-se uma revisão ou emenda das normas nesse sentido.

Telhas de fibrocimento: O segmento pratica uma grande variedade de medi-das para largura útil e vão máximo dos componentes que não são modulares. Os comprimentos das telhas do tipo ondulada e pequenas ondas se orientam pelo sistema imperial de medidas, isto é, têm valores derivados do pé. Essas mesmas definiçõescomparecem tambémnasnormasespecíficasdo segmento.Suas ra-zões de utilização, incluindo condicionantes do processo de fabricação e formas de aplicação em projeto, deverão ser mais detalhadamente analisadas. Como os sistemasdecoberturaemgeral, tambémas telhasdefibrocimento têm relativaindependênciadaCoordenaçãoModulardaedificação,jáquesãoquasesempreelemento externo. No entanto, ao contrário das telhas cerâmicas, as possibilidades de ajustes nesse caso são mais restritas. Ainda que não se proceda a uma revisão de todos os tipos e modelos oferecido, é recomendável que se considerem refor-mulações dimensionais nas telhas de tipo ondulada e de pequenas ondas, já que elas constituem uma parte muito expressiva das coberturas usadas na construção habitacional. Evidentemente, tal mudança deve ser acompanhada por uma revisão das normas técnicas.

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ABDI - Implantação da Coordenação Modular no Brasil | 69

Telhas de aço: O segmento de telhas de aço não conhece nem pratica a Coor-denaçãoModular,nemtampoucoexistemnormasespecíficasnessesentido.Enten-demosqueaprincipaldificuldadeparamudaressasituaçãoestánaalteraçãodaslargurasúteisdastelhas,quesãocondicionadaspelosperfis,porsuavezdeter-minados por solicitações estruturais e pelo maquinário empregado na fabricação. Como não se trata de um segmento cuja conformidade seja imprescindível para a CoordenaçãoModulardosdemaiselementosdaedificação,recomenda-se,numprimeiro momento, concentrar esforços nos demais segmentos e elaborar detalhes e soluções de subcobertura que possam fazer a transição entre componentes mo-dulares e telhas não modulares.

Esquadrias (geral): De todos os segmentos examinados, o de esquadrias (de quaisquer tipos e materiais) é aquele em que ações concretas de alteração das práticas nos parecem mais urgentes. Os fabricantes de esquadrias não usam a Co-ordenaçãoModulareasnormasespecíficasmaismencionadas(NBR10821:2000,NBR10820:1989eNBR10831:1989)nãodefinemodimensionamentodecom-ponentes nem fazem referência à Coordenação Modular. Inversamente, as normas de Coordenação Modular de esquadrias (NBR 5708:1982, NBR 5722:1982, NBR 5728:1982), que são relativamente antigas e de conteúdo muito pouco esclarece-dor, não são referidas pelos fabricantes. Essa ausência de Coordenação Modular nas esquadrias de um modo geral prejudica diretamente a coordenação de outros elementosdaedificação.Aomesmotempo,umamudançanaspráticasdedimen-sionamento seria relativamente simples do ponto de vista técnico.

Esquadrias de alumínio: As práticas do segmento de esquadrias de alumínio se dividem em produção sob encomenda e produção padronizada para pronta entrega. Interessa-nos essa última, que é notamente divergente da Coordenação Modular. Encontramos, nos catálogos de 11 fabricantes, mais de 80 diferentes tamanhos de esquadrias, predominantemente com a utilização de múltiplos de 10cm para medidas nominais, o que implica medidas de coordenação não mo-dulares. As práticas de especificação demedidas dos fabricantes também sãoinsuficientes, não incluindo indicaçõesdadiferença entremedidas nominais deesquadrias e medidas de vãos (ou medidas de coordenação, mesmo que não mo-dulares). Tanto as entidades e quanto os fabricantes do segmento de esquadrias de alumínio fazem referência a um conjunto amplo de normas, mas não às normas de Coordenação Modular de esquadrias. Embora o segmento tenha promovido aelaboraçãodedoismanuais(Lucini2001;ABALs.d.)baseadasnosprincípiosda Coordenação Modular, esses manuais não são aplicados pela maioria dos fabricantes, talvez por conterem determinações excessivamente rígidas e até in-congruentesemalgunsaspectos.Tudoindicaqueamaiordificuldadeparaumaadequação desse segmento à Coordenação Modular é a falta de compreensão de seus princípios. Não parece haver problemas operacionais que impeçam a pro-dução de componentes modulares. Recomenda-se, portanto, antes de mais nada, a difusão de informações sobre a Coordenação Modular no segmento, que não deve se basear apenas nos manuais existentes. Uma revisão da NBR 10821:2000

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para a inclusão de diretrizes de dimensionamento coerentes com a Coordenação Modular seria de grande utilidade, mas, como a norma é apenas omissa sem contradizer a Coordenação Modular diretamente, tal revisão não seria condição imprescindível para que outras ações fossem implementadas.

Esquadrias de aço: As práticas do segmento de esquadrias de aço ignoram a Coordenação Modular, embora seja muito comum a fabricação de produtos padronizados para pronta-entrega. Nos catálogos, não são indicadas diferenças entre medidas nominais de esquadrias e vãos correspondentes (medidas de coor-denação)e,deummodogeral,asindicaçõessãomuitodeficitárias.Tambéménotável a enorme variedade de tamanhos praticados. Nos catálogos de apenas 10 empresas encontramos mais de 120 tamanhos diferentes. A grande maioria tem medidas nominais múltiplas de 10cm, resultando em medidas de coordenação não modulares. Nesse sentido, a situação é semelhante à do segmento de esqua-drias de alumínio. Mas, à diferença desse último, aqui a não conformidade decor-re, ao menos em parte, do documento Matriz da Qualidade relativo ao PSQ do segmento (IABr, AFEAÇO, 2009), que recomenda tais medidas nominais. Como nãoexistemnormasbrasileirasespecíficasparaesquadriasdeaço,entidadesefa-bricantes fazem uso - explícito e repetidamente referenciado - das mesmas normas gerais usadas pelo segmento de esquadrias de alumínio. As normas relativas à Co-ordenação Modular de esquadrias são inteiramente ignoradas. Entendemos que aprincipaldificuldade,novamente,éafaltadeinformação,agravadapelofatode existir uma prática já bastante consolidada de produção de componentes não modulares, tal como comparece na citada Matriz da Qualidade. Por outro lado, como o segmento também fabrica componentes com medidas nominais que não são múltiplas de 10cm, como no caso das portas, orientadas por determinações dos códigos de obras, não há, a priori, interdições operacionais a uma mudança nas práticas. Recomenda-se, além da divulgação de informações entre os fabri-cantes, que a Matriz da Qualidade do segmento seja revista.

Esquadrias de PVC:No segmentodas esquadriasdePVC,a fabricação sobencomenda predomina amplamente sobre a fabricação para pronta-entrega de produtospadronizados;oque tornaaCoordenaçãoModularmenos relevante.NãoexistemnormasbrasileirasespecíficasparaesquadriasdePVC.Tambémnãoencontramos referências às normas vigentes de Coordenação Modular nas in-formações veiculadas pela entidade que representa o segmento, nem tampouco nas informações veiculadas pelos fabricantes pesquisados. No entanto, um des-ses fabricantes, a empresa Claris-Tigres, faz uma recomendação de medidas que está de acordo com os princípios da Coordenação Modular. Isso indica que não haveriadificuldadestécnicasouoperacionaisparaintroduzí-ladeummodomaisamplo. Dado que uma revisão das normas gerais relativas a esquadrias também se aplicaria a esse segmento, ela poderia promover a disponibilização, no mercado, deumnúmeromaiordelinhasdeesquadriasdePVCpadronizadasefabricadasparapronta-entrega,reduzindooscustosdeproduçãoeospreçosfinaisdessesprodutos.

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Esquadrias de madeira: O nível de organização nesse caso é muito distinto para o subsegmento de portas internas e o subsegmento de janelas e portas externas. Enquanto a fabricação de portas internas é relativamente concentrada em algumas empresasdemaiorporteecontacomprogramasdequalidadeespecíficos,afa-bricação de janelas e portas externas é mais difusa e desestruturada. Em ambos os casos a Coordenação Modular é quase inexistente, mas no primeiro subsegmento (portas internas) há indícios de que se trata de uma não conformidade intencional, jáqueexistemnormasespecíficasconsistentesarespeito,quenãosãomenciona-das pelo PSQ - Portas internas de madeira. Já no subsegmento de janelas e portas externas, os fabricantes tendem a produzir componentes com medidas nominais múltiplas de 10cm e incrementos de 20cm, seguindo o incremento vertical das alvenarias de blocos de concreto e cerâmicos. Isso indica uma intenção de coor-denaçãocomoutroselementosdaedificação,mastambémafaltadeinformaçãosobrecomoconcretizaressacoordenaçãodemodoeficaz.Recomenda-se,paraas portas internas de madeira, ações que promovam a conformidade às normas já existentes.Jáosubsegmentodejanelaspoderiasebeneficiardasmesmasaçõesde difusão de informações e revisão de normas gerais já recomendadas para es-quadriasdealumínio,açoePVC.

Revestimentos cerâmicos: O segmento não pratica a Coordenação Modular e oferece componentes com uma grande variedade de medidas muito próximas entre si. Existe uma prática peculiar de indicação de medidas em catálogos que decorrem do arredondamento das medidas nominais de fabricação para um valor inteiro em centímetros, que pode ser maior ou menor. Não existem recomendações claras quanto à medida máxima, mínima ou ideal de juntas. Encontramos apenas umfabricantesque fornececomponentesmodularescomasdevidasespecifica-ções. As normas mais utilizadas no segmento não fazem referência à Coordenação Modular e, inversamente, a norma para a Coordenação Modular de revestimentos (NBR 5719:1982) não é utilizadas pelos fabricantes ou pelas entidades que os representam.Entendemosque,tambémnessecaso,afaltadeinformaçãoéadifi-culdade mais importante. É recomendável que a Coordenação Modular seja intro-duzida prioritariamente nas linhas de revestimentos mais utilizadas na construção habitacional popular e de interesse social. As normas mais utilizadas para todos os produtos do segmento (NBR 13816:1997 e NBR 13816:1997) devem ser revistas nessesentido;anormaespecíficaparaporcelanato (NBR15463:2007)poderáser revista oportunamente, mas não é prioritária, já que se trata de um produto de preço relativamente elevado.

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QUADRO 28. Resumo de conclusões gerais do levantamento

Segmento Prática da coordenaçãomodular

Dificuldades Recomendações

Blocos de concreto Corrente Uso inadequado das lar-guras15cme7,5cm;usoinadequado da termino-logia em projeto e comer-cialização.

Introdução de com-ponentes comple-mentares;difusãodesoluçõesdeprojeto;estímulo ao uso de blocos de 10 e 20cm;revisãodanorma quanto à ter-minologia e ao uso de M/2 e M/4.

Blocos cerâmicos Parcial Uso inadequado da lar-gura15cm;

conformidade mais baixa que no caso anterior.Chapas de gesso Corrente Não há Não háBlocos de gesso Ausente Dispersão de informa-

ções;medidaspraticadasincondizentescomaCM;ausência de norma.

Elaboração de uma normaespecífica;di-fusão de informação entrefabricantes;ajuste de linha de produção.

Telhas cerâmicas Ausente Falta de informações sobre medidas de coorde-nação e possibilidades de formar conjuntos modu-lares

Melhores práticas informacionais por parte dos fabri-cantes, incluindo soluções de projeto para a CM de cada modelodetelha;revisão da norma quanto às exigências de informação nos produtos e quanto aos comprimentos nominais (telhas de fibrocimento).

Telhasdefibrocimento Ausente Uso de medidas deriva-das do sistema imperial, inclusivenasnormas;mudanças nas larguras úteis implicam mudanças deperfisemaquinário.

Telhas de aço Ausente Mudanças nas larguras úteis implicam mudanças deperfisemaquinário.

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Esquadrias de alumí-nio

Restrita Desinformação e mal-en-tendidos sobre os princí-pios da CM, levando ao uso de medidas nominais múltiplasde10cm;incon-formidade intencional em alguns casos.

Difusão de informa-ções;revisãodasnormas concernen-tes às janelas com inclusão da CM e exigência de melho-res práticas informa-cionais por parte dos fabricantes.

Esquadrias de aço AusenteEsquadriasdePVC AusenteEsquadrias de madeira Ausente

Revestimentos cerâ-micos

Ausente O segmento ignora a CM e a possibilidade de for-mar conjuntos modulares

Difusão de informa-ções e revisão das normas especial-mente para linhas mais populares.

Fonte: Autores

QUADRO 29. Recomendações em relação às Normas Técnicas em vigor

Tipo de componente /NBRs mais relevantes

Avaliação do conjunto de normas em re-lação à Coordenação Modular (CM)

Blocos de concretoNBR 6136:2007 – Blocos vazados de con-creto simples para alvenaria - Requisitos NBR 8798:1985 – Execução e controle de obras em alvenaria estrutural de blocos vazados de concreto

Princípios gerais da CM estão observados, seria importante revisar:- terminologia- uso dos submódulos M/2 e M/4- uso das linhas de blocos de base octamétrica

Blocos cerâmicosNBR 15270 –1:2005 - Componentes ce-râmicos - Parte 1 - Blocos cerâmicos para alvenaria de vedação - Terminologia e re-quisitosNBR 15270 –2:2005 - Componentes ce-râmicos - Parte 2: Blocos cerâmicos para alvenaria estrutural - Terminologia e requi-sitos

Princípios gerais da CM estão observados, seria importante revisar:- terminologia- uso dos submódulos M/2 e M/4- uso das linhas de blocos de base octamétri-ca

Chapas de gesso DrywallNBR 14.715:2001 - Chapas de gesso acartonado - Requisitos.NBR 14.716:2001 - Chapas de gesso acartonado - Verificaçãodas característi-cas geométricas.NBR 15758:2009 - Sistemas construtivos em chapas de gesso para drywall - Projeto e procedimentos executivos para monta-gem. (Partes 1, 2 e 3)

Norma de acordo com a CM, embora não explicitada. Não há necessidade de revisão. Oportunamente, pode ser útil:- remeter à nova norma de CM- estabelecer a correspondência entre termino-logia da CM e terminologia usada no segmen-to

Blocos de gessoProjeto de Norma ABNT 02:103.40-010/2005

Projeto contradiz a CM, assim como a prática do subsegmento. Recomenda-se retomar a ela-boração da norma incluindo princípios e termi-nologias da CM.

Continuação

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74 |Implantação da Coordenação Modular no Brasil - ABDI

Tipo de componente /NBRs mais relevantes

Avaliação do conjunto de normas em re-lação à Coordenação Modular (CM)

Telhas cerâmicasNBR 15310:2009 - Componentes cerâ-micos - Telhas - Terminologia, requisitos e métodos de ensaio

Normas inespecíficasquantoàscaracterísticasdimensionais de coordenação com outros ele-mentosdaedificação.Revisãonãoéprioritária,mas cabe fazer uma emenda para que fabri-cantesespecifiquemconjuntos/soluçõesmodu-lares para modelos de telhas e inclinações de telhado.

Telhas de fibrocimentoNBR12800:1993-Telhadefibrocimento,tipo pequenas ondas.NBR12825:1993-Telhadefibrocimento,tipo canal.NBR 5640:1995 - Telha estrutural de fi-brocimento.NBR 7196:1983 - Folha de telha ondula-dadefibrocimento.NBR7581:1993 - Telha ondulada de fi-brocimento.

Normas inespecíficasquantoàscaracterísticasdimensionais de coordenação com outros ele-mentosdaedificação.Caberevisãopara:- estabelecer a correspondência entre termino-logia da CM e terminologia usada no segmen-to- rever comprimentos nominais das telhas de pequenas ondas

Esquadrias (geral)NBR10820:1989-Caixilhoparaedifica-ção - Janela - Terminologia.NBR10821:2000-Caixilhosparaedifi-cação - Janela.NBR 10831: 1989 - Projeto e utilização de caixilhosparaedificaçõesdeusoresiden-cial e comercial - Janelas - Procedimen-tos.

Normas omitem CM. Revisão prioritária. Reco-menda-se:- adequar a terminologia - introduzir os princípios da CM para o dimen-sionamento de componentes- introduzir exigências de indicação de medidas nominais e de coordenação

Portas de MadeiraNBR 8037:1983 - Portas de madeira de edificações-TerminologiaNBR 8052:1986 Porta de madeira de edi-ficação-Dimensões

Norma observa CM. Não há necessidade de revisão. Recomenda-se, particularmente, não alterar a norma com base no dimensionamento das folhas de portas, como tem sido a prática dos fabricantes.

Revestimentos cerâmicosNBR 13816:1997 - Placas cerâmicas para revestimento - TerminologiaNBR 13817:1997 - Placas cerâmicas para revestimento-ClassificaçãoNBR 15463:2007 - Placas cerâmicas para revestimento - Porcelanato

Normas inespecíficasquantoàscaracterísticasdimensionais de coordenação dos componen-tesentresiecomoutroselementosdaedifica-ção. Recomenda-se:- revisar a terminologia, introduzindo diferen-ciação entre medidas nominais e medidas de coordenação- estimular o uso de medidas de coordenação modulares para componentes individuais ou conjuntos de componentes

Continuação

Page 75: Coordenação Modular no Brasil

ABDI - Implantação da Coordenação Modular no Brasil | 75

5 Referências BibliográficasAFEAL. Associação Nacional de Fabricantes de Esquadrias de Alumínio. Fundamen-

tos do Programa Setorial da Qualidade de Esquadrias de Alumínio. 2007. Disponível em www4.cidades.gov.br/pbqp-h/ Acesso em 10/12/2009.

ANICER. Programa Setorial da Qualidade. Blocos Cerâmicos. Relatório Setorial 04-ICNBR. 2008. Disponível em www4.cidades.gov.br/pbqp-h/ Acesso em 10/12/2009.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DA MADEIRA. Estudo setorial 2004: in-dústria da madeira processada mecanicamente. Curitiba: ABIMCI, 2005.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DA MADEIRA. Programa Setorial da Qualidade de Portas Internas de Madeira para Edifícios. Curitiba: ABIMCI, 2006.

ASSOCIACÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10247:1988 - Produtos de cerâmica vidrada e queimada - Determinação da resistência à abrasão.

______NBR10820:1989-Caixilhoparaedificação-Janela-Terminologia.______NBR10821:2000-Caixilhosparaedificação-Janela.______NBR10831:1989-Projetoeutilizaçãodecaixilhosparaedificaçõesde

uso residencial e comercial - Janelas - Procedimentos.______NBR12800:1993-Telhadefibrocimento,tipopequenasondas.______NBR12825:1993-Telhadefibrocimento,tipocanal.______ NBR 13753:1996 - Revestimento de piso interno ou externo com placas

cerâmicas e com utilização de argamassa colante - Procedimento______ NBR 13754:1996 - Revestimento de paredes internas com placas cerâmi-

cas e com utilização de argamassa colante - Procedimento______ NBR 13755:1997 Revestimento de parades externas e fachadas com pla-

cas cerâmicas e com utilização de argamassa colante - Procedimento______ NBR 13816:1997 - Placas cerâmicas para revestimento - Terminologia______NBR13817:1997-Placascerâmicaspararevestimento-Classificação______NBR13818:1997-Placascerâmicaspararevestimento-Especificaçãoe

métodos de ensaios______ NBR 14.715:2001 - Chapas de gesso acartonado - Requisitos.______NBR14.716:2001-Chapasdegessoacartonado-Verificaçãodascarac-

terísticas geométricas.______ NBR 14.717:2001 - Chapas de gesso acartonado – Determinação das

características físicas______NBR14718:2008-Guarda-Corposparaedificação.______NBR15.217:2005-Perfisdeaçoparasistemasdegessoacartonado-

Requisitos______ NBR 15270 –1:2005 - Componentes cerâmicos - Parte 1 - Blocos cerâmi-

cos para alvenaria de vedação - Terminologia e requisitos______ NBR 15270 –2:2005 - Componentes cerâmicos - Parte 2: Blocos cerâmi-

cos para alvenaria estrutural - Terminologia e requisitos______ NBR 15310:2009 - Componentes cerâmicos - Telhas - Terminologia, re-

quisitos e métodos de ensaio

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______ NBR 15463:2007 - Placas cerâmicas para revestimento - Porcelanato______ NBR 15758-1:2009 - Sistemas construtivos em chapas de gesso para

drywall - Projeto e procedimentos executivos para montagem. Parte 1: Re-quisitos para sistemas usados como paredes

______ NBR 15758-2:2009 - Sistemas construtivos em chapas de gesso para drywall - Projeto e procedimentos executivos para montagem. Parte 2: Re-quisitos para sistemas usados como forros

______ NBR 15758-3:2009 - Sistemas construtivos em chapas de gesso para drywall - Projeto e procedimentos executivos para montagem. Parte 3: Re-quisitos para sistemas usados como revestimentos

______NBR5640:1995-Telhaestruturaldefibrocimento.______NBR5708:1982-VãosModulareseseusfechamentos______ NBR 5719:1982 - Revestimentos______ NBR 5722:1982 - Esquadrias Modulares______ NBR 5726:1982 - Série Modular de Medidas ______ NBR 5728:1982 - Detalhes modulares de esquadrias______ NBR 5796:1977 - Coordenação Modular da Construção ______ NBR 6136:2007 – Blocos vazados de concreto simples para alvenaria -

Requisitos ______NBR7196:1983-Folhadetelhaonduladadefibrocimento.______NBR7581:1993-Telhaonduladadefibrocimento.______NBR8037:1983-Portasdemadeiradeedificações-Terminologia______NBR8052:1986Portademadeiradeedificação-Dimensões______ NBR 8798:1985 – Execução e controle de obras em alvenaria estrutural de

blocos vazados de concreto______ Projeto de Norma ABNT 02:103.40-010/2005 BALDAUF, Alexandra Staudt Follmann. Contribuição à Implementação da Coorde-

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Websitesconsultados

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Blocos cerâmicoswww.selectablocos.com.br www.ceramicaportovelho.com.brwww.braunas.com.br www.ceramicacity.com.br www.ceramicaggp.com.br www.argibem.com.brwww.ceramicanovadutra.com.br/www.jacarandanet.com.brwww.pauluzzi.com.br www.ossl.com.br

Chapas de gesso acartonadowww.sindusgesso.org.brwww.knauf.com.brwww.gypsum.com.brwww.placo.com.br

Blocos de gesso www.destakgesso.com.br

Telhas cerâmicaswww.ceramicams.com.brwww.toptelha.com.br www.ceramicabarrobello.com.br www.ceramicavasatex.com.brwww.maristela.com.brwww.santorini.com.brwww.ceramicamaraca.com.brwww.incatelha.com.brwww.ecenter.com.br/mirandacorrea/www.kappaceramica.com.brwww.ceramicauniao.comwww.cincera.com.brwww.ceramicainaja.com.br

Telhas de fibrocimento www.brasilit.com.brwww.casalite.com.brwww.eternit.com.brwww.imbralit.com.brwww.infibra.com.brwww.multilit.com.br

Telhas de açowww.anandametais.com.brwww.gruppotelhas.com.brwww.acotel.com.brwww.cofevar.com.brwww.danicacorporation.comwww.eucatex.com.br/www.regionaltelhas.com.brwww.ifalferroaco.com.brwww.isoeste.com.brwww.mbp.com.brwww.perfilor.com.brwww.sandre.com.brwww.siraco.com.brwww.soufer.com.brwww.tetraferro.com.br

Esquadrias de alumíniowww.alumasa.com.brwww.alustep.com.brwww.atlantica.ind.brwww.brimak.com.brwww.ebel.com.brwww.ibral.com.br

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www.jap.com.brwww.mgmcorp.com.brwww.pradoesquadrias.com.brwww.sasazaki.com.brwww.trifel.com.br

Esquadrias de açowww.atimaky.com.brwww.binofort.com.brwww.brostel.com.brwww.cutraleesquadrias.com.brwww.gerotto.com.brwww.gravia.comwww.haiala.com.brwww.mgmcorp.com.brwww.sasazaki.com.brwww.ventlar.com

Esquadrias de PVCwww.1linha.comwww.alphadoor.com.brwww.clarisportasejanelas.com.brwww.eurosystemesquadrias.com.brwww.ketamy.com.brwww.moldulyne.com.brwww.pavec.com.brwww.perfilplast.com.brwww.shinewindows.com.brwww.squadra.com.brwww.ultrapvc.com.brwww.weiku.com.brwww.wigga.com.brwww.yziplas.com.br

Esquadrias de madeirawww.acifer.com.br/www.brixneresquadrias.com.brwww.camidoor.com.br www.difladi.com.brwww.eslporta.com.br/www.frameport.com.brwww.fucksa.com.brwww.madense.com.brwww.multidoor.com.br/www.nobre.ind.brwww.portasalamo.com.brwww.sincol.com.brwww.ulimax.com.brwww.unimade.com.brwww.vassoler.com.brwww.vitromade.com.br

Revestimentos cerâmicoswww.acroceramica.com.brwww.anhanguerapisos.com.brwww.buschinelli.com.brwww.cecrisa.com.brwww.ceramicaportoferreira.com.brwww.chiarelli.com.brwww.kardenia.com.brwww.keraceramica.com.brwww.pisoforte.com.brwww.savane.com.brwww.tecnogres.com.brwww.villagres.com.br

Entidades associativas e outras fonteswww4.cidades.gov.br/pbqp-h/ www.a2d.org.brwww.abal.org.brwww.abcem.org.brwww.abifibro.com.brwww.abimci.com.brwww.afap.org.brwww.afeaco.com.brwww.afeal.com.brwww.anfacer.org.brwww.anicer.com.brwww.blocobrasil.com.brwww.cbca-ibs.org.brwww.ccb.org.brwww.drywall.org.brwww.sindusgesso.org.brwww.www.sinaprocim.org.br

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