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COPA DA ÁFRICA ESTUDO DE CASO estudo sobre a Copa do Mundo de Futebol FIFA 2010 realizada na África do Sul e as lições para a organização da Copa no Brasil” Carlos Alberto de Camargo Eduardo Espósito São Paulo 2011

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COPA DA ÁFRICA – ESTUDO DE CASO “ estudo sobre a Copa do Mundo de Futebol FIFA 2010 realizada na África do Sul e as lições para a organização da Copa no Brasil” Carlos Alberto de Camargo Eduardo Espósito São Paulo 2011

SUMÁRIO

ITEM NOME PÁGINA

1 INTRODUÇÃO 5 1.1 Objetivo do documento 5 1.2 Abrangência 5 1.3 Visão Geral 6 1.3.1 Dados sobre a África do Sul 7 1.3.2 Indicadores criminais na África do Sul 8 1.3.3 Indicadores Criminais no Brasil 9 1.4 A importâncias do estudo para a Copa do Mundo de 2014 no

Brasil 10

2 DOCUMENTOS DE REFERÊNCIA 13 3 A COPA NA ÁFRICA DO SUL 14 3.1 A experiência anterior da África do Sul na realização de grandes

eventos 14

3.2 Ceticismo quanto a capacidade do país para organizar uma Copa segura

14

3.3 Problemas ocorridos durante a Copa da África 16 3.3.1 Greve dos agentes da segurança privada 16 3.3.2 Roubos e furtos 19 3.3.3 Incidentes com multidões e invasões 26 3.3.4 Terrorismo 31 3.3.5 Furto de bagagens em aeroportos 39 3.3.6 Hooliganismo 41 3.3.7 Pirataria 42 3.3.8 Apagões 45 3.3.9 Caos aéreo 48 3.3.10 Outros incidentes com reflexo na segurança 49 4 O PLANEJAMENTO DA COPA DE 2010 52 4.1 Planejamento e implementação na visão de quem participou

dessa tarefa 52

4.1.1 Jornada Internacional de Polícia Comparada 52 4.1.2 Palestra do representante do LOC FIFA na África do Sul 69 4.2 FIFA aprovou plano de segurança abrangente 73 4.3 PLANO DE PROTEÇÃO E SEGURANÇA PARA A COPA DO

MUNDO DE FUTEBOL FIFA 2010 75

4.3.1 Considerações gerais 75 4.3.2 Ambiente de segurança na África do Sul 76 4.3.3 Projeção de aumento dos recursos humanos 77 4.3.4 Estrutura de segurança proposta 77 4.3.5 Componentes da estratégia de segurança proposta 77 4.3.6 Planejamento e gerenciamento operacional 77 4.3.7 Sistema nacional de inteligência 79 4.3.8 Centro de Operações do Sistema Nacional de Inteligência e os

Centros de Operações dos Locais de Eventos 80

4.3.9 Departamento de Justiça e Assistência aos Estrangeiros 80 4.3.10 Garantias governamentais 81 4.3.11 Segurança dos ingressos 81 4.3.12 Segurança da Tecnologia das Informações 82 4.3.13 Segurança do credenciamento 82 4.3.14 Segurança de Aeroportos e Imigração 82 4.3.15 Controle de pessoas indesejáveis 84 4.3.16 Plano Específico de Segurança para os VIPs 85

4.3.17 Plano Específico de Segurança para Locais Especiais 86 4.3.18 Plano de Segurança para os Escritórios da FIFA e do LOC 86 4.3.19 Plano de Segurança para a Central de Mídia 87 4.3.20 Plano de Segurança para os Parceiros Comerciais da FIFA 88 4.3.21 Segurança das premiações do Torneio 88 4.3.22 Eliminação de toda a propaganda não oficial 89 4.3.23 Segurança para os eventos oficiais 89 4.3.24 Gerenciamento de desastres 89 4.3.25 Segurança alimentar 89 4.3.26 Plano de Segurança para os Hotéis das Delegações 90 4.3.27 Segurança do Transporte Público 91 4.3.28 Estratégia anti-corrupção 91 4.3.29 Terrorismo e armas de destruição de massas 92 4.3.30 Assistência de voluntários em proteção e segurança 92 4.3.31 Comunicação pública sobre as questões de segurança 93 4.3.32 Planos de Segurança para os Locais das Partidas 94 4.3.33 Centro de Operações Locais 98 4.3.34 Controle de estacionamentos 99 4.3.35 Pesquisa remota de estacionamentos 100 4.3.36 Estádios isolados 100 4.3.37 Segurança do campo de jogo 100 4.3.38 Segurança dos jogadores e equipamentos oficiais das partidas 100 4.3.39 Segurança dos difusores de comunicação dos estádios 101 4.3.40 Proteção dos arredores dos estádios 101 4.3.41 Segurança dos patrocinadores oficiais e sítios de hospedagem

corporativos 103

4.3.42 Tráfico aéreo - zonas bloqueadas para vôos 103 4.3.43 Zonas de pouso de helicópteros de emergências 104 4.3.44 Política de arma de fogo em estádios 104

4.3.45 Bebida alcoólica nos estádios 104 4.3.46 Segurança para os portadores de necessidades especiais 105 4.3.47 Instalações médicas nos estádios 105 4.3.48 Segurança do procedimento anti-doping 106 4.3.49 Instalações físicas e equipamentos eletrônicos nos estádios 106 4.3.50 Separação de torcidas nos estádios 107 4.3.51 Treinamento de proteção e segurança 108 4.3.52 Indenizações 109 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 109

LISTA DE TABELAS

TABELA NOME PÁGINA

1.1 Indicadores Criminais no Brasil 9

LISTA DE FIGURAS

FIGURA NOME PÁGINA

3.1 Funcionários da segurança em greve 17 3.2 Funcionários da segurança em greve 18 3.3 Tumulto no jogo Nigéria x Coréia 26 3.4 Invasão de campo 28 3.5 Atentado terrorista em Angola 32 3.6 Atentado terrorista em Uganda 33 3.7 Segurança de bagagens em aeroportos 40 3.8 Barra Bravas 41 3.9 Hooligans 42 3.10 Marketing de emboscada 43 3.11 Apagão em Ellis Park 46 3.12 Apagão na Copa de 2010 47 3.13 Caos aéreo 49

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO NOME PÁGINA

3.1 Escolaridade dos presos 21 3.2 Tempo de pena 22 3.3 Idade dos presos 22 3.4 Tipos de crime praticados 23

1. INTRODUÇÃO

1.1 Objetivo do Documento

Este estudo refere-se aos trabalhos desenvolvidos pelo governo da África do

Sul para a segurança da Copa do Mundo de Futebol de 2010, o planejamento

desenvolvido, seu desenvolvimento e suas limitações, bem como o legado pós-

Copa.

Consiste no estudo técnico de mega evento esportivo internacional ocorrido e

que tem similaridade com a Copa do Mundo no Brasil, com aderência ao tema

“proteção e segurança”.

A África do Sul está entre os países mais violentos do mundo e a Copa do

Mundo de Futebol de 2010 é o torneio futebolístico que imediatamente

antecede aos jogos do Brasil, portanto a comparação mais aproximada em

termos de contexto, razão pela qual o tema é abordado tanto sob uma

perspectiva histórica como em face ao contexto atual de ambos os países,

procurando atender, assim, às necessidades de planejamento do Governo

Brasileiro.

1.2 Abrangência

O Estudo de Caso sobre a Copa do Mundo de Futebol de 2010 tem a seguinte

abrangência:

• Discussão sobre a realidade da África do Sul, antes, durante e após a

Copa do Mundo, especialmente sobre o aspecto de proteção e

segurança, em face dos indicadores criminais, como medida dos níveis

de violência e criminalidade;

• Comparação com a realidade brasileira;

• Investimentos efetuados e medidas adotadas para a segurança da Copa

do Mundo;

• Medidas adotadas para que os investimentos efetuados resultem em um

legado para o país;

• Dados sobre o Planejamento efetuado, que possam servir de subsídio

para as autoridades brasileiras envolvidas com a preparação da Copa

do Mundo de Futebol de 2014;

• Dados sobre ocorrência de incidentes com potencial para influir na

segurança da Copa;

• Dados sobre ocorrência de incidentes de insegurança;

• Dados e comentários sobre os resultados obtidos; e

• Palavras dos organizadores da Copa da África, transmitindo a

experiência adquirida.

1.3 Visão Geral

No dia 11 de julho de 2010, a solenidade de encerramento da Copa do Mundo

FIFA de Futebol, na África do Sul, trouxe para os seus organizadores e para a

população daquele país, e até mesmo para muitas das 3,18 milhões de

pessoas em todo o mundo que assistiram os jogos, a sensação de que o

torneio foi realizado com pleno sucesso1, mas também a sensação de que

restava, naquele momento, o grande desafio de se estender aquele sucesso

para a solução dos graves problemas da sociedade sul africana.

Tratava-se do primeiro país africano a ser escolhido para sediar uma Copa do

Mundo, mergulhado em problemas como a epidemia de AIDS, o desemprego,

a desigualdade social, os altíssimos índices de violência, medidos pelos

1 o secretário-geral da FIFA, Jerome Valcke, chegou a afirmar que a África do Sul credenciava-

se a ser o “plano B” para as próximas Copas do Mundo.

cinqüenta homicídios diários, e o fato de que, 16 anos após a queda do

Apartheid2, mais de 40% de sua população ainda vive com menos de US$ 2

por dia e os serviços públicos seguem fracassando nos bairros mais

desfavorecidos.

O Brasil possui também sérios problemas sociais, que se refletem igualmente

na qualidade de vida de sua população, inclusive nos indicadores criminais. Por

esse motivo, na preparação da Copa do Mundo FIFA de 2014, a experiência do

que se fez e do que se fará na África do Sul será muito útil aos organizadores

da Copa do Mundo no Brasil.

1.3.1 Dados sobre a África do Sul

Capitais:

Cidade do Cabo (legislativa)

Pretória (executiva)

Bloemfontein (judiciária)

Idiomas: 11 (o inglês é o mais difundido)

População: 47.900.000 habitantes

PIB:

Total: US$ 467,95 bilhões

Per capita: US$ 10.600

2 Política oficial segregacionista que vigorou na África do Sul desde 1948, com a chegada ao poder do

Novo Partido Nacional NNP, representante da minoria branca, detentora do poder político, e segundo a qual, os negros não tinham direito a voto, eram proibidos de possuir terras na maior parte do país e obrigados a viver confinados em zonas residenciais segregadas. Dentre as proibições estavam casamentos e relações sexuais entre pessoas de diferentes etnias.

Em 1950, o Conselho Nacional Africano CNA, para combater o apartheid, lançou a estratégia da desobediência civil. Em 1960, a polícia branca matou 67 negros durante uma manifestação. Em 1962, seu líder, Nelson Mandela, foi condenado à prisão perpétua.

Com a intensificação da pressão internacional e da movimentação interna, a partir de 1989 começaram a ocorrer mudanças. Em 1990, Mandela foi libertado e o CNA voltou à legalidade. As leis raciais foram revogadas e, em 1992, em plebiscito, 69% dos brancos votaram pelo fim do aparheid. Em 1995, Nelson Mandela foi eleito presidente da república.

O país terminou 2009, véspera da Copa do Mundo, com a alta taxa de 24,3%

de desemprego, um aumento considerável em relação aos 21,9% de 2008.

1.3.2 Indicadores criminais na África do Sul

A África do Sul é um dos países com maior índice de criminalidade e a

segurança foi uma das maiores preocupações dos organizadores da Copa e

das autoridades locais.

Dados de 2008 indicam o registro de 18.487 homicídios, cerca de 50 por dia,

mas mesmo assim, um número menor do que o dos anos anteriores, aliás, o

menor número no século. Em 2003, foram notificados 21.533 homicídios.

A média de homicídios na África do Sul é de 38,6 por grupo de 100.000

habitantes, menor do que a de 40,5 por 100.000, do ano anterior.

O número de estupros foi de 36.000 mulheres violentadas, 8,8% menor do que

no ano anterior, mas ainda assustador. Durante a Copa do Mundo, pode ouvir

de mulheres sul africanas o verdadeiro pavor de sair às ruas durante à noite,

dado o risco de estupro.

O assassinato de crianças subiu 22,2%, passando de 1.152 para 1.410.

Crimes graves e violentos, como roubos e tentativas de homicídio diminuíram

6,4 %, mas os roubos em residências aumentaram 13,5%, e em

estabelecimentos comerciais, 47,4 %.

Há regiões mais violentas do que a média: existem zonas em Johannesburgo

onde o número de homicídios supera as 38 mortes por grupo de 100.000

habitantes.

Em Hiillbrow, bairro na região central de Johannesburgo, ocorreram 89 mortes

violentas em 2009.

1.3.3 Indicadores criminais no Brasil

O aumento da criminalidade também é observado na maior parte dos estados

brasileiros que vão sediar partidas da Copa do Mundo FIFA de 2014.

O quadro abaixo, colhido no Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública

2010, com dados do Ministério da Justiça e das Secretarias de Segurança

Pública dos Estados, mostra a evolução dos indicadores criminais relativos aos

homicídios dolosos e a taxa de homicídios por 100 mil habitantes nos Estados

que sediarão a Copa do Mundo de 20143.

ESTADO (números absolutos) (taxas) Variação

2008 2009 2008 2009

DF 654 690 25,6 26,5 +3,5 %

MT 746 885 25,2 29,5 +16,9%

MG 2115 1425 10,7 7,1 - 33,2%

PR 2831 3115 26,7 29,2 +9,2%

PE 4237 3750 48,5 42,6 - 12,6%

RJ 5235 5318 33,0 33,2 +0,7%

RS 2276 2192 21,0 20,1 - 4,2%

SP 4426 4564 10,8 11,0 + 2,2%

AM 701 749 21,0 22,1 + 5,2%

BA 4319 4375 29,8 29,9 + 0,4%

CE 1903 2212 22,5 25,9 + 14,9%

RN 718 646 23,1 20,6 - 10,9%

3 Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública

Tabela 1.1 homicídios dolosos nos estados que vão sediar a Copa do Mundo de 2014.

Segundo o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes4, o Brasil,

com 43.909 homicídios dolosos em 2009, e uma taxa de 22,7 homicídios por

grupo de 100.000 habitantes é o terceiro país na América Latina com maior

número de homicídios, embora, em números absolutos, seja o país latino

americano onde mais ocorreram esses delitos.

Apesar de ser o quinto país mais populoso do mundo, em números absolutos,

o Brasil é o segundo país onde ocorrem maior número de homicídios dolosos,

ficando atrás apenas da Índia que, contudo, tem uma população cinco vezes

maior do que a brasileira.

Levando-se em consideração a taxa de homicídios, o Brasil é o 24º pior

colocado no mundo.

O estado de São Paulo é citado no relatório da ONU como bom exemplo.

Destaca que o estado saiu de 49,3 homicídios por 100 mil habitantes em 2004

para 11,25, em 2009.

Segundo o relatório, “ Na primeira década deste século, novas políticas foram

implementadas no Brasil para reduzir os níveis criminais e os homicídios em

particular...a nível nacional, as medidas provavelmente contribuíram para a

pequena queda nos homicídios a partir de 2004, mas o impacto foi

notadamente maior em São Paulo”.

1.4. A Importância do estudo para o Planejamento da Copa do Mundo de

2014 no Brasil

Embora representem realidades diferentes, Brasil e África do Sul – o país da

próxima Copa do Mundo e o país da última Copa- possuem muitos pontos em

comum, a começar pela grande desigualdade social.

O Brasil possui o terceiro pior índice de desigualdade social do mundo e a

África do Sul, o segundo.

4 Estudo Global sobre Homicídios, divulgado em 06Out2011.

Esta informação consta do recente relatório do Programa das Nações Unidas

para o Desenvolvimento – PNUD5.

Apesar de todos os investimentos sociais na última década, o país apresenta

uma baixa mobilidade social e educacional entre gerações.

Segundo o relatório da ONU, a desigualdade de rendimentos, educação, saúde

e outros indicadores persiste de uma geração a outra, e se apresenta num

contexto de baixa mobilidade socioeconômica na região que comporta a

América Latina e o Caribe, a mais desigual do mundo.

Na América Latina, o Brasil só está melhor do que a Bolívia e o Haiti em

relação à pior distribuição de renda.

Assim como a África do Sul, o Brasil também apresenta altos - e em muitos

pontos crescentes- índices de criminalidade. E dentre as recomendações

estabelecidas pela FIFA para a realização dos jogos está a efetivação de um

Plano de Proteção e Segurança que priorize uma série de garantias para

tranquilidade e bem estar durante a realização dos jogos

Apesar das críticas que possam ser feitas, o sistema de segurança pública tem

ampliado em muito a potencialidade de detenções e prisões de criminosos.

Ocorre que as taxas de reincidência no Brasil beiram a 70%, ou seja, o preso

que cumpre uma meta ao sair esta pronto para continuar a delinquir.

Tudo isso faz com que grande parte dos problemas a serem enfrentados na

organização da Copa do Mundo no Brasil coincida com os enfrentados pela

África do Sul, o que torna a experiência adquirida pelos africanos muito útil aos

brasileiros.

As exigências da FIFA para uma Copa segura tem por fundamento que:

A Copa do Mundo de Futebol é um evento privado;

Trata-se do maior e mais importante evento do planeta;

5 Relatório do PNUD concluído em julho de 2010 sobre desigualdade social.

A FIFA conta com mais países afiliados do que a Organização das

Nações Unidas (ONU);

O evento catalisa investimentos bilionários, capazes de alterar a

realidade de países de primeiro mundo, considerados potências

mundiais;

A partir da Copa do Mundo de 2002, esse mega evento extrapolou a

barreira esportiva, transformando-se no maior evento de negócios do

mundo, movimentando cifras superiores ao Produto Interno Bruto da

maioria dos países do planeta.

Um evento com uma impressionante visibilidade internacional:

3,18 milhões de pessoas, em todo o mundo, assistiram a Copa da

África, segundo relatório da FIFA.

4,2 bilhões de visualizações do site da FIFA (Copa da Alemanha

de 2006).

Mais de 125 milhões de streaming de vídeos - 2006 marcam o

primeiro ano em que destaca o streaming de vídeo da Copa do

Mundo de partidas foram ao ar na web.

Mais de 73 milhões de visitadas no Portal Web Mobile FIFA

worldcup.com

Operação de mídia

18.850 representantes da mídia credenciados (inclusive técnicos)

4.250 jornalistas e editores

1.200 fotógrafos;

13.400 equipes de comentaristas de TV, câmera, técnicos

O perfil do visitante e participante é bastante diferenciado:

Turista de negócios – aquele que aproveita o evento para vincular novos

negócios aos patrocinadores envolvidos e aqueles que desejam investir

no Brasil;

Turista convencional – aquele que deseja usufruir da natureza

(Pantanal) e a relação com a Copa do Mundo;

Turista Torcedor da Copa – aquele que participa das atividades da Copa

independente de sua seleção (gosto pelo Futebol);

População residente – aquele que melhor usufrui do evento, devido ao

orgulho de visibilidade de sua cidade (Cuiabá), região e País.

Além da atuação do poder público em face dos crimes contra a vida, a

integridade física e crimes patrimoniais, a organização da Copa, à semelhança

do que ocorreu na África do Sul, deve buscar soluções para diversos outros

problemas, como: violência de torcidas, hooliganismo – incluindo os barra

bravas-, desordens e embriaguês, posse de material proibido, violação de

áreas restritas, pirataria, contaminação de água e alimentos, incêndios, colapso

de estruturas, tempestades e outros problemas de ordem climática e

meteorológica, incidentes químicos, bacteriológicos e nucleares, terrorismo,

explosões, ocorrências com reféns, greves de serviços críticos, ingressos

falsos, cancelamento de jogos, atrasos de torcedores, bloqueio de rotas de

escape, falha nas comunicações etc.

A FIFA, dona do evento, jamais colocará em risco a realização, com sucesso,

da Copa do Mundo em qualquer que seja o país sede.

2. DOCUMENTOS DE REFERÊNCIA

[REF 01] Sistema Penitenciário Nacional – Dados Consolidados (2008/2009) –

Ministério da Justiça - Departamento Penitenciário Nacional.

[REF 02] Matriz de Responsabilidade – Ministério dos Esportes.

[REF 03] Projeto da Lei Geral da Copa.

[REF 04] Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública-2010.

[REF 05] Estudo Global sobre Homicídios – Escritório das Nações Unidas sobre

Drogas e Crimes.

[REF 06] South Africa 2010, Africa´s Stage, Bio Book,2007.

3. A COPA NA ÁFRICA DO SUL

3.1 A experiência anterior da África do Sul na realização de grandes

eventos

A África do Sul já vinha acumulando experiência na organização de grandes

eventos, desde 1995.

Foram os seguintes eventos:

Rugby World Cup 1995, 1996

Campeonato Africano das Nações, de 1998

Cimeira dos Não-Alinhados Movimento, de 1999

Cimeira Mundial de 2002 sobre o Desenvolvimento Sustentável (com

37.000 delegados internacionais) e

Copa do Mundo de Cricket., de 2003.

Mas nada se compara à organização de uma Copa do Mundo de Futebol.

3.2 Ceticismo quanto à capacidade do país para organizar uma Copa

Segura

A capacidade da África do Sul para realizar uma Copa do Mundo no nível

exigido pela FIFA, especialmente no aspecto da segurança, sempre foi vista

com muito ceticismo pela opinião pública mundial.

Conforme o site globo.com6, “De acordo com uma reportagem do jornal

britânico “The Independent”, várias seleções que vão à Copa do Mundo de

2010 na África do Sul já contrataram serviços de segurança particular para a

6 Site Globo.Com , 03/12/09 - 10h38

competição. Com medo da violência no país, as equipes foram atrás de firmas

que oferecem serviços de ex-combatentes de guerras no Iraque e no

Afeganistão.

Segundo fontes do jornal, seleções da Europa e da África do Sul já fecharam

contrato com ex-militares, em sua maioria veteranos, para realizarem sua

segurança na Copa. As firmas vão oferecer guarda-costas, veículo à prova de

balas, prevenções a seqüestros e esquadrões para “momentos de crise”.

Seguros contra seqüestros também é oferecido por algumas agências, mas o

serviço não é divulgado.

Os contratos podem significar uma certa preocupação das equipes com falhas

de segurança na organização da Copa. A situação ficou evidente após

reclamações durante a Copa das Confederações, neste ano.

Não houve nenhum grande acidente, mas algumas lacunas preocupantes

foram constatadas, sugerindo que não haverá segurança suficiente. Os

contratos não estavam assinados, alguns jogadores tiveram bens roubados em

hotéis, e alguns fãs foram vítimas de crimes. E na Copa das Confederações

havia apenas oito equipes, jogando em quatro estádios, dos quais três estavam

dentro de 70 milhas uns dos outros. “A Copa do Mundo é um campeonato

totalmente diferente, com 32 equipes, 10 estádios em nove cidades em mais de

mil milhas, e milhões de fãs, centenas de milhares de estrangeiros – disse uma

fonte do jornal”

Mas, a despeito desse ceticismo, a Copa foi organizada com eficiência, tanto

que, em entrevista coletiva realizada em 16 de junho de 2010, na cidade de

Johannesburgo, o secretário-geral da FIFA, Jerome Valcke afirmou que a

entidade estava satisfeita e reconheceu os esforços dos organizadores do

primeiro mundial em continente africano. "Se a organização mantiver tudo no

mesmo nível apresentado hoje até 11 de julho, poderemos dizer que será um

Mundial perfeito"

Porém, apesar do declarado sucesso, ocorreram incidentes durante o período

da competição, que relacionaremos a seguir, para fins de estudo.

3.3 Problemas ocorridos durante a Copa da África

3.3.1Greve dos agentes da segurança privada

As greves, em diversos setores, causaram um grande problema para a

organização dos jogos e preocuparam bastante os membros da FIFA, cujo

secretário-geral, Jerome Valke reconheceu, após várias reuniões de

emergência, que o comitê organizador local – LOC não tinha o menor controle

sobre a situação.

Apesar de os movimentos grevistas acontecerem em setores como construção

e transportes, foi na segurança que houve a maior repercussão, até mesmo

porque greves e protestos ocorreram durante os jogos.

No dia da abertura do Mundial, durante a entrada de torcedores de Uruguai e

França no Estádio Green Point, na Cidade do Cabo, seguranças deixaram seus

postos de trabalho em protesto. Longas filas se formaram. Voluntários foram

convocados às pressas, treinados em poucos segundos sobre como agir na

revista de segurança e conferência de ingressos.

Ainda na Cidade do Cabo, no segundo dia das competições, os seguranças

entraram em greve há apenas três horas antes do jogo.

Em Durban, no terceiro dia, 300 funcionários, protestando por questão de

pagamento, entraram em confronto com a polícia, que utilizou granadas, gás

lacrimogêneo e balas de borracha.

Em Johannesburgo, no quinto dia, no jogo entre Brasil e Coréia do Norte, os

funcionários da segurança privada fizeram um protesto na entrada do Ellis

Park, com vistas à cobrança de salários, ameaçando entrar em greve.

Alegando o direito a receber 500 rands em vez dos 190 rands pagos, cerca de

500 funcionários enfrentam a polícia, fazendo muito barulho para chamar a

atenção da imprensa.

.

Figura 3.1. Funcionários da segurança em protesto (foto UOL)

As greves e protestos dos funcionários da segurança obrigaram a polícia a

assumir o serviço, o que ocorreu de forma apressada pela urgência da medida.

Na Cidade do Cabo, por exemplo, a polícia assumiu a segurança do estádio e

enviou para o local 1.500 trainees para substituir os cerca de 500 seguranças

em greve.

Figura 3.2. Funcionários da Segurança em greve (foto UOL)

Nestes episódios, ficou evidente a posição radical da empresa de segurança

contratada, que considerou inaceitáveis os termos das propostas dos

funcionários, o que levou a negociação ao impasse.

O COL se viu obrigado a tomar uma medida extrema. Cancelou o contrato com

a empresa de segurança privada

Os organizadores convocaram a imprensa para registrar e promover um

espetáculo considerado deprimente pelos jornalistas, no qual os agentes

dispensados eram obrigados a devolver seus coletes de identificação dos

seguranças da Copa. Depois de caminhar em uma longa fila, sob os olhares da

polícia, os trabalhadores se uniram do lado de fora para marchar em protesto.

A experiência africana nos mostra que, mesmo com o emprego de agentes da

segurança privada para as funções que lhe são legalmente cometidas, na

execução de atividades que são da responsabilidade dos promotores do

evento, e dado o caráter crítico dessas atividades, porque envolvem a

segurança das multidões e são do interesse da segurança pública, a polícia

deve estar em condições de agir com rapidez e eficiência em caso de colapso

daqueles (em situações como greves, por exemplo), e os agentes públicos

policiais familiarizados, desde seu treinamento, com aquelas atividades.

3.3.2 Roubos e furtos

Roubo e furtos foram as espécies de crime que mais atormentaram turistas,

atletas, dirigentes e jornalistas na África do Sul, durante a Copa do Mundo.

Já na Copa das Confederações, em 2009, houve registros desses crimes. Até

mesmo os jogadores da seleção do Egito foram vítimas, assim como o jogador

Kleber, da seleção brasileira. A FIFA chegou a emitir documento oficial

afirmando que medidas seriam adotadas para prevenir esses crimes durante a

Copa do Mundo.

Registros desses crimes, apesar disso, aconteceram com muita freqüência,

como o que ocorreu com a seleção da Colômbia, cujos atletas foram vítimas de

furto nos quartos do hotel, enquanto treinavam.

Crimes praticados nos próprios hotéis se repetiram. Dois dias antes do início do

mundial, jornalistas espanhóis e portugueses foram vítimas de roubo a mão

armada e tiveram subtraídos seus computadores e câmeras em seu hotel, nos

arredores de Johannesburgo.

No dia da estréia da seleção uruguaia na Copa do Mundo, os jogadores

Ernesto Rodriguez e Daniel Marotta tiveram US$ 4 mil (R$ 7,2 mil) e US$ 8 mil

(R$ 14,4 mil) furtados, respectivamente, de seus quartos, enquanto estavam na

partida diante da França. Repórteres chineses e o ex-jogador argentino Gabriel

Batistuta também passaram por problemas de roubo nos seus hotéis.

Quatro jornalistas brasileiros, hospedados em hotel apontado oficialmente

como recomendado à imprensa, tiveram os segredos de seu cofres nos quartos

violados e o conteúdo furtado por funcionários da empresa contratada para a

manutenção dos mesmos. Apurou-se que esses funcionários utilizaram um

aparelho que alterava a senha e costumavam subtrair pequenas importâncias

em dinheiro, a fim de não despertarem suspeitas. Esta modalidade de delito

surpreendeu até a polícia, que desconhecia o dispositivo empregado e

recomendava, como medida de segurança, que os hóspedes sempre

utilizassem os cofres para guarda de valores.

Em hotel na Cidade do Cabo, a vítima foi um membro da federação uruguaia

de futebol. A gerência do hotel negou-se a assumir qualquer responsabilidade

sobre o fato. E não se tratava de hotel situado na periferia. Ao contrário, situa-

se a dez minutos do Estádio de Green Point, onde a vítima se encontrava no

momento do furto.

Na cidade de Rustemburgo, dois jornalistas neozelandeses ficaram sem os

equipamentos de trabalho também no local no qual estavam hospedados.

O correspondente de TV da Nova Zelândia e um técnico tiveram todos os seus

equipamentos furtados no hotel. Os ladrões quebraram a porta do quarto de

hotel no momento em que os dois estavam jantando.

Estes são apenas alguns exemplos, que se tornaram conhecidos porque as

vítimas eram atletas, dirigentes e jornalistas, mas os casos aconteceram com

freqüência.

Esta experiência africana nos mostra a necessidade de um programa de

prevenção exclusivamente voltado ao setor hoteleiro, com procedimentos de

segurança e medidas de controle.

Roubos e furtos em outros locais e nas ruas também aconteceram com

frequência. Muitas vitimas, especialmente estrangeiros, sequer notificavam a

polícia. Era freqüente ouvir relatos de pessoas que foram vítimas de roubos

praticados por bandos de delinqüentes, que além de subtraírem os pertences,

ainda agrediam suas vítimas.

O próprio escritório da FIFA foi violado na cidade de Johannesburgo. Após

arrombarem a porta, desconhecidos furtaram sete réplicas do troféu FIFA e

ainda algumas camisetas.

É preciso atentar para o fato de que o evento Copa do Mundo, pela presença

de turistas nacionais e internacionais7, constitui um grande atrativo para os

delinqüentes.

Um aspecto que deve ser considerado é o fato de que 496.683 presos no Brasil

estão em regime de prisão provisória, ou seja, sem sentença judicial

condenatória, podendo ganhar liberdade a qualquer momento.

Além disso, a comparação dos dados sobre a população carcerária, grau de

instrução dos presos, as faixas etárias e o tempo das penas nos mostra que

um grande número de presos (23%) está retornando às ruas dentro de um

espaço de tempo de quatro anos, ainda muito jovens (31% entre 18 e 24 anos

de idade) e sem qualificação (89% entre analfabetos e segundo grau

incompleto), tendo, a esmagadora maioria, sido recolhida no sistema pela

prática de crimes contra o patrimônio (68%), que inclui especialmente roubos e

furtos. Isso, exatamente no período que inclui a Copa do Mundo. No caso da

população carcerária, a prevenção aos roubos e furtos durante a Copa deve

começar imediatamente.

89%

11%

0% 0% 0%

entre analfabetos e segundo grau incompleto

segundo grau completo ou mais

Gráfico 3.1- 89% dos presos não têm escolaridade formal suficiente que apóie a reinserção social8

7 O ministério do turismo prevê a vinda ao Brasil de 300.000 turistas estrangeiros.

8 MJ/DEPEN

23%

28%21%

10%

8%

10%1% 0%0%0%0%0%0%0%0%0%0%

até 4 anos

4 a 8 anos

8 a 15 anos

15 a 20 anos

20 a 30 anos

30 a 50 anos

50 a 100 anos

Gráfico 3.2 –23% dos presos (59.596) podem ser libertados em quatro anos9.

31%

27%

18%

17%

6%

1% 18 a 24 anos

26 a 29 anos

30 a 34 anos

35 a 45 anos

46 a 60 anos

mais de 60 anos

Gráfico 3.3 – 31% dos presos são muito jovens (18 a 24 anos)10

9 MJ/DEPEN

10 MJ/DEPEN

16%

68%

5%2%

1%

0%1%

7%

homicídios

contra o patrimônio

contra os costumes

contra a paz pública

contra a fé pública

contra a administração pública

lei maria da penha

estatuto do desarmamento

Gráfico 3.4 – 68% dos presos são condenados por crimes contra o patrimônio11

A prevenção aos roubos e furtos deve abranger programas específicos para os

diversos setores, como comércio, hotelaria, incluindo treinamentos.

Assim, é preciso planejar e investir na revisão dos procedimentos e na

capacitação e preparação de todos os profissionais que irão atuar em

atividades de segurança nas cidades sedes da Copa. Além disso, investir em

equipamentos básicos para o desempenho dessas funções, bem como a

implementação de novas tecnologias voltadas às comunicações, transmissão e

compartilhamento de banco de dados e produção de provas forenses.

Um evento da dimensão da Copa do Mundo requer o planejamento da

segurança em toda a cidade sede, não apenas no estádio e seu entorno, mas

abrangendo a segurança das multidões, a criminalidade em geral e a

criminalidade específica, oportunista.

No período de tempo que abrange a Copa do Mundo, o funcionamento das

cidades sedes sofrerá alterações, com eventos ocorrendo em todo o território,

11

MJ/DEPEN

com turistas nacionais e estrangeiros circulando etc., o que exigirá da polícia

territorial um planejamento prévio e um estudo continuado da situação a fim de

manter a segurança pública.

Exige, assim, a articulação das forças de segurança para atuação integrada

que envolva vias públicas e outros logradouros, portos, aeroportos, terminais

de ônibus, hotéis, pontos turísticos etc., tudo conforme planos de prevenção e

de pronta resposta.

A organização da Copa, em todas as cidades, deve capacitar-se para a

coordenação dos serviços e a fiscalização dos mesmos, através de todos os

órgãos competentes.

Dentro da visão estratégica de que os investimentos devem deixar um legado

para a sociedade, o planejamento da segurança precisa ter em vista o

compromisso de que toda estrutura, criada ou aperfeiçoada, continue

funcionando pós-Copa, com a mesma eficácia.

O planejamento tem de ser amplo e detalhado, para fazer face desde a

prevenção criminal básica até a especializada prevenção ao terrorismo, com

base tanto em conhecimentos produzidos por competente trabalho de análise

criminal como pelos serviços de inteligência12, articulados com seus

correspondentes internacionais. Deve prever detalhadamente completo acervo

de procedimentos necessários à pronta e eficaz reação a todas as situações de

emergência. E o pessoal envolvido na segurança, profissionais e voluntários,

devem estar capacitados a agir com eficácia absoluta, tanto preventiva como

reativamente, já em 2013, para a Copa das Confederações, graças ao

exaustivo treinamento, desde os comissários de estádio (stewards) até a

polícia territorial e as unidades especiais.

Mas o planejamento e a realização dos investimentos, embora focados na

“Operação Copa”, comprometidos especialmente com o sucesso deste evento,

dada sua importância e criticabilidade, deve requalificar a segurança pública

12

Especial atenção ao terrorismo internacional e ao hooliganismo.

com vistas ao futuro. Por isso, a despeito da capacitação em alto nível de

unidades especiais, precisa ser fundado na polícia territorial.13

O Centro Integrado de Operações Policiais deve ser desenvolvido não para

comandar o policiamento, mas para, com tecnologia e processos, permitir que

os comandantes territoriais o façam e para que cada escalão de comando

supervisione o desempenho do escalão subordinado, embora,

complementarmente, deva também servir como meio de comando de

operações especiais e dos gabinetes de crise, articulando todas as forças de

segurança e de emergência.

Toda incorporação de tecnologia e processos deve, portanto, ter por objetivo

proporcionar a adequada segurança à Copa e também servir à estrutura de

segurança pós- Copa, o que não admite improvisações de planejamentos

apressados porque iniciados tardiamente.

Temos que levar em conta também que os comandantes do policiamento e

grande parte dos policiais que atuarão na Copa do Mundo ainda estão nas

escolas14, sejam de formação, sejam de aperfeiçoamento, ou mesmo nem

foram recrutados. E que as novas tecnologias a serem incorporadas para a

segurança influenciarão nos procedimentos operacionais, que deverão ser

objeto de novos manuais e treinamentos, para que tenhamos, com suficiente

antecedência, profissionais bem preparados para a magnitude do evento. Tudo

deve estar funcionando adequadamente com bastante antecedência:

profissionais, tecnologia e processos.

13 Exatamente por isso, muito cuidado deve ser tomado para não se cair na tentação de, supervalorizando o conceito forças especiais, esquecermos de que a polícia é, por vocação, essencialmente territorial. Os comandantes territoriais é que são os responsáveis pela segurança pública. É o policial com responsabilidade territorial que deve buscar a diminuição dos índices de criminalidade e violência. Forças especiais são instrumentos para atuação pontual e especializada, mas sempre em apoio à autoridade territorial, até porque o dia-a-dia em termos de segurança pública depende de uma polícia territorial bem equipada e preparada.

14 De um modo geral, nos diversos Estados, boa parte dos quadros de oficiais subalternos ainda estão em formação

nas academias; os oficiais intermediários e o oficiais superiores freqüentando cursos de aperfeiçoamento; e as escolas de formação de policiais de base formando ou mesmo se preparando para receber alunos suficientes para o recompletamento da média de 3% do efetivo das corporações que se afastam a cada ano (aposentadoria e outros afastamentos). Situação semelhante em todas as forças de segurança.

3.3.3 Incidentes com multidões e invasões

A partida inaugural da Copa do Mundo na África do Sul terminou em confusão.

Pelo menos três pessoas ficaram feridas ainda no início do jogo entre a anfitriã

África do Sul e México quando assistiam ao jogo em parque de Johanesburgo.

Segundo testemunhas, os torcedores romperam uma barreira de segurança no

Mary Fitzgerald Square.

Na Cidade do Cabo, o tumulto aconteceu na praça Grand Parade, região onde

aconteceu o primeiro discurso depois que e o líder e ex-presidente Nelson

Mandela deixou a prisão em 1990. Os seguranças que cuidam da área

tentavam impedir a superlotação no espaço e as pessoas começaram o

empurra-empurra. Seis pessoas ficaram feridas.

Figura 3.3 Tumulto no jogo Nigéria x Coréia (dinizk9.blogspot.com)

No amistoso entre as seleções nacionais da Nigéria e da Coréia do Norte, em

Johanesburgo após a abertura dos portões do estádio, milhares de fãs

forçaram a entrada e a confusão terminou com torcedores pisoteados.

Na Cidade do Cabo, Estádio Green Point, após o jogo em que as seleções da

Inglaterra e da Argélia empataram, descontente com o resultado e com o

Figura 1 tumulto no jogo Nigéria x Coréia do Norte

desempenho da seleção de seu país, um torcedor inglês invadiu o vestiário de

sua equipe, após burlar todo o esquema de segurança.

O torcedor tentou enfrentar um jogador e foi contido pelos seguranças da

delegação inglesa, sendo entregue à segurança do estádio e, depois, à polícia,

e o incidente comunicado formalmente à FIFA.

Pouco antes do início da partida entre Argélia e Eslovênia, alguns torcedores

argelinos invadiram o campo, no estádio de Polokwane, mas foram retirados

em seguida.

Logo após a entrada da equipe argelina, os torcedores invadiram o campo para

tirar fotografias com os jogadores. Foram retirados sem necessidade do uso de

força.

O próprio jogo de encerramento da Copa do Mundo da África do Sul teve um

incidente de invasão, apesar de todo o rigor do cerimonial e da segurança.

Pouco antes do início da partida, um invasor habitual invadiu o campo para

pegar a taça do torneio.

Trata-se do espanhol Jaume Marquet Cot, conhecido como Jimmy Jump, que

tem a mania de invadir eventos esportivos.

Ele foi contido pelos seguranças quando já estava muito próximo do troféu

FIFA.

Jaume Marquet Cot, ou Jimmy Jamp, mantém um site em que registra e

divulga suas peripécias, Jimmy Jump ficou mais conhecido pela primeira vez

em 2004, quando entrou em campo e arremessou uma bandeira do Barcelona

sobre o capitão português Luis Figo na final contra a Grécia. O jogador tinha

trocado o time catalão pelo Real Madrid.

Figura 3.4 Invasão de campo no jogo de encerramento (globo.com)

Em 2007, ele esteve na decisão do Mundial de Rúgbi entre Inglaterra e África

do Sul. Dois anos depois, entrou na final de Roland Garros, quando Roger

Federer venceu Robin Soderling. Até mesmo um show de calouros o catalão

chegou a invadir na Noruega.

As revistas pessoais, nos estádios africanos, foram, de um modo geral, pouco

rígidas e incapazes de impedir ações mais graves que, por sorte, não

ocorreram.

Estádios de Futebol, em grandes eventos, sob o ponto de vista da segurança,

serão sempre locais críticos porque acomodam multidões e também porque,

dada a natureza de sua utilização, tornam-se ambiente extremamente

emocional15.

15 “Sozinho, o indivíduo nem sempre consegue se desinibir para manifestar certos sentimentos reprimidos que o dia a dia impõe; mas no meio da massa tais sentimentos podem ser mais facilmente liberados, uma vez que nestas condições, certas limitações impostas pela sociedade são mais fáceis de serem superadas...O espectador, quando envolvido numa massa, geralmente deixa de raciocinar e agir como indivíduo isolado, passando a reagir na proporção em que a massa reage, uma vez que sofre influências de fatores psicológicos...fatores psicológicos levam os espectadores a reagir agressiva e até violentamente a estímulos muitas vezes insignificantes...todo o clima de euforia normalmente existente, mais a influência dos fatores psicológicos, agravado por consumo de bebidas alcoólicas, acontecimentos palpitantes e pseudo-imagem de agressões e perigo, podem gerar brigas e desordens”;(M 10 PM – MANUAL DE POLICIAMENTO EM ESPETÁCULOS PÚBLICOS – PMESP-1998).

Independente de qualquer outro componente, a Preservação da Ordem Pública

durante um evento desportivo não admite erros, porque decisões devem ser

tomadas e operacionalizadas em curto espaço de tempo e em ambiente

confinado, envolvendo múltiplas agências, afetando a segurança e a vida de

milhares de pessoas.

A preservação da Ordem Pública (Segurança, Tranquilidade e Salubridade) em

Estádios de Futebol é, por isso, Missão Crítica, em todas as suas dimensões,

exigindo Comando centralizado e bem definido; meios de Comando, Controle e

Inteligência eficientes; e adequada plataforma tecnológica de Comunicação e

Computadores (C4 I).

Tal como ocorre em uma aeronave em vôo, o Comandante é o responsável

pela segurança dos milhares de torcedores “a bordo” de um estádio, devendo

acompanhar todos os trabalhos lá desenvolvidos, seja por agentes públicos,

seja pela administração, seja por contratados pelo promotor do evento,

assumindo a imediata coordenação dos mesmos em caso de emergências, que

podem ser provocadas por fatores como ameaças de bomba, explosões,

tumultos internos, tumultos externos, incêndio, fumaça, colapso estrutural, pane

elétrica, superlotação (geral, setorial ou em acessos), atrasos, suspensão do

jogo, tempestades, invasões ou tentativas, por ações agressivas provocadas

por torcedores fanáticos16(torcidas organizadas, hooligans, barrabravas etc) ou

por ações terroristas17, inclusive determinando a evacuação das instalações18.

O Comandante deve ter o controle sobre todos efetivos em atividade no interior

do estádio e em seu entorno imediato, porque será, nos casos de emergência,

o executor dos planos de contingência, devendo, por isso, acompanhar o

trabalho harmônico de todos na situação de normalidade.

Para o exercício da ação de comando, ele deve contar com um eficiente C4 I –

Centro de Comando, Controle, Comunicação, Computadores e Inteligência.

As missões relativas ao funcionamento de um evento de grandes proporções

em um estádio de futebol e as relativas à Preservação da Ordem Pública, na

manutenção da segurança, tranqüilidade e salubridade do público presente, 16

Hooliganismo e a Sedução da Violência; Camargo, Carlos Alberto; SP-2010. 17

Planejamento da Segurança Contraterrorismo na Copa do Mundo; Camargo, Carlos Alberto;SP-2010. 18

Evacuação de um Estádio; Camargo, Carlos Alberto;SP-2010.

bem como, quando for o caso, seu imediato restabelecimento, são

extremamente complexas.

Todos os níveis envolvidos no processo decisório e na operação necessitam de

um Centro que suporte, com processos, tecnologia e informações, o trabalho

articulado e a interoperabilidade19 de múltiplas agências, proporcionando ao

Comandante da Segurança condições para acompanhar em tempo real a

atuação de cada uma na normalidade, e para assumir, como comandante

único, a coordenação de todas, nas emergências.

A doutrina C4 I aplica-se perfeitamente a esta necessidade, uma vez que

integra Comando, Controle, Comunicação, Coordenação, Computadores e

Inteligência, em um Centro com domínio sobre todo o Estádio e seu entorno, e

conectado com o ambiente externo (Centro Integrado de Operações Policiais

ou C4 I regional), através de comunicação de voz, de dados e de imagens.

A instalação deve permitir a proximidade do comando da segurança com o

locutor oficial do estádio20, com o coordenador dos comissários (stewards)21,

com oficial de ligações dos serviços22 de bombeiros, trânsito, defesa civil,

polícia civil, Resgate - APH, com representante da municipalidade (fiscalização

de posturas municipais) e com a administração (gerente de segurança do

estádio). A sala do comando deve ser ampla o suficiente para manter sua

funcionalidade, comportando todos esses elementos, separados por divisórias

translúcidas (vidros transparentes).

Deve ser equipada com receptores das imagens do monitoramento interno e

externo ao estádio, de forma a possibilitar o controle e a pronta resposta em

função das imagens captadas.

19 Capacidade de sistemas, unidades ou forças intercambiarem serviços ou informações ou aceitá-los de outros sistemas, unidades ou forças e, também, de empregar esses serviços ou informações, sem o comprometimento de suas funcionalidades;Glossário das Forças Armadas-2006.

20 O locutor oficial deve ser treinado para comunicações de emergência, pré-estabelecidas, em

coordenação com o comando da segurança. O sistema de som deve ser modular, para permitir que se possa aumentar o volume em partes determinadas do estádio. O comando do policiamento deve estar em condições de assumir o sistema de som em casos de emergência. 21

O trabalho dos comissários de estádio deve estar estreitamente articulado com o da polícia, passando mesmo a seguir as orientações do comandante do policiamento em casos de emergência. As formas como isso deve ocorrer devem estar descritas nos planos de contingência. 22

Cabines específicas para cada elemento de ligação.

Como o posto de comando entra em funcionamento antes do início da

operação e encerra sua atividade após o esvaziamento completo do estádio,

deve estar localizado em posição tal que não prejudique e nem seja

prejudicado pelas outras atividades ligadas ao funcionamento do evento23.

Mas, é indispensável que todos os agentes, públicos e privados, encarregados

da proteção de multidões, estejam muito bem preparados para essa atividade,

e que trabalhem articulados e de forma coordenada.

3.3.4 Terrorismo

Embora não tenha ocorrido nenhuma ação terrorista na África do Sul, durante a

Copa do Mundo FIFA de futebol, estamos tratando desse tipo de incidente

neste estudo de caso pela sua importância na preparação de uma Copa e

também pelos dois eventos acontecidos naquele continente, na mesma época

em que a Copa era disputada: o primeiro em janeiro de 2010, pouco antes da

Copa, em Angola, e o segundo, durante a Copa, em Uganda.

No dia oito de janeiro de 2010, em Angola, já quase na fronteira com o Congo,

a seleção nacional do Togo, que ia disputar a Copa Africana de Nações, sofreu

um ataque terrorista.

O ônibus que transportava a equipe foi metralhado por terrorista, o que resultou

na morte de um atleta e no ferimento de outros nove.

23

A sala do comando da segurança do evento não se confunde com a sala de apoio ao policiamento, onde permanecem os equipamentos do contingente operacional e mesmo parcelas de equipes especializadas da polícia. Esta deve estar localizada em posição que permita o rápido acesso aos locais de imediato emprego operacional.

Figura 3.5 Atentado terrorista em Angola (esporte.uol.com.br)

Na cidade de Kampala, em Uganda, no mesmo momento em que as seleções

nacionais da Espanha e da Holanda se enfrentavam na África do Sul,

ocorreram dois atentados terroristas que deixaram 64 mortos e 65 feridos.

Duas bombas foram detonadas, uma em um restaurante etíope em Kampala, e

outra em um clube de rúgbi, na mesma cidade. Em ambos os locais, as

pessoas estavam assistindo a partida final da Copa do Mundo.

A polícia relacionou as explosões com recentes ameaças feitas pelas milícias

islâmicas da Somália, conhecidas como Shehab, que contribuíram com

soldados para a força de paz da União Africana na Somália (Amisom), entre

Uganda e Burundi. As milícias al-Shabab haviam declarado seu alinhamento

com a Al-Qaeda

Figura 3.6 Atentado terrorista em Uganda (hardmob.com.br)

A hipótese de ação terrorista deve ser seriamente considerada como ameaça

possível, no planejamento estratégico da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos

Olímpicos de 2016, no Brasil.

Basta lembrar que a audiência acumulada, na Copa do Mundo, poderá atingir o

marco de 40 milhões de espectadores24, significando que uma eventual ação

de qualquer pequena, desconhecida e inexpressiva organização terrorista terá

imediata repercussão por toda parte do planeta.

O atentado de 11 de setembro, sem dúvida, alterou profundamente o equilíbrio

das relações internacionais, criando um cenário onde prevalece a fragilidade, a

imprevisibilidade, a incerteza e a possibilidade de efeitos traumáticos de grande

envergadura, na medida em que consolidou o terrorismo transnacional ou

expedicionário – o que nem sempre corresponde a organizações terroristas

fortes -, e a vulnerabilidade dos Estados – mesmo os mais fortes.

Conforme afirma Jessica Stern25, ”no entanto, os atentados terroristas de

grande proporção são elementos marcantes da Nova Ordem Mundial e

24

A audiência acumulada na transmissão da Copa do Mundo na Alemanha foi de 32,5 bilhões de expectadores, em mais de 200 países. No Brasil, segundo estimativa da PwC, a audiência será de 40

bilhões de expectadores. 25

Stern, Jessica; O que é o terrorismo?

colocam em evidência a continuidade dessa estratégia de luta por grupos

radicais frente ao Estado organizado, diante dos quais seriam impotentes num

combate frontal. Trata-se de uma guerra assimétrica, mas de grandes

proporções, que amedronta e coloca a sociedade em estado permanente de

tensão. O combate ao terrorismo não é uma tarefa a ser realizada em curto

prazo, e muitos acreditam que jamais será vencida. O terrorismo é um inimigo

invisível que programa suas ações com o objetivo de causar o maior impacto

possível, por meio de ataques surpresa e, muitas vezes, indiferentes ao alvo

que será atingido”.

A questão é, portanto, como prevenir e combater o terrorismo, mais

especificamente, como preveni-lo e combatê-lo em eventos como Copa do

Mundo e Jogos Olímpicos que, além da enorme audiência, provocam

concentração de nacionalidades diversas e suas respectivas ameaças26, de

autoridades representando Estados e Governos, de empresários, tidos por

alguns como símbolos das corporações que representam o capitalismo27,

outras pessoas emblemáticas de condições que podem catalisar ódios,

preconceitos etc., além de multidões.

Embora não seja exatamente alvo, o Brasil pode ser cenário do terrorismo

internacional durante a Copa do Mundo de 2014, devendo, por isso, o

planejamento da Segurança do evento considerar seriamente essa hipótese de

risco, até porque as atividades terroristas têm aumentado em todos os

continentes, em quantidade e em impacto na ordem mundial28. Seria leviano

não considerar a possibilidade, já que a própria história nos ensina que muitos

atentados, antes de serem perpetrados, poderiam ser considerados hipóteses

26 O FBI identificou cinco categorias de motivações para as organizações terroristas: (1) política; (2) religiosa; (3) racial; (4)interesse ambiental; e (5) especial, como o narcoterrorismo (NATO; Manual de Avaliação da Ameaça de Risco de WMD- 2005). 27

De acordo com Spangler (2001), os terroristas percebem as Olimpíadas como um alvo enorme porque “corporações internacionais que simbolizam o capitalismo americano e têm a presença de líderes políticos de outras nações que suportam a agenda política americana”(Spangler, J; Meeting the threat- 2001).

28 Está previsto um aumento do crime a nível mundial, sobretudo a nível transnacional, como corrupção, crimes ambientais e terrorismo, um dos pontos que mais preocupa os especialistas. O aumento do risco de ocorrência de ataques terroristas traz também associados o acréscimo de medidas de segurança e de custos associados para sectores já fragilizados pela volatilidade dos preços do petróleo, como a aviação. (Relatório Global Risks 2010 – o estado do mundo; Jornal Algarve; Portugal-2010).

remotas ou mesmo absurdas: Munique – Jogos Olímpicos de 1972 (onze

mortos); Atlanta – Jogos Olímpicos de 1994 (um morto e cento e onze feridos),

por exemplo29.

Em 10 de março de 2005, o então Secretário-Geral das Nações Unidas, Kofi

Annan, pediu aos Estados-membros que adotassem uma abordagem comum

na luta contra o terrorismo. Instou especialmente os países a tentarem alcançar

uma visão unificada dessa ameaça e superarem as divergências e as longas

negociações sobre a definição de terrorismo que, durante tanto tempo,

enfraqueceram a autoridade moral da Organização. Usando da palavra perante

uma audiência internacional em Madrid, o Secretário-Geral enunciou os

principais elementos de uma estratégia de todo o sistema. Esses cinco “d”

foram apresentados como eixo da nova estratégia da ONU para combater o

terrorismo no mundo inteiro:

1) desencorajar a escolha do terrorismo por parte dos grupos descontentes

como tática para alcançarem os seus objetivos;

2) denegar aos terroristas os meios de levarem a cabo os seus atentados;

3) dissuadir os Estados de prestarem apoio aos terroristas;

4) desenvolver a capacidade dos Estados em matéria de prevenção ao

terrorismo; e

5) defender os direitos humanos no combate ao terrorismo30

O planejamento e a implementação das medidas preventivas de controle e as

de reação imediata, fatalmente colocam os governos democráticos na difícil

situação de ter de restringir direitos dos cidadãos, já que a intensificação das

medidas de segurança contra o terrorismo, via de regra, ocasionam certa

limitação às liberdades individuais31

.

29

Camargo,Carlos Alberto de; A Copa do Mundo de 2014 e o Risco de Terrorismo – 2010.

30 UNRIC- Centro Regional de Informações das Nações Unidas; Secretário-Geral Kofi Annan lança estratégia mundial contra o terrorismo, em Madri – 2005

31 “Outro aspecto a ter em consideração diz respeito a que sempre que se intensificam as medidas de segurança, de certa forma estas tendem a colidir com as liberdades individuais de cada cidadão, onde a fronteira entre o privado e o público se torna por vezes demasiado tênue, o que implica sempre por parte dos governos democráticos algum cuidado na sua implementação, no entanto será um pouco o preço a pagar para se atingirem resultados palpáveis

O fato é que os recursos humanos exaustivamente treinados para cumprir as

missões preventivas de vigilância e de pronta resposta, de acordo com

detalhados planos de contingência, deverão ter a capacidade de neutralizar o

impacto das medidas impostas em face dos cidadãos nacionais e dos turistas

estrangeiros, sem perder de vista a eficácia das mesmas. Os agentes oficiais e

o pessoal voluntário, como os comissários de estádios (stewards) deverão ser

rigorosamente competentes, a ponto de serem capazes de exercitar esse rigor

sem perder a característica da cordialidade e do respeito aos cidadãos, sejam

nacionais, sejam de outras nacionalidades32.

Os agentes designados para a segurança devem estar motivados e preparados

para reconhecer ameaças potenciais de terrorismo e de reagir

convenientemente e com oportunidade. Aí enquadram-se, não só os elementos

especializados, mas todos os agentes públicos e demais pessoas envolvidas,

como gerentes e comissários de estádios e outros.

A Metropolitan Transportation Authority of New York refere-se aos sete sinais

da atividade terrorista potencial33:

1) Vigilância: alguém que é visto de forma suspeita, observando (vigiando) a

área do alvo, anotando, fotografando ou filmando sua criticabilidade e

vulnerabilidades.

2) Monitoramento: alguém que é observado intragindo no local tentando

conseguir informações (monitorando) sobre determinadas operações em

andamento, como a obtenção de conhecimento sobre a estrutura de um

estádio ou a posição do pessoal da segurança durante o jogo.

na prevenção de atos terroristas”.( Antunes, Paulo José da Conceição; A Alteração do conceito de Dissuasão: Contributos para a sua Conceptualização; Portugal- 2007).

32

“É impossível proteger por todo o tempo todos os alvos em potencial, ficando assim, sempre, os terroristas, com a vantagem da iniciativa. Para que essa proteção fosse efetiva seria necessário implantar um Estado-policial, exatamente o tipo de situação que os terroristas gostariam que fosse criada, pois, assim, teriam um inimigo fascista para combater... em nome da democracia. Uma democracia não pode utilizar um cidadão em cada cinco para ser policial; não pode fechar suas fronteiras e nem restringir as viagens dentro do país; nem manter uma vigilância constante sobre cada hotel, cada prédio, cada apartamento em cada andar; e nem gastar horas revistando carros nas ruas e bagagens de viajantes nos aeroportos e em terminais rodoviários” (Azambuja, Carlos; Terrorismo como ele é; Mídia sem Máscara-2010). 33

“Seven Signs of Terrorist Activities”- desenvolvido pela Metropolitan Transportation Authority of New York e transformado em video pela Michigan State Police-USA.

3) Testes de segurança: alguém que testa os sistemas de segurança agindo de

tal forma que provoque a reação, como por exemplo adentrando em áreas

restritas, para medir tipos e tempos da reação.

4) Aquisição de suprimentos: aquisições suspeitas ou de produtos proibidos ou

controlados, como explosivos, armas ou munições no comércio clandestino,

uniformes semelhantes aos da segurança etc.

5) Pessoas suspeitas: podem ser pessoas de sua própria equipe, cujo padrão

de comportamento, relacionamentos, perguntas incomuns que fazem etc as

tornem suspeitas.

6) Rotas de fuga: antes do ataque final, os terroristas normalmente fazem uma

revisão do plano no local, a fim de detectar problemas inesperados, medindo o

tempo das ações, verificando as possibilidades de respostas etc.

7) Desdobramento no terreno: Posição de ataque. Último sinal. Última chance

de detecção. Os terroristas posicionam pessoal e equipamentos para ação.

O planejamento da Segurança deve contemplar todas as possíveis

modalidades de terrorismo, como o terrorismo seletivo, que tem como alvo

autoridades, personalidades e pessoas ou grupos emblemáticos; terrorismo

contra instalações e serviços críticos; e o terrorismo contra alvos aleatórios,

como multidões. Deve ter em conta os diversos meios de perpetração como

explosivos, recursos químicos, biológicos, bacteriológicos, radiológicos e

nucleares, ou a simples faca ou outra arma branca.34E também o

impressionante emprego de terroristas-suicidas, recentemente relacionados a

ações de grande impacto, com grande número de vítimas.

Importante destacar que as cidades que sediarão os jogos, seja na Copa do

Mundo ou nas Olimpíadas, devem estruturar e equipar seus organismos de

resposta com suficiente capacidade de atuação, de forma a não colapsá-los em

um único evento terrorista. Devem ter capacidade para atuar com eficiência em

ocorrências com até mesmo centenas de feridos35 e também de atuar em mais

de uma ocorrência simultaneamente, como na hipótese de sucessivas

34 Como os ataques com anthrax, nos Estados Unidos (2001) ou com o gás sarin em Tókio (1995). 35 Atlanta – Jogos Olímpicos de 1994 (um morto e cento e onze feridos no atentado a bomba no Centennial Olympic Park), por exemplo.

explosões em locais diferentes, em curto espaço de tempo. Isto implica na

previsão de suficiente capacidade de atendimento policial, atendimento pré-

hospitalar de urgência, de resgate e de transporte de feridos, de hospitalização

de emergência e especializada, de perícia, de investigação e de restauração da

normalidade urbana.

Por isso, o estudo deve ser realizado em cima de todos os cenários possíveis e

imagináveis.

O planejamento e a implementação das medidas preventivas de controle e as

de reação imediata, fatalmente colocam os governos democráticos na difícil

situação de ter de restringir direitos dos cidadãos, já que a intensificação das

medidas de segurança contra o terrorismo, via de regra, ocasionam certa

limitação às liberdades individuais36.

O fato é que os recursos humanos exaustivamente treinados para cumprir as

missões preventivas de vigilância e de pronta resposta, de acordo com

detalhados planos de contingência, deverão ter a capacidade de neutralizar o

impacto das medidas impostas em face dos cidadãos nacionais e dos turistas

estrangeiros, sem perder de vista a eficácia das mesmas. Os agentes oficiais e

o pessoal voluntário, como os comissários de estádios (stewards) deverão ser

rigorosamente competentes, a ponto de serem capazes de exercitar esse rigor

sem perder a característica da cordialidade e do respeito aos cidadãos, sejam

nacionais, sejam de outras nacionalidades37.

Os agentes designados para a segurança devem estar motivados e preparados

para reconhecer ameaças potenciais de terrorismo e de reagir

convenientemente e com oportunidade. Aí enquadram-se, não só os elementos

36 “Outro aspecto a ter em consideração diz respeito a que sempre que se intensificam as medidas de segurança, de certa forma estas tendem a colidir com as liberdades individuais de cada cidadão, onde a fronteira entre o privado e o público se torna por vezes demasiado tênue, o que implica sempre por parte dos governos democráticos algum cuidado na sua implementação, no entanto será um pouco o preço a pagar para se atingirem resultados palpáveis na prevenção de atos terroristas”.( Antunes, Paulo José da Conceição; A Alteração do conceito de Dissuasão: Contributos para a sua Conceptualização; Portugal- 2007).

37

“É impossível proteger por todo o tempo todos os alvos em potencial, ficando assim, sempre, os terroristas, com a vantagem da iniciativa. Para que essa proteção fosse efetiva seria necessário implantar um Estado-policial, exatamente o tipo de situação que os terroristas gostariam que fosse criada, pois, assim, teriam um inimigo fascista para combater... em nome da democracia. Uma democracia não pode utilizar um cidadão em cada cinco para ser policial; não pode fechar suas fronteiras e nem restringir as viagens dentro do país; nem manter uma vigilância constante sobre cada hotel, cada prédio, cada apartamento em cada andar; e nem gastar horas revistando carros nas ruas e bagagens de viajantes nos aeroportos e em terminais rodoviários” (Azambuja, Carlos; Terrorismo como ele é; Mídia sem Máscara-2010).

especializados, mas todos os agentes públicos e demais pessoas envolvidas,

como gerentes e comissários de estádios e outros.

O planejamento da Segurança deve contemplar todas as possíveis

modalidades de terrorismo, como o terrorismo seletivo, que tem como alvo

autoridades, personalidades e pessoas ou grupos emblemáticos; terrorismo

contra instalações e serviços críticos; e o terrorismo contra alvos aleatórios,

como multidões. Deve ter em conta os diversos meios de perpetração como

explosivos, recursos químicos, biológicos, bacteriológicos, radiológicos e

nucleares, ou a simples faca ou outra arma branca.38E também o

impressionante emprego de terroristas-suicidas, recentemente relacionados a

ações de grande impacto, com grande número de vítimas.

Importante destacar que as cidades que sediarão os jogos, seja na Copa do

Mundo ou nas Olimpíadas, devem estruturar e equipar seus organismos de

resposta com suficiente capacidade de atuação, de forma a não colapsá-los em

um único evento terrorista. Devem ter capacidade para atuar com eficiência em

ocorrências com até mesmo centenas de feridos39 e também de atuar em mais

de uma ocorrência simultaneamente, como na hipótese de sucessivas

explosões em locais diferentes, em curto espaço de tempo. Isto implica na

previsão de suficiente capacidade de atendimento policial, atendimento pré-

hospitalar de urgência, de resgate e de transporte de feridos, de hospitalização

de emergência e especializada, de perícia, de investigação e de restauração da

normalidade urbana.

Por isso, o estudo deve ser realizado em cima de todos os cenários possíveis e

imagináveis.

3.3.5 Furto de bagagens em aeroportos

Antes da Copa do Mundo, os turistas que se preparavam para viajar para a

África do Sul eram frequentemente alertados sobre os cuidados com a

38 Como os ataques com anthrax, nos Estados Unidos (2001) ou com o gás sarin em Tókio (1995). 39 Atlanta – Jogos Olímpicos de 1994 (um morto e cento e onze feridos no atentado a bomba no Centennial Olympic Park), por exemplo.

bagagem nos aeroportos daquele país. Isto, em face da fama daqueles

aeroportos por conta do elevado número de furtos e violações de bagagens.

Por causas desses incidentes, os aeroportos sul-africanos implantaram novos

dispositivos antes da Copa do Mundo-2010, com o objetivo de reduzir o

impacto deste problema durante o torneio.

A Companhia de Aeroportos de África do Sul (ACSA) investiu 165 milhões de

rands (17 milhões de euros) para reforçar a segurança de suas infraestruturas,

pelas quais, estimava-se, passariam 300.000 visitantes estrangeiros nos dias

da competição.

Figura 3.7 Segurança de bagagens nos aeroportos (blogdaludy-ludmila.blogspot.com)

O dispositivo teve seu primeiro grande teste dias antes da abertura da Copa:

para 9 e 10 de junho estava prevista a chegada de 100.000 torcedores.

Para proteger as malas, a ACSA adquiriu scanners eletrônicos, capazes de

seguir o rastro das bagagens pelo aeroporto. Em caso de desaparecimento, o

sistema indica quem foi o último a tê-las manipulado.

"Esta nova tecnologia permitiu reduzir consideravelmente os roubos", afirma

Tebogo Mekgoe, diretor adjunto do aeroporto OR Tambo de Johannesburgo.

"Há três anos, tínhamos cerca de 40 roubos por dia", admite, ressaltando que

não recebeu denúncias durante a Copa das Confederações-2009, o 'ensaio

geral' para a Copa do Mundo.

O maior aeroporto sul-africano também contratou novos funcionários para que

localizem as malas e formou uma "equipe de intervenção rápida", encarregada

de solucionar qualquer problema relacionado à perda de bagagens. No total,

175 agentes suspeitos de roubo foram demitidos no ano passado.

A companhia South African Airways acusou publicamente redes criminosas

organizadas de atuarem nos aeroportos.

3.3.6 Hooliganismo

Dia 23 de junho de 2010, quinze “barra-bravas”, torcedores violentos

argentinos semelhantes aos hooligans britânicos, foram deportados de

Johannesburgo para a Argentina. Eles haviam sido detidos na África do Sul e

recolhidos a um centro migratório até a deportação.

Os deportados faziam parte de um grupo de 165 argentinos hospedados em

Pretória e haviam tentado entrar em dois jogos sem ingressos, além de

praticarem distúrbios.

Antes disso, outros sete barra bravas foram impedidos de desembarcar na

África do Sul por terem pendências na justiça argentina. Eles também foram

deportados.

Figura 3.8 Barra Bravas argentinos (idsportnews.com)

Além dos argentinos, também os britânicos hooligans foram impedidos de

entrar ou permanecer na África do Sul. A prevenção contra o vandalismo de

torcedores violentos começa com a integração dos serviços de inteligência

internacionais e com a Interpol, passando pela rápida e enérgica atuação da

imigração e da polícia, contando sempre com o apoio dos representantes

diplomáticos, e com o suporte de eficiente plataforma tecnológica. A África do

Sul tratou desse problema de forma bastante eficiente.

Figura 3.9 Hooligans britânicos (futestatisticam.blogspot.com)

3.3.7 Pirataria

Durante a partida entre as seleções da Holanda e Dinamarca, em

Johannesburgo, uma fabricante de cerveja holandesa levou trinta e seis

mulheres vestidas com roupas de cor laranja para as arquibancadas, como

forma de promover a marca.

Elas foram retiradas pela polícia, a pedido da FIFA, por estarem cometendo o

crime de marketing de emboscada contra a marca de cerveja patrocinadora da

FIFA. Duas delas foram presas, o que causou embaraço diplomático.

Figura 3.10 marketing de emboscada (rp-marketing.blogsport.com)

Elas foram cercadas por cerca de quarenta seguranças e retiradas, ficando

detidas por horas em dependências da FIFA.

O vestido laranja fazia parte de um pacote promocional que a fábrica

holandesa de cerveja oferecia aos clientes em sua campanha de publicidade

para a Copa

A fim de atender aos seus interesses comerciais, a FIFA impôs às cidades

sedes uma série de regras, que implicavam, inclusive na proibição de comércio

de produtos ou divulgação de marcas concorrentes aos dos patrocinadores em

um raio de um quilômetro dos estádios.

A medida foi especialmente sentida pela população africana, pois cerca de

15% do PIB do país provém do comércio informal, empregando 300.000

pessoas.

Conforme explicação da FIFA, é necessário garantir os direitos de seus

patrocinadores, que só terão interesse em investir na Copa do Mundo caso

tenham a garantia de exclusividade no uso das marcas.

No Brasil, atendendo aos compromissos assumidos com a FIFA, o governo

federal elaborou o projeto da Lei Geral da Copa, que, dentre outras coisas,

acolhe esses direitos, mesmo com alteração do ordenamento jurídico brasileiro.

O artigo 11 do referido projeto garante à FIFA e seus patrocinadores a

exclusividade de anunciar e comercializar nos locais de seus eventos e

imediações40.

No artigo 16, o projeto tipifica a falsificação de produtos da FIFA, punindo-a

com detenção de três meses a um ano ou multa.

No artigo 17 são tipificadas as condutas de importar, exportar, vender, oferecer,

distribuir ou expor para venda, ocultar ou estocar esses produtos, com pena de

detenção de um a três meses ou multa41.

O marketing de emboscada de marcas, produtos ou serviços da FIFA ou seus

patrocinadores, que motivou a retirada das mulheres do estádio na África do

Sul, é incluído no ordenamento jurídico brasileiro, através dos artigos 18 e 19

do projeto42.

O projeto prevê que esses crimes são de ação pública condicionada,

dependendo de representação da FIFA.

40 Art. 11. A União colaborará com Estados, Distrito Federal e Municípios que sediarão os eventos e com as demais autoridades competentes para assegurar à FIFA e às pessoas por ela indicadas a autorização para, com exclusividade, divulgar suas marcas, distribuir, vender, dar publicidade ou realizar propaganda de produtos e serviços, bem como outras atividades promocionais ou de comércio de rua, nos locais oficiais de competição, nas suas imediações e principais vias de acesso. Parágrafo único. Os limites das áreas de exclusividade relacionadas aos Locais Oficiais de competição serão tempestivamente estabelecidos pela autoridade competente, considerados os requerimentos da FIFA ou de terceiros por ela indicados. 41 Art. 16. Reproduzir, imitar ou falsificar indevidamente quaisquer Símbolos Oficiais de titularidade da FIFA: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. Art. 17. Importar, exportar, vender, oferecer, distribuir ou expor para venda, ocultar ou manter em estoque Símbolos Oficiais ou produtos resultantes da reprodução, falsificação ou modificação não autorizadas de Símbolos Oficiais, para fins comerciais ou de publicidade, salvo o uso destes pela FIFA ou por pessoa autorizada pela FIFA, ou pela imprensa para fins de ilustração de artigos jornalísticos sobre os Eventos: Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.

42 Art. 18. Divulgar marcas, produtos ou serviços, com o fim de alcançar vantagem econômica ou publicitária, por meio de associação direta ou indireta com os Eventos ou Símbolos

Oficiais, sem autorização da FIFA ou de pessoa por ela indicada, induzindo terceiros a acreditar que tais

marcas, produtos ou serviços são aprovados, autorizados ou endossados pela FIFA: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem, sem autorização da FIFA ou de pessoa por ela indicada, vincular o uso de ingressos, convites ou qualquer espécie de autorização de acesso aos Eventos a ações de publicidade ou atividades comerciais, com o intuito de obter vantagem econômica. Art. 19. Expor marcas, negócios, estabelecimentos, produtos, serviços ou praticar atividade promocional não autorizados pela FIFA ou por pessoa por ela indicada, atraindo de qualquer forma a atenção pública nos Locais Oficiais dos Eventos, com o fim de obter vantagem econômica ou publicitária:

Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.

3.3.8Apagões

Tendo em vista que a África do Sul já havia sofrido um blecaute em nível

nacional em janeiro de 2008, os organizadores da Copa de 2010 aparelharam,

com geradores independentes, os dez estádios.

Mesmo assim, houve problema com a energia elétrica na região do Ellis Park,

exatamente no jogo de estréia do Brasil.

Nesta ocasião, houve problemas de segurança: torcedores circulando pelas

escadarias e rampas sem iluminação, com riscos de acidentes gravíssimos. Os

geradores não foram suficientes e houve princípio de pânico, com muita

gritaria.

As catracas de acesso ao estádio ficaram travadas por quase meia hora,

ocasionando longas filas e deslocamentos desnecessários de torcedores.

Acessos Vip foram liberados pela segurança para torcedores comuns e,

quando o fornecimento de energia foi restabelecido, a fim de acelerar a

entrada, os procedimentos de segurança relacionados a vistoria foram

relaxados, ou mesmo abandonados, com a explicação de que era para evitar

tumultos.

Portanto, vimos uma sequência de acontecimentos e violações ao

planejamento de segurança motivados pela falta de energia elétrica.

Mas o problema mais imediato foi que, sem energia, as catracas deixaram de

funcionar e a primeira reação da organização foi barrar a entrada de

torcedores, mas o horário de início da partida começou a se aproximar e

ninguém entrava. Houve um início de tumulto entre as pessoas que estavam do

lado de fora, que ameaçavam derrubar os portões. Nesse momento, um

responsável pela segurança na área resolveu abrir os portões. Todo mundo

que estava no perímetro entrou no estádio.

Figura 3.11 Apagão no Estádio Ellis Park (terra.com.br)

A causa do problema, que durou cerca de trinta minutos, foi uma sobrecarga de

energia em parte da cidade de Johannesburgo, incluindo a região do Ellis Park.

Não houve necessidade de alteração no horário da partida.

Incidente semelhante já havia ocorrido anteriormente, no dia de abertura da

Copa, exatamente antes do jogo da própria seleção africana, no bairro de

Orlando, em Soweto, região emblemática da África do Sul. Neste caso, o

problema foi com um cabo subterrâneo e durou algumas horas.

Já depois da derrota por 3 a 0 para o Uruguai, torcedores sul-africanos que

foram ao jogo em Pretória não puderam voltar para casa por causa de um

apagão que parou o metrô da cidade. A avaria deixou sem transporte cerca de

2.000 pessoas, entre moradores locais e turistas.

Os trens ficaram parados por cerca de três horas, e os últimos torcedores a

deixar o Loftus Versfeld só chegaram em casa ou hotel no meio da madrugada.

Condutores e passageiros tiveram que usar composições a vapor.

Figura 3.12 apagão na Copa de 2010 (terra.com.br)

A população africana foi aconselhada a economizar energia elétrica, como

forma de garantir a continuidade da Copa do Mundo, mesmo que as baixas

temperaturas naquela parte do ano fizessem com que a demanda de energia,

para aquecimento, naturalmente justificasse um aumento de consumo.

Foi feito um acréscimo de 275 megawatts à média de inverno no país. Quando

a demanda excede, o país importa energia de Moçambique, Lesoto e

República Democrática do Congo.

Apagões são incidentes gravíssimos em relação à segurança das pessoas,

devendo ser prevenidos e constar das análises de riscos, motivando medidas

específicas nos planos de contingência.

3.3.9 Caos aéreo

.Centenas de torcedores deixaram de assistir o confronto decisivo na última

quarta-feira depois que o aeroporto de Durban atrasou ou cancelou

aterrissagens, mandando aeronaves retornarem e pousarem em outros locais.

A Companhia de Aeroportos da África do Sul (ACSA) declarou que, entre as

causas que provocaram a confusão, estão o mau tempo, o tráfego acima do

esperado e os aviões de famosos e outras personalidades que se recusaram a

sair do aeroporto King Shaka, de Durban, apesar de um combinado prévio

determinando o contrário.

Cerca de 600 passageiros perderam a partida após seus vôos serem

mandados de volta para outras cidades, principalmente Johanesburgo e

Cidade do Cabo.

Dirigente da ACSA, Monhla Hlahla pediu desculpas publicamente pelo ocorrido.

“Decidimos que iremos colocar à disposição uma pequena quantia de 400 mil

rands (ou 52.850 dólares) para compensar”, declarou Hlahla, que ocupa o

cargo chefe-executivo da entidade.

No entanto, o valor da compensação financeira mal chega a 90 dólares por

cabeça, enquanto alguns passageiros declaram ter gasto quase quatro mil

dólares com passagens aéreas e o ingresso para a semifinal da Copa do

Mundo.

O problema gerou revolta entre alguns dos prejudicados. Um torcedor alemão

foi intimado a comparecer a um tribunal sob a acusação de ter agredido um

membro da tripulação de seu vôo, após se dar conta de que retornaria à Port

Elizabeth e perderia a partida para a qual havia se programado há meses.

Figura 3.13 caos aéreo na África do Sul (veja.abril.com.br)

Problemas com transporte aéreo durante uma competição como a Copa do

Mundo de Futebol, que exige mobilidade de grandes contingentes de pessoas,

locais e turistas, são também incidentes gravíssimos em relação à segurança

das pessoas, devendo ser prevenidos e constar das análises de riscos,

motivando medidas específicas nos planos de contingência.

3.3.10 Outros incidentes com reflexo na Segurança

3.3.10.1 A delegação nigeriana que disputa a Copa do Mundo denunciou que o

jogador Sani Kaita, expulso na partida que sua equipe perdeu contra a Grécia,

recebeu ameaças de morte e colocou o caso em conhecimento da FIFA.

O porta-voz da Federação Nigeriana, Idah Peterside, confirmou que o caso foi

levado por escrito à Fifa para que possam ser adotadas medidas necessárias

na partida contra a Coreia do Sul em Durban, pela terceira rodada do grupo B

do Mundial.

A Federação nigeriana explicou que Kaita recebeu mais de mil ameaças por e-

mail. Mas a Fifa declarou não ter recebido a carta da Federação Nigeriana.

“Não temos conhecimento desse assunto”, declarou o porta-voz Nicolas

Maingot.

Para casos como este, é indispensável a mobilização da polícia judiciária para

a realização de investigações imediatas, sem burocracia.

3.3.10.2 A FIFA está reavaliando a segurança do Estádio Royal Bafokeng, em

Rustemburgo, depois de garrafas vazias de cerveja serem atiradas na direção

do campo, no jogo entre Gana e Austrália. O incidente foi investigado pela

FIFA, segundo contou o porta-voz da entidade, Nicolas Maingot, porque trata-

se de um assunto envolvendo a segurança dos jogadores. "As garrafas

simplesmente não devem ser jogadas no campo", afirmou Maingot.

3.3.10.3 Quanto ao acesso aos estádios, o controle foi péssimo, ainda mais se

tivermos a Alemanha como base de comparação. Na Copa do Mundo de 2006,

o acesso era feito com leitor de código de barras para garantir a validade de

ingressos ou credenciais. Na África do Sul, não havia nenhum controle disso.

Aliás, em alguns jogos não havia controle algum.

3.3.10.4 A FIFA tem um limite territorial em volta dos estádios. Nessa área, só

pode circular quem tem ingresso e só podem ser vendidos produtos oficiais.

Nenhuma das duas coisas foi adequadamente respeitada.

3.3.10.5 Cambistas atuavam livremente no entorno das arenas e nos principais

centros comerciais. Também abordavam torcedores que estavam em filas para

comprar ingressos nos postos autorizados. E havia muitos cambistas

brasileiros na África do Sul.

3.3.10.6 Também os “flanelinhas” criaram problemas. A África do Sul tem uma

estrutura precária de transporte público, todo mundo vai ao estádio de carro e o

número de vagas de estacionamento é pequeno. O resultado é que existiam

muitos guardadores de carro abordando torcedores na área dos estádios.

3.3.10.7 Havia detectores de metal na entrada dos estádios e dos principais

aparatos de imprensa. O problema é que os seguranças não davam muita

atenção para o que aparecia no vídeo.

3.3.10.8 Vendedores ambulantes, outra coisa que é comum na África do Sul e

também no Brasil, agiam fora dos estádios e até dentro de algumas arenas.

Eles vendiam café e sorvete na maioria dos casos, mas também lanches,

objetos e camisas falsificadas.

3.3.10.9 Houve reforço de segurança em jogos de maior risco (torcidas como a

da Inglaterra, por exemplo), mas o público de Copa do Mundo é mais tranquilo

do que o que frequenta jogos normais. Nos jogos da Inglaterra, torcedores

foram escoltados por seguranças até a entrada do estádio e depois até o

transporte de saída (normalmente a estação de metrô ou os ônibus).

3.3.10.10 É permitida a venda de cerveja no interior e no entorno dos estádios.

Isso é fundamental para a FIFA, que é patrocinada por uma marca de cerveja.

É exigência da entidade independentemente da legislação do país.

3.3.10.11. A FIFA não costuma permitir o uso de seguranças armados no

interior dos estádios. Neste ano, como precisou recorrer a policiais, a situação

foi diferente. Havia seguranças armados em todas as arenas.

4. O PLANEJAMENTO DA COPA DE 2010

4.1 Planejamento e implementação na visão de quem participou dessa

tarefa

4.1.1 Jornada Internacional de Polícia Comprada

Evento realizado entre Oficiais Superiores e Delegados de Polícia doutorandos

do Centro de Altos Estudos de Segurança da Polícia Militar do Estado de São

Paulo e autoridades que participaram do planejamento estratégico da

segurança na Copa do Mundo da África do Sul.

4.1.1.1 Data: 22NOV10, Segunda Feira – Hotel Holiday Inn Express -

PRETÓRIA

4.1.1.1.1 Dando início à programação oficial, o General Cele, Comissário

Nacional da South African Police Service, fez a abertura do Seminário da

Jornada Internacional de Polícia Comparada, realizada no auditório do Hotel

em que a Delegação brasileira foi hospedada. Em síntese disse que: na Copa

do Mundo foram empregados 197 mil policiais, que representa o efetivo total da

polícia da África do Sul; a população do país é de cerca de 50 milhões de

habitantes; o policiamento foi realizado nos 64 jogos da Copa em grandes

distâncias, chegando o deslocamento para alguns locais perfazer 2 horas de

vôo; os chefes de polícia acompanharam todos os jogos e fizeram muitas

viagens para acompanhá-los; a FIFA exige que sejam adotadas todas as

providência para a realização dos jogos, principalmente na área jurídica,

também se preocupando com as áreas operacionais e administrativas; foi muito

vantajoso para a polícia a reunião de todos os chefes de polícia, em um só

local, sob um único comando, formando o Centro Internacional de Cooperação

Policial (IPCC); outra questão importantíssima se refere às verbas destinadas à

polícia para a atuação na Copa, pois é comum os policiais planejarem, mas

esquecerem-se do dinheiro para a execução; na preparação, foram comprados

muitos equipamentos que, com a verba normal não poderiam ser adquiridos; foi

utilizado muito dinheiro para a preparação específica dos policiais e pagamento

de horas extras; precisaram convencer o mundo que a Copa na África seria

viável, sobretudo em termos de segurança; a Comissão Organizadora viajou

pelo mundo fazendo essa divulgação; foi criado um Tribunal especial para

atuação específica na Copa, com processos céleres e penas severas,

chegando até 15 anos de prisão; a cooperação internacional, por meio dos

setores de inteligência, foi imprescindível para identificar os torcedores e

visitantes que poderiam causar problemas nos jogos, entre eles os “Hooligans”

e “Barra Brava”; não foi possível impedir o embarque esses grupos em seus

países de origem, mas, ao chegarem à África do Sul, foi possível identificá-los

e impedir seu ingresso no país, sendo os seus integrantes, através das

respectivas embaixadas, redirecionados de volta a seus países de origem; na

organização da Copa foi fundamental a participação de várias entidades

(polícia, setor de imigração, Forças Armadas, setor hoteleiro, empresas de

turismo, etc.); o mundo tem que se sentir seguro e as providências devem ser

iniciadas agora, no Brasil; houve problemas em dois estádios, visto que a

organização responsável retirou os contratados do local, pouco tempo antes do

evento, mas a polícia supriu a necessidade e ninguém notou o ocorrido;

considera que a África do Sul e o Brasil muito semelhantes e estão à

disposição para nos auxiliar; os inimigos já vêm com problemas de seus países

de origem e não os adquirem aqui, razão pela qual o terrorismo é uma

realidade presente em eventos dessa magnitude.

4.1.1.1.2 O Ten General Pruis, representante da Polícia da África do Sul na

organização da Copa disse que: a polícia tem que oferecer garantias à FIFA

sobre os locais de realização de eventos, às delegações de futebol, à própria

delegação da FIFA, aos torcedores, aos visitantes e aos residentes; dois anos

antes da Copa tem que ser apresentada um plano de segurança à FIFA, ou

seja, um ano antes da Copa das Confederações; há exigência de escolta

policial às equipes de futebol, árbitros e outros envolvidos; no planejamento

deve haver regras claras, pois se um único jogador resolve sair sozinho na

cidade não haverá escolta somente para ele, ou seja, a definição dessa

questão deve ser feita antecipadamente; o planejamento deve ser feito em

fases, começando logo após a escolha do país como sede, prevendo a atuação

operacional, os planos táticos para entrada de pessoas no país, a segurança

nos pontos turísticos, comércio, etc.; uma forma prática de se descobrir o

número de pessoas que virão ao país é consultando as agências de viagem

sobre as reservas já feitas; os mesmos policiais eram empregados em vários

locais, para proporcionar a sensação de grande efetivo; a Copa das

Confederações é o grande teste para o evento principal; naquela Copa foram

convocados chefes de polícia de todas as províncias (Estados), inclusive as

que não estariam envolvidos diretamente, para conhecerem a forma de

atuação e estarem preparados para serem empregados, juntamente com seu

efetivo no próprio evento ou em eventuais deslocamentos de torcedores e

delegações a suas regiões; houve integração entre a segurança nacional

(antiterrorismo), combate ao crime (ações de polícia) e ordem social

(preparação para ocorrência de desordem); o Centro Operacional recebia

informações sobre todos os assuntos relativos à Copa e isso facilitava o

comandamento; a prevenção do crime foi baseada nas três principais

ocorrências: “assaltos” a veículos; “assaltos” a casas e “roubos” em geral,

principalmente de máquinas fotográfica, ingressos, binóculos, passaportes,

celulares, etc.; houve suspeita de muitas fraudes, em razão dos seguros; os

setores de inteligência são importantes para avaliação dos riscos e os impactos

de ações terroristas; o jogo entre Inglaterra e Estados Unidos foi considerado

de elevado risco; a polícia ficou responsável pelo patrulhamento de 12 milhas

marítimas; foram criadas bases permanentes nas fronteiras mais perigosas; a

segurança e escolta de pessoas muito importantes (Vips) é um problema que

deve ser tratado com muita cautela, pois envolve chefes de Estados, Ministros,

dentre outros; o Tribuna Especial chegava a proferir sentença no prazo de 24

horas, em relação aos estrangeiros; no primeiro dia da Copa foram

empregados 30.000 policiais e no último dia 35.000; o país sede tem o dever

de proteger as pessoas e os interesses empresariais; vários órgãos

internacionais, no pretexto de auxiliar, querem impor regras a serem cumpridas

pelo pais sede;

4.1.1.1.3 Mr Mooti, representante da Polícia da África do Sul no IPCC, disse

que: o Centro foi instalado na Cidade de Pretória em razão de ser a Capital do

país e funcionar como o centro único de controle; a estrutura foi montada em

um hotel; foi montada uma estrutura capaz de manter o centro funcionando 24

horas, além de uma estrutura de apoio para dar suporte; cada país deveria ter

pelo menos um representante 24 horas no local, entretanto, alguns países

enviaram apenas um representante; cada país auxiliava nos aspectos

relacionados ao seu povo; os representantes estrangeiros eram informados

sobre as providências relativas aos jogos envolvendo seus países cinco dias

antes dos eventos; os próprios representantes decidiam se trabalhavam

uniformizados ou não, conforme a necessidade operacional; após a eliminação

da equipe na Copa, havia orientação de retorno ao país, nas próximas 48

horas; o IPCC foi ativado em 26MAI10 e desativado em 14JUL10; os centros

de comunicação devem ser únicos; não houve problemas com policiais de

outros países; as informações sobre pessoas que causavam problemas nos

eventos foram fornecidas pelos países, havendo poucas dificuldades na

obtenção; a lei da África do Sul tem dispositivos que tratam de pessoas

indesejáveis.

4.1.1.1.4 Mrs. Franke, do Departamento de Imigração, relatou todas as

providências adotadas relativas à entrada, permanência e retorno dos

visitantes para a Copa do Mundo, tratando-se no Brasil de atividades afetas à

Polícia Federal.

4.1.1.1.5 O Coronel Botha, representante das Forças Armadas, disse que: toda

organização e direção do evento na área de segurança é de responsabilidade

da polícia, sendo que as Forças Armadas dão suporte e prestam apoio na área

de gerenciamento de desastres, ocorrências com bombas, terrorismo, proteção

do espaço aéreo, patrulhamento após as 12 milhas marítimas e outras

necessidades.

4.1.1.1.6 O Brigadeiro Schutte, Chefe de Polícia da Província (Estado) de

Gauteng, disse que: a região que comanda foi a mais sobrecarregada com a

Copa, tendo abrigado 19 equipes de futebol; é necessário elaborar planos de

contingência para ativar nos momentos de emergência, como, por exemplo, no

caso de uma greve de seguranças particulares; o Comitê Organizador da FIFA

demorou para assinar os contratos com a segurança particular, gerando

problemas; dentre as lições recebidas no evento, aconselhou a fazer um

planejamento adequado, testar as comunicações e dar importância às

ameaças contra as seleções de futebol; antes da Copa, a polícia realizou

operações duras contra a criminalidade, consistentes em bloqueios, busca e

apreensão em prédios com moradores suspeitos, em áreas de narcotráficos e

de consumo excessivo de bebidas alcoólicas, reduzindo os crimes em cerca de

55%; durante o evento não foram realizadas operações para evitar

constrangimento às seleções e aos Vips, ficando em seu lugar operações de

visibilidade; os Chefes de Estados e Ministros, principalmente, foram

protegidos por uma equipe especial e às demais autoridades a segurança

ficava a cargo de um setor específico; as pessoas detidas eram levadas

diretamente ao Tribunal.

4.1.1.2.Data: 23NOV10, Terça Feira - Hotel Holiday Inn Express - PRETÓRIA

4.1.1.2.1 1ª Palestra – ICC – Mr. Mooti

A palestra teve como foco o credenciamento de pessoas que ofereceram

serviços durante a Copa.

Esse serviço de credenciamento foi compartilhado com a FIFA, cuja estrutura

assim que tem critérios próprios de acreditação; o primeiro nível de

credenciamento cabe à FIFA (cognominado AAA) e o segundo nível é de

responsabilidade do país sede da Copa, razão pela qual o crachá tem duas

partes diversas - uma versando sobre dados pessoais e fotografia (parte que

incumbe à FIFA) e outra com informações de segurança, (atribuída à agência

estatal) - que devem contemplar todas as informações sobre a pessoa

credenciada.

O canal de subordinação da denominada família FIFA segue a seguinte

estrutura:

1) Nível executivo e

2) Grupos funcionais.

Para o ICC, dois são os objetivos da avaliação efetuada com vistas ao

credenciamento:

1) Identificar os riscos associados à contrainteligência em três níveis,

relacionados:

a. às tendências criminais (aferidos por meio de agências de inteligência);

b. à segurança nacional (aferidos por meio de agências de segurança

nacional);

c. a pessoas provenientes do exterior (aferidos por meio de agências de

segurança e em de contatos com outras similares de todos os outros países);

É uma estratégia de segurança interna.

O palestrante informou que foram cerca de duzentos mil credenciamentos.

Para operacionalizar esse volume, o serviço foi descentralizado ao nível

municipal, figurando como maior desafio a emissão de credenciamentos

requeridos muito proximamente ao início da Copa, na medida em que a FIFA

costuma pressionar e a acreditação demanda consultas a agências externas.

Em caso de perda/extravio do crachá, a intenção das agências era condicionar

nova emissão ao registro de ocorrência policial, porém por interferência da

FIFA acabou se admitindo que uma mera declaração pessoal do credenciado

nesse sentido fosse suficiente à emissão de novo documento.

A Copa das Confederações foi um teste necessário ao aperfeiçoamento do

serviço.

4.1.1.2.2 2ª Palestra – Inteligência Criminal – Cel Motau

A atividade de inteligência foi especialmente estruturada para os eventos da

Copa em dois níveis:

1º Comitê de Coordenação de Inteligência –

2º ICC

Integravam esses Comitês, além de agências afetas às áreas de saúde,

comunicações, dentre outras, também os Comitês Nacional e os Provinciais

(das nove Províncias onde foram realizados os jogos da Copa). Estes Comitês

se reuniram quatro vezes ao dia (às 6h, 12h, 18h e 24h) para repassar

brieafing aos Comitês superiores. Também diariamente – até as 14 h – estes

Comitês repassavam para a hierarquia inferior as orientações e deliberações

das agências superiores. Também eram responsáveis pelo repasse de

informações a outras agências policiais do país em caso de necessidade.

Os riscos se dividiam em dois níveis:

a) Primário, contemplando:

Terrorismo;

Extremismo nacional;

Ataques estrangeiros;

Impacto criminal;

Pontos de entrada no país;

b) Secundário, versando sobre:

Segurança das rotas das comitivas e dos times;

Segurança nos estádios;

Instabilidade social

Protestos;

Manifestações;

Ataques a estrangeiros;

Violência a meios de transporte;

Disputas laborais.

Metodologia de classificação dos riscos:

NÍVEL PROBABILIDADE IMPACTO

1 INCONCEBÍVEL IRRELEVANTE

2 IMPROVÁVEL POUCO RELEVANTE

3 POSSÍVEL MODERADO

4 PROVÁVEL POTENCIAL (sério)

5 CERTEZA DIRETO (grave)

Da conjunção dessas variáveis, chega-se a uma avaliação do padrão de risco,

escalonado em:

Alto

Médio

Baixo

Enfatizou-se que policiais não uniformizados eram destacados para as várias

bases com o objetivo de coletar informações e repassá-las aos escalões

superiores.

4.1.1.2.3 3ª palestra - Mr. Fuhri, do Dept. Of Health (Departamento de Saúde),

falou da importância das atividades de segurança integradas com as de saúde;

salientou providências adotadas pelo Depto. de Saúde, para que os atletas

pudessem trazer sua própria medicação eis que proibida importação de

medicamento pelo governo da África do Sul; da mesma forma foi abolida a

exigência de registro anterior no país, para médicos e terapeutas que

acompanhavam as delegações. Esse departamento preocupou-se também

com a saúde ambiental nos aeroportos e portos de entrada, aderindo às

normas internacionais; os serviços de emergência e providências para

enfrentar eventual ameaça biológica, química e nuclear, também receberam

especial atenção. Os departamentos nacional e provinciais, contando com

catorze grupos de peritos, trabalhou em conjunto com a FIFA, com a previsão

de providências para o caso de catástrofe e eventual necessidade de

descontaminação. O bom relacionamento com a mídia, garantiu a divulgação

de informações aos turistas quanto aos locais de jogos e destinos turísticos

visitados e outros como por exemplo, prevenção de intoxicação alimentar,

atendimento de emergência e serviços disponíveis. As reuniões para os ajustes

aconteceram a partir de julho de 2009, sendo criadas normas sanitárias para os

estádios, definição de número de ambulâncias colocadas à disposição e

análise e definição de rotas de acesso respectivas, número de leitos

disponíveis e centrais de atendimento preparadas nos estádios. Ressaltou a

importância do trabalho conjunto desenvolvido com os comitês organizadores

locais, após sua exposição, respondeu algumas questões da assistência,

esclarecendo que: houve preocupação em preparar-se para eventuais

ocorrências que resultassem em elevado número de mortes, seja no tocante ao

atendimento do local.

4.1.1.2.4 4ª Palestra – Metro Police – Sra. Trish Armstrong – Comandante da

Polícia Metropolitana de Porth Elizabeth

A Polícia Metropolitana de Porth Elizabeth possui sete comandos

metropolitanos.

Os departamentos de polícia locais terão duas grandes ordens de problemas: o

trânsito e a prevenção de crimes. O primeiro será, provavelmente, o grande

desafio da polícia, dada a quantidade de pessoas que se deslocam, quer por

turismo, quer em função dos jogos.

A Polícia de Porth Elizabeth dispôs de 3.850 viaturas e efetuou 160.000

autuações de trânsito durante o mês da Copa.

As grandes responsabilidades de uma polícia metropolitana são:

Treinamento dos policiais que farão a segurança local;

Escolta das comitivas e dos times de futebol durante o evento;

Proteção e segurança nos estádios;

Prevenção e repressão nas áreas onde ocorrerão jogos da copa;

Os policiais precisam ser intensamente treinados, cujo foco principal é o bom

atendimento ao cidadão e ao turista que está visitando o país. Eles precisam

ser preparados para orientar o visitante acerca das mais variadas situações.

É conveniente ter apoio aéreo capacitado para diversas eventualidades, como

resgate, suporte, transporte.

O departamento local deve estar preparado para a escolta de comitivas,

autoridades estrangeiras e dos próprios times que se deslocam para

treinamentos e jogos.

Como grandes desafios a serem enfrentados, destacam-se:

A capacidade para alterar os planejamentos em função de

peculiaridades e circunstâncias não previstas;

Flexibilidade com as blitz, porque elas podem causar grandes

transtornos para o trânsito local, obstando o deslocamento de times e

comitivas;

Evitar ter militares das Forças Armadas com responsabilidade sobre

assuntos de segurança pública;

Prever orçamentos robustos para o desenvolvimento do planejamento,

visto que os custos são muito altos;

Iniciar a compra de equipamentos necessários, em função do tempo e

custos;

Prever a aprovação de uma legislação que obrigue as diferentes

agências a cumprir suas funções;

Estipular os procedimentos para os casos de corrupção;

Negociar antecipadamente com os sindicatos policiais, a fim de evitar

dissabores durante a copa;

Designar, antecipadamente, os comandantes que serão responsáveis

por áreas e setores de polícia;

Fazer planos que prevejam fatos não previstos, como eventos

paralelos, marchas políticas etc.;

Estar ciente de protocolos estrangeiros e normas envolvendo VIPs;

Preparar adequadamente os sistemas de comunicações;

Ter planejamento para o crescimento do tráfico de drogas;

Efetuar ações para conter a atividade de vendedores informais;

Decidir antecipadamente o que se pretende fazer.

Sugestões e melhores práticas:

Planejar o mais detalhadamente possível, tanto o policiamento quanto as

atividades militares;

Praticar e exercitar antecipadamente os planos em situações similares;

Tornar os planos flexíveis;

Uniformizar os códigos de comunicação e registro de ocorrências e

incidentes;

Capacitar adequadamente os policiais acerca dos protocolos envolvendo

VIPs;

Prever sempre uma equipe de três pessoas para eventos não

planejados e não previstos;

Estipular procedimentos para lidar com problemas simples, que por

vezes envolve o Judiciário e o Ministério Público;

Fazer acordos escritos entre agências e entre os Estados para estipular

responsabilidades;

Definir grupos de trabalho especializados;

Definir centros de comando conjuntos;

Adquirir jaquetas reflexivas para os policiais trabalharem, facilitando a

identificação pelo público;

Do orçamento previsto, preveja três vezes este montante para gastar;

Adicionar capacidade para impor a lei;

Capacitar policiais para exercerem os serviços de vigilância orgânica nos

estádios, para o caso de eventuais greves/problemas envolvendo os vigilantes;

Padronizar os procedimentos a serem desenvolvidos pelas escoltas,

evitando flexibilizações permissivas.

A palestrante, respondendo às indagações que lhe foram dirigidas, relatou que

cerca de cinco anos antes do evento iniciou-se um trabalho de oferta e

encaminhamento de sem-tetos e desocupados para locais de oferta

humanitária, onde recebem alimentação, vestuário e pernoite. Além disso,

sugeriu a padronização no pagamento de ajuda de custo por dia – e não por

hora – a todos os policiais envolvidos, bem assim do valor a título de auxílio

alimentação.

4.1.1.2.5 5ª palestra - Em sequência, tivemos a palestra proferida por Mr.

Meyer, representante da empresa ICASA, que presta serviços ao Governo,

sem, no entanto ser órgão público. Realiza serviços similares ao que presta a

ANATEL presta no Brasil, sendo conhecida como órgão da Paz. Monitora

qualquer comunicação ou interceptação telefônica, desde que autorizado

judicialmente. É a empresa responsável pela certificação dos aparelhos de

transmissão de rádio. Como a ANATEL, tem mandato definido, durante o qual,

nesse período expede regulamentações, certificados e cuida da proteção ao

consumidor. Como órgão certificador foi requisitado a assinar contrato com a

FIFA, oferecendo garantias de que o serviço de comunicações seguiria a

contento. Ocupou-se de realizar fiscalização das empresas e órgãos de

imprensa durante a COPA, sendo que algumas dessas, entraram em território

sul-africano, com equipamento de transmissão sem fio, consequentemente não

licenciado pela ICASA, em decorrência do que tais equipamentos foram

apreendidos. Durante os jogos, monitoraram todos os jogos para verificar se as

freqüências estavam sendo obedecidas. Além disso, controlaram todas as

comunicações de polícia, bombeiros, emergência. Tiveram problemas com

recursos humanos, posto que não tem pessoal treinado suficiente. Um dos

problemas mais graves que enfrentaram, deu-se durante o jogo entre EUA e

Inglaterra. Como o vice presidente americano estava no estádio para assistir a

partida, os serviços responsáveis pela segurança do vice presidente, lançaram

mão de equipamentos de vigilância, interceptação de comunicações e

rastreamento, que bloquearam todas as comunicações no entorno do estádio,

obrigando os operadores da ICASA a lançar mão de outros meios

emergenciais para conseguir restabelecer as comunicações. Segundo o

palestrante, até hoje os EUA negam sua responsabilidade no episódio. Os

caminhões tipo “Link” devem ser preferencialmente evitados, pois suas

transmissões também podem ocasionar bloqueio de comunicações. Devem ser

fiscalizados e receber autorização expressa para atuar. Problema grave é que

muito vem em aviões militares ou diplomáticos, garantindo uma relativa

imunidade. A ICASA, não pode efetuar interceptação telefônica diretamente,

esta, via de regra é realizada pelos órgãos policiais responsáveis, e a atividade

é regulada pela lei 70/2002. Esta pratica de investigação é de tal forma rígida,

que é controlada por um único funcionário, um Juiz aposentado, cujo escritório

situa-se aqui mesmo em Pretória. A interceptação é concedida por três meses,

prorrogáveis por igual período. Todas as transmissões esportivas foram

monitoradas antes e depois dos Jogos, apenas sob aspecto da interferência

nas transmissões e não quanto à interceptação, o que, como já dito, é defeso à

ICASA.

4.1.1.2.6 A palestra a seguir, foi proferida pela Dra. Alice Maree, representante

da empresa de nome SABRIC, a qual trabalha como centro de informações

sobre o risco bancário da África do Sul, permitindo a prevenção de muitas

fraudes bancárias. È empresa sem fins lucrativos, mantida por um grupo de

instituições bancárias e empresas de transporte de valores. Trabalham ao

abrigo de legislação que autoriza sua atividade, chamada Seção 20. Foram

convidados a participar na Copa das Confederações, e depois sentiram

necessidade de se envolver na COPA, dado o volume de dinheiro a ser

movimentado nas bilheterias e pelos turistas. Fizeram panfletos informativos

para turistas, em diversas línguas, explicando o risco de se movimentar com

dinheiro, e de possibilidade de fraudes em máquinas de auto atendimento

bancário. Efetuam o cruzamento de informações que revelam a participação de

grupos em fraudes bancárias, roubos a agências e caixas automáticos. Ao

serem checados dados que levem a suspeitas, passam os informes para que a

polícia tome as atitudes de sua alçada. Em resumo , são estas suas principais

atividades, que a relacionam à polícia e a execução da COPA. Pretendem

expandir sua atuação por toda a África.

4.1.1.2.7 A próxima palestra foi ministrada por Mr. Strauss, representante da

empresa ESKOM, que presta serviços ao Ministério de Minerais e Energia,

produzindo energia elétrica e distribuindo por todo o país.Segundo informou o

primeiro desafio a ser vencido era superar os apagões e garantir fornecimento

ininterrupto e seguro de energia elétrica à COPA DO MUNDO . Para tanto,

foram percorridas quatro fases: l- integrar-se com os países vizinhos,

especialmente Namíbia tratando os riscos a partir dos marcos de referência

internacional. II- fase no período 2008-2009, durante a copa das confederações

são renovadas as estações e os centros de comando geravam recursos

humanos e financeiros, aprovados em auditorias de segurança e garantis.

Durante os dezesseis dias da copa das confederações, foram atendidas nove

cidades sem interrupção de energia elétrica e com boa comunicação entre as

agências envolvidas. Naquele período, cada plataforma identificou novos

possíveis riscos e preparou planos de motivação desses riscos. III-fase,

implementando-se a valoração dos recursos humanos, motivando trinta e seis

mil empregados a envolverem-se no planejamento e respectiva execução,

buscando-se certificar que procura e oferta eram compatíveis para

cumprimento das previsões. IV-fase, de abril a julho de 2010, novas auditorias

foram realizadas, para verificação da rede e seu atendimento. Durante todo o

processo, várias providências foram adotadas, tais como identificação de zonas

problemáticas implementando-se ações de segurança para evitar crimes. Ainda

em conjunto com as forças de segurança foram realizados exercícios de

preparação para atuação em eventual falha de energia. Estabeleceu-se

também bom contato com a polícia e os cidadãos, desenvolvendo campanha

na mídia para contenção do consumo, resultando num Recorde de 30 dias sem

interrupção no fornecimento de energia, durante a copa do mundo. O

fornecimento de água foi mantido, para as usinas de eletricidade, garantindo a

robustez das linhas de transmissão. Durante a copa do mundo, 13497

funcionários, permaneceram à disposição garantindo o sucesso da operação,

que resultou numa rede unificada e sem ocorrência de apagões nos dias de

hoje, que compreende mais de 360.000 KM de linhas elétrica protegidas.

4.1.1.2.8 A Sra. Annelie Barkema, do Departamento de Turismo, destacou os

pontos que mereceram especial atenção no planejamento de atividades para a

Copa do Mundo levando em consideração os tipos de crime (furtos, roubos,

fraudes), desaparecimento de pessoas e apoio às vítimas; salientou que a

indústria do turismo atua ligada à segurança, considerando fatores como fluxo

de pessoas e veículos e impacto emocional decorrente da prática de crimes.

Destaca a necessidade de tradutores nos tribunais e interação entre todas as

agências envolvidas.

4.1.1.2.9 9ª Palestra – Questões Jurídicas – Brig. Van Der Walt

O palestrante informou que por ocasião do “lance”, o país que se pretende

sede da Copa assume compromissos que resguardam o “Programa de

Proteção de Direitos da FIFA”, lance este que contem uma série de

“promessas” que figuram verdadeiras garantias, inclusive em termos de

segurança pública, e que terão de ser honradas. A experiência sul-africana

revela que a polícia local não tinha conhecimento do teor dessas promessas,

em que pese a ela incumbisse uma série de prestações, donde aconselhou a

que a polícia do Brasil buscasse rapidamente conhecer o teor desse documento.

Adiantou que entre as promessas devem estar a de que todos os recursos serão empenhados

e a de que a Copa transcorrerá em ambiente de absoluta ordem e paz. A responsabilidade

pelo cumprimento do “lance” é do Comitê organizador local.

Recomendou, também, a estruturação de suporte legal para desenvolver as atividades e

operações da copa, destacando que isso é extremamente importante. É preciso ter legislação,

principalmente de vigência temporária, que: regule a ação de multidões; autorize a autoridade

policial a declarar o estádio um local público; preveja o ingresso de medicamentos e

equipamentos às delegações estrangeiras; estabeleça o controle de acesso a hotéis onde

hospedados os executivos da FIFA e as delegações; regule a ação de vendedores

ambulantes; estabeleça zonas livres de trânsito (para rápida circulação de viaturas,

ambulâncias e veículos de emergência); estabeleça regras de marketing e publicidade (na

África do Sul há a criminalização do que chamou de “marketing de emboscada”).

O palestrante enfatizou o caráter empresarial e comercial da FIFA, cujos direitos de imagem

devem ser resguardados. Diante disso, informou da necessidade de capacitar policiais no que

respeita aos crimes contra a propriedade imaterial, com a criação de equipes de patrulha para

a proteção desses direitos. Informou que a FIFA mantém permanentemente advogados para

viabilizar a adoção de providências policiais e judiciais.

Para melhor eficácia das o departamento de polícia elaborou um anteprojeto de lei, que foi

encaminhado e aprovado pelo Legislativo sul-africano.

Destacou-se a importância da instituição de Tribunais Especiais para o julgamento de crimes

menos graves envolvendo estrangeiros, com funcionamento ininterrupto. Neles, quando a

pena é pecuniária, o pagamento é feito imediatamente, inclusive por meio de cartão de crédito.

4.1.1.3 Atividades externas

4.1.1.3.1 1ª Palestra – Ten.Cel. Myki.

Visita ao Loftus Stadium, cujo palestrante, comandante Myki, responsável pelo

trânsito metropolitano de Pretoria, verbalmente nos transmitiu um apanhado

geral de como foram planejados e executadas as atividades de transito quando

dos jogos realizados no referido estádio, dividindo a cidade em setores,

controlando tanto o trafego de pedestres como de veículos. Teceu comentários

também quanto a estrutura do Estádio, o qual classificou dentre os melhores do

pais, com capacidade para 5O.OOO mil espectadores, sendo que nele ocorrem

6 partidas, as quais não resultaram em qualquer ocorrência que merecesse

destaque, mesmo diante do grande fluxo de veículos e pessoas nos dias de

jogos, classificando esses dias com um movimento de 10 a 15 vezes maiores

que em dias normais.

Participaram e acompanharam nossa visita vários policiais, destacando-se as

presenças dos Cel. Hyneke e Thirbeni , bem como do Ten. Cel. Beeslaar. que

ocupam cargos de comando no pais.

4.1.1.3.2 Visita a Delegacia de Polícia (Comissaria de Policia).

Embora não constasse da agenda, após o almoço fomos visitar e conhecer a

estrutura de uma Unidade Policial da cidade, especificamente a do Bairro do

Brooklin, cujo comandante, equivale ao Titular de um Distrito da cidade de São

Paulo. Seu comandante é o Brigadeiro Wiege, que de forma gentil nos deu

uma noção geral do funcionamento de sua Unidade, esclarecendo que tem sob

seu comando 350 policiais, sendo a população da área em torno de 140.000

pessoas, onde se localizam faculdades, grande parte das Embaixadas e

pessoas de alto poder aquisitivo. Disse ser responsável por todos os tipos de

delitos, pois o sistema policial não dispõe de Unidades Especializadas, e a

Unidade e dotada de Cadeia com capacidade para 60 presos, onde ficam

recolhidos apenas os presos provisórios. O trabalho de policia judiciária é feito

na forma de Dossiê, e no caso de flagrante a comunicação a Corte bem como

a apresentação do preso deve ser feita em 48 h.

O ingresso na carreira é mediante edital de vagas e apresentação de

curriculum, e a progressão e por avaliação interna, não se exigindo curso

superior, idade mínima para ingresso, 18 anos, máxima, 35 anos. A carreira

policial e única, com segmentos civil e uniformizado.

4.1.1.3.3 3ª exposição do dia - Ministrada na NATJOC – National Joint

Operation Center, foi dividida em dois blocos, a primeira fala coube ao Cel

Dafel, comandante do Centro, e segunda pelo Cel. Scot. Comandante das

Forcas Especiais da Policia, que coordenou as ações policiais antes e durante

a Copa.

O Centro que é o Controle de Inteligência das Operações, foi criado para cobrir

o Campeonato Mundial de Futebol, sendo mantido para grandes eventos, esta

sediado na Base da Forca Aérea em Pretória, interligado com Centros

paralelos nas cidades sedes dos jogos, onde os trabalhos são desenvolvidos

integrados com outros Órgãos, como Saúde, Imigração, Divisas, Forcas

Armadas, Turismo, etc. .cujo planejamento das Operações foi desenvolvido

pelo Cel Scot de forma minuciosamente detalhada e extensa, cuja

demonstração iniciada por volta de 17:00 h, encerrou-se as 21h00 h, constando

para tanto, a integra do trabalho em anexo a ser juntado neste relatório,

carente de tradução, observando-se que grande parte do mesmo esta inserido

no relatório anterior.

Os palestrantes esclareceram e insistiram que o planejamento envolve pessoas

comprometidas com o resultado desejado, devendo ser iniciado com bastante

antecedência para serem checados todos os riscos inerentes de grandes

eventos e que em termos de segurança, não tiveram nenhuma ocorrência de

repercussão na cobertura da Copa do Mundo que sediaram.

4.1.1.4 Data: 25NOV10, Quinta Feira - JOHANESBURGO e PRETÓRIA

Manhã: 10h00 – Viagem para Johanesburgo para visita ao “Soccer City

Stadium”;

Tarde: 12h05 – Apresentação sobre o plano de policiamento para abertura da Copa do Mundo no

“Soccer City” e visita às Instalações do Estádio;

4.1.1.4.1 14h45 – Visita à “University of the Witwatersrand” – a “Wits”

A delegação foi recebida pelo Coronel Dafel, pelo Tenente Coronel Beerlaar e

pelo Capitão Castro, todos da Polícia Sul Africana, e conduzida a um auditório

no interior do estádio, onde o “Gerente/Administrador” do estádio deu suas

boas vindas e passou a palavra ao Tenente Coronel Beerlaar, que das 12.05h

às 12.55h expôs à delegação o plano de policiamento desenvolvido para a

abertura da Copa do Mundo, que ocorreu no “Soccer City”.

4.1.1.4.2 Na sua palestra, o Tenente Coronel Beerlaar descreveu os vários

aspectos das operações planejadas para o dia da abertura da Copa do Mundo

naquele estádio, destacando-se, entre muitas informações transmitidas: a

localização dos estádios de treinamento usados pelas seleções na proximidade

do estádio; as estações de polícia mais próximas; as rotas de acesso ao

estádio; a localização da estação de trem mais próxima; características das

imediações (como a proximidade com o bairro de Soweto); os esquemas de

isolamento e controle de acesso feitos pela polícia; os pontos de revista de

veículos; as áreas de estacionamento de VIPs e VVIPs; a localização de

patrulhas, pontos de revista, pontos de orientação; as rotas e rodovias de

acesso dos jogadores, técnicos e juízes; a localização da base da força de

reação e intervenção em emergências, etc.

Em seguida, às 13.00h, iniciou-se uma rápida visita a algumas dependências

do estádio.

4.1.1.4.3 Inicialmente a delegação visitou as instalações destinadas a um posto

de polícia no interior do estádio, para os dias de eventos, que pode funcionar

inclusive como um posto de detenção provisória, visto contar com três celas,

até que seja possível conduzir as pessoas detidas à estação de polícia mais

próxima.

Em seguida, foram visitadas as dependências do “VOC- Venue Operacional

Center”, que é o centro de controle das operações no estádio, onde a

delegação pode observar a estrutura que foi disponibilizada desde a abertura

da Copa do Mundo, com monitores com vistas de vários pontos estratégicos do

estádio e salas próprias para os integrantes da organização local.

As instalações do “VOC” davam acesso ao interior do estádio, com vista para o

gramado e os assentos, sendo que ali a delegação pode observar o interior do

belo estádio e tirar algumas fotos de recordação.

4.1.2 Palestra do representante do LOC FIFA na África do Sul

Data: 22/11/2010

Local: WTC – Av. Nações Unidas, 12.559 – São Paulo - SP

Palestrante: FAROUK SEEDAT, CFO-Chief Financial Officer - do comitê

organizador da Copa 2010 – África do Sul

Citações Importantes:

Com relação às sedes, informar as cidades que elas serão realmente

transformadas. Há um caráter educativo em tudo, este é o legado. Uma

boa frase para elas é a seguinte: É o seu momento.

Estabelecer parcerias valiosas

Os alemães estavam na África o tempo todo

Com relação a comentários de que o Brasil não conseguirá construir

estádios, disse: o estádio de Wemblay na INGLATERRA – frisou –

estourou o prazo de construção e o orçamento inicial previsto...

Observem bem onde focar energia

Com relação a gastos, foi dito que a cifra atingiu os US$ 40 Bi,

computando-se os investimentos realizados desde a campanha pela

disputa da sede.

Erro: não lidaram com as exigências da FIFA com antecedência, não

perceberam os detalhes e as exigências, no entanto, certifique-se de

que algo exigido pela FIFA é realmente necessário

Cada dólar gasto está alcançando o retorno máximo

A FIFA aumenta as demandas, exemplo: no último ano ela definiu que a

transmissão seria em full HD, conseqüentemente tiveram que trocar as

lâmpadas de todas as arenas para produzirem a iluminação adequada, e

o resultado foi um investimento extra de US$ 1 milhão

Foram vendidos 70% dos ingressos. Houve necessidade de criar uma

categoria especial de ingressos em todas as sedes para atender o povo

sul africano.

Uma Copa do mundo pode transformar o país no turismo, indústrias,

etc., pode orientar o crescimento da economia para muito além dos

quatro anos seguintes

Utilize-se de serviços de consultorias

O estádio Nelson Mandela foi construído em 20 meses

O caderno de encargos da FIFA é a bíblia da Copa

Gastos com segurança pública: US$ 40 milhões

O nível de barulho não pode extrapolar o estádio

Fornecimento de energia foi o 2º maior custo para a realização da Copa.

Obs.: durante a palestra o assunto energia elétrica foi citado várias

vezes, pois houve uma exigência da FIFA com relação a este assunto.

Um apagão no meio de uma partida deste nível causa prejuízos

incalculáveis pelo mundo

Há necessidade de previsão de duas instalações de treinamento por

sede, próximas ao estádio. Não subestimem a abertura do estádio para

treinamento das equipes

Planejamento de transporte e trânsito é muito importante, há

necessidade de certificar-se de que o acesso ao estádio seja

assegurado

Segurança: Houve muita pressão sobre o nível de segurança da África

para a realização da Copa. A Copa aconteceu e não houve ocorrência

grave que merecesse destaque; compartilhem seus planos com a FIFA

Cuidar da gestão do lixo nos estádios e demais eventos é importante

porque causa uma impressão duradoura nas pessoas

A cidade deve parecer linda para o mundo

Com relação ao voluntariado, o governo sul africano tem um programa

específico de atendimento aos jovens, e direcionou os recursos deste

programa para ONGs que se encarregaram de selecionar, preparar e

treinar voluntários JOVENS como parte do programa. Foram utilizados

14.000 voluntários.

O local do Fan Fest é crítico

Fan Fest é nas proximidades dos estádios e telões são em qualquer

lugar longe dos estádios. Houve jogos cujas presenças de público nos

telões foi maior que no estádio

Com relação ao incentivo às pequenas empresas nacionais, foi dito o

seguinte: não deixem que as grandes empresas estrangeiras lhes digam

o que tem que fazer, através das consultorias identifiquem e prefiram as

nacionais

Testem o planejamento de transporte várias vezes

A CBF, na Copa da Alemanha, recebeu US$ 10 milhões para deixar a

seleção brasileira fazer a pré temporada numa cidade Suíça

A comunicação não foi boa na Copa das Confederações, tudo teve que

ser ajustado para a Copa do Mundo.

A vantagem na realização de uma Copa surge quando se casam os

interesses do promotor do evento com os interesses institucionais já

previstos em orçamentos, pois se desenvolve um capacidade importante

de encontrar dinheiro e, conseqüentemente aceleram-se as previsões de

crescimento e investimentos, melhora hospitais, estradas, aeroportos,

polícia, educação, turismo, etc., há uma aceleração do que já estava

previsto.

O financiamento da Copa na África veio de três fontes:

1ª Federal: destinada à infra-estrutura e aeroportos. Foram realizados

contratos com setores privados e a exigência do governo foi pela

contratação de pequenas e médias empresas nacionais capazes de

competir com as internacionais

2ª Cidades sedes: destinada à construção dos estádios, receberam um

bônus do governo federal e também buscaram fundos na iniciativa

privada

3ª FIFA: todos os demais gastos exceto os anteriores citados, ex.: jogos

A FIFA exige que, além da língua nativa do país sede, sejam oferecidos

serviços em mais e línguas: inglês, francês e espanhol

Já na seleção de voluntários, por exemplo, exijam uma das línguas

indicadas pela FIFA

Aliança da Secretaria Municipal de Esportes com Brasil Cultural deve

preparar 40.000 pessoas na língua inglesa até 2014. O acordo começa a

partir de janeiro de 2011

Há outros programas voltados à preparação em línguas: o programa

bem receber copa e o programa ola turistas, ambos do Governo Federal

O movimento de aeronaves na África foi 13 vezes maior que o da Copa

da Alemanha de vôos das Cias aéreas, e 27 vezes maior de jatos

particulares

O técnico é quem decide o local onde a seleção vai ficar. Na África, das

32 seleções, 27 decidiram ficar na altitude e nenhuma ficou no nível do

mar

Quanto à segurança, houve grandes investimentos, foram buscar todo o

aparato e treinamento para a Copa. O Governo teve total

responsabilidade sobre isso, o emprego e treinamento da polícia foi

responsabilidade do Governo

O Prefeito Kassab visitou a África durante a Copa e manifestou interesse

em trazer a central de mídia para São Paulo – Parque Anhembi.

4.2. FIFA aprovou plano de segurança abrangente

O plano do Comitê Organizador, de segurança global, foi apresentado ao

mundo do futebol e à FIFA em Junho de 2008 e foi aprovado. Trata-se de

como a África do Sul enfrentaria as ameaças de terrorismo, vandalismo e

outros crimes. O plano considerou que países competidores também estariam

enviando seus próprios policiais especialmente treinados para ajudar com a

língua e as diferenças culturais e apoiar os sul-africanos. Os organismos de

segurança realizaram várias simulações e exercícios de treinamento - como a

defesa marítima e aérea, incidentes químicos, biológicos, radioativos e

nucleares, com simulações na Cidade do Cabo, Pretória, Bloemfontein e Port

Elizabeth.

Na área de segurança, o Serviço de Polícia da África do |Sul -SAPS aumentou

de 41 mil para 46 mil o número de policiais trabalhando na Copa-2010, sendo

31 mil efetivos e 15 mil reservistas que participam de treinamentos. O

investimento no plano de segurança é de 640 milhões de rands (US$ 86,5

milhões).

Outros 665 milhões de rands (US$ 89,9 milhões) foram gastos em

equipamentos de alta tecnologia, como pequenos aviões operados por controle

remoto, dez canhões aquáticos, 100 BMWs para patrulhamento das rodovias e

novos helicópteros para monitorar o deslocamento das seleções pelo ar. Tudo

isso é operado através de quatro centros de comando, equipados para receber

imagens em tempo real de aviões, helicópteros e de outros sistemas de

câmeras instalados.

Esses 46 mil homens exclusivos para a Copa do Mundo operaram nas nove

cidades-sede e em outras áreas estratégicas, que incluem portos de entrada,

aeroportos e 54 pontos de fronteiras. A equipe de segurança priorizou o estudo

de trajetos, aos locais de concentração e treinamento, hotéis e estádios -

explicou o comissário chefe do SAPS, Bheko Cele.

Somando efetivos da Marinha, do Exército, da Aeronáutica, além de

especialistas em perícias, mais de 140 mil homens trabalharam no projeto

nacional de segurança para a Copa do Mundo.

Mais de três mil torcedores ingleses, já fichados em seu país por atos de

vandalismo, estavam impedidos de entrar na África do Sul durante a Copa do

Mundo, em um trabalho conjunto com a Interpol e outras forças policiais

européias.

As 32 seleções participantes foram vigiadas 24 horas por dia. Milhares de

câmeras, cães farejadores, membros do esquadrão antibombas, escoltas e

policiais em cada andar e nos quatro cantos dos hotéis serão uma rotina no dia

a dia.

A Unidade de Explosivos do SAPS fez varreduras antes de os jogadores

descerem para o ônibus oficial de cada seleção. Cada hotel passou por

inspeção semelhante do esquadrão enquanto os atletas estiverem treinando ou

jogando.

A FIFA organizou, em Zurique, um seminário com os chefes de polícia de 29

dos 32 países classificados para o Mundial. O Brasil esteve presente através

da Polícia Federal. A FIFA, o COL-2010 e as forças de segurança sul-africanas

tiveram a ajuda de agentes de vários dos 188 países membros da Interpol, que

também participou do seminário. Especialistas de Israel, dos Estados Unidos e

da Alemanha, no combate ao terror, também foram requisitados pela África do

Sul.

O plano de segurança da Copa do Mundo foi algo jamais visto num país que

terminou 2009 com alta taxa de desemprego e criminalidade.

4.3. PLANO DE PROTEÇÃO E SEGURANÇA PARA A COPA DO MUNDO

DE FUTEBOL FIFA 201043

Ambiente de Segurança na África do Sul Infraestrutura de Segurança Proposta Componentes da Estratégia de Segurança Proposta Planos de Segurança para os Locais dos Eventos Treinamento de Proteção e Segurança

4.3.1 O item proteção e segurança foi considerado de suma importância no

processo de planejamento estratégico da Copa da África 2010. A Federação de

Futebol Africana – SAFA, se manteve confiante e responsabilizou-se em

oferecer um torneio seguro para a FIFA. Esta confiança baseou-se numa

concepção avançada de segurança, conforme descrições e fatores explorados

neste documento.

Durante as duas décadas passadas, a África do Sul estabeleceu um invejável

recorde de realizações de grandes eventos sem incidentes, são eles:

1994 – a posse de Nelson Mandela;

1995 – Copa do Mundo de Rugby;

1996 – Copa Africana das Nações;

1999 – a posse de Thabo Mbeki;

2003 – Copa do Mundo de Cricket, e

2003 – Cúpula Mundial das Nações Unidas para o

Desenvolvimento Sustentável.

Como um dos principais membros de movimentos não alinhados, a África do

Sul se mantém afastada de áreas próximas associadas ao aumento de tensão

após o 11 de setembro de 2001.

43

South Africa 2010, Africa´s Stage, Bio Book, 2007.

Devido a estes fatores, positivos e encorajadores, a SAFA adotou o modelo de

proteção e segurança desenvolvidos pelo serviço de segurança do país

utilizados na organização dos grandes eventos que realizou.

O modelo sul-africano de proteção e segurança, resultou de uma pesquisa

global a grandes eventos, o que lhes trouxe uma rica experiência colhida nos

principais acontecimentos esportivos: Jogos Olímpicos de Verão 2000 em

Sidney, Copa do Mundo do Japão e Coréia – 2002 e jogos Olímpicos de

Inverno em Salt Lake City. Juntas, a experiência adquirida na consolidação das

pesquisas possibilitou a adoção de um modelo aplicável às condições da África

do Sul.

Uma condição constante e fundamental ao modelo é a sua implantação em um

ambiente amistoso e acolhedor.

Planejamento meticuloso e pontual, treinamento de primeiro mundo, orientação

personalizada de proteção e segurança, integração e recursos suficientes para

atendimento global das operações de segurança e proteção, foram as

premissas utilizadas pela África do Sul para garantir que a Copa de 2010 se

realizasse num ambiente seguro e amistoso.

4.3.2 Ambiente de Segurança na África do Sul

Na África do Sul ocorreu uma queda dos indicadores de vários tipos de crimes

assim que o novo Governo assumiu, em 1994. Duas ações principais do

governo sul-africano - a estratégia nacional de prevenção ao crime, lançada em

1996 e a estratégia nacional de combate à criminalidade, lançada em abril

2000 -, desenvolveram um papel fundamental e importante para o resultado.

As pesquisas de segurança realizadas na preparação do país para a Copa

revelaram a manutenção da tendência de queda dos indicadores criminais.

O aspecto central da estratégia nacional de combate à criminalidade foi o

aumento do efetivo policial e o incremento de uma nova polícia local, com

8.500 homens/mulheres, capaz de controlar as cinco regiões metropolitanas.

Um dos resultados desta iniciativa, foi o alcance de 240 policiais para grupos

de 100.000 habitantes, o que se comparou a normas globais dos países

desenvolvidos e da Coréia do Sul na realização da Copa de 2002.

4.3.3 Projeção de Aumento dos Recursos Humanos

Com o crescimento global da segurança privada no mundo, a África do Sul

desenvolveu um grande pólo de segurança privada regulada pelo Estado, na

região norte do país, a qual incorporou mais de 245.000 seguranças

registrados e treinados. Estes profissionais desempenharam um valioso papel

na segurança de eventos internacionais ocorridos na África do Sul antes da

Copa de 2010.

4.3.4. Estrutura de Segurança Proposta

A África do Sul propôs-se a empregar uma estrutura de segurança para a Copa

2010 testada e aprovada em grandes eventos. Um comitê ministerial chefiou a

implantação do modelo, baseado em tomadas de decisões operacionais e

filtragem do nível de comunicação aos vários níveis da cadeia hierárquica.

Os elementos operacionais da coordenação da estrutura subordinaram-se ao

serviço de Segurança do Estado, na forma da Estrutura Nacional de Operações

e Inteligência, pois se pretendia que o sistema operasse em conjunto com a

alta Direção de Segurança do Comitê Local da FIFA.

4.3.5. Componentes da Estratégia de Segurança Proposta

O objetivo sul-africano foi desenvolver uma estratégia de proteção e segurança

de primeiro mundo, e submeter o planejamento completo à apreciação da FIFA

dois anos antes do início do torneio.

4.3.6 Planejamento e Gerenciamento Operacional

As atividades prévias de proteção e segurança para o torneio preliminarmente

incluíram o seguinte:

Desenhar o plano em conjunto com a SAFA e a FIFA e

submeter à aprovação do Sistema de Inteligência e do Comitê

Ministerial;

Quantificar os recursos humanos necessários;

Prover toda a logística necessária às Forças de

Segurança;

Desenvolver uma estratégia de prevenção criminal

específica para os pontos turísticos, campos oficiais e itinerários;

Desenvolver uma estratégia de segurança para o

transporte público;

Criar um controle de pessoas indesejadas nos pontos

de entrada ao território sul-africano;

Planejar o aumento da segurança nos aeroportos;

Desenvolver um plano de segurança para os hóspedes

nos hotéis e arredores;

Desenvolver um plano de segurança em todos os

eventos oficiais;

Desenvolver um plano de segurança para todos os

agentes da FIFA e SAFA;

Desenvolver um plano de segurança para a central de

mídia, central de transmissão e imprensa;

Desenvolver um plano de gerenciamento de multidões;

Ajustar uma autoridade pública que cuidasse das

atividades de aplicação da lei;

Coordenar um serviço de gerenciamento de desastres

que funcionasse 24 horas ininterruptas;

Criar uma estrutura para investigar crimes relacionados

ao torneio;

Desenvolver um plano de prevenção a ataques

químicos, bacteriológicos e explosivos em todos os locais de eventos

oficiais;

Criar um sistema de inteligência, estratégico e tático, de

prevenção criminal;

Estabelecer respostas rápidas a situações de alto risco,

e uma estratégia antiterrorismo;

Criar um sistema de proteção pessoal aos VVIPs e

VIPs, incluindo a escolta dos agentes oficiais da FIFA, delegados oficiais

das partidas e equipes;

Estabelecer um sistema de apoio aéreo caso

necessário, e

Desenvolver uma estratégia de comunicação positiva

ao público.

4.3.7Sistema Nacional de Inteligência

Um comitê de coordenação nacional de inteligência – NICOC utilizou a

estrutura de inteligência estratégica e tática para receber as informações e

preparar um mapa detalhado de riscos. A Agência Nacional de Inteligência, o

Serviço Secreto Sul-africano, o Serviço de Inteligência Policial e o Sistema de

Inteligência de Defesa foram responsáveis por alimentar o NICOC de

informações estratégicas e táticas relevantes, as quais foram consolidadas e,

por sua vez, fornecidas ao Sistema Operacional de Inteligência do país.

A comunidade de inteligência também se comprometeu com as seguintes

tarefas:

Promover a habilitação e seleção de todas as pessoas credenciadas

(houve exceções ajustadas com a FIFA);

Proteger os equipamentos de telecomunicações e tecnologia de

informações do torneio, bem como medidas de vigilância a vários

eventos que relacionaram com a Copa de 2010;

Produzir e emitir credenciais;

Selecionar todos os prestadores de serviços e voluntários; e

Fornecer segurança física dos hotéis e locais do evento.

4.3.8 Centro de Operações do Sistema Nacional de Inteligência e os

Centros de Operações dos Locais de Eventos

O Sistema Nacional de Inteligência estabeleceu um Centro Nacional de

Operações – NATCOC, aproximadamente um mês antes do evento.

Esta estrutura foi espelhada nos Centros de Operações - PROVJOCs criados

nas cidades sedes.

Os PROVJOCs permaneceram gerenciando a proteção e segurança, e

disseminando informações durante as 24 horas do dia. Eles coordenaram as

ações dos centros de operações dos locais de eventos.

Uma estrutura de comando e controle, funcionando 24 horas, foi criada em

cada arena, todos os hotéis, escritório da FIFA, sede do Comitê Organizador

Local da FIFA e em todos os locais com eventos relacionados ao torneio.

4.3.9 Departamento de Justiça e Assistência a Estrangeiros

Representantes do Departamento de Justiça, do Ministério Público e da

Assistência a Estrangeiros foram designados para coordenar decisões efetivas

e rápidas de delitos relacionados ao torneio.

Este processo incluiu o seguinte:

Todos os estádios foram dotados de profissionais adequados,

juntamente com as estações policiais, e, um centro de serviços

comunitários;

Apreensões e processos de qualquer pessoa, de fatos ocorridos nos

estádios ou arredores, foram coordenados pelos centros de comando e

controle dos estádios, e utilizou-se a aplicação dos termos de adequada

e relevante legislação para a aplicação da lei;

O departamento de justiça e apoio a estrangeiros designou equipes para

os locais dos eventos, para facilitar os processos com estrangeiros;

Nos dias de jogos, os fóruns próximos aos estádios cumpriram um

horário especial de funcionamento para facilitar o seguro, rápido e

eficiente processo judicial, e

O departamento de justiça, juntamente com o departamento de marcas e

indústria produziram legislação específica para proteger as marcas

comerciais da FIFA, particularmente com referência a atividades

mercadológicas paralelas.

4.3.10 Garantias governamentais

Nas garantias requeridas pela FIFA, proteção e segurança são itens de

relevante importância. O Governo da África do Sul assinou e apresentou as

garantias requeridas, inclusive relacionadas a:

Segurança a todas as categorias de pessoas

credenciadas e espectadores durante o evento;

Desenvolver plano de segurança abrangente;

Prever escolta policial para todas as equipes

participantes, jogos oficiais e delegações da FIFA;

Proteger os direitos de propriedades da FIFA;

Disponibilizar um abrangente atendimento

médico e bases de serviços de emergências médicas 24 horas, e

Assegurar transporte de massa para os

espectadores.

4.3.11.Segurança dos Ingressos

Um completo plano de segurança dos ingressos fez parte do planejamento

estratégico.

4.3.12.Segurança da Tecnologia de Informações

Um completo plano de segurança das plataformas tecnológicas fez parte do

planejamento estratégico.

4.3.13.Segurança do Credenciamento

Um abrangente plano de segurança das credenciais fez parte do planejamento

estratégico.

4.3.14.Segurança de Aeroportos e Imigração

O Comitê de Coordenação Operacional do Controle de Fronteiras, baseado em

Johannesburg, foi designado para garantir um seguro e rápido acesso de todos

os membros da FIFA ao país. Também foram incluídos nesta tarefa os

seguintes órgãos:

A Companhia de Aeroportos da África do Sul;

O Departamento de Imigração;

O Departamento de Apoio a Estrangeiros;

O Departamento de Alfândega e Impostos

A Polícia de Fronteiras;

A Agência Nacional de Inteligência;

O Serviço Secreto Sul-africano;

A Autoridade Civil de Aviação;

O Serviço de Tráfico e Navegação Aérea;

O Controle de Tráfico Aéreo;

O Protocolo de Estado;

O Departamento de Esportes e Recreações;

A South African Airways;

O Comitê de Organização Local;

A Direção de Segurança do Comitê de

Organização Local, e

Organizações do Trabalho.

Esta estrutura foi replicada em cada Comitê de Coordenação

Operacional de Controle de Fronteira regional em todos os pontos de

entrada do país, e funcionou 24 horas por dia, sob coordenação dos

Centros de Controle Locais.

As seguintes personalidades receberam atendimento especial pela

imigração e nos aeroportos, são elas: Chefes de Estado,

Representantes Diplomáticos, Convidados da FIFA ou do Comitê de

Organização Local, todos os indivíduos credenciados e os grupos de

torcidas organizadas.

Os ajustes dos serviços de proteção e segurança nos aeroportos

incluíram as seguintes medidas:

Isenção de visto para certas personalidades

credenciadas;

Policiamento ostensivo

Criação de áreas restritas para encontros e

reuniões;

Estabelecimento de agentes de alfândega

específicos e canais de imigração para as categorias identificadas

de membros da FIFA;

Prioridade nas entregas das bagagens dos

membros da FIFA

4.3.15. Controle de Pessoas Indesejadas

A África do Sul utilizou um sofisticado sistema eletrônico de imigração para

sinalizar a identificação de criminosos e terroristas internacionalmente

conhecidos, e prevenir que acessassem o país. Sob análise prévia da FIFA,

cooperação da Interpol e participação das agências de segurança das nações

participantes, este sistema foi implantado para garantir que indivíduos

envolvidos em ocorrências criminais relacionadas ao futebol não fossem

aceitos na África do Sul antes ou durante o torneio.

Medidas adicionais para o controle de entrada de pessoas indesejadas foram

implementadas, quais sejam:

Troca de informações entre autoridades sul-

africanas e das nações participantes a respeito dos ingressos

adquiridos, com a finalidade de acompanhar aqueles comprados

por torcedores cadastrados como perigosos;

Controle eletrônico dos ingressos internacionais

vendidos, para garantir a entrada do torcedor no interior do

estádio;

Disponibilização de membros de unidade

especial de combate ao crime, para garantir a segurança dos

meios de transporte a serem usados pelos torcedores durante o

evento;

Implementação de pontos diferentes de

embarque e itinerários, com a finalidade de evitar o encontro

entre torcidas rivais e possíveis confrontos, replicando a medida

no centro da cidade e nos arredores do estádio;

Coleta de informações por parte de agentes

infiltrados nas torcidas e nos pontos turísticos;

Utilização de identificação biométrica, baseada

em bancos de dados de torcedores indesejados cadastrados

fornecidos pelas agências de segurança das nações

participantes, e

A disponibilização de agentes policiais treinados

para o controle de multidões e técnicas de supressão da

violência, em todas as áreas de risco.

4.3.16. Plano Específico de Segurança para os VIPs

Desenvolvido um plano específico e detalhado de segurança para os VIPs, o

qual foi implementado para as seguintes categorias:

A Delegação da FIFA;

As equipes;

Os jogos oficiais;

VIPs convidados, e

Executivos do Comitê de Organização Local.

Este plano específico atendeu às seguintes medidas:

A disponibilização de equipes de forças

especiais altamente treinadas, agentes de proteção

individual experientes de segurança privada, os quais

foram responsáveis diretos pela segurança e transporte de

VIPs e equipes durante todo o tempo;

Estratégia específica de segurança de

VIPs, em trânsito, na chegada, permanência e partida de

todos os estádios, instalações oficiais e nos demais

eventos e locais oficiais. Também incluiu o

acompanhamento por satélite dos veículos utilizados;

Escolta de veículos de emergência

policial;

Aplicação de um rigoroso processo de

controle de acessos às áreas ocupadas pelos VIPs;

Implementação e execução de “ilhas de

segurança” no local de realização dos eventos oficiais;

Varredura regular para detecção de

explosivos nos locais designados para os VIPs, em todos

os eventos oficiais;

Instalação de medidas eletrônicas de

segurança, CFTV para captação e armazenamento de

imagens, nas áreas freqüentadas pelos VIPs;

Desenvolvimento de estratégia de

proteção e segurança efetiva e eficaz, porém discreta para

que o nível de exposição fosse adequado à aceitação

pública.

4.3.17.Plano Específico de Segurança para Locais Especiais

4.3.18.Plano de Segurança para os Escritórios da FIFA e LOC

O completo levantamento de riscos e avaliação de segurança do escritório

central da FIFA e SAFA compôs plano específico de segurança para estes

locais, o qual incluiu as seguintes medidas:

Criação de uma “ilha de segurança” no local e

arredores, com emprego de efetivo policial e segurança

privada;

A implantação de restrito controle de acessos,

com a utilização de sistema eletrônico de verificação;

Utilização de sistema de CFTV com gravação

de imagens e sistema de identificação biométrica facial,

wireless e sistema de detecção de incêndios;

Uso de equipamento para detecção de metais

e máquinas de raio “X”;

Todas as visitas aos escritórios da FIFA e

LOC somente com agendamento prévio e monitoradas, e

Sistema de arquivo e armazenagem de

documentos à prova de fogo.

4.3.19.Plano de Segurança para a Central de Mídia

A Central de Mídia foi considerada local crítico e bastante sensível, pois reuniu

todos os veículos de comunicação disponíveis para exibição internacional do

evento.

Em abril de 2003, mais de 100.000 veículos automotores ficaram estacionados

durante duas semanas, participando de uma exibição internacional, e nenhum

deles foi roubado ou sofreu qualquer tipo de violação.

Todos os acessos à Central de Mídia, áreas de mídias dos estádios, locais de

treinamento e hotéis foram controlados pela aplicação de restrito sistema

automático de verificação de credenciais, o qual assegurou a integridade de

todos no processo.

Foram incluídas medidas adicionais de segurança ao sistema de

credenciamento, quais sejam:

Força policial presente em áreas de

concentração de mídia;

Controle de acessos e verificação de

pertences e equipamentos nas entradas dos locais

designados à mídia;

Policiais e segurança privada presentes nos

meios de transporte designados para atender o pessoal de

mídia formalmente credenciado, especialmente vans e ônibus

locadas, e

Policiais e segurança privada presentes em

todas as entrevistas coletivas de imprensa.

4.3.20.Plano de Segurança para os Parceiros Comerciais da FIFA

O Governo da África do Sul assumiu responsabilidade importante na vigilância

de propriedades intelectuais da FIFA: suas marcas, produtos, etc.

Esta responsabilidade obrigou o país a desenhar moderna legislação para

coibir ações que violassem os direitos da FIFA.

Aproveitando experiência anterior nesta área, a SAFA desenvolveu estratégia

para aplicação da legislação desenhada, e assim, garantir a integridade dos

direitos intelectuais da FIFA.

Para tanto, foram aplicadas as seguintes medidas:

Estabelecimento de uma equipe antipirataria,

estruturada para operar na linha de frente, coordenados por

uma divisão interna, a qual contou com a participação de um

policial especialista em crimes comerciais, Diretor de

Segurança da SAFA e representantes da FIFA.

As equipes que atuaram nos locais de

eventos foram apoiadas por outras que se utilizaram de dois

tipos de rádio comunicação;

Foi desenvolvido manual de procedimentos

para utilização por policiais e seguranças privados;

Deflagrada campanha de mídia educativa,

com a finalidade de alertar a população com relação às

conseqüências do comércio ilegal, e

O país adotou uma iniciativa nacional

antipirataria.

4.3.21.Segurança das Premiações do torneio

A Direção Local responsabilizou-se pela segurança e transporte de toda a

premiação do torneio, inclusive a Taça e as medalhas.

4.3.22.Eliminação de toda a Propaganda não Oficial

As autoridades locais garantiram a eliminação de qualquer propaganda não

oficial ou desalinhada com o requerido pela FIFA, em todos os locais de

eventos relacionados ao torneio, dez dias antes do início da Copa, até um dia

após seu término.

4.3.23.Segurança para os Eventos Oficiais

Estratégia específica de segurança foi desenvolvida para cada evento, e

recebeu a mesma importância destinada aos locais de competição.

Os sistemas de segurança implementados foram testados, auditados e

divulgados às partes interessadas.

Desenvolveu-se prática de sintonia fina entre as ações de segurança e a

preocupação em não produzir sensação de exagero na opinião pública.

4.3.24.Gerenciamento de Desastres

Cada local de evento recebeu certificado de proteção e plano completo de

gerenciamento de desastres, o qual incluiu procedimentos de evacuações e

planos de contingências múltiplas para todo tipo de emergência. Cada

comando local assegurou que os agentes públicos, seguranças privados,

serviços de emergência e voluntários de suas respectivas bases estivessem

cientes de todos os planos de gerenciamento de desastres elaborados.

4.3.25.Segurança Alimentar

Este é um aspecto muitas vezes negligenciado pela segurança, no caso da

África do Sul, recebeu uma especial atenção com a formação de um Comitê de

Saúde que envolveu: o Departamento de Saúde, autoridades de Segurança

Pública, Diretores de Segurança e autoridades locais e governamentais

envolvidas com assuntos relacionados à saúde.

Este Comitê garantiu que a regulamentação sobre saúde e higiene fosse

aplicada em todos os alimentos e bebidas oferecidos nos estádios, hotéis e

locais de eventos oficiais da FIFA.

O programa de segurança de higiene alimentar teve início doze meses antes

do evento e foi aplicado aos vendedores de alimentos e bebidas, fornecedores

credenciados dos estádios, dos hotéis, dos escritórios da FIFA e SAFA, e das

Centrais de Mídia.

O programa incluiu a inspeção dos seguintes tópicos:

Fontes dos alimentos;

Preparação;

Transporte;

Equipamentos dos fornecedores, e

Equipamentos de armazenagem e

refrigeração.

4.3.26.Plano de Segurança para os Hotéis das Delegações

Plano específico de segurança foi elaborado por Autoridades de Segurança

Pública, pelo Diretor de Segurança do Comitê de Organização Local e

Gerentes de Segurança dos Hotéis, para cada ponto de hospedagem das

delegações e da FIFA, o qual também incluiu os seguintes itens:

O estabelecimento de pequeno centro de

controle no hotel funcionando 24 horas;

Credenciamento e controle de acesso de

todos os funcionários do hotel;

Controle de acesso do público e medidas de

controle eletrônico de segurança, inclusive com utilização de

CFTV com gravação de imagens e identificação biométrica

facial;

Varreduras contra escutas, explosivos, e

demais objetos com potencial lesivo;

Balcões separados de check in para as

delegações de convidados da FIFA, e pavimento dedicado a

atender as necessidades da FIFA;

Auditamento da segurança alimentar;

Segurança pública reforçada no perímetro

dos hotéis, e

Aumento da ostensividade de proteção com

utilização de seguranças privados.

4.3.27.Segurança do Transporte Público

Completo plano de segurança para o transporte fez parte da estratégia.

O plano incluiu também os seguintes aspectos:

Triagem de motoristas e pilotos;

Credenciamento de veículos e motoristas;

Visível aumento da ostensividade policial nas

vias dos transportes públicos e rotas específicas para os

locais dos eventos oficiais e em todos os pontos de embarque

e desembarque.

4.3.28.Estratégia Anticorrupção

A África do Sul possui desenvolvido quadro legislativo e anticorrupção utilizado

na proteção a integridade dos códigos esportivos e grandes eventos do

esporte.

O objetivo do sistema foi garantir que nenhum jogador das partidas oficiais ou

outra personalidade considerada importante fossem expostos a qualquer

pessoa indesejada.

4.3.29.Terrorismo e Armas de Destruição de Massas

As estruturas do Sistema Nacional de Inteligência receberam a missão de

disseminar informações a toda a estrutura de segurança do país.

Foi disponibilizada uma força tarefa composta de unidades especiais de

segurança pública, com suporte aéreo, que permaneceu para pronto emprego,

em todos os locais de eventos, com a missão de promover ações de segurança

e proteção pró-ativas e reativas a eventuais ataques terroristas.

No mesmo sentido, a África do Sul, prudentemente, adotou uma conduta

internacionalmente reconhecida de reação a incidentes provocados por

agentes nucleares, biológicos ou químicos.

Agentes de Segurança Pública especializados e o Departamento Nacional de

Saúde, em conjunto com a Defesa Nacional, o Comitê Nacional de

Gerenciamento de Desastres e Serviços de Emergências Nacional, Regional e

Local foram treinados e equipados para atender a estes incidentes.

O Centro de Comando e Controle Nacional esteve preparado para gerenciar

incidentes ou tratar com terroristas, trabalhando em contato direto com o

Governo da África do Sul seguindo o protocolo nacional de proteção e

segurança e planos de contingência.

4.3.30.Assistência de Voluntários em Proteção e Segurança

A SAFA lançou um desenvolvido programa de voluntários. O objetivo foi

promover assistência amável e cordial ao público, e produzir atmosfera

amigável ao evento.

Por experiências anteriores em grandes eventos, o governo sul-africano

concluiu que a presença dos voluntários na linha de frente pode funcionar

como excelente fonte de informações para assuntos de proteção e segurança.

Coordenadores de voluntários tiveram assentos em todos os Centros de

Comando e Controle, e os voluntários receberam abrangente treinamento de

segurança, como um módulo particular de sua preparação para o evento.

Os voluntários também foram treinados nas seguintes áreas:

Ciência de todos os procedimentos para

controle de acessos e itens restritos para entrar nos estádios;

Agir como observadores locais para identificar

e localizar vendedores ambulantes e possíveis

comportamento indesejados;

Auxiliar as operações dos centros de

operações dos locais de eventos;

Oferecer assistência em diferentes línguas;

Prestar serviços dentro e fora dos locais de

eventos;

Atender as necessidades dos serviços

emergenciais de suporte;

Prestar serviços de suporte nos

estacionamentos;

Prestar serviços de suportes nos hotéis,

locais de eventos, aeroportos e traslados, e

Assistir aos espectadores nos centros de

informações e guarda-volumes de objetos restritos.

4.3.31.Comunicação Pública sobre as Questões de Segurança

Eficiente comunicação pública sobre as questões de proteção e segurança

foram fundamentais para a garantia de um ambiente tranqüilo e pacífico.

Campanhas seqüenciais de informações públicas foram conduzidas através de

mídias eletrônicas e sites oficiais, no período de preparação e no transcorrer do

torneio.

As campanhas também forneceram informações relacionadas aos seguintes

temas:

Sistema eletrônico de reserva de ingressos

pela internet;

Verificação automática de ingressos nos

estádios;

Termos e condições de venda de ingressos,

notadamente a impossibilidade de negociação de ingressos

comprados;

Lista de itens proibidos ou restritos nos

estádios, em dias de jogos da Copa do Mundo da FIFA;

Estratégia de prevenção à prática de venda

de objetos falsificados;

Regras genéricas dos estádios;

Orientações com relação ao itinerário a ser

utilizado em dias de jogos;

Ajustes em parques e áreas de trânsito a pé

em dias de jogos;

Locais de estacionamentos no perímetro dos

estádios, e

Rota dos espectadores para os estádios em

dias de jogos.

4.3.32.Planos de Segurança para os Locais das Partidas

Específico e altamente detalhado plano de segurança foi desenvolvido para

cada local de partida da Copa do Mundo 2010, na África do Sul.

A essência destes planos baseou-se em três anéis concêntricos de segurança

no perímetro de cada estádio:

O primeiro anel foi chamado de Zona de Alerta de

Tráfico, uma área onde a polícia separou e filtrou os pedestres

torcedores dos não torcedores, controlou o tráfico de veículos

permitindo a entrada apenas dos credenciados e certificou-se de que

apenas titulares dos ingressos acessassem o perímetro interno dos

arredores do estádio;

O segundo anel foi totalmente cercado por força

policial e permitiu Zona de Trânsito Livre numa semi “ilha de

segurança”. Foram utilizadas, internamente, barricadas de controle e

pesquisa de torcedores, e

O terceiro foi o perímetro interno do estádio. Foram

utilizados sistemas de controle e segurança eletrônicos,

automatizados e de última geração.

Os anéis de segurança foram claramente demarcados

em mapas e croquis nos arredores de cada estádio. Foram anexados

aos respectivos planos de segurança, sendo que, para os segundo e

terceiros anéis, também foram previstos os seguintes procedimentos

de segurança:

Efetivação do isolamento do estádio antes e durante as

partidas;

Planejamento de específico plano de tráfico nos

arredores de todos os locais de eventos;

Canalização de todos os espectadores;

Controle da multidão;

Certificação da segurança de todos os estádios;

Controle automático do número de ingressos e de

credenciados em todos os estádios para garantir o limite de público de

acordo com a capacidade segura oferecida;

Estabelecimento de sistema de pesquisa remoto, por

agentes de Segurança Pública, para a triagem dos veículos

credenciados e que necessitassem acesso temporário às áreas dos

estádios;

Varredura diária contra bombas e armas biológicas no

interior de cada estádio;

Reserva de espaço dedicado a veículos de emergência;

Estabelecimento de centro temporário de recepção de

espectadores indesejados;

Magnetômetros e inspeção completa de pertences de

todas as pessoas, em pontos de pesquisa no perímetro médio de cada

estádio;

Prescrição e rigoroso controle de itens proibidos ou

restritos;

Credenciamento de todos os membros da delegação da

FIFA, SAFA, jogadores, membros das delegações das equipes,

imprensa, fornecedores oficiais, membros de segurança do estádio

(público e privado), seguranças pessoais e voluntários;

Triagem de todas as pessoas credenciadas (exceto as

personalidades assim identificadas pela FIFA);

Credenciamento de todo o zoneamento ligado aos

estádios e seus arredores;

Pré venda de todos os ingressos (não venda de

ingressos em dias de jogos);

Nenhum assento sem reserva;

Recrutamento e preparação de suficiente,

adequadamente treinados e registrados agentes de segurança privada

para atuação no interior e fora dos estádios;

Competente e específico treinamento para todos os

agentes de segurança do estádio;

Disponibilização de suficientes, experientes e

especializados Agentes de Segurança Pública e pessoal de serviços de

emergência nos estádios;

Projeto específico de instalação de moderno e

totalmente equipado centro de comando e controle em cada estádio;

Desenho de efetiva estrutura de comunicação interna

capaz de interligar os executivos da SAFA com os atores do sistema de

proteção e segurança;

Instalação de sistema digital de CFTV para vigilância e

armazenamento de imagens;

Incorporação de sistema de reconhecimento biométrico

ao CFTV, com armazenamento de imagens para utilização em todos os

eventos da FIFA, inclusive nos estádios;

A utilização de policiais civilmente trajados, circulando

no interior e arredor dos estádios para observação e monitoração do

movimento dos espectadores;

Aplicação rigorosa, no interior e arredor dos estádios,

da legislação preparada para a proteção dos espectadores e parceiros

comerciais da FIFA;

Aplicação da estratégia preparada antipirataria no

interior e arredor dos estádios;

Aplicação de política de arma de fogo no interior e

arredor dos estádios;

Plano de gerenciamento de desastres em todos os

estádios;

Segurança alimentar;

Estratégia de comunicação pública;

Instalação de um sistema de segurança no campo de

jogo e seu perímetro conforme acordado com a FIFA;

Criação e aplicação de zona de tráfico aéreo;

Aplicação de protocolo de acesso de veículos no interior

dos estádios;

Segurança de todos os veículos de comunicação,

pessoal de mídia e seus equipamentos nos estádios, e

Segurança de todos os pontos de controle de acessos

dos estádios.

4.3.33.Centro de Operações Locais

Centros de Operações Locais funcionaram permanentemente, com as

seguintes características:

Posicionados em locais de ampla visão de todo o

estádio, com complementação de visão externa e de pontos

potencialmente cegos;

Equipados com meios eletrônicos de observação

de multidão, permitindo visão detalhada de todas as zonas

demarcadas internas e externas dos estádios;

Equipados com aparelhagem de som capaz de

transmitir mensagens ao público;

Integrados pelas seguintes personalidades:

Membro da FIFA;

Membro da SAFA;

Diretor de Segurança da SAFA;

Autoridade de Segurança Pública;

Gerente do Estádio;

Agente de Segurança do Estádio;

Coordenador dos voluntários;

Coordenador da estratégia antipirataria

Representante legal da SAFA’;

Representante legal de Segurança

Pública;

Representante da Polícia Metropolitana;

Serviço de saúde da África do Sul;

Representante do Corpo de Bombeiros;

Representante do Resgate;

Representante do Departamento Nacional

de Saúde;

Gerente da Segurança Privada, e

Representante do gerenciamento de

desastres.

4.3.34.Controle de Estacionamentos

Estabelecidas áreas de estacionamento seguras no perímetro dos estádios

para atendimento de convidados VIPs, mídia credenciada, parceiros

comerciais, FIFA, agentes do torneio e do estádio e portadores de

necessidades especiais.

O acesso foi permitido com credenciamento prévio, o qual foi certificado com a

emissão de credencial a ser afixada no pára-brisa dos veículos, em sua parte

interna.

Todas as áreas de estacionamento foram protegidas por agentes de

Segurança Pública e Privada, e atendimento por grande número de voluntários.

Conforme protocolo de prevenção a ataques com explosivos, nenhum veículo

pode estacionar em até 100 metros dos estádios sem que sofresse uma

detalhada varredura.

4.3.35.Pesquisa Remota de Estacionamentos

A pesquisa remota de estacionamentos foi aplicada por agentes de Segurança

Pública para a triagem de veículos sempre que necessário, para checar

automóveis, seus ocupantes e cargas para entrar na zona livre de tráfego.

Protegido por uma cerca de dois metros, o setor de pesquisa remota esteve

equipado com máquina de raio “X “ capaz de detectar explosivos,

magnetômetros, cães farejadores e rampa.

4.3.36.Estádios Isolados

Os estádios foram considerados isolados, ou seja, livres de ameaças, duas

semanas antes do início da Copa do Mundo. Agentes de Segurança Pública,

apoiados por seguranças dos estádios, controlaram todo o processo.

4.3.37.Segurança do Campo de Jogo

Os campos de jogos estiveram protegidos o tempo todo. As medidas de

proteção também incluíram:

A utilização de agentes de segurança ao redor

do campo de jogo.

Posicionamento a intervalos de 10 metros de

forma tal que, em nenhuma situação, prejudicasse a assistência

do público;

Rigoroso controle de acesso ao interior do

campo de jogo, e

Preparação de legislação específica, impressa

nos ingressos, com previsão de penalidades, inclusive prisão,

para coibir invasões aos campos de jogos.

4.3.38.Segurança dos Jogadores e Equipamentos Oficiais das Partidas

Nos locais reservados aos jogadores e equipamentos das partidas, também

foram adotadas as seguintes medidas de segurança:

Rigoroso controle de acesso;

Monitoramento por CFTV;

Utilização de uma Força Especial de Segurança

Pública e seguranças pessoais com comunicação direta com os

Centros de Controle;

4.3.39.Segurança dos Difusores de Comunicação dos Estádios

Medidas específicas foram aplicadas para garantir a proteção e segurança de

todos os equipamentos, e também incluíram:

Instalação de cerca ao redor dos equipamentos

de comunicação de todos os estádios;

As áreas destinadas aos equipamentos de

comunicação foram instaladas com único local de acesso, seguro

e controlado eletronicamente;

Rigorosa verificação de visitantes às áreas

destinadas aos componentes;

Monitoramento por câmera 24 horas;

Patrulhas de segurança por 24 horas;

Utilização de agentes de segurança, e onde

fosse necessária a instalação de cercas para garantir a

integridade dos equipamentos de televisão, e

Proteção aproximada das equipes de televisão.

4.3.40.Proteção dos Arredores dos Estádios

Experientes profissionais de Segurança Pública promoveram a proteção e

segurança dos arredores dos estádios. Houve a previsão de apoio por parte de

seguranças privados recrutados e treinados para este fim.

O Diretor de Segurança da SAFA responsabilizou-se por garantir a qualidade

do serviço dos seguranças privados, adotando uma rigorosa busca dos

seguintes ajustes:

O Diretor de Segurança especificou as políticas

de segurança para cada estádio a ser provida por serviço de

segurança;

Todos os serviços de segurança dos estádios

foram contratados pela SAFA, através de abrangente contrato de

ajustamento;

O Diretor de Segurança da SAFA ficou

encarregado de preparar instrução abrangente aos prestadores

de serviço de segurança e seus dirigentes, durante o

planejamento da segurança da Copa;

O Diretor e Segurança da SAFA, periodicamente,

foi encarregado de efetuar auditoria dos serviços de segurança

previstos, checar a observância com a legislação nacional, em

particular o devido registro, treinamento e o pagamento dos

salários legais, e

O Diretor de Segurança foi encarregado de

verificar especialmente o seguinte:

Todos os planos de segurança dos

estádios, notadamente os desenvolvidos pelos agentes de

segurança para cada partida;

Planos de contingências;

Descrição funcional de cada agente de

segurança;

O código de conduta de cada serviço de

segurança previsto;

Todos os equipamentos de segurança,

especialmente os rádios de comunicação, os códigos de

comunicação por cores e os uniformes utilizados pelos

agentes;

As escalas dos agentes de segurança,

com número e posicionamento de todos.

4.3.41.Segurança dos Patrocinadores Oficiais e Sítios de Hospedagem

Corporativa

O Diretor de Segurança da SAFA foi o responsável por garantir que os

provedores de hospedagem corporativa desenvolvessem abrangente plano de

proteção e segurança aplicável a todos os sítios de hospedagem, e

complementasse totalmente o anteprojeto de proteção e segurança da FIFA

para este fim.

Referência específica foi elaborada para integrar o gerenciamento de

desastres, segurança alimentar, saúde ocupacional, certificado de proteção,

credenciamento, controle de acesso dos estádios e aspectos dos centros de

controle e comando.

4.3.42.Tráfico Aéreo – Zonas Bloqueadas para Vôos

O Governo Sul-africano compilou e executou abrangente estratégia de defesa

para a Copa de 2010.

O Comitê Nacional de Segurança de Vôo, em cooperação com agentes de

Segurança Pública e autoridades da aviação civil, declararam e aplicaram a

regulamentação dos quadrantes do espaço aéreo ou áreas bloqueadas para

vôos em todos os estádios em dias de jogos e nas cerimônias de abertura e

encerramento do torneio.

As áreas bloqueadas para vôos estenderam-se ao escritório central da FIFA

durante toda a realização da Copa do Mundo.

Aeronaves utilizadas no apoio às operações de segurança foram liberadas, e

não precisaram atender às proibições de vôos prescritas.

4.3.43.Zonas de Pousos de Helicópteros de Emergência

Foram designadas zonas de pouso de helicópteros de emergência em todos os

estádios, para atendimento das Forças de Segurança Pública e serviços de

emergência.

4.3.44.Política de Arma de Fogo em Estádios

Todos os estádios e locais de eventos da FIFA, durante toda a realização do

torneio, foram declarados zonas de proibição de armas de fogo. Esta política foi

rigorosamente aplicada pela Segurança Pública e estendeu-se a todas as

pessoas que acessaram os estádios e eventos oficiais da FIFA. Esta medida

incluiu os agentes de segurança pessoal e todos os membros de segurança

dos estádios.

A única exceção a esta regra foram alguns agentes de Segurança Pública,

incluindo membros de proteção dos VIPs e unidades de forças especiais.

Todos os membros que portaram armas de fogo foram requeridos a declará-las

num registro especial elaborado para este fim.

4.3.45.Bebida Alcoólica nos Estádios

O controle de distribuição e venda de bebida alcoólica dentro dos estádios é

fundamental para o estabelecimento e manutenção do controle apropriado da

multidão.

Enquanto organizadores de muitos eventos internacionais agora defendem a

proibição de álcool dentro dos estádios, há pessoas na África do Sul afirmando

que esta política não é necessária.

Primeiro, se uma cervejaria tornar-se parceira comercial da FIFA, é possível

que a Companhia retenha os direitos de comercializar e distribuir seus produtos

em todos os estádios.

Segundo, isto poderia revelar dificuldade na proibição de bebida alcoólica aos

espectadores nas instalações desportivas; e, se este é o caso, seria incoerente

a proibição de álcool em outras áreas.

Finalmente, a política de consumo de álcool nos estádios foi decidida em

conjunto com altos representantes da FIFA, e seguiu as seguintes medidas:

Proibida a venda de vinhos e destilados dentro

dos estádios;

Venda de cervejas permitidas somente em

alguns momentos;

Venda de cervejas somente em copos plásticos;

“Tolerância zero” com torcedores bêbados;

Espectadores em camarotes não foram

autorizados a consumir bebida alcoólica nos balcões;

Padronização de conduta no transcorrer de todo

o torneio;

Espectadores não foram autorizados a levar sua

própria bebida para o interior dos estádios.

4.3.46.Segurança para os Portadores de Necessidades Especiais

Todos os estádios ofereceram espaço e facilidades aos portadores de

necessidades especiais. No plano específico desenvolvido, também estavam

previstos: credenciamento prévio, organização e garantia de transporte,

estacionamento, acessos, pontos de desembarque e assistência por

voluntários.

4.3.47.Instalações Médicas nos Estádios

Atendimento médico e previsão de serviço de emergências médicas

compuseram o primeiro item de requisitos impostos pela FIFA. Para atender

esta exigência, a SAFA facilitou o estabelecimento de um Comitê de Saúde,

sob coordenação do Departamento Nacional de Saúde. Experiências

adquiridas em grandes eventos anteriores permitiram a formulação de

estratégia de atendimentos iniciais para todo o torneio.

Neste sentido, foi possível o desenvolvimento de médicos, especialidades

médicas, equipamentos avançados para tratamentos e emergências e o

estabelecimento temporário de hospitais que garantiram o bem estar de todas

as equipes participantes, personalidades credenciadas, VIPs e espectadores

dos estádios.

Os locais das instalações médicas para os jogadores e demais pessoas, nos

estádios, foram formalmente previstos e desenhados nas plantas dos estádios.

Complementarmente, equipamentos especiais de atendimento a casos graves

e helicópteros de emergências médicas permaneceram à disposição em cada

estádio, nos dias de jogos.

As quantidades de médicos, ambulâncias, veículos de paramédicos e demais

veículos de emergências atingiram os mais elevados padrões internacionais.

4.3.48.Segurança do Procedimento Anti-Doping

A integridade dos procedimentos antidrogas foi rigorosamente mantida em

todos os estádios, houve atenção especial na condução e armazenamento das

amostras de sangue e urina.

As medidas de segurança nesta área foram as seguintes:

Vigilância por CFTV com armazenamento de

imagens, nos acessos, rotas de saídas e nas proximidades das

salas de controle de doping;

Previsão de agentes de segurança para a

escolta das pessoas envolvidas no transporte e manuseio das

amostras, e

Rigoroso procedimento de controle de acessos.

4.3.49.Instalações Físicas e Equipamentos Eletrônicos dos Estádios

A qualidade das instalações e quantidade de equipamentos eletrônicos foram

uniformes em todos os estádios. A Diretoria de Segurança da SAFA trabalhou

juntamente com o Comitê de Modernização dos Estádios, para garantir que as

necessárias medidas fossem identificadas e executadas.

Cada estádio foi equipado para oferecer o seguinte:

Barreiras permanentes e temporárias de

demarcação nos três anéis de proteção previstos nos perímetros

dos estádios;

Detectores de metais, manuais e fixos, para

fiscalização de todos os espectadores;

Máquinas de raio ”X” com esteiras;

Controle eletrônico de conferência dos ingressos

e saídas, ligados ao banco de dados do centro de comando e

controle local;

Sistema de controle eletrônico de acessos e

saídas para todos os pontos;

Sistema de CFTV com armazenamento de

imagens, que cobriu todas as dependências do estádio, incluindo

os pontos de controle de acesso, pesquisa de espectadores,

outros pontos de entrada e saída, visão geral da área e rotas de

acessos primários ao estádio;

Sistema de reconhecimento biométrico, utilizado

em conjunto com o CFTV para garantir que pessoas indesejadas,

constantes no banco de dados destinado a este fim,

ingressassem no perímetro dos estádios durante todo o torneio;

Sistema de segurança no campo de jogo, e

Barreiras físicas delimitando os quatro

quadrantes de posicionamento dos espectadores, com a

finalidade de separar e evitar confrontos entre torcidas rivais.

4.3.50.Separação de Torcidas nos Estádios

Este conceito foi estranho para o futebol sul-africano, pois não há indicadores

de confrontos entre torcedores em suas partidas, mas houve reconhecimento

da fundamental importância da adoção de medidas visando separar opositores

antes e durante os confrontos da Copa do Mundo.

A Diretoria de Segurança da Organização Local do Evento elaborou estratégia

integrada de separação de torcidas. Contou com a participação dos

planejadores de gerenciamento de transportes, representantes da Segurança

Pública e desenvolvedores do sistema de ingressos das partidas.

As separações já foram impostas logo nas rotas dos meios de transporte para

chegada e saída dos estádios, nos trechos percorridos a pé e nas

arquibancadas.

4.3.51.Treinamento de Proteção e Segurança

Em muitos aspectos, a efetiva execução do abrangente conceito de proteção e

segurança dependeu da qualidade e padrões dos agentes de Segurança

Pública e Privada utilizados para a implementação da estratégia.

Pensando nisso, cada passo e cada medida foram adotados no sentido de

garantir a integração do serviço público, privado e seguranças pessoais, e que

todos recebessem os melhores treinamentos disponíveis no mundo.

Os experientes agentes de Segurança Pública, atuantes em grandes eventos,

foram submetidos a treinamentos específicos com ênfase nos aspectos de

relações públicas voltados à segurança.

As empresas de segurança privada foram rigorosamente regulamentadas.

Visando atender à estratégia de proteção e segurança da Copa do Mundo

2010, os mais altos padrões de seleção foram exigidos para o recrutamento

dos agentes.

Todos os agentes de segurança em potencial passaram por treinamento

específico nos anos que antecederam o evento; e, exaustivamente, receberam

comunicados com novas orientações a respeito do trabalho.

4.3.52.Indenizações

A SAFA e o governo sul-africano responsabilizaram-se por incidentes e

acidentes relacionados à proteção e segurança, e garantiram a inexistência de

ação regressiva contra a FIFA.

A SAFA e representantes do governo sul-africano (nacional, provincial e local)

garantiram eventuais indenizações, isenções e defesa dos direitos, parceiros

comerciais e de difusão da FIFA, contra todas as responsabilidades,

obrigações, danos, perdas, reclamações, demandas, reconvenções, custos ou

despesas (incluindo honorários advocatícios), que pudessem eventualmente

sofrer resultantes ou decorrentes de qualquer incidente ou acidente vinculados

à proteção e segurança no transcorrer da Copa do Mundo FIFA 2010.

A Copa do Mundo da FIFA 2010 na África do Sul não só foi protegida e segura,

mas decididamente amigável.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em 2010, pela primeira vez na história recente da Copa do Mundo FIFA de

Futebol, o torneio ocorreu em uma região do mundo que enfrenta sérios

problemas sociais e, até como decorrência, de segurança.

A experiência africana na organização da Copa do Mundo de 2010, na África

do Sul, os problemas enfrentados, os sucessos, as falhas, servem, por isso,

como indispensável subsídio para os planejadores brasileiros da Copa do

Mundo de 2014.

Assim, o presente trabalho procurou estudar todas as principais providências

adotadas para a realização da Copa da África do Sul, bem como os principais

incidentes que ameaçaram a segurança do evento, como contribuição para o

sucesso da Copa do Mundo FIFA de Futebol de 2914, no Brasil.