COPIAO - ENSAIO nº 01

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S U M Á R I O

Segundo ato

Expediente

01 - O AUXÍLIO NA PRODUÇÃO DO JORNALISMO CIENTÍFICO ATRAVÉS

DOS PORTAIS DE INTERNET - Lucas Campêlo Freire 

02 - O BLOG XINGU VIVO COMO UM IMPORTANTE MEIO DE

COMUNICAÇÃO DIGITAL: INFORMANDO SOBRE A USINA

HIDRELÉTRICA DE BELO MONTE - Ana Caroliny Pinho, Débora Quaresma e

Flávio Cardoso 

03 - FURO: UM CANAL ENTRE PESQUISA E SOCIEDADE A RESPEITO DOQUE ACONTECE NA AMAZÔNIA - Gabriel Nantes de Abreu e Tiago Júlio deFarias Martins 

04 - ANÁLISE DO BLOG “FURO” NA COBERTURA CIENTIFICA E

AMBIENTAL - Aliccia Ferreira, Flávia Coelho e Lilian Guedes

05 - JORNALISMO E CIÊNCIA: UM OLHAR SOBRE A AGÊNCIA

ENVOLVERDE - Maria Carolina Silva Martins Pereira e Thaís Luciana Corrêa Braga  

06 - CORO CÊNICO DA UNAMA: RELATO DE UM PROJETO DE EXTENSÃO

E PESQUISA NA AMAZÔNIA – Bruna Merry Jesus Vale e Marcela Teixeira

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Universidade da Amazônia Centro de Estudos Sociais Aplicados (CESA) 

Curso de Comunicação Social 

::

Ensaio – Amazônia: Ciência e Meio Ambiente, nº 01::

 

Exercício da Disciplina: Jornalismo Científico e AmbientalRogério Almeida – Docente 

Capa – Renan Moraes – discente do 6º Período de Publicidade – 6PPN 

Ana Célia Bahia Reitora 

Roberto Alcântara Diretor do CESA 

Zenilda Botti Fernandes Coordenação Pedagógica 

Alda Costa 

Coordenadora do Curso de Comunicação Social 

Vânia Torres Coordenadora Adjunta do Curso de Comunicação Social 

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::Ensaio – Amazônia: Ciência e Meio Ambiente:: 

Belém – novembro - 2º semestre de 2011

#Segundo ato#

O Ensaio prossegue. Temas e protagonistas são outros. Nuvens e luzes também.

A motivação da edição de número zero da Ensaio, a realização do Encontro Nacional de

Jornalismo Científico em Belém deixou de existir, assim fomos informados. O evento

foi cancelado. A teimosia permanece, o exercício em incentivar a produção de

interpretações sobre as realidades que conformam a(s) Amazônia (s), ou mesmo de

outros cantos, assuntos e produções. Ainda que o esforço soe pequeno ante a

complexidade dos temas, os limites do repertório intelectual ou os estrangulamentos que

a rotina proporciona.

Mas, cá estamos a insistir contra a correnteza. Os limites permanecem. Os

atores em cena da edição de número 01 da publicação são discentes do último período,

que administram o tempo na busca de espaço no mercado de trabalho, em estágio e na

produção do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), além da obrigação das atividades

complementares. Trata-se de discentes de duas turmas do 8º período da habilitação em

Jornalismo do Curso de Comunicação da Universidade da Amazônia (UNAMA). Uma

turma do turno matutino e outra do turno vespertino. A tarefa integra o processo da

primeira avaliação do semestre. A orientação do exercício é a produção de artigo que

busque conhecer e interpretar dinâmicas sobre a região.

A(s) Amazônia (s) do Brasil ou da Pan-Amazônia passam por agudas

transformações. Alguns investigadores analisam a região como a derradeira fronteira do

capital. O território e os recursos locais estão no centro dos interesses de redes

econômicas, políticas e sociais locais, nacionais e internacionais. Num extremo, grandescorporações, noutro, populações locais consideradas tradicionais: indígenas,

quilombolas, caboclos e outras modalidades. Tais populações têm sido tratadas desde os

primeiros colonizadores como representações do atraso. Assim contam as narrativas

inaugurais de naturalistas, viajantes, religiosos, contistas e comerciantes sobre a região.

O papel do Estado em arbitrar tem sido exercido conforme a pressão de lobbys.

Ainda que a (s) Amazônia (s) mobilizem inúmeros interesses, e seja uma pauta

constante nos principais centros do mundo, os diários locais não possuem um espaçoque se dedique ao tema. E, mesmo nos estados mais ricos da nação a cobertura

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  jornalística é limitada e precária. Maioria das vezes motivada pelas tragédias: trabalho

escravo, execução de militantes pela reforma agrária, defensores da floresta e dos

direitos humanos ou o desmatamento. O universo agrário da região é um caos. E tal

aspecto não costuma ser contextualizado nas coberturas midiáticas. Quanto à voz dos

povos ancestrais, quase nunca ecoa. A lógica economicista prepondera. No horizonte de

tal discurso, a floresta e as populações locais despontam como representações de um

mundo que deve ser superado, destruído ou criminalizado. Já o conhecimento milenar

das mesmas é secundado ou omitido.

Sabe-se dos recursos estratosféricos que a maior região do país encerra: hídrico,

biodiversidade, recursos minerais. Assim como é conhecida a condição de subúrbio que

os processos econômicos conferiram a mesma. Tal condição tem saída? Que papel cabe

ao conhecimento? E ao jornalismo, que tarefa deve ocupar o topo da pauta da agenda

das coberturas?

Futuros profissionais aqui apresentam algumas impressões. O conjunto da

edição da Ensaio de número 01 tem seis artigos. Uma pauta da agenda política, a

construção da hidrelétrica de Belo Monte foi contemplada com duas produções. A

empreitada de Lucas Freire analisa as interpretações de Lúcio Flávio Pinto, considerado

a principal referência do jornalismo sobre temáticas amazônicas. Isso faz uns 40 anos.

Débora Quaresma, Flávio Cardoso e Ana Caroliny Pinho assinam a produção de 15

páginas. O artigo integra o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) da equipe.

Belo Monte não é um projeto solto no ar. Faz parte de um modelo de

desenvolvimento de integração econômica Sulamericana calcado no tripé de eixos de

integração: a geração de energia, infraestrutura de transporte multi-modal (rodovias,

ferrovias e hidrovias) e telecomunicações que buscam a aproximação com o Pacífico. O

Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é o principal

financiador a juros módicos, 4% ao ano, papel antes ocupado pelo Banco da Amazônia(Basa) e a Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam). Na

historiografia recente da ocupação da Amazônia o estado de exceção (1964-1985) é

indicado como um marco. Naqueles dias a lógica residia em polos de mineração,

pecuária e madeira. A floresta foi amansada na pata do boi.

O universo da web também conta com duas produções. Os discentes de turmas

diferentes decidiram em lançar luzes sobre a inciativa do docente do Curso de

Comunicação. Trata-se do blog (Furo) que produz materiais (artigos e reportagens)sobre a região. Além de disponibilizar livros, cartilhas e documentos. Gabriel Nantes e

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Thiago Júlio Martins, parceiros de TCC assinam um artigo sobre o tema. O segundo tem

a chancela da trinca Aliccia Ferreira, Lilian Guedes e Flávia Coelho.

Maria Carolina Pereira e Thais Braga são responsáveis pela análise de um site

dedicado a temas ambientais, Envolverde. A dupla indica fatores positivos e limites que

o mesmo abriga. E sublinham a ausência de pautas sobre a Amazônia. A dupla Bruna

Merry e Marcela Teixeira resolveram observar o rio que corre na própria aldeia. As

discentes relatam a experiência do Coro Cênico da Unama.

Assim, este projeto de extensão e pesquisa busca incentivar o conhecimento

sobre o vasto universo cultural dos recantos amazônicos. Na caminhada que soma 15

anos o projeto contabiliza a produção de espetáculos e CD´s. A contribuição com a

produção ficou a cargo do discente Renan Moraes, do Curso de Publicidade e

Propaganda, 6º Período do turno noturno.

Finda o segundo ato.

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Universidade da AmazôniaCentro de Estudos Sociais Aplicados (CESA) 

Curso de Comunicação Social 

::Ensaio – Amazônia: Ciência e Meio Ambiente:: 

Exercício da Disciplina: Jornalismo Científico e AmbientalRogério Almeida – Docente 

Capa – Renan Moraes – discente do 6º Período de Publicidade – 6PPN 

Relação dos discentes por turma e turno 

::8JLM1- Diurno:: Ana Caroliny Pinho 

Débora QuaresmaFlávio Cardoso Gabriel Nantes de Abreu 

Aliccia Ferreira Flávia Coelho Lilian Guedes 

::8JLV1 –Vespertino::

Lucas Campêlo Freire Tiago Júlio de Farias Martins 

Maria Carolina Silva Martins PereiraThaís Luciana Corrêa Braga 

Bruna Merry Jesus ValeMarcela Teixeira 

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O AUXÍLIO NA PRODUÇÃO DO JORNALISMO CIENTÍFICOATRAVÉS DOS PORTAIS DE INTERNET

Lucas Campêlo Freire1 

RESUMO: Este artigo busca refletir sobre a produção do jornalismo científico

utilizando como plataforma as colunas disponíveis em portais da internet. Para tal, serão

utilizados como exemplo dois textos produzidos pelo jornalista paraense Lúcio Flávio

Pinto, e publicados no portal Yahoo. O artigo vai analisar duas edições da coluna

noticiadas neste ano, publicadas em maio e setembro.

Palavras-chave: Jornalismo Científico, internet, Usina de Belo Monte.

REVISÃO TEÓRICA SOBRE O JORNALISMO CIENTÍFICO

Existem muitas ramificações dentro da prática jornalística, como o jornalismo

esportivo, cultural, político, econômico, ou, no caso desta disciplina, da especialização

do jornalismo voltado para as áreas de ciências e do meio ambiente.

Como toda forma de jornalismo especializado, é necessário cuidado notratamento dado às informações na prática do jornalismo científico. Dessa forma, elas

podem servir ao público leitor da melhor forma possível, sem que haja qualquer erro na

divulgação.

O campo de abrangência do jornalismo científico vem crescendo muito com o

passar do tempo. Entre as referências sobre o assunto sublinhamos os autores do

  jornalismo científico no Brasil, Wilson da Costa Bueno e Anelise Rublescki. Segundo

Rublescki (2008), a modalidade jornalística trata na:prática específica da imprensa de divulgação de informações especializadassobre novas tecnologias, descobertas científicas, pesquisas aplicadas em áreasque vão da saúde às exatas, passando pelas humanas e pelo meio ambiente.(RUBLESCKI, 2008, p.408)

Outro aspecto sobre o jornalismo científico que vale a pena analisar é o

defendido por Bueno (2003). O autor aponta a existência dos chamados “lobbys”,

praticados por grandes empresas com os meios de comunicação. Ele chama atenção

1  Estudante de Comunicação Social- Jornalismo na Universidade da Amazônia (UNAMA). emeio:[email protected]

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ainda para a relação entre pesquisadores, universidades e demais partes envolvidas no

processo de produção do conhecimento. Sobre esta prática, o autor afirma que:  

uma análise mais acurada desta presença na mídia revela que nem sempre otom das manchetes destaca o caráter emancipador da ciência e da tecnologia.

Pelo contrário, alimenta suspeitas contra empresas, universidades e mesmocientistas, acusados de privilegiarem, na produção e na divulgação de suaspesquisas, interesse políticos, econômicos, comerciais ou pessoais, (BUENO,2003, p. 01)

Bueno destaca, sobretudo, o papel que o jornalismo científico tem, no sentido de

democratizar as informações que são frutos de suas reportagens.

Falando novamente sobre a produção de conteúdo do jornalismo científico,

Rublescki (2008) afirma que há uma tensão entre os dois atores do processo de

produção do conhecimento científico, os jornalistas e os pesquisadores. Ela diz que essa

tensão é causada pela forma singular como cada parte realiza esse processo. Enquanto o

  jornalismo trabalha de maneira a utilizar uma linguagem simples, visando alcançar o

grande público leitor, a produção no meio acadêmico demanda tempo, utilizando de

uma linguagem “hermética”, pouco conhecida pelo público “leigo”, apresentando certa

restrição no repasse do conhecimento unicamente para outros pesquisadores.

Autores como Rublescki (2008), apontam que a cobertura realizada pelos

profissionais do jornalismo científico no Brasil tem limites. Segundo a autor uma deles

é a monofonia, ou seja, ouvir “um único ponto de vista: fragmentos de um estudo, de

um grupo de pesquisadores, de um profissional”.

Em outras palavras, a professora chama a atenção para a monofonia nas fontes

das reportagens, o que quer dizer que são poucas as fontes consultadas para a apuração

das informações, o que pode ser visto como uma característica negativa, pois, em todas

as matérias, as mesmas fontes, os mesmos profissionais são utilizados.

Mesmo com todos esses fatores, com o tempo foi possível que o jornalismo

científico se destacasse cada vez mais na imprensa, adquirindo mais espaço para tratar

sobre temas envolvidos com a ciência e a tecnologia. Atualmente é comum ver revistas

especializadas, jornais e outras mídias, com espaços dedicados a esse tipo de cobertura.

A INTERNET E O JORNALISMO CIENTÍFICO

Um dos muitos tipos de ferramentas utilizadas para falar sobre o jornalismo

científico na sociedade atual é a internet. São inúmeros e variados os sites que

apresentam algum tipo de conteúdo relativo à ciência e à tecnologia na rede mundial de

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computadores. Alguns desses, mesmo que não disponibilizem grandes espaços para a

publicação de textos com a abordagem do jornalismo científico, o fazem por meio da

disponibilidade das colunas, em que os autores publiquem os textos. Um dos sites que

utilizam essa estratégia é o portal Yahoo2, que disponibiliza uma seção para textos sobre

meio ambiente e tecnologia.

Um dos que utilizam a plataforma da internet para a publicação de textos é o

  jornalista paraense Lúcio Flávio Pinto3, que assina uma coluna no portal destinada a

debater sobre a realidade amazônica contemporânea. Serão analisados dois dos textos

publicados na coluna para a realização deste artigo. Os textos escolhidos se dedicam a

falar sobre questões recentes, tendo como foco principal a questão da construção da

Usina Hidrelétrica de Belo Monte. Ambos foram publicados em 2011.

O primeiro texto é “Hidrelétrica Maldita”4, publicado no dia 18 de maio. O

segundo é “Frankenstein na Amazônia”5, edição do dia 08 de setembro. O primeiro

texto aborda sobre aspectos referentes à produtividade energética da usina de Belo

Monte. Ele compara a produtividade da usina com outras já construídas. Segundo dados

do texto, o “fator de carga”, medida de energia que a usina pode oferecer durante o

período de um ano, da usina, equivalente a 40% de energia, fica atrás de outras já

construídas, como a usina de Tucuruí, com 49%, e a de Itaipú, no Paraná, considerada a

maior do mundo, com 61%. Com esses dados, o autor levanta o seguinte

questionamento: por que o governo decide levar adiante um projeto cuja produção de

energia é baixa? Além disso, ele levanta hipóteses para alavancar a produção de energia,

o que poderia baratear a construção da usina.

Entretanto, o texto do jornalista também se preocupa em analisar as

consequências dos impactos ambientais e sociais do projeto para a população que vive

na área da usina, principalmente se referindo ao alagamento que o projeto causaria. Esse

efeito, segundo Lúcio Flávio “é o calcanhar de Aquiles do projeto”.O segundo texto analisa os entraves que impossibilitam a construção da usina. O

 jornalista afirma que até hoje “nenhuma pá de areia foi lançada (...) para fazer surgir

aquela que deveria ser a terceira maior hidrelétrica do planeta”. Ele reforça os altos

2 (www.yahoo.com.br/colunistas)3 Considerado a maior autoridade jornalística sobre a temática da região da Amazônia. Trabalhou em vários veículosde mídia, como O Estado de S. Paulo, durante 17 anos. Atualmente edita o Jornal pessoal, criado por ele em 1987,que já foi eleito a melhor publicação do Norte e Nordeste por conta da abordagem política e investigativa que fazsobre a Amazônia.4 (http://colunistas.yahoo.net/posts/10977.html)

5 (http://colunistas.yahoo.net/posts/13402.html) 

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investimentos já feitos e as várias etapas e documentos necessários para a construção da

usina.

Lúcio Flávio se preocupa também em mostrar o outro lado da situação. Além da

representação das elites nacionais e locais favoráveis á construção da usina, o texto de

Lúcio Flávio apresenta também o lado da população nativa, que se manifesta de forma

contrária à construção da usina.

Nesse texto, o jornalista novamente reforça os impactos financeiros da

construção. Segundo o texto, a usina deixaria de faturar por conta do não

armazenamento de água pela usina no período do inverno para uso no verão, quando as

vazões do rio Xingu chegam a diminuir 30 vezes, o que prejudica a produção de

energia.

Segundo o texto, a perda de faturamento será de 300 milhões de reais ao ano, o

que representa 50% a mais do que o valor a ser pago aos municípios afetados pela

construção da obra.

Lúcio Flávio Pinto, nos textos analisados, demonstra uma postura claramente

contrária à construção da usina. Ele, entretanto, não deixa de lado a postura de informar

ao público dados que fundamentem sua postura, e que possam ajudar o público a

desenvolver uma opinião crítica sobre o assunto debatido nos textos.

Sobre os textos analisados é válido notar que o jornalista apresenta não apenas

um, mas os dois lados da situação. Ou seja, ele fala sobre a situação dos empresários

que querem a construção da usina, como também a situação daqueles que não desejam a

construção da usina, através de dados sobre os impactos socioambientais da construção

e a resistência dos povos nativos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como se vê, mesmo com todas as dificuldades inerentes às especializaçõesdispostas ao ofício jornalístico, principalmente ao jornalismo científico e ambiental, é

evidente que essa especialização conquista cada vez mais espaço nas variadas

plataformas e veículos oferecidos pela imprensa.

É o caso da internet, que se torna cada vez mais uma ferramenta que ajuda no

processo de divulgação de pautas e notícias de cunho científico para a sociedade. Deve-

se sempre afirmar que a responsabilidade do jornalismo científico é tão grande quanto a

de qualquer outra especialidade, principalmente para clarear essa área do conhecimentopara os integrantes da sociedade, que não possuem tanto conhecimento sobre ela.

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Uma das ferramentas para a divulgação desse tipo de notícia é representada

pelas colunas nos blogs e portais de notícias, como analisado no caso da coluna de

Lúcio Flávio Pinto. Esse tipo de ferramenta, além de ser inserida no contexto da

globalização e das novas mídias de comunicação, também é eficaz por conta da maior

interação entre o autor dos textos e o público, que se comunica diretamente com o autor

através dos comentários das páginas.

Bibiografia:

BUENO, W. Jornalismo Científico, lobby e poder. In: DUARTE, J e BARROS, T.

Comunicação para a ciência, ciência para a comunicação. Embrapa, Brasília, 2003.

http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/a-monofonia-das-fontes.RUBLESCKI, Anelise. Acesso em 25/09/2011 

http://colunistas.yahoo.net/posts/13402.html . PINTO, Lúcio Flávio. Acesso em

25/09/2011.

http://colunistas.yahoo.net/posts/10977.html . PINTO, Lúcio Flávio. Acesso em

24/09/2011

O BLOG XINGU VIVO COMO UM IMPORTANTE MEIO DECOMUNICAÇÃO DIGITAL: INFORMANDO SOBRE A USINA

HIDRELÉTRICA DE BELO MONTE

Ana Caroliny Pinho6 

Débora Quaresma7 

Flávio Cardoso8 

RESUMO: Este artigo é a síntese de um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)

baseado na análise do blog Xingu Vivo. O veículo se opõe à construção da Usina

Hidrelétrica de Belo Monte no Rio Xingu, no Pará. Este trabalho, portanto busca

entender de que forma o blog desempenha um papel importante na informação à

6Estudante de Comunicação Social- Jornalismo na Universidade da Amazônia (UNAMA). email:

[email protected] 7Estudante de Comunicação Social- Jornalismo na Universidade da Amazônia (UNAMA)., email:[email protected] 8Estudante de Comunicação Social- Jornalismo na Universidade da Amazônia (UNAMA)., email:[email protected] 

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sociedade, além de seu provável potencial enquanto veículo web jornalístico na internet.  

Palavras-chave: Jornalismo Científico e Ambiental, Belo Monte, Blog Xingu Vivo

INTRODUÇÃO

O fazer jornalístico e seus correlatos há tempos entram em pauta pelos

estudiosos que analisam o campo da comunicação. Devido à grande amplitude de suas

ações, o local de produção das notícias, a redação é dividida em editorias, que são

ramificações de assuntos/temas que pautam a sociedade, tais como: esporte, meio

ambiente, política e cultura apenas para citar algumas. Deste modo, o jornalista para não

ficar preso a superficialidade rotineira, deve dominar as técnicas para a produção de

uma “boa” notícia – tais como a apuração, a pirâmide invertida e o tão polêmico uso da

subjetividade – além de se especializar sobre o assunto que está tratando para não

colocar o seu principal capital em risco: a credibilidade.

Duas destas segmentações que estão ganhando espaço nos meios de

comunicação, mesmo que de forma tímida, é o jornalismo científico e ambiental. A

cobertura sobre estes assuntos específicos desenvolveram-se recentemente, a partir das

décadas de 1970 e 1980. Mesmo período em que ocorreram mudanças significativas na

grande imprensa dos Estados Unidos, do Canadá e de países europeus após a queda na

vendagem do jornal impresso destes países. Este dado influencia também o fazer

  jornalístico em países subdesenvolvidos, entre eles o Brasil. Para superar a crise, estes

 jornais passaram por transformações estruturais que “adotaram posturas de integração

redação-marketing-publicidade, além de imporem um jornalismo menos denso, como

forma de recuperar os leitores perdidos para o fragmentado, ágil e superficial discurso

televisivo” (RUBLESCKI, 2009: p. 3). No Brasil, este modelo foi adotado a partir da

década de 1990.As décadas anteriores foram decisivas para a estruturação da ciência e da

tecnologia, o que tornou a cobertura dos fatos deste segmento complexa e de grande

alcance. Destarte, o jornalismo científico contempla áreas que abarcam as Ciências

Exatas, Biológicas e Humanas, ou seja, o jornalismo científico agrega a complexidade

do conhecimento humano. Assim, segundo Rublescki, esta temática do Jornalismo

Científico9, “tem sido utilizada para definir uma prática específica da imprensa para

9 Tradução do Scientific Journalism comum na literatura americana e inglesa 

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divulgação de informações especializadas sobre toda a amplitude da Ciência e

Tecnologia (C&T)” (RUBLESCKI, 2009, p. 3).

Contudo, ainda há um grande conflito entre Ciência e Jornalismo enquanto

campos distintos. Reforça-se então o papel do jornalista com o compromisso da

veracidade da informação e aplicabilidade desta perante o interesse público. Afinal, são

essas notícias que pautarão o dia-a-dia de uma sociedade e que interferirão diretamente

no cotidiano daquelas pessoas, o que coloca em evidência o preparo do jornalista para

determinada pauta, e o interesse dos meios de comunicação para tratar sobre este

assunto. Nesta perspectiva é decisivo o interesse do Jornalismo Científico em contribuir

com o que chamamos de cidadania e de democracia.

Para Bueno, este segmento do Jornalismo é mais uma prática que permeia a vida

em qualquer sociedade, seja nos países mais avançados ou não. Como contribuição do

 jornalismo científico para amplificar a prática da democracia tem-se como exemplo a

divulgação de pesquisas que conseguem derrubar ações de indústrias poderosas como a

farmacêutica e a tabagista. Assim como a divulgação do uso dos alimentos transgênicos

entre outros. Deste modo, Bueno (2003: p. 1) assinala que:

Este novo cenário evidencia, claramente, que a produção de ciência etecnologia deixou, há muito, de ser preocupação exclusiva dos cientistas eque a sua divulgação deve estar respaldada em pressupostos e atributos que

extrapolam a comunicação científica, e em particular o jornalismo científico,tradicionais. As relações entre ciência/tecnologia e sociedade, permeadas poruma rede complexa de interesses e compromissos, exigem uma nova posturado jornalismo científico, agora, mais do que nunca, comprometido com umaperspectiva crítica do processo de produção e divulgação em ciência etecnologia.

Notadamente, o jornalismo ganha uma nova aliada para o processo de

informação, a internet, momento em que emerge grande número de portais, blogs, sites

e afins com um único objetivo: divulgar informação. Nesta nova proposta midiática

enquadra-se o blog Xingu Vivo, objeto de estudo do presente artigo. O blog insere-se nanova cultura midiática do fazer jornalístico que se utiliza da blogsfera para disseminar

informações para determinado público, neste caso parte da sociedade interessada sobre

o andamento das obras da hidrelétrica de Belo Monte. Esta ferramenta originou-se a

partir de ano de 2009, momento em que as discussões sobre o projeto de construção da

hidrelétrica volta à baila.

Esta ferramenta comunicacional foi elaborada com a finalidade de chamar a

atenção da opinião pública sobre os passivos sociais e ambientais que a construção da

usina de Belo Monte poderá provocar sobre as populações locais e o ecossistema. O

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blog Xingu Vivo foge dos parâmetros dos veículos “comuns” da mídia, ou seja, a

indústria da comunicação brasileira, ao se focar em um determinado assunto que

mobiliza apenas um segmento da população. Deste modo, Bueno (2004) ressalta sobre o

quão difícil é o processo de democratização nas mídias brasileiras. Mesmo com o acesso

a avalanche de informações oriundas da internet, a sociedade brasileira ainda está presa

às amarras impostas pelo monopólio da indústria de comunicação no Brasil, pois “a

democratização da informação é, essencialmente, uma utopia, porque o controle dos

meios obrigatoriamente define interesses e compromissos, sejam eles políticos,

ideológicos, econômicos, comerciais ou religiosos” (BUENO, 2004, p. 4).

No período de globalização – a última etapa do sistema capitalista ou também

denominada de capitalismo tardio (JAMESON, 2007) – o processo cultural é

manipulado e conduzido pelos grandes conglomerados da mídia, que tem como capital

maior a informação, a ciência e a tecnologia. Estes grupos mais que nunca estão focados

em interesses mais poderosos e globalizados, pois como aponta Bueno (2004, p. 1),

“elas se constituem em mercadorias valiosas e não estão disponíveis a qualquer um e a

qualquer tempo”.

Assim, o blog Xingu Vivo se configura na contemporaneidade como integrante

de uma “cultura de margem”, que mesmo sem o estímulo das mídias tradicionais, como

a televisão, conseguiu (e consegue) atrair e ganhar visibilidade perante a opinião

pública, para debater sobre a questão em evidência, a construção da usina de Belo

Monte. Nessa linha, este artigo pretende fazer um relato sobre o Xingu Vivo enquanto

um importante veículo de comunicação  difusor de um tema de interesse público,

sobretudo, num âmbito local. 

ASPECTOS DO RIO XINGU

Considerado um dos símbolos da biodiversidade brasileira, o Rio Xingu

representa uma importante fonte de sobrevivência para boa parte da população que vive

às suas margens. Essas pessoas são, em geral, moradores urbanos, rurais, ribeirinhos,

índios e seus descendentes (SWITKES; SEVÁ, 2005: p. 07) que vivem da grande oferta

em água doce e variedade de peixes que garantem a alimentação.

Com aproximadamente 1.800 mil quilômetros de extensão, segundo os dados da

 Atualização do Inventário Hidrelétrico da Bacia do Rio Xingu (2006: p.1) concluído em

outubro de 2006 , o rio corta dois estados brasileiros: ele nasce no nordeste de Mato

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Grosso e percorre o Pará até um pouco além do município de Porto de Moz, próximo de

onde deságua o Rio Amazonas.

O Rio Xingu é formado pelos rios Culuene e Sete de Setembro10,  tendo como

principais afluentes os rios Iriri e Bacajá. Sua área de influência é chamada de Bacia

Hidrográfica do Rio Xingu, que ocupa um espaço total de 509.000 km2 ( AAI, Avaliação

 Ambiental Integrada – Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Xingu, 

2009: p. 22).

Dados populacionais de 2005 fornecidos pela Avaliação Ambiental Integrada –

 Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Xingu apontam que em toda a

bacia são 916.488 habitantes, distribuídos em 48 municípios incluídos nessa área,segundo o Instituto Socioambiental11 (ISA).

Há divergências quanto ao número de povos e terras indígenas distribuídas pelas

terras do Xingu. Conforme o ISA são 24 povos ocupando 21 Terras Indigenas, em

contraposição às “(...) 27 etnias distribuídas por 26 terras indígenas, que correspondem

a 38,5% da área da bacia”, segundo o livro Povos Indígenas do Brasil citado por Sevá

(2005: p. 36) na obra Tenotã-Mõ.

Considerando que a área de influência da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu

também abriga diferentes tipos de ecossistemas, há de se destacar a existência de

trechos ainda preservados de Floresta Amazônica – bioma predominante –, Cerrado e

áreas de transição (  AAI, Avaliação Ambiental Integrada – Aproveitamentos

 Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Xingu, 2009: p. 22).

Percebe-se, portanto que a natureza tem um papel fundamental na vida dos

povos do Xingu, já que a biodiversidade local – a partir dos dados do EIA – Estudos de

Impactos Ambientais chama atenção pelas 174 espécies de peixes, 387 de répteis, 440

de aves e 259 de mamíferos, sendo que muitas delas correm sério perigo de

desaparecerem.

11  Atualização do Inventário Hidrelétrico da Bacia do Rio Xingu, 2006: p. 1. Fundado em 22 de abril de 1994, o

Instituto Socioambiental (ISA) é uma associação sem fins lucrativos. Seu objetivo principal é defender bens edireitos sociais, coletivos e difusos relativos ao meio ambiente, ao patrimônio cultural, aos direitos humanos e dospovos, sobretudo, indígenas e valorizar a diversidade socioambiental. (ISA, online). 

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Os riscos da extinção de espécies aquáticas e terrestres ao longo das áreas de

influência do Rio Xingu estão associados, sobretudo, ao seu reconhecido potencial

hidrelétrico no Brasil, que há muito tempo já havia despertado grande interesse em

empresas do ramo de energia, como a Eletrobrás – por meio da Eletronorte – e setores

do governo federal.

UM BREVE HISTÓRICO DOS PROJETOS HIDRELÉTRICOS NA BACIAHIDROGRÁFICA DO XINGU

Os primeiros estudos de inventário do Rio Xingu começaram em 1975 (RIMA,

2009: p. 19). Pretendia-se pesquisar sobre as formas de aproveitamentos hidrelétricos da

Bacia Hidrográfica do Rio Xingu. Na época, a recém-criada Eletronorte – Centrais

Elétricas do Norte do Brasil S/A, a responsável pelos estudos contratou a empresa deconsultoria CNEC (Consórcio Nacional de Engenheiros Consultores), pertencente ao

grupo Camargo Corrêa para identificar áreas de rios favoráveis ao represamento.

(KRÄUTLER, 2005: p. 10)

Os chamados Estudos de Inventário Hidrelétrico da Bacia Hidrográfica do Rio

 Xingu avançaram até 1980, quando o CNEC os terminou. Segundo a empresa, as

“melhores áreas” para o aproveitamento do potencial hidrelétrico da Bacia do Xingu

estavam:(...) entre a altitude próxima dos 281 metros, no norte de Mato Grosso,próximo da rodovia BR 080, provavelmente localizada na TerraIndígena Kapoto-Jarina e/ou na faixa Norte do Parque Indígena doXingu – e - a altitude próxima dos 6 metros, num ponto rio abaixo davila de Belo Monte do Pontal e, pela margem esquerda, perto da fozdo igarapé Santo Antonio, rio acima de Vitória do Xingu, no Pará.(SWITKES; SEVÁ, 2005: p. 14)

Além disso, a empresa dizia ser viável a construção de mais seis usinas

hidrelétricas na região, cinco delas no Rio Xingu e apenas uma no Rio Iriri. Todas foram

batizadas com nomes indígenas, a exemplo de Babaquara (posterior “Altamira”) que

fora projetada com uma capacidade inicial de 6.300 Megawatts12 (MW) de potência que

foi alterada para 6.588 MW.

As outras eram as usinas de Ipixuna (com capacidade inicial de 2.300 MW e

depois 1.904 MW), Iriri (com capacidade inicial de 900 MW e depois 770 MW), Jarina

(com capacidade inicial de 600 MW e depois 620 MW), Kokraimoro (com capacidade

inicial de 1.900 MW e depois 1.490 MW) e finalmente Kararaô (com capacidade inicial

12 MW ou Megawatt é uma unidade de medida de potência elétrica que correspondente 1 milhão de watts (W), que

por sua vez, é uma unidade de potência pertencente ao Sistema Internacional de Unidades (SI);  

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de 8.400 MW e depois alterada para 11.000 MW, 11.181 MW até chegar aos 5.681

MW) (SWITKES; SEVÁ, 2005: p. 13 - 14).

As represas destas seis usinas hipotéticas alagariam ilhas e terras florestadas,

muitas ainda virgens, conforme aquele estudo de inventário mencionado, somariam

quase 20 mil km quadrados, o equivalente a quase metade das áreas já inundadas por

represas de todos os tipos no país, até hoje.

A ideia era aproveitar o potencial máximo do Rio Xingu (SEVÁ, 2005: p. 42).

Ainda em 1980, a Eletronorte – pelas orientações do relatório final – começou os

estudos de viabilidade técnica e econômica do Complexo Hidrelétrico de Altamira, que

incluía apenas os projetos das duas maiores usinas: a de Babaquara, com 6.588 mil MW

e a de Kararaô com mais de 11 mil MW (ISA, online). Após seis anos, porém somente ausina de Kararaô (futuro e atual projeto de Belo Monte) foi apontada como a melhor

alternativa para que fosse possível juntar as futuras barragens do Rio Xingu ao Sistema

Interligado Brasileiro (ISA, online).

Segundo Switkes (2005), a primeira proposta de barrar o Rio Xingu causou

grande revolta entre os povos indígenas da região e entre ambientalistas e movimentos

sociais. É lembrado o episódio em que o então diretor da Eletronorte, José Antônio

Muniz Lopes fora ameaçado com um facão pela índia Tuíra, na ocasião do 1° Encontro

dos Povos Indígenas do Xingu. O gesto simbolizava uma advertência da tribo Kayapó –

e em nome de outras etnias indignadas – diante do projeto Kararaô (KRÄUTLER, 2005:

p. 11).

Conforme Kräutler (2005: p. 11), só no final da década de 90 o “projeto

Kararaô” ressurgiu com outro nome: Usina Hidrelétrica (UHE) de Belo Monte. Em

2002, a Eletronorte lançou uma versão atualizada e reformulada do relatório de

viabilidade do projeto hidrelétrico, avaliando um aproveitamento total de 11.181,3 MW,

e um médio de 11.000 MW (JÚNIOR; REID, 2005: p. 4).

Já em 2006, a Eletrobrás pediu ao Ibama iniciasse o processo de licenciamento

ambiental prévio. A partir daí, foram realizados os   Estudos de Impacto Ambiental,

quando o Ibama faz as primeiras vistorias técnicas na área do projeto. Um ano depois, o

órgão também fez as mesmas inspeções e organizou reuniões públicas nos municípios

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de Altamira e Vitória do Xingu para tratar do Termo de Referência13 (TR) para o EIA.

No final de 2007, o Ibama emitiu o Termo de Referência para os Estudos de

Impactos Ambientais e em 2008, o Conselho Nacional de Política Energética definiu

que o único potencial hidrelétrico a ser explorado no rio Xingu seria o de Belo Monte.

A ANEEL havia aprovado a Atualização do Inventário com apenas o projeto Belo

Monte na Bacia Hidrográfica do Rio Xingu e o Ibama realizou uma nova inspeção

técnica na área (ISA, online).

Finalmente em 2009, a Eletrobrás pediu a Licença Prévia para construção da

Usina e o EIA e o Rima (Relatório de Impacto Ambiental) foram entregues no Ibama.

No ano passado, o Ministério do Meio Ambiente liberou a construção da UHE

Belo Monte sem ter conhecimento dos impactos que a obra pode causar à natureza. A

licença ambiental para construção da hidrelétrica foi publicada no dia 1º de fevereiro de

2010. O documento mostrou que as questões essenciais para a avaliação do impacto de

Belo Monte ainda não ficaram claras. 

A POLÊMICA DA CONSTRUÇÃO DA USINA HIDRELÉTRICA DE BELO

MONTE

A tradição brasileira baseada na geração de energia a partir do represamento de

rios teve início no século XIX, porém só no decorrer do século XX é que o país

começou a investir de fato na construção de barragens e – após a Segunda Guerra

Mundial – aprimorou esses tipos de obras seguindo o ritmo da industrialização mundial

(COSTA, 2009).

Atualmente no Brasil, cerca de 80% da energia consumida em indústrias,

comércios e residências provém de usinas hidrelétricas (ELETROBRÁS, 2011), já quesão consideradas opções mais baratas e com retorno financeiro maior em curto prazo.

Considerado o terceiro maior do mundo em potencial hidrelétrico, o Brasil tem

900 usinas de diferentes tamanhos e capacidades de potência, segundo os números da

Eletrobrás (2011). Das 10 maiores do país, seis – entre barragens já construídas, em

construção, autorizadas e ainda projetadas – estão na região amazônica.

São elas a Usina Hidrelétrica de Tucuruí, localizada no Rio Tocantins, as UHE’s

13  A função do Termo de Referência - TR é definir as ações que permitam um nível de controle de possíveisexposições de pessoas, bens e meio ambiente à radiação, buscando mantê-la em níveis baixos e considerando osaspectos sócio-econômicos (Serviço Público Federal, 2001: p. 2) 

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de São Luiz do Tapajós e a de Jatobá, ainda projetadas para entrar em funcionamento no

Rio Tapajós, as usinas hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio em construção no Rio

Madeira (RO), e atualmente a mais polêmica, que já fora autorizada: a Usina

Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu.

O projeto de construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte se apresenta como

uma obra audaciosa, pois deverá ser a terceira maior hidrelétrica do mundo. Dados

oficiais divulgados por alguns veículos de comunicação e pelo governo federal

demonstram que a usina, se construída, deverá gerar 11 mil Megawatts de potência, e o

orçamento previsto para a construção da barragem é de aproximadamente 30 bilhões de

reais. Entretanto alguns dados, que nem sempre chegam ao domínio público,

contradizem estas informações.

De acordo com dados divulgados no blog Xingu Vivo, a energia firme, ou seja, a

média anual de energia produzida pela usina chegaria apenas a 4,5 mil MW. Isso

aconteceria graças à sazonalidade do Rio Xingu, que só produziria 11 mil MW de

potência durante quatro meses. No restante do ano, como em setembro, por exemplo,

período do auge da seca, a potência da usina seria de apenas 1,8 mil MW.

Por determinação do governo federal, do total da energia produzida, 80% devem

abastecer consumidores em geral em todo o país. Os outros 20% devem ser distribuídos

entre os sócios do Consórcio Norte Energia.

Para a realização da usina o projeto prevê a barragem do Rio Xingu e com isso a

construção de dois canais capazes de desviar o leito original do rio. A obra teria uma

área de alagamento de aproximadamente 516 km2. Mas de acordo com a o edital da

Agência Nacional de Energia Elétrica, a Aneel, a área de alagamento chegaria a 640

km2.

O BLOG XINGU VIVO

Criado em outubro de 2009, o blog Xingu Vivo é um meio de comunicação

digital criado pelo Movimento Xingu Vivo para Sempre. O veículo foi o primeiro a ser

utilizado na internet e antes disso, a comunicação entre o grupo e a sociedade era

mediada por uma rádio comunitária de Altamira (PA), local de origem do MXVPS. A

criação do blog trouxe – além da informação – a possibilidade de expandir o discurso e

a posição declaradamente contrários do movimento à construção da Usina Hidrelétricade Belo Monte, localizada no Rio Xingu.

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O objetivo do blog em geral é simples e bastante direto: informar a sociedade

sobre os fatos e protestos que envolvem a construção da usina, discutir de que forma a

obra pode prejudicar a sociedade e o meio ambiente, além de ainda ser fonte de

informação para o público no que se refere a tal temática. Por isso, os blogueiros

Marquinho Mota, Dion Monteiro e Maurício Matos, componentes do Comitê

Metropolitano Xingu Vivo Para Sempre, situado em Belém, levam ao público as

principais notícias que cercam o projeto, além de disponibilizar reproduções de cartas,

manifestos, convites para passeatas e links para outros blogs que também trabalham

com o mesmo assunto.

VEÍCULOS DE COMUNICAÇÃO DIGITAIS: PORTAIS VERSUS BLOGS 

Os veículos da blogosfera em geral fazem contraponto aos portais de notícia, que

segundo Ferrari (2003, p. 30) tem estrutura e dinâmica diferenciadas, afinal por serem

considerados veículos de massa precisam estar de acordo com os padrões exigidos para

serem classificados como portais. Ainda de acordo com a autora os portais, podem ser

comparados, claro com ressalva as características peculiares do meio digital, aos jornais

impressos, já que ambos estão sob gerência de famílias poderosas de todo o Brasil, que

concentram em um pequeno grupo a informação e os veículos de comunicação.

O surgimento dos blogs trouxe profundas modificações para a maneira como as

notícias eram produzidas. Do começo dos anos 2000 até a atualidade, a notícia tornou-

se cada vez mais dinâmica e imediata e de acordo com Borges (2007: p. 42) foram os

blogs que proporcionaram essas mudanças no cenário da comunicação mundial.

Da literatura, passando pelo cinema, chegando ao jornalismo os blogs

simplesmente inundaram a rede mundial de computadores, realidade que acaboutrazendo uma nova face para os veículos de comunicação, um sinal claro de que são e

continuarão a ser agentes fundamentais da transformação midiática dos próximos anos.

Um dos principais contrapontos então entre portais e blogs é que qualquer

pessoa pode ter e fazer a manutenção de um blog. Esse veículo permite que o

moderador, ou seja, o escritor responsável pelo blog, selecione, apure, escreva e

publique a informação. Funções que em outro momento eram exercidas exclusivamente

por jornalistas em uma redação. Os blogs trazem para o meio digital linguagem mais

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acessível, e permitem que o público tenha acesso a diversos posicionamentos e fontes, o

que é benéfico para a construção do senso analítico e crítico da esfera pública.

O blog Xingu Vivo consegue exercer bem sua função web jornalística, afinal

mesmo que sem intenção, ele obedece aos critérios básicos do jornalismo digital, se

mostra como uma das principais ferramentas que lutam contra a construção da UHE

Belo Monte e ainda cumpre o papel básico de informar o público. Mas será que por

falar sobre os impactos causados pelo projeto da região do Rio Xingu, o veículo

consegue ser um instrumento eficiente na defesa da causa ambiental?

BLOG XINGU VIVO E A ABORDAGEM AMBIENTAL 

Para responder a essa pergunta é preciso primeiramente levar em consideração

que os moderadores, ao longo das postagens feitas dividem o foco das publicações entre

os impactos que serão causados no âmbito político, cultural, social e ambiental; logo o

blog Xingu se preocupa em levar ao público notícias sobre todas estas abordagens.

Com a construção da usina de Belo Monte a fauna e a flora da região devem ser

atingidas e a população que mora na região deve ser prejudicada pelo projeto, já que

será deslocada para áreas ainda não divulgadas. É de extrema importância que essasinformações sejam levadas a conhecimento público, já que além modificar a dinâmica

do ecossistema local, também desrespeita direitos básicos, assegurados em lei, das

populações ribeirinhas que moram na região.

Tais questões são abordadas pelo blog. O principal argumento utilizado pelos

blogueiros para demonstrar que o projeto não tem fundamento, e que deve ser

abandonado a questão ambiental. Ao longo das mais 400 postagens, os moderadores

levam ao público as consequências da construção da UHE Belo Monte. Neste sentido, o

blog cumpre um papel essencial no aprofundamento da democracia e na busca da

cidadania num rincão amazônico.

REFERÊNCIAS 

BORGES, André.  Blog: uma ferramenta para o jornalismo.  In: FERRARI, Pollyana(Org.).   Hipertexto Hipermídia – As novas ferramentas da comunicação digital. São

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BUENO, Wilson.   Jornalismo Científico, ciência e cidadania. In: Cidoval Morais de

Souza. (Org.). Comunicação, Ciência e Sociedade: Diálogos de Fronteira. 1 ed.

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  Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu. São Paulo: ARCADIS Tetraplan,

2009.

ELETROBRÁS. Atualização do Inventário Hidrelétrico da Bacia do Rio Xingu. São

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com.brasil.com.br/. Acesso em 17 Set. 2011.

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JÚNIOR, Wilson; REID, John.   Energia na Amazônia: o complexo hidrelétrico do

 Xingu. In: ENCONTRO NACIONAL DA ECOECO, 6., 2005, Brasília. Disponível

em:<http://www.ecoeco.org.br/publicacoes/encontros/110-vi-encontro-nacional-da-

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LEME. Aproveitamento Hidrelétrico (AHE) Belo Monte –   Relatório de Impacto

 Ambiental (RIMA), 2009.

MOVIMENTO XINGU VIVO PARA SEMPRE. Disponível em:<http://www.xinguvivo.org.br/> Acesso em: 20 set. 2011.

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<http://www.eln.gov.br/opencms/opencms/aEmpresa/>. Acesso em: 03 out. 2011.

RUBLESCKI, Anelise.   Jornalismo Científico: problemas recorrentes e novas

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SEVÁ FILHO, A.O. (ed.) Tenotã-mõ: Alertas sobre as conseqüências dos projetos

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SOCIOAMBIENTAL. Programa Xingu. Disponível em: <http://www.socioambi

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SOCIOAMBIENTAL. Xingu Vivo. Disponível em: <http://www.socioambiental.

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SWITKES, Glenn; SEVÁ; Oswaldo.  Apresentação: Resumos técnicos e históricos das

tentativas de barramento do rio Xingu. In:  SEVÁ FILHO, A.O. (ed.) Tenotã-mõ:

  Alertas sobre as conseqüências dos projetos hidrelétricos no rio Xingu".  São Paulo:

International Rivers Network, 2005.

XINGU VIVO PARA SEMPRE. Disponível em: <http://xingu-vivo.blogspot.com/>.Acesso em: 03 out. 2001.

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FURO: UM CANAL ENTRE PESQUISA E SOCIEDADE ARESPEITO DO QUE ACONTECE NA AMAZÔNIA

Gabriel Nantes de Abreu14

Tiago Júlio de Farias Martins15 

RESUMO: O presente artigo visa realizar uma pequena revisão teórica a respeito do

  jornalismo científico e ambiental, e mostrar soluções alternativas para a produção do

mesmo. Escolhemos tratar do blog Furo (rogeiroalmeidafuro.blogspot.com) do

professor e pesquisador Rogério Almeida em virtude do mesmo ser um canal direto

entre a produção científica e a população através de um veículo não tradicional.

Palavras chave: Jornalismo Científico, Meio Ambiente, Amazônia e blog.

INTRODUÇÃO

O termo jornalismo científico, ou scientific journalism, surgiu primeiro nos

países de primeiro mundo e é uma editoria ainda recente no Brasil. As primeiras

abordagens do assunto se concentram no eixo Sul-Sudeste e os primeiros trabalhos

acadêmicos a respeito do tema só foram realizados na década de 1980. Destacam-se aí 

os pesquisadores Vera Lúcia Salles e Wilson da Costa Bueno, referência maior no

assunto.

De acordo com Rublescki (2009), o papel do jornalismo científico é ser o eloentre as pesquisas científicas e a comunidade, obedecendo às técnicas e pressupostos do

trabalho jornalístico. O desafio, portanto, é aproximar o conhecimento científico da

sociedade, de forma correta, levando em consideração a objetividade, concisão,

imparcialidade e demais aspectos do bom jornalismo. A partir desta premissa, uma série

de dificuldades se impõe diante do jornalista quando o mesmo escreve sobre ciência.

14Estudante de Comunicação Social- Jornalismo na Universidade da Amazônia (UNAMA). Email:

[email protected]

  Estudante de Comunicação Social- Jornalismo na Universidade da Amazônia (UNAMA). Email:

[email protected]

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Podemos resumir os aspectos mais delicados em relação à cobertura de ciência e

tecnologia levantados por Rublescki (2009) através das seguintes perguntas: Como aliar

a objetividade jornalística e a falta de espaço físico com a profundidade necessária para

tratar de assuntos complexos relacionados ao conhecimento científicos? Como traduzir

de forma clara, sem prejudicar a informação, a linguagem e os dados dos cientistas?

Como tornar interessante e agradável um assunto sem claro apelo social? Como se

relacionar com fontes tão peculiares? As questões são complexas, passam por interesses

econômicos, pessoais, e muitas vezes vão além da vontade do jornalista de escrever

boas matérias.

Segundo Marcelo Leite, em “O Atraso e a Necessidade: Jornalismo Científico

no Brasil”, no país há poucas vagas para jornalistas especializados na cobertura da

editoria de ciência. O autor também diz que a maioria das publicações voltadas para o

assunto não se esforçam para tornar interessante o que é importante, e sim,

levianamente, tornar importante o que é apenas interessante.

Como afirma Wilson Bueno (2003), em “Jornalismo científico, lobby e poder”,

a prática jornalística, incluindo aí a do jornalismo científico, está situada num contexto

que não deve e não pode ser ignorado. A ciência é um negócio bilionário mantido por

corporações, muitas vezes, mais poderosas que as que controlam os grandes grupos

midiáticos. Bueno chama atenção para lobbys de megacorporações pautando cadernos

especializados na cobertura de ciência de acordo com interesses próprios, ignorando a

prioridade de assuntos que seriam de maior utilidade pública.

Na Amazônia, um bioma gigantesco com imenso potencial para pesquisas, a

floresta com a maior biodiversidade do mundo, é de se espantar que os periódicos

diários não reservem ao menos um caderno editorial nos finais de semana para tratar de

meio ambiente, ciência e tecnologia. Não há publicações específicas para essa temática

na região e as matérias são extremamente pontuais. Canais paralelos à mídia tradicional,como o “Jornal Pessoal”, de Lúcio Flávio Pinto, ainda são raros na região.

A questão ambiental e científica, principalmente no Pará, está diretamente

relacionada com temas delicados como políticas públicas, conflitos agrários, interesses

partidários e a veiculação das matérias leva em conta a rentabilidade do produto

  jornalístico. Infelizmente, o que vemos são reportagens superficiais que não dão conta

de esclarecer a profundidade da situação, como se o fato não tivesse ligação com nada

mais. Conforme sinaliza Bueno, as informações são “muitas vezes descontextualizadas,quase sempre isoladas, como se o fato científico surgisse como um cometa, de tempos

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em tempos, sem qualquer vinculação com um processo sistemático de

invenção/descoberta/produção” (BUENO, 2003: p. 18).

Diante dos empecilhos que encontram os jornalistas nas redações de grandes

 jornais, reféns de interesses econômicos e políticas editorais, nos parece sensato afirmar

que os potenciais de mídias alternativas, facilmente utilizadas através da web, merecem

ser explorados. Segundo Levy (1996), o espaço virtual se apresenta como um terreno

democrático onde todos têm o direito a voz e a oportunidade de serem ouvidos.

A web é um meio menos impositivo e maleável onde problemas como a pressão

de editores, os limites de caracteres, a impossibilidade de se pautar com a certeza de ser

publicado e a censura velada que proíbe menção a determinadas questões são superadas.

É possível, portanto, utilizar este canal para realizar uma cobertura jornalística a

respeito de ciência de meio ambiente de maneira profunda, analítica e contextualizada.

Conforme coloca Bueno:

As relações entre ciência/tecnologia e sociedade, permeadas por uma redecomplexa de interesses e compromissos, exigem uma nova postura do

  jornalismo científico, agora, mais do que nunca, comprometido com umaperspectiva crítica do processo de produção e divulgação em ciência etecnologia. (BUENO, 2003: p. 1).

Através da análise do blog “Furo” do professor Rogério Almeida, é possível

entender a importância da internet para a divulgação de conteúdo cientifico em regiõesque não possuem meios de comunicação voltados para a área. O blog “Furo” segue as

características propostas por Axel Burns, que seria a um formato no qual a página da

web, baseada em porções de conteúdos dispostos em ordem cronológica inversa,

geralmente criados a partir de uma ferramenta especifica, o blog “Furo” apresenta

também, acessórios citados por Burns que enriquecem os blogs, como blogroll, espaço

localizado no canto da página onde o autor coloca links de outros blogs similares.

A atuação desse tipo de Blog na região amazônica é de grande importância paraa difusão do conhecimento cientifico, que é feita inclusive com o auxilio de uma revista

eletrônica disponibilizada gratuitamente na própria página, e atualizações constantes

que acompanham o desenrolar de conflitos de ordem econômica e social na Amazônia

de maneira geral. Obviamente que o Blog “Furo” apresenta conteúdo voltado para um

público mais especifico. Sobre a atuação de páginas em conteúdos voltados para

pequenos nichos de atuação tem-se a teoria da cauda longa, proposta por Chris

Anderson.

Sobre a teoria da “cauda longa”, Anderson explica que o fenômeno ocorre após a

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atuação de três forças. A primeira seria a democratização das ferramentas de produção,

como vimos no inicio deste capitulo a popularização da internet que permitiu a um

numero muito maior de pessoas produzir conteúdo por conta própria e difundi-lo

mesmo com poucos recursos, essa manifestação obviamente se intensifica no contexto

da web 2.0, através das facilidades que ferramentas como os blogs trouxeram, além da

evolução nas telecomunicações que permitiram o acesso à internet através de telefones

móveis, (BOWMAN E WILLIS, 2003).

A segunda força que gera a cauda longa advém dos agregadores de noticias, que

são conceituados como “empresa ou serviço que coleta ampla variedade de bens e os

torna disponíveis, e fáceis de achar, quase sempre num único lugar.” (ANDERSON,

2006,P86) nesse caso, seria o que Anderson chamaria de democratização das

ferramentas de produção. A terceira força, conhecida como “ligação entre a oferta e a

demanda” seria representada pela difusão das ofertas através da interação entre os

nichos e o público interessado.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O grande trunfo da internet foi permitir à sociedade espaços de discussão e

difusão de conteúdos livres, independentes dos grandes meios de comunicação. Para

entender o funcionamento da difusão de conteúdo na internet desde sua origem até o

momento atual, ou seja, da web 2.0. 

Segundo Castells, a internet se tornou grande difusora de conteúdo desde o final

do século passado, tendo como um dos principais valores a horizontalidade, ou seja, a

representação do valor da comunicação livre. O boom da internet coincidiu com o

avanço e a fixação hegemônica dos grandes conglomerados de comunicação nos países

ocidentais.

O Blog “Furo” que além de apresentar e divulgar conteúdo cientifico, tambémfala sobre a situação política e econômica da região Norte, em especial o Pará, se

apresenta como um veículo de comunicação on-line, que foge aos clichês e vícios dos

grandes meios de comunicação da região que relegam a segundo plano o jornalismo

cientifico.

BIBLIOGRAFIA

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BUENO, W. “Jornalismo Científico, lobby e poder”. In DUARTE, J & BARROS,T.(ORG) COMUNICAÇÃO PARA CIÊNCIA, CIÊNCIA PARA COMUNICAÇÃO.Embrapa, Brasília-DF, 2003.

CASTELLS, Manuel (2003), “A Galáxia da Internet: Reflexões sobre a Internet, os

negócios e a sociedade”, Jorge Zahar Ed, Rio de Janeiro. 

LEITE, MARCELO. “O Atraso e a Necessidade: Jornalismo Científico no Brasil”. Disponível em:http://www.museudavida.fiocruz.br/publique/media/Marcelo_Leite_SBPC2005.pdf   LEVY, P. O que é virtual. São Paulo: Editora 34, 1996. Tradução de Paulo Neves.

 

RUBLESCKI, A. Jornalismo Científico: Problemas recorrentes e novasperspectivas. Ponto de Acesso, América do Norte, 3, dez. 2009. Disponível em:http://www.portalseer.ufba.br/index.php/revistaici/article/view/3357/2755 . Acesso em:

 

25 Set. 2011.SILVA, F. F. Moblogs e microblogs: jornalismo e mobilidade. In: AMARAL, Adriana;

RECUERO, Raquel; MONTARDO, Sandra. (Org.). Blogs.com: estudos sobre blogs ecomunicação. São Paulo: Momento Editorial, 2009.ZAGO, G. S.  Dos Blogs aos Microblogs: aspectos históricos, formatos ecaracterísticas. In: VI Congresso Nacional de História da Mídia (CD-ROM), Niterói,RJ, 2008.

ANÁLISE DO BLOG “FURO” NA COBERTURA CIENTIFICA E

AMBIENTAL

Aliccia Ferreira16 

Flávia Coelho17 

Lilian Guedes18 

RESUMO: O presente artigo faz uma análise do blog “FURO” sob a perspectiva do

  jornalismo cientifico a partir das reflexões de Wilson da Costa Bueno Fabíola de

Oliveira e Rubleski. O blog realiza uma cobertura jornalística ambiental onde está

inserido a cobertura cientifica e também ressalta a problemática que envolve a Região

Amazônica.

Palavras-Chave: Jornalismo Científico e Ambiental, Amazônia

16

 Estudante de Comunicação Social- Jornalismo na Universidade da Amazônia (UNAMA). 17 Estudante de Comunicação Social- Jornalismo na Universidade da Amazônia (UNAMA). 

18 Estudante de Comunicação Social- Jornalismo na Universidade da Amazônia (UNAMA). 

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INTRODUÇÃO

A realidade atual do jornalismo possibilita a difusão de conhecimento e de

informações numa escala antes inimaginável. Hoje as possibilidades de publicações

  jornalísticas variam a cada ciclo e a cada meio de comunicação. Há décadas o

  jornalismo não se limita somente a acontecimentos factuais, e sim a buscar variados

assuntos que remetem ao interesse público, e também a educação de forma mais ampla.

Nesse sentido, buscaram-se ampliar o jornalismo para área científica, ambiental,

tecnológica e até mesmo em outras áreas onde a ciência está inserida.

Ao centro o debate de conteúdos complexos, dados laboratoriais e toda a

decodificação de estudos que influenciam a sociedade. Para Wilson Bueno a produção

de ciência e tecnologia deixou, a muito, de ser preocupação exclusiva dos cientistas e

que a sua divulgação deve estar respaldada em pressupostos e atributos que extrapolam

a comunicação científica, e em particular o jornalismo científico. Então, toda produção

científica está diretamente ligada a uma rede de interesses e compromissos, que lógico

permeia o desejo de cada um. No caso do jornalismo, segundo Bueno, hoje é exigido

uma nova postura do jornalismo cientifico, agora, mais do que nunca, comprometido

com uma perspectiva crítica do processo de produção e divulgação. Em outras palavras

(Rublescki, 2009, p 408) diz que:

O Jornalismo Científico atua como um dos elementos de ligação entre acomunidade cientifica ou tecnológica e a sociedade em geral, fazendo dedomínio público, em seu sentido mais amplo, os avanços desses campos. Aoprofissional que nele atua cabe conciliar o papel informativo/disseminador deInformação Científica e Tecnológica com as regras, princípios e rotinasprodutivas da imprensa.

Porém alguns aspectos dessa ligação entre ciência, tecnologia e mídia afligem oscientistas, pesquisadores e intelectuais, uma delas é a postura do jornalista enquanto

produtor de notícia científica. O discurso reflete a partir da cobertura que em alguns

momentos são distorcidas e mal produzidas, ocasionando debates que instigam a

formação do jornalista.

Sobre isso Wilson questiona “que algumas justificativas para esta displicência,

equívocas ou omissão podem ser apontadas, como a falta de capacitação do profissionalque cobre ciência e a tecnologia, a relação desequilibrada entre o repórter e a fonte e a

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aceleração do processo de produção jornalística, que atropela a coleta e a “checagem”

das informações”.

Nesse aspecto, hoje se faz necessário à especialização, ou seja, o jornalista que

for trabalhar com áreas mais complexas como; ambiental e científica é indescritível a

qualificação no que diz respeito a publicações de dados e também conhecimento acerca

do assunto proposto. Embora, em alguns momentos como foi citado por Bueno o

 jornalista escreverá para um público leigo. Caracterizado como obstáculo a ser vencido.

Sobre esse aspecto Rublesck (2009, pag. 413-414) aborda o melhoramento na

ampliação de cursos de aperfeiçoamento profissional:

Especificamente no Jornalismo Científico, uma nova conquista quanto aopreparo dos profissionais da imprensa é o crescimento dos cursosespecializados na área, que se multiplicam por todo o País, em nível deespecialização, mestrados ou doutorados. A especialização no JornalismoCientífico poderá delinear um quadro diferente nas redações dos jornaisdiários, com profissionais mais conscientes das particularidades da área em queatuam e mais preparados para lidar com a vasta abrangência temática que hojeo caracteriza.

Sobre a posição do jornalista que em muitas situações se encontra perdido por

falta dessa especialização. Rublesck (2009, pag. 413) alerta que com um não

especialista, ele se vê sempre ás voltas com temas e teorias que lhes são estranhos,

escritos em uma linguagem especializada, permeada de termos técnicos, algunsincompreensíveis. Sua tarefa de intermediário entre o cientista e o público em geral

torna-se árdua, especialmente em casos em que as fontes de informação – documentos

ou entrevistados – mostram-se inacessíveis.

Mas independentemente de especialização na cobertura, não importando o que

será produzido, o jornalista sempre tem que estar de olhos e ouvidos bem abertos, justo

para não cometer deslizes, ainda mais, quando se trata de fontes comprometidas. Sobrea questão Wilson da Costa Bueno adverte que “É preciso, enxergar sempre além da

notícia e da fonte, buscando fugir da armadilha de tornar-se refém de um especialista,

que tem outros compromissos além da ciência e da tecnologia. Embora possa não ser

fácil identificar os vínculos das fontes, há que se imaginar que eles existem e que é

socialmente, politicamente relevante manter a vigília”.

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O fato é que para reduzir as dificuldades enfrentadas é necessário o interesse de

ambas as partes, tanto do jornalista quanto do cientista. Não se podem fechar os olhos e

imaginar o jornalista como simples intermediário no processo de divulgação da ciência.

O importante é observar de forma mais crítica e vê que por trás dessas funções existe o

interesse econômico e profissional.

Portanto, para se construir um canal de comunicação que possa abrandar as

controversas dentro da cobertura jornalística, se faz necessário um pacto entre ambos os

profissionais como é enfatizado por Wilson Bueno:

Temos a convicção de que esse papel não deve e não será desempenhadoapenas pelos jornalistas científicos, mas por todos aqueles, especialmente oscientistas, que se preocupam com o sigilo e o controle da informação e dosresultados de pesquisa

Um aspecto muito recorrente nas matérias de jornalismo científico e tecnológico

e até mesmo ambiental, no Brasil é abordagem e divulgação de pesquisas internacionais,

principalmente de países desenvolvidos. Para os leitores desse campo a impressão que

se tem é de que as descobertas científicas só são realizadas nas super potências em

especial os Estados Unidos. Mas isso se deve a falta de interesse da comunidade

científica Brasileira, e até mesmo de países latino americanos, que produzem tecnologia

e desenvolvem pesquisas, em comunicação e divulgação das pesquisas realizadas.

“... São várias as razões do distanciamento entre produção científica e sua

divulgação em jornais, revistas, televisão, rádio e internet. A falta de interesse dos

pesquisadores que se destacam no meio acadêmico em popularizar o seu saber é uma

delas.” (FALCÃO, 2005, p. 102).

JORNALISMO CIENTÍFICO POR FABÍOLA DE OLIVEIRA

O livro Jornalismo Científico da autora Fabíola de Oliveira trata de um assunto

super interessante, que é o “novo” jornalista. A autora tem como objetivo estabelecer e

tratar pré-conceitos e fazer a diferenciação do jornalista para os pesquisadores

científicos, fazendo um panorama de como funciona o jornalismo cientifico no Brasil.

Um questionamento importante abordado logo no inicio do texto, é: “porque o jornalismo científico e por que divulgar a ciência?” Ora, com o avanço tecnológico e o

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desenvolvimento do país a ciência se torna um assunto imprescindível para o nosso dia-

a-dia.

Mas se de um lado temos o senso comum, usado pela maioria da população, que

pensa a partir de conhecimento cultivado de experiências vividas, por outro temos o

saber cientifico, este tem valor exato e comprovado cientificamente, com experiências

laboratoriais, ou seja, resposta concreta e objetiva.

Vamos ao principio e mostrar como o jornalismo e/ou jornalista cientifico surgiu

aqui no Brasil. A discussão sobre ciência há bastante tempo deixou de ser uma

preocupação apenas por pesquisadores, e não se restringe apenas ao espaço

laboratorial. Segundo estudos e pesquisas feitas por Fabíola, indícios mostram que a

divulgação da ciência teve seu inicio no século XV, quando a imprensa de tipos móveis

deslanchou.

Os relatos de livros sobre a história da ciência mostram que a difusão da

impressão na Europa acelerou a criação de comunidades de cientistas, e que a partir daí 

se tornou disponível para a maioria das pessoas, o que causou influências e mudanças

no campo da religião, filosofia e no pensamento social, moral e político. Uma vez que

as descobertas feitas por cientistas sobre novas ideias e descobertas eram expandidas em

intensa circulação. A revolução científica como assim foi chamada essa expansão e

divulgação de descobertas, teve seu apogeu na Inglaterra.

Se na Inglaterra a literatura cientifica é farta e sua expansão na Europa é

constante, as duas Guerras Mundiais contribuíram para o avanço do jornalismo

cientifico para o mundo, que além de informação reuniu conhecimentos para interpretar

as tecnologias bélicas da época.

Então todo esse conhecimento científico e tecnológico foi fundamental para a

expansão territorial e fortalecimento da economia da parte norte do mundo. Neste

momento, o jornalismo científico encontra seu campo fértil. Já em terras brasileiras, o jornalismo cientifico chegou no período em que o país sofria com a censura à imprensa.

Com isso, as leituras eram privilégios da elite da corte portuguesa. Apenas em meados

dos anos 40 que a ciência brasileira conseguiu entrar na agenda do governo e da

sociedade já com a criação da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

De um ponto de vista jornalístico é visível a diferença de linguagem entre

 jornalista e cientista. Enquanto o cientista produz trabalhos para um grupo especifico eespecializado, o jornalista tem como objetivo atingir a maioria do público. Com uma

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linguagem mais padronizada o texto científico é desprovido de atrativos, ao contrário do

 jornalismo que deve apresentar uma estrutura atraente, coloquial objetivo e simples.

Dificilmente encontramos jornais com espaços para a publicação de um trabalho

cientifico. Aí então que surge a ligação entre jornalismo e ciência.

UMA PEQUENA APRECIAÇÃO DA COBERTURA JORNALÍSTICA DO BLOG

FURO

A Região Amazônica é palco para muitos discursos no que diz respeito

acontecimentos de interesse político, econômico e social. O jornalismo perpetua os

grandes processos de produção, informação e conhecimento referente ao assunto

proposto. Que muitas das vezes perpassam pesquisas relevantes, dados e conceitos quecaracterizam a realidade e o futuro do país.

Para condensar o estudo, observou-se o desempenho da cobertura jornalística

feita a partir do Blog “FURO” (http://rogerioalmeidafuro.blogspot.com/ ). A iniciativa é

do jornalista, professor, escritor e mestre Rogério Almeida, que busca através da

internet informar sobre as notícias, eventos, congressos e debates que interessam para a

sociedade paraense e para as pessoas influentes na área.

O blog foi desenvolvido no ano de 2008, com o desejo de torna-se um canal de

comunicação entre as quebras da Amazônia e o resto do mundo, ou seja, de emancipar

todos os fatos que envolvem a região Amazônica para país beneficiários da região.

Observou-se que o blog consegue assumir sua responsabilidade e todos os dias são

feitas atualizações e publicações de novos conteúdos. Apresenta também um leque de

trabalhos desenvolvidos pelo autor e por convidados, como livros, revistas e artigos

relacionados ao jornalismo científico e principalmente ambiental.

Entende-se que as questões ambientais são mais pautadas em Belém do Pará, e

consequentemente no blog, devido à região Norte ser campo de maiores debates sobre

desmatamentos, questões agrárias, hidrelétricas, fauna, flora, biodiversidade e

sustentabilidade que posteriormente será discutida em outras vertentes influenciadas

pelo problema.

Nesse contexto, não se pode desqualificar o jornalismo científico, pois está

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inserido diretamente nas pesquisas ambientais feitas na Região Amazônica, quando

institutos, pesquisadores e indivíduos assumem o papel social do cientista, como é o

caso do Imazon19, que é um instituto de pesquisa que promove o desenvolvimento

sustentável na Amazônia por meio de pesquisas e projetos. Vale salientar que o Imazon

desenvolve seus projetos sem fins lucrativos e também fornece dados relevantes para a

imprensa local e nacional no que diz respeito à Amazônia, em particular sobre

desmatamento.

Ainda questionando sobre cobertura jornalística Bueno explica que fontes

científicas, sentindo-se lesadas por uma matéria inadequada, chegam a fechar,

definitivamente, as portas à imprensa, o que pode significar um entrave à circulação de

informações especializadas, visto que, para alguns assuntos, as fontes no Brasil não são

tão pródigas.

Assim sendo, a experiência do blog é importante para desmistificar os

paradigmas que refletem as atividades de jornalismo ambiental e científico, embora

ainda existam barreiras sobre a cobertura jornalística, nota-se todo o desempenho do

 jornalista e do pesquisador em tornar a notícia cada vez mais lúcida e concisa para que

todos os níveis de leitores consigam entender o que foi proposto.

A COBERTURA JORNALÍSTICA DO BLOG FURO

Por ser um meio midiático de onde as informações são muito efêmeras e de

demandas gigantescas, a internet exige atualização frequente. Os blogs são canais onde

os jornalistas podem contextualizar as matérias, porém não podem esquecer a dinâmica

da periodicidade da internet.

Em termos de postagem o blog apresenta frequente atualização, durante o

período de análise, as postagens foram diárias. Ficam dispostos no corpo do blog osleads das matérias que quando linkadas levam a outros portais de notícias. O blog

funciona como um filtro das noticias sobre meio ambiente e a Amazônia.

Além do agrupamento das noticias divulgadas em portais e em outros meios

19 O Instituto foi fundado em 1990, e sua sede fica em Belém, Pará. Em 20 anos de existência, o Imazon publicoumais de 370 trabalhos técnicos, dos quais 160 foram veiculados como artigos em revistas científicas internacionais ou

como capítulos de livros. Além disso, o Instituto publicou 87 artigos técnicos, 48 livros , 18 livretos , 20 números daSérie Amazônia e 17 números da série O Estado da Amazônia. Fonte: http://www.imazon.org.br/institucional

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midiáticos, o blog também apresenta projetos e oficinas que norteiam o tema do meio

ambiente na Amazônia. Apresenta livros e artigos, indica outros endereços para o

aprofundamento nas áreas de interesse, como o link do Ministério Publica, da ONG

Amazônia, do Jornal Pessoal do jornalista Lucio Flávio Pinto de onde saem alguns

conteúdos de noticias do blog, Portal Eco debate, e do Portal Belo Monte.

A REVISTA ENSAIO

A revista Ensaio, por exemplo, é um espaço para a publicação de artigos sobre

 jornalismo cientifico tecnológico e ambiental. Os textos são produzidos por alunos do

curso de Comunicação Social da universidade da Amazônia e tem como propósito

dividir com o público tema discutido na academia, e assim ampliar o conhecimento da

população sobre o desenvolvimento da Amazônia.

Como alunos de Comunicação Social podem buscar o aprofundamento com

pesquisadores e especialistas, o conteúdo apresentado tende a ser mais consistente o que

foge da chamada monofonia da fonte citado por Rubleski no artigo Jornalismo

científico: Problemas recorrentes e novas perspectivas, publicado em 2009.

A multiplicidade das fontes embasa e garante ao leitor mais de uma ideia sobre o

mesmo assunto, teoricamente essa busca deve ser feita em todos os setores do

 jornalismo, e mais ainda nos jornalismo científico e tecnológico. Na revista o autor do

blog também divulga pesquisas e trabalhos acadêmicos, produzidos por ele, com uma

visão e linguagem jornalística.

Os canais que se propões especializados em jornalismo cientifico, tecnológico e

ambiental, apresentam uma tendência ao aprofundamento na pesquisa e no agrupamento

de conteúdo voltado para o tema proposto essa lógica se dá principalmente, para aocorrência de rupturas com o jornalismo diário, que muitas vezes por falta de tempo não

consegue aprofundar sobre as pesquisas, descoberta científicas tecnológicas e nas

ocorrências ambientais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O artigo acadêmico analisou de forma jornalística, como a ciência e os

pesquisadores foram conquistando o espaço e levando para a sociedade ademocratização dos conhecimentos, o que mudou um pouco a forma de pensar da

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sociedade, que antes era privada deste.

REFERÊNCIAS

BUENO, Wilson. O Jornalismo Científico e o compromisso das fontes. Acessado em

02 de outubro de 2011.

BUENO, Wilson. Jornalismo Científico, lobby e poder. Acessado em 30 de outubro

de 2011BUENO, Wilson. Jornalismo Científico, ciência e cidadania. Acessado 04 de outubrode 2011

FALÃO, W.Dulpa Helice. In: Vilas Boas, S (org.). Formação e InformaçãoCientífica: Jornalismo para iniciado e leigo. São Paulo: Summus, 2005.p.89-104

RUBLESCKI, A. Jornalismo Científico: Problemas recorrentes e novas

prerrogativas. 2009.

OLIVEIRA, Fabíola. Jornalismo Científico. 2007

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JORNALISMO E CIÊNCIA: UM OLHAR SOBRE A AGÊNCIA ENVOLVERDE

Maria Carolina Silva Martins Pereira20 Thaís Luciana Corrêa Braga21 

RESUMO Jornalismo não é ciência, embora a especialização jornalismo científico

sirva como ponte entre as duas formas de conhecimento. A diferença entre ambas vão

desde a linguagem aos objetivos. O presente artigo propõe-se a analisar os principais

problemas e tendências da cobertura jornalística acerca de ciência e tecnologia (C&T),

com base no site da Agência Envolverde. Serão exploradas questões como compromisso

com a fonte, procedência da informação e lobby. Pretende-se, com isso, contribuir para

a discussão sobre o jornalismo científico no Brasil.

Palavras-chave: Jornalismo Científico, Webjornalismo, Ciência e Tecnologia.

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Jornalismo científico é definido por Rublescki (2009, p. 408) como a divulgação

de informações, de caráter jornalístico, sobre Ciência e Tecnologia (C&T). Descobertas

científicas, novas tecnologias, pesquisas teóricas e aplicadas em áreas comobiomedicina, ciências humanas e exatas, bem como meio ambiente, fazem parte dessa

especialização. Segundo a autora, o jornalista representa o elo entre a comunidade

científica ou tecnológica e a sociedade em geral. “Ao profissional que nele atua cabe

conciliar o papel informativo/disseminador de informação científica e tecnológica com

as regras, princípios e rotinas produtivas da imprensa” (RUBLESCKI, 2009, p. 408).

As origens do jornalismo científico estão relacionadas à própria história do

  jornalismo no Brasil. Marques de Melo (2002, p. 124) afirma que Hipólito José daCosta iniciou o registro sistemático de acontecimentos relacionados ao mundo da

tecnologia logo na primeira edição do Correio Braziliense, em 1808 – primeiro

periódico brasileiro, porém editado em Londres, na Inglaterra. De acordo com o autor, o

objetivo de Hipólito era divulgar inovações científicas europeias para que as elites

brasileiras assimilassem as informações.

Do século XIX até os dias de hoje, o jornalismo científico fortaleceu-se como

20 Estudante de Comunicação Social- Jornalismo na Universidade da Amazônia (UNAMA). 21  Estudante de Comunicação Social- Jornalismo na Universidade da Amazônia (UNAMA). [email protected] 

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46 

 

Figura 1: Página da internet da Agência Envolverde. 

atividade regular na imprensa e também como tema constante na agenda pedagógica das

 principais escolas de jornalismo do país, a exemplo das universidades paulistas USP,

UMESP e UNICAMP. Marques de Melo (2002, p. 125) aponta que a década de 1960 foi

o período em que o país criou uma consciência pública em torno da divulgação

científica. “Determinado, em grande parte, por acontecimentos científicos de grande

repercussão como a corrida espacial EUA-URSS e os transplantes de coração realizados

simultaneamente na África do Sul (...) e no Brasil (...)” (MARQUES DE MELO, 2002,

 p. 125). 

 Não se deve, porém, confundir jornalismo científico com ciência. “É, antes de

tudo, jornalismo, estando, portanto, sujeito às mesmas rotinas produtivas, práticas

  profissionais e normas empresariais de qualquer outro jornalismo, geral ou

especializado” (RUBLESCKI, 2009, p. 408). A autora atenta, ainda, que a credibilidade

é o capital essencial da mediação jornalística entre os diversos campos do conhecimento

e o leitor. 

Por isso, os desafios e perspectivas da cobertura em jornalismo especializado

serão discutidos a seguir. Será analisado o enfoque adotado pela Agência Envolverde – 

Jornalismo & Sustentabilidade. 

ENVOLVERDE, QUEM É? 

Uma editora que produz conteúdos

exclusivos sobre sustentabilidade. Assim se

define a Agência Envolverde

(www.envolverde.com.br ), que já ganhou o

6º Prêmio Ethos22 de Jornalismo na

categoria mídia digital, em 2006; o Prêmio

Ethos de Jornalismo, em 2008; e o Prêmio

Pontos de Mídia Livre do Ministério da

Cultura, em 2009. 

O site entrou no ar em janeiro de

2008 com matérias sobre sustentabilidade,

22O Instituo Ethos agrupa grandes corporações do mercado nacional em torno do tema

sustentabilidade.

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relacionada a questões de ambiente, economia, educação, sociedade e saúde. Além da

produção própria, Agência Envolverde distribui diariamente serviços de reportagens e

colunistas da Agência Internacional Inter Press Service (IPS), publica semanalmente

uma página do Terramérica – importante veículo de informação ambiental da América

Latina. A assinatura do clipping diário é gratuita e enviada diretamente para o e-mail de

usuário cadastrado.

SOBRE O JORNALISMO CIENTÍFICO DA AGÊNCIA ENVOLVERDE

A Agência Evolverde destaca-se por produzir conteúdo sobre ciência com

técnicas jornalísticas de produção textual, a exemplo do lead e da pirâmide invertida. A

diferença entre os dois discursos, conforme Oliveira (2002, p. 43 apud RUBLESCKI,

2009, p. 410), é que o trabalho científico segue normas rígidas de padronização e

normatização universais, por isso é uma linguagem prolixa, árida e desprovida de

atrativos; enquanto que o texto jornalístico é simples, objetivo enxuto, sintético e

aproxima-se do coloquial.

Rublescki (2009, p. 411) alerta que o perigo da fusão entre os dois discursos é o

tratamento superficial dos resultados científicos em função do curto espaço para a

veiculação da informação. O site da Envolverde, por estar inserido numa plataforma

digital, poderia evitar a superficialidade dos assuntos tratados por meio de hipertextos –

também chamados de “pirâmide deitada”, em referência à pirâmide invertida. Segundo

Canavilhas (2001, p. 3) trata-se de “um conjunto de pequenos textos hiperligados entre

si. Um primeiro texto introduz o essencial da notícia estando os restantes blocos de

informação disponíveis por hiperligação”.

Contudo, nota-se que as matérias veiculadas não exploram todo o potencial do

webjornalismo. O site não só carece de infográficos – na definição de Rublescki (2009,p. 423), a utilização de imagens para guiar o leitor pelos labirintos da ciência –, como

também pouco explora os recursos destacados por Canavilhas (2001) para uma boa

cobertura do jornalismo praticado na internet, a exemplo de vídeo, áudio, flash e 3D e

personalização. Embora o site indique, no canto superior direito da página, sua presença

nas principais redes sociais (Twitter, Facebook, Orkut, Youtube e blog), não implica

dizer que a Agência Envolverde utiliza as ferramentas da web com eficiência.

O ponto a favor da Agência Envolverde é a interdisciplinaridade das matériasveiculadas. Sustentabilidade é a garantia de satisfação das necessidades, sem

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comprometimento do capital natural e sem lesar o direito das gerações futuras de verem

atendidas também as suas necessidades e de poderem herdar um planeta sadio com seus

ecossistemas preservados.23 O conceito tem a ver com melhoria da qualidade de vida

humana e o respeito à capacidade de assimilação dos ecossistemas.

Ao relacionar a sustentabilidade não só com questões ambientais, mas também

com economia, educação, sociedade e saúde, o jornalismo científico praticado pela

Agência Envolverde busca “potencializar a aproximação com o leitor e manter o quesito

‘interesse’ em alta” (RUBLESCKI, 2009, p. 417), não apenas ao público que se

interessa por questões eminentemente ambientais.

Informações sobre a Amazônia, todavia, ainda são minoria na Agência

Envolverde. O fato atesta as considerações da pesquisadora Ruth Rendeiro.

Não são só os cientistas e pesquisadores de outras regiões e de outros paísesque falam com tanta desenvoltura sobre temas que parecem tão familiares aopovo da região (...). Os jornalistas (de outras regiões do país e estrangeiros)também deixam claro o quanto sabem sobre nós, sobre o que acontece dentrode nossa casa.24 

O site peca, da mesma forma, pela monofonia das fontes, principalmente os

definidores primários – o termo designa os especialistas que são sempre chamados para

dar entrevistas. “Jornalistas entrevistam expoentes de cada especialidade, uma vez que éem torno do seu renome que a notícia ganha ‘peso’ e credibilidade” (RUBLESCKI,

2009, p. 421). A autora enfatiza que, apesar desses profissionais estarem acostumados à

rotina de entrevistas e, por isso, passarem com segurança a informação, às vezes não

tem a paciência necessária para explicar determinados dados ao jornalista, ajudando-o a

traçar um panorama mais geral para o leitor. A monofonia das fontes:

permeia a grande imprensa de modo geral, apesar dos famosos manuais deredação, nos quais “ouvir os dois ou mais lados” é o mínimo que se esperaantes de redigir uma matéria. Ponto e contraponto, estratégia que ajuda osveículos na construção da credibilidade e é requisito saudável para práticasmediadoras (RUBLESCKI, 2009, p. 421).

Bueno (2005, p. 1) enfatiza que o jornalista também deve combater a suposta

neutralidade da fonte. O fato de o pesquisador estar vinculado a um instituto de pesquisa

não implica que suas falas e intenções devem manter-se isentas. A C&T, no mundo

23 Definição apresentada em http://www.ecolnews.com.br/dicionarioambiental/ . Acesso em 02/10/2011.24 Disponível em: http://www.amazonia.org.br/opiniao/artigo_detail.cfm?id=18524 . Acesso em02/10/1986.

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moderno, “constituem-se em mercadorias, produzidas e apropriadas pelos grandes

interesses, e as fontes, sejam elas pesquisadores, cientistas ou técnicos, podem estar

absolutamente contaminadas por vínculos de toda ordem” (BUENO, 2005, p. 2).

O autor recomenda que o jornalista se mantenha em vigília para não se tornar

refém dos especialistas, bem como para não mesclar a cobertura jornalística com

mensagens publicitárias. À primeira vista, não identificamos “‘o abastardamento do

  jornalismo’ pelo ‘concubinato de conveniência entre marketing e jornalismo’,

configurado no ‘uso do já racionado espaço editorial – aquele destinado a notícias e

reportagens, não a anúncios – para a promoção dessas iniciativas estranhas (...) às

redações”.25 Entretanto, não se deve descuidar do fato.

A Agência Envolverde mistura a veiculação de notícias nacionais e estrangeiras

à produção própria e reprodução de conteúdos de entidades parceiras. Rublescki (2009,

p. 418) critica a internacionalização do conteúdo, pois a leitura das notícias fica

condicionada a uma leitura prévia de realidade. “Algo é retirado de um determinado

contexto, moldado e transferido para um outro, no qual ganha novos sentidos e

relevâncias que lhe são amputados desde uma teia imperceptível de interesses”

(COSTA, 2002, p. 2 apud RUBLESCKI, 2009, p. 419). A responsabilidade, nesse caso,

pode ser dividida com os centros de pesquisa brasileiros e latino-americanos, que não

têm o hábito de divulgar o resultado de suas pesquisas, aponta a autora. A parceria da

Agência Envolverde com o portal Terramérica é um ponto positivo a ser destacado na

cobertura do site.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

É patente que o jornalismo científico precisa priorizar envolvimento do leitor

com questões públicas, em detrimento de interesses comerciais. Para isso, o profissionaldeve se valer da ética e, às vezes, sacrificar o jornalismo leve e fragmente por um mais

militante, nas palavras do pesquisador Wilson Bueno. Iniciativas como a da Agência

Envolverde devem ser comtempladas, porém sempre com o olhar desconfiado que

caracteriza a práxis jornalística. Problemas como a internacionalização das notícias, a

associação com o marketing e a aparente neutralidade das fontes devem ser combatidos

por essa especialização jornalista que só tende a crescer.

25 Citação de Wilson da Costa Bueno no texto “Jornalismo Científico, lobby e poder”. Disponível em:http://www.metodista.br/poscom/cientifico/publicacoes/docentes/artigos/artigo-0048 . Acesso 02/10/2011.

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A credibilidade do site e dos profissionais que nele trabalham mantém-se não

pelos prêmios que conquistou ao longo do tempo, mas sim pelo conteúdo jornalístico

veiculado. As falhas detectadas podem e devem ser reparadas a fim de aprimorar o fluxo

de informações sobre ciência e tecnologia.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BUENO, Wilson da Costa. Jornalismo cienífico, lobby e poder. Disponível emhttp://www.metodista.br/poscom/cientifico/publicacoes/docentes/artigos/artigo-0048 .Acesso em 02/10/10986.

______. O jornalismo científico e o compromisso das fontes. Disponível emhttp://www2.metodista.br/unesco/GCSB/reproducoes_jorn_cient.pdf . Acesso em

02/10/2011.

CANAVILHAS, João Messias. Webjornalismo: considerações gerais sobre jornalismona web. In: Comunicação apresentada no I Congresso Ibérico de Comunicação, Málaga,2001.

DICIONÁRIO ambiental. Disponível em:http://www.ecolnews.com.br/dicionarioambiental/ . Acesso em 02/10/2011.

MARQUES DE MELO, José. Trajetória acadêmica do jornalismo científico noBrasil: iniciativas paradigmáticas do século XX. In: Anuário internacional decomunicação lusófona 2003.

RENDEIRO, Ruth. Os jornalistas e a pesquisa na Amazônia. Disponível emhttp://www.amazonia.org.br/opiniao/artigo_detail.cfm?id=18524 . Acesso em02/10/2011.

RUBLESCKI, Anelise. Jornalismo científico: problemas recorrentes e novasperspectivas. In: ______. PontodeAcesso, Salvador, v. 3, n 3, p. 407-427, dez. 2009.Disponível em: <www.pontodeacesso.ici.ufba.br>.

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CORO CÊNICO DA UNAMA: RELATO DE UM PROJETO DEEXTENSÃO E PESQUISA NA AMAZÔNIA

Bruna Merry Jesus Valle 26 

Marcela Teixeira27 

RESUMO: O presente artigo é divido em duas seções. A primeira faz uma revisão

sobre Jornalismo Científico, já a segunda faz um relato do Coro Cênico da Universidade

da Amazônia (UNAMA), uma experiência no campo da cultura de extensão e pesquisa.

O projeto privilegia temas nacionais e regionais no campo da cultura, em particular da

música. Realiza espetáculos, incentiva a pesquisa sobre temáticas, produção de artigos e já chegou a lançar registros em áudio.

Palavras chave: Jornalismo, Ciência, Cultura e Amazônia

Anelise Rublescki e Wilson Bueno possuem pontos convergentes quando

analisam as especificidades e limites do processo de produção do jornalismo a partir daeditoria de ciência. Os autores comungam sobre as características que marcam cada

campo do conhecimento: linguagem, tempo para produção, público, elementos de

reconhecimento público, os constrangimentos econômicos que o mercado realiza para a

visibilidade de parte do interesse do capital, em detrimento do interesse público.

Em uma sociedade que caminha cada vez mais de mãos dadas com as

tecnologias e descobertas científicas, fica um tanto difícil filtrar o que é ou não

relevante no dia-a-dia. O fato é que devemos, sempre, selecionar o que têm boaprocedência. Afinal será que todas as notícias de ciência e tecnologia relacionadas com

os mais diversos âmbitos da vida social têm o intuito de prestar um serviço público?

Será que os jornalistas que atuam nesta área seguem os princípios básicos do

  jornalismo? De atuar como um disseminador de informações de acordo com os

princípios produtivos inerentes a imprensa e ao jornalismo de qualquer segmento? Bom

alguns estudiosos já tomaram suas posições sobre o assunto.

26 Estudante de Comunicação Social- Jornalismo na Universidade da Amazônia (UNAMA). emeio:

[email protected] 27

Estudante de Comunicação Social- Jornalismo na Universidade da Amazônia (UNAMA). emeio: 

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Para Anelise Rublescki um dos fatores que permeia este processo é a própria

produção de cada discurso, quer dizer, o texto jornalístico obedece a regras que a

produção científica ignora, ou não se interessa. Isso acontece principalmente, mas, não

unicamente, através da linguagem. O texto jornalístico deve ser objetivo, acessível,

prático, simples e atraente. Já a escrita no âmbito científico deve seguir normas mais

rígidas de padronização da linguagem.

Os textos científicos são direcionados para um público especializado\ iniciado;

  já as narrativas do jornalismo possuem um público heterogêneo em classes sociais e

níveis de formação variados. Por isso tem que se adequar a infinidade de atores sociais

que podem vir a ler os textos.

Os valores da notícia devem orientar a definição das pautas nos meios de

comunicação, mas, às vezes pela busca de audiência\leitores as empresas de

comunicação recorrem ao sensacionalismo. Rubleski (2009) ao analisar algumas

coberturas sinaliza para este fato. A necessidade de ganhar da concorrência e atrair a

atenção do leitor acaba deixando em segundo plano a essência da informação e um

aprofundamento na contextualização dos fatos.

Contudo, essa relação conturbada entre jornalismo e ciência, se dá, também, em

função de um despreparo dos profissionais em abordar assuntos relacionados à temática

científica. Ainda conforme a autora a academia não prepara o futuro jornalista para lidar

com esse universo distinto. A ausência de tempo e recurso do profissional da

comunicação também colabora para a má qualidade da produção do jornalismo

científico.

O avanço das tecnologias e das ciências nas derradeiras décadas acabou

impulsionando um crescimento considerável na produção jornalística em ciência. O

assunto deixou de aparecer, apenas, em pequenos espaços nos jornais e ganhou mais

relevância em revistas especializadas e na editoria dedicada ao tema nos próprios jornaise no ciberespaço.

É preciso levar em consideração também a mudança de abordagem desses

assuntos na grande mídia. É recorrente na produção de notícias de todos os segmentos,

inclusive o de ciência, a aproximação dos temas com a vida dos leitores. Ou seja, adapta

ao interesse do público as descobertas, inovações, e pesquisas científicas.

Na interpretação de Rubleski (2009) existem pontos de estrangulamento a seremsuperados, tais como a procedência das matérias e a monofonia das fontes utilizadas. A

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autora chama a atenção para repetição intensa de traduções de fontes internacionais e o

vínculo com grandes empresas que possuem staff  especializado para a produção de

releases.

O problema disso é justamente a questão da contextualização do ambiente em

que foram feitas as pesquisas e o público que as consome. Nem sempre as temáticas

internacionais estão adequadas às preocupações locais, onde são traduzidas e

difundidas. E ainda, essas fontes, devido a sua procedência distante, acabam se

isentando de possíveis erros nas informações. Mas o mais grave disso tudo é que não se

sabe se o leitor se interessa em saber de onde vêm essas notícias.

E mesmo, as vezes, estando erradas, as pessoas, o senso comum tem a ciência

como algo irrefutável. Sem deixar de citar que, esses mesmo cientistas, fontes de

informação, têm sua ideologia e seu compromisso com o capital. Por isso é preciso

levar em consideração a questão da monofonia das fontes.

Mas de que se trata isso...Bom, sendo o relacionamento entre cientistas e

  jornalistas um tanto conturbado, até mesmo pelo tratamento superficial que a mídia dá

aos assuntos científicos, obviamente não são muitos os candidatos a explicar e repassar

informações especializadas. Por isso, os jornalistas, geralmente recorrem às mesmas

fontes que carregam consigo seu próprio ponto de vista e interesses.

O que resulta em matérias que retratam apenas uma perspectiva. Não dando

espaço a outros aspectos, a outras vozes, que deveria ser uma das missões do jornalista.

Dando uma visão parcial, e possivelmente interessada que não pode e nem será isenta

ou neutra.

É exatamente o que destaca Wilson Bueno em seu texto “Jornalismo Científico,

lobby e poder”, onde sublinha vários exemplos de iniciativas empresariais que ficaram a

frente de alguns discursos científicos de seus próprios interesses. Ou seja, não só os

cientistas utilizam os meios para a promoção de seus interesses extra-científicos, mas ospróprios jornalistas na produção de notícias.

Para Wilson isso é totalmente prejudicial para o serviço que o jornalismo deveria

prestar que é, sobretudo, seu caráter pedagógico-crítico. Para evitar que seu trabalho

esteja a serviço de interesses que contrariem a ampliação da cidadania e da informação

democrática. Para ele, o papel do jornalista de multiplicador de opinião é essencial na

cobertura de assuntos científicos.

O fato é que o jornalista precisa estar atento a interesses e informações dúbias esuspeitas, para não servir de porta-voz de empresas e iniciativas políticas. Para o

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  jornalista, é preciso que se faça um maior desenvolvimento teórico e tomada de

consciência para sua responsabilidade como tal. E claro, o de fomentador de discussões

a cerca dos mais diversos temas ligados a questões de interesse público, mais do que a

simples satisfação do leitor.

CORO CÊNICO DA UNAMA - PROJETO INCENTIVA A RECUPERAÇÃO DA

CULTURA PARAENSE

O Coro Cênico da Unama integra o Núcleo Cultural da universidade. E tem

como missão fomentar a prática do canto coral na instituição para promover o

conhecimento, a preservação, a divulgação e a valorização da música brasileira, com

ênfase na produção na Amazônia. Além de ter como objetivo o desenvolvimento global

do aluno através desta atividade alicerçada na pesquisa, ensino e extensão.

No decorrer de quinze anos de trabalho e pesquisa, o Coro Cênico já realizou

inúmeras apresentações de performances, shows, recitais, espetáculos que valorizam a

cultura paraense. Entre os resultados podemos sublinhar: oito textos de pastoris e mais

de duzentas partituras resgatadas através do projeto Revitalização das Pastorinhas.

A jornada de aprendizado se materializou com a confecção de quatro CDs. Um

da série Trilhas D’Água. O projeto conta ainda com a publicação de seu repertório

inédito através do livro de partituras Songbook Trilhas D’Água. Esses produtos são

distribuídos gratuitamente às universidades, bibliotecas e centros culturais, e ajuda na

disseminação e divulgação do que de melhor figura no cenário musical amazônico e

nacional.

Como transformar em realidade todos esses processos de busca e revitalização

da cultura? Todos os anos, no início dos semestres letivos é feita uma seleção de alunos

da instituição. Além de discentes o projeto abriga grupos de voluntários da sociedadeem geral. Ou seja, o grupo é aberto a alunos, funcionários e comunidade externa.

E é claro, como todo projeto, precisa de um plano de trabalho, um roteiro de

atividades a serem desenvolvidas pelo grupo já selecionado. O Coro Cênico atua em

parceria com outros eventos e projetos da universidade. É claro, para que possa

participar dessas iniciativas secundárias de forma satisfatória, precisa de um

cronograma de ensaios e dinâmicas relacionadas às atividades a serem desenvolvidas.

Dentre essas atividades estão:●Preparação e capacitação, visto que o projeto é constituído de oficinas para a

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preparação técnica de novos integrantes do Coro Cênico. Os alunos participam de

oficinas temporárias de técnica vocal, expressão corporal, oficina de prática vocal em

conjunto, prática da encenação e outras oficinas que asseguram um melhor

desenvolvimento dos integrantes e garante a qualidade do grupo; 

● Ensaios para a montagem de repertório musical eclético; 

● Participação em apresentações; 

● Leitura, estudo e fichamento de assuntos referentes ao projeto como biografias de

compositores como Caetano Veloso, Tom Zé, Gilberto Gil, Os Mutantes;

● Estudo e seleção de material bibliográfico e audiovisual de assuntos sobre música,

teatro, moda, antropologia, folclore e afins relacionado ao projeto; 

● Elaboração, criação e exposição do trabalho realizado pelo grupo; 

● Conhecimento de todo produto publicado pelo Núcleo Cultural e colaboração no

envio deste a outros centros culturais; 

● Participação nas oficinas acima citadas;

● Atualização do blog do setor de Artes Cênicas e Musicais, quanto às informações

relacionadas ao grupo; 

● Audição de obras de compositores nacionais enfatizando o período que está entre final

da década de 60 até meados da década de 70 – a época da Tropicália.

● Escrita de relatório mensal e relatório final conforme orientações da Extensão; 

● Organização de memorial do grupo através de documentos, jornais, programas,

cartazes, fotos etc.

● Demais atividades que serão integradas conforme necessidades do projeto.

Todas essas atividades, que foram retiradas diretamente do plano de trabalho do

projeto, são as rotinas de produção de conhecimento que os estudantes, pré-

selecionados, devem se inserir ao participar da iniciativa. Assim como as atividades e aspráticas que vão prepará-los para responder as expectativas do projeto de extensão.

Essas atividades estão dividas nesse cronograma semestral nos respectivos dias

em que cada evento deve ser cumprido:

MODELO DE CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO

Atividades Mês Dia da Semana

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Oficina Vocal Abril SegundaExpressão Corporal Maio Quarta

Prática Vocal em Conjunto Maio Segundas e Quartas

Prática de montagem de repertório pararecitais, shows e performances litero-musicais e outras apresentações.

Março, AbrilMaio, Junho

Segunda; Quarta eQuinta.

Leituras, fichamentos, entrevistas eoutras atividades.

Março,Abril,Maio, Junho

TerçasSextas

Maio/ Junho

Terças e Sextas

Exercícios Práticos de encenação de

acordo com a temática proposta

Março, Abril Segunda

Audição de CDs, Depoimentos em vídeoe DVD

Abril Terça

Oficina de Musicalização Junho Segunda

A avaliação dos alunos participantes é feita em equivalência com a

participação e envolvimento em todas as etapas do projeto. É preciso destacar também

que, dentre as regras de participação no projeto, os alunos devem obedecer

rigorosamente aos horários e compromissos de capacitação, apresentações e entrega dematerial solicitado pela coordenadora do projeto.

Tendo em vista que um dos objetivos principais da inciativa é fazer uma

recuperação da cultura local, a coordenação do projeto de extensão programa as etapas

para produção de cada novo trabalho sobre qualquer manifestação cultural. Dentre elas

estão a leitura sobre biografia do compositor, para melhor entender como reproduzir, no

sentido cênico, um pouco da personalidade do artista retratado.

Os alunos devem também promover a audição de obras do compositor,obviamente para promover a familiarização com o que se deseja reproduzir em cada

iniciativa. Deve ter ciência e participar, mesmo que indiretamente, com a seleção do

repertório a ser reproduzido pelo grupo através de arranjos vocais próprios, criados

especialmente para o projeto.

Ele não deverá faltar aos ensaios vocais, afinal isso pode comprometer a

excelência do trabalho produzido por todo o grupo. Além de não perder de vista os

ensaios instrumentais, os participantes irão se familiarizar com a questão rítmica eestética de cada composição. O que resulta em ensaios da parte vocal casada com a

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parte instrumental, e a preparação para possíveis demonstrações e divulgações dos

conteúdos produzidos nos canais de comunicação, como Rádio, TV e impresso.

Principalmente os que fazem a comunicação na instituição.

Com a carga horária de 20 horas semanais que poderão ser creditadas para

fins acadêmicos de atividade complementar, o projeto exige ainda a produção de

relatório mensal de atuação no projeto e avaliação de participação. Bem como relatório

semestral de tudo que foi produzido e realizado pelo grupo em eventos e outras

atividades.

CONSIDERAÇÕES DERRADEIRAS SOBRE O JORNALISMO CIENTÍFICO

Mesmo com o crescimento e ampliação de cobertura do jornalismo a essa área, a

cientifica e tecnológica, é preciso recordar alguns preceitos básicos de conduta na

produção jornalística. Como já citado anteriormente, o discurso deve ser mais

democrático e abrir espaço para outros enfoques e opiniões diferentes das que já estão

sendo enunciadas.

Sem perder de vista a tão essencial especialização e aprofundamento na área de

atuação, ainda mais se tratando de assuntos tão densos quanto os que falam sobre C&T.

Esse aprimoramento de conhecimento é importante para melhor trabalhar em prol de um

serviço de interesse público. É preciso fomentar discussões acerca dessa temática e não

endeusar os próprios cientistas que só estão fazendo seus devidos papéis dentro da

sociedade.

E é claro, isso só começará a ser feito quando os jornalistas começarem a ser

mais curiosos e céticos em relação a certas pesquisas e notícias alardeadas pelos

institutos de pesquisa. E até mesmo por empresas que muito se interessam pela

divulgação de notícias e pontos de vista relacionados à suas marcas e ou produtos.

Bibliografia

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BUENO,W. Jornalismo Científico, lobby e poder. In DUARTE, J & BARROS, T.

(ORG) COMUNICAÇÃO PARA CIÊNCIA, CIÊNCIA PARA COMUNICAÇÃO.Embrapa, Brasília-DF, 2003.

Relatórios do Coro Cênico da Unama

RUBLESCKI, Anelise. Jornalismo científico: Problemas recorrentes e novas

perspectivas. Ponto de Acesso, Salvador, 2009.