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Copyright © 2018 Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Terceira Região – Crefito 3.

A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação do copyright (Lei 5.988/73 e Lei 9.610/98).___________________________________________________

A Interface da Terapia Ocupacional no Contexto Multiprofissional da Educação, Saúde, Previdência e Assistência Social / Adriano Conrado Rodrigues - São Paulo, SP: Maio, 2018.

1.TERAPIA OCUPACIONAL 2.EDUCAÇÃO 3.SAÚDE 4.ASSISTÊNCIA SOCIAL 5.REABILITAÇÃO 6.SAÚDE MENTAL 7.PRÁTICAS INTEGRATIVAS 8.PREVIDÊNCIAI. Rodrigues, Adriano Conrado (org.)

4 VOLUMES - Essa obra contém material inédito.

Realização:

Apoio técnico institucional e divulgação:

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Responsável Técnico, Coordenação do Projeto e Produção:Adriano Conrado Rodrigues – TERAPEUTA OCUPACIONAL

Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução parcial outotal desta obra, desde que citada a fonte e que não seja para venda ou qualquer fim comercial.

All rights reserved. It allowed the partial or total reproduction of this work provided that the source is mentioned and is not for sale or any commercial purpose.

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Citação Especial - Homenagem - Crefito 3/TO“Terapia Ocupacional - Profissão Centenária”

17 de março de 1917: Nessa data, há exatamente um século, um grupo multidisciplinar vinculado direta e indiretamente à área da saúde, se reuniu na cidade de Nova Iorque para oficializar a criação da NSPOT – National Society for the Promotion os Occupational Therapy, a Associação Nacional para a Promoção da Terapia Ocupacional (hoje AOTA – Associação Americana de Terapia Ocupacional). Presentes àquela primeira reunião, apenas seis pessoas. Cem anos depois, e próxima de reunir meio milhão de profissionais em todo o mundo, a Terapia Ocupacional se consolida como uma profissão que se expande desde a área da saúde para abraçar também os campos social e da educação. Por meio de suas práticas e dos avanços em pesquisas, onde o fazer humano é abordado de forma transformadora, evidenciamos a importância da atuação dos terapeutas ocupacionais.

Saiba mais sobre os 100 anos da Terapia Ocupacional em:https://youtu.be/VYfOK_3sr5s

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Agradecimentos

Agradeço a todos os TERAPEUTAS OCUPACIONAIS e demais profissionais, compromissados com o saber e a prática clínica / assistencial, que fazem a “linha de frente” do acolhimento à população. Graças à vocês, esse livro têm integralidade e humanização!!!

Agradeço aos mais de 90 Autores Colaboradores, tamanha a generosidade dispensada a cada capítulo, texto, palavra... Vocês foram incríveis! Referenciar uma Categoria, exige competência, experiência, ética e responsabilidade. Aqui, isso é realidade!!!

Agradeço a Dra. Patrícia Luciane Santos de Lima (Vice-presidente do Coffito) e ao Dr. José Renato de Oliveira Leite (Presidente do Crefito 3), além de todos os colegas terapeutas ocupacionais e fisioterapeuta do Sistema Coffito-Crefitos, pela parceria e por acreditarem que podemos sim, avançar nas demandas da Terapia Ocupacional!!!

Agradeço em especial à minha família pelo apoio incondicional, e todo o amor e carinho!!!

Obrigado a Deus, pela oportunidade de servir e me realizar através dessa linda profissão, pelo bem comum.

Adriano Conrado Rodrigues

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Dedicatória

Essa obra é dedicada ao terapeuta ocupacional, professor, orientador, mestre, e como ele gostava de ser apresentado, AMIGO Roberto Ciasca.

Eterno em nossos corações. In Memoriam

#contamine-se com o prazer da dança!- Grupo de Dança ParaTodos na Mostra de dança do CCA da PUC-Campinas. Coreografia Swing da Lata, criação coletiva. Música de Herbert Viana e Fernanda Abreu. Coordenação Roberto Ciasca.

Disponível em:http://robertociasca.blogspot.com.br/2009/08/grupo-de-danca-paratodos-estreia.html (acesso em 05/03/2018)

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CapaSignificado

- Trechos retirados do TCC dos TOs Hélio Hissaoh Ikeda e Lívia Aparecida Soares de Lima. MANDALAS: UMA REFLEXÃO SOBRE SEU POTENCIAL TERAPÊUTICO OCUPACIONAL. UNISO, 2014. Orientação Acadêmica: Rita Gianolla Miranda.

“...a Terapia Ocupacional pode utilizar o mandala, uma vez que necessita de uma atividade que proporcione através do simbolismo, a emersão para o consciente de conflitos internos, o mandala por sua vez é uma maneira de projeção simbólica de tais conteúdos inconscientes.”

“...conexão com conteúdos inconscientes que nos bloqueiam e sentimentos que necessitam ser trabalhados. O Terapeuta Ocupacional pode aproveitar deste recurso e auxiliar o indivíduo no reconhecimento e aceitação destas limitações.”

“...para que haja a reorganização consciente do cotidiano é necessário reorganizar conteúdos internos.... o mandala permite uma transformação alquímica ao nível de psiquismo que favorece para que as imagens representativas se tornem realidade e assim seja capaz de remanejar conteúdos conflitantes, visibilizando a clarificação dos conteúdos que possam vir a serem emergidos, permitindo uma reorganização interna.”

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SUMÁRIO

VOLUME 1TERAPIA OCUPACIONAL - GESTÃO, EMPREENDEDORISMO E MARKETING.

Prefácio 1................................................................................................................. 13

Prefácio 2................................................................................................................. 14

I - APRESENTAÇÃO.....................................................................................................16

II - CONTEXTUALIZAÇÃO............................................................................................24Características e Breve Análise de Impacto da Terapia Ocupacional por Geopro-cessamento no Brasil: Aspectos Sociais, de Saúde e de Educação

III - AQUECIMENTO.....................................................................................................42Introdução à Ciência Ocupacional

CAPÍTULO 1...............................................................................................................64- A Atuação do Terapeuta Ocupacional no Campo do Planejamento e Gestão em Contextos Multiprofissionais

CAPÍTULO 2................................................................................................................76- Planejamento e Gestão em Educação, Saúde e Assistência Social - Conside-rações para terapeutas ocupacionais, por um olhar humanizado e integral

CAPÍTULO 3................................................................................................................94- A Terapia Ocupacional no Sistema Único de Saúde em Disputa

CAPÍTULO 4.............................................................................................................110- Tomada de Decisões na Gestão Pública Baseada em Evidências Científicas, e a Terapia Ocupacional nesse Contexto

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CAPÍTULO 5.............................................................................................................116- Gestão, Empreendedorismo e Marketing em Saúde

ANEXO 1..................................................................................................................128- TO empreendendo (blog) - Gestão, Empreendedorismo e Marketing para Te-rapeutas Ocupacionais

ANEXO 2..................................................................................................................139- Reflexão em Saúde Pública - Equipe NASF (Núcleo de Apoio à Saúde da Famí-lia / Associação Saúde da Família) e tutores do Programa Pró- Saúde (Progra-ma Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde)

IV - APÊNDICE..........................................................................................................150 - Cartilha de Apoio para a Inserção de Terapeutas Ocupacionais nosProgramas e Serviços Públicos de Saúde e Assistência Social...................151 – Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde – CIF: Considerações para Terapeutas Ocupacionais...............................154 - Apresentação dos mini-currículos dos autores / colaboradores, em acordo com a identificação numérica em sobrescrito...........................163

SUMÁRIO

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Prefácio 1

Dra. Patrícia Luciane Santos de Lima*

Este referencial direcionado aos Terapeutas Ocupacionais, chegou para enriquecer o conhecimento teórico prático de nossa profissão e proporcionar condições para desempenharmos nosso trabalho com mais diversidade, qualidade e abrangência. Uma grande equipe multiprofissional transformou esta produção em realidade, perpassando temas que transitam não só pela saúde, mas trazendo reflexões acerca do nosso papel ocupacional na sociedade enquanto promotores do bem estar bio psico social do indivíduo e apontando materiais, métodos, recursos, para que este indivíduo atinja a sua máxima independência e autonomia. Trazer aos profissionais, reflexões a respeito deste fazer, ilustrando a prática com relatos de casos também é o desafio desta obra, e nos remete a potencializar um bom networkinq que nos capacite a reconhecer e aprimorar nossas habilidades e competências, somando forças com a equipe multiprofissional, para alcançarmos a excelência das boas práticas em saúde. Estar prefaciando este livro é, além de uma honra, uma grande responsabilidade: a de indicar a leitura e incentivar os demais colegas a se aventurarem nas interfaces da nossa profissão, mas acima de tudo, é uma imensa alegria, pois participo da trajetória do autor, que vem, com extrema competência, ética e dedicação, transformando conceitos e quebrando paradigmas da Terapia Ocupacional no Brasil. Fica como sugestão a leitura e o desejo de que esta sucessão de temas atuais e aquilatados pelo olhar cuidadoso do autor, nos faça caminhar para a excelência do cuidado e para o fortalecimento de uma rede de referência que gere autonomia, inclusão social, geração de renda e melhor qualidade de vida ao paciente.

*Terapeuta Ocupacional - Vice-presidente e Membro da Comissão de Assuntos Parlamentares (CAP) do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO).

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Prefácio 2

Dr. José Renato de Oliveira Leite*

Esta obra tem por objetivo ressaltar a interface da Terapia Ocupacional no contexto multiprofissional nas mais diversas situações que envolvem as ações de planejamento e gestão em saúde, os programas de reabilitação, os ganhos funcionalidade, e as redes de atenção à saúde, bem como a aplicação de inovados recursos e métodos terapêuticos por especialistas na área da reabilitação. Cabe lembrar que o processo de promoção da saúde, física ou mental, têm por finalidade a reintegração do indivíduo à sociedade. E para a sua ocorrência, deve-se ter, além do domínio de conhecimento técnico e científico, a garantia do trabalho multiprofissional, o envolvimento do Estado, a efetiva participação da sociedade, bem como do próprio indivíduo a ser reintegrado, e de seus familiares. Dessa forma, o autor procurou reunir renomados profissionais que atuam nas áreas de planejamento, gestão e promoção de saúde, sobretudo ressaltando a importância do trabalho em equipe multiprofissional, e que por meio das suas ações experiências, irão contribuir de forma consubstancial na tomada de decisões e adoção de condutas. Portanto, esse livro é recomendado para todos os profissionais que estão envolvidos com estratégias de gestão, e aqueles que desejam ter o amplo conhecimento da importância do trabalho multiprofissional que é realizado ao longo de todo o processo de reabilitação. E por fim, aproveito também a oportunidade para parabenizar o Dr. Adriano Conrado Rodrigues e seus respectivos colaboradores, pelo excelente trabalho realizado nessa obra, e pela iniciativa de construção e compartilhamento do conhecimento científico, o qual é de vital importância para toda a nossa sociedade.

*Fisioterapeuta – Presidente do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Terceira Região (CREFITO-3); Membro da Comissão de Assuntos Parlamentares (CAP) do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO); Especialista em Fisioterapia Respiratória pela ASSOBRAFIR; Coordenador das Atividades de Ensino do Instituto do Coração da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (InCor- HC. FMUSP)

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I - APRESENTAÇÃO.

Adriano Conrado Rodrigues

É com imensa satisfação e alegria que apresento essa obra em formato digital, em consonância com o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional - COFFITO, para referenciar ou instrumentalizar de forma ampla e acessível o maior número possível de Terapeutas Ocupacionais, conforme o interesse nas temáticas abordadas. Dimensionar a Terapia Ocupacional em sua amplitude não é tarefa fácil, e talvez nem seja possível considerando as características da profissão, além das vertentes político-sociais em constante transformação. Mas creio ter aqui um ótimo retrato, contemporâneo, que conta com a experiência e colaboração de mais de 90 profissionais, Terapeutas Ocupacionais e outros, que em suas expertises e de forma generosa evidenciaram uma base sólida de fundamentos e práticas terapêuticas ocupacionais e multiprofissionais. Hoje no Brasil, conforme estimativa do próprio Coffito (Dez/2017) somos 17.865 Terapeutas Ocupacionais. Isso representa um crescimento de 21%, em relação ao número de profissionais no ano de 2015. Apesar do impacto positivo desse valor, pois sim, estamos crescendo, ainda nos encontramos aquém quando esse levantamento é dimensionado por cobertura territorial, atenção às demandas, programas, instituições e serviços, e pelo número de cursos ofertados nas instituições de ensino superior do território nacional. Atualmente, não são raros os concursos e vagas de trabalho, sem profissionais inscritos, bem como novas políticas públicas que venham adaptadas ao baixo número de profissionais com especialidade ou competência para uma área específica. Baixo também é o número de mestres e doutores na profissão. Daí a importância de estarmos incorporados em ações planejadas, tanto de cunho político (ético/responsáveis), quanto de evidência da própria prática, pois a mesma fala por si. Esse deve ser um compromisso de cada profissional, de cada instituição e de cada órgão de representação dessa categoria. Assim, vejo como essencial a evidência de nossas “boas práticas”, em acordo com o código de ética da Terapia Ocupacional. Hoje em dia, com os

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adventos tecnológicos é muito fácil se comunicar. Saibamos usar isso a nosso favor, e mostremos toda a riqueza da Terapia Ocupacional à sociedade.

Acesse material de divulgação da Terapia Ocupacional em:http://www.crefito3.org.br/dsn/manuais.asp

É nesse ideal de CRESCIMENTO, que essa obra compõe seu alicerce! Para ilustrar a obra e marcar a transição de conteúdos, temos “o Mandala”, e aqui vale uma fundamentação quanto a pertinência da escolha: O Mandala - Através do simbolismo, leva a emersão para o consciente de conflitos ou limitações, que, a partir disso, poderão ser trabalhados para uma reorganização interna e no cotidiano, ou seja, um excelente recurso terapêutico (nada mais pertinente!). Derivação Cultural de concepção, o Mandala, presente na tradição hinduísta, e mais precisamente na tradição budista tibetana, presente nos estudos de C. G. Jung, representa uma imagem interior que gradualmente é construída nos momentos de equilíbrio psíquico perturbado, ou quando um pensamento não pode ser encontrado. O Mandala estimula a mente a equilibrar as emoções e ativa os processos físicos, ajudando a restabelecer sua função plena e assim passa a ser uma fonte de cura; e encontra a sua simbiose técnico-afetiva com a Terapia Ocupacional. E assim, a beleza fascinante e misteriosa do Mandala nos acompanhará ao longo dessa jornada, abraçando a dimensão contemporânea da Terapia Ocupacional, sem nos deixar esquecer o quão fascinante, complexa e rica é a essência e o trabalho com o ser humano! Outro ponto importante da obra é o fato da característica multiprofissional da composição dos assuntos; o que torna o conteúdo extremamente esclarecedor quanto ao papel do terapeuta ocupacional, quando frente às outras profissões, quer seja no campo da Educação, da Saúde, da Previdência ou da Assistência Social, nas prerrogativas, competências e amplitude de Abordagens, Métodos, Técnicas e intervenções terapêuticas ocupacionais.

Não há atenção integral à Saúde da população, sem a presença do Terapeuta Ocupacional nos programas, serviços e equipes de trabalho!

Da mesma forma, conhecer as prerrogativas e práticas profissionais das demais categorias que nos relacionamos como Terapeutas Ocupacionais, nos auxilia a intervir de forma ética, e partilhar nossos

I - APRESENTAÇÃO

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18 Terapia Ocupacional • Volume 1

objetivos (em equipe) ou gerar demandas colaborativas, para que tenhamos a riqueza da abordagem multiprofissional evidenciada nas dinâmicas de trabalho, e certamente maior assertividade nas avaliações e condutas profissionais. As práticas multiprofissionais nesse contexto têm como principal objetivo lançar um olhar amplo sobre os indivíduos, tanto para prevenir doenças e fatores de exclusão, como para promover a saúde e a Qualidade de Vida. Esse é um processo que passa pela busca de independência nas atividades da vida diária, autonomia para o desenvolvimento pessoal, projetos de vida, respeito pelos valores individuais ou comunitários, manutenção de vínculos sociais e ocupacionais, que considerem o potencial funcional e relacional. Essas questões compõem as premissas do trabalho do Terapeuta Ocupacional, e por conseqüência as premissas dessa obra. Talvez o terapeuta ocupacional seja o profissional mais competente na atenção às pessoas em estado de vulnerabilidade; até aqui, pouca novidade uma vez que essa profissão advém de situações adversas da humanidade. A questão é que no Brasil, pela própria condição sócio-econômica e política do país, a vulnerabilidade está intimamente ligada ao risco de morte, o que torna a presença do terapeuta ocupacional nos programas e serviços públicos, necessária, indispensável, imprescindível, ou qualquer outro adjetivo que demonstre a extrema importância de sua presença. Assim, num verdadeiro malabarismo metodológico /organizacional para abraçar todo o arcabouço teórico-prático levantado, e sem a pretensão de ser perfeita nessa questão, essa obra divide-se em 4 partes, precedidas pela contextualização em forma de análise situacional da profissão no cenário nacional, e por uma brilhante viagem à Ciência Ocupacional como terra fértil a ser explorada por acadêmicos e profissionais, e que ancora e subsidia a prática da Terapia Ocupacional. A Parte 1 aborda de forma ampla, estratégias de GESTÃO, EMPREENDEDORISMO E MARKETING para terapeutas ocupacionais, deixando clara a capacidade (e aptidão) desse profissional em gerenciar pessoas, equipes e serviços ou empresas. Na Parte 2 são apresentados de forma técnica, MÉTODOS, ABORDAGENS E INTERVENÇÕES PARA GANHO DE AUTONOMIA, INDEPENDÊNCIA OU PARTICIPAÇÃO. Nessa mesma linha entramos na Parte 3, onde os autores colaboradores relatam suas experiências e saberes nos CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO, SAÚDE, PREVIDÊNCIA E ASSISTÊNCIA SOCIAL. E finalmente a Parte 4 percorre a extensão terapêutica ocupacional

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19I - APRESENTAÇÃO

no campo das PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES EM SAÚDE, e que demandam o envolvimento dos profissionais, pois já temos inclusive a Política Nacional das PICS, com grande atenção Ministerial para a sua consolidação. Assim, concluo a apresentação considerando essa obra um marco de evidência, em que a profissão parece SE FORTALECER nas mãos de gestores e profissionais que entendem ser esse, o momento de construção e união pelo ideal da profissão em si; e o que não for para agregar em representação, competência, sustentabilidade, monitoramento, eficiência e efetividade, já não cabe mais. A TERAPIA OCUPACIONAL BRASILEIRA SOMOS TODOS NÓS!

APRESENTAÇÃO DOS AUTORES / COLABORADORES POR SESSÃO*:

I - (APRESENTAÇÃO).

II - CONTEXTUALIZAÇÃO.1. Adriano Conrado Rodrigues (1)2. Álida Fernanda C. Murta Andrade (94)3. Jamile Cristina Albieiro Silva (31)4. Dimaima Vitória Castro da Graça (93)5. Susilene Maria Tonelli Nardi (72)

III - AQUECIMENTO. Otavio Augusto de Araujo Costa Folha (57)

VOLUME 1.TERAPIA OCUPACIONAL - GESTÃO, EMPREENDEDORISMO E MARKETING.1. Priscilla Regina Cordeiro (33)2. Annie Betune Ramalhão (3)3. Sandra Helena Iglesias Cordeiro Leite (9)

“Nenhum homem é uma ilha; qualquer homem é uma parte do todo. A morte de qualquer homem me diminui, porque faço parte da humanidade;...”

John Donne (1572-1631).

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20 Terapia Ocupacional • Volume 1

4. Adriano Conrado Rodrigues (1)5. Bruno Souza Bechara Maxta (59)6. Alessandro Rodrigo Pedroso Tomasi (58)7. Susilene Maria Tonelli Nardi (72)8. Lúcia Helena Soares Camargo Marciano (91)9. Maria Aparecida Pereira Machado (80)10. Katia Maki Omura (75)11. Carmen Ligia Cucê Nobre (21)12. Adriano de Oliveira* (28)13. Julia Hatakeyama Jóia* (27)14. Keila Raquel Ferreira de Oliveira (22)15. Janaína Eleutério Martins (23)16. Luiza Franco (26)17. Maria Luiza Rezende (24)18. Maria Luiza Santa Cruz (19)19. Marina Rodrigues Camargo (17)20. Silvia Regina Rocha (18)21. Viviane de Mancilha Lima (25)

VOLUME 2.TERAPIA OCUPACIONAL EM SAÚDE E REABILITAÇÃO - MÉTODOS, ABORDAGENS E INTERVENÇÕES PARA GANHO DE AUTONOMIA, INDEPENDÊNCIA OU PARTICIPAÇÃO.1. Daniel Marinho Cezar da Cruz (11)2. Maria Aparecida Ferreira de Mello (37)3. Cândida Luzzo (39)4. Tatiani Marques (40)5. Adriano Conrado Rodrigues (1)6. Fernando Vicente de Pontes (56)7. Daniela Nascimento Augusto (17)8. Roberta Abduch Rolim Credidio (16)9. Adriano Conrado Rodrigues (1)10. Luciana Diniz Freitas (70)11. Gisele Pellegrini (5)12. Renata Aparecida Conejo (8)13. Ana Cláudia Tavares Rodrigues (88)14. Luciane Padovani (6)15. Ana Maria D. O. Belleza (2)16. Fábio Jakaitis (4)

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21I - APRESENTAÇÃO

17. Luciane Padovani (6)18. Marussia Fialho Hamsi Caridá (15)19. Eduardo Peres Honório (14)20. Célia Aparecida Tomba (13)21. Adriana Garcia Tosta Vieira (12)22. Andressa Chodur (83)23. Patrícia Luciane Santos de Lima (53)24. Sandra C. Pizzocaro Volpi (36)25. Caio Cesar Benetti Filho (51)26. Kátia Cezário da Silva (90)27. Fernanda Cristina Ferreira de Camargo (66)28. Vanessa Raquel Pires Ferracini (68) 29. Evelin Cadrieskt Ribeiro Mello (67)30. Carolina Gomes Matarazzo (92)31. Antonia Alice de Souza Fonseca (42)32. Evelyn Kirkcov de Souza (45)33. Helenice Oliveira (44)34. Márcia Conceição Abbamonte (43)35. Renata Rocha (49)36. Renata Schoedler (10)37. Carolina Gomes Matarazzo (92)38. Márcia Helena Valente da Costa (95)

VOLUME 3.TERAPIA OCUPACIONAL - CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO, SAÚDE, PREVIDÊNCIA E ASSISTÊNCIA SOCIAL.1. Maria Fernanda dos Santos (74)2. Daniela Nascimento Augusto (17)3. Leonardo Costa Lima (35)4. Alexandre Martinho (76)5. Aide Mitie Kudo (46)6. Mônica Estuque Garcia Queiroz (47)7. Gabriela Pereira do Carmo (71)8. Luciana Diniz Freitas (70)9. Mônica Estuque Garcia Queiroz (47)10. Patrícia Luciane Santos de Lima (53)11. José Naum de Mesquita Chagas (77)12. Carolina Maria do Carmo Alonso (48)13. Priscila Blasquez da Costa Leite (55)

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22 Terapia Ocupacional • Volume 1

14. Jamile Cristina Albieiro Silva (31)15. Adriano Conrado Rodrigues (1)16. Gisele Monnerat Tardin (50)17. Tatiani Marques (40)18. Luis Ferreira Monteiro Neto (54)19. Fernando Vicente de Pontes (56)20. Patricia Leite de Oliveira (52) 21. Ana Rita Costa de Souza Lobo Braga (69)22. Patrícia Leite de Oliveira (52)23. Carolina Cimardi Becker (29)24. Cristina Maria Quaggio (30)25. Jamile Cristina Albiero Silva (31)26. Mariane Aparecida Terssoni da Conceição (32)27. Priscilla Regina Cordeiro (33)28. Talita Cristina de Moraes (34)29. Cíntia Schwab (41)30. Leiliane Helena Gomes(89)31. Márcia de Souza Rodrigues (61)32. Aline Paz Perussi (73)33. Carolina Maria do Carmo Alonso (48)34. Priscila Blasquez da Costa Leite (55)35. Gisele Monnerat Tardin (50)36. Marina Rodrigues Camargo (17)37. Silvia Regina Rocha (18)38. Maria Luiza Santa Cruz (19)39. Walter Augusto Bahia Pereira (20)40. Maria Luiza Rezende (24)41. Carmen Ligia Cucê Nobre (21)42. Keila Raquel Ferreira de Oliveira (22)43. Janaína Eleutério Martins (23)44. Luiza Franco (26)45. Viviane de Mancilha Lima (25)46. Álida Fernanda C. Murta Andrade (94)47. Luzianne Feijó Alexandre Paiva (82)48. Maria Imaculada da Costa Mendonça (96)

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23I - APRESENTAÇÃO

VOLUME 4.TERAPIA OCUPACIONAL - PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES EM SAÚDE (PICS).1. Ana Teraza Costa Galvanese (79)2. Fábia Cilene Dellapiazza (38)3. Márcia de Souza Rodrigues (61)4. Luzianne Feijó Alexandre Paiva (82)5. Adriano Conrado Rodrigues (1)6. Leonardo Costa Lima (35)7. Flavia Liberman (78)8. Rachel Azulay Leite (60)9. Ângela Maria Cecim de Souza Castro Lima (62)10. Lídia Seade Vieira Maia (63)11. Socorro de Maria Castro (65)12. Maria de Nazareth Mendes (64)13. Patrícia Luciane Santos de Lima (53)14. Karla Adriana Ferreira Beckman (84)15. Alan Senigalia (85)16. Ana Maria Fernandes Pitta (86)17. Lara Susan Silva Lima (80)18. Clarissa Dantas de Carvalho (87)

IV - APÊNDICE 1. Susilene Maria Tonelli Nardi (72) / Câmara Técnica Sócio-Sanitária - Crefito 3.2. Adriano Conrado Rodrigues (1)

*Acesse os mini-currículos dos autores, em acordo com a identificação numérica, no tópico IV – Apêndice, parte 3.

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II - CONTEXTUALIZAÇÃO Características e Breve Análise de Impacto da Terapia Ocupacional por Geoprocessamento no Brasil: Aspectos Sociais, de Saúde e de Educação.

Adriano Conrado Rodrigues

Colaboração:Susilene Maria Tonelli Nardi

Álida Fernanda Corgozinho Murta AndradeJamile Cristina Albieiro Silva

Dimaima Vitória Castro da Graça

1 - Introdução. Após a apresentação dessa obra, é importante que se apresente a Terapia Ocupacional, bem como contextualizá-la numa dimensão de interesse dos gestores, acadêmicos e profissionais. Essa importante profissão já difundida no mundo, no Brasil caminha para a sua consolidação, habitando e se desenvolvendo nos espaços da saúde, educação, assistência social e cultura. Portanto, é essencial o entendimento das variáveis que compõem a Terapia Ocupacional, e dos parâmetros que a delimitam em nosso país, tanto no que se refere à distribuição geográfica dos profissionais, como de suas práticas e contribuições para as Políticas de Atenção. A partir do correto entendimentos desse contexto, e da evidência do impacto das ações profissionais, o planejamento para a valorização e o próprio crescimento da profissão passam a ser possíveis, e em acordo com as reais demandas da profissão e da própria população brasileira.

2 - Terapia Ocupacional. 2.1 - Apresentação Numa visão contemporânea, a Terapia Ocupacional é uma profissão

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de nível superior e que de acordo com a Organização Mundial de Saúde, utiliza a atividade humana como recurso terapêutico, com o objetivo de habilitar e/ou reabilitar indivíduos com dificuldades físicas, psíquicas, cognitivas, perceptivas e sociais, que estejam interferindo no desenvolvimento e/ou na independência do indivíduo. Desta forma sua atuação permeia todos os ciclos de vida (recém-nascidos, crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos), trabalhando em equipamentos públicos e privados dos setores de Saúde, Educação, Assistência Social, Cultura, Previdência Social e nos Sistemas Judiciário e Penitenciário. Participa da organização, planejamento e gestão dos serviços, da pesquisa, prevenção de alterações funcionais dos sistemas do corpo humano e do desempenho nas atividades cotidianas de pessoas em seus diferentes contextos sociais. Atua em situações de risco, de fragilidade e vulnerabilidade social e problemas de ordem física, cognitiva e mental em diferentes níveis de complexidade. Auxilia na integração das pessoas aos diferentes cenários sociais, conforme suas demandas, papéis ocupacionais, necessidades ou interesses, visando melhorar a auto-realização, o bem-estar e a qualidade de vida, e advinda de áreas de estudo como a Ciência Ocupacional (vide tópico III – Aquecimento).

2.2 - Áreas de Atuação. O CONSELHO FEDERAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL (COFFITO) reconhece as seguintes Especialidades do profissional Terapeuta Ocupacional: A - Especialidade: AcupunturaÁrea de Atuação:• Todos os níveis de atenção à saúde, em todas as fases do desenvolvimento ontogênico, com ações de prevenção, promoção, proteção, educação, intervenção, recuperação e reabilitação do cliente/paciente/usuário. B - Especialidade: Contextos Hospitalares A formação profissional dessa especialidade, enquadrada na área requerida - “Terapia Ocupacional em Contextos Hospitalares”, apresenta três áreas de atuação: “Atenção intra-hospitalar”, “Atenção extra-hospitalar oferecida pelo hospital” e “Atenção em cuidados paleativos”. A área de atuação de “Atenção em Cuidados Paliativos” compreende o oferecimento de cuidados terapêuticos ocupacionais junto a equipes

II - CONTEXTUALIZAÇÃO

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multiprofissionais, a pacientes com condições crônico-degenerativas potencialmente fatais (oncológicas e não-oncológicas) e que estão em tratamento sem condições de modificação da doença; os Cuidados Paliativos podem ser realizados tanto em contextos intra-hospitalares, como através de ações em contextos extra-hospitalares oferecidas por equipe hospitalar, não se restringe à fase de terminal idade da vida e são considerados cuidados preventivos, pois previnem um grande sofrimento motivado por dores, sintomas e pelas múltiplas perdas físicas, psicossociais e espirituais e podem reduzir o risco de luto complicado. Serão consideradas áreas afins: Terapia Ocupacional em Saúde Funcional; Terapia Ocupacional em Saúde Mental; Terapia Ocupacional em Saúde Coletiva nas áreas de atuação Desempenho Ocupacional e Saúde do Idoso; Desempenho Ocupacional e Saúde da Mulher; Desempenho Ocupacional e Saúde do Trabalhador; Desempenho Ocupacional e Saúde do Escolar, considerando neonato, infância e adolescência; e Cuidados Paliativos e Tanatologia.

C – Especialidade: Contextos SociaisÁreas de Atuação:• Desempenho Ocupacional e Contexto Asilar• Desempenho Ocupacional e Contexto Prisional• Desempenho Ocupacional e Geração de Renda• Desempenho Ocupacional e Justiça e Cidadania• Desempenho Ocupacional e Inclusão Laboral• Desempenho Ocupacional e Liberdade Assistida• Desempenho Ocupacional e Liberdade Condicional• Desempenho Ocupacional e Seguridade Social

D - Especialidade: Gerontologia• Atenção à saúde da pessoa idosa; Assistência social à pessoa idosa; • Cultura e lazer para a pessoa idosa e Educação à pessoa idosa.

E – Especialidade: Saúde da FamíliaÁrea de Atuação:• Desempenho Ocupacional na Saúde da Criança e do Adolescente;• Desempenho Ocupacional na Saúde do Adulto;• Desempenho Ocupacional na Saúde do Idoso.

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27II - CONTEXTUALIZAÇÃO

F – Especialidade: Saúde MentalÁreas de Atuação:• Desempenho Ocupacional Psicossocial• Desempenho Ocupacional Percepto-Cognitivo• Desempenho Ocupacional Senso-Perceptivo• Desempenho Ocupacional Psicoafetivo• Desempenho Ocupacional Psicomotor

2.3 - Locais de Atuação. Sistema Único de Saúde (SUS):• Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Unidades Básicas de Saúde da Família (UBSF)• Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF)• Centro Dia para Idosos• Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e outros serviços da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS)• Unidade de Referência para Idosos • Clínicas e Policlínicas • Hospitais (UTI, ambulatórios e enfermarias) • Centro Especializado de Reabilitação (CER)• Centro de referência em saúde do trabalhador (CEREST).• Grupo de Vigilância Epidemiológica (municipal, regional ou estadual) • Atendimento domiciliar (SAD)

Sistema Único de Assistência Social (SUAS):• Centro de Referência de Assistência Social (CRAS)• Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS)• Terceiro Setor

Entidades públicas, privadas e filantrópicas:• Consultórios particulares • Casas de repouso • Instituições de longa permanência • Creches • Clubes esportivos • Escolas • Organização Não Governamental (ONGs) • Redes de atenção especializada (AMA; Lucy Montoro; APAE; entre outros)• Museus e Pontos de Cultura

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• Presídios • Universidades• Institutos de Pesquisa • Indústrias• Gestão • Serviço militar em geral.• Centros de Defesa em Direitos Humanos

3 - Instituições Ensino Superior – IES - Curso de Terapia Ocupacional.

Tabela 1. Relação das IES que oferecem o curso de Terapia Ocupacional, por Estado.

Estado Universidades TOAL Universidade Estadual de Ciências da Saúde de AlagoasCE Universidade de FortalezaDF Universidade de BrasíliaES Universidade Federal do Espírito SantoGO Faculdade União de Goyazes

MG Universidade Federal do Triângulo MineiroUniversidade Federal de Minas Gerais

PA

Escola Superior da AmazôniaUniversidade da AmazôniaUniversidade do Estado do ParáUniversidade Federal do Pará

PRUniversidade Federal do ParanáUnião do Ensino Superior do Iguaçu

PE Universidade Federal do PernambucoPI Faculdade Integral Diferencial

RJInstituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio de JaneiroUniversidade Federal do Rio de Janeiro

RS

Faculdade Serra GaúchaCentro Universitário FranciscanoUniversidade Federal de Santa MariaUniversidade Federal de Pelotas

RO Faculdades Integradas Aparício CarvalhoSC Associação Catarinense de Ensino - Faculdade Guilherme Guimbala

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Estado Universidades TO

SP

Centro Universitário de Araraquara BrasilCentro Universitário São CamiloFaculdade de Medicina do ABCPontifícia Universidade Católica de CampinasUniversidade Sagrado CoraçãoUniversidade de São PauloUniversidade de São Paulo – Ribeirão PretoUniversidade de SorocabaUniversidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”Universidade Federal de São CarlosUniversidade Federal de São Paulo

SE Universidade Federal de Sergipe

Fig. 1 – Mapa para análise de cobertura com o número de IES que oferecem o curso de Terapia Ocupacional/Estado (em acordo com a Tabela 1).

Considerando a dimensão nacional de cobertura dos programas e serviços públicos de Educação, Saúde e Assistência Social, considerando a demanda populacional por saúde, e considerando as IES como instituições de extrema relevância no cenário de formação e prática, impactando diretamente a oferta do serviço, na figura acima resta evidente a necessidade de um plano político administrativo que amplie o número da oferta de cursos de Terapia Ocupacional no Brasil.

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4 - Dados do Ministério da Saúde do Brasil, para correlação. 4.1 - Atenção Básica. Compreende o Departamento de Atenção Básica, e define-se pelo conjunto de iniciativas do Ministério da Saúde para cuidar da população no ambiente em que vive, sob o slogan “Saúde mais perto de você”. Nele está incluída a Estratégia Saúde da Família (que compõe a Política Nacional de Atenção Básica), o Brasil Sorridente (Política Nacional de Saúde Bucal); Política Nacional de Alimentação e Nutrição; Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares; Programa de Requalificação das Unidades Básicas de Saúde; Programa Nacional de Melhoria do Acesso e Qualidade na Atenção Básica (PMAQ-AB); Programa Telessaúde Brasil Redes; Equipes de Consultórios na Rua; Programa Saúde na Escola (PSE); Projeto de Expansão e Consolidação da Estratégia Saúde da Família (PROESF), entre outros programas, ações e estratégias, que compõem a Rede de Atenção à Saúde (RAS.) Em janeiro de 2018, de acordo com o levantamento realizado no Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde (SAS), Departamento de Atenção Básica (DAB), havia registro de 43.741 Estratégias de Saúde da Família implantadas no País, garantindo uma cobertura na Atenção básica estimada em 75,7% da população, que significa a abrangência de 157.138.501 habitantes. O Terapeuta Ocupacional faz parte da gestão, bem como da Rede de Atenção à Saúde (RAS) da Atenção Básica, e desempenha papel fundamental para que os objetivos preconizados pelo Ministério da Saúde e pela OMS sejam alcançados.

4.2 - Atributos da Rede de Atenção à Saúde (o que aqui denominarei como DIRETRIZES). Considera-se que não há como prescrever um modelo organizacional único para as RAS, contudo as evidências mostram que o conjunto de atributos apresentados a seguir é essencial ao seu funcionamento, no modo a que se propõe (conteúdo citado na íntegra -http://dab.saude.gov.br/portaldab/smp_ras. php?conteudo=atributos_ras): 1. População e território definidos com amplo conhecimento de suas necessidades e preferências que determinam a oferta de serviços de saúde. 2. Extensa gama de estabelecimentos de saúde que prestam serviços de promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento, gestão

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de casos, reabilitação e cuidados paliativos e integram os programas focalizados em doenças, riscos e populações específicas, os serviços de saúde individuais e os coletivos. 3. Atenção Básica à Saúde estruturada como primeiro nível de atenção e porta de entrada preferencial do sistema, constituída de equipe multidisciplinar que cobre toda a população, integrando, coordenando o cuidado, e atendendo às suas necessidades de saúde. 4. Prestação de serviços especializados em lugar adequado. 5. Existência de mecanismos de coordenação, continuidade do cuidado e integração assistencial por todo o contínuo da atenção. 6. Atenção à saúde centrada no indivíduo, na família e na comunidade, tendo em conta as particularidades culturais, gênero, assim como a diversidade da população. 7. Sistema de governança único para toda a rede com o propósito de criar uma missão, visão e estratégias nas organizações que compõem a região de saúde; definir objetivos e metas que devam ser cumpridos no curto, médio e longo prazo; articular as políticas institucionais; e desenvolver a capacidade de gestão necessária para planejar, monitorar e avaliar o desempenho dos gerentes e das organizações. 8. Participação social ampla. 9. Gestão integrada dos sistemas de apoio administrativo, clínico e logístico. 10. Recursos humanos suficientes, competentes, comprometidos e com incentivos pelo alcance de metas da rede. 11. Sistema de informação integrado que vincula todos os membros da rede, com identificação de dados por sexo, idade, lugar de residência, origem étnica e outras variáveis pertinentes. 12. Financiamento tripartite, garantido e suficiente, alinhado com as metas da rede. 13. Ação intersetorial e abordagem dos determinantes da saúde e da equidade em saúde. 14. Gestão baseada em resultado.

Para compor esse cenário, a página do Ministério da Saúde traz: - Elementos constitutivos da Rede de Atenção à Saúde (http://dab.saude.gov.br/portaldab/smp_ras.php?conteudo=elementos_ras);

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- Funções da Atenção Básica nas Redes de Atenção a Saúde (http://dab.saude.gov.br/portaldab/smp_ras.php?conteudo=funcoes_ab_ras); - Rede de Cuidado à Pessoa com Deficiência(http://dab.saude.gov.br/portaldab/smp_ras.php?conteudo=rede_deficiencias); - Rede de Atenção Psicossocial (RAPS)(http://dab.saude.gov.br/portaldab/smp_ras.php?conteudo=rede_psicossocial); - Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP)(http://dab.saude.gov.br/portaldab/pnaisp.php?conteudo=saude_mental_sistema_prisional). 5 - Apresentação dos Mapas Geoanalíticos. A seguir, apresento uma análise por geoprocessamento na dimensão do território nacional, que retrata (entre tantos outros) a densidade demográfica, consumo de saúde, consumo de educação, beneficiários de planos de saúde (saúde suplementar), renda média familiar e a distribuição dos profissionais TERAPEUTAS OCUPACIONAIS. Esses dados (e mapas) quando correlacionados, podem evidenciar informações preciosas, para análise e diagnóstico de impacto da profissão, e gestão dos programas e serviços da Rede de Atenção à Educação, Saúde e Assistência Social. Ao pensarmos no contexto da Terapia Ocupacional como um sistema, e sendo esse sistema ativo (pois temos, entre tantas variáveis, novos profissionais todos os anos ingressando ao mercado de trabalho), para seu correto funcionamento e para cumprir os objetivos a que se propõe no âmbito social, há que se estabelecer uma análise crítico-situacional adequada e contínua de seus dados. Nesse sentido, qualquer estratégia para crescimento e valorização da Terapia Ocupacional que não considere a interdependência dos componentes desse sistema, bem como do monitoramento e gestão dos dados gerados, certamente incorrerão em ineficiência.

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1- Densidade Demográfica

Refere-se a distribuição da população no território nacional. Ano referencia: 2018

2- Consumo de Saúde

Refere-se a distribuição da população que paga por saúde no território nacional. Ano referencia: 2018

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3- Consumo de Educação

Refere-se a distribuição da população que paga por educação no território nacional. 4- Beneficiários de Planos de Saúde

Refere-se a cobertura da rede de saúde suplementar no território nacional. Ano referencia: 2018

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35II - CONTEXTUALIZAÇÃO

5- Renda Média Familiar

Refere-se a distribuição de renda familiar no território nacional. Ano referencia: 2018

6- Número de Profissionais

Refere-se a distribuição dos profissionais terapeutas ocupacionais no território nacional. Ano referencia: 2018

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5.1 – Análise e Discussão. Diante dos mapas expostos (não sobrepostos) conclui-se que, mesmo com uma análise limitada, há uma maior densidade demográfica (Mapa 1) nos estados do norte, centro-oeste, sul e sudeste; o consumo de saúde, (Mapa 2) e educação (Mapa 3) particulares dessa população, são mais evidentes nos estados do sul e sudeste e parcos no norte (exceto o Pará), nordeste e centro oeste; já a renda familiar (Mapa 5), com exceção do Amapá, também se apresenta mais baixa nos estados do norte e nordeste do Brasil. Densidade demográfica, consumo de saúde e educação, e renda familliar ou cobertura de saúde suplementar são dados importantes de planejamento, quando confrontados com os princípios do Sistema Único de Saúde - SUS (equidade, universalidade e integralidade). A presença do Terapeuta Ocupacional no País (Mapa 6) se dá em maior quantidade no sul e sudeste e com precariedade numérica, exceto nos estados do Rio grande do Norte, Paraíba e Pernambuco, nos estados do norte, nordeste e centro-oeste. Justaposto, nota-se evidencia da maior necessidade deste profissional nos estados do norte-nordeste e centro oeste para desenvolver ações junto à população destes estados e garantir a cobertura assistencial terapêutica ocupacional adequada. Numa correlação mais criteriosa dos dados, vemos que na análise de cobertura por número de profissionais x região x população, fica ainda mais clara a escassez de terapeutas ocupacionais no território nacional, o que também se apresenta quantificado nos dados da tabela abaixo, que evidenciam essa condição e nos alertam para o fato de o Brasil seguir a margem do que a Organização Mundial da Saúde recomenda, e da realidade assistencial dos países mais desenvolvidos. Ainda assim, por mais que se pese o fator econômico, ou por qualquer outro parâmetro que se queira referenciar, a condição não deixa de ser grave, onde a população figura como grande prejudicada.

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Tabela 2. Disposição dos dados para análise de Cobertura (região x população x número de profissionais).

Diante dessa realidade, incentivamos os Terapeutas Ocupacionais a ocuparem espaços ainda não explorados, haja vista que nesta situação, como ocorre com outras categorias profissionais, a valorização financeira e empregabilidade são condição sine qua non. Em consonância a esta análise, urge a necessidade do poder público (Saúde, Educação e Assistência Social) fomentarem políticas públicas e estratégias para aumento do número de terapeutas ocupacionais na assistência à população, inclusive com apoio às Instituições de Ensino Superior para mais cursos e vagas; dos Conselhos regionais e Conselho Federal para o reconhecimento das especialidades, o fortalecimento e validação das ações do Terapeuta Ocupacional, bem como a normatização, criação e divulgação dos procedimentos operacionais padrão dentro das especialidades que assim permitem; e da população em buscar seu direito a uma atenção integral, onde a presença do terapeuta ocupacional é imprescindível; e finalmente, sustentarmos a nossa profissão e a embasarmos com evidencias científicas é talvez o maior desafio dos próximos anos. Para tanto, é importante que nossas associações de categoria sejam protagonistas nesse papel.

II - CONTEXTUALIZAÇÃO

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6 - Considerações Finais. Contextualizar a Terapia Ocupacional no cenário nacional, assim como contextualizar a própria prática da Terapia Ocupacional, envolve a compreensão acerca da identidade profissional e de fato o entendimento de até que ponto conseguimos sensibilizar profissionais e população acerca da complexidade de nossa atuação. Falar de uma forma clara para as pessoas sobre quem somos, como atuamos, e conceituar de uma forma simples e didática o instrumento da Terapia Ocupacional – a análise da atividade humana, para que uma pessoa possa associar uma questão de sua rotina ou cotidiano, à intervenção do terapeuta ocupacional, pode ser um caminho. No imaginário popular, por exemplo, uma dieta pode remeter a pessoa ao nutricionista, assim como uma entorse pode remeter ao fisioterapeuta. E assim poderíamos citar outras profissões que já possuem a identidade forte quanto ao fazer que lhes caracterizem. Na Terapia Ocupacional, consolidar a identidade ainda é uma busca. Trabalhamos com os preceitos da ocupação humana, fazer humano, rotina, cotidiano, dentre tantos outros conceitos que utilizamos para explicar às pessoas o que fazemos e o que permeia nossa atuação. Todavia, nós profissionais sabemos da complexidade da nossa prática, e diante disso, desistimos de tentar explicar ou partimos para a evidência clinica, expressa pela prática profissional. Num contraponto a essa complexidade, o próprio nome da profissão traz em si um estigma difícil de ser “desconstruído”... A idéia do ocupar por ocupar, o que acaba sendo mais um problema. Com a experiência e a formação continuada, passamos a considerar mais claramente a ciência por traz dos fatos. Refletir sobre a Ocupação Humana, e o quanto essa ciência influencia a população em geral, bem como a nossa atuação enquanto terapeutas ocupacionais, pode auxiliar nesse processo de sensibilização para a identidade da Terapia Ocupacional. Em nossa atuação profissional, somos constantemente observados (pacientes, familiares, outros profissionais...), e considero esse um importante momento de divulgação do nosso fazer. Como exemplo, compartilho um atendimento especifico do Programa Melhor em Casa (do SUS), localizado na Zona Norte da cidade de São Paulo. Esse programa se dá pela intervenção domiciliar, onde acessamos uma diversidade enorme de contextos. Na avaliação de um Senhor Idoso, 71 anos de idade, com

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diagnóstico de Trauma Crânio Encefálico (por queda de própria altura no banheiro de seu domicilio), constatei um quadro de dependência moderada em suas Atividades Básicas da Vida Diária - ABVD, e déficit funcional por diminuição do grau de forca muscular e de amplitude de movimento dos membros superiores (alta da internação recente). No momento da visita domiciliar, o paciente estava acompanhado de sua esposa. A avaliação foi realizada, e como conduta, antecipei orientações acerca de adaptação ambiental, maior participação nas ABVD, importância de posicionamento adequado no leito e cadeira de rodas, além de mudanças de decúbito (condutas para objetivos terapêuticos ocupacionais). Durante todo o momento da avaliação, foi reforçado que ali estava ocorrendo um atendimento de Terapia Ocupacional, que era realizado por um terapeuta ocupacional, e quais eram os objetivos terapêuticos ocupacionais ali propostos. O resultado foi excelente. Ao final do atendimento, a esposa do paciente, ao ser questionada pelo filho que ali chegara naquele instante, que Terapia Ocupacional era a profissão que trabalhava com o Cotidiano! Talvez esse seja realmente um caminho, mas certamente não deve ser considerado o único. Estendendo essa discussão, a descrição acima me remete a uma recente supervisão prestada a uma profissional terapeuta ocupacional da rede de Atenção à Saúde, de um Município do Estado de São Paulo.Nessa supervisão, como em tantas outras, as questões colocadas foram: - O que realmente faz o Terapeuta Ocupacional no programa “X”? - Como posso organizar a minha prática no programa “X”? - O que fazer para que a equipe entenda o meu trabalho e atribuições? Esse entendimento depende das variáveis interferentes do processo de trabalho como terapeuta ocupacional, bem como do perfil, propósito ou características do meio de interação ou ambiente de relação. Essa correlação é o norte que dirige a exposição de evidências e “boas práticas” profissionais. Nesse caminho, temos o conceito de trabalho em “rede”, como por exemplo, a Rede de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, citada anteriormente. O conceito de trabalho em rede nos remete diretamente a outro conceito denominado “matriciamento”. Como descrito no texto do “Portal Educação”: “Entende-se por matriciamento, o suporte realizado por profissionais e diversas áreas especializadas, dado a uma equipe

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interdisciplinar com o intuito de ampliar o campo de atuação e qualificar suas ações. Ou seja, matriciamento ou apoio matricial é um novo modo de produzir saúde em que duas ou mais equipes, num processo de construção compartilhada, criam uma proposta de intervenção pedagógico-terapêutica. E essa relação amplia a possibilidade de realizar a clínica ampliada e a integração ou diálogo entre diferentes especialidades e profissões, onde o conhecimento a cerca de cada profissão é essencial para que essa rede realmente funcione nos parâmetros de eficiência e efetividade desejados”. (Ministério da Saúde, 2011)

Em resumo, quanto maior o matriciamento entre os serviços, inclusive considerando os diferentes níveis de atenção, mais fortalecida a rede, e mais eficiente a estratégia ou a gestão; eficiência essa que deve ser mensurada a partir das variáveis pautadas, com base nos resultados alcançados. Basicamente, é uma questão de REFERÊNCIA e CONTRA-REFERÊNCIA, como preconiza o SUS, e efetivá-la deve ser responsabilidade de cada profissional inserido nesse processo. Por outro lado, dada a complexidade das demandas de Educação, Saúde e Assistência Social, e da própria complexidade do ser humano, a falta de matriciamento e consequente fragmentação da rede, não só leva a ineficiência dos serviços, como a desorganização e descaracterização dos mesmos, além da frustração dos profissionais. O reflexo disso se dá na falta de atenção às demandas e na formação de filas infindáveis. Cabe ressaltar ainda, que segundo a Organização Mundial da Saúde - OMS, o número correto de Terapeutas Ocupacionais é 1(um) profissional para cada 1.000 (mil) habitantes, e como vimos anteriormente, o Brasil está muito aquém dessa realidade. O conceito de rede está intimamente ligado as prerrogativas dos serviços, que por sua vez estão intimamente ligados às prerrogativas profissionais. E assim, já temos parâmetros para responder as questões inicialmente pautadas. E finalmente, como parte de uma análise criteriosa para o entendimento ou diagnóstico contextual, apresentamos o Geoprocessamento, onde dados valiosos podem ser compilados e disponibilizados para uma avaliação e reflexão do contexto atual da profissão e de possíveis indicadores que justifiquem parte das dificuldades de crescimento e consolidação da profissão no país. Avaliar a distribuição populacional nos permite ter uma base para

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planejamento da cobertura da atenção, quando correlacionado com a distribuição dos programas e serviços. Evidenciar a população que paga por saúde e educação, por exemplo, permite que o gestor ou o profissional estabeleça prioridades na atenção, quando correlacionado com as demandas igualmente avaliadas por região. Saber onde há a cobertura de saúde suplementar, auxilia no direcionamento/investimento dos recursos públicos, assim como o conhecimento da renda familiar por região, Estado ou Município. E por fim, nessa breve tomada de dados geoprocessados, analisar a distribuição dos profissionais numa correlação com todos os cenários acima descritos, dá um indicador quanti-qualitativo de INTEGRALIDADE na atenção, evidenciando inclusive a necessidade de inserção de maior número de profissionais no cenário como um todo, o que certamente envolve o número e a distribuição das instituições de ensino superior.

Referência Bibliográfica (sugerida para consulta).

1- BIANCHI, P.C.; MALFITANO, A.P.S. Formação graduada em Terapia Ocupacional. Rev. Ter Ocup Univ São Paulo. 2017 maio/ago. 28(2): 135-46. Disponível em: HTTPS://www.revistas.usp.br/rto/article/viewFile/120273/134856 (acesso em 28/03/2018)

2- O que é Atenção Básica? Disponível em:http://dab.saude.gov.br/portaldab/smp_o_que_e.php(acesso em 28/03/2018)

3- Governo do Brasil. Disponível em:http://brasil.gov.br/barra#acesso-informacao(acesso em 28/03/2018)

4- FONSECA, J. M.G. Compreendendo o que é matriciamento. Disponível em:www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/psicologia/compreendendo-o-que-e-matriciamento/49963 (acesso em 28/03/2018)

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III - AQUECIMENTOINTRODUÇÃO À CIÊNCIA OCUPACIONAL.

Otavio Augusto de Araujo Costa Folha

1. Considerações Iniciais. Este capítulo pretende apresentar, de forma introdutória, a Ciência Ocupacional e suas potenciais contribuições para a Terapia Ocupacional no contexto brasileiro. No entanto, faz-se necessário elucidar primeiro a minha aproximação com esta disciplina acadêmica. Talvez, por meio deste relato, outras pessoas, como alunos de graduação e terapeutas ocupacionais, encontrem ressonâncias em suas dúvidas e inquietações individuais acerca dos fundamentos teóricos da nossa profissão. Ainda enquanto aluno de graduação em terapia ocupacional na Universidade do Estado do Pará, o meu interesse pelas teorias de base da profissão foi despertado. A diversidade de possibilidades de áreas de atuação com variados públicos e em diferentes condições, o leque de procedimentos e recursos, de objetivos de intervenção e do suporte teórico utilizado para fundamentar as boas práticas, foi a força motriz que impulsionou o meu interesse acerca das teorias de base que sustentam singular diversidade. Quais conceitos e teorias são desenvolvidos e utilizados pela profissão, que possibilitam tamanha variedade na prática profissional? Essa passou a ser uma questão central em minha formação.Ao buscar respostas para esta questão, o lugar comum que encontrei, entre as várias produções existentes, foi a compreensão da intricada relação entre o ser humano e suas ações na vida cotidiana. A partir de então, pareceu central que, enquanto terapeuta ocupacional, era essencial aprofundar os meus conhecimentos sobre o ser humano, seus fazeres diários e sua relação com outros elementos que constituem a vida humana, como o ambiente, as condições sociais e de saúde e as diferentes formas de existir na sociedade. Nesse período, em conversas e debates com outros alunos, professores e profissionais que atuavam na assistência, percebi que

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algumas dúvidas e inquietações não eram só minhas. Elas também germinavam em outros colegas da área. Juntos então passamos a estudar e pesquisar sobre as produções que abordavam esta temática. Focamos inicialmente em estudos e autores nacionais. De imediato, identificamos que eram raras as pessoas que se dedicavam e se atreviam a produzir conhecimentos sobre o ser humano e suas ações na vida cotidiana no cenário nacional. Era mais frequente a utilização de conceitos e teorias desenvolvidas em outros países ou, quando produzidos no cenário brasileiro, estes conceitos e teorias eram baseados em conhecimentos de outros campos do saber, tais como, psicologia, sociologia, educação, saúde coletiva, etc. Por entendermos, ainda, que a produção nacional não tinha como foco central o que estávamos buscando, lançamo-nos na aventura de conhecer o que a literatura internacional da profissão abordava sobre o assunto. Identificamos assim, que muitos terapeutas ocupacionais em outros países produziram e responderam questões semelhantes às nossas. Percebemos que, embora semelhantes e passíveis de diálogo, estas questões não eram suficientes para dar conta de nossas demandas vivenciadas na prática profissional. Elas eram, na maioria das vezes, materializadas em modelos teóricos adequados a outras realidades de prática profissional vivenciadas em outros contextos e condições. No entanto, nesse momento, tomamos conhecimento da existência de uma disciplina acadêmica, germinada próxima aos princípios e valores de base da terapia ocupacional, que estava sendo desenvolvida por terapeutas ocupacionais de vários países, inclusive na América Latina, a chamada Ciência Ocupacional. Entendendo que esta disciplina poderia ser um campo fértil de produção de conhecimento acerca do ser humano, suas ocupações e sua relação com a vida cotidiana, possibilitando o desenvolvimento e aprimoramento de teorias e práticas germinadas e adequadas às nossas realidades de prática. Assim, realizamos, em 2009, um curso de formação em Ciência Ocupacional na Universidade do Chile, evento este identificado por Wicks (2012) como o primeiro evento do tipo na América do Sul. Desde então, temos buscado desenvolver e estabelecer diálogos entre a disciplina, os saberes teóricos brasileiros e nossas realidades de prática. Como fruto desse processo, desenvolvemos o Laboratório de Estudos em Ciência da Ocupação (2), grupo de estudo que mais tarde foi institucionalizado como Grupo de Pesquisa em Ciência da Ocupação no

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Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Atualmente, este grupo é vinculado ao Curso de Graduação em Terapia Ocupacional da Universidade Federal do Pará (3). Decorreu também deste período inicial o desenvolvimento de uma pesquisa acerca do modo como terapeutas ocupacionais da região compreendiam conceitos centrais da profissão, como o de ocupação, e como os relacionavam à sua prática profissional (4). Desde então, temos tentado articular e produzir conhecimento na interface entre os saberes desenvolvidos na ciência ocupacional e as demandas relacionadas à terapia ocupacional em nossos contextos teóricos e práticos. A seguir, apresento uma breve compreensão histórica do desenvolvimento desta disciplina acadêmica. Inicialmente, esboço alguns conceitos e estratégias de produção de conhecimento desenvolvidos no âmbito da ciência ocupacional. Por fim, apresento, sem buscar um esgotamento, algumas possíveis contribuições dessa ciência como mais uma alternativa para a fundamentação teórica e metodológica na profissão no cenário brasileiro.

2. Contexto Histórico e Desenvolvimento da Ciência Ocupacional. No âmbito internacional, mais particularmente no contexto norte-americano, sabe-se que inicialmente a prática de terapia ocupacional era sustentada em crenças e hipóteses sobre os benefícios do fazer algo, do ocupar-se para a “saúde e equilíbrio” das pessoas e da sociedade (5). Estas crenças e hipóteses eram derivadas de movimentos sociais e filosóficos precursores e eram colocadas em prática por pessoas de diferentes ramos do conhecimento (5; 6). Às primeiras gerações de terapeutas ocupacionais foi colocado o desafio de demonstrar a efetividade das ações profissionais da nova categoria, oriundo principalmente dos contextos históricos, econômicos e sociais da primeira metade do século XX e dos modelos médicos, psicológicos e científicos vigentes. A necessidade de desenvolvimento dos alicerces teóricos e metodológicos passou a ser uma questão de sobrevivência da profissão. Como resposta imediata, a produção de conhecimento na profissão se deu da prática à teoria. As primeiras gerações de terapeutas ocupacionais buscaram estruturar suas ações em conhecimentos oriundos de outros campos do saber (5). O desenvolvimento dos primeiros

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modelos teóricos da profissão foi fruto desse período inicial de produção de conhecimento teórico e prático, estruturado, principalmente, por conceitos advindos dos conhecimentos predominantes na medicina e psicologia, entre outras áreas do saber (7). No entanto, ao mesmo tempo em que produziu ancoragens teóricas e práticas que permitiram a aproximação com outros campos e a “validação” de suas ações, o conhecimento produzido pelos terapeutas ocupacionais distanciou-se das crenças e hipóteses iniciais da profissão sobre os benefícios do ocupar-se, do fazer algo, para a saúde humana (7). Este “fazer algo”, foi decomposto em componentes motores, sensoriais, psicológicos e sociais. Dessa forma, as ações profissionais, materializadas pelos instrumentos de avaliação, técnicas e procedimentos, e objetivos de intervenção, passaram a ser direcionadas cada vez mais para este enfoque, dificultando uma compreensão do foco central da profissão (8).Como consequência dessa produção de conhecimento e suas implicações para a constituição e consolidação da profissão, vários terapeutas ocupacionais nas décadas de 60 e 70, debateram e refletiram sobre a necessidade de retomar os valores iniciais da profissão, de sua visão holística e integrada do ser humano e dos benefícios do ocupar-se para a vida humana (5; 9). No entanto, agora era necessário desenvolver fundamentos próprios da área, fruto de pesquisas, práticas e teorias germinadas no próprio campo (8), bem como era primordial o desenvolvimento de uma terapia ocupacional autêntica (9). Foi a partir dessa época, no final de década de 70 e início dos anos 80, que surgiram os primeiros conceitos e teorias para auxiliar na sustentação da prática profissional, desenvolvidas por terapeutas ocupacionais e alicerçadas no próprio campo (10). Estes profissionais lançaram-se individualmente e/ou em pequenos grupos de trabalho no desenvolvimento dos primeiros modelos teóricos focados sobre as ocupações humanas (11). Também é consequência desse período o desenvolvimento de uma disciplina acadêmica com potencial para dar suporte à prática profissional da terapia ocupacional, a já citada “ciência ocupacional” ou “ciência da ocupação”. Dessa forma, como afirmam Molineux e Witheford (2012), acredita-se que o desenvolvimento da ciência ocupacional não está relacionado a um aspecto repentino da história da terapia ocupacional, mas sim a um processo de amadurecimento de reflexões acerca da necessidade de uma disciplina específica da profissão. Segundo estes autores, um fato que

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contribuiu para esta perspectiva é que desde o seu surgimento formal enquanto profissão, por meio da sociedade para a promoção da terapia ocupacional em 1917, e mais tarde transformada na Associação Americana de Terapia Ocupacional, foi o estudo do conhecimento científico sobre a ocupação esteve entre os seus objetivos principais (8; 12). Atribui-se o surgimento formal da disciplina “ciência ocupacional” ao início do programa de doutorado do Departamento de Terapia Ocupacional da Universidade do Sul da Califórnia (USC), nos Estados Unidos, em 1989 (13) e à primeira publicação que apresentou a nova disciplina (14). Segundo Pierce (2012), as idéias sobre uma ciência da ocupação foram nutridas na teoria do comportamento ocupacional desenvolvida por Mary Reilly na década de 1960. Enquanto coordenadora do Departamento de Terapia Ocupacional dessa universidade, a professora Reilly influenciou na trajetória de pesquisa e prática de muitos alunos que mais tarde fizeram contribuições importantes para compreensão da ocupação para a terapia ocupacional. Este departamento tinha como forte característica o uso da ocupação na prática (15). Ainda segundo Pierce (2012; 2014) em 1976, a professora Elizabeth Yerxa assumiu a coordenação deste departamento, tendo como um de seus objetivos o desenvolvimento de uma contribuição singular da terapia ocupacional. Durante esta década, os docentes desse departamento submeteram uma proposta de doutorado em terapia ocupacional que foi recusada pela universidade. Para obter aprovação de um novo programa, era necessário ter um departamento altamente produtivo e focado na criação de uma nova disciplina. Assim, na década de 80, Yerxa e os professores do departamento realizaram consultorias e formações com acadêmicos e pesquisadores “de ponta” em várias áreas do conhecimento acerca de temas, métodos de pesquisa, estratégias de financiamento, publicação e colaboração científica no intuito de delinear um projeto de nova disciplina científica. No final dessa década, o projeto de um novo programa foi delineado e o objetivo de aprovação de um doutorado autêntico e focado na ocupação foi alcançado, tendo o departamento obtido financiamento para o seu desenvolvimento. Nesse processo, a professora Yerxa se aposentou e a terapeuta ocupacional Florence Clark assumiu a tarefa de coordenar o início desta nova disciplina em 1989 (16; 15). Assim, a então professora Yerxa coordenou a primeira publicação sobre a “ciência ocupacional”, em uma edição especial do periódico Occupational Therapy in Health Care, em 1989 (14).

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Em 1991, Clark e colaboradores publicou no periódico American Journal of Occupational Therapy o primeiro artigo que apresentou o potencial de uma ciência básica para a prática da terapia ocupacional (17). Ainda nesses anos, tiveram início os primeiros eventos de ciência ocupacional, inclusive com o apoio de renomados cientistas de várias áreas do saber para auxiliar no desenvolvimento da nova disciplina (16). É importante destacar que, durante este período, a ciência ocupacional também se desenvolveu em outros países, como por exemplo, na Austrália sob a liderança da terapeuta ocupacional Ann Wilcock. Nesse caso, em especial, o surgimento da disciplina não esteve diretamente ligado aos estudos sobre a prática da terapia ocupacional, e sim, foram estruturados no contexto da saúde comunitária visando apresentar perspectivas populacionais capazes de auxiliar no sistema de saúde do país (16; 15). Em 1993, sob a liderança de Wilcock, foi lançado o primeiro periódico especializado da disciplina, que foi intitulado de Journal of Occupational Science: Australia, que nos dias atuais chama-se Journal of Occupational Science, o qual possui o foco sobre a divulgação de pesquisas interdisciplinares sobre as ocupações (16). Atualmente, observa-se o desenvolvimento da ciência ocupacional em vários países na América do Norte, Europa, Oceania, Ásia e também na América do Sul, principalmente no Chile, e mais recentemente no Brasil (1). Em alguns países, essa disciplina tem sido bastante difundida, em outros, seu valor tem sido relativizado, pouco compreendido e tensionado (18). No que diz respeito à relação com a terapia ocupacional, é importante destacar que o desenvolvimento da ciência ocupacional associado à profissão nunca foi unanimidade entre os pesquisadores no cenário internacional (13). Inúmeros debates acerca das implicações positivas e negativas da disciplina para a profissão ocorreram desde o seu surgimento (19; 20). No entanto, embora nos dias atuais coexistam diferentes perspectivas acerca disciplina (21), o seu desenvolvimento ainda é fortemente relacionado e produzido por pesquisadores no âmbito da terapia ocupacional, conforme evidenciado por revisões de literatura no campo (22; 23; 24).

3. Crescimento e Desenvolvimento da Ciência Ocupacional.

A ciência ocupacional surgiu como uma disciplina emergente e focada no estudo do ser humano enquanto “um ser ocupacional” (14), e

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sua relação com a fundamentação teórica da terapia ocupacional foi um importante marcador inicial (17; 15). A ocupação é o constructo central da disciplina (17) e suas relações com a saúde, inclusão e participação das pessoas são elementos fundamentais (10; 25). Acredita-se que atualmente a disciplina está em pleno processo de amadurecimento e consolidação (26; 15). E um dos modos de averiguar o desenvolvimento do campo, é com base na análise da formação de pessoas e organizações para atuar no mesmo. Pierce (2012) informa que o desenvolvimento da disciplina tem ocorrido dentro da academia. Assim, a primeira turma do programa de doutorado em ciência ocupacional Universidade do Sul da Califórnia foi composta por 7 pessoas (15). Atualmente, existem diversos programas de graduação e pós-graduação em ciência ocupacional em vários países (16; 1). Inúmeros departamentos de terapia ocupacional nas universidades passaram a incluir o nome “ciência ocupacional” em suas denominações (16). Aldrich, Gupta e Rudman (2017) identificaram que mais de 100 pessoas que se graduaram em ciência ocupacional a partir de instituições acadêmicas nos Estados Unidos e Canadá. No que diz respeito às instituições e organizações, existem no mundo várias associações e sociedades científicas voltadas para a promoção da ciência ocupacional (16; 1). Entre elas, destaca-se a Sociedade Internacional para a Ciência Ocupacional (International Society for Occupational Science, ISOS), que é uma sociedade que advoga por um mundo “ocupacionalmente justo”, um mundo no qual “as pessoas têm oportunidades e escolhas para fazer as coisas que elas precisam e querem fazer” (1). Como um de seus objetivos, esta sociedade visa congregar uma rede mundial de indivíduos e instituições comprometidas com pesquisa e educação sobre ocupação e sua relação com saúde e o desenvolvimento das sociedades (1), bem como favorecer o desenvolvimento de pesquisa e da formação em ciência ocupacional nas maiores universidades do mundo (27). Hoje em dia, a ciência ocupacional tem sua relevância reconhecida pela Federação Mundial dos Terapeutas Ocupacionais (28) e seus estudos são utilizados como base no delineamento dos padrões internacionais de formação em terapia ocupacional (12; 1). Uma outra forma de se compreender o crescimento e a consolidação da disciplina no contexto mundial é por meio da produção de conhecimento que tem sido desenvolvida a partir dela. A evolução da publicação de livros e artigos, por exemplo, é um meio efetivo para se

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compreender este processo (15). Em 1996, o primeiro livro sobre o assunto foi publicado, Occupational Science: The evolving discipline (10). Em 1998, a partir de seu doutorado no âmbito da saúde comunitária, Wilcock (1998) publicou o segundo livro da área, intitulado An Occupational Perspective of Health. Desde então, outros livros têm sido publicados no âmbito dessa disciplina, alguns focados principalmente em teorias e pesquisa sobre a relação entre o ser humano e suas ocupações, tais como: The meaning of everyday life (29), Occupation by design: Building therapeutic power (30), Introduction to Occupation: The Art and Science of Living (31), Occupational Science in the service of Gaia (51), Life Balance: Multidisciplinary and Research (32), Occupational Science: Society, Inclusion, Participation (33), Transactional Perspectives on Occupation (34). Já outros, têm focado a contribuição da ciência ocupacional para a terapia ocupacional, como por exemplo, Occupation for Occupational Therapists (35) e Occupational Science for Occupational Therapy (15). O crescimento e o amadurecimento da ciência ocupacional também podem ser visualizados pelo aumento do número de pesquisas e trabalhos acadêmicos publicados em periódicos especializados e apresentados em eventos acadêmicos. O Journal of Occupational Science têm estado em atividade desde 1993 (12; 16). Este periódico aumentou seu número de edições por ano em 2010, indicando claramente o aumento da publicação na área (1). É importante destacar também que outros periódicos no âmbito da terapia ocupacional têm dedicado números especiais para divulgação da ciência ocupacional, tais como, The American Journal of Occupational Therapy, The Scandinavian Journal of Occupational Therapy e Work (16). Na América Latina, algumas revistas científicas, como os “Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional” e a “Revista Chilena de Terapia Ocupacional”, trazem em seu escopo a publicação de assuntos relacionados à disciplina. Em relação ao conhecimento produzido no interior da ciência ocupacional e divulgado por meio dos artigos publicados, alguns estudos têm sido realizados. Como no caso de Molke, Rudman e Polatajko (2004), que compararam dois períodos de produção de artigos, 1990 e 2000, no intuito de descrever e analisar criticamente o crescimento e o desenvolvimento desse campo. Estes autores identificaram um aumento no número de publicações, bem como uma maior variabilidade de periódicos que publicaram trabalhos e pesquisas relacionados à

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disciplina, e da afiliação dos autores no que diz respeito ao país e o campo profissional de origem. Glover (2009) realizou uma análise quantitativa dos artigos publicados, entre 1996 e 2006, sobre a ciência da ocupação, e também identificou um aumento no número de artigos publicados, com predomínio de difusão no periódico Journal of Occupational Science. Este trabalho detalhou os principais tipos de estudo, as abordagens de pesquisa predominantes, a orientação disciplinar dos autores, o público estudado, entre outros aspectos (23). Em outro estudo, Pierce et al (2010) analisou os trabalhos apresentados durante um período de cinco anos nos encontros anuais da Sociedade de Ciência da Ocupação nos Estados Unidos e caracterizaram os trabalhos apresentados neste país quanto aos tipos de estudo, perspectiva teórica e sua relação com a terapia ocupacional, público abordado e foco de pesquisa em relação às ocupações. Mais recentemente, Aldrich, Gupta e Rudman (2017) analisaram 101 trabalhos relacionados ao doutoramento em programas de pós-graduação em ciência ocupacional nos Estados Unidos e Canadá. Este estudo forneceu importantes reflexões sobre o propósito na disciplina no que diz respeito à produção de conhecimento sobre as ocupações e o ser humano como ser ocupacional. Cabe ressaltar que todos os estudos e pesquisas acima apresentados possibilitaram informações sobre os principais focos e estratégias de pesquisa produzida ao longo do desenvolvimento da ciência ocupacional.

4. Focos e Estratégias de Pesquisa em Ciência Ocupacional.

O desenvolvimento de conhecimentos sobre a ocupação e o reconhecimento dos seres humanos como “seres ocupacionais”, têm sido adotados como foco central da ciência ocupacional (21). Com base nessa premissa e na produção do conhecimento desenvolvidos ao longo do tempo, observa-se, assim como também detectado por Molineux e Whiteford (2012), que caminhos diferentes têm sido preferidos por alguns pesquisadores. Inicialmente, as publicações em ciência ocupacional incluíam predições e apresentações do que a disciplina deveria ser e como deveria se desenvolver (16). Mais tarde, pesquisas focadas sobre a análise da produção bibliográfica detectaram algumas características e tendências (36; 22; 23; 24; 21).

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Hocking (2000) apresentou uma estrutura conceitual inicial para analisar o conhecimento gerado por esta ciência. Baseada na compreensão do papel central da ocupação, essa autora vislumbrou três grandes focos de pesquisa. O primeiro foco aborda os “elementos essenciais da ocupação”, tendo por propósito investigar as características e os “elementos constituintes da ocupação”. O segundo envolve a compreensão sobre os “processos ocupacionais” no intuito de desvelar como as ocupações acontecem e as experiências subjetivas dos indivíduos no que concerne ao seu envolvimento ocupacional. E um terceiro foco descrito pela autora, diz respeito à relação da ocupação com outros fenômenos, como saúde, qualidade de vida, identidade, desenvolvimento humano, políticas e estruturas sociais, entre outros (36). Além das categorias descritas por Hocking (2000), Pierce et al (2010) incluiu outra categoria possível de estudos em ciência ocupacional, aqueles voltados para a descrição de experiências gerais relacionadas à ocupação. No que concerne aos objetivos da disciplina descritos nos trabalhos publicados, Molke, Rudman e Polatajko (2004) identificaram alguns principais eixos, como a ampliação do conhecimento sobre a ocupação humana, o desenvolvimento de fundamentos teóricos para a terapia ocupacional e a contribuição da ciência ocupacional para alcançar justiça e transformação social. No que diz respeito ao público-alvo, Glover (2009) identificou em seu estudo um predomínio de pesquisas voltadas para pessoas sem algum tipo de deficiência e na faixa etária de 18 a 64 anos. Pierce et al (2010), por outro lado, identificou um predomínio de estudos desenvolvidos com mulheres, sendo adultos e idosos a faixa de idade predominante. Ao contrário dos dados de Glover (2009), Pierce et al (2010) encontrou o predomínio de pesquisas voltadas para pessoas com algum tipo de deficiência. Sobre estes aspectos, é elementar reconhecer que atualmente existem diferentes perspectivas de estudo em ciência ocupacional. Pois não há única visão de ocupação, uma teoria universal ou método de pesquisa mais adequado. Alguns autores acreditam que essas diferenças sejam decorrentes das diferentes origens da disciplina (12), do seu tipo de relação com a Terapia Ocupacional (24; 16) e das histórias pessoais e acadêmicas dos próprios pesquisadores do campo (21). Estas diferenças têm culminado em importantes debates e reflexões sobre os rumos da disciplina e têm sido consideradas como parte do seu processo de amadurecimento (1). Molineux e Whiteford (2012), com base no entendimento da

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centralidade da ocupação na vida das pessoas e da sociedade, propõem a possibilidade de estudos em ciência ocupacional em diferentes níveis, que vão do micro até o macro nível. De modo geral, para estes autores, é possível desenvolver pesquisas no âmbito dos indivíduos, das famílias, das comunidades e da população. Dessa forma, tanto as pesquisas sobre as experiências subjetivas das pessoas acerca do seu envolvimento ocupacional quanto os estudos sobre as influências sociais, políticas, econômicas e culturais acerca das ocupações de grupos e comunidades são possíveis dentro da disciplina. Esta diversidade de possibilidades se relaciona com o desenvolvimento de diferentes métodos e estratégias de pesquisa. No início, os principais focos de estudo da ciência ocupacional eram sobre a forma, a função e os significados das ocupações (10). Para tanto, os métodos de pesquisa mais frequentes eram oriundos, principalmente, das ciências sociais e se caracterizaram por abordagens predominantemente qualitativas e narrativas (37). Com o desenvolvimento de diferentes focos de pesquisa e aproximação com outras disciplinas, como é o caso de ciências biológicas, epidemiologia e saúde pública, associados à necessidade de produzir evidências para informar a prática da terapia ocupacional, ocorreu também o crescimento de abordagens quantitativas de pesquisa (38). De fato, desde o início considerou-se a necessidade de desenvolvimento de métodos de pesquisa próprios na ciência ocupacional para se adequar a natureza multifacetada das ocupações humanas (37). Atualmente, se reconhece a necessidade de adoção de um pluralismo metodológico com a utilização de abordagens quantitativas, qualitativas e mistas (12), bem como a utilização de diferentes técnicas, como entrevistas, métodos visuais e estudos do uso do tempo, entre outros, para subsidiar as diferentes possibilidades de investigação. Sobre este aspecto, Pierce (2012; 2014) apresentou uma proposta de organização dos estudos da disciplina em quatro diferentes níveis interdependentes de tipos de pesquisa, e que estão fortemente associados aos diferentes focos de estudo. Em uma esfera mais básica, no primeiro tipo, situam-se os estudos descritivos, aqueles voltados para descrever e explorar os diferentes aspectos e contextos das ocupações e as experiências e significados das pessoas derivadas do seu envolvimento nessas ações. O segundo tipo envolve os estudos relacionais, nos quais se situam pesquisas que relacionam o envolvimento das pessoas em ocupações com conceitos e aspectos geralmente oriundos de outras disciplinas, como

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deficiência, saúde, cultura, identidade, entre outros. O terceiro tipo de pesquisa em ciência ocupacional, denominado de pesquisa preditiva, amplia as descobertas da pesquisa descritiva e relacional no intuito da identificação de padrões de ocupação nas populações e as influências temporais, espaciais e sociais dos diferentes contextos. Por fim, o quarto e último tipo de investigação envolvem os estudos prescritivos, onde avaliam o impacto de práticas baseadas na ocupação. Estes tipos de estudo têm sido principalmente desenvolvidos no âmbito da terapia ocupacional (16). É oportuno reconhecer que os diferentes focos e tipos de pesquisa apresentam contribuições elementares para a ampliação do conhecimento sobre o homem e suas ocupações na vida cotidiana. No entanto, também apresentam contribuições e limitações importantes no que diz respeito à adequação de seus achados aos diferentes cenários de prática da terapia ocupacional.

5. Interfaces entre Ciência Ocupacional e Terapia Ocupacional: Possibilidades de Contribuição aos Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Profissão.

Recentes demandas para avaliar os impactos da pesquisa desenvolvida na disciplina, tais como suas influências conceituais, simbólicas e instrumentais, têm sido levantadas (39). De fato, desde o seu surgimento, vários autores têm buscado elucidar os impactos da ciência ocupacional tanto para a teoria, quanto para a prática da terapia ocupacional, seja como campo de conhecimento básico ou no aplicado (14; 17; 10). Molineux e Whiteford (2012) descrevem algumas contribuições encontradas na literatura, entre eles, fornecer suporte teórico para a prática profissional dos terapeutas ocupacionais, melhorarem os serviços ofertados e desenvolver novas possibilidades de prática, ampliar o conhecimento acerca dos seres humanos como seres ocupacionais, aprofundar os conhecimentos sobre a relação entre ocupação e saúde. Alguns estudos desenvolvidos no âmbito da disciplina têm auxiliado na ampliação de compressões acerca da ocupação, como no desenvolvimento de diferentes significados (11), na influência de aspectos hegemônicos de determinados grupos populacionais, culturas e instituições sociais acerca dos modos de compreensão sobre este constructo (40), de suas repercussões sobre a prática profissional (41) e na

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ruptura de visões predominantemente positivas do seu envolvimento (42). Alguns autores têm buscado apresentar as contribuições da ciência ocupacional para o desenvolvimento de uma perspectiva ocupacional sobre o ser humano (43), para o raciocínio clínico (44) e para a prática profissional dos terapeutas ocupacionais (2). Outros estudos têm demonstrado a efetividade de conceitos e teorias desenvolvidas no âmbito da disciplina na sustentação de práticas de terapia ocupacional com diferentes públicos, entre eles, idosos (45), adultos com lesão na medula espinhal (46) e diabéticos (47). No cenário brasileiro, alguns trabalhos também têm sido desenvolvidos no contexto da disciplina. Magalhães (2013) apresentou importantes reflexões sobre as compreensões e os conceitos acerca de ocupação e atividade na literatura internacional. Costa et al (2017) detalham algumas possíveis compreensões de ocupação e suas implicações para a terapia ocupacional. E de forma mais específica, baseado na compreensão dos significados ocupacionais, Araújo, Oliveira e Jaramillo (2014), apresentam uma valiosa relação entre ocupação e espiritualidade e suas implicações para a prática profissional. Ainda no contexto nacional, pesquisas, principalmente com enfoques descritivos e relacionais (16) têm sido desenvolvidas no âmbito da disciplina. Por exemplo, Monteiro et al (2014) buscaram identificar os significados das ocupações de pessoas após acidentes por queimaduras. Com este mesmo grupo de pessoas, Costa, Oliveira e Côrrea (2017), descreveram as principais repercussões em sua forma ocupacional. Em outro estudo, Castro et al (2017) visou compreender os significados das atividades de grupo para usuários de Centro de Atenção Psicossocial. Estes são apenas alguns exemplos de estudos desenvolvidos sob perspectivas germinadas no campo da ciência ocupacional. Vários conceitos e teorias têm sido desenvolvidos e aprofundados no interior da disciplina, como os de forma, função e significado ocupacional, ocupação compartilhada, justiça ocupacional, lacuna ocupacional, possibilidades e necessidades ocupacionais, entre outros, mas sua apresentação e detalhamento fogem ao escopo deste capítulo. No entanto, diante das diferentes realidades existentes no Brasil é possível levantar algumas possibilidades de contribuição de estudos gerados sob preceitos da disciplina. Por exemplo, um dos principais problemas de saúde da população brasileira atualmente está relacionado ao aumento da incidência e da prevalência de doenças crônicas, como hipertensão arterial, diabetes, entre outras.

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Com base na estruturação apresentada por Molineux e Whiteford (2012) e Pierce (2012; 2014), algumas questões podem ser levantadas, tais como: no nível individual, quais as características das ocupações de pessoas com hipertensão arterial? No nível familiar, como uma condição crônica de saúde pode influenciar nas ocupações desempenhadas pelos membros de uma família? No nível comunitário e populacional, como contextos sociais, políticos, econômicos e culturais inibem ou possibilitam o envolvimento das pessoas em suas ocupações? E de que forma tal fato pode estar relacionado ao envolvimento em fatores de risco para o desenvolvimento de doenças crônicas, como sedentarismo, a ausência de hábitos alimentares saudáveis, tabagismo, entre outros? Por outro lado, de que maneira práticas baseadas nas ocupações destas pessoas podem melhorar sua condição de saúde e participação na sociedade, bem como contribuir para melhoria da qualidade do viver e da participação da população em geral? Tais pesquisas podem auxiliar na prática dos terapeutas ocupacionais junto a estes públicos.

6. Considerações Finais. Este capítulo visou apresentar uma visão geral da constituição e do desenvolvimento da ciência ocupacional, bem como dos seus focos e estratégias de pesquisa. Além disso, objetivou apresentar algumas potenciais contribuições para a prática da terapia ocupacional. Em virtude seu caráter introdutório não objetivou aprofundar no que se refere aos conceitos, teorias e debates desenvolvidos no âmbito da disciplina. Contudo, é válido ressaltar o histórico do seu desenvolvimento no Brasil. Questionamentos sobre as ancoragens teóricas capazes de sustentar a prática profissional também surgiram ao longo do desenvolvimento e da consolidação da profissão no contexto nacional, principalmente na década 80 e início dos anos 90. Todavia, as motivações e as respostas geradas seguiram outras trajetórias. Assim, a produção de conhecimento da terapia ocupacional brasileira seguiu outros caminhos, uma vez que os conceitos e teorias desenvolvidos em outros contextos, principalmente norte-americanos, não se adequavam às demandas da realidade brasileira. Portanto, restou necessário o desenvolvimento de caminhos próprios e genuínos alicerçados em contextos de prática da realidade nacional. Como estratégia, os terapeutas ocupacionais brasileiros também

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se lançaram na busca de conhecimentos oriundos de outras áreas do saber, sobretudo no campo das ciências sociais, reconhecida área de conhecimento em crescente expansão e consolidação no período. Assim, ocorreu, desde então, um distanciamento entre a produção de conhecimento no âmbito nacional e internacional. No entanto, destaca-se que na última década, houve uma maior aproximação entre o contexto nacional e o internacional, principalmente em virtude de um maior intercâmbio entre profissionais de diferentes países, do avanço na produção de conhecimento (48), e nas possibilidades de acesso ao material produzido (49), bem como do envolvimento dos profissionais em programas de pós-graduação, que dentre outras demandas, incentivam o compartilhamento e a interlocução com a produção internacional (50). Neste cenário, reflexões sobre os saberes produzidos e reproduzidos novamente ganharam força. Assim, novas possiblidades de interlocução se fizeram necessárias. Neste processo, a produção do conhecimento germinado e compartilhado no âmbito da ciência ocupacional, apresenta-se como um possível e viável caminho para um novo dialogo vislumbrando o aprofundamento sobre a teoria e a prática profissional.

Referências Bibliográficas

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50 - MALFITANO, A.P.S. Doutorado em terapia ocupacional: desafios para a produção de conhecimento na área e sua consolidação acadêmica. Cadernos de Terapia Ocupacional da Universidade Federal de São Carlos, v. 23, n. 4, p. 683-684, 2015

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62 Terapia Ocupacional • Volume 1

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- COSTA, E.F.; OLIVEIRA, L.S.M.; CORREA, V.A.C.; FOLHA, O.A.A.C. Ciência Ocupacional e Terapia Ocupacional: algumas reflexões. Revista Interinstitucional Brasileira de Terapia Ocupacional. v.1, n.5, p.650-663, 2017

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64

CAPÍTULO 1A ATUAÇÃO DO TERAPEUTA OCUPACIONAL NO CAMPO DO PLANEJAMENTO E GESTÃO EM CONTEXTOS MULTIPROFISSIONAIS.

Priscilla Regina Cordeiro

“Todo desenvolvimento verdadeiramente humano significa o desenvolvimento conjunto das autono-mias individuais, das participações comunitárias e do sentimento de pertencer à espécie humana” (12)

1 - Introdução.

Considerando os caminhos da terapia ocupacional, ao analisar a construção da sua identidade profissional em seu desenvolvimento histórico, entende-se que, durante anos, a atuação do terapeuta ocupacional teve o seu foco direcionado para as estratégias voltadas às práticas e assistência em saúde.

Nessa trajetória, evoluíram com uma linha de cuidados, métodos, especialidades e diferentes saberes centrados no indivíduo, para a promoção em saúde e bem-estar, e por meio do conhecimento direcionado ao campo da ocupação e/ou a atividade humana. Esse é um processo que envolve a participação autônoma e a independência da pessoa, com o objetivo de tornar cada indivíduo assistido, o protagonista de sua própria vida, quer seja pela inserção em seu meio e comunidade, pela participação social, ou o exercício da cidadania.

Neste sentido, é possível compreender que a terapia ocupacional, diante as suas contribuições nos campos de atuação (saúde, educação, social), cada vez mais têm seu reconhecimento ampliado em relação às práticas que se efetivam e se destacam nesses campos, com significativos resultados nas diversas linhas de cuidado (1). Consequentemente, e de maneira progressiva, os terapeutas ocupacionais estão ganhando espaços relevantes por meio de suas ações nos ambientes em que atuam.

Santosa e Mentab (2017), acrescentaram que por ser um profissional que vem se destacando no exercício da sua prática diária,

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65CAPÍTULO 1

e sendo na resolutividade das ações, seja na função de liderança de equipe, na organização de ações de participação social, entre outras, não é incomum que o terapeuta ocupacional se depare com convites e situações que exijam deste profissional habilidades e competências “comunicacionais e organizacionais” dentro e fora dos equipamentos de saúde, que implicam não só na sua participação ativa e dinâmica junto às equipes multiprofissionais, mas também em ações relevantes e articulações no nível de gestão.

Entende-se que as adaptações ao exercício profissional da terapia ocupacional se devem também às demandas populacionais, institucionais, políticas sociais e de saúde, que constantemente se modificam e impactam a prática, exigindo transformações em sua atuação.

Desse modo, considerando as possiblidades de adaptação positiva, torna-se visível que as suas competências possibilitam que o seu campo de ação seja ampliado, criando possibilidade de inserções de forma gradativa em novos papéis e espaços, encontrando oportunidades, por exemplo, em cargos relacionados as áreas de planejamento e gestão (2).

De Carlo et. al. (2009) acrescentam que, até a pouco tempo, a participação do terapeuta ocupacional em espaços de gestão pública ou privada, na elaboração de políticas de saúde e até mesmo como gestor de equipe de saúde era pouco vista e valorizada. No entanto, atualmente esse profissional tem assumido novas funções e de maneira mais participativo-ativa no gerenciamento dos locais de trabalho em que estão inseridos.

Este cenário de alcance de patamares e de inserção no campo da gestão, promove importantes desafios e discussões que vêm sendo apresentadas em relação à prática e, especialmente, na formação profissional. Tais discussões, envolvem desde a necessidade de aprimoramento do terapeuta ocupacional, diante as novas demandas e exigências da ampliação neste campo de atuação, até a necessidade de formar profissionais qualificados para operar criticamente e de forma conceituada no processo administrativo, liderança de equipe e de planejamento em saúde.

As inserções do terapeuta ocupacional nestes processos de trabalho exigem que a sua qualificação e o seu conhecimento alcancem conteúdos que contemplem as ações relacionadas a gestão em saúde, principalmente, durante o período de graduação, assim como em programas de pós-graduação (lato sensu e estricto sensu), cursos de curta duração, entre outros. Todavia, ao considerarmos os avanços apresentados, observa-se que esta temática ainda é pouco discutida,

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66 Terapia Ocupacional • Volume 1

tanto no mundo acadêmico quanto na prática do profissional. De Carlo, et. al. (2009), referem que o terapeuta ocupacional

possui competências, considerando os conceitos e diretrizes inseridas na profissão, que o desenvolvem a buscar e a conhecer as particularidades dos serviços e comunidades no qual se insere, tanto na atuação, como na administração e desenvolvimento de programas e ações que se relacionam ao seu cotidiano profissional. É fundamental que se intensifique ações que promovam a idéia de que este profissional, pode e deve se inserir no papel de gestor ou compuser uma gerência, uma vez que, no âmbito de suas atribuições, apresenta este potencial e compreende, por exemplo, a importância da prática ampliada e compartilhada, manejo em grupo, valorização do trabalho em equipe e em ações participativas e democráticas como fonte de cuidado e de inclusão (3).

Neste mesmo sentido, ao pesquisar sobre esta temática em artigos e estudos científicos, constata-se que os cursos de graduação em terapia ocupacional buscam formar profissionais com conhecimento amplo, que enfatiza a importância do vínculo, relação tríade terapeuta-usuário-atividade, análise e planejamento de grupos terapêuticos, entre outros. Todavia, ao considerar as temáticas e disciplinas relacionadas às habilidades e conhecimentos de como gerenciar serviços de saúde e liderar equipes que assistem ao seu público alvo, os métodos de ensino podem parecer estar fragilizados.

Entende-se que seja necessário, ampliar em sua formação, novas competências e conhecimentos básicos, tais como gestão de pessoas, liderança, administração, gerenciamento e planejamento em saúde, marketing e empreendedorismo, temas e assuntos que ainda são pouco (ou de modo nenhum) enfatizados, na maior parte das grades curriculares e nos projetos políticos pedagógicos dos cursos de graduação em terapia ocupacional no Brasil.

Cruz, et. al. (2014) acrescentam que para o Ministério da Educação (MEC), “o profissional graduado deve sair da universidade preparado para enfrentar as transformações da sociedade, do mercado de trabalho e das condições do seu exercício profissional”. Para a formação em terapia ocupacional, considerando as possibilidades atuais e a realidade de terapeutas ocupacionais que vivenciam a profissão já no campo da gestão, entende-se essencial que no processo de formação sejam inseridos conteúdos de aprendizagem que desenvolvam o aluno não somente para a área da assistência, mas também para o desenvolvimento em gestão e visões organizacionais de serviços e equipes, visando ampliar e fortalecer

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67CAPÍTULO 1

mais a Terapia Ocupacional no mundo da gestão (4). A Resolução 6, de 19 de fevereiro de 2002, que institui as

“diretrizes curriculares nacionais” dos cursos de graduação em terapia ocupacional, que no seu Art. 4º, inciso V, apresenta e complementa esta discussão ao considerar que:

“A formação do terapeuta ocupacional tem por objetivo dotar o profissional de conhecimentos requeridos para o exercício, de competências e habilidades gerais para administração e no geren-ciamento, devendo estes estar aptos a tomar ini-ciativas, fazer o gerenciamento e administração tanto da força de trabalho quanto dos recursos físicos e materiais e de informação, da mesma forma que devem estar aptos a serem empreen-dedores, gestores, empregadores ou lideranças

na equipe de saúde” (11).

LOPES (2013), parte de uma reflexão, como docente em terapia ocupacional, e como tal, considera ser essencial que se discuta o processo de gestão já no ambiente acadêmico, inserindo temáticas sobre as atividades de gestão e participação colegiada, além de afirmar ser papel também das universidades, o de estimular os alunos a terem conhecimentos teóricos e atividades práticas neste sentido, até mesmo para uma atividade direcionada à gestão no âmbito universitário. Complementa, discutindo sobre a sua compreensão de que, após a graduação, os recém formados devem sentir-se minimamente capacitados para atuar na gestão, entendendo que enquanto terapeutas ocupacionais é preciso saber:

“Exercer nosso papel nos colegiados locais e nos superiores, construindo, no cotidiano, relações mais horizontais de decisões [...] Esse raciocínio é o mesmo naquilo que concerne às nossas entida-des representativas, seja na docência em geral, seja na terapia ocupacional em particular; atuar nesses espaços é requerido pela perspectiva de-

mocrática da construção social” (6).

Assim, diante o exposto, considerando que este capítulo tem como

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68 Terapia Ocupacional • Volume 1

objetivo discutir e explanar sobre a terapia ocupacional no campo da gestão e do planejamento, com ênfase em serviços públicos de saúde, educação e assistência social, em acordo com as diretrizes do Sistema único de Saúde (SUS), e Sistema Único de Assistência Social (SUAS), entende-se necessário aprofundar e conceituar sobre as temáticas relacionadas à gestão, planejamento em saúde e possíveis ações do terapeuta ocupacional ao ocupar o cargo de gestor e seu papel de liderança.

2 - Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS.

De acordo com a Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS, o processo de gestão em saúde é definido como um “campo de ação humana que visa à coordenação, articulação e interação de recursos e trabalho humano para a obtenção de fins/metas/objetivos”, por meio de um conjunto de princípios administrativos e de liderança que envolve a capacidade de lidar com conflitos, tomada de decisões, nortearem organizações e planejamentos, avaliar e reavaliar ações, programas e atividades das equipes inseridas em um serviço de saúde (5).

Souza, et.al. (2010) complementam, que a gestão pode ser denominada como um processo que implica em coordenar os esforços das diversas áreas de um determinado sistema por meio de ações de planejamento, acompanhamento e avaliação, de forma que possibilitem repensar e mudar os níveis de atenção e investir na qualidade do serviço, adequando-o à organização, às estratégias e aos perfis de cada integrante da equipe, de acordo com a demanda do público alvo, com o contexto territorial e o diagnóstico situacional (13).

Já o planejamento no setor da saúde, trata-se de um instrumento de gestão que norteia e conduz para o resultado e a melhora do desempenho, devendo estar relacionado aos objetivos críticos e essenciais do serviço, guiado pela organização de recursos e planos que busquem alcançar objetivos, bem como a compreender e definir quais ações se pretende alcançar (5).

Para que o processo de planejamento em saúde ocorra é fundamental que se identifique a situação atual, suas particularidades e suas problemáticas, além do processo de mudança que se deseja atingir, sendo essencial que o gestor tenha conhecimento do sistema, do contexto em que ele se insere e por quais atores ele é composto (5).

Quando se trata de gestão e planejamento em saúde no âmbito do SUS, entende-se que a reorganização deste modelo de gestão e

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atenção à saúde está direcionada a uma construção coletiva, no sentido de inserir novos membros a compor ativamente os espaços de gestão pública, na perspectiva de democratizar este espaço e ampliar os espaços de participação social.

2.1 - Gestão participativa e cogestão.O delineamento desse tema, traz também como necessário a

compreensão do conceito e da importância de uma Gestão Participativa e Cogestão, que se inserem como um novo modelo de gestão, priorizado pelas diretrizes do SUS e de acordo com a Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS (Humaniza SUS). Este modelo tem entre os princípios mais relevantes, a importância do incentivo à participação dos profissionais da equipe, usuários e familiares, convidando-os para compor e a construir a gestão em saúde e a participar deste processo de crescimento, de forma que atuem ativamente nas decisões, no processo de avaliação e planejamentos do serviço. Ações que antes se restringiam, de forma hierárquica, somente aos gestores.

Este modelo de gestão buscar engajar e motivar para que todos os envolvidos possam participar cotidianamente das reflexões, problemáticas e ações empreendidas, visando a qualidade do cuidado, desempenho e o desenvolvimento institucional (5). Espera-se que desta forma, a gestão seja exercida direcionada ao sistema e serviços de saúde, e com a mesma proporção, inclua ações, ao que diz respeito também ao cuidado em saúde, de maneira contextualizada.

A cartilha, elaborada junto ao Ministério da Saúde com a temática Gestão Participativa e Cogestão (5), define gestão participativa como um “valioso instrumento para a construção de mudanças nos modos de gerir e nas práticas de saúde”, que contribui para tornar a assistência no cuidado, em um determinado serviço de saúde, mais eficaz/efetiva e motivadora para as equipes de trabalho. Em relação à cogestão, o autor define como um “modo de administrar que inclui o pensar e o fazer coletivo, sendo portanto uma diretriz ética e política que visa democratizar as relações no campo da saúde”. (5).

Neste contexto, o profissional que assume o papel de gestor de um serviço de saúde no SUS precisa estar esclarecido a respeito de suas responsabilidades e obrigações, quanto ao planejamento e realização dos “objetivos da saúde (produzir saúde; garantir a realização profissional e pessoal dos trabalhadores; reproduzir o SUS como política democrática e solidária)” (5).

Nesta perspectiva, entendem-se ser essencial e necessário

CAPÍTULO 1

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70 Terapia Ocupacional • Volume 1

remodelar o modelo de gestão, para uma prática de trabalho realizado em grupo, de forma coletiva e colaborativa, compartilhando os pontos de dificuldades e melhorias para aquele determinado serviço de saúde, de maneira respeitável e ativa, junto aos profissionais inseridos na equipe, usuários e familiares (5). Merhy (1997), define o gestor em saúde como um “agente em situação de governo”, que atua como um interlocutor dos demais e não toma as decisões cotidianas sozinho, mas busca apresentar e desenvolvê-las no coletivo. (7; 2).

O gestor deve buscar incentivar a participação de usuários e familiares em ações de fortalecimento do protagonismo e participação social, assim como, reconhecerem publicamente, a importância do apoio nas decisões e ações cotidianas de cada profissional inserido em sua equipe, desde a atuação em ações terapêuticas quanto em espaços de gestão e lideranças.

As ações voltadas às ações de gestão participativa e de cogestão, geram no gestor a responsabilidade de assumir também, o papel de facilitador do processo de forma estratégica, buscando valorizar as competências e habilidades dos profissionais que compõem a sua equipe, convidando-os a compartilhar suas ações, a identificar os problemas relacionados à gestão e a planejar e criar novas soluções, considerando seu local de trabalho (5).

Reconhecer e estimular a gestão participativa e a cogestão no ambiente de trabalho, favorece e promove reflexões sobre os desafios e problemáticas apresentadas no dia a dia, convidando os profissionais a fazerem parte do processo de pensar e identificar resultados positivos para estas questões.

Tais iniciativas objetivam, entre os inúmeros ganhos, a estimular e aumentar a autoestima destes profissionais, bem como fortalecer o seu “empenho no trabalho, criatividade na busca de soluções e aumento da responsabilidade social” (11). Observa-se também, que este modelo de gestão se torna um diferencial, uma vez que busca manter os profissionais, inseridos em serviços públicos de saúde, engajados em suas contribuições no cotidiano de trabalho, promovendo um ambiente motivador, que faça sentido não só ao gestor, mas também a cada membro da equipe. Almeja-se, desta forma, melhores resultados na produtividade, assistência e na prática de cuidado diária.

Da mesma maneira, em relação à participação de usuários e familiares inseridos nesses modelos de gestão, o terapeuta ocupacional neste nível de atenção, deve buscar reconhecer e fortalecer o apoio em espaços de liderança comunitária, espaços de reuniões e ações do Conselho Gestor, espaços de assembléias nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), individualmente,

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quando solicitado pelo usuário, entre outras ações, que mantenham este profissional próximo ao público que assiste no serviço que está inserido.

Espera-se que os serviços públicos de saúde busquem se adequar às necessidades e situações apresentadas pelo e através dos usuários (5). Para uma gestão em saúde qualificada no SUS, deve-se entender a importância de valorizar no dia-a-dia, as ações de participação social, protagonismo e do exercício à cidadania.

Da mesma forma, deve acatar a “interação com troca de saberes, poderes e afetos entre profissionais, usuários e gestores”, reconhecendo estes fatores como um caminho para uma gestão descentralizada, mais participativa e democrática nos processos de decisão e convidando a todos os atores envolvidos a assumirem o papel de “agentes de mudança” que possuem potencial para desenvolver transformações tanto para o serviço, quanto para todos os sujeitos envolvidos (5).

Assim, considerando os aspectos apresentados, pode-se dizer que o terapeuta ocupacional – que enfatiza a escuta, a corresponsabilização, a diversidade, a cultura, singularidade e ao mesmo tempo, a pluralidade como pontos de atenção ao cuidado – demonstra estar bastante apropriado para os desafios deste tipo de gestão.

Os terapeutas ocupacionais que atuam com a “complexidade de fatores que promovem o empoderamento pessoal e/ou coletivo estão conectados, de forma intrínseca, a projetos emancipatórios, em que o respeito e o apoio à autonomia e o incentivo à independência dos sujeitos, representa valor essencial”, que remete ao “desenvolvimento da capacidade de reflexão e de engajamento coletivos” (8).

3 - Considerações finais.

Conforme aponta Chiavenato (2008), um gestor, para apresentar um bom planejamento e organização deve reunir uma série de qualidades, recursos e competências para alcançar seus objetivos (9).

Além disso, deve apresentar uma visão de futuro, sendo inovador em suas ações e saber motivar seus funcionários. Esse autor acrescenta que o profissional deve possuir boa comunicação e comportamento de liderança, com foco e controle frente às situações diárias. Furlan e Oliveira (2017) sugerem que:

“No âmbito da gestão, o profissional deve estar capacitado para comunicar-se, planejar, execu-

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tar, controlar e avaliar serviços de saúde, (...), bem como desenvolver políticas, planos e progra-mas para o setor saúde. Entende-se que estes são espaços de produção e aplicação de saberes des-tinados ao desenvolvimento humano, com vistas à melhoria da qualidade de vida das pessoas” (2).

Para Buckinghan e Coffman (1999), o papel de gestor, ao contrário dos gerentes convencionais, não é de controlar e somente instruir, pois os bons líderes sabem que não é este tipo de ‘ajuda’ que o profissional precisa para desempenhar sua função com excelência, considerando ser essencial que o gestor busque identificar os talentos de cada profissional inserido em sua equipe, não somente no coletivo, mas também individualmente (10).

Em outras palavras, esses autores sugerem que na prática diária de trabalho, o gestor busque escutar cada profissional, conhecendo-o de perto quanto a sua história de vida, motivações pessoais, sua essência, tratando-o com respeito, e principalmente acreditando que todos têm pelo menos um talento a ser desempenhado no ambiente de trabalho.

Complementam ainda que, talento nada mais é que um potencial, e só pode ser transformado em desempenho se puder ser compartilhado na prática. Logo, sugerem que entre os principais pontos de um gestor em sua prática diária, deve estar o investimento de seu o tempo direcionado a dedicação no estudo de sua equipe, objetivando criar um ambiente inovador, que além de apresentar um bom planejamento e organização, realmente incentive seus profissionais a serem mais do que já são. – Neste mesmo sentido, DE CARLO, et. al. (2009) acrescentam que:

“(...) o exercício das novas competências de pla-nejamento, gestão e gerenciamento de serviços deve envolver o estímulo à criatividade e flexi-bilidade, ao aprendizado constante e motivação das equipes para a resolução dos problemas, fa-vorecendo, numa visão sistêmica, um ambiente participativo e propício para troca de idéias” (3)

Por fim, apesar de observar-se que a graduação em terapia ocupacional apresenta poucos conceitos e técnicas de desenvolvimento de habilidades para compor competências direcionadas para a função de gerência, com necessidade de se avaliar a ampliação e a inserção destes

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conhecimentos e aprendizagens em nível curriculares, potencializando a prática profissional neste campo promissor de atuação, sabe-se também que essa formação profissional oferece recursos, habilidades e competências para o domínio sobre processo terapêutico e de trabalho em equipe e de inclusão social, voltada para uma visão holística e integral do indivíduo, e considerando o contexto territorial e dimensional de forma singular e inserido em um coletivo. Subsídios esses que favorecem para que este profissional apresente uma visão holística sob o sistema em que atua.

Nesta perspectiva, entende-se que o terapeuta ocupacional possui competências para gerenciar, planejar, implantar projetos, tanto na área privadas quanto em equipamentos públicos. No cenário atual da Saúde, percebem-se cada vez mais Terapeutas Ocupacionais participando em espaços de gestão, e em experiências práticas que provam sua competência em atuar no papel de gestor, coordenação ou gerência, especialmente quando se trata da gestão pública.

Referências Bibliográficas.

1 - SANTOSA, R.S.; MENTAB. A formação do terapeuta ocupacional para gestão de serviços de saúde: um estudo em bases curriculares. Cad. Ter. Ocup. UFSCar, São Carlos, v. 25, n. 1, p. 43-51, 2017. Disponível em: < http://www.cadernosdeterapiaocupacional.ufscar.br/index.php/cadernos/article/view/1368/812>. Acesso em: 13/12/2017.

2 - FURLAN, P.G.; OLIVEIRA, M. dos S. Terapeutas ocupacionais na gestão da atenção básica à saúde. Cad. Ter. Ocup. UFSCar, São Carlos, v. 25, n. 1, p. 21-31, 2017. Disponível em: < http://www.cadernosdeterapiaocupacional.ufscar.br/index.php/cadernos/article/viewFile/1146/810>. Acesso em: 12/12/2017.

3 - DE CARLO, M.M.R.P. et al. Planejamento e gerenciamento de serviços como conteúdos da formação profissional em terapia ocupacional: reflexões com base na percepção dos estudantes. Interface – Comunicação, Saúde, Educação, Botucatu, v. 13, n. 29, p. 445-453, 2009.

4 - CRUZ, D.M.C. et al. Formação do terapeuta ocupacional para a gestão. Rev. Ter Ocup Univ São Paulo. 2014 set./dez.;25(3):309-316. Disponível em: < http://www.revistas.usp.br/rto/article/view/70416/91961>. Acesso em: 02/12/2017.

CAPÍTULO 1

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5 - BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS. Gestão participativa e cogestão. Brasília: Ministério da Saúde, 2009.

6 - LOPES, R. E. No pó da estrada. Cad. Ter. Ocup. UFSCar, São Carlos, v. 21, n. 1. p. 171-186, 2013. Disponível em: < 3. http://dx.doi. org/10.4322/cto.2013.022>.

7 - MERHY, E.E. Em busca do tempo perdido: a micropolítica do trabalho vivo em saúde. In: MERHY, E. E.; ONOCKO, R. (Org.). Agir em saúde: um desafio para o público. São Paulo: Hucitec, 1997. p. 71-112.

8 - ALMEIDA, M.C.; SOARES, C.R.S.; BARROS, D.D.; GALVANI, D. Processos e práticas de formalização da Terapia Ocupacional na Assistência Social: alguns marcos e desafios. Cad. Ter .Ocup. UFSCar, São Carlos, v. 20, n. 1, p. 33-41, 2012. Disponível em: < http://www.cadernosdeterapiaocupacional.ufscar.br/index.php/cadernos/article/view/546/360>. Acesso em: 12/01/2018.

9 - CHIAVENATO, A. Administração para não administradores: a gestão ao alcance de todos. São Paulo: Saraiva; 2008.

10 - BUCKINGHAM, M.; COFFMAN, C. Primeiro, quebre todas as regras: as melhores práticas dos melhores executivos. Rio de Janeiro: Elsevier, 1999.

11 - BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Resolução nº 6, de 19 de fevereiro de 2002. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Terapia Ocupacional. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 4 mar. 2002.

12 - MORIN, E. O Método 4: as idéias – habitat, vida, costumes, organização. Trad. Juremir Machado da Silva. 3º Ed – Porto Alegre: Sulina, 2002.

13 - SOUZA, V.L.; FINAMOR, A.L.N.; ALVEZ, C.S.C.; SOUTO, S.O. Gestão de Pessoas em Saúde. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2010.

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CAPÍTULO 2PLANEJAMENTO E GESTÃO EM EDUCAÇÃO, SAÚDE E ASSISTÊNCIA SOCIAL - CONSIDERAÇÕES PARA TERAPEUTAS OCUPACIONAIS, POR UM OLHAR HUMANIZADO E INTEGRAL.

Annie Betune RamalhãoSandra Helena Iglesias

Adriano Conrado Rodrigues

1 - Introdução.

O planejamento de ações em Saúde, pode invariavelmente, buscar uma abordagem comunitária, inserida em determinada cultura e território bem definido, com seus problemas e potencialidades. E que, geralmente ocorre numa arena onde as “crises” devem ser enfrentadas, e em que o resultado final é consequente de fatores individuais e familiares, de seu trabalho, ou ainda, de seu meio social. Nesse cenário, a diversificação de programas pode favorecer o acolhimento e a resolutividade das demandas de atenção à saúde.

Variáveis como a Influência do modelo tradicional de cuidado e dificuldade dos profissionais para renunciarem a um papel específico, podem ser interferentes nesse processo. Assim, o modo de gestão dos programas e serviços de saúde, passa a ser pauta importante nas discussões sobre eficiência e efetividade dos mesmos.

As ações de Saúde podem ser planejadas para execução em Hospitais Gerais, Unidades Básicas de Saúde da Família (UBS), Pronto-Socorros, Centros de Referência de Saúde do Trabalhador, Lares e Abrigos, Centros de Convivências e Cooperativas, e em Redes de Atenção Integral. E como elementos fortes para o planejamento da ação, temos: diagnóstico, idade, gênero, tempo de evolução do quadro, história da enfermidade, recursos individuais do paciente (p. ex.: capacidade, status social, e condição de solidão), recursos do contexto (p. ex.: características do meio em que o mesmo está inserido, estado relacional dos familiares, solidariedade e hostilidade de familiares e vizinhos,

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status social da família, e nível de agregação social do meio onde (1; 2)Nesse processo, deve-se ainda buscar pressupostos como:– Equiparação de Oportunidades: Termo que significa o processo

através do qual os diversos sistemas da sociedade e o do ambiente, tais como: serviços, atividades, informações e documentação são tornados disponíveis para todos, particularmente para as pessoas com deficiência.

– Participação Plena: Refere-se à “promoção de medidas eficazes para a realização, por parte das pessoas com deficiência, das metas de participação plena na vida e no desenvolvimento social”.

– Fluxo: Caracterizado pelo mapeamento, ou seja, pela detecção de fatores potencialmente incapacitantes.

– Propor intervenção Multiprofissional.– Priorizar a abordagem territorial: Que é a própria ação na família

e na comunidade em toda a sua diversidade – para todos.– Seguir propostas preconizadas pela Organização Mundial da Saúde.– Entender a reabilitação integrada com outras práticas sociais

desenvolvidas por órgãos públicos ou organizações não governamentais.– ONGs: Que necessariamente devem ser e estar sintonizadas com

os princípios SUS. (1; 3)Segundo as prerrogativas do Ministério da Saúde (MS), ações

específicas ou multiprofissionais integradas devem abordar a prevenção de doenças, a promoção da saúde, a assistência e a reabilitação.

Nessa condição, a demanda de atenção populacional do profissional passa a ser maior, por envolver pessoas ditas saudáveis ou não.

Assim, para a organização da demanda e a prática em reabilitação, deve-se determinar um fluxo de encaminhamento, ou seja, a comunicação que permita qualidade e impacto na abordagem aos pacientes. As ações propostas em saúde são determinadas pela tecnologia envolvida. Assim, espera-se a realização de ações de competência tecnológica, as quais são específicas para cada nível de atenção (MS, SUS, Níveis de atenção) (2).

Ao considerarmos a área física e mental como campos de abordagem, encontramos na Organização Mundial da Saúde (OMS), a Classificação Internacional da Funcionalidade (CIF), que além de unificar a linguagem em saúde, auxilia no fundamento das práticas propostas em reabilitação.

Essa classificação pertence à família das classificações desenvolvidas pela OMS, para ser aplicada em diferentes aspectos da saúde, com uma linguagem padronizada, e que possibilita a comunicação sobre saúde e assistência entre várias ciências e profissões.

Por abranger os componentes da saúde, e não as consequências das

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doenças, a CIF assume uma posição neutra em relação à etiologia, o que possibilita interferências causais, com métodos científicos adequados.

Nesse processo, o profissional da saúde pode contar com uma base científica para a compreensão e o estudo das condições relacionadas à saúde, seus determinantes e efeitos, e ainda estabelecer uma linguagem comum para a descrição dos estados relacionados.

Esses conceitos podem ser considerados como base para a definição dos papéis desempenhados pelos profissionais nas propostas de atenção à saúde, fortalecendo ações multiprofissionais, bem como novos sentidos para a prática da reabilitação (5).

Atualmente, como fatores motivadores ao “olhar fundamentado” pela OMS, se podem citar a organização das pessoas com deficiência e a luta por direito às igualdades e oportunidades para a construção plena da cidadania.

Assim, busca-se garantir que pessoas com acometimentos específicos sejam incluídas e participem da vida social, assegurando o desenvolvimento de potenciais criativos (artístico, intelectual...) e com acesso aos eventos e serviços socioculturais.

Essa perspectiva traz a importância da construção de direitos substanciais (afetivos, produtivos...) dos pacientes ou populações caracterizadas até então como excluídas.

Dessa forma, toda intervenção se volta para o indivíduo e seu grupo social, de modo que possibilite a criação de condições de bem-estar e autonomia, com a construção de espaços de vida e de expressão da diversidade no cotidiano (4).

O acompanhamento num território definido, com ações descentralizadas, voltadas às famílias, permite, sobretudo, analisar os efeitos das ações em saúde, como por exemplo, na detecção precoce das deficiências, que tem repercussão direta na melhoria da qualidade de vida do indivíduo.

Esse campo engloba um grande grupo de pessoas que apresentam limitações no desempenho pessoal e restrições na participação social, principalmente em virtude de dificuldades em diferentes áreas (motora, linguagem, cognição, visão, audição, entre outras, associadas ou não com problemas orgânicos diversos), as quais por sua vez são influenciadas pelo contexto social.

Assim, um processo de reabilitação visa desenvolver o maior grau de autonomia da pessoa, além de participação social e igualdade de direitos (6).

Desse modo, todas as atividades que proporcionem desenvolvimento, aprendizado, superação dos limites, bem como

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percepção e consciência das dificuldades, são objetos de análise e intervenção terapêutica.

A prática dessas atividades pode produzir respostas afetivas, cognitivas, sensórias e motoras. Pois o desenvolvimento do potencial criativo e de transformação é parte intrínseca do conteúdo terapêutico.

Ademais, trabalhos em grupo permitem a articulação entre o individual e o coletivo; é no processo de realização das ações e das relações que a pessoa se percebe, se identifica positivamente, aprende, e se transforma, possibilitando assim a inclusão social.

A deficiência na atual classificação da OMS é considerada como parte de um estado de saúde, mas não necessariamente indica que a doença está presente. Nessa classificação os “conceitos-chave” apresentados são, atividade e participação.

A realização de uma tarefa ou ação por um indivíduo é considerada atividade; trata-se do desempenho do indivíduo e de suas potencialidades em qualquer nível de complexidade, isto é, desde as habilidades das condutas mais simples até as mais complexas.

Participação refere-se à interação da pessoa em uma área da vida, e identifica efetivamente se o contexto facilita ou restringe a interação.

Os termos atividade e participação, bem como limitação na realização das atividades, se colocam na perspectiva do modelo social, no qual a deficiência não é um atributo da pessoa, mas sim um conjunto de condições criadas no ambiente social (3).

Nesse caso, enfatiza-se a urgência da sociedade em ajustar-se às necessidades das pessoas deficientes e o cumprimento e respeito às leis que regem os direitos dessa população. Trata-se de um processo que requer mudanças que vão influenciar os âmbitos políticos, ideológicos e tecnológicos.

Na saúde, cabe às leis zelar pelos os deveres do estado e direitos do cidadão, o que norteiam e garantem a efetivação das práticas propostas e aprovadas pela Câmera Federal, Ministérios e Presidência da República.

Pode-se dizer que nossa constituição é relativamente nova, quando comparada a outros países, e talvez isso explique as constantes alterações deliberadas pelos constituintes e sancionadas pelo poder público. Assim, profissionais de saúde e população devem sempre estar atentos, aptos para absolvição de novos conhecimentos e atualizados.

CAPÍTULO 2

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2 - Planejamento de Ações em Saúde e Reabilitação.

Mas afinal, o que é planejamento? Por que precisamos saber planejar? Quais são os passos desse processo? Nesse tópico, temos como objetivo central despertar o leitor para a necessidade que todos assumimos hoje, que é a de desempenharmos também um papel participativo no ato de planejar.

Partindo desse pressuposto, o planejamento deve priorizar ações que possam incrementar a capacidade de resposta dos programas, assim como respeitar as prioridades e as necessidades específicas de cada região. Além disso, deve adequar-se às situações particulares dos diversos segmentos populacionais em situação de risco e de maior vulnerabilidade (7).

Implica, portanto, a disposição para a inovação, a criatividade e a ousadia de explorar novas idéias, caminhos e métodos.

O caráter participativo do planejamento é revelado quando se espera que todos os atores envolvidos, entre eles, instituições não governamentais, segmentos organizados da sociedade civil, setor privado, instituições governamentais, universidades e instituições de apoio à pesquisa, órgãos colegiados de participação e controle social, agências internacionais de cooperação, dentre outros, sejam ativos e participantes nas diferentes etapas do processo (13).

Por que planejar?Planejar é um ato natural dos homens, uma visualização de tudo

que antecede o futuro, envolve uma reflexão que precede e preside as ações em torno de uma decisão (7).

Segundo Tancredi (1998), “pior do que planos centralizados e opressores é a ausência de planos”. O mesmo autor, baseando-se na história da utilização do planejamento em saúde, relata que esse instrumento foi abordado como solução para os problemas do sistema de saúde do Brasil. Porém, sem o sucesso depositado nos planos governamentais, o planejamento caiu em descrédito, precisando hoje em dia ser desmistificado (8).

O planejamento serve para determinar aonde se quer chegar (para aonde queremos conduzir um sistema), e orientar a tomada de decisões pertinentes para se alcançarem os objetivos esperados.

Algumas desmistificações sobre o planejamento devem ser consideradas. Pois o mesmo não deve ser confundido com plano, pois este é um dos produtos de um amplo processo de análises e acordos; que documenta e enunciam as conclusões desses “acordos”, indicando

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as direções possíveis para se alcançarem os objetivos. E por ser um produto, é sempre provisório, e permanentemente precisa ser revisado.

O planejamento não é tarefa de especialistas; ele deve ser feito pelos atores envolvidos na ação, espera-se que um planejador deva assumir o papel de facilitador do processo.

Para isso é necessário que esse planejador entenda que, assim como não existem metodologias boas ou ruins, e sim as adequadas e as inadequadas. Também não existem a “teoria” ou o “método” de planejamento, mas sim aquele que melhor se adapta a uma determinada situação.

Nesse sentido, diferentes instrumentos de trabalho podem ser adotados com a finalidade de alcançar os objetivos propostos (9).

Portanto, os objetivos precisam ser factíveis, não apenas intenções inatingíveis, quer seja pelas restrições impostas pelo ambiente, quer seja pelo grau de desenvolvimento da organização.

O planejamento é também considerado um instrumento de gestão, já que pode promover o desenvolvimento institucional, por exemplo, quando todos os envolvidos numa determinada instituição refletem sobre as ações empreendidas. Essa é uma excelente forma de melhorar a qualidade e efetividade do trabalho, já que havendo consenso, é mais provável que os executores sejam parceiros na realização das tarefas do que os opositores. Pois a maior riqueza do planejamento está no processo de “em si de planejar”.

Basicamente, planejar consiste em questionar e procurar responder às perguntas decorrentes desse questionamento. As principais questões a serem respondidas estão destacadas no quadro que se segue:

Uma definição trazida por Merhy (1994), enuncia o planejamento como “o modo de agir sobre algo de modo eficaz”. No setor da saúde, o planejamento é o instrumento que permite melhorar o desempenho, aperfeiçoar a produção e elevar a eficácia e eficiência dos sistemas no desenvolvimento das funções de proteção, promoção, recuperação e reabilitação da saúde (10).

O planejamento é um processo técnico-político resultante de um jogo de atores em interação, conflito, cooperação e alianças.

A política por sua vez é um jogo de conflito de estratégias que requer esforço de planejamento com recursos técnicos, informações e ações ordenadas.

Logo, o ator que planeja é parte do processo social e político, sendo sujeito e objeto do planejamento.

Assim, um bom planejador precisa ser capaz de qualificar uma ação,

CAPÍTULO 2

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e ser capaz de confrontar conflitos e lutas entre os envolvidos no processo de planejamento. Tal mediação permitirá ao planejador conseguir aliados e minimizar os oponentes que sempre existirão, já que para cada ator social, a realidade em que vive é uma situação diferente (10).

3 - Níveis de planejamento.

Embora não seja algo que apenas um gestor deva praticar, a tarefa de planejar pode ser compreendida em diferentes níveis, que via de regra, variam segundo o grau de complexidade de todo o processo de tomada de decisões, conforme o que se segue:

• Planejamento normativo ou de políticas de responsabilidade do nível central do sistema: No caso do setor da saúde, é de competência do secretário municipal;

• Planejamento estratégico indicador dos meios – estratégias – pelos quais se julga que seja possível atingir as metas desejadas a médio e longo prazo: É a partir dele que a estrutura sistêmica para a ação organizacional e as medidas de efetividade – indicadores – para análise dos resultados são indicados;

• Planejamento tático/operacional: Como seu nome já diz, refere-se ao desenvolvimento de ações que possibilitam organizar a execução das estratégias em outro nível de planejamento. Indica como “colocar em prática” as ações previstas, as quais são extremamente necessárias para organizar a fase de implantação (8).

4 - Instrumentos de planejamento.

No que se refere aos instrumentos de planejamento, existem distintos modelos e métodos. Para este capítulo, citaremos apenas aqueles utilizados com mais frequência nos serviços de saúde.

Seja qual for a opção feita, o importante é ter em mente que planejar implica mobilizar recursos e vontades para que os resultados se concretizem e os objetivos sejam atingidos. No âmbito do Planeja SUS, a opção escolhida foi a da construção coletiva.

Dentre alguns métodos utilizados, destacam-se: o método de Planejamento Estratégico Situacional (PES), de Carlos Matus, que serviu como arcabouço para o planejamento de nível político e estratégico. E o Método Altadir de Planificação Popular (MAPP), também desenvolvido sob a liderança de Matus, que apresenta o planejamento de nível operacional.

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Além desses, temos o método de Estimativa Rápida Participativa (ERP) que é adotado para orientar o processo diagnóstico da situação de saúde. Para saber mais sobre esse assunto, todos esses métodos podem ser consultados em materiais disponibilizados pelo Ministério da Saúde.

De modo geral, podemos destacar as principais etapas envolvidas em um planejamento, descritas a seguir:

Princípios para se planejarO planejamento exige um cálculo situacional, ou seja, o conhecimento

da realidade histórica que coexiste com diferentes atores sociais. Por seu caráter temporal, e necessariamente político e, por consequência, quem governa é quem planeja, ou seja, decide e conduz as decisões descritas no plano de trabalho. Dessa maneira, podemos dizer que o planejamento é inseparável da gestão, sendo um processo dinâmico, à medida que seu ajustamento se dá de modo circunstancial (8).

Assim, ao planejar, devemos considerar que estamos dentro de um sistema que envolve sujeitos, recursos e poder, e são com esses elementos que dialogaremos no ato de planejar.

O planejamento envolve os seguintes momentos:• Momento Explicativo, que expressa à explicação da realidade

segundo nossa ótica, e, portanto, não é a mesma para todos os atores. É nesse momento que os problemas são identificados, selecionados e explicados segundo um referencial teórico;

• Momento Normativo, referente às operações e ações necessárias para atingir os objetivos. Nesse momento, são discutidas as opções (o que queremos?), as variantes (qual a melhor forma?), e quais estratégias (quais as condições?), são as mais adequadas para compor o processo;

• Momento Estratégico, que se refere ao levantamento de condições que viabilizem o plano. Envolve uma articulação do que “deve ser” com o “pode ser” (condições políticas, recursos financeiros, técnicos e operacionais);

• Momento Tático-Operacional, que é a própria ação em si. Englobando a capacidade de modificar as coisas, considerando a adaptação do plano às circunstâncias do momento (11).

5 - Fases de Elaboração de um projeto.

Na elaboração de um projeto, o que temos nada mais é do que um planejamento das ações pretendidas, que sobretudo, envolvem um processo de reflexão sobre os seguintes aspectos da ação: objetivos,

CAPÍTULO 2

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conteúdos, estratégias, métodos, técnicas e avaliação. Assim, cabe a todos os profissionais da saúde saber como elaborar um projeto à medida que são solicitados diariamente a participar da organização dos serviços nos quais estamos alocados (projetos e planejamento) (10).

A seguir, apresentamos as principais fases de um projeto e discutiremos cada item sem a pretensão de aprofundamento teórico sobre o tema, visto que este não é o objetivo deste capítulo.

• Conhecimento da realidadeEnvolve o conhecimento da realidade e a análise situacional. É o

momento inicial, no qual é identificada a problemática que emerge da realidade, e que constitui seu objeto global de transformação. Nessa etapa, são delimitados os campos que contêm a problemática e todas as informações, qualitativas e quantitativas, que são agrupadas para análise do problema em questão, bem como o posicionamento dos atores envolvidos.

• Determinação dos objetivosDefinir objetivos implica em delimitar, de forma compreensiva e

operativa, os problemas a enfrentar. Para tanto, é necessário definir claramente o problema, e ainda, tentando identificar todas as possíveis explicações para a ocorrência do mesmo.

Como critério de seleção dos objetivos é necessário pensar no valor dos problemas, tanto para o autor, quanto para a equipe de saúde, gestores, e a comunidade em geral.

Também devemos considerar a nossa capacidade de enfrentamento de tais problemas, relacionando-os com o interesse político em resolvê-los (relações de poder), o custo envolvido na sua aplicação, o conhecimento técnico e a capacidade organizacional.

Também se deve considerar a demanda de recursos (se são escassos ou abundantes) e o impacto da decisão de atuar ou não diretamente sobre determinado problema de saúde atual e futuro da população.

• Seleção e organização dos conteúdosOs mesmos devem ser selecionados considerando os seguintes

itens: objetivos (curto, médio e longo prazo); população alvo do projeto (membros da equipe de saúde, se usuários do serviço).

No planejamento, o estudo da clientela/demanda de atenção à saúde envolve avaliar as características pessoais e contextuais; considerar as expectativas envolvidas; determinar as necessidades, bem como as

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limitações e potencialidades desta demanda. Pois esse conhecimento prévio é quem irá garantir sucesso na organização e seleção dos conteúdos, e ajuda ainda nesta construção levantar os seguintes questionamentos, tais como:

- Se a proposta é pertinente à realidade abordada? (VALIDADE)- Se permite alterações, adaptações ou reajustes? (FLEXIBILIDADE)- Se vai a favor dos valores ou necessidades de atenção? (SIGNIFICAÇÃO)- Se respeita uma lógica metodológica ou institucional? (SEQUÊNCIA)- Se o momento de desenvolvimento é pertinente? (GRADAÇÃO)- Se permite a manutenção da proposta, independente da gestão

ou coordenação? (CONTINUIDADE).

• Seleção e organização dos procedimentosAs dimensões da ação determinada pelo profissional de saúde

envolvem: conhecimento (saber), habilidades (saber fazer) e atitudes (como fazer?). E é com tais qualidades que um bom planejador irá selecionar os procedimentos, considerando, portanto, os seus conhecimentos sobre a problemática e o público alvo. E a partir daí, adotando como ponto favorável as suas habilidades técnicas para lidar com as situações propostas. Além é claro, de buscar com suas atitudes (especialmente a habilidade em lidar com trabalho em equipe) um favorecimento de parcerias.

• Seleção dos recursosEm relação ao desenvolvimento de ações em saúde, é durante a

fase de seleção dos recursos que se estabelecem as necessidades para a realização da ação. Dessa forma, destacam-se nesse tópico, tanto os recursos materiais e físicos, quanto os recursos humanos necessários para a realização da ação.

• Seleção dos procedimentos de avaliação Tem como objetivo analisar os resultados da ação. Pois o processo de

avaliação das ações em saúde envolve um olhar crítico sobre os propósitos (ou objetivos), e sobre os referenciais teórico-metodológicos utilizados.

Destacamos que durante esse processo, devem ser considerados os seguintes tópicos de avaliação: do projeto em si, dos usuários do serviço (auto avaliação), e dos impactos/resultados esperados.

• Estruturação do planoE por fim, essa etapa finaliza com a concretização do planejamento

por meio de um documento, no qual são registradas as decisões sobre

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a ação, tais como: “o que fazer”? “para quê fazer”? “como fazer”? e “quando fazer”? (11).

Portanto, a estruturação do planejamento deve ser e estar em reelaborarão permanente. Pois, é exatamente nessa etapa, que é realizada a aplicação do projeto em ação. Considera-se ainda que a avaliação seja um processo dinâmico, e que a mesma deve sempre ser realizada de forma frequente e contínua. Sendo assim, quando a avaliação ocorre no início do projeto, é chamada de avaliação diagnóstica, e tem a finalidade de identificar problemas, pontos de inflexão, interesses, e conhecimentos prévios; Já quando a avaliação é realizada durante o processo, é chamada de avaliação formativa, e possui o intuito de fazer um acompanhamento das ações e a remodelagem daquelas que possam não estar surtindo o efeito esperado; E ainda, existe a chamada avaliação somativa, que ocorre quando os resultados são conhecidos, comparando-se o que se sabia com aquilo que foi apreendido durante o processo.

Nesse processo, todas essas informações são passíveis de avaliação, sendo a que essas respostas possibilitarão melhorias nas intervenções em saúde.

Sabe-se que para a consolidação das ações realizadas, bem como para a continuidade ou reprodução da proposta em diferentes cenários ou contextos, devem ser considerados os seguintes aspectos: a formulação final (ações a partir da vivência realizada), o cronograma de realização (o tempo gasto na vivência realizada) e a comunicação (critérios para a socialização da vivência realizada) (10).

6 - Contextualizando a Prática - Considerações para terapeutas ocupacionais, por um olhar humanizado e integral.

O processo de Saúde e reabilitação pode ser considerado como “um conjunto de estratégias orientadas para aumentar as oportunidades de trocas de recursos físicos e emocionais”. Pois é apenas no interior de uma dinâmica de trocas que se cria um “efeito habilitador”.

Poder-se-ia, porém, dizer que, essa dinâmica é uma das prerrogativas da Terapia Ocupacional e de toda equipe de saúde que compõe os programas e serviços do sistema público no cenário da prática, e que como resultado, espera-se a integralidade na atenção à saúde.

Nesse contexto, temos as seguintes categorias profissionais:

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Terapia Ocupacional, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Psicologia, Serviço Social, Enfermagem, Medicina, Odontologia, Farmácia, Nutrição, entre outras (SUS) (14).

Frente aos pressupostos teóricos que serão posteriormente discutidos, temos que a (re)habilitação de um indivíduo se dá no âmbito social e permeia por áreas específicas, porém, não dicotômicas, denominadas de física, mental e Social.

Os métodos de estudo para notificação da população deficiente (inserida nesse contexto) ainda estão sendo aprimorados, para que de fato tenhamos registros fidedignos sobre o número de pessoas e aspectos específicos das deficiências (notificação SUS deficiência) (15; 22).

A deficiência pode ser definida como a diferença humana que, por suas singularidades, requer atenção quanto às formas de comunicação e de mobilidade, de ritmos e de estilos de aprendizagem, bem como das maneiras diversas de construir o conhecimento e os relacionamentos sociais (16; 25).

Pode ser definida ainda, como um fenômeno relacional, social e historicamente construído. Essa visão apresenta-se em uma perspectiva diferente da concepção tradicional de deficiência, centrada no aspecto de falha na fisiologia ou anatomia humana, e passa a considerar o homem como um ser multivariável em sua complexidade. (deficiência) (16; 17).

Na Antigüidade, a deficiência era tida como ocasionada por maus espíritos e manifestações sagradas, em que os deficientes eram tomados como incapazes de autocuidado e de sobrevivência autônoma.

No século XIX, houve a dissociação da idéia do funcionamento do corpo como vontade dos deuses; assim, temos um corpo manipulável, treinável, objeto de intervenção e estudo; nesse contexto surge a ortopedia.

Cria-se um caráter médico científico, em que o deficiente poderia ter uma vida “normal”, caso seu corpo fosse corrigido estética e funcionalmente de acordo com expectativas sociais.

As instituições para deficientes no séc. XIX possuíam um caráter de abrigo e assistencialismo associado à normalização do corpo e do comportamento.

Com o interesse da sociedade industrial, houve a busca pela recuperação dos trabalhadores enfermos para o incremento da produção no trabalho.

Na Alemanha cria-se a primeira instituição para a reeducação de pessoas deficientes, e somente em 1889, o termo “reabilitação” passou a ser usado.

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Já no século XX, com as Guerras Mundiais, tornou-se mais econômico para o estado reabilitar e reinserir a pessoa deficiente ao trabalho, do que conceder benefícios ou tutela social.

Direcionada para indivíduos pertencentes a grupos de risco ou para contextos de risco, a deficiência passou a ser considerada com suas causas localizadas no meio ambiente, e os desafios passaram a almejar a construção de políticas públicas que – considerando as deficiências como diferenças humanas e sem reduzi-las a uma questão técnica – garantiam justiça social, igualdade de oportunidades e, ao mesmo tempo, exercício das diferenças. (histórico deficiências) (18).

A inclusão da pessoa deficiente ou em estado de vulnerabilidade social, passou a se dar no respeito às diferenças e às necessidades de cada um, e não na tentativa de igualar a todos institucionalmente. É um processo bidirecional, de construção coletiva que implica ajuste mútuo, cabendo à pessoa segregada a manifestação com relação às suas necessidades. A implementação dos ajustes e providências necessárias que possibilitem o acesso imediato e definitivo à convivência em espaço comum, deve estar entre os objetivos da equipe de saúde, e caberá à sociedade consolidar esse cenário ideal de contexto, ou alternativamente, de cenário social.

Sabe-se que na abordagem psicossocial se permite o fundamento da prática em um modelo que considere as características específicas das pessoas em suas realidades. Ademais, o fortalecimento de uma rede de referência local e o desenvolvimento de atividades que gerem maior autonomia nas ações cotidianas, inclusão social, geração de renda, e por consequência, melhor qualidade de vida, também são objetivos a serem alcançados (17; 19; 5).

Esse modelo pode buscar também a participação do paciente em atividades que o remetam a sua realidade cotidiana, sobretudo para maximizar as oportunidades de recuperação e minimizar os efeitos desabilitantes de cronificação da doença. Sendo que, este objetivo pode ser alcançado por meio do desenvolvimento de redes de atenção, matriciamento e projetos terapêuticos singulares, no qual é desenvolvida uma infinidade de potenciais individuais, familiares e comunitários.

Isso exige, certamente, uma atitude estratégica complexa e delicada de ação para uma população que necessita de atenção e gera uma demanda igualmente complexa e delicada.

Esse novo paradigma vem configurando as políticas de Saúde, principalmente na área da Saúde Mental em pessoas de países ocidentais; como é o caso da América do Sul, que exerceu forte

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influência, e que foi manifestada na Conferência Regional para Reorientação da Assistência Psiquiátrica no Continente, patrocinada pela Organização Pan Americana da Saúde (OPAS), em Caracas, novembro de 1990, e que está em consonância com os preceitos e orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS). OPAS OMS, (5; 20; 21).

Esse evento explicitou uma conclamação aos governos e demais atores do campo da Saúde, difundindo a promoção de mudanças na assistência, e condenando o papel do modelo tradicional de tratamento, com seus equipamentos e legislações.

As recomendações da OPAS refletem sobre o Brasil, levando a um novo ordenamento jurídico do setor da saúde, desde 1990, com a promulgação da “Lei Orgânica de Saúde”, pautando-se na integralidade, com a condenação da segregação e o isolamento como procedimento. Pois fere os direitos à convivência e ao livre arbítrio, questões tão importantes no estabelecimento do papel social, quanto na composição dos projetos de vida.

A OMS cita ainda a importância de um trabalho baseado em premissas, e não mais em modelos, sendo essa uma indicação facilitadora que pode direcionar à integralidade das práticas profissionais.

Nessa orientação, o profissional passa a ter um olhar integral à saúde (situação do indivíduo e seus problemas, perdas, rupturas, etc.), e não somente sobre o diagnóstico.

Temos ainda que a partir da década de 90, as políticas de atenção à Saúde passaram a ser definidas por responsabilidade territorial/regional e pela oferta diversificada de programas, uma vez que os problemas passaram a ser considerados complexos e diversos, assim, o paciente passou a ser abordado, de fato, em sua realidade.

Como componentes da integralidade, temos a “intersetorialidade” e a “diversificação”. Caso nos propusermos a lidar com problemas complexos, há que se diversificarem as ofertas e as possibilidades de atenção, de maneira integrada; e mais ainda, buscar em outros setores (p. ex.: Educação) aquilo que a saúde não oferece, pois nem sempre lhe é inerente, ou simplesmente está disponível. (22; 23)

7 - Considerações Finais.

Em suma, todos esses aspectos podem ser retroalimentados a partir de uma avaliação “bem desenhada” (planejada). Ademais, não ter medo de avaliar e de ser avaliado é um bom princípio para o bom

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planejamento de ações que impliquem melhorias na atuação em saúde.Ademais, planejamento, execução e avaliação são recursos da busca

de um desejo. Para tanto, é preciso saber qual é o desejo e entregar-se a ele, ao mesmo tempo em que processamos nosso autocrescimento” (12).

Referências Bibliográficas.

1 - ALMEIDA, M.C.; OLIVER, F.C. Abordagens comunitárias e territoriais em reabilitação de pessoas com deficiências: fundamentos para a Terapia Ocupacional IN: DE CARLO, M.M.

2 - SANTOS, L.: Blog Direito Sanitário: Saúde e Cidadania: O Modelo de Atenção à Saúde se Fundamenta em Três Pilares: Rede, Regionalização e Hierarquização .

3 - MINISTÉRIO DA SAÚDE. Norma Operacional Básica do Sistema Único de Saúde/NOB – SUS. Brasília, 1997.

4 - OLIVER, F.A.; GHIRARDI. M.I.G.; ALMEIDA, M.C.; TISSI, M.C.; AOKI. M. Reabilitação no território: construindo a participação na vida social. Rev. Te/: OCI/p. Ullil’. São PaI/Ia, v.12, n.1/3, p.15-22, jan./dez., 2001.

5 - OMS/OPAS. CIF: Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde. São Paulo: Editora Edusp, 2003, 326 p.

6 - ALMEIDA, M. C. Saúde e Reabilitação de Pessoas com Deficiências: Modelos assistenciais. Tese de Doutorado. Campinas: Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP, 2000.

7 - HARZHEIM E. Coordenador: Inovando o papel da Atenção Primária nas Redes de Atenção à Saúde: Resultados do Laboratório de Inovação em quatro capitais brasileiras. Série técnica para os gestores do SUS sobre redes integradas de atenção à saúde baseadas na APS, n. 3. Brasília DF. 2011.

8 - TANCREDI, F.B. Planejamento em Saúde, volume 2 Francisco Bernadini Tancredi, Susana Rosa Lopez Barrios, José Henrique Germann Ferreira. – São Paulo: Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, 1998. – (Série Saúde & Cidadania).

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9 - BRONFMANN, M.; GLEIZER, M. Participacion Comunitaria: Necessidad, Excusa o Estrategia? O de que hablamos cuando hablamos de participación comunitaria. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 10, n. 1, p. 111 a 122, jan/mar, 1994. Sites e textos.

10 - MERHY, E.E.; MALTA, D.C.; SANTOS, F.P.: Desafios para gestores do SUS, hoje: compreender os modelos de assistência à saúde no âmbito da reforma sanitária e a potência transformadora da gestão.

11 - Coordenação Geral de apoio à gestão descentralizada. Diretrizes operacionais dos pactos pela vida: em defesa do SUS e de Gestão. / (Série Normas e Manuais Técnicos, Vol 1) Brasília, 2006.

12 - LUCKESI, C.C. O que é mesmo o ato de avaliar a aprendizagem, 2000.

13 - ALMEIDA, M.C.; TISSI, M.C.; OLlVER, E.C. Deficiências e atenção primária em saúde do conhecimento à invenção. Rev. Ter. Ocupo Univ. São Paulo, v.ll, n.l, p.33-42, jan/abr., 2000.

14 - GALHEIGO, S.M. A Transdisciplinaridade enquanto princípio

e realidade das ações de saúde. Rev. Tel: Ocupo Univ. São Paulo, v.l0, n.2/3, p.49-54, mai./dez., 1999.

15 - ROCHA, E.E.; PAULA, A.R.; KRETZER, M.R. O estudo de prevalência de deficiências e incapacidades como instrumento de planejamento das atividades de atenção à saúde e reabilitação no Programa da Saúde da Família. Rev. Ter. Ocupo Univ. São Paulo, v.15, n.l, p. l-l0, jan./abr., 2004.

16 - BERGER, P.L.E.; LUCKMANN, T. A Construção Social da Realidade: tratado de sociologia do conhecimento. 17ª. ed. Petrópolis: Vozes, 1999.

17 - OLIVER, F.C. AOKI; TISSI, M.C.; VARGEM, E.F.; FERREIRA, T.G. A construção de processos participativos em reabilitação: da convivência ao exercício de direitos. Rev. Interface. V. 08, n. 15, p. 275-288, 2004.

18 - TEIXEIRA, E.; SAURON, F.N.; SANTOS, L.S.B.; OLIVEIRA, M.C.

Terapia ocupacional em reabilitação física. São Paulo: Roca, 2003.

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19 - ROCHA, E.E.; SHIMIZU, P.N.; BARRALES, L.M. Estágio de terapia ocupacional no programa da saúde da família: reflexões sobre uma parceria didático-assistencial entre o REATA/USP e o PSF/QUALIS-SP. Rev. Ter Ocup Univ. São Paulo, v. 13, n. 3, p.104-10, set./dez. 2002.

20 - MINISTÉRIO DA SAÚDE. Programação Pactuada e Integrada. Brasília, 1997.

21 - MINISTÉRIO DA SAÚDE. Programa de Atenção Básica – PAB. Brasília 2000.

22/ - SILVA, J.M.; CALDEIRA, A.P.: Modelo assistencial e indicadores de qualidade da assistência: percepção dos profissionais da atenção primária à saúde.

23 - MEDEIROS, M.H.R. Terapia Ocupacional - Um enfoque epistemológico e social. – São Carlos. Ed. UFSCAR, 2003.

24 - Ministério da Saúde, Secretaria-Executiva, Subsecretaria de Planejamento e Orçamento. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. 46 p. (Série B. Textos Básico de Saúde) (Série Cadernos de Planejamento; v. 2)

25 - ROCHA, E.F.; PAIVA, L.F.A.; OLIVEIRA, R.H. Terapia ocupacional na atenção primária à saúde: atribuições, ações e tecnologias. Cad. Ter. Ocup. UFSCar, São Carlos, v. 20, n. 3, p. 351-361, 2012.

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CAPÍTULO 3A TERAPIA OCUPACIONAL NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE EM DISPUTA.

Bruno Souza Bechara Maxta

Alessandro Rodrigo Pedroso Tomasi

1 - Apresentação.

A terapia ocupacional integra e constitui o Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro. O desenvolvimento histórico da profissão no país, versadas pelas mais diferentes práticas políticas e técnicas, fomentam as áreas do conhecimento do nosso núcleo de saberes, campos e instrumentos de intervenção e, ainda, fundamentam e justificam a inserção do terapeuta ocupacional nesta importante política social no país. Este pontual ensaio, objetiva apresentar o SUS e a presença da terapia ocupacional neste sistema, de forma a estimularmos debates locais e compartilharmos a defesa do caráter público da saúde com acesso ao trabalho dos terapeutas ocupacionais no país.

Neste exercício, serão organizados e apresentados conceitos acadêmicos, informações provenientes de documentos governamentais do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde do Brasil (CNES/DATASUS) (1) e categorias para análises sobre a conjuntura do SUS e da terapia ocupacional em seus cenários assistenciais. Este trabalho é parte integrante do projeto de pesquisa intitulado “Terapeutas Ocupacionais no Sistema Único de Saúde em Minas Gerais”.

2 - Sobre o Sistema Único de Saúde.

A Constituição federal de 1988 reconheceu a saúde como parte integrante da estrutura da seguridade social do país, definindo-a como direito universal e condição de cidadania. O SUS é definido como a política que implementa este direito. O caráter e a finalidade do conjunto das ações e dos serviços de saúde oferecidos pelo SUS são,

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portanto, públicos e assistenciais plenos (2).São princípios do SUS: a promoção do acesso aos seus serviços a todas

e todos os brasileiros; a oferta do que for necessário para responder às necessidades de saúde da população; o redirecionamento de recursos às situações de risco e; a participação da comunidade no seu provimento (3).

As ações e os serviços do SUS são, atualmente, organizados por meio de Regiões de Saúde (RS) constituídas nos estados em articulação com os seus municípios. As RS são definidas a partir de critérios específicos e pactuadas entre os entes federativos e as comissões intergestoras do SUS que organizam os municípios limítrofes, em consideração às suas identidades epidemiológicas, culturais, econômicas e sociais, bem como estruturas de comunicação e infraestrutura de transportes, com a finalidade de integrar o planejamento e a execução de ações e serviços de saúde pela conjugação interfederativa de recursos e ação solidária e cooperativa entre os entes federados, mediante deliberações normativas e contratos organizativos de ação pública da saúde integrados nos planos de saúde dos municípios e dos estados nas RS (4).

O Planejamento em Saúde (PS), entre outros instrumentos de gestão, é importante para que os municípios ofereçam e melhor coordenem os serviços em suas respectivas RS. O PS deve ser construído de forma participativa e colaborativa entre usuários, gestores e trabalhadores do SUS. As diretrizes, programas, ações e metas de todos os PS devem ser alinhados às necessidades de saúde da população, às políticas nacionais e loco - regionais de saúde e as manifestações do Controle Social do SUS. Os recursos financeiros necessários ao PS devem ser garantidos pelos entes federativos. A complementaridade do setor privado é secundária nos PS (4).

As RS representam, portanto, um espaço privilegiado para a definição e gestão compartilhada da Rede de Atenção à Saúde (RAS). As RAS são estratégicas para integrar a atenção e a gestão nas RS, bem como para qualificar o funcionamento político-institucional do SUS, visando assegurar ao usuário o conjunto de ações e serviços que necessita com efetividade e eficiência. As RAS compõem arranjos de ações e serviços de saúde, de diferentes densidades tecnológicas, integrados a partir da Atenção Primária em Saúde (APS), por meio de sistemas de apoio técnico, logístico e de gestão voltados para o cuidado integral na RS. É esperado que todas as RS do país tenham condições de organizar e oferecer RAS públicas próprias da atenção primária; da urgência e emergência; da atenção psicossocial; de atenção ambulatorial especializada e hospitalar e; vigilância em saúde, bem como complementar ou ser complementada

CAPÍTULO 3

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por demais regiões limítrofes de saúde. Neste arranjo organizacional, os municípios se destacam como o ente federativo central na promoção e no desenvolvimento co-responsável do SUS. Entende-se, portanto, que todo o município brasileiro integra ou deveria ser integrado a uma determinada RS que, em conjunto com outras, apresenta e oferece ações e serviços públicos e privados complementares de saúde, em RAS, à população (5).

O SUS foi organizado, no ano de 2017, em 438 RS em todo o território nacional. As maiores quantidades de municípios foram apresentados nas regiões nordeste, sudeste e sul, respectivamente. A região sudeste apresentou maior concentração populacional, seguida da região nordeste e região sul, respectivamente. Sobre o quantitativo de RS nas regiões geográficas, a região norte apresentou a menor média de municípios por RS (10). As RS que apresentam menor quantidade de municípios podem permitir a configuração de PS de maior concentração local e participação popular na busca por recursos e facilidades no acesso da população às ações e os serviços do SUS (6).

Quadro 1. Municípios, população e regiões de saúde por região em 2016

Região Norte 450 17.740.418,00 45 10 394.231,51

Região Nordeste 1794 56.915.936,00 133 13,4887218 427.939,37

Região Sudeste 1668 86.356.952,00 153 10,90196078 564.424,52

Região Sul 1191 29.439.773,00 68 17,51470588 432.937,84

Região Centro-Oeste

467 15.660.988,00 39 11,97435897 401.563,79

Total 5570 206.114.067,00 438 12,71689498 470.580,06

Fonte: os autores

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Neste cenário, as informações do CNES/DATASUS apresentam que são predominantes os serviços assistenciais da APS (n=208685), seguidos da Atenção Ambulatorial Especializada (n=59913) acompanhada da Atenção Hospitalar (n=56216), dos serviços de Urgência e Emergência (n=15895) e de Vigilância em Saúde (n=3833) no SUS. A região nordeste se destaca pelo maior número de unidades de serviços da APS entre as demais regiões. Os serviços de atenção ambulatorial especializada, de atenção hospitalar e de vigilância da saúde estão concentrados nas regiões nordeste e sudeste. A região norte apresenta destaque na proporção de serviços de vigilância em saúde; e a região sul pelo maior número de secretarias de saúde entre as demais regiões geográficas. A cobertura de equipes nos serviços de Atenção Primária à Saúde ainda são incipientes com destaques para as melhores coberturas das regiões nordeste e sul (7).

Gráfico 1. Proporção de estabelecimentos de saúde do SUS por região e eixo assistencial em 2017

Fonte: os autores

CAPÍTULO 3

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Gráfico 2. Cobertura de equipes de atenção primária por região em 2015 Fonte: os autores

O desenvolvimento, a expansão ou as conquistas do SUS não foram ou tendem a ser permanentes. Nos últimos anos, avanços puderam ser observados nos indicadores assistenciais básicos e de estruturas e ofertas do SUS. No entanto, a ampliação destas nos mais diferentes serviços, programas, projetos e políticas assistenciais de gestão e de ciência e tecnologia no país, ainda estão longe de alcançarem as expectativas e necessidades da população. A universalidade e, por consequência, a integralidade e a equidade com o controle social efetivo na saúde são princípios a serem alcançados.

Apresentam-se como desafios no trabalho em saúde: a valorização e a institucionalidade de modelos assistenciais que superem as limitações do raciocínio biomédico na saúde; a viabilidade de programas e ações que valorizem a gestão do trabalho sob a crítica da sua intensificação, precarização, às frágeis regulamentações e desproteções dos planos de cargos e carreiras, ou mesmo dos recentes contratos profissionais à luz da (contra) reforma trabalhista vigente no país; a implementação de programas de educação permanente com finalidade real ao desenvolvimento técnico-científico de acadêmicos com os trabalhadores para a necessária e concreta transformação dos processos formativos e das práticas pedagógicas em saúde no SUS; e a superação dos limites institucionais e burocráticos da participação, deliberação, decisão e implementação, avaliação e fiscalização das políticas de saúde pelo controle social no SUS.

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Em linhas gerais, a ampliação e a qualificação das estruturas físicas, operacionais e, principalmente, assistenciais do SUS são desafios permanentes que requerem dos trabalhadores e dos usuários da saúde, acima de tudo, a análise da conjuntura política, econômica e social do país e da sua localidade, voltado para a luta por maior participação e decisão popular sobre as riquezas e recursos destinados à saúde pública.

O SUS ainda é um sistema que apresenta desigualdades estruturais significativas entre os municípios, muito pela interferência política na decisão no planejamento e na gestão da saúde nos entes federativos. O arranjo organizacional das RS, apesar dos altos investimentos e propósitos da integração e da ação solidária e cooperativa entre os municípios, pode potencializar essas relações uma vez que não alteram os modelos de gestão e financiamento em saúde adotados entre os entes federativos. Os recursos próprios da saúde dos municípios não são equivalentes e nem mesmo são redistribuídos para sanar as desigualdades estruturais dos demais municípios da RS. Estes são disponibilizados às RS por meio da oferta de serviços regionais ou utilizados como margem de segurança financeira no pleito para a captação de novos recursos das esferas estaduais ou federais. As comissões intergestoras do SUS representam as arenas onde os interesses políticos e econômicos, muitas vezes não públicos, disputam forças, recursos e influenciam na delimitação dos planos de saúde das suas respectivas RS que, por consequência, pressionam a adequação dos planos municipais às suas diretrizes.

O SUS é uma política social em disputa que vem sendo (contra) reformada, pouco a pouco, à luz da doutrina neoliberal de condução do Estado, sob a justificativa pretensiosa da frágil gestão e de subfinanciamento público em tempos de ‘crise’ fiscal a partir do princípio, legal, da complementaridade do setor privado no SUS. A vigência do novo regime fiscal nacional (8), as mudanças na Legislação Trabalhista (9), e o conjunto de ‘novas’ normativas atualizadas ou já anunciadas pelo Ministério da Saúde, como por exemplo, a Portaria nº 2.436/2017 (10) que reescreveu a Política Nacional de Atenção Básica; a Portaria nº 3.992/2017 (11) que implementou o ‘novo’ modelo de financiamento e transferência dos recursos federais da Saúde; a ‘nova’ política de saúde mental a ser publicada, entre outros retrocessos, reapresenta velhas diretrizes que obrigam os entes federativos a estancarem seus recursos e investimentos públicos para que se justifique a maximização da complementaridade do setor privado no provimento do SUS em nome dos seus princípios doutrinários e organizacionais.

CAPÍTULO 3

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100 Terapia Ocupacional • Volume 1

É decisão política a adoção dos modelos de gestão pública da saúde. A defesa permanente do direito à saúde e o envolvimento direto dos seus trabalhadores e da sociedade representada no controle e na condução pública das decisões, do planejamento e da gestão da saúde é um exercício possível e necessário aos terapeutas ocupacionais organizados. Pois, saúde não se vende, muito menos se entrega.

3 - A Terapia Ocupacional no Sistema Único de Saúde (SUS).

A terapia ocupacional é parte integrante do resultado histórico do desenvolvimento do conhecimento tecnológico e científico da ocupação para a promoção sócio-cultural e de saúde da pessoa e de suas coletividades. Suas bases epistemológicas remontam das observações e dos estudos contemporâneos sobre o efeito das atividades humanas nas práticas de saúde, tendo como referências registros históricos e acúmulos técnico-científicos dos tratamentos e programas apresentados como terapêuticos, que aplicavam distintas atividades para os mais variados sinais, sintomas e objetivos, a partir do século XVIII (12).

Ao longo dos cem anos de reconhecimento da profissão no mundo, a terapia ocupacional assumiu e desenvolveu um conjunto de conceitos teóricos e práticos centrais que compuseram os temas fundamentais de seus interesses e modelos de intervenções. No campo da saúde é propósito relevante da terapia ocupacional possibilitar a

participação das pessoas em suas ocupações pelo desenvolvimento e aplicação de um conjunto de conhecimentos e instrumentos de intervenção, mediados por análises técnicas, orientações, pelo acesso e uso de dispositivos tecnológicos e/ou pelas adequações ambientais e de atividades, de forma a efetivá-la (13).

A terapia ocupacional é uma profissão integrada nos sistemas de saúde dos países nos quais ela é reconhecida. No Brasil, o processo de institucionalização da profissão, iniciado na década de 1940, foi marcado por tensionamentos internos e críticas sobre a influência internacional corporativa às políticas de saúde previdenciárias em expansão e, por consequência, aos modelos de formação profissional favoráveis aos seus princípios. A organização das estruturas de regulamentação, associativas, sindicais e de educação profissional contribuiu para o reconhecimento e legitimidade de práticas, para a expansão, ainda que desproporcional, da categoria profissional e para a composição e reconhecimento da profissão nas políticas assistenciais vigentes, em particular, no SUS (14; 15).

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A terapia ocupacional vem ganhando espaço nacional nos serviços e cenários do SUS. Os dados do CNES/DATASUS (9; 10; 11) indicam o crescimento de 80,2% no número de profissionais que atendem no SUS nos últimos 10 anos. Este resultado pode ser justificado pelos esforços permanentes das terapeutas e dos terapeutas ocupacionais, atuantes no contexto assistencial e na gestão em saúde, em prol da implementação do conjunto de legislações publicadas neste período, que ora mencionam ou incluem o profissional nos diferentes serviços/equipamentos/níveis de atenção do SUS. Do mesmo modo, das acadêmicas e dos acadêmicos terapeutas ocupacionais que acompanharam o desenvolvimento do SUS e reorientaram os currículos formativos e os projetos de pesquisa e extensão, com as/os profissionais das RAS, em prol da formação e das soluções aos desafios da profissão no sistema. Neste período, foi importante a influência dos representantes da categoria profissional na luta diária por reconhecimento, valorização, inserção e qualificação profissional nas arenas institucionais do executivo e legislativo federal e loco - regionais do país.

Quadro 2. Alguns serviços e normativas do SUS que sugerem a inserção da terapia ocupacional nas equipes profissionais por cenários assistenciais.

Atenção Primáriaà Saúde

Núcleo de Apoio à Saúde da Família

Portaria 2.436, de 21 de setembro de 2017

Consultório na Rua Portaria 122, de 25 de janeiro de 2011

Atençãopsicossocial

Centro de Atenção Psicossocial

Portaria 336, de 19 de fevereiro de 2002

Unidades de Acolhimento

Portaria 121, de 25 de janeiro de 2012

Serviços Residenciais Terapêuticos

Portaria 3090, de 23 de dezembro de 2011

AtençãoAmbulatorial

Centros especializados em reabilitação Portaria 835, de abril de 2012

Oficinas ortopédicas Portaria 835, de abril de 2012

Centro de Referência em Saúde do Trabalhador

Portaria 1206, de 24 de outubro de 2013

CAPÍTULO 3

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102 Terapia Ocupacional • Volume 1

HospitalarEspecializada

Unidades de Terapia Intensiva

Resolução ANVISA 7, de 24 de fevereiro de 2010

Hospital Dia Portaria 44, de 10 de janeiro de 2001

Urgências eEmergências Atenção Domiciliar Portaria 963, de 27 de maio de

2013

Fonte: os autores.

Gráfico 3. Frequência absoluta de terapeutas ocupacionais que atendem e não atendem no SUS entre 2007 e 2017

Fonte: os autores.

No território nacional, os terapeutas ocupacionais concentram-se inseridos com tendência de crescimento na região sudeste. As regiões nordeste e sul, respectivamente, apresentam o segundo e terceiro maiores crescimentos em números absolutos de profissionais, embora proporcionalmente o destaque seja das regiões centro-oeste, com aumento de 133% e sul, com aumento de 81% no número de profissionais que atuam no SUS.

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Gráfico 4. Frequência absoluta de terapeutas ocupacionais que atendem no SUS por regiões entre 2007 e 2017

Fonte: os autores

Os terapeutas ocupacionais foram inseridos gradativamente em todos os cenários assistenciais do SUS. Proporcionalmente, destacam-se a vigilância em saúde, com aumento de 250% no número de profissionais em 10 anos; a urgência e emergência, com aumento de 180% e a atenção primária à saúde com aumento de aproximadamente 150% no número de profissionais. A atenção psicossocial se apresentou como espaço privilegiado de atuação do terapeuta ocupacional nas equipes dos Centros de Atenção Psicossocial, embora identificados e não limitados a este equipamento de saúde pelo CNES/DATASUS a partir de 2009. A atenção especializada foi apresentada como cenário permanente e predominante do trabalho da terapia ocupacional no SUS.

CAPÍTULO 3

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104 Terapia Ocupacional • Volume 1

Gráfico 5. Número de terapeutas ocupacionais que atendem no SUS por cenários assistenciais entre 2007 e 2017

Fonte: os autores

A inserção e a tendência de crescimento da terapia ocupacional em todas as regiões de saúde e cenários assistenciais do SUS sugerem o desafio da qualificação técnico-científica e do exercício político no cotidiano da assistência, da gestão e da representação profissional nas RS do SUS.

No âmbito das RAS é sugestivo, no contexto assistencial do SUS, a identificação, o mapeamento e o fortalecimento de vínculos profissionais entre as/os terapeutas ocupacionais para tessitura de fluxos assistenciais e desenvolvimento de linhas de cuidado loco - regionais em terapia ocupacional, amparados por projetos de educação permanente em conjunto com as instituições formadoras de ensino. A participação de terapeutas ocupacionais nas arenas de gestão e de controle social do SUS são importantes para que sejam apoiados e orientados a inserção de novos profissionais e o reconhecimento de procedimentos e recursos assistenciais próprios nas políticas, respectivamente, que tratam do desenvolvimento da força de trabalho e de tecnologias nos PS regionais. O crescimento do número de profissionais aponta ser imprescindível o exercício político das/dos terapeutas ocupacionais organizados pela ampliação dos direitos sociais de saúde com a universalização da terapia ocupacional no SUS. Neste movimento, é luta necessária o impedimento do sucateamento dos serviços do SUS pela ampliação de recursos e das equipes assistenciais

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pela inclusão e/ou ampliação do número de terapeutas ocupacionais. Para isso, a organização profissional nos espaços de controle social no SUS, nos sindicatos profissionais, nas associações de categoria e no conselho profissional, possibilitará enfrentamentos mais qualificados para o reconhecimento e disponibilidade de vagas profissionais nos quadros de cargos e carreiras municipais junto às instâncias legislativas municipais. Sem este reconhecimento, ou a viabilidade de um número seguro de cargos públicos aos serviços de saúde existentes ou em planos de viabilidade, não será possível a expansão do serviço público da terapia ocupacional, logo do seu desenvolvimento regional nas RAS.

A atual conjuntura estrutural do SUS, reflexo do cenário histórico político-econômico nacional, aponta para possíveis retrocessos em suas diretrizes e normativas operacionais. O reconhecimento público e a tendência da inserção profissional da terapia ocupacional nos serviços da administração direta do SUS merece acompanhamento cuidadoso. O sufocamento financeiro e a abertura do SUS para o mercado da saúde coloca em risco a permanência e, em último grau, o reconhecimento da terapia ocupacional como serviço público a ser mantido nas RAS. É preocupante o avanço da participação de terapeutas ocupacionais nos serviços ambulatoriais e hospitalares do SUS por via das Organizações Sociais e, recentemente, a orientação governamental de promover mudanças nas duas mais influentes políticas de fomento recente da terapia ocupacional no SUS: o conjunto das atuais políticas nacionais de saúde mental vem sendo revisitados e retomados pelo modelo assistencial biomédico, com o envolvimento da iniciativa privada na assistência à saúde; e uma ‘nova’ APS seletiva e precarizada foi então aprovada. Nesta, os municípios são orientados a ofertarem pacotes de serviços essenciais e ampliados; estes, certamente mais indicados aos terapeutas ocupacionais dos Núcleos Ampliados de Saúde da Família e Atenção Básica e atrativos à parceria público-privada. A inserção da terapia ocupacional no SUS aponta para a sua complementaridade privada. Assim, novos estudos vêm sendo preparados para melhor compreendermos esta conjuntura.

Para o momento, uma ampla agenda de trabalho em prol do reconhecimento, da inserção, do desenvolvimento, da publicidade e da qualidade do trabalho da terapia ocupacional no, e para o SUS, merece ser pactuada e colocada em prática entre os terapeutas ocupacionais organizados, as associações profissionais e de ensino, os sindicatos da categoria, o conselho profissional, o controle social saúde da saúde entre outros segmentos da sociedade representada.

CAPÍTULO 3

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106 Terapia Ocupacional • Volume 1

4 - Considerações finais.

O SUS é a política social pública para garantia do direito à saúde no país. Seus princípios doutrinários e organizacionais estão ameaçados pelo conjunto de (contra) reformas governamentais neoliberais que maximizam a complementaridade e a participação dos interesses privados na gestão e nas suas ofertas assistenciais. A terapia ocupacional se constituiu como parte integrante do SUS pelo desenvolvimento de seus diferentes cenários assistenciais. Na atual conjuntura política do campo da saúde no país, a tendência de crescimento profissional no SUS sugere acompanhamento continuado em uma agenda política intersetorial combinada com ações permanentes em defesa da saúde pública com o trabalho universal da terapia ocupacional no SUS.

Referências Bibliográficas.

1 - http://cnes.datasus.gov.br/ (acesso em 11/02/2018)

2 - BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 18.ed. Brasília, DF: Senado, 1988.

3 - BRASIL. Lei 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8080.htm. Acesso em: 16 jan. 2018.

4 - BRASIL. Decreto 7.508, de 28 de junho de 2011. Regulamenta a Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, para dispor sobre a organização do Sistema Único de Saúde - SUS, o planejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação interfederativa, e dá outras providências. 2011. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/decreto/d7508.htm. Acesso em: 16 jan. 2018.

5 - BRASIL. Portaria 4.279, de 30 de dezembro de 2010. Estabelecem diretrizes para a organização da Rede de Atenção à Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). 2010. Disponível em:

http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2010/

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prt4279_30_12_2010.html. Acesso em: 16 jan. 2018.

6 - BRASIL. Ministério da Saúde. Sala de Apoio à Gestão Estratégica. Gestão/Financiamento. Regionalização. 2018a. Disponível em: http://sage.saude.gov.br/.Acesso em: 16 jan. 2018.

7 - BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde. Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde. 2018b. Disponível em: http://datasus.saude.gov.br/informacoes-de-saude/tabnet/rede-assistencial.Acesso em: 16 jan. 2018.

8 - BRASIL. Emenda Constitucional 95, de 15 de dezembro de 2016. Altera o Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, para instituir o Novo Regime Fiscal, e dá outras providências. 2016. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc95.htm. Acesso em: 16 jan. 2018.

9 - BRASIL. Lei 13.467, de 13 de julho de 2017. Altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, e as Leis nos 6.019, de 3 de janeiro de 1974, 8.036, de 11 de maio de 1990, e 8.212, de 24 de julho de 1991, a fim de adequar a legislação às novas relações de trabalho. 2017a. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/L13467.htm. Acesso em: 16 jan. 2018.

10 - BRASIL. Portaria 2.436, de 21 de setembro de 2017. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes para a organização da Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). 2017b. Disponível em: http://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.jsp?jornal=1&pagina=68&data=22/09/2017. Acesso em: 16 jan. 2018.

11 - BRASIL. Portaria 3.992, de 28 de dezembro de 2017. Altera a Portaria de Consolidação no 6/GM/MS, de 28 de setembro de 2017, para dispor sobre o financiamento e a transferência dos recursos federais para as ações e os serviços públicos de saúde do Sistema Único de Saúde. 2017c. Disponível em: https://docs.google.com/viewerng/viewer?url=http://www.cosemsmg.org.br/site/Arquivos/PDF/U_PT-MS-GM-3992_281217.pdf. Acesso em: 16 jan. 2018.

CAPÍTULO 3

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12 - GORDON, D.M. Historia de la terapia ocupacional. In: CREPEAU, E.B.; COHN, E.S.; SCHELL, B.A.B. Willard&Spackman Terapia Ocupacional. Panamericana: Buenos Aires. 11ed. 2011. p.201-215.

13 - KIELHOFNER, G. El Paradigma Contemporâneo: um retorno a la ocupación como el centro de la profesión. In: KIELHOFNER, G. Fundamentos Conceptuales de la terapia ocupacional. Buenos Aires: Médica Panamericana, 2006. 64-71p.

14 - DE CARLO, M.R.P.; BARTALOTTI, C.C. Caminhos da Terapia Ocupacional. In: DE CARLO, M.R.P.; BARTALOTTI, C.C. Terapia ocupacional no Brasil: fundamentos e perspectivas. São Paulo: Plexus Editora. p.19-40. 2001.

15 - SOARES, L.T. Terapia Ocupacional: Lógica do Capital ou do Trabalho? São Paulo: Hucitec, 1991.

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CAPÍTULO 4Tomada de Decisões na Gestão Pública Baseada em Evidências Científicas, e a Terapia Ocupacional nesse Contexto.

Susilene Maria Tonelli NardiLucia Helena Soares Camargo Marciano

“O que sabemos é uma gota; o que ignoramos é um oceano.”

Isaac Newton

As práticas clínicas baseadas em evidências são definidas como o uso criterioso das descobertas científicas e que incidirão na conduta clínica dos indivíduos a serem tratados. A proposta é que o profissional selecione e reconheça publicações com o melhor rigor científico (estudos metodologicamente bem conduzidos e conclusões validadas), e aplique as descobertas na sua pratica diária, diminuindo assim, as incertezas clínicas.

As decisões na gestão pública, embora necessitem de praticidade e agilidade, devem assegurar boas práticas de intervenção/ação para a sociedade e ou para os indivíduos que estão envolvidos no contexto e, desta forma deveriam estar baseadas em evidencias científicas. Idealmente o uso rotineiro de evidencias científicas na prática diária dos profissionais de saúde pública, envolvendo todos os trabalhadores, técnicos e gerentes, serve para aprimorar continuamente os processos da organização e se traduz em um conceito de “defeito zero” e qualidade máxima (1). A prática clínica baseada em evidências transforma a hipótese em uma decisão baseada nos resultados dos estudos científicos.

O acesso à pesquisa é o único caminho para promover o uso de evidências científicas.(2)

Há de deixar claro que, por meio das evidencias científicas é viável conseguir aportes para alicerçar propostas de aprimoramento, implantação e de avaliação de resultados com enfoque de melhorar a assistência. Deste modo, o gestor e ou profissional de saúde implanta ou implementa o resultado da pesquisa de acordo com a necessidade do serviço após avaliar com cautela se a implantação é factível, válida

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e possível em termos de recursos humanos e financeiros e que garanta uniformidade e alto desempenho nos processos.

A realidade muda muito e rapidamente e nem sempre a ciência, nos moldes que está desenhada hoje, consegue alcançar esse ritmo. As evidencias de um estudo científico demoram em média 5 anos para ser absorvido pelos profissionais e em torno de oito anos para ser implantado em um serviço.

Para que a mudança na gestão ocorra é preciso que sejam identificadas as forças desestabilizadoras, levando os responsáveis pela gestão a compreender que há necessidade de mudança organizacional. Diante deste fato, o gestor por sua vez, solicita tarefas individuais, baseado nos processos organizacionais, dá uma direção estratégica vinculada a cultura daquela instituição e a partir de então o resultado é uma organização alterada que necessita da implantação das ações (3). Por outro lado, diante de resistência a mudanças, por parte dos gestores, as mesmas informações baseadas em evidências científicas podem derrubar barreiras e facilitar a aceitação de implantação de novas propostas.

Na saúde pública, em relação à tomada de decisões, a utilização sistemática de informações resultantes de trabalhos científicos ainda é muito incipiente (2).

Segundo Brasil (2015) a pouca utilização das evidências científicas se deve a diferentes fatores, entre eles dificuldades dos gestores para interpretar, adaptar, aplicar o conhecimento científico e diálogo insuficiente entre política e pesquisa (4).

Se realocarmos esta experiência da mudança para a prática diária do Terapeuta Ocupacional, idealmente deveríamos propor a implantação de procedimentos e ações baseadas em evidencias científicas aliada aos processos organizacionais do serviço de saúde a qual o profissional está vinculado e implantar as mudanças necessárias visando a qualidade na assistência à população.

Mas esta não parece ser tarefa fácil no atual cenário sócio político. Se refletirmos com mais profundidade no assunto observaremos que a medicina, mesmo sendo milenar, está na etapa inicial do uso de evidências científicas no campo da saúde pública e ganhou forças no início dos anos 90 (5). A Terapia Ocupacional, por sua vez, tem 100 anos de existência no mundo e pouco mais de 40 anos no Brasil. Em torno de 2% dos T.Os possui doutorado e, em sua maioria foram ou estão inscritos em programas de pós-graduação de áreas afins, mesmo porque o País possui apenas 02 cursos de Pós graduação strictu sensu em Terapia

CAPÍTULO 4

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112 Terapia Ocupacional • Volume 1

Ocupacional. A ciência internacional somada com a nacional na área poderia ser a base para a implantação de serviços e protocolos baseados em evidências científicas na Terapia Ocupacional.

No entanto, ao inserir o termo “occupational therapy” em uma das maiores bases de dados científicos do mundo, a Pubmed, encontramos 24.226 estudos que tem alguma conexão com o unitermo. E ao afunilarmos a busca para “occupational therapy” and “public health” encontramos 940 estudos. Estes parcos dados, sem uma análise aprofundada do conteúdo destes artigos, nos levam a crer que muito há de se fazer em prol da ciência na Terapia Ocupacional e mais ainda frente às conquistas de evidências científicas na área voltadas para a saúde pública.

Pesquisadores e responsáveis pelas políticas públicas têm funções diferentes, obviamente, mas a intersecção e aproximação desses dois fundamentais atores poderiam favorecer substancialmente a qualidade no atendimento à saúde. Práticas como as já realizadas em alguns municípios do Brasil e que devem ser aqui estimuladas, versam sobre a relação ensino-serviço, onde pesquisadores das Universidades locais estimulam graduandos e outros docentes a produzir ciência que colaborem e influenciem decisões na gestão pública. Na prática isso se dá de maneira muito simples. Todos os estudos que se propõem a investigar e coletar dados de serviços públicos, deve ser, obviamente, aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade e pelo Núcleo de Pesquisa e Educação (ou similar) do município. Os profissionais e docentes devem se propor a investigar possíveis eventos sentinelas no ambiente público ou propor estratégias de mudança operacional e ou implantação de novos métodos e técnicas para melhorar a qualidade do atendimento à população. Com base nesta mesma ideologia acontecem no Brasil eventos locais, estaduais e nacionais como o Prêmio de Incentivo e Tecnologia do SUS, Encontro de Experiências Exitosas do SUS, Encontros Científicos variados e multisetoriais que propõem exatamente sustentar, com base na ciência, as autoridades políticas para a gestão de qualidade.

Entretanto, os resultados da ciência em saúde pública, em especial as pesquisas operacionais, nem sempre estão publicados nas revistas científicas internacionais, que adotam uma exigência de alto padrão fazendo com que estes resultados não sejam inseridos e acessíveis nas bases de dados científicas. Reveste-se aí a importância do programa docente-assistencial (ou ensino-serviço) para sustentar os gestores na implantação das melhores práticas em seu local de atuação.

Gestores e administradores estão muito interessados em reduzir custos

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e adotarem medidas eficazes de tratamento aos pacientes. Em contrapartida uma pequena parcela deles adota a gestão baseada em evidencias científica e se utilizam de indicadores de avaliação de qualidade. Outro aspecto a ser considerado está no fato dos quão interessados e preparados estão os gestores em implantar os protocolos de avaliação, procedimentos e tratamento e fazer com que esta atitude seja rotineiramente utilizada pelos profissionais. Bernardet Melnik, uma enfermeira estudiosa no assunto, concluiu que apesar dos chefes de enfermagem acreditar e julgarem necessário a implantação da pratica clinica ser baseada em evidencias, menos da metade delas a adotam (6). Acreditamos que isso aconteça também entre os profissionais de Terapia Ocupacional.

Em contrapartida, uma linha de profissionais acredita que o bom senso deve prevalecer ao adotar medidas impostas pela ciência e por vezes, radicais, especialmente as que transformarão substancialmente a vida dos usuários ou o processo organizacional, simplesmente pelo fato de ser, aquela medida, descrita na literatura científica. Por vezes, a observação clínica, a experiência e a especificidade de cada caso podem ser mais eficazes na tomada de decisão. Desta forma muito há de se percorrer nesta seara da ciência e na adoção de medidas organizacionais e na prática clínica com base nos achados científicos.

A Terapia Ocupacional neste contexto, e dentro da gama de ações que compõem sua atividade profissional, precisa com maior brevidade provarem cientificamente a eficiência de sua prática clínica, seja por meio de pesquisas observacionais, experimentais, operacionais, randomizados, de coorte, caso-controle, ecológicos, qualitativos, pesquisa-ação, entre outros.

Diante das considerações, convoco os profissionais Terapeutas Ocupacionais e refletirem sobre sua prática clínica diária, sobre sua intersecção com os gestores e ou/pesquisadores, sua inserção na ciência e por fim sobre a busca na literatura quanto às intervenções mais eficazes e cientificamente comprovadas e que possam ser adotadas como instrumentos norteadores da intervenção em Terapia Ocupacional.

Referências Bibliográficas.

1 - MALIK, A.M.; SCHIESARI, L.M.C. Qualidade na Gestão Local de Serviços e ações de Saúde. Vol 3. São Paulo: Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, 1998. (Série Saúde & Cidadania)

CAPÍTULO 4

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2- Campbell DM, Redman S, Jorm L, Cooke M, Zwi AB, Rychetnik L. Increasing the use of evidence in health policy:practice and views of policy makers and resarchers. AustNew Zealand Health Policy. 2009;6(1):21. Disponível em: https://anzhealthpolicy.biomedcentral.com/track/pdf/1-.1186/1743-8462-6-21

3- AZEVEDO, C.S.; SÁ, M.C.; CUNHA, M.; MATTA, G.C.; MIRANDA, L.; GRABOIS, V. Racionalização e Construção de Sentido na Gestão do Cuidado: uma experiência de mudança em um hospital do SUS / Rationalization and sensemaking in care management: an experience of change in a hospital of the SUS (Unified Health System) Ciênc. Saúde Colet; 22(6): 1991-2002, jun. 2017.

4- MINISTÉRIO DA SAÚDE (BR). Secretaria da Ciência, Tecnologia e Insumos estratégicos. Síntese de Evidências para políticos de saúde: estimulando o uso de evidências científicas na tomada de decisões. Brasília: Ministério da Saúde; 2015.[citado em 2018 Abr 12]. Disponível em: http://brasil.evipnet.org/wp-content/uploads/2016/07/tomada_de_Decisao_WEB_jul.pdf1.

5 - MAKDISSE, M.; KATZ, M. Gestão em saúde e a medicina baseada em evidências. Einstein (São Paulo), São Paulo , v. 11, n. 3, p. ix-x, Sept. 2013 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-45082013000300002&lng=en&nrm=iso>. access on 21 Feb. 2018. http://dx.doi.org/10.1590/S1679-45082013000300002.

6 - MELNYK, B.M.. Evidence-based practice in nursing & healthcare: a guide to best practice / Bernadette Mazurek Melnyk, Ellen Fineout-Overholt.2nd ed. Philadelfia, 2011.

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CAPÍTULO 5GESTÃO, EMPREENDEDORISMO E MARKETING EM SAÚDE.

Maria Aparecida Pereira Machado

1 – Introdução.

“O empreendedor é alguém que pula de um penhasco e constrói um avião na descida”. Esta frase pertence à Reid Hoffman, co-fundador do Linkedin e expressa exatamente o contexto no qual esses profissionais atuam, o qual é repleto de riscos, desafios e pressão. Contudo, se o empreendedor consegue fazer seu avião decolar, ele tem grandes chances de alçar voos memoráveis.

É esta expectativa de altos voos que tem movido cada vez mais pessoas ao desafio do empreendedorismo, especialmente considerando o cenário de crise econômica que movimenta o empreendedorismo por necessidade, causado por falta de opção de trabalho e renda.

A despeito desse cenário, dados do Global Entrepreneurship Monitor Report de 2016 revelam que o empreendedorismo por oportunidade ganhou destaque ficando na casa 57,4% em 2016, contra 56,5%, em 2015, mostrando que mais pessoas acreditam nessa atividade como uma chance de crescimento (1).

Estes dados mostram que a maior parte dos brasileiros aceita o empreendedorismo como opção de vida, mas eles não revelam que grande parte da população não tem potencial para se tornar empreendedora. E o que é mais agravante, o potencial empreendedor do Brasil é um dos piores da América Latina.

Isto ocorre em virtude dos incontáveis obstáculos pelos quais os empreendedores brasileiros têm que passar e que dificultam ainda mais a decolagem do avião.

No caso específico do Brasil, além dos encargos tributários e da burocracia que atravanca o processo, existe um custo elevadíssimo em termos de serviços básicos como água, luz e internet. Soma-se a isso, a crença equivocada no rápido retorno do investimento que cai por terra em pouco tempo e faz com que muitos novos empreendedores desistam de seus negócios.

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Este cenário é uma das razões pelas quais o Brasil aparece em baixíssimas posições nos Índices Globais de Empreendedorismo e Competitividade por exemplo. De acordo com o Índice Global de Empreendedorismo (GEI) 2018, o Brasil ocupa o 98° lugar de 137 países, ficando atrás de México e até da Bolívia (2).

No que concerne à competitividade, o ranking do Fórum Econômico Mundial de 2017 coloca o Brasil em 81° lugar entre 138 países (3).

Considerando este contexto, é preciso desmistificar a ideia que permeia a mente de muitas pessoas que se pretendem a empreendedores, pois esta jornada requer esforço, determinação e capacidade de lidar com riscos e adversidades.

Existem, todavia, alguns empreendedores que superam essas dificuldades e se destacam em suas relativas áreas. Qual será o segredo? Na verdade, nenhum! O que estes empreendedores realizam é a sábia conjunção de três pilares: um por que bem definido; capacidade de gestão estratégica e marketing efetivo.

O que faremos nas páginas seguintes será avaliar esses três pilares considerando o setor de saúde a fim de evidenciar que para empreender nessa área é necessário muito mais que o conteúdo aprendido em sala de aula.

2 – O porquê do empreendedor no setor de saúde.

O primeiro pilar que garante a sustentação de um negócio é um por que bem definido. Todas as pessoas precisam de um por que, assim como todos os empreendedores. Toda ideia nasce de um por que, de uma causa que a move. O princípio das grandes mudanças que movem o mundo vem do desejo de alguém pautado em um por que, um propósito, uma causa, um objetivo, um sonho.

No volume 1 do livro Geração de Valor, Flávio Auguto cita a seguinte frase: as pessoas não precisam de um trabalho, elas precisam de uma causa.

Quando a causa, o porquê ou a motivação forem fortes o suficiente, qualquer empecilho da jornada torna-se apena mais um.

Um por que bem determinado vai definir se a empresa será inovadora, lucrativa e bem posicionada no mercado. É possível entender como isso funciona olhando a vida de grandes personalidades, tais como Ayrton Senna, Steve Jobs, Martin Luther King. Estes tinham a vida movida por um por que. Falta-se ao empreendedor um por que suficientemente forte, ele não será capaz de enfrentar as vicissitudes da jornada.

Simon Sinek foi quem escreveu sobre isso no livro “Por quê? Como

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motivar pessoas e equipes a agir”. Sinek estudou grandes líderes e identificou este comportamento comum em todos eles: a existência de um por que.

Sinek explica sua teoria com o “Círculo de Ouro”, o qual mostra como verdadeiros líderes inspiram pessoas com propósitos e não manipulam com subterfúgios (4).

A figura a seguir representa esse círculo:

Fig. 1 - Círculo de Ouro.Fonte: Sinek, 2012.

Muitos empreendedores vivem na superficialidade do primeiro nível “o quê”. Alguns alcançam o segundo nível do “como”, mas são poucos que chegam ao

“por que”. Sinek explica que cada empresa sabe o que faz. Todo

empreendedor é capaz de responder objetivamente à pergunta sobre o que sua empresa realiza (4).

No caso do “como”, apesar de não ser tão óbvio, também é alcançável em termos práticos, pois os empreendedores conseguem explicar como fazem o que fazem.

A questão se complica quando chegamos ao nível do “por que”. Este, para verdadeiros empreendedores e líderes, não está reduzido ao dinheiro. Trata-se da finalidade, da causa, da crença que movimenta a ação. Por que sua empresa existe?

Porquê

Como

O quê

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O autor utiliza a Apple como um exemplo. Para ele, as pessoas não compram o que a Apple faz. Elas comprar porque a Apple faz. O porquê da Apple é desafiar o status quo e as pessoas almejam esse diferencial, essa ousadia.

Sendo assim, qual o porquê da sua empresa? Qual seria o porquê em uma empresa na área de saúde? Sabemos que não se deve ficar restrito ao o que se faz, nível em que se encontram a maior parte dos empreendedores, então, por que sua empresa existe?

No caso específico do empreendedorismo na área de saúde, existe um por que que perpassa qualquer outro. Trata-se da vida. Os empreendedores do setor de saúde lidam com aquilo que o ser humano tem de mais precioso. Entretanto, isso é muito genérico. O empreendedor do setor de saúde precisa encontrar um por que mais específico para se diferenciar no mercado.

A grande dificuldade do empreendedor está em vincular sua atuação prática ao porquê do seu negócio, dado que, muitas vezes, eles não se relacionam diretamente com o cliente ou consumidor final.

O profissional que movimenta uma peça na engrenagem da empresa, seja ela dentro do escritório, da fábrica, do consultório ou diretamente com o cliente, paciente ou consumidor deve sentir com a mesma intensidade a força do porquê que move a empresa.

As empresas que atuam no setor de saúde lidam com qualidade de vida e com bens que não tem preço. É preciso fazer o porquê ser mais forte que as adversidades de modo que o compromisso com o ser humano perpasse o mundo das tabelas e relatórios que povoam a cabeça do empreendedor.

3 – Gestão Estratégica no setor de saúde.

O segundo pilar que garante a sustentação de uma jornada empreendedora é a gestão estratégica. Não é à toa que um dos livros de maior referência para empreendedores tenha sido escrito por um militar e fala exatamente disso: estratégias no campo de batalha. Trata-se do livro “A Arte da Guerra” de Sun Tal.

Histórica e etimologicamente, a palavra estratégia está vinculada ao contexto de liderança ou comando militar, tendo sido transferida para o ambiente empresarial e de negócios. Podemos considerar a palavra strategós: stratos = exército e agos = liderança.

Progressivamente, a utilização do termo foi se ampliando para um mundo corporativo e deu vazão ao surgimento de inúmeras escolas

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de pensamento estratégico, as quais buscavam entender como ganhar vantagem competitiva laçando mão do domínio de estratégias adequadas.

A ideia de Gestão Estratégica vem no bojo dessa evolução, de modo a acrescentar recursos de maneira objetiva na administração do negócio para que se possam maximizar resultados.

Aqui adotamos a definição de estratégica apresentada pelos autores da série Gestão Empresarial lançada pela FGV.

A gestão estratégica pode ser entendida como a arte de escolher os caminhos que levem aos ob-jetivos estratégicos, considerando-se as mudan-ças ambientais e as capacidades da organização, de forma que possam maximizar sua competitivi-

dade nos mercados em que atua (...) (5).

Segundo os mesmos autores, a gestão estratégica necessita agir com visão sistêmica, a fim de equilibrar demandas exógenas e endógenas, além de integrar setores, alocar recursos, traçar e alcançar objetivos e metas. Para que isso seja possível, os autores apontam que a gestão estratégica deve possuir oito características, as quais avaliaremos a seguir (6).

a. Atuação GlobalO mundo muda de forma rápida e intensa, especialmente

considerando os ditames da globalização. Ao mesmo tempo em que se tiram proveitos dos avanços tecnológicos e da sinergia com outras culturas, a conexão dos mercados pode ser devastadora no momento de crise generalizada. Outro risco oriundo da globalização é a intensa competitividade com mercados internacionais que pode ameaçar o seu negócio. A pergunta é: como você está aproveitando o lado bom da globalização para impulsionar seu negócio e como tem evitado ou se prevenido contra seus riscos? No setor de saúde, é possível encontrar oportunidades de atuação global ou trazer para o nacional aquilo que funciona lá fora? Sua visão como empreendedor consegue ir além do óbvio? Você se preparou para ultrapassar fronteiras e também para se defender do risco de competição com empresas internacionais?

b. Proatividade e foco participativo; Cabe à organização estimular a participação dos seus colaboradores

no processo produtivo, além de incentivar que os mesmos tomem

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iniciativas e busquem se desenvolver. O perfil empreendedor não precisa ser uma característica apenas do líder. É importante que os colaboradores tomem ciência de que o comportamento proativo nivela por cima e seleciona aqueles que saem da linha do mediano para o extraordinário. O setor de saúde tem uma particularidade em relação a este item, pois a iniciativa vinda da proatividade pode salvar uma vida. Seus colaboradores estão preparados para responder com eficiência a situações emergenciais?

c. Criatividade e Inovação;Talvez este seja o item que merece maior atenção e destaque, pois

é a partir da inovação que a empresa vai sobreviver diante da evolução do mercado. A inércia corrói e mata, enquanto a mudança, mesmo que com riscos calculados, gera inúmeras possibilidades de crescimento. A dinâmica do mercado pede, ou melhor, exige inovação. Diante do quadro de transformação acelerada em que vivemos, cada dia mostra uma novidade diferente e as empresas precisam vencê-las, se adaptar a elas ou render-se. Inovação é o fator que define a sobrevivência da empresa. A velocidade com que se movem os seus concorrentes mais diretos deve ser respondida com capacidade criativa, a qual vai gerar ideias para alavancar a competitividade e produzir resultados. No setor de saúde, o empreendedor deverá unir sua capacidade criativa para oferecer mais do que esperado e transformar o produto em uma experiência para o paciente, cliente ou consumidor. Ainda é válido ressaltar que em termos de inovação para empreendedores já estabelecidos, cabe investir em intra-empreendedorismo, empreender no seu empreendimento.

d. Aprendizagem; Evolução contínua para acompanhar a velocidade com que as coisas

mudam. Este é o papel do aprendizado na vida do empreendedor. Além disso, a aprendizagem caminha de mãos dadas com a inovação. A gestão estratégica nas corporações vê na aprendizagem um diferencial na busca por vantagem competitiva. Ficar estagnado e refém de informações ultrapassadas são assinar a carta de falência. No que concerne ao tema, Senge (2009) apresenta a organização-aprendiz que se pauta em cinco disciplinas: raciocínio sistêmico, domínio de si (domínio pessoal), consciência dos modelos mentais, definição de um objetivo comum e aprendizado em grupo (7). É preciso estimular o aprendizado dos colaboradores e nivelar a instituição por cima tanto em termos de inteligência intelectual quanto em termos de inteligência emocional.

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e. Organização em Unidades Estratégicas de Negócios - UENs A gestão estratégica também precisa refletir sobre a subdivisão

da organização em unidades menores, a fim de torná-la mais produtiva e proativa. Esta idéia exige capacidade de comunicação e interdependência. As UENs podem ser definidas como divisões de negócios que somadas geram o todo da organização. Cada unidade deve ter sua autonomia, mas dentro de um processo maior. Sua importância está na capacidade que lhes permitem se focar em determinado processo e otimizar os resultados.

f. Ênfase em alianças;Aqui vale a máxima de um autor desconhecido que expressa

a importância da cooperação: “Se quiser ir rápido vá sozinho, mas se quiser ir longe vá acompanhado”. Napoleon Hill chamaria estas alianças estratégicas direcionadas a um propósito definido de Master Mind. Estas alianças valem tanto para relações entre empreendedores, entre empreendedor e colaborador e também entre organizações. Criar conexões é uma maneira inteligente de fortalecer o negócio, pois parcerias frutíferas sustentam os aliados em momentos de crise e proporcionam crescimento conjunto.

g. Sustentabilidade; A relação do homem com seu ambiente e a forma como ele lida

com os recursos naturais disponíveis tornou-se um elemento diferencial dentro da gestão estratégica. Exige-se que as organizações coloquem este componente em seu cálculo estratégico, pois é de sua inteira responsabilidade o impacto que a mesma vai gerar no ambiente. Ignorar esse contexto é uma sentença de morte diante da demanda da sociedade civil, da mídia e da própria consciência. Michael Porter afirma que a Responsabilidade Socioambiental Empresarial está abrindo espaço para a Criação de Valor Compartilhado e sendo utilizada para gerar uma imagem positiva sobre a empresa. A Gestão Estratégica visa inserir o valor essencial da sustentabilidade no cotidiano da organização (8).

h. Alinhamento estratégico. Toda e qualquer organização que se proponha ao desafio de realizar

uma gestão estratégica com eficácia deve estar atenta ao que podemos chamar de conexão entre os pontos. É preciso promover a interação, a sinergia, o desenrolar de todo o processo de forma harmônica. Os mais

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diversos setores e colaboradores devem dialogar e conseguir tornar a mensagem clara. Gestão também é comunicação. Tudo isso passa pela capacidade do líder empreendedor em desenvolver um alinhamento estratégico em sua organização. Este alinhamento diz respeito a conectar as unidades de negócio, os setores, os colaboradores, os fornecedores, ou seja, todos os envolvidos no negócio conectados em uma mesma visão, seguindo os valores e falando uma mesma língua. É ou não um enorme desafio?

Diante do que foi exposto, não é difícil entender porque muitos empreendedores abandonam seus projetos no meio do caminho. No caso específico do setor de saúde, a gestão estratégica deve considerar também o elemento humano e o contexto adverso de prevenção ou reabilitação que insere o componente emocional como outro pilar fundamental.

4 – Marketing em saúde.

Por fim, mas não menos importante, o terceiro pilar do empreendedor de sucesso é o marketing efetivo.

Já vimos que existem alguns elementos essenciais tais como a definição de um por que forte o suficiente para manter a disposição empreendedora em situações de adversidade e também a capacidade de gestão estratégica, a qual engloba um rol de ações e demanda expertise em negócios por parte do empreendedor.

Nosso objetivo agora é expor o último dos três pilares mencionados na introdução deste texto, sem o qual a jornada empreendedora pode se tornar uma experiência traumática. Vamos explorar a importância do marketing.

Philip Kotler, referência internacional quando se diz respeito a marketing, define o mesmo como:

“Um processo por meio dos quais pessoas e grupos de pessoas obtém aquilo de que necessitam e que desejam com a criação, oferta e livre negociação de produtos e serviços de valor com outros “(9).

É comum que se confunda marketing e propaganda, mas o

empreendedor deve saber distinguir uma coisa da outra. Marketing é uma função organizacional como qualquer outro setor da empresa (RH, financeiro). O marketing estuda o cliente, busca entender suas necessidades, compreenderem suas “dores” e fazer o possível para

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atender suas demandas. Já a propaganda é um canal do marketing, pois ela leva a mensagem do produto até o consumidor.

O marketing é útil porque ele não trata apenas de conseguir cliente, mas se refere principalmente a conhecer o cliente e criar a conexão necessária para gerar um relacionamento.

Nos dias de hoje, está em alta o marketing digital, o qual desponta como uma área que desafia o empreendedor a compreender as necessidades e comportamentos do cliente no mercado virtual. Esse cenário mostra a importância dos itens mencionados no pilar de gestão estratégica, pois as empresas que não acompanham essas mudanças com inovação e competitividade, tendem a perder mercado. Já as empresas que aderem ao mundo digital conquistam cada vez mais clientes.

A questão é: como utilizar o marketing e/ou o marketing digital no setor da saúde e como o mesmo pode impulsionar os negócios desse empreendedor?

A resposta pode até ser padrão, mas é a melhor possível: o marketing é a melhor maneira de conhecer o seu cliente ou como se chama no marketing digital, persona/ avatar.

Quais as necessidades do público que você pode atender? Quais as dores que você pretende sanar? Qual experiência ou serviço o seu público necessita? Como o seu público pensa e age? Responder a essas perguntas é quase tão importante quanto saber o porquê da sua empresa.

Em síntese, o marketing apresenta-se como fator crucial no desenvolvimento de qualquer negócio de sucesso, pois ele é a sua conexão com seu cliente.

5 – Considerações Finais.

O objetivo fundamental deste texto é esclarecer para os profissionais da saúde que apenas o conhecimento técnico adquirido na graduação e na atuação clínica não é suficiente para gerar resultados efetivos para um empreender ou mesmo para que se decida empreender.

Para tanto, é preciso ir além e adquirir conhecimento que perpassa a sala de aula, de modo que a atuação empreendedora não seja apenas uma aventura e possa ser encarada como uma atividade profissional que gere lucro e melhore a vida das pessoas.

O mito do sucesso sem esforço é construído de maneira muito consistente no setor de negócios. Recentemente, com a geração de jovens que ganha fortunas criando aplicativos faz parecer que o

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empreendedorismo é apenas uma questão de ter uma ideia genial e escalar sua acessibilidade.

Existe, todavia, a realidade por trás desse cenário de mundo ideal. O empreendedorismo exige renúncia, pulso firme, capacidade de lidar com situações de pressão, estratégia, inteligência emocional, capacidade relacional e de comunicação. A super ideia inovadora de milhões de dólares é um detalhe nesse processo.

Ressalta-se que, mesmo que o futuro empreendedor seja detentor de todas as características anteriormente citadas, seu negócio deve respeitar as três variáveis centrais apresentadas neste artigo: um por que bem definido, gestão estratégica e marketing efetivo.

De maneira alguma temos a pretensão de barrar potenciais empreendedores ou criar a crença na impossibilidade do negócio. Nosso objetivo é tão somente elucidar os desafios dessa jornada que também é repleta de satisfação, a fim de que, conscientes do risco, os empreendedores possam se prepara para enfrentá-lo.

Empreender é a chance que temos de agregar novos valores à sociedade, melhorar a vida das pessoas, gerarem transformação que desejamos ver no mundo e, principalmente, crescer como seres humanos.

O empreendedorismo no setor de saúde já encontra sua nobreza em seu fim útil de salvar ou melhorar a vida das várias pessoas impactadas por fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, enfermeiros, médicos, dentistas, psicólogos e tantos outros profissionais que impactam positivamente e geram qualidade na vida de milhões de pessoas. Por isso, tenha a ousadia de empreender, mas tenha sabedoria para fazê-lo.

Referências Bibliográficas.

1 - GEM 2016 Global Report. Empreendedorismo no Brasil: 2016. Curitiba: IBQP, 2017. 208p. Disponível em: http://www.bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds.nsf/941a51dd04d5e55430088db11a262802/$File/7592.pdf. Acesso em 9 de março de 2018.

2 - 2018 Global Entrepreneurship Index rankings. Disponível em: http://thegedi.org/global-entrepreneurship-and-

development-index/. Acesso em: 9 de março de 2018.

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3 - The Global Competitiveness Report 2017-2018. Disponível em: https://www.weforum.org/reports/the-global-

competitiveness-report-2017-2018. Acesso em 9 de março de 2018.

4 - SINEK, S. Porquê. São Paulo: Saraiva, 2012.

5 - LOBATO, D.M. (et al.). Gestão Estratégica. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2017.

6 - Estratégia Competitiva: técnicas para análise de indústrias e da concorrência. Rio de Janeiro: Campus, 2005.

7 - SENGE, P. A quinta disciplina, arte, teoria e prática da organização de aprendizagem. 25. Ed. São Paulo: BestSeller, 2009.

8 - PORTER, M.E. Vantagem Comparativa: criando e sustentando um desempenho superior. Rio de Janeiro: Elsevier, 1989.

9 - KOTLER, P. Administração de Marketing: a Edição do Novo Milênio – 10ª Edição - São Paulo – Ed. Prentice Hall – 2000.

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ANEXO 1TO EMPREENDENDO (BLOG) - GESTÃO, EMPREENDEDORISMO E MARKETING PARA TERAPEUTAS OCUPACIONAIS.

Kátia Maki Omura

1 - Introdução.

Empreender não é um mar de rosas, mas é embarcar numa aventura cheia de altos e baixos

Como mencionado no subtítulo do texto, ter um negócio próprio é cheio de altos e baixos… muitos vêem os cases de sucesso de Abílio Diniz, Robinson Shiba da franquia China in Box, Alexandre Costa da Cacau Show, Heloisa Assis, mais conhecida como Zica do Beleza Natural e tantos outros como pessoas de sucesso, mas ninguém sabe o que eles passaram para chegarem onde estão.

O próprio Abílio Diniz passou por uma crise feia na década de 1990, tendo que fechar centenas de unidades de supermercados da rede Pão de Açúcar (1), Robinson Shiba teve que fazer vários testes até chegar à idéia que hoje é a China in Box (2), a Zica quase perde todos os cabelos testando as fórmulas para ter cabelos cacheados perfeitos e demorou quase 20 anos para que ela chegasse à fórmula certa!

Ou seja, todos eles passaram por muitas dificuldades até conseguirem emplacar no seu negócio, mas conseguiram chegar onde estão porque acreditavam em um sonho e correram atrás por isso. Tiveram muitas noites mal dormidas, fins de semana plenos de trabalho e sacrifícios e tenho certeza que nenhum deles reclamou por ter passado por isso, sabe por quê? Por que eles acreditavam no negócio deles e estavam dispostos a se sacrificar para fazer acontecer.

Então, empreender não é esse glamour que a gente vê na TV e nos jornais! Tem muito trabalho e muito sacrifício, se você não está disposto a fazer tudo isso, é porque você ainda não acredita no seu negócio. Posso dizer que venho passando tudo isso no negócio da família, assim como na

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minha startup, mas em nenhum momento me encontrei reclamando pelo o que eu estou passando, muito pelo contrário, sinto que a cada dia que passa, mais eu aprendo e mais quero entrar nessa aventura.

Sabe por quê? Por que é muito legal ver que o nosso negócio resolve o problema de alguém! Vocês não sabem o quanto é legal ouvir de um cliente que tivemos uma excelente iniciativa e que isto mudou a vida deles! Empreender é isso, é ter seus baixos com o caixa da empresa vazio e seus altos com clientes felizes e satisfeitos e, claro, o caixa cheio!

2 - Instra-empreendedorismo: É possível inovar no seu ambiente de trabalho!

Para quem já está no mercado de trabalho, dentro de alguma empresa ou de uma instituição pública e tem uma ideia inovadora para melhorar o seu trabalho, este é o seu texto!

Muitos pensam que porque já estão empregados e estabilizados em um emprego público, não precisam mais inovar no seu trabalho e acabam se acomodando. No entanto, se você, mesmo com uma posição de estabilidade, tem muitas ideias para melhorar o seu serviço no seu local de trabalho. Então, você pode intra-empreender!

Isso mesmo! O intra-empreededorismo é exatamente isso, é inovar dentro do seu local de trabalho, mesmo sendo empregado, no sentido de melhorar, um serviço, processo ou produto vendido no seu local de trabalho (3).

Para nós, terapeutas ocupacionais isto é extremamente importante para nos firmar dentro das instituições e ser reconhecido. Se você tem uma idéia que pode ajudar na melhoria do serviço procure o seu gestor, troque uma idéia e verifique com a sua equipe o interesse dela pela sua ideia.

Outra coisa importante é sentir se o clima da instituição que você faz parte, é aberto a idéias inovadoras e se estimula este tipo de comportamento. Digo isso porque não é todo gestor que acredita no potencial de um serviço inovador e acaba não comprando a idéia inicial.

Se você é um gestor, então é fundamental desenvolver a cultura do intra-empreendedorismo junto aos seus colaboradores, seja um verdadeiro líder e abra as portas para as boas iniciativas. No final todos ganham, você como gestor tem uma equipe mais motivada, um serviço eficiente e os usuários satisfeitos.

Um bom exemplo que estou vivenciando no momento, é de uma colega que pediu uma ajuda para desenvolver um projeto para melhorar o atendimento dentro da UTI do hospital em que ela trabalha. Antes de

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começar a esboçar o projeto, sondamos com a gestão o seu interesse na idéia e sondamos a equipe do setor sobre a sua aceitabilidade. Dado o ok, começamos a esboçar o projeto e em breve colocaremos em prática. O projeto beneficiará o serviço de terapia ocupacional no hospital, a equipe do setor, e principalmente os usuários!

Intra-empreender é exatamente isso! Trazer boas ideias para melhorar o seu trabalho. Não tenha medo de levar um não, caso você esteja em um ambiente pouco acolhedor, procure começar mudando a sua atitude perante aos colegas relacionados a não querer fazer o melhor pelo serviço. Esta diferença será notada não só pelos seus colegas, mas também pelos seus gestores. Às vezes, a mudança precisa sair de dentro de nós para que seja externalizado para o ambiente que nos circunda.

3 - Marketing para Terapeutas Ocupacionais - Tudo o que um TO precisa saber para divulgar o seu trabalho!

Uma coisa que percebi toda vez que converso com um colega TO é a dificuldade que todos nós temos de falar do nosso trabalho como forma de divulgar o que fazemos. Isso não é só um problema nosso no Brasil, cheguei a conversar com outros colegas de outros países, e a queixa é sempre a mesma… sabemos trabalhar muito bem, nossos clientes estão satisfeitos com o nosso trabalho, mas não sabemos “vender o nosso peixe”.

Fiquei me perguntando o porquê? E vi, que fomos formados com o pensamento de que “vender” o serviço de TO pode soar anti-profissional, ou simplesmente não nos ensinaram a fazer isso. Uma coisa que percebo em muitos dos colegas recém-formados, é não ter foco em um nicho no mercado. Peguei diversos cartões de visita de TO que dizia: “TO infantil, adulto e idoso”. Gente, quem dá conta de atender um público tão vasto? Soa para a pessoa que pega um cartão desse, que o profissional não é bom em nada…

Então, o primeiro passo para divulgar e criar a sua estratégia de marketing é: TENHA FOCO!

Não dá para querer abraçar o mundo com as pernas, é necessário ter foco. Todo mundo tem uma afinidade com uma especialidade, então mantenha o seu foco nisso. Sei que parece difícil e limitante, mas podem ter certeza que a qualidade do serviço de vocês e os clientes que aparecerão serão melhor direcionados para você, pois você se tornará referência para tratar determinados casos e isso é muito bom!

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Nicho de mercadoUma vez que você determinou o seu nicho, pense na dor do seu

cliente e foque a sua estratégia de marketing nisso. E, claro, traga uma solução para esta dor no seu marketing. Por exemplo, nós do ApplicaTO temos como nicho pessoas com doença de Alzheimer e profissionais que atendem esta população. A dor que atendemos é o déficit cognitivo progressivo que estas pessoas sofrem e a falta de recursos para atender os mesmos. Assim, a nossa solução foi trazer um aplicativo como recurso terapêutico que reduzisse esta progressão e mantivesse a autonomia da pessoa com Alzheimer por mais tempo. O nosso marketing está nesse foco.

Além disso, conheça bem o mercado que você atua. Assim, você atrai um público qualificado e que tem interesse no que você trabalha, pois você estará tratando algo que interessa e soluciona um problema deles, fazendo com que você seja referência no assunto (4).

Faça este exercício, estabeleça um nicho, pense na dor do seu cliente e na solução que você está trazendo para ele. A partir disso, podemos passar para um próximo passo.

Persona X Público-alvoAtualmente no marketing, não falamos mais somente em público-

alvo, mas falamos em Personas.Mas qual a diferença?O Público-Alvo é algo mais generalizado como:Idosos entre 65 a 90 anos, com déficit cognitivo, de classe média,

habitantes de cidades grandes, com pouca autonomia na realização das suas Atividades de Vida Diária (AVD) e que necessitam ser estimulados com jogos para manter a sua funcionalidade (5)

Já a persona, você pensa exatamente quem é o seu cliente, pensando nos seus problemas, anseios, gostos…(5) como esse:

Seu José, 77 anos, diagnosticado com Alzheimer há 5 anos, vem apresentando perda de memória ao longo destes anos, apresentando dificuldade em lembrar os nomes de seus netos e de pessoas que moram com ele, trazendo um sentimento de angústia e tristeza. Seu José gosta de assistir TV e gostaria de aprender a mexer no tablet que ganhou de seu filho.

A criação da persona te ajudará pensar melhor o que o seu cliente quer e como chegar até ele. Aí entramos em outro assunto que vou pincelar rapidamente que se chama inbound marketing.

ANEXO 1

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Inbound MarketingÉ o marketing de conteúdo para atrair leads. Leads são os

potenciais clientes que vocês terão a partir do momento que vocês os atraírem a partir de algo que vocês estão oferecendo (4).

Vocês nunca entraram em sites ou blogs de instituições e se sentiram atraídos com o conteúdo oferecido? Geralmente estes sites não oferecem e-books gratuitos para você baixar? Mas em troca, você precisa deixar o seu email para receber o tal do e-book? Daí, quando você vê, toda semana você está recebendo conteúdo deste site no seu email, e você abre o email que eles te mandam por quê? porque você é um lead daquele site.

Deu para entender como a coisa funciona? Ela funciona como uma espécie de funil, onde você atrai um monte de gente através de um conteúdo, daí você capta esta pessoa e a mantém através do email marketing e a torna o seu cliente quando você oferece a solução para o problema que ela precisa e ela compra a sua solução.

Um ótimo exemplo é o que o site www.reab.me faz. Ela traz muito conteúdo (de excelente qualidade, diga-se de passagem) e dentro do site ela tem os produtos que ela vende. Quem de vocês não se sentiu ainda mais atraído pelos produtos dela depois de ter acesso a todo o conteúdo que ela forneceu?

Daí você me pergunta: “mas eu não tenho um portal como o dela para fazer conteúdo”. Não, não tem, mas você tem instagram, facebook, tweeter...enfim, uma série de redes sociais que podem te ajudar a divulgar este conteúdo e gerar os seus leads!

Redes sociaisHoje temos a vantagem de termos as redes sociais como poderosas

ferramentas de divulgação e marketing que não custam praticamente nada! Então usem a seu favor! Façam postagens de conteúdos que atraiam os clientes de vocês e mostrem a solução que vocês têm para os problemas deles.

Ofereçam coisas gratuitas para que eles possam conhecer melhor o seu trabalho, pode ser um e-book, um webinar pelo hangout, uma lista de transmissão pelo WhatsApp dando dicas sobre determinado assunto, enfim, o importante é usar as redes sociais para divulgar o seu trabalho e também se relacionar com os seus clientes (4).

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Participação de eventosÉ fundamental a participação de eventos para divulgar o seu trabalho

e não precisa ser necessariamente em eventos de TO, mas de eventos que tenham algo a ver com o seu negócio. Você pode até não vender no momento, mas você será visto, e conhecerá pessoas que podem te indicar para outros clientes. Por isso, tenha sempre o seu cartão de visitas em mãos!

Faça ações na sua comunidadeÉ muito importante você estar na sua comunidade, pois você se

aproxima do seu público, além de ajudar a divulgar o seu trabalho. Um exemplo é dar palestras sobre o assunto do seu negócio, faça mini-cursos, ou ofereça parte do seu serviço gratuitamente para o seu público-alvo. Assim, eles terão uma amostra do seu serviço.

O assunto de marketing é bem vasto, tentei trazer o básico para vocês terem uma idéia que marketing não é só fazer panfleto ou postagem nas redes sociais. É necessário planejar e conhecer quem é o seu público, ou melhor, a sua persona!

4 - Modelo de negócios: Você já pensou qual é o seu?

Você já se perguntou qual é o seu modelo de negócio? Já ouviu falar? Para quem tem um negócio próprio, ter esta informação clara na cabeça é fundamental para traçar a sua estratégia de venda e de marketing. Muitos pensam no Business Model Canvas ou Modelo de Negócios Canvas que é uma excelente ferramenta para estruturar o seu modelo de negócios. Mas não é só isso (6).

No modelo de negócios você estabelece e responde a algumas perguntas como:

• Quem é o meu cliente?• Onde ele se encontra?• Qual o seu problema?• Qual é a solução que o meu negócio traz para resolver tal problema?• Como me relaciono com este cliente?• Quais são os recursos necessários para que o meu negócio funcione?• Como receberei por isso?• Quem são os meus parceiros?• Quais canais eu utilizo para me relacionar e para vender?Parecem ser muitas perguntas, mas usando a ferramenta do

Modelo de Negócios Canvas, vai te ajudar a responder estas perguntas.

ANEXO 1

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A vantagem de se utilizar tal ferramenta é que ela é dinâmica e muito simples de ser usada. Além disso, deixa claro para você a idéia do seu negócio. Para se montar o Canvas é necessário somente responder as perguntas de cada quadrante com post it, pois como esta ferramenta é dinâmica, você pode alterar as respostas mudando os post it. Isto é muito comum, pois cada negócio pode ter variações de acordo com o seu momento (7).

É importante ter estas informações bem alinhadas para você ter mais foco no público que você deseja atender, além de traçar estratégias de marketing e de gestão, mais assertivas, sem “atirar” para todos os lados. Lembram do cartão de visita que falei?

Então, quando você tem uma proposta de valor, um serviço ou produto bem definido, fica muito mais claro para o seu cliente se você realmente irá resolver a sua demanda.

Além disso, no modelo de negócios você define de que forma você receberá ao oferecer um serviço ou produto.

Muitos ficam presos ao achar que só conseguirá monetizar a partir dos atendimentos privados. Mas existem diversas formas de se monetizar um negócio. Você pode prestar serviço ou vender um produto diretamente para o cliente final dentro do modelo que chamamos Business to Consumer (B2C) ou para outra empresa que se chama Business to business (B2B), por exemplo, posso vender suprimentos para a confecção de órteses e próteses para empresas, ou você pode atender o governo (B2G) como vendendo um software de gestão de serviços hospitalares públicos ou vender do meio online para off-line (O2O), ou seja, você apresenta o seu serviço ou produto em um website e vende fora do site para o seu cliente. Enfim, existem diversos outros modelos que não tem como se esgotar neste capítulo (8).

Estas informações são importantes para você pensar de que forma esta sua grande idéia pode ser monetizada.

5 - 9 sites que todo TO empreendedor deve conhecer - Estudar e se inspirar nos bons exemplos é essencial para quem quer empreender!

Neste capítulo quero compartilhar alguns sites que eu sempre navego para aprender coisas relacionadas ao empreendedorismo e como gerir um negócio. Tem site que ajuda a ter uma postura mais profissional, tem site específico sobre empreendedorismo em Terapia Ocupacional, ou seja, tem um pouco de tudo. Espero que vocês gostem!

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www.sebrae.com.brTinha que ser o primeiro site. O SEBRAE é a instituição de

referência para o micro empreendedor, fornece consultorias e cursos para quem tem interesse em abrir um negócio. No portal é possível fazer os cursos online e também é possível saber da agenda de cursos de cada unidade do SEBRAE de cada estado. Além disso, é possível fazer um diagnóstico da sua empresa, além de outros serviços.

https://endeavor.org.brEste é um dos sites que mais gosto. Lá você encontra excelentes

cursos online, e o melhor, tudo gratuito! Além disso, você pode ver vários vídeos de cases de sucesso, além de e-books e vários artigos interessantes. Uma boa dica é se inscrever nas newsletters deles, pois toda semana eles te mandam conteúdo muito bom!

www.inovativabrasil.com.brSe você tem uma startup e acredita que ela seja um negócio de

impacto, então este é o site que você deve acessar! O inovativa possui um programa de aceleração de negócios muito bom, auxiliando na captação de recursos, além de mentorias com os maiores experts em startups. Lá, também é possível ter acesso a cursos online, blog, mentorias e muito mais.

www.escoladevoce.com.brO nome da página pode soar estranho, mas é uma plataforma

de cursos online de empoderamento feminino através de cursos que auxiliam no autoconhecimento, além de cursos sobre empreendedorismo e o desenvolvimento de uma rede de contatos femininos importantes para o desenvolvimento de uma carreira profissional de sucesso. Além disso, em cada estado acontecem reuniões presenciais com as embaixadoras locais. Uma ótima oportunidade de se fazer networking!

www.innoscience.com.brEste site é para quem quer inovar! Se o seu negócio é inovador,

você precisa acessar esta página. Esta é uma empresa de consultoria para auxiliar empresas no seu processo de inovação, mas também possui vários conteúdos interessantes, entre e-books, vídeos, webinars, e cursos presenciais, possui também diversas ferramentas.

ANEXO 1

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https://meusucesso.comApesar de ser um site com muito conteúdo pago, tem uma parte

com conteúdos gratuitos de qualidade. Além da possibilidade de se inscrever na newsletter deles que também oferece conteúdo muito bom. Lá você encontra conteúdos sobre marketing, finanças, gestão e vários outros assuntos importantes para quem quer empreender.

http://puzzlelab.com.brÉ uma empresa especializada no desenvolvimento de startups com

alguns pacotes para a criação de aplicativos. No blog da empresa é possível acessar vários conteúdos para montar sua startup que vão desde informações sobre finanças até o marketing.

www.webpt.comO webpt é uma página voltada para ajudar fisioterapeutas a abrir

o seu próprio negócio, mas muito das dicas fornecidas no site, servem para TOs também. É um site em inglês, e que no meio do seu conteúdo também você encontra temas específicos. Vale à pena dar uma olhada.

https://otpotential.comJá o otpotential é um site específico para o TO que quer abrir uma

clínica ou aprimorar o seu serviço. Também é um site em inglês, mas com um conteúdo muito rico com podcasts, cases de sucesso e muito mais. Além disso, para quem quer entender melhor como funciona o sistema de saúde nos Estados Unidos, também é uma boa fonte de informação.

Referências Bibliográficas.

1 - DINIZ, A. Biografia. Disponível em: http://abiliodiniz.com.br/trajetoria/biografia/. Acesso em: 22 de Fev. 2018.

2 - Asaas. Perfil empreendedor : Robinson Chiba, do China in Box. 2014. Disponível em: https://www.asaas.com/blog/perfil-empreendedor-robinson-shiba-do-china-in-box/. Acesso em: 24 de Fev. 2018.

3 - BALDISERA, H.; CERETTA, G.F.; REIS, D.R. Relação entre inrtraempreendedorismo e inovação: Um estudo em empresas participantes do APL de TI do sudeste do Paraná. Gestão & Regionalidade, 2017, 33 .

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4 - Endeavor; Resultados Digitais. Marketing digital empreendedores. 2ed. E-book. 34p. 2017.

5 - Shuler, L. Público-alvo, cliente ideal e buyer persona: qual a diferença? Disponível em: https://resultadosdigitais.com.br/blog/publico-alvo-cliente-ideal-buyer-persona/. Acesso: 24 Fev. 2018.

6 - CARRASCO, L.C.; SILVA, R.G.; NUNES, M.A.S.; CERQUEIRA, C.E.M.; ROSAS, T.M.C. Uma análise da aplicação do Business Model Canvas – BMC a partir da visão de empreendedores que se encontram em diferentes fases do negócio – Uma experiência da incubadora de empresas e projetos do INATEL. 2014.

7 - JOYCE, A.; PAQUIN, R.L. The triple layered business model canvas: A tool to design more sustainable business models. Journal of cleaner production. 1-13p, 2016.

8 - Inovativa Brasil. B2B, B2C, C2C ou B2G: qual o melhor modelo financeiro para cada tipo de negócio? Disponível em: https://www.inovativabrasil.com.br/modelagem-financeira-startup/. Acesso em: 23 de Fev. 2018.

ANEXO 1

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ANEXO 2REFLEXÃO EM SAÚDE PÚBLICA - EQUIPE NASF (NÚCLEO DE APOIO À SAUDE DA FAMÍLIA / ASSOCIAÇÃO SAÚDE DA FAMÍLIA) E TUTORES DO PROGRAMA PRÓ- SAÚDE(PROGRAMA NACIONAL DE REORIENTAÇÃO DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL EM SAÚDE)*

Carmen Ligia Cucê NobreAdriano de Oliveira*

Julia Hatakeyama Jóia*Keila Raquel Ferreira de Oliveira

Janaína Eleutério MartinsLuiza Franco

Maria Luiza RezendeMaria Luiza Santa Cruz

Marina Rodrigues CamargoSilvia Regina Rocha

Viviane de Mancilha Lima

Resumo: Os autores propõem uma reflexão sobre o modelo de assistência em saúde pública levando em conta a complexidade dos casos, a vulnerabilidade da população atendida, e a violência do território da região da Brasilândia, São Paulo. Três casos índices da UBS Jardim Paulistano mobilizaram os profissionais de saúde na configuração de redes de cuidados que incluísse não somente o atendimento multiprofissional realizado na própria UBS com apoio da equipe NASF, como também outros serviços da rede pública: CRAS, CREAS, CAPS, Supervisão Técnica de Saúde (STS), Conselho Tutelar, Hospitais, entre outros. O modelo de assistência realizado demanda tempo, investimento de recursos humanos e grande mobilização dos profissionais envolvidos. A formação de rede aproxima os profissionais do “ser-doente”, explora a potencialidade de assistência, possibilita uma abordagem integrada, proporcionando um atendimento mais humanizado.

Descritores: Atenção à Saúde, Sistema Único deSaúde, Programa Saúde da Família, Núcleo de apoio à Saúde da Família, Alta Complexidade, Equipe multiprofissional.

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1 - Introdução.

O modelo de assistência em saúde vem se transformando ao longo dos anos. Com a implantação do SUS, em 1990, foi elaborado princípios de atendimento ao paciente que visassem garantir a universalidade, a integralidade e a equidade. Ao surgir o Programa Saúde da Família, em 1994, foi dado mais um passo na garantia do atendimento integral, direcionando melhor atenção aos cuidados ao usuário, dando escuta aos seus anseios e necessidades, incorporando ações nos campos de prevenção, de promoção, além da própria assistência à saúde. Desta forma, procurava-se superar o modelo hospitalocêntrico, de assistência, voltado para a consulta especializada de caráter curativo.

A introdução da Estratégia Saúde da Família (ESF) reorienta o modelo assistencial nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Essa política propicia a entrada do sistema de saúde na vida das pessoas e seus processos de adoecimento, bem como facilita o reconhecimento dos problemas de saúde existentes em uma coletividade e na própria comunidade. Além disso, favorece a formação de vínculos entre profissionais de saúde e população assistida e cria novas possibilidades de ações na promoção e manutenção da saúde da população.

Novos rumos na saúde vão se delineando, e, portanto, novos desafios vão surgindo. Os passos que foram dados ajudam a implantar um modelo assistencial mais abrangente no enfrentamento do ciclo saúde-doença-saúde. A busca de parcerias amplia o escopo de intervenções. Mas há ainda muita estrada a se percorrer. Muitas variáveis entram nesse processo e precisam ser mais bem compreendidas para a consolidação das práticas de atenção do SUS.

No cotidiano de atendimento à população, muitos caminhos são percorridos. Em casos complexos e de alta vulnerabilidade, faz-se necessário a busca de subsídios em outras áreas de saber, de diversos profissionais, de outros serviços da área de saúde e até mesmo de outros setores públicos. A realidade destes pacientes suscita demandas recorrentes à UBS. As solicitações são frequentes, requerendo a ampliação dos cuidados acionando outros saberes e diferentes áreas de atuação, propiciados pela articulação entre os serviços, em uma rede ampliada.

A composição deste modelo de assistência não está dada de antemão, é algo a ser construído na medida da necessidade. A configuração de uma rede de cuidados é permeada de ires-e-vires; requer muitos momentos de discussão e reflexão; pode gerar controvérsias a

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serem superadas; não se encaixam em modelos assistenciais com uma única resposta pronta; nem sempre pode se ajustar ao que é protocolar. Na verdade, o atendimento de casos difíceis requer um dinamismo do cuidado, tendo um caráter de um organismo vivo.

2 - Característica do território.

A UBS Jardim Paulistano pertence à região da Brasilândia, localizada a noroeste do município de São Paulo. Atende a uma população de mais de 6.400 famílias, perfazendo cerca de 24.000 habitantes. É uma das regiões mais carentes da cidade, com um dos maiores índices de vulnerabilidade social (grupo 6), baixa condição socioeconômica, população bem jovem (cerca de 1/3 entre 0 a 19 anos; 1/3 entre 20 a 39 anos). As famílias são constituídas por chefe de família jovem, baixa renda, pouca escolaridade, expressiva quantidade de crianças pequenas, significativo número de gestantes adolescentes, insuficiente apoio familiar. Tudo isso, somado à maior exposição à violência urbana, à dificuldade no aprendizado, à evasão escolar, esta população encontra-se em risco não só sob o ponto de vista da dificuldade de sair da zona da pobreza, mas também traz complicações aos cuidados e à manutenção do estado de saúde. Cuidar desta população requer uma disposição pessoal / profissional e certa determinação política para ir além da assistência puramente de clínicas específicas.

3 - Discussão.

Este texto surgiu como uma reflexão sobre casos atendidos pelas equipes de saúde da família da UBS Jardim Paulistano e equipe NASF Silmarya, que prestam apoio as UBS – Silmarya, Jardim Paulistano e Nova Esperança. No ano de 2014, foram realizadas oficinas de produção de escrita na UBS Jardim Paulistano, por meio do Pró-saúde¹, convênio firmado entre a Pontífice Universidade Católica (PUC) em parceria com a STS da Fó-Brasilândia, da Coordenadoria de Saúde Norte e da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo. Estas oficinas foram orientadas por dois pós-graduandos² da PUC contratados como tutores pelo Pró-Saúde com a finalidade de contribuírem com ferramentas facilitadoras para a produção de textos que expressassem o conhecimento gerado da pratica cotidiana

¹ Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde² Adriano de Oliveira e Juliana Hatakeyama Joia

ANEXO 2

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do serviço de saúde. Durante os encontros realizados os profissionais envolvidos puderam estabelecer alguns itinerários, clareando a maneira como o trabalho em redes se configura ao ser delineado os cuidados de saúde em casos de alta complexidade e/ou vulnerabilidade.

Numa megalópole como a cidade de São Paulo, há diversos recursos públicos e/ou privados, os quais nem sempre correspondem às necessidades inerentes as pessoas envolvidas em situações complexas. Isto ocorre, muitas vezes, devido ao contorno duro e inflexível dos protocolos, que imprimem e fundamentam a maneira como estes serviços vão se constituindo. Por outro lado, convive-se com uma política pública que, ao sobrepor diversos modelos de assistência à saúde, dá margens a diferentes interpretações por parte de gestores. Indicando que, de maneira geral, o sistema de saúde ainda não superou o modelo medicocêntrico.

O objeto deste artigo se delineou num estudo de três casos de alta complexidade e vulnerabilidade que envolveu não só o serviço de saúde da atenção básica, como também diversos níveis dos serviços de saúde, além de outros setores públicos, no intuito de ampliar a rede de cuidados dos referidos pacientes. Na sequência, será delineada a síntese dos casos e a maneira como se articulou as redes e os desafios enfrentados por equipes SF/NASF.

Caso1: Paciente jovem que morava sozinho, permaneceu por muitos meses em internação hospitalar, e com o seguinte quadro clínico: paraplégico, acamado, com úlceras de pressão e infecções de repetição. Foi necessário buscar uma rede ampliada de cuidados que envolvessem a família e vizinhos para os cuidados diários: banho, troca, alimento; o CRAS/CREAS, na busca de Benefício do INSS e direitos do DPVAT; a referência hospitalar para os cuidados clínicos; e, principalmente, a própria UBS/NASF para os cuidados diários de curativos que duravam cerca de uma hora, e apoio psicológico para o paciente e seus familiares, incluindo finais de semana e feriados. No entanto, este paciente foi a óbito, causando forte comoção nos envolvidos. Durante todo este processo, houve a mudança da rede de apoio, considerada como “fria”, para a criação de um movimento solidário direcionado para a melhoria da qualidade de vida e a dignidade na morte.

Caso 2: Família numerosa com históricos de doença mental, uso de substâncias psicoativas, gravidez na adolescência, crianças e

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jovens fora da escola, moradia precária, higienização descuidada. Neste caso, a rede se configurou ao buscar reforços com o CRAS/CREAS, Conselho Tutelar, CAPS I, CAPS AD e escola da região. Toda essa intersetorialidade tinha como objetivo a tentativa de cooperação, numa possível reorganização familiar, no qual os direitos humanos pudessem ser preservados e colocados em prática pelas instituições responsáveis e pela própria família. Atualmente as propostas obtidas em conjunto, inclusive com o grupo familiar, estão em andamento, algumas com maior sucesso, outras em fase de reconstrução e novas pactuações.

Caso 3: Homem com déficits cognitivo, físico e motor, e que vive literalmente “no chão” da casa de seus familiares. Sobrevive em estado de nudez, come e bebe em vasilhas colocadas no chão, e locomove-se se arrastando pelos cômodos da casa. Metaforicamente é uma sombra familiar que assombra as equipes SF/NASF. Na construção do PTS³ procurou-se parceria com instituição religiosa frequentada pela família, CRAS/CREAS e CAPS Adulto. Sendo que o processo de produzir uma série de cuidados para este paciente foi longo, sofrido, envolveu muitas conversas, acordos, e mudanças de compreensão familiar no que tange à pessoa deficiente. Vale ressaltar que, atualmente esse homem vive com mais dignidade dentro de seu grupo familiar.

Em todos os três casos apresentados, foram constatadas situações que envolveram múltiplos fatores. A agregação de mais de um destes fatores em cada caso, motivou os profissionais da saúde a procurar abranger o que está para além da queixa-conduta, e assim tentar entender o desejo do outro, bem como mobilizar nestes grupos familiares transformações pessoais e coletivas que os conduzissem a novas reorganizações. A estratégia encontrada foi ampliar a micro-rede (atenção básica de saúde/família) para uma macro-rede territorial visando o suporte para as intervenções consideradas necessárias.

Na atenção a estes pacientes podem-se destacar pelo menos cinco níveis de articulação de rede: 1) Entre profissionais de uma equipe ampliada (equipe SF/NASF); 2) Entre equipes distintas de um mesmo serviço; 3) Entre diferentes serviços de Saúde (Atenção Básica e Níveis Secundário e Terciário de Atenção em Saúde); 4) Intersetorial – entre serviços e outras políticas (Assistência Social, Educação, Habitação,

³ PTS Projeto Terapêutico Singular

ANEXO 2

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Conselho Tutelar, Ministério Público, etc.); 5) Entre as equipes de cuidado, a família e a comunidade.

A descrição simplificada dos casos nos leva a abrangência do conceito de saúde na visão do bem-estar biopsicossocial, marcado pela OMS, exigindo das equipes de saúde os desdobramentos para além do biológico, para no mínimo garanti-lo. Portanto, neste modelo abrangente, de clínica ampliada e intersetorialidade – no qual os diversos serviços e instituições conversam, acordam, atuam com corresponsabilidade – o compromisso de processar o trabalho realizado deve necessariamente fazer parte das ações de cada caso, promovendo a saúde mental de todos os envolvidos, o enfrentamento das divergências, o limite que o outro (família ou serviço) se coloca e a capacidade de cada um em lidar com o inusitado.

Neste trajeto de processamento das ações com a rede intersetorial de cuidado que se forma, pode-se avaliar a complementaridade, a interdependência e o sinergismo das ações, a disposição de compartilhar objetivos, as decisões e as responsabilidades, a necessidade de aprimorar as relações interpessoais e valorizar a comunicação entre os envolvidos para definir com clareza os objetivos e as intervenções.

É grande o desafio de definir objetivos pela (s) equipe (s) na formação de rede intersetorial, pois é quase inevitável gerar insatisfações, encontrar posições cristalizadas, rotulando e deteriorando as relações interpessoais e criando mecanismos de culpabilização para poder superar as frustrações dos “supostos fracassos”.

A formação de vínculos e a pactuação de compromissos estabelecem uma co-responsabilidade entre os profissionais envolvidos e a comunidade, que possibilitam novas intervenções no território.

A co-responsabilidade implica estabelecer Projeto de Saúde Territorial (PST) voltado para cuidar e gerir alívio de sofrimento, melhorar e prolongar a vida, evitar ou reduzir danos, favorecer a construção de autonomia, melhorar as condições de vida e evitando o abandono e o isolamento do sujeito.

Diante desse modo de fazer saúde no território, verifica-se que não dá para ignorar que a saúde de uma pessoa ou de um território envolve vários setores, implicando desta forma em articulação com outros serviços, que dizem respeito s outros aspectos importantes da vida.

No cotidiano do trabalho da saúde deve-se incorporar a informação à comunidade sobre seus direitos e a conscientização de seus deveres, estimulando-a nas ações coletivas que possam impulsionar sua qualidade

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de vida, minimizando os riscos e marcando seu papel na transformação deste cenário de exclusão social.

4 - Comentários.

Como cuidar da saúde da pessoa quando a realidade na qual ela está inserida é envolta em outras dimensões sociais que interferem diretamente em seus processos de adoecimento? Como atuar em saúde coletiva num território de alta vulnerabilidade e violência? Motivados pela complexidade de cada caso que chegam à UBS, os profissionais da área de saúde são mobilizados a ir para além de suas formações e atuações individualizadas. A necessidade é realmente a mãe da criatividade! Ficou no tempo o assistencialismo mediado por uma mesa, dentro da sala dos consultórios de uma unidade de saúde. Atualmente, nossos batalhadores da saúde vão à luta, saíram de dentro de seus espaços de cuidados e fluíram para o território. O protótipo da abordagem tradicional de cuidados à saúde, mediado pela especificidade numa relação um-a-um, ganhou novas dimensões no espaço-tempo.

Nos moldes de ambiente hospitalar ou sala de consulta, contávamos com saberes específicos, pontuados na figura de profissionais únicos, médico, psicólogo, enfermeiro, fonoaudiólogo, fisioterapeuta e terapeuta ocupacional. Com a introdução do Programa Saúde da Família surge a figura primordial do Agente Comunitário de Saúde ACS. Além de ser um membro integrante do território é conhecedor da realidade vivida pela população, enriquecendo o nível de informações sobre a saúde da comunidade adstrita.

A inovação da estratégia visava sair do espaço reservado dos serviços de saúde e ir até o paciente, adentrando sua existencialidade. Para tanto, se faz necessário ampliar os “olhares”. Não é mais possível permanecer na fragmentação dos saberes. Mais do que isso, não se pode mais separar o sujeito-de-seu-adoecer!

Ao se deparar com a singularidade do sujeito-doente, ao ouvir seus relatos de como vivencia o momento de seu adoecer, o próprio processo de adoecimento dentro de sua história de vida, novos horizontes se desvelam. O trabalho realizado isoladamente pautado em diferentes áreas do saber, a clínica baseada na doença, o paradigma de “queixa-conduta”, a lógica do recorte gerando a prática de encaminhamento para diversos profissionais, não abarca todo o complicado restabelecimento do ser saudável.

A complexidade humana está reservada por detrás das portas.

ANEXO 2

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Com a implantação da Estratégia Saúde da Família é possível uma maior aproximação dos profissionais da saúde aos diferentes registros da experiência do sujeito em sua multiplicidade. Ao se considerar o paciente inserido no seu processo de adoecimento, mais um passo se dá no caminho da integralidade da saúde foi realizado.

Valores e saberes de outras áreas foram sendo agregados no intuito de ampliar a clínica. Surge o Núcleo de Apoio à Saúde da Família – NASF. Novos membros foram inseridos na já “grande família” da atenção à saúde. O antigo modelo técnico-assistencial, apoiado pela equipe multiprofissional, renova o olhar ante o adoecer, contribuindo assim, com outras dimensões assistenciais e tecnológicas, visando aumentar o “leque” de ações em situações de maior enredamento.

A complexidade dos casos não se encaixava mais ao modelo reducionista médico-centrado. Numa época globalizada, é quase que uma obrigação a ampliação do olhar sobre o processo saúde-doença. Os avanços conquistados no campo das diversas áreas acadêmicas, o progresso tecnológico, promoveu, ao mesmo tempo, uma especificidade cada vez maior, mas também requer a aproximação e associação das diferentes áreas de conhecimento. O caminho entre a atuação centrada numa única área de saber e a almejada intersetorialidade real, carecia transpor o campo da unicidade para a multiplicidade. Para tanto, uma das possibilidades seria não só reconhecer os limites de cada conhecimento, como também abrir-se à influência mútua entre os diversos saberes específicos, e ir além, configurando novas relações, inseridas num dispositivo mais integrado, buscando atenuar quaisquer limites rígidos entre as disciplinas, ao se deparar com tal vulnerabilidade e complexidade.

A implantação deste modelo de atenção ao paciente de alta vulnerabilidade perpassa, ao mesmo tempo, as diferentes áreas de saber, segue por entre elas e vai para além, propondo uma prática reorganizadora dos cuidados primários de saúde. Ao compartilhar um trabalho em rede, a área de saúde se propõe a uma estratégia mais eficaz no enfrentamento dos fenômenos do intricado processo de saúde-doença.

Como superar a ação focada em resultados, a expectativa de uma resposta pronta e imediata ao problema apresentado? Em casos de alta vulnerabilidade será possível ter uma única resposta estabelecida numa relação causa-efeito? Atender a estes pacientes não é o mesmo que realizar um procedimento cirúrgico, extirpando o mal que o assola. Então, como cuidar do adoecimento do sujeito inserido em sua realidade tão sofrida?

Nas discussões e reflexões, decorrente da experiência que os casos

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proporcionaram às equipes, foi possível perceber que a construção de uma rede de cuidados requer a superação do modelo técnico-assistencial. Atender as necessidades de saúde de uma pessoa ou da população instiga a adentrar a outras dimensões, na busca de um processo de mudança.

Configurar uma rede de atenção induz a enfrentar grandes desafios. Não se pode esperar uma única resposta. A resolubilidade pede por uma elaboração de um PTS amplo e estratégico para o enfrentamento de assistência à saúde e ainda de adequar às reais necessidades da população.

O caminho para compor um sistema de saúde resolutivo e acolhedor não descarta a necessidade de consultas com médicos especialistas, de atendimentos com outros profissionais da saúde, de procedimentos diagnósticos e terapêuticos e de internações hospitalares. Mas, a construção das relações interpessoais e interdisciplinares precisa ser acalorada.

A responsabilidade pelos cuidados não é tarefa para um único setor. A co-responsabilidade abarca não só as Equipes Saúde Família / NASF, o envolvimento das famílias e da comunidade, como também a possibilidade de compartilhar os cuidados com os diversos serviços de saúde e demais setores públicos. Criar as condições para a co-responsabilidade implica que os profissionais envolvidos possam se apropriar de suas atribuições, refletir sobre sua capacidade de resolução de problemas, abrirem-se às novas possibilidades de parcerias, compreender e respeitar cada um dos níveis assistenciais.

5 - Considerações finais.

O modelo de sistema de saúde técnico-assistencial, centralizado e hierarquizado por níveis de complexidade, não corresponde mais a realidade vivida pelos profissionais de saúde da atenção básica. A demanda dos problemas apresentados pela população pede por uma gestão de cuidados com uma maior coordenação das ações. Parece importante buscar mais recursos físicos, tecnológicos e humanos que possam contemplar as questões de vulnerabilidade e complexidade dos processos de adoecimento? ou vida que adoecem? É importante incrementar a “conversa” entre as instituições e os diferentes serviços de saúde. A parceria com outros serviços públicos, a consolidação da intersetorialidade, pode beneficiar o projeto de cuidados do paciente. Tudo isso está sendo construído, ao mesmo tempo em que trilhado, pelos protagonistas da atenção em saúde.

ANEXO 2

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Referências Bibliográficas (sugeridas para consulta).

1 - ROCHA, E.E.; SHIMIZU, P.N.; BARRALES, L.M. Estágio de terapia ocupacional no programa da saúde da família: reflexões sobre uma parceria didático-assistencial entre o REATA/USP e o PSF/QUALIS-SP. Rev. Ter Ocup Univ. São Paulo, v. 13, n. 3, p.104-10, set./dez. 2002.

2 - ALMEIDA, M.C.; TISSI, M.C.; OLlVER, EC. Deficiências e atenção primária em saúde do conhecimento à invenção. Rev. Ter. Ocupo Univ. São Paulo, v.ll, n.l, p.33-42, jan/abr., 2000.

3 - ALMEIDA, M.C.; OLIVER, F.C. Abordagens comunitárias e territoriais em reabilitação de pessoas com deficiências: fundamentos para a Terapia Ocupacional IN: DE CARLO, M.M.R.P.; BARTALOTTI, C.C. (Orgs.). Terapia Ocupacional no Brasil: fundamentos e.

4 - BERGER, P.L.E.; LUCKMANN, T.A. Construção Social da Realidade: tratado de sociologia do conhecimento. 17ª. ed. Petrópolis: Vozes, 1999.

5 - Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria Executiva. Subsecretaria de Planejamento e Orçamento. Sistema de planejamento do SUS (PlanejaSUS): instrumentos básicos.

6 - BRONFMANN, M.; GLEIZER, M. Participacion Comunitaria: Necessidad, Excusa o Estrategia? O de que hablamos cuando hablamos de participación comunitaria. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 10, n. 1, p. 111 a 122, jan/mar, 1994. Sites e textos.

7 - Coordenação Geral de apoio à gestão descentralizada. Diretrizes operacionais dos pactos pela vida: em defesa do SUS e de Gestão. / (Série Normas e Manuais Técnicos, Vol. 1) Brasília, 2006.

8 - HARZHEIM, E. Coordenador: Inovando o papel da Atenção Primária nas Redes de Atenção à Saúde: Resultados do Laboratório de Inovação em quatro capitais brasileiras. Série técnica para os gestores do SUS sobre redes integradas de atenção à saúde baseadas na APS, n. 3. Brasília DF. 2011.

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IV - APÊNDICE

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Cartilha de Apoio para a Inserção de Terapeutas Ocupacionais nos Programas e ServiçosPúblicos de Saúde e Assistência Social.

Realização Câmara Técnica Sócio-Sanitária - Crefito 3:• Adriana Fernandes - Fisioterapeuta• Caroline Firmino Pierini - Fisioterapeuta• Fernanda Laís Ribeiro - Terapeuta Ocupacional• Adriana Oliveira - Fisioterapeuta• Luany Maldonado Orsi - Terapeuta Ocupacional• Nelsilene do Amaral - Fisioterapeuta- Coordenação: • Susilene Maria Tonelli Nardi – Terapeuta Ocupacional• Jonatas da Silva Souza - Fisioterapeuta

ApresentaçãoEssa Cartilha foi idealizada e construída com o propósito de

selecionar quais as leis, resoluções e programas do Ministério da Saúde e do Ministério da Assistência Social que contemplam a inserção dos profissionais nos serviços públicos.

A Cartilha foi finalizada em 2017 pela Câmara Técnica Sócio Sanitária (CTSS) do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional de Terceira Região - Crefito 3.

Nessa Cartilha, os profissionais já vinculados ao serviço público, poderão se apropriar do regimento dos programas e verificar as atribuições do Terapeuta Ocupacional em cada programa implantado em seu município. Há também a possibilidade de, com a cartilha em mãos, Terapeutas Ocupacionais, Fisioterapeutas e a própria população, sensibilizarem os gestores para a implantação dos programas em seu município e ou reivindicar a melhoria dos serviços e a contratação de profissionais para garantir mais qualidade no atendimento à população.

Cabe aqui ressaltar que o Terapeuta Ocupacional tem uma inserção e ação muito ampla na Assistência Social e compõe juntamente com

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outros profissionais, a equipe do Programa Consultório na Rua, o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), o Centro de Referência Especializado em Assistência Social (CREAS) e os projetos de Proteção Social Especial.

Esperamos que esta Cartilha sirva de base para juntos construirmos uma rede pública de atenção mais eficiente nas propostas e efetiva nos resultados.

Cartilha disponível em: http://www.crefito3.org.br/dsn/pdfs/manuais/Cartilha_Elaboracao_

de_Projetos_Captacao_de_Recursos_Final_Expansao.pdf

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Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde – CIF:Considerações para Terapeutas Ocupacionais.

Adriano Conrado Rodrigues

Esse capítulo têm como objetivo mostrar a CIF de forma simples e aplicada, em consonância com o universo da Terapia Ocupacional, e assim despertar o interesse, bem como dar subsídios para que o profissional se aproprie, e passe a empregar a CIF em sua rotina profissional, aprofundando seus estudos, na medida de sua necessidade.

Aproprie-se, e bons estudos!

1 - Apresentação.

Assim como o médico estabelece o diagnóstico clínico de doenças, distúrbios ou outras condições de saúde, determinando o código CID-10 (Classificação Internacional de Doenças – Décima revisão), O Terapeuta Ocupacional estabelece o diagnóstico funcional e incapacidades associadas aos estados de saúde, determinando o código CIF. Essas duas classificações quando combinadas, podem determinar maior acertividade nas condutas e gerar evidência para o monitoramento da saúde da população.

A CIF (assim como a CID-10) pertence à “família” das classificações internacionais desenvolvidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para aplicação em vários aspectos da saúde. Dessa forma, fornece um sistema para a codificação de uma ampla gama de informações, e possibilitando uma linguagem comum padronizada, que permite sobretudo a comunicação universal para uma atenção adequada à saúde. Conforme a nomenclatura, temos os seguintes conceitos teóricos:

Funcionalidade é um termo que abrange todas as funções do corpo, atividades e participação;

Incapacidade é um termo que abrange deficiências, limitação de

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atividades ou restrição na participação.A CIF também relaciona os fatores ambientais, na interação com

esses conceitos.Como resultado, a CIF permite ao profissional o registro de perfis úteis

da funcionalidade, incapacidade e saúde dos indivíduos em vários domínios.A adentrar no universo da CIF, três aspectos me chamam a atenção:

primeiro, a similaridade dos constructos da CIF, com os Constructos da própria Terapia Ocupacional; segundo, a importância de se estabelecer uma linguagem universal, e a uniformidade de nomenclaturas e termos para caracterizar o diagnóstico funcional; e terceiro, a própria estrutura e objetividade da classificação, quando a consideramos como instrumento, uma vez que a classificação depende da avaliação. E nesses aspectos, conduzirei a discussão a seguir.

Tabela 1. Uma visão geral da CIF

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2 - CIF - Conceitos teóricos / Constructos (componentes).

DEFINIÇÕES• Funções do corpo são as funções fisiológicas dos sistemas

orgânicos (incluindo as funções psicológicas). • Estruturas do corpo são as partes anatómicas do corpo, tais como,

órgãos, membros e seus componentes. • Deficiências são problemas nas funções ou nas estruturas do

corpo, tais como, um desvio importante ou uma perda. • Atividade é a execução de uma tarefa ou acção por um indivíduo. • Participação é o envolvimento de um indivíduo numa situação

da vida real. • Limitações da atividade são dificuldades que um indivíduo pode

ter na execução de actividades. • Restrições na participação são problemas que um indivíduo pode

enfrentar quando está envolvido em situações da vida real • Factores ambientais constituem o ambiente físico, social e

atitudinal em que as pessoas vivem e conduzem sua vida.• Fatores pessoais são o histórico particular da vida e do estilo

de vida de um indivíduo e englobam as características do indivíduo que não são parte de uma condição de saúde ou de um estado de saúde. Esses factores podem incluir o sexo, raça, idade, outros estados de saúde, condição física, estilo de vida, hábitos, educação recebida, diferentes maneiras de enfrentar problemas, antecedentes sociais, nível de instrução, profissão, experiência passada e presente, (eventos na vida passada e na actual), padrão geral de comportamento, carácter, características psicológicas individuais e outras características, todas ou algumas das quais podem desempenhar um papel na incapacidade em qualquer nível. Os factores pessoais não são classificados na CIF. No entanto, eles contribuem com fatores que podem influenciar os resultados das várias intervenções.

Em acordo com as definições acima, a CIF se organiza basicamente em duas partes, cada uma com dois componentes:

Parte 1. Funcionalidade e Incapacidade (a) Funções do Corpo e Estruturas do Corpo (b) Actividades e Participação

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Parte 2. Factores Contextuais (c) Factores Ambientais (d) Factores Pessoais

Cada componente pode ser expresso em termos positivos e negativos.Cada componente contém vários domínios e em cada domínio há

várias categorias, que são as unidades de classificação. A saúde e os estados relacionados com a saúde de um indivíduo

podem ser registados através da selecção do código ou códigos apropriados da categoria e do acréscimo de qualificadores, códigos numéricos que especificam a extensão ou magnitude da funcionalidade ou da incapacidade naquela categoria, ou em que medida um factor ambiental facilita ou constitui um obstáculo.

Na figura abaixo, observamos a Atividade como centro do processo de interação entre os componentes da CIF, onde todos os componentes têm o potencial de modificar um ou mais elementos.

Fig 1. Interação entre os componentes da CIF.

3 - CIF - Linguagem Universal.

Nesse tópico, cito a CIF como uma referencia de linguagem técnica, e não somente de classificação. Se apropriar da CIF, possibilita ao terapeuta ocupacional se apropriar de suas terminologias, e assim utilizá-las em acordo com sua prática.

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Na tabela abaixo (dos ítens candidatos para uma tabela mínima - CIF) vemos bons exemplos, onde inclusive caberá ao profissional mensurar o desempenho nessas áreas, para dados de classificação:

Tabela 2. Dados da CIF sugeridos como mínimos e ideais para sistemas de informação de saúde ou para inquéritos de saúde.

Como podemos observar nos itens da tabela, uma vez avaliada e detectada uma alteração de desempenho em uma determinada área ou domínio, caso esteja dentro das prerrogativas profissionais isso passa a ser objetivo de tratamento. Nesse processo, outras avaliações podem ser associadas em acordo com a necessidade, direcionando a condutas e abosdagens específicas.

4 - CIF - Estrutura e Objetividade da Classificação.

4.1 - Processo de Classificação.A CIF utiliza um sistema alfanumérico no qual as letras b, s, d e e são

utilizadas para indicar Funções do Corpo, Estruturas do Corpo, Actividades e

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Participação e Factores Ambientais. Essas letras são seguidas por um código numérico que começa com o número do capítulo (um dígito), seguido pelo segundo nível (dois dígitos) e o terceiro e quarto níveis (um dígito cada).

Para exemplificar o processo de classificação, vou escolher um domínio que a Terapia Ocupacional têm grande proximidade, inclusive como prerrogativa: Auto cuidados.

Primeiro Nível:Atividades e Participação Capítulo 1 Aprendizagem e aplicação do conhecimento Capítulo 2 Tarefas e exigências gerais Capítulo 3 Comunicação Capítulo 4 Mobilidade Capítulo 5 Auto cuidados Capítulo 6 Vida doméstica Capítulo 7 Interacções e relacionamentos interpessoais Capítulo 8 Áreas principais da vida Capítulo 9 Vida comunitária, social e cívica

Segundo Nível:Atividades e ParticipaçãoCapítulo 5 Auto cuidadosd510 Lavar-se d520 Cuidar de partes do corpo d530 Cuidados relacionados com os processos de excreção d540 Vestir-se d550 Comer d560 Beber d570 Cuidar da própria saúde d598 Auto cuidados, outros especificados

4.2 - Classificação detalhada com definiçõe:Ex. Capítulo 5 Auto cuidados Este capítulo trata dos auto cuidados como lavar-se e secar-se,

cuidar do corpo e de partes do corpo, vestir-se, comer e beber e cuidar da própria saúde

d510 Lavar-se Lavar e secar todo o corpo, ou partes do corpo, utilizando água e produtos ou métodos de limpeza e secagem

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apropriados, como por exemplo, tomar banho em banheira ou chuveiro, lavar mãos e pés, cara e cabelo; e secar-se com uma toalha Inclui: lavar partes do corpo, todo o corpo; e secar-se

Exclui: cuidar de partes do corpo (d520); cuidados relacionados com os processos de excreção (d530)

d5100 Lavar partes do corpo aplicar água, sabão e outras substâncias a partes do corpo com o objectivo de as limpar, como por exemplo, mãos, cara, pés, cabelo ou unhas

d5101 Lavar todo o corpo aplicar água, sabão e outras substâncias a todo o corpo com o objectivo de o limpar, como por exemplo, tomar um banho de banheira ou um duche

d5102 Secar-se usar uma toalha ou outros meios para secar alguma parte ou partes do corpo, ou todo o corpo, como por exemplo, após ter-se lavado

d5108 Lavar-se, outro especificado d5109 Lavar-se, não especificado

4.3 - Inserção dos qualificadoresOs códigos da CIF só estão completos com a presença de um

qualificador, que indica a magnitude do nível de saúde (por exemplo, gravidade do problema). Os qualificadores são codificados com um, dois ou mais dígitos após um ponto separador. A utilização de qualquer código deve ser acompanhada de, pelo menos, um qualificador. Sem eles, os códigos não têm significado.

Assim, o primeiro qualificador das Funções e Estruturas do Corpo, os qualificadores de desempenho e capacidade (para Actividades e Participação), e o primeiro qualificador dos Factores Ambientais, descrevem a extensão dos problemas no respectivo componente.

Todos os três componentes classificados na CIF (Funções e Estruturas do Corpo, Actividades e Participação e Factores Ambientais) são quantificados através da mesma escala genérica:

NÃO há problema (nenhum, ausente, insignificante) 0-4%Problema LIGEIRO (leve, pequeno, ...) 5-24%Problema MODERADO (médio, regular, ...) 25-49%Problema GRAVE (grande, extremo, ...) 50-95%Problema COMPLETO (total, ...) 96-100%Não especificadoNão aplicável

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4.3.1 - Quando se deve usar o qualificador de desempenho e o qualificador de capacidade.

Qualquer um dos qualificadores pode ser utilizado para cada uma das categorias das listas. No entanto, as informações transmitidas são diferentes em cada caso.

Quando ambos os qualificadores são utilizados, o resultado é uma agregação de dois constructos, i.e.:

d4500. 2 __ d4500.2 1 d4500. __ 1 Se apenas um qualificador é utilizado, o espaço não utilizado deve

ser deixado em branco. O código descrito com um qualificador, já valida a classificação,

e opcionalmente a partir dessa “matriz”, opcionalmente outros qualificadores podem ser associados.

Ainda referente aos qualificadores, a atualização da classificação ao longo do processo terapêutico e a observação clínica sobre a alteração dos valores, pode ser um excelente indicador da evolução do paciente.

5 - Considerações Finais

Há que se considerar o volume de informações contida na CIF. Por um lado, isso subsidia o profissional à um olhar integral ao indivíduo. Por outro, torna o instrumento complexo e pouco prático na aplicabilidade. Porém, com a prática na aplicação e conseqüente familiaridade a partir dessa prática, aplicar a classificação, bem como torná-la presente no processo terapêutico vai ficando mais fácil e rápido.

Idealizada e desenvolvida pela OMS, a CIF traz a confiabilidade desse órgão, que também norteia as “boas práticas” do SUS. Esse certamente é um dado que credencia a CIF como um instrumento de referência para a Terapia Ocupacional, que inclusive, dado o exposto acima, “conversa” com as políticas públicas de Saúde do Brasil.

E assim finalizo esse overview sobre a CIF e sua aplicação, sugerindo o aprofundamento nos estudos sobre a seus Componentes, Domínios e Constructos, bem como a sugestão de ter a CIF sempre a mão para consulta (no formato que lhe for mais conveniente), completo, como disposto para acesso no link abaixo.

Acesse a versão completa da CIF em:http://www.inr.pt/uploads/docs/cif/CIF_port_%202004.pdf

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APRESENTAÇÃOMINI-CURRÍCULOS DOS AUTORES/COLABORADORES, EM ACORDO COM A IDENTIFICAÇÃO NUMÉRICA EM SOBRESCRITO.

AUTOR E ORGANIZADOR

1. Adriano Conrado Rodrigues - Terapeuta Ocupacional.• Graduação – Pontifícia Universidade Católica de Campinas – PUCCAMP.• Especialização em Terapia da Mão – Associação dos Terapeutas Ocupacionais do Estado do Rio de Janeiro, 1998.• Mestre em Ciências da Reabilitação Neuromotora – Universidade Bandeirante de São Paulo/CAPES, 2005.• Vice-presidente do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Terceira Região - Crefito 3 (Gestão 2016-2020) - Sistema Coffito-Crefitos.• Professor Titular da Universidade de Sorocaba – UNISO, Curso de Terapia Ocupacional - 2003 à 2007. Disciplinas de Patologia Aplicada; Órteses, Próteses e Adaptações; Terapia Ocupacional em Saúde Física; Práticas Institucionais e Comunitárias; Estágio Profissional de Terapia Ocupacional em Saúde Física.• Preceptor da Primeira Residência Multiprofissional em Saúde da Família, Casa de Saúde Santa Marcelina / Universidade Santa Marcelina - Categoria Terapia Ocupacional - 2004.• Coordenador do curso de pós graduação lato sensu “Reabilitação Funcional do Membro Superior – Especialização em Terapia da Mão” – Universidade de Sorocaba / Conjunto Hospitalar de Sorocaba (2006, 2007).• Terapeuta Ocupacional (Concursado Público Estadual Efetivo) do Instituto de Medicina Física e Reabilitação – IMREA – HC – FMUSP (2008).• Autor de artigos em revistas científicas relacionadas a Neurociências e Reabilitação.• Consultor de Gestão em Saúde; Home Care; Empresário - 2008/dias atuais.• Sócio-Fundador da Associação Brasileira de Terapia Ocupacional Neuro-Traumato-Ortopédica (Abratoneto).

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AUTORES COLABORADORES

2. Ana Maria D. O. Belleza – Fonoaudióloga.• Especialização em Motricidade Oral – Disfagia. (Centro de Especialização de Fonoaudiologia Clínica – CEFAC).• Aprimoramento e Especialização em Cuidados Paliativos (Pinus Longæva Saúde e Educação).• Pós-graduanda em Saúde do Idoso (SES - SP - Telemedicina USP/HC).• Ex-Fonaudióloga do Programa Médico da Família – Serviço de Atendimento ao Acamado – Prefeitura Municipal de Sorocaba – SP. • Fonaudióloga na Prefeitura Municipal de Araçoiaba da Serra– SP. • Fonoaudióloga na Clínica de Fonoaudiologia de Sorocaba.• Membro integrante do Conselho do Idoso de Araçoiaba da Serra.• Membro integrante da ABRAZ - Associação Brasileira de Alzheimer.• Articuladora do NEPH (Núcleo de Educação Permanente) de Araçoiaba da Serra – SP.

3. Annie Betune Ramalhão – Terapeuta Ocupacional.• Especialista em Saúde Pública – Universidade Federal de São Carlos• Mestre em Ciências ênfase Ensino em Saúde – Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina.• Foi Professora Titular do Curso de Terapia Ocupacional da Universidade de Sorocaba.• Analista do Instituto Nacional do Seguro Social - Responsável Técnica pela Reabilitação Profissional Gerência em Piracicaba – SP.

4. Fábio Jakaitis – Fisioterapeuta.• Especialista em Fisiologia do Exercício – Extensivo, do Departamento de Fisiologia da Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina.• Fisioterapeuta do Hospital Israelita Albert Einstein.• Coordenador de curso - Pós Graduação em Terapia Aquática do Hospital Israelita Albert Einstein.

5. Gisele Pellegrini – Fonoaudióloga.• Especialista em Motricidade Oral – Centro de Especialização de Fonoaudiologia Clínica – CEFAC.• Foi Fonoaudióloga do Centro de Reabilitação Sagrado Coração de Jesus.• Aprimoramento em Saúde Coletiva e em Uti Neonatal.• Fonoaudióloga - Equipe NASF – Associação Saúde da Família.

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6. Luciane Garcia Corrêa Padovani – Terapeuta Ocupacional.• Curso de Habilitação em Equoterapia pela Associação Nacional de Equoterapia – ANDE - Brasília, DF – Brasil.• Especialização em Reabilitação aplicada a neurologia Infantil – Unicamp.• Coordenadora do Centro de Equoterapia Camaster – Itu, SP.• Home Care.

7. Marina Rodrigues Camargo – Terapeuta Ocupacional.• Especialização em Reabilitação Funcional dos Membros Superiores – Universidade de Sorocaba.• Curso Multiprofissional do Sono – Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina.• Foi Terapeuta Ocupacional da Casa de Saúde Santa Marcelina – Programa Saúde da Família – PSF.• Foi Terapeuta Ocupacional do SECONCI-SP• Terapeuta Ocupacional - Equipe NASF – Associação Saúde da Família.

8. Renata Aparecida Conejo – Terapeuta Ocupacional.• Especialista em Terapia Ocupacional em Saúde Mental, Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo.• Curso de Prótese pela OttoBock do Brasil.• Aluna especial na F.C.M. Universidade de Campinas – UNICAMP – Disciplina cursada: Tópicos de neurologia.• Terapeuta Ocupacional do Conjunto Hospitalar de Sorocaba – CHS.• Professora Titular do curso de Terapia Ocupacional da Sociedade Cultural e educacional de Itapeva - FAIT.

9. Sandra Helena Iglesias Cordeiro Leite – Fisioterapeuta.• Diretora Técnica/Administrativa da Clínica de Fisioterapia SHL.• Foi Membro da equipe da Área Técnica de Saúde da Pessoa com Deficiência – CODEPPS/Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo.• Foi Assessora Técnica de Reabilitação na Região Leste de São Paulo.

10. Renata Schoedler – Terapeuta Ocupacional.• Especialista em Reabilitação das mãos e Membros Superiores.• Foi Terapeuta Ocupacional do Instituto de Medicina Física e Reabilitação – HCFMUSP.• Foi Terapeuta da Mão do setor de Ortopedia do Hospital Israelita Albert Einstein.

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• Equipe de Cirurgia da Mão do Dr. Rames Mattar.

11. Daniel Marinho Cezar da Cruz – Terapeuta Ocupacional.• Mestre e Doutor em Educação Especial pela Universidade Federal de São Carlos -UFSCar.• Docente Adjunto do Departamento de Terapia Ocupacional e do Programa de Pós-Graduação em Terapia Ocupacional (Mestrado) da Universidade Federal de São Carlos - UFSCar.

12. Adriana Garcia Tosta Vieira – Fisioterapeuta.• Curso de Habilitação em Equoterapia pela Associação Nacional de Equoterapia – ANDE - Brasília, DF – Brasil.• Método Kabat.• Mobilização Neural.• Especialização em Reabilitação Aplicada a Neurologia Infantil – Unicamp.• Fisioterapeuta do Centro de Equoterapia Camaster.• Fisioterapeuta Hospital Vera Cruz de Campinas.• Home care.

13. Célia Aparecida Tomba – Psicóloga.• Curso de Habilitação em Equoterapia pela Associação Nacional de Equoterapia – ANDE - Brasília, DF – Brasil.• Psicóloga clínica.• Psicóloga do centro de Equoterapia Camaster.• Equoterapeuta na AMAI (Associação Amigos do Autista de Itu).

14. Eduardo Peres Honório – Educador Físico.• Curso de Habilitação em Equoterapia pela Associação Nacional de Equoterapia – ANDE - Brasília, DF – Brasil.• Educador Físico e Instrutor de Equitação do Centro de Equoterapia Camaster.• Educador Físico prefeitura de Salto, SP.

15. Marussia Fialho Hamsi Caridá – Psicopedagoga.• Curso de Habilitação em Equoterapia pela Associação Nacional de Equoterapia – ANDE - Brasília, DF – Brasil.• Psicopedagoga do centro de Equoterapia Camaster.• Psicopedagogia Clínica.

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16. Roberta Abduch Rolim Credidio – Terapeuta Ocupacional.• Especialista em Gerontologia pelo Centro Universitário São Camilo.• Especialista em Terapia da Mão pela Universidade de São Paulo. • Terapeuta Ocupacional do Instituto Central do Hospital das Clínicas, atuando em seu projeto de implantação. • Supervisora de estágio da universidade de São Paulo.

17. Daniela Nascimento Augusto – Terapeuta Ocupacional.• Especialista em Gerontologia pela Universidade Federal de São Paulo. • Terapeuta Ocupacional do Residencial Israelita Albert Einstein.• Supervisora do estágio da Universidade Federal de São Carlos.• Auxiliar coordenação da Pós Graduação em Gerontologia do Hospital israelita Albert Einstein.

18. Silvia Regina Rocha – Psicóloga. • NASF – Associação Saúde da Família.• Secretaria Estadual da Saúde (SES).

19. Maria Luiza Santa Cruz - Psicóloga.• Coordenadora de NASF pela Associação Saúde da Família (ASF).• Apoiadora da PNH (Política Nacional de Humanização).• Formadora de apoiadores institucionais da PNH na UP/SP Capital em dupla com Cristina Vicentin; Membro do Comitê do Pró-Saúde.• Ex-integrante da equipe de SM do PSF na FÓ/ Brasilândia e Casa Verde/Cachoeirinha/Limão de outubro/98 a novembro de 2008 (que se dissolveu com a chegada do NASF).

20. Walter Augusto Bahia Pereira – Médico Psiquiatra • Psicoterapia de Orientação Psicanalítica.• CAPS Infantil – Associação Saúde da Família.

21. Carmen Ligia Cucê Nobre – Médica Pediatra.• Médica Pediatra do NASF Silmarya, Associação Saúde da Família, desde 2009.• Médica generalista do Programa da Saúde da Família, Fundação Faculdade de Medicina, de 2002 a 2009.• Especialização em Medicina Antroposófica, pela Associação Brasileira de Medicina Antroposófica, a nível de pós-graduação latu senso, desde 2002.• Mestrado na área de Educação em Saúde, Universidade Paulista, em 1998.• Pediatra, Sociedade de Pediatria de São Paulo, desde 1979.

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22. Keila Raquel – Terapeuta Ocupacional.• NASF – Associação Saúde da Família.• CAPS Infantil – SPDM.

23. Janaína Eleutério Martins - Fonoaudióloga.• NASF – Associação Saúde da Família.• Aprimoramento em Linguagem - PUC SP.• Preceptora do Programa de Educação pelo Trabalho - PET Saúde.

24. Maria Luiza Rezende - Médica Homeopata.• NASF – Associação Saúde da Família.• Especialista pela Associação Médica Homeopática Brasileira - AMHB.

25. Viviane de Mancilha Lima - Fisioterapeuta.• NASF – Associação Saúde da Família.• Especialista em Fisioterapia Pediátrica - UNICID.

26. Luiza Franco - Assistente Social.• NASF – Associação Saúde da Família.• Secretaria Estadual da Saúde (SES).

27. Julia Hatakeyama Jóia - Psicóloga.• Pós-graduando da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - Tutor pelo Programa Pró-Saúde (Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde).

28. Adriano de Oliveira - Psicólogo.• Pós-graduando da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - Tutor pelo Programa Pró- Saúde (Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde).

29. Carolina Cimardi Becker - Terapeuta Ocupacional.• Experiência em Estimulação Precoce, Deficiência Intelectual, Autismo, grupos e atendimentos individuais.• Programa de Iniciação Científica em Deficiência Intelectual e Desenvolvimento na Primeira Infência.• Terapeuta Ocupacional do Caps II - Ibiúna/SP.• Pós Graduação em Terapia Ocupacional - Uma Visão Dinâmica em Neurologia.

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30. Cristina Maria Quaggio - Terapeuta Ocupacional.• Pós Graduação em Ciências, pela Coordenadoria de Controle de Doenças/SES (2005), com título de Mestre; • Doutoranda em Biologia Oral pela Universidade do Sagrado Coração. • Atualmente está como Conselheira Suplente no Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional- CREFITO 3 - Gestão 2016-2020.• Docente ( 2001- atual) e Coordenadora do Curso de Terapia Ocupacional ( 2010- atual) da Universidade do Sagrado Coração -Bauru. • Terapeuta Ocupacional do Instituto de Pesquisa Lauro de Souza Lima, na área de Hanseníase. • Especialização em Terapia Ocupacional, com ênfase em Terapia da Mão.

31. Jamile Cristina Albiero Silva - Terapeuta Ocupacional.• Especialização em Saúde Coletiva - USP.• Especialização em Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana - FIOCRUZ.• Atualmente trabalha na Saúde Mental, Assistência e Gestão de Serviços.

32. Mariane Aparecida Terssoni da Conceição - Terapeuta Ocupacional.• Especialização em Saúde Mental pela Universidade Dom Bosco (2015).• Atuou no processo da Desinstitucionalização da cidade de Sorocaba desde 2014. • Terapeuta Ocupacional do SUAS na APAE da cidade de Sorocaba.• Consultório particular.

33. Priscilla Regina Cordeiro - Terapeuta Ocupacional.• Mestre em Ensino em Ciências da Saúde pela UNIFESP/BS.• Aperfeiçoamento em Terapia Ocupacional em Saúde Mental pela USP (USP-HCRP).• Especialização em Formação de Preceptores para o SUS pela UNIFESP.• Colaboradora Externa na Câmara Técnica de Saúde Mental - CREFITO-3.• 2013-2015 Terapeuta Ocupacional em CAPS III.• 2015-2017 Gestora em CAPS III em São Bernardo do Campo/SP.• 2017 - Gestora em CAPS II no município de São Paulo.• 2014- 2017- Docente e tutora no Programa de Residência Multiprofissional e Psiquiatria no SUS - Município de São Bernardo do Campo.

34. Talita Cristina de Moraes - Terapeuta Ocupacional.• Especialização em Processos Educacionais na Saúde com Ênfase

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em Facilitação de Metodologias Ativas de Ensino-Aprendizagem pelo Instituto de Ensino e Pesquisa - Sírio Libanês.• Especialização em Ergonomia pela Universidade Gama Filho - UGF.• Terapeuta Ocupacional da Prefeitura Municipal de Sorocaba - SP.• Supervisora de Saúde na Equipe da Coordenação de Saúde Mental e Membro da Equipe de Desinstitucionalização de Sorocaba - SP (2014 - 2017)

35. Leonardo Costa Lima - Terapeuta Ocupacional.• Mestre em Gerontologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).• Assessor técnico da Saúde da pessoa idosa da Coordenadoria Regional de Saúde Oeste (São Paulo). • Experiência clínica, acadêmica e como palestrante em saúde mental, artes e gerontologia.• Integra o Laboratório Interinstitucional de Atividades Humanas e TO e o Laboratório de Estudos e Pesquisa Arte e Corpo e TO.

36. Sandra Volpi - Terapeuta Ocupacional.• Mestrado na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - UNESP - Botucatu (2009). • Atualmente é supervisora da Seção Técnica de Reabilitação - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - Hospital das Clinicas.• Terapeuta Ocupacional na Clinica Somatus. • Tem experiência na área de pesquisa e ensino do Conceito Bobath, Integração sensorial, Kinesiotaping, confecção de órteses para Membros Superiores e Tecnologia Assistiva.

37. Maria de Mello - Terapeuta Ocupacional.• Terapeuta Ocupacional, UFMG, 1990.• Pós-Doutora pela University of Florida em Tecnologia Assistiva e Educação à Distância, 2006• Doutora pela UNIFESP com ênfase em Tecnologia Assistiva e Geriatria, 1999.• Mestre em Ciências e Tecnologia Assistiva pela University of New York at Buffalo, 1995.• Especialista em Tecnologia Assistiva pela University of New York at Buffalo, 1994.• Especialista em Seating and Positioning – Adequação Funcional/Postural em Cadeira de Rodas pela University of New York at Buffalo, 1995.• Especialista em Economia da Saúde pela UNIFESP, 2002.• Ex-Fellow do Hospital Helen Hayes em Seating and Positioning, 1997.

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• Membro do Comitê de Tecnologia Assistiva da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, desde sua criação, 2006;• Consultora em Política Pública para Pessoas com Deficiência e Pessoas Idosas, desde 1996.• Diretora Científica da ABRIDEF – Associação Brasileira das Indústrias e Revendedores de Produtos e Serviços para as Pessoas com Deficiência, 2012.• Consultora Internacional em Tecnologia Assistiva, 1993.

38. Fábia Cilene Dellapiazza - Terapeuta Ocupacional.• Coordenadora clínica APAE Nova Odessa/SP 2000/2003.• Curso de especialização em MTC/Acupuntura reconhecida pelo COFFITO no CECIC – Piracicaba conclusão 2009.• Curso multidisciplinar em Fitoterapia pela Conbrafito – Conselho Brasileiro de Fitoterapia –SP ano conclusão 2010.• Conselheira Municipal da Saúde da Cidade Americana/SP período 2016/2020.

39. Cândida Luzzo - Terapeuta Ocupacional.• Especialização Órtese em Neuro-Ortopedia pela Universidade de São Paulo(2011)• especialização em Especialização em Terapia da Mão pela Universidade de São Paulo(2000). • Atualmente é Terapeuta Ocupacional da Hospital das Clínicas da Fmusp e Terapeuta Ocupacional do Fito Fisicoterapia S C Ltda.

40. Tatiani Marques - Terapeuta Ocupacional.• Atualmente é responsável pelo setor de terapia da Mão e Membro Superior - LMR- Clinica Ortopédica e terapeuta ocupacional do Instituto Lauro de Souza Lima. • Responsável pelo programa de aprimoramento profissional - PAP - área de Terapia Ocupacional na reabilitação física. • Tem experiência na área de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, com ênfase em Terapia Ocupacional e Terapia da Mão, atuando principalmente nos seguintes temas: órtese -terapia ocupacional, reabilitação, terapia da mão e hanseníase. • Realizou estágio de aperfeiçoamento na Philadelphia - EUA ( Philadelphia hand center) e Winnipeg - Canadá ( Health Science Centre), Chicago hand Center -Northwestern Hospital. • Professora Convidada da Pós Graduação em Reabilitação do membro

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Superior e Terapia da Mão: USP-SP , UFSCAR LAFATEC - SP, Inspirar RS e CURITIBA; Estácio de Sá - Rio de Janeiro/RJ.

41. Cíntia Schwab - Terapeuta Ocupacional.• Pós-graduada em Atendimento a Vítimas de Violência Doméstica pela PUC-Rio. • Formação em Entrevista Motivacional por treinadores oficiais do Motivational Interviewing Network of Trainers. • Formação em Integração Sensório-Motora pela Artevidade Terapia Ocupacional. Nos EUA, fez formação em Sensory Modulation & Trauma-Informed Care e em Weighted Blanket pelo Center for Human Development com Tina Champagne, em Sensorimotor Psychothetapy L1 pelo Sensorimotor Psychoterapy Institute e em Accelereted Experiential Dynamic Psychotherapy (AEDP) pelo AEDP Institute. • Atualmente, está em concluindo o nível 2 da Sensorimotor Psychotherapy em Barcelona-ES e da AEDP em Nova Iorque. • Atendimentos clínicos e treinamentos - Niterói-RJ.

42. Antonia Alice de S. Fonseca - Terapeuta Ocupacional.• Pós-Graduação em Terapia Ocupacional aplicada à Neurologia. • Experiência em Reabilitação Neuropediátrica, em avaliação e estimulação visual de crianças, por 5 anos na Associação de Assistência à Criança Deficiente – AACD. • Experiência em estimulação precoce e reabilitação/habilitação de pessoas com deficiência visual em Centro Especializado em Reabilitação (CER IV – São Bernardo do Campo). • Formação em Orientação e Mobilidade pelo Centro de Tecnologia e Inclusão/SP no ano 2017. • Participação em cursos de Avaliação Funcional da visão e Deficiência Visual Cortical.

43. Márcia Conceição Abbamonte - Psicóloga. • Especialização em Psicoterapia Breve pela Universidade Paulista em 2015. • Experiência em atendimento clínico de crianças, adultos, adolescentes e idosos (clínica particular e conveniada). • Psicóloga da Equipe de Reabilitação Visual do Centro Especializado em Reabilitação (CER IV – São Bernardo do Campo) desde fevereiro de 2016.

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44. Helenice de Oliveira - Pedagoga. • Técnica em Orientação e Mobilidade pela Fatec em 2011. • Curso de Extensão e Alteridade, Universidade Mackenzie, 2012. A Inclusão da criança com Surdocegueira e deficiência múltipla. • Pedagoga no atendimento educacional especializado com programa educacional individualizado, enfase na orientação e mobilidade. • Técnica em Orientação e Mobilidade da Equipe de Reabilitação Visual do Centro Especializado em Reabilitação (CER IV – São Bernardo do Campo) desde julho de 2017.

45. Evelyn Kirckov de Sousa - Terapeuta Ocupacional. • Curso Integração Sensorial - Infantil – 2010. • Curso - Atendimento à Criança com Deficiência visual: da avaliação funcional à inclusão escolar - 2017. • Curso Compreendendo as disfunções do processamento visual na integração sensorial em 2017. • Curso CIF- Classificação Internacional de Funcionalidade –2012. • Experiência como Terapeuta Ocupacional coordenadora de oficina e de voluntariado de setembro de 2007 a janeiro 2011 no Instituto Beneficente Paulo de Tarso. • Terapeuta Ocupacional na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de São Paulo (APAE) de agosto de 2011 a setembro 2014. • Terapeuta Ocupacional no Núcleo Educacional de março de 2012 a dezembro 2015. • Terapeuta Ocupacional na Clínica de Desenvolvimento Especializado de setembro de 2013 a maio de 2015. • Terapeuta Ocupacional da Reabilitação Visual no Centro Especializado em Reabilitação (CER IV – São Bernardo do Campo) desde maio de 2015.

46. Aide Mitie Kudo - Terapeuta Ocupacional.• Pós-graduação lato sensu em Administração em Serviço de Saúde/Administração Hospitalar pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (2000). • Supervisora de Serviço Hospitalar e coordenadora do Serviço de Terapia Ocupacional do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da FMUSP. • Implantou o Serviço de Terapia Ocupacional e a Brinquedoteca do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da FMUSP. • Participou do Multi-professional Master Class in Children´s Palliative Care organizado pela International Children s Palliative Care Network / ICPCN.

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• Faz parte do Grupo Técnico de Humanização do Instituto da Criança, do Núcleo Técnico e Científico de Terapia Ocupacional do Hospital das Clínicas FMUSP e do Núcleo Técnico de Cuidados Paliativos do Hospital das Clínicas da FMUSP. • Autora dos livros Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional em Pediatria Ed. Sarvier e O Hospital pelo Olhar da Criança pela editora Yendis. • Tem experiência na área de Terapia Ocupacional em contexto hospitalar pediátrico e cuidados paliativos.

47. Mônica Estuque Garcia Queiroz - Terapeuta Ocupacional.• Experiência na área de Terapia Ocupacional, a nível público e privado, com ênfase em Cuidados Paliativos (CP), Unidade de Terapia Intensiva (UTI), Atendimento Domiciliar e Pacientes crônicos. • Coordenadora do NùcIeo Integrado de Cuidados Paliativos - domiciliar e hospitalar do Instituto de Infectologia Emilio Ribas (SP) há 13 anos. • Terapeuta Ocupacional do Hospital TotalCor, com atuação direcionada para a UTI junto a pacientes crônicos, em CP e internação prolongada. • Proprietária e responsável técnica da Empresa TOCare..• Consultora técnica do Programa Nacional DST/AIDS em Cuidados Paliativos em AIDS, do Ministério da Saúde do Brasil (2001-2006). • Palestrante em cursos, simpósios e congressos na área de Terapia Ocupacional em Cuidados Paliativos e UTI.. • Co-organizadora do livro Dor e Cuidados Paliativos - Terapia Ocupacional e Interdisciplinariedade, além de outras publicações em livros e periódicos. • Especialização em Pedagogia e Didatica do Ensino Superior. • Docente do Instituto Paliar; Docente do Curso de Terapia Ocupacional do Centro Universitário Padre Anchieta (Jundiaí - SP) e supervisora de estágio na área hospitalar e clínica (2008~2013); Docente da disciplina optativa Terapia Ocupacional em dor e cuidados paliativos no Centro Universitário São Camilo (2009 e 2011); Docente da especialização em Contextos Hospitalares em Terapia Ocupacional da USP-RP no módulo de infectologia e dor e cuidados paliativos; Docente responsável pelo curso de extensão “Dor e cuidados paliativos” do UniAnchieta (2010 e 2011). • Colaboradora na Associação Viva e Deixe Viver na formação de voluntários quanto ao Processo de Morrer - lidando com as perdas. • Sócia-funddadora e membro da diretoria (1a secretária) da Associação Científica de Terapia Ocupacional em Contextos Hospitalares e Cuidados Paliativos.

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• Vice- Presidente da ATOESP ( Associação de Terapeutas Ocupacionais do Estado de São Paulo / gestão 2013-2016).

48. Carolina Maria do Carmo Alonso - Terapeuta Ocupacional.• Mestrado em Ciências da Saúde pela Faculdade de Medicina da USP (2009). • Doutoranda do Programa de Engenharia de Produção da COPPE-UFRJ no Brasil em co-tutela com o Institut d’Etudes du Travail de Lyon na École doctorale Sciences Sociales da Université Lumière Lyon 2 - França. • Professora assistente do Departamento de Terapia Ocupacional da UFRJ e integra os grupos de pesquisa: Desenvolvimento de Produtos e Processos (COPPE - UFRJ) e Trabalho, Tecnologia e Organização (Dept. de Engenharia de Produção da POLI-USP). • Experiência de pesquisa e docência em Terapia Ocupacional com ênfase em Ergonomia e Saúde do Trabalhador, Trabalho em Equipe Multiprofissional, Estratégia Saúde da Família, Atenção Básica, formação para o SUS e reabilitação na atenção primária.

49. Renata Rocha - Fisioterapeuta. • Especialização em fisioterapia respiratória e Acupuntura. • Fisioterapeuta especialista em acupuntura . • Conselheira suplente do Crefito 3 / SP.• Coordenadora do CERVI - São Bernardo do Campo.

50. Gisele Monnerat Tardin - Terapeuta Ocupacional. •, Atua como Terapeuta Ocupacional na Equipe de Reabilitação Profissional no INSS de São Bernardo do Campo, desde 2008.

51. Caio Cesar Benetti Filho - Médico.• Docente da Universidade do Oeste Paulista. • Experiência em Neuropediatria e atua em Neuropediatria.

52. Patricia Leite de Oliveira - Terapeuta Ocupacional.• Gestora na empresa Maxximiza Consultoria em Inclusão e Acessibilidade.• Coordenadora de RH e Treinamentos sendo responsável por Recrutamento e seleção de pessoas com deficiência e de pessoas sem deficiência, treinamento e capacitação de pessoas com deficiência, sensibilização para a convivência com pessoas com deficiência, gestão de pessoas com deficiência, mapeamento de cargos, mapeamento de acessibilidade, participação em projetos de acessibilidade,

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acompanhamento pós colocação de pessoas com deficiência, programas internos de inclusão e diversidade, conhecimento das legislações vigente sobre a inclusão de pessoas com deficiência em vários segmentos. • Atendimento ao cliente com deficiência, suporte para estratégias em marketing na atração e na valorização do consumidor com deficiência.• Conhecimento em áudio-descrição e língua brasileira de sinais.

53. Patrícia Luciane Santos de Lima- Terapeuta Ocupacional.• Pós Graduada Lato Sensu em Deficiência Visual (1998).• Pós Graduada Lato Sensu em Deficiência Física (1998).• Mestre em Psicologia da Infância e da Adolescência pela Universidade Federal do Paraná (2004). • Ocupou o Cargo de Chefe do Serviço de Terapia Ocupacional do Hospital de Clínicas da UFPR de 2000/2004, e de 2008/2012.• Vasta experiência em Saúde do Trabalhador, atuando como Perita Judicial em diversos Processos e Varas, em todo âmbito Estadual, desde 2001. • Participou da Comissão de Implantação do Curso de Terapia Ocupacional Da Universidade Federal do Paraná 1998/2000 e da Comissão de Estudos e Acompanhamento do Projeto Pedagógico do Curso de Terapia Ocupacional da Universidade Federal do Paraná 2000/2003. • Foi Colaboradora na Comissão de Educação do Crefito 8 Gestão 2002/2006.• Conselheira Efetiva do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 8 ª Região - Crefito 8 - Gestão 2006/2010, integrante da Comissão de Ética e Deontologia. • Empossada Conselheira Federal Efetiva do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional - COFFITO - Gestão 2012/2016. • Eleita Vice Presidente do Conselho Federal De Fisioterapia e Terapia Ocupacional COFFITO - Gestão 2016/2020. • Atualmente é Terapeuta Ocupacional da Universidade Federal do Paraná, atuando no Âmbito Assistencial em saúde mental no Hospital de Clínicas, na Preceptoria da Residência em Saúda Mulher e na Supervisão Técnica do Serviço de Terapia Ocupacional, desde 2012.

54. Luis Ferreira Monteiro Neto - Fisioterapeuta / Educador Físico.• Especialista em Bases fisiológicas e biomecânicas do exercício Físico.• Especialista em Fisioterapia do trabalho - Coffito.• Mestre em Engenharia Biomédica.• Doutor em Ciências da Saúde.

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• Docente das Faculdades Integradas Padre Albino - FIPA.• Formação Internacional em IASTM e Crochetagem Mio-aponeurótica de Ekman.• Idealizador do Método Myofascial Release.

55. Priscila Blasquez da Costa Leite - Terapeuta Ocupacional.• Especialista em Terapia da Mão pelo Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – FM/USP (2016). • Mestranda em Saúde Pública, ênfase em Saúde, Trabalho e Ambiente pela Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca da Fundação Oswaldo Cruz – ENSP/FIOCRUZ. • Experiência em Terapia Ocupacional na Reabilitação Física, Terapia da Mão, Saúde do Trabalhador e Ergonomia. • Atualmente, é Professora Substituta do Departamento de Terapia Ocupacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro - DTO/UFRJ. Ministra a disciplina optativa de Terapia Ocupacional em Membros Superiores, supervisiona estágio no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho – HUCFF/UFRJ e na Coordenação de Políticas de Saúde do Trabalhador – CPST/UFRJ.

56. Fernando Vicente de Pontes - Terapeuta Ocupacional.• Mestre em Ciências pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo• Especialista em Terapia da Mão e Reabilitação do Membro Superior pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo• Capacitado em Confecção e Manutenção de Órteses e Próteses para Membros Inferiores e Adequação Postural em Cadeiras de Rodas pelo Ministerio da Saúde / Sorri Bauru• Terapeuta Ocupacional do Grupo de Mão e Micro-cirurgia e Reimplantes do IOT - HC - FMUSP• Docente do curso de especialização em Terapia da Mão e Reabilitação do Membro Superior EEP - HC - FMUSP• Supervisor do Programa de Aprimoramento Profissional de Terapia Ocupacional em Traumato-Ortopedia EEP - HC - FMUSP• Membro titular e secretario (gestão 2018-2019) da Sociedade Brasileira de erapia da Mão e do Membro Superior.

57. Otávio Augusto Folha - Terapeuta Ocupacional.• Professor da Faculdade de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da

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Universidade Federal do Pará. • Especialista em Docência da Educação Superior pela UEPA. • Mestre em Neurociências e Biologia Celular pela Universidade Federal do Pará. • Doutorando em Terapia Ocupacional pela Universidade Federal de São Carlos. • Membro do Grupo de Pesquisa Laboratório de Estudos em Ciência da Ocupação/ CNPQ, apresentando interesse de pesquisa na área de fundamentos da Terapia Ocupacional, Ciência da Ocupação, Atenção Primária em Saúde, Neuroplasticidade, entre outros.

58. Alessandro Rodrigo Pedroso Tomasi - Terapeuta Ocupacional.• Especialização em Saúde Pública pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (2008).• Mestrado em Biociências e Saúde, com ênfase em políticas de saúde, pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (2013). • Doutorando em Estudos do Lazer pela Universidade Federal de Minas Gerais (início em 2015).

59. Bruno Souza Bechara Maxta - Terapeuta Ocupacional.• Mestre em Saúde Pública pela Escola Nacional de Saúde Pública/Fundação Oswaldo Cruz (2007). • Possui Residência em Saúde da Família e Comunidade pela Universidade Federal de São Carlos (2009), sendo Espelialista em Terapia Ocupacional na Saúde da Família pelo Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (2012). • Tem experiência no campo da Saúde Coletiva e no campo da Economia Solidaria. • Docente do curso de Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

60. Rachel Azulay Leite - Terapeuta Ocupacional.• Artista plástica desde 1995.• Arteteeducadora, tendo lecionado em escola particular e oficinas de arte pelo SESC, prefeitura e Estado.• Desenvolveu um trabalho especial em brinquedo sucata.• Empreendedora na área de artesanato e ministra cursos.• Capacitação em Arteterapia pela Vivare, iniciou formação pelo ateliê Cláudia Brasil e Pós Graduação em Arteterapia pela Censupeg.• Desenvolve trabalho em saúde mental e estimulação cognitiva

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utilizando as atividades expressivas como principal ferramenta, em atendimento particular e com as famílias de crianças com distúrbios de desenvolvimento neuromotor na Casa de Apoio Ninar (SUS).

61. Márcia de Souza Rodrigues - Terapeuta Ocupacional. • Especialista em Saúde Mental. • Especialista em Didática Universitária.

62. Ângela Maria Cecim de Souza Castro Lima - Terapeuta Ocupacional.• Residência em Terapia Ocupacional pela AACD de São Paulo em 1998.• Vice-presidente do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Décima Sexta Região - Crefito 16.• Especialista em Psicomotricidade pela Universidade do Estado do Pará em 2001.• Preceptora da Residência Multiprofissional do Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão - HU UFMA.• Hospital Universitário Materno Infantil pela EBSERH e no Hospital Municipal de Urgência e Emergência Djalma Marques. (atual)

63. Lídia Seade Vieira Maia - Terapeuta Ocupacional.• Especialista em Psicomotricidade pela Universidade do Estado do Pará. • Sócia e fundadora da empresa Porthal Holístico Centro de Terapias Complementares, desde 2007. • Mestra em Reiki nos sistemas: Tradicional Usui e Tibetano, Karuna Reiki®, Seikim, Isis Seikim e Osho. • Colunista na Revista Troppo do Jornal “O Liberal” com a coluna “Estilo zen”, de Setembro/2008 a Abril/2013. • Professora de Terapias Holísticas no CESEP (2005/2009) e na Faculdade Ipiranga. • Consultora de Xuan Kong Feixin Feng Shui, Numerologia Pitagórica, Radiestesista e Radiônica. • Terapeuta nas modalidades: Meditação, Qi Gong, Cromoterapia, Florais, Massoterapia Ayurvédica, Oriental e Shiatsu.

64. Maria de Nazareth Mendes - Terapeuta Ocupacional.• Mestre em Saúde Materno Infantil, Universidade Federal do Maranhão – UFMA.• Especialista em Desenvolvimento Humano e Reabilitação, Universidade Federal de Pernambuco -UFPE.

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• Especialista em Gestão Empresarial, pela Faculdade Santa Terezinha-CEST.• Especialista em Administração dos Serviços de Saúde- UNAERP.• Mestre no Sistema Reiki Tradicional Usui e Tibetano – Nível 3.• Ministrante de cursos de Shantala.• Docente do Curso de Terapia Ocupacional da Faculdade Santa Terezinha – CEST (1998 a 2010).• Atualmente Diretora Acadêmica da Faculdade Santa Terezinha – CEST.• Atua em Terapia Ocupacional com Consultorias, Atendimento Domiciliar e Consultório.

65. Socorro de Maria Castro - Terapeuta Ocupacional.• Mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Federal do Maranhão – UFMA.• Especialista em Metodologia do Ensino Superior –UFMA.• Especialista em Desenvolvimento Humano e Reabilitaçao-UFPE.• Ministrante de cursos de Shantala.• Mestre no Sistema Reiki Tradicional Usui e Tibetano –Nível 3.• Principais aperfeiçoamentos: Neurodesenvolvimento BOBATH, BABY COURSE , Facilitação Neuromuscular – KABAT, Integração Sensorial (em desenvolvimento).• Terapeuta Ocupacional da Uti neonatal do Hospital Universitário Materno Infantil de Sao Luís – MA (2002 a 2010).• Docente do Curso de Terapia Ocupacional e Coodenadora para o Desenvolvimento dos Estágios da Faculdade Santa Terezinha – CEST (2001 a 2010).• Participou como monitora da capacitação em Atençao Humanizada ao Recém Nascido de Baixo Peso – Metodologia Canguru.• Atualmente mora em Tenerife na Espanha, atuando como consultora e ministrando cursos de formação para Terapeutas Ocupacioanais das UTI neonatais.• Autora do livro: Organização Neurocomportamental do bebê prematuro na UTI neonatal.

66. Fernanda Cristina Ferreira de Camargo - Fisioterapeuta.• Fisioterapeuta da Liga Nacional do Sono. • Atuou como Fisioterapeuta no Hospital Terciario em Itapecerica da Serra. • Atuou como Fisioterapeuta no Hospital e Maternidade São Luiz.• Atuou como Fisioterapeuta no Hospital do Servidor Público Estadual.• Diretora executiva da Physical Care.

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67. Evelin Cristina Cadrieskt Ribeiro Mello - Terapeuta Ocupacional.• Mestrado em Bioengenharia pelo Programa Interunidades Escola de Engenharia de São Carlos / Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto / Instituto de Química de São Carlos da Universidade de São Paulo. • Experiência de atuação no campo da saúde mental como coordenadora de oficinas terapêuticas voltada para deficientes intelectuais. e experiência de atendimentos de crianças com transtornos mentais no Centro de Atenção Psicossocial Infantil de Guarulhos. • Trabalhou como terapeuta ocupacional no Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. • Foi membro fundadora da Associação Beneficente Amigos da Arca de Sorocaba, na qual atuou como coordenadora administrativa de projeto de inclusão de pessoas com deficiência intelectual. • Atualmente é docente do curso de Terapia Ocupacional da Universidade de Sorocaba, ministrando as disciplinas de Desenvolvimento Adulto, Próteses, Órteses e adaptações e Práticas em terapia ocupacional IV.

68. Vanessa Ferracini - Fisioterapeuta.• Supervisora assistencial na Physical Care, São Paulo: Unidades Jardins e Itaim Bibi. • Especialista em RPG. • Especialista em Quiropraxia.

69. Ana Rita Costa de Souza Lobo Braga - Terapeuta Ocupacional.• Mestrado em Processos de Desenvolvimento Humano e Saúde pela Universidade de Brasília (2013). • Atualmente é professor titular da Universidade de Brasília - UnB e participa do Grupo de Estudo e Pesquisa em Atividade Motora Adaptada na Faculdade de Educação Física - UnB. • Possui experiência na área de Terapia Ocupacional em Neurologia Infantil, Inclusão Escolar e Educação.

70. Luciana Diniz Freitas- Terapeuta Ocupacional.• Terapeuta Ocupacional da Força Aérea Brasileira - FAB.• Técnica em Desenho Industrial – projeto de produtos (2003).Especialização em Tecnologia Assistiva pela Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais (2006).

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• Fez residência na Associação de Assistência à Criança Deficiente – AACD (2007).• Foi responsável Técnica do setor de Terapia Ocupacional do Núcleo Integrado de Reabilitação – NIR, pelo Programa Saúde da Família.• Possui ampla experiência em atendimento de reabilitação neurológica adulto e infantil, atendimento especializado de criancas com paralisia braquial obstétrica e queimados, confecção de órteses para membros superiores, adequação postural em cadeira de rodas e sistemas de assento.

71. Gabriela Pereira do Carmo - Terapeuta Ocupacional.• Mestre em Ciências da Saúde, pela UNISA. • Pós Graduanda em Terapia da Mão e Reabilitação Neurológica adulta pela Ufscar. • Bacharel em Educação Física e Saúde pela Universidade de São Paulo (USP). • Pós graduada em Ciências da Performance Humana da Universidade Federal do Rio de Janeiro. • Preceptora da Residência Multiprofissional em Saúde da Prefeitura de São Paulo em Terapia Ocupacional na UTI adulto. • Terapeuta Ocupacional da UTI adulto do Hospital Municipal do Tatuapé. • Terapeuta Ocupacional do Núcleo de Apoio da Saúde da Família, na região Central de SP.

72. Susilene Maria Tonelli Nardi - Terapeuta Ocupacional.• Pesquisadora Científica VI do CLR - Instituto Adolfo Lutz - São José do Rio Preto-SP. • Aperfeiçoamento Capes pelo Instituto Lauro de Souza Lima, Bauru-SP (1990-1992). • Especialização em Desenvolvimento Gerencial de Unidades Básicas do Sistema Único de Saúde (SUS), Projeto GERUS. • Mestre (2004) e Doutora em Ciências da Saúde/Epidemiologia pela Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (2012). • Possui experiência em prevenção/reabilitação das deficiências físicas e sociais, epidemiologia, gerenciamento e educação em saúde. • Colabora na formação/capacitação/orientação de graduandos, profissionais e pós graduandos latu e stritu sensu de todo os país. Realiza pesquisas epidemiológicas em saúde publica, doenças infectocontagiosas, e reabilitação.

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• Editora chefe da Revista Hansenologia Internationalis: hanseníase e outras doenças infecciosas. • Atua principalmente nos seguintes temas: Hanseníase; Lesões Neurológicas Periféricas; Amputação; Educação em Saúde; Tuberculose.

73 . Aline Paz Perussi - Terapeuta Ocupacional.• Especialização em reabilitação física pela Unifesp e especialização em ergonomia pela Universidade Federal de São Paulo. • Atualmente é terapeuta ocupacional no Centro de reabilitação do Sesi Santo André. • Tem experiência na área de reabilitação física, terapia da mão e reabiltação esportiva.

74. Maria Fernanda dos Santos - Terapeuta Ocupacional.• Mestre em Saúde Coletiva pela - FMB-UNESP (2015).• Especialização/Aprimoramento em Atendimento Multidisciplinar Gerontológico e Geriátrico em Terapia Ocupacional pelo Hospital do Servidor Público Estadual - Francisco Morato Oliveira - HSPE-FMO (2007).• Experiência na área de Terapia Ocupacional, com maior ênfase no atendimento à idosos, tanto no âmbito domiciliar e instituições de longa permanência para idosos, quanto hospitalar, atuando principalmente nos temas: Terapia Ocupacional, Envelhecimento Bem Sucedido, Gerontologia e Transtornos Cognitivos/Demências. • Atual atividade profissional no CAPS AD do município de Votorantim e atividade de docência na Universidade de Sorocaba - UNISO.

75. Kátia Maki Omura - Terapeuta Ocupacional.• Especialista em Desenvolvimento Infantil pela Universidade do Estado do Pará. • Mestre em Neurociências pela Universidade Federal do Pará. • Doutora em Neurociências pela Universidade de Nápoles Federico II com pesquisa voltada para a Doença de Parkinson, neuroreabilitaçao, estresse oxidativo e inovação em Terapia Ocupacional. • Atualmente co-fundadora da Startup ApplicaTO, • Diretora financeira da Associação Brasileira de Terapeutas Ocupacionais Regional Pará. • Membro da Comissão de Desenvolvimento Científico e Educação da Terapia Ocupacional do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional 12 Região - CREFITO 12.

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• Delegada suplente da Associação Brasileira de Terapeutas Ocupacionais junto a World Federation of Occupational Therapists -WFOT.

76. Alexandre Martinho - Fisioterapeuta.• Especializado em Fisioterapia em Gerontologia pela Universidade São Caetano do Sul, 2016 com aprimoramento nas áreas de Gestão em Saúde, Reeducação Postural Global , Pilates e Quiropraxia. • Experiência na área de Fisioterapia aplicada em Traumato-ortopedia; Desportiva; Dor Crônica; Neurologia Adulto; Programas Especiais de Saúde Mental, da Mulher e do Idoso. • Atua na Assistência Domiciliar em Fisioterapia Respiratória, Motora e Programas especiais de reabilitação.

77. José Naum de Mesquita Chagas - Terapeuta Ocupacional.• Analista do Seguro Social Terapeuta Ocupacional, tendo atuado na gestão nacional de Reabilitação Profissional do INSS e atualmente na gestão da Saúde e Qualidade de Vida no Trabalho (INSS) âmbito Norte - Centro Oeste do país. • Mestre em Saúde Pública pela Universidade Estadual do Ceará, Ex-Presidente da Associação Brasileira dos Terapeutas Ocupacionais - ABRATO, gestão 2009-2011 e 2011-2013. • Ex-Delegado Brasileiro junto a Federação Mundial dos Terapeutas Ocupacionais (2007-2015).• Especialista OMS para construção de Core Set da CIF. • Foi membro do Fórum das Entidades Nacionais dos Trabalhadores da Área de Saúde - FENTAS, Membro Fundador do Fórum Nacional dos Trabalhadores do SUAS - FNTSUAS, Conselheiro Nacional de Saúde eleito para os triênios 2009-2012 e 2012-2015, foi Coordenador-Adjunto da Comissão Intersetorial de Ciência e Tecnologia do CNS e Membro do Comitê Consultivo para a Revisão da Agenda Nacional de Prioridades de Pesquisa em Saúde - ANPPS. Membro da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS - CONITEC. Ex-Consultor do Ministério da Saúde.• Experiência nacional e internacional na área de gestão de políticas públicas, atuando principalmente nos seguintes temas: redes intersetoriais, pactuação interfederativa, terapia ocupacional social, direitos humanos, saúde mental, saúde do idoso, saúde e trabalho, tecnologia assistiva, parque tecnológico em saúde, órteses e próteses, humanização dos serviços de saúde, contextos hospitalares, reforma psiquiátrica, supervisão de serviços de saúde mental e políticas públicas de seguridade social.

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78. Flavia Liberman - Terapeuta Ocupacional.• Mestrado em Psicologia (Psicologia Social) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1994). • Doutora pelo Núcleo de Estudos da Subjetividade no Programa de Psicologia Clínica da PUC- SP (2007). • Pós-Doutoranda., Universidade de Évora, UE, Portugal. Grande área: Ciências Humanas; Grande Área: Lingüística, Letras e Artes / Área: Artes; Grande Área: Ciências da Saúde / Área: Fisioterapia e Terapia Ocupacional (2017).• Professor Adjunto da Universidade Federal de São Paulo, atuando tanto no Eixo específico ( TO) quanto no Eixo Trabalho em Saúde por meio de ações interprofissionais no território, no ensino de estudantes de diferentes cursos. • Tem como foco de estudo e pesquisa: Arte , Corpo e Saúde ,Trabalho em Saúde, Formação e o o Ensino em Saúde. • Docente no Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências da Saúde ( acadêmico) e no Programa de Pós-Graduação Ensino em Ciências da Saúde - Modalidade Profissional . Membro do Grupo de Pesquisa do CNPq “Laboratório de Estudos e Pesquisas em Formação e Trabalho em Saúde - LEPETS” da UNIFESP- Baixada Santista; do Laboratório Corpo e Arte da UNIFESP-BS e integrante do Laboratório Interinstitucional de Atividades Humanas e TO. • Tem experiência na área de Terapia Ocupacional com ênfase em atividades e recursos terapêuticos, ações e projetos junto à diferentes comunidades, voltados a promoção da saúde, utilizando principalmente o dispositivo grupal com diferentes populações e contextos. Através de abordagens corporais, dança e um repertório ligado as atividades e recursos expressivos; atua na prevenção e promoção da saúde. • Autora do Livro Danças em Terapia Ocupacional e do livro Delicadas coreografias: instantâneos de uma terapia ocupacional publicados pela Summus Editoral (2008) e de vários artigos sobre corporeidade, grupos, estudos da subjetividade e clínica.

79. Ana Teraza Costa Galvanese - Terapeuta Ocupacional.• Mestrado e Doutorado em Ciências da Saúde pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Programa de Medicina Preventiva (2010). • Possui experiência de pesquisa no campo da Saúde Mental; na interface da Saúde com a Arte e a Cultura; e em Práticas Integrativas e Complementares na Atenção Primária.

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80. Maria Aparecida Pereira Machado - Fisioterapeuta e Educadora Física.• pós-graduada em Qualidade de Vida na Empresa, Ginástica Laboral e Ergonomia, e com MBA em Gestão de Pessoas. • Dirigente da Empresa Atitude Assessoria – única do ramo no Brasil, que possui as três certificações do ISO: 9001 (qualidade), ISO 14001 (sistema de gestão de meio ambiente) e ISO 18001 (saúde e segurança no trabalho) - especializada em desenvolver programas de qualidade de vida nas empresas.• Dirigente da Empresa Atitude Fisioterapia.• Ministra aulas para os cursos de pós-graduação da Faculdade Estácio, Faculdades Metropolitanas Unidas – FMU, Senac, e faz parte da diretoria da Associação Brasileira de Ginástica Laboral.

81. Lara Susan Silva Lima - Fisioterapeuta.• Fisioterapeuta do NASF no município de Beneditinos – PI desde 2015.• Pós-graduada em Fisioterapia Hospitalar pela Universidade Estadual do Piauí (UESPI) em 2015.

82. Luzianne Feijó Alexandre Paiva – Terapeuta Ocupacional.• Terapeuta ocupacional do CAPS GERAL de Eusébio –CE.• Mestre em Saúde da Família – UFC Sobral.• Residência em Saúde da Famíla e Comunidade – UECE.• Especialização em Saúde do Idoso – UECE.• Especialização em Processos Educacionais – Universidade Católica Stella Maris.• Especializanda no Método de Terapia Ocupacional – ATENEU.• Conselheira Fiscal da ABRATO-CE.• Vice Presidente do CREFITO-6.

83. Andressa Chodur - Terapeuta Ocupacional.• Mestre em Comportamento Motor pela UFPR. • Experiência: reabilitação cognitiva, emocional e funcional, confecção de órteses e adaptações, terapia assistida por animais, Florais de Bach.

84. Karla Adriana Ferreira Beckman - Terapeuta Ocupacional. • Especialista em Saúde Mental (UFBA) • Especialista em Medicina Tradicional Chinesa (INCISA/IMAM). • Mestranda no Programa de Políticas Sociais e Cidadania da Universidade Católica do Salvador (PPGPSC/UCSAL)• Servidora Pública.

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85. Alan Senigalia - Fisioterapeuta. • Formação em Naturopatia. • Especialista em Medicina Chinesa. • Mestrando em Saúde Coletiva da Universidade Católica de Santos/SP.

86. Ana Maria Fernandes Pitta - Médica. • Doutora em Medicina Preventiva. • Docente na Universidade Católica do Salvador.

87. Clarissa Dantas de Carvalho - Terapeuta Ocupacional.• Residência em Saúde Mental Coletiva pela Escola de Saúde Pública do Ceará. • Atuação nas seguintes areas: Saúde Mental , Direitos Humanos, Social e Praticas Integrativas e Complementares de Saúde.• Professora de Yoga, Mestre Reiki, Terapeuta Comunitária, Arteterapeuta e Massoterapeuta.

88. Ana Cláudia Tavares Rodrigues - Terapeuta Ocupacional.• Mestre em Desenvolvimento Humano e Tecnologias na linha de pesquisa Tecnologias, Corpo e Cultura vinculado ao Departamento de Educação Física da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP - Campus de Rio Claro). • Possui Pós-Graduação Lato Sensu em Terapia Ocupacional na Reabilitação Física pelo Instituto Lauro de Souza Lima no Programa de Aprimoramento Profissional (PAP) e formação em Avaliação e Tratamento do Paciente Adulto com Disfunção Neurológica Baseado no Conceito Bobath. • Tem experiência na área de Neurologia Adulto e Tecnologia Assistiva, atuando principalmente, em Adequação Postural e confecção de órteses de membros superiores e adaptações. • Atualmente, é Coordenadora do setor de Terapia Ocupacional do Centro de Reabilitação SORRI-BAURU.

89. Leiliane Helena Gomes - Terapeuta Ocupacional.• Atualmente é terapeuta ocupacional da Prefeitura Municipal de Natal e professora efetiva da Universidade Potiguar. • Vice-presidente do Crefito 1.• Tem experiência nos seguintes temas: brincar; deficiencia física/ neuromotora, integração sensorial, avaliação e reabilitação cognitiva, idosos e terapia ocupacional no contexto social.

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90. Kátia Cezário da Silva - Terapeuta Ocupacional.• Especializacao em Reabilitacao aplicada a neurologica infantil –Unicamp.• Aprimoramento profissional em TO na infância (hospitalar e ambulatorial) PUCCampinas.• Extensao em Dificuldades de Aprendizagem - Universidade Complutense de Madrid.• Certificacao Internacional completa (incluindo aplicacao do sipt) WPS• Botath básico.• Botath baby course.• Integracao sensorial para bebes.• Trabalhos na AACD e Rede Lucy Montoro.

91. Lúcia Helena Soares Camargo Marciano - Terapeuta Ocupacional.• Mestrado em Reabilitação. Universidade Federal de São Paulo, UNIFESP, Brasil. • Especialização em Especialização Terapia da Mão. Universidade de São Paulo, USP, Brasil. • Especialização em Administração dos Serviços de Saúde. Universidade de Ribeirão Preto, UNAERP, Brasil. • Especialização em Reabilitação Profissional. Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, UNESP, Brasil.

92. Carolina Gomes Matarazzo - Fisioterapeuta.• Especialista em fisiologia.• Mestre em ciências da saúde pela Universidade Federal de São Paulo- UNIFESP. • Fisioterapeuta pioneira no Brasil no trabalho com órteses cranianas iniciado no primeiro centro brasileiro voltado ao tratamento ortótico em 2011. • Possui diversas publicações sobre assimetrias. Responsável pela primeira clínica de intervenção precoce para assimetrias no país.

93. Dimaima Vitória Castro da Graça - Terapeuta Ocupacional. • Residência em Reabilitação Física – FAMERP.• Especialização em Terapia da Mão – USP.• Terapeuta Ocupacional Melhor em Casa – HSLG.• Delegada do CREFITO 3 – Gestão 2016-2020.

94. Álida Fernanda Corgozinho Murta Andrade – Terapeuta Ocupacional.• Vice-presidente do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia

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Ocupacional de Minas Gerais - CREFITO 4.• Especialista em Gestão em Saúde Pública.

95. Márcia Helena Valente da Costa – Terapeuta Ocupacional. • Especialização em Reabilitação do Membro Superior pela Universidade Tuiuti. • Especialização em Intervenção em Neuropediatria pela UFSCAR. • Especialização em Tecnologia Assistiva pela Faculdade de Tecnologia em Saúde- CIEPH. • Formação no Curso Básico de Tratamento Neuroevolutivo-Conceito Bobath. • Tem experiência na área de Terapia Ocupacional,Docência, Saúde Pública, atuando principalmente na reabilitação física. • Bacharel em Direito pelo Centro Universitário de Rio Preto.

96. Maria Imaculada da Costa Mendonça - Terapeuta Ocupacional.• Coordenadora do CAPS Geral do Eusébio – CE.• Especialização em Preceptoria e Tutoria em Saúde – FIOCRUZ.• Formação no Método de Terapia Ocupacional – CETO- SP.

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