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    NO PRINCPIO ERAM OSSINHOS DE RENA:PARA SE COMPREENDER O SAXOFONE NO UNIVERSO DOS SOPROS

    Chico S1

    RESUMO: Este artigo fala dos instrumentos de sopro e seus princpios acsticos bsicos . Reflete tambmque junto com os diversos aperfeioamentos durante a primeira metade do sculo XIX, surge o sistema dechaves de Theobald Boehm e finalmente o saxofone de Adolphe Sax . O artigo apresenta ainda figuras queilustram as diversas fases dos instrumentos .

    PALAVRAS-CHAVE: saxofone, instrumentos de sopro, Theobald Boehm, Adolphe Sax.

    1 AS ORIGENS DOS INSTRUMENTOS DE SOPRO E SEU FUNCIONAMENTO

    Um instrumento musical sempre derivado de algum fenmeno acstico presente nanatureza, do qual o homem decide se apropriar, transformando-o em algum utenslio de

    produo sonora. Assim o fez no caso do assobio dos ventos que se transformou nos primeiros artefatos de osso manufaturados ainda na pr-histria, que por sua vez deram

    origem s flautas e depois aos outros instrumentos de sopro, como os exemplos das figuras 1e 2 (Gai, 1975, p.10).

    Fig. 1:Falanges de Rena, perfuradas para produzir sons a partir do sopro.

    Fig. 2:Instrumento de sopro rudimentar a partir do osso rdio esquerdo de um ruminante.

    O som se propaga no ar aproximadamente velocidade de 343 m/s em condiesnormais de temperatura e presso. Ou seja, num tubo de 343 metros de comprimento afreqncia de uma onda sonora ser de uma vibrao por segundo. Essa freqncia de onda medida em hertz, cuja abreviao Hz. Uma vez que em um tubo tenha sido produzida umaonda sonora, ela percorrer o tubo de uma extremidade a outra velocidade fixa de 343 m/s, e

    sua freqncia poder ser controlada aumentando ou diminuindo o comprimento deste tubo,

    1 Mestre em Msica pela UNIRIO, doutorando em Msica, professor da Faculdade de Artes do Paran.

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    que contm uma coluna de ar. Portanto, a base do funcionamento dos instrumentos de sopro a variao do comprimento da coluna de ar. Cada um dos comprimentos resulta numa notafixa, que por sua vez produz uma srie harmnica, obtida pela diviso da coluna de ar2 em 2,3, 4 ou mais partes. (Figura 3). Aos sons resultantes da diviso se d o nome de sons parciais.

    Fig. 3: Srie Harmnica da notaD 1 at o 16 som parcial..

    Para exemplificar os procedimentos de variao de comprimento da coluna de ar, umbom exemplo a flauta primitiva de seis orifcios e 21 polegadas, que a base do dedilhadode todos os instrumentos da famlia das madeiras.

    Fig. 4:Flauta primitiva de seis orifcios.

    Suponhamos que com todos os orifcios fechados a flauta produza a nota R 2, e osoutros seis orifcios tenham sido perfurados de forma que, abrindo um aps outro a partir danota mais grave e portanto diminuindo seu comprimento passo a passo, o resultado seja umaescala natural maior de R. A flauta seria capaz de produzir apenas sete notas fundamentais:R, Mi, F#, Sol, L, Si e D#.

    Para se conseguirem outras notas que no estejam nesta escala de R pode-se usar umrecurso de simulao de comprimento de tubo, a partir da manipulao da presso de colunade ar, conhecido como "dedilhado de forquilha" (Piston, 1955, p. 117). Por exemplo, se a

    flauta totalmente aberta soa D#, e o objetivo ouvir um D, abaixa-se a afinao do D#fechando-se o orifcio logo abaixo do ltimo a ser aberto, ou seja, o quinto na ordem desubida da escala, aquele que se manteria fechado para produzir a nota L (Figura 5).

    Fig. 5: Como obter a nota D na flauta de seis orifcios.

    Este mtodo traz alguns incovenientes quando se procura igualdade tmbrica em todasas notas da escala cromtica, pois torna desigual o timbre das notas obtidas por artifcio, ou

    2 Nos instrumentos de corda utiliza-se exatamente o mesmo processo, porm dividindo-se a corda ao invs da

    coluna de ar. A diviso se d por meio de nodos, ou seja, pontos de vibrao nula. Nos instrumentos de soproisso se consegue atravs do aumento da velocidade da coluna de ar, e por vezes com o auxlio de minsculosorifcios que abaixam a presso do ponto onde se situam. No demasiado lembrar que nada disso afeta avelocidade da propagao do som no ar, que permanece 343 m/s.

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    seja, as notas resultantes soam abafadas em relao s notas naturais. O outro caminho para aobteno de outras notas a colocao de chaves auxiliares entre um orifcio e outro, o quetraz a possibilidade de uma escala cromtica de sons fundamentais, j que possibilita dozecomprimentos de tubo ao invs de sete. Esse segundo processo produz uma escala cromtica

    mais equilibrada timbricamente, mas cria outros problemas para o dedilhado, j que adicionapelo menos cinco chaves ao trabalho dos dedos. possvel vibrar uma coluna de ar atravs do sopro em um vrtice que divida o jato de

    ar. Este processo utilizado numa embocadura livre como na flauta transversal, ou num blococujo vrtice divisor encapsulado, como na flauta doce. Outra forma de produzir vibrao,tambm na famlia das madeiras, atravs de uma palheta nica adaptada a uma boquilha(palheta simples), ou de duas palhetas, fixadas uma contra outra (palheta dupla). A terceiraforma que se dispe a de vibrar os lbios do executante dirigindo a vibrao para o interiorde um bocal que se assemelha a uma taa, conectado a um tubo de ar (famlia dos metais).

    2 OS INSTRUMENTOS DE SOPRO NO INCIO DO SCULO XIX

    O incio do sculo XIX foi marcado por uma busca generalizada por aperfeioamentostcnicos e mecnicos para os instrumentos musicais ento utilizados, alm de pesquisas nocampo tmbrico. So dessa poca tambm as pesquisas e as primeiras tentativas para asvlvulas que comeavam a ser introduzidas nos metais. At ento, no mbito dosinstrumentos de bocal, era comum usar apenas os recursos da srie harmnica eminstrumentos como a trompa lisa. As variaes de comprimento de tubo s tinham sidoexperimentadas usando a vara, como na sacabuxa (trombone primitivo), ou tubos com furos,

    nos moldes da flauta primitiva, porm cnicos, como o corneto (instrumento de bocal feito demadeira) e o serpento (Figura 6), instrumento grave da famlia do corneto (Grove, 1994,

    p.856).

    Fig 6: Cornetos e serpento em escala reduzida.

    O serpento foi criado em 1590 pelo francs Edm Guilhaume. Seu som era geradopor um bocal de osso, chifre ou marfim3 que era acoplado a um tubo cnico de madeirarevestido de couro com orifcios que eram fechados pelos dedos. Mais tarde foramacrescentadas algumas chaves, e o serpento sobreviveu at meados do sc XIX. O fato de tersobrevivido tanto mostra que no havia outro instrumento mais moderno que cumprisse suafuno satisfatoriamente.

    3 Segundo afirma Cecil Forsyth em seu manual de orquestrao, cuja primeira edio data de 1914, no incio dosculo XX os tubistas ocasionalmente usavam bocais de marfim.(Forsyth, 1982, p. 19)

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    3 O OFICLEIDE E O BUGLE DE CHAVES

    Incentivados pelos compositores, orquestradores e instrumentistas, os fabricantes no

    cessavam de pesquisar solues novas. Havia tentativas de criar vrios instrumentos, como obaixo de trompa e o fagote russo, mas suas imperfeies fizeram com que desaparecessem. Ooficleide e o bugle de chaves eram feitos a partir de tubos de metal cnicos de comprimentovarivel atravs de orifcios (Figura 7).

    Fig. 7:Alguns exemplos de bugles de chaves.

    "Tcnica e cientificamente, o oficleide, que o baixo dos bugles de chaves, derivadodo serpento" (Forsyth, 1982, p. 172/174). Na figura 8 podemos ver ambos, juntamente comtrombones tenores modernos.

    Fig. 8: Serpento e oficleide com trombones esquerda.

    O oficleide, cujo som era produzido por um bocal semelhante ao dos trombones, foipatenteado por Halary em 1821. Seu tubo cnico de metal possua um sistema de chaves que

    controlava orifcios de grande dimetro. Existe um oficleide na Escola de Msica da UFRJ,embora no momento sem condies de uso. Na figura 9 vemos trs exemplares da famlia dosoficleides, e um detalhe do tudel (nome genrico dado pea tubular, estreita e recurvada, emcuja extremidade se aloja a palheta ou bocal).

    Fig. 9: Trs tipos de oficleides e detalhe do tudel e bocal de um oficleide.

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    O sistema de chaves funcionava de forma inversa empregada nos instrumentos dechaves modernos. Ao passo que na flauta, obo, clarinete, fagote e saxofone as chaves daescala natural so fechadas pelos dedos, no oficleide as chaves permanecem fechadas at quesejam abertas pelos dedos, exceo daquela localizada na extremidade grave do tubo, cuja

    posio de repouso era a aberta. difcil estabelecer relao de agilidade com qualquerinstrumento moderno, j que este sistema de variao de comprimento de coluna de ar porabertura de chaves, e os instrumentos que o utilizavam como o oficleide e o bugle de chaves,h muito tempo cairam em desuso. Consequentemente difcil ter uma idia exata do seutimbre. S dispomos de suposies baseadas em textos de livros sobre orquestrao falandode instrumentos com produo de som e tubulao semelhante. Walter Piston afirma em seutratado de orquestrao, que o oficleide quando bem tocado soa como o eufnio, e queatualmente suas partes so usualmente tocadas pela tuba.

    4 VLVULAS PARA OS METAIS

    As vlvulas adicionam voltas aos instrumentos quando acionadas, de forma a alongar o tubo eabaixar a afinao. O sistema mais comum atualmente o de trs vlvulas. A primeira abaixaum tom, a segunda um semitom e a terceira um tom e meio. A combinao das trs possibilitasete comprimentos de tubo, ou seja, torna possvel descer um trtono a partir do tubo inicial.

    As primeiras vlvulas para os metais foram inventadas na Alemanha, por volta de1814 (Figuras 10 e 11). A partir destas outras foram construdas, sempre baseadas no mesmo

    princpio (Figura 12). O sistema mais utilizado atualmente semelhante ao criado porFranois Prinet em 1838 (Figura 13). H tambm as vlvulas rotativas, semelhates quelasusadas na trompa moderna, criadas em 1818, por Friedrich Blhmel e Heinrich Stlzel(Figura 14). Aperfeioamentos foram feitos em 1835 por Joseph Riedl, e em 1843 porLeopold Uhlmann. Uma outra tentativa de colocar vlvulas nos metais a vlvula de disco,conhecida na Frana em 1835, atravs do fabricante parisiense Halary, como plaquetournantes ou disques mobiles. Entretanto esta patente pertence a John Shaw e data de 1838(Figura 15).

    Fig. 10:Primeiro tipo de vlvula por Heinrich Stlzel em 1814.

    Fig. 11: Segundo tipo de vlvula de Stlzel.

    Fig. 12: Vlvula desenvolvida em 1827 by Heinrich Stlzel e em 1833 por Wilhelm Wieprecht.

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    dvida a flauta moderna possui uma concepo muito diferente, e suas caractersticas fizeramcom que o repertrio fosse abordado de outra forma, dando origem a outras escolas.

    O saxofone foi criado aproximadamente no mesmo perodo que a flauta tranversamoderna, quando os compositores, orquestradores e executantes buscavam a superao de

    limites impostos pelos instrumentos disponveis. Na histria da evoluo dos sistemas dechaveamento e conseqentemente do dedilhado das madeiras, h um nome que no podedeixar de ser mencionado, uma vez que tornou-se uma importante referncia nos sistema dechaves em geral, e isso inclui o saxofone.

    6 A FLAUTA DE BOEHM

    Entre os instrumentos de sopro, particularmente da famlia das madeiras, poucoscausaram, e ainda causam, tanta polmica quanto a flauta transversa na sua histria, devido s

    mudanas radicais na questo acstica para a contruo4. Theobald Boehm (1794-1881) foi o pesquisador e flautista cujo projeto bsico de uma nova flauta transversa acabou sendoadotado.

    Fig. 16: Theobald Boehm aos 60 anos.

    importante frisar que Boehm no era o nico que tentava modificar os modelos deflautas anteriormente usados, em geral de uma s chave, como as fabricadas pelo flautistaQuantz (1697-1773) (Gai, 1975, p. 55), (Figura 17). Na figura 18, outra flauta que utiliza omesmo sistema da flauta da figura 17.

    Fig. 17:Flauta fabricada por Quantz para Frederico o Grande (1712-1786).

    4 A tese de doutoramento de Laura Rnai, de 2003 aborda amplamente este assunto.

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    Fig. 18:Flauta fabricada por J. Heinrich Grenser, Dresden, entre 1796 e 1806.

    Mesmo depois dos anos de transio, quando se colocavam chaves na flauta cnica(Figura 19), como as conhecidas como flautas Meyer (Figura 20), ainda havia vrios ediferentes modelos contemporneos da flauta de Boehm como a de Giulio Briccialdi (1818-1881) e outras (Figura 21, 22 e 23), que com o passar do tempo foram deixando de ser usados(Gai, 1975, p. 66).

    Fig. 19:Rudall, 1820.

    Fig. 20: Meyer.

    Fig. 21:Briccialdi.

    Fig. 22:Rudall & Rose, 1867.

    Fig. 23:Reform.

    O texto de Laura Rnai descreve claramente a situao da flauta do incio do sculoXX:

    Com o sculo XX e o final da Primeira Guerra Mundial a homogeneizao quedomina atualmente o cenrio musical j estava avanada: mesmo os alemes

    estavam deixando de lado suas reservas iniciais, e se utilizando de flautas desistema Boehm, se bem que ainda de madeira; Na Inglaterra, o modelo Carte,de 1867, ainda era o mais popular, mas j dividia o espao com flautas Radcliffou at mesmo com modelos Boehm de madeira, prata,ou ebonite. Na Frana,

    predominavam flautas de sistema semelhante a Boehm, em metal. Os msicosalemes e ingleses baseavam sua escolha em volume sonoro, enquantofranceses (e at certo ponto, italianos) privilegiavam a flexibilidade do som,assim como a variedade tmbrica. (Rnai, 2003, p.30)

    O sistema de chaves desenvolvido por Theobald Boehm (Figuras 24 a 29) teve tanta

    aceitao, que o seu nome passou a ser usado fora do mundo da flauta. Curiosamente, apesardo clarinete Boehm ter sido assim chamado, o projeto, feito por volta de 1839 a 1843, do

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    fabricante Louis-August Buffet e do clarinetista Hyacinthe Elonore Klos e nenhuma relaoteve com Theobald Boehm (Grove, 1994, p.200.).

    Fig. 24:Flauta Boehm, 1831.

    Fig. 25:Flauta Boehm, 1832.

    Fig. 26:Flauta Laube Boehm, 1832.

    Fig.27:Flauta Boehm, 1847.

    Fig. 28:Flauta Lot.

    Fig. 29:Flautas Boehm, incluindo flautim e flautas em Sol.

    7 OS SAXHORNS

    Adolphe Sax (1814-1894) foi um dos mais importantes fabricantes de instrumentos de

    sopro do sculo XIX. Dois instrumentos por ele inventados levam seu nome e permaneceramem uso at os nossos dias. O saxhorn um instrumento cnico de metal com trs vlvulas,

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    provido de bocal em forma de taa, e foi projetado desde o sopranino em Mi b,alternadamente entre Mi b e Si b, at o contrabaixo em Si b.

    Fig. 30: Saxhorns no catlogo da fbrica de Adolphe Sax.

    H alguma semelhana do saxhorn com o grupo das tubas, porm no so o mesmoinstrumento. A sua patente, de 1845, como um instrumento totalmente novo foi questionada

    judicialmente por fabricantes franceses de instrumentos, provavelmente porque a tuba foidesenvolvida entre 1820 e 1830. Mas sem dvida o saxhorn um projeto de uma famlia deinstrumentos com uniformidade tmbrica, e que certamente possui qualidades que o fizeramsobreviver at hoje. A diferena bsica entre os saxhorns e as tubas na questo que estas tmo tubo bem mais largo nos modelos graves, como pode ser visto na figura 31.

    Fig.31: esquerda, saxhorns de vrios modelos. direita, a tuba.

    8 O SAXOFONE

    Assim como os saxhorns, os saxofones foram projetados desde o sopranino at ocontrabaixo. A gerao do som a partir de uma palheta simples presa a uma boquilha5, comono caso do clarinete, porm o projeto acstico muito diferente. O clarinete conta apenas comos sons parciais mpares, por utilizar um tubo fechado cilndrico, e o tubo cnico do saxofone capaz de produzir toda a srie harmnica como os tubos abertos. Isso distancia muito osdois instrumentos em timbre, que determinado pela quantidade e tipo de harmnicos, e tornao sax capaz de oitavar a escala de sons fundamentais nos mesmos tamanhos de tubo, aocontrrio do clarinete. A tubulao de grande dimetro do saxofone somada ao dobro de sons

    5 A boquilha do saxofone encaixada no tudelrevestido de cortia de forma que possa deslizar para afinaofina. Originalmente fabricada em madeira, atualmente fabricada em ebonite (borracha dura), resinas ou metaisdiversos, como os prottipos brasileiros de Leonardo Fucks em fibra de carbono.

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    parciais lhe confere grande poder sonoro somente comparvel aos metais. Porm, dada agrande maleabilidade tmbrica do saxofone, possvel na sua execuo aproximar muito o seutimbre ao de outros instrumentos. O tubo possui orifcios controlados atravs de chaves, deforma muito parecida ao oficleide, sem esquecer que a posio de repouso da maior parte das

    chaves do saxofone a aberta. O dedilhado foi elaborado baseado no sistema da flauta deBoehm e no obo com melhorias tambm ao estilo de Boehm, devido sua lgica epraticidade.

    O saxofone original de Adolphe Sax possua duas chaves de acionamento individualque controlavam dois minsculos orifcios destinados a produzir nodos em lugares diferentesdo tubo, ou seja, regies de baixa presso onde a amplitude da vibrao nula. O nodo fora adiviso da coluna de ar para a produo de sons harmnicos e auxilia a obteno de oitavas.Essa tcnica a mesma utilizada em todas as madeiras, sejaabrindo registros especficos paraesse fim, ou chaves dentro da escala que pelo posicionamento possam cumprir a mesmafuno. Hoje em dia, para o registro de oitava, os fabricantes de saxofones utilizam apenasuma chave que controla um ou outro orifcio, o que varia automaticamente de acordo com a

    regio do tubo. O fato de poder emitir as mesmas notas na segunda oitava com os mesmoscomprimentos de tubo, melhoramentos como o sistema automtico de troca de orifcio deoitava e o fechamento automtico do Sol# quando se fecham as chaves principais da modireita (F, Mi e R), ajudaram a tornar a mecnica do saxofone extremamente simplificada e

    prtica para a realizao de escalas e arpejos se comparada dos outros instrumentos dafamlia das madeiras. Porm, esse conceito de simplicidade se aplica apenas ao uso naextenso inicial de duas oitavas e uma quinta, pois o mecanismo se torna muito mais difcilnas regies extremas. No extremo grave do instrumento, alm da mecnica, a emisso e ocontrole so difceis, ao contrrio do clarinete, por exemplo. Como acontece em todos osinstrumentos de sopro na regio aguda, tanto a afinao quanto o timbre e a mecnicamerecem ateno especial.

    O conjunto de saxofones que consta da patente francesa de 1846 de 14 instrumentos,a princpio divididos em dois grupos: o militar e o orquestral. O grupo militar era formado

    por: sopranino (Mi b), soprano (Si b), alto (Mi b), tenor (Si b), bartono (Mi b), baixo (Si b) econtrabaixo em (Mi b). O grupo orquestral era semelhante, porm utilizava as alturas de F eD, e o saxofone alto era chamado mezzo soprano e o tenor meldico. A famlia em F e Dcaiu totalmente em desuso e no figura nos catlogos atuais dos fabricantes. Na figura 32temos a famlia representada sobre um grfico de medida em ps que possibilita noo detamanho. O sax contrabaixo chama a ateno pelo tamanho, por volta de dois metros dealtura.

    Fig. 32:Da esquerda para a direita: sopranino, soprano, alto, tenor meldico, tenor, bartono, baixo e contrabaixo. No lado esquerdopode-se ver uma escala na vertical com as medidas (em ps). Ao lado direito, o saxofone contrabaixo.

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