Cor, Forma e Composição em Ambientes · 2019. 7. 30. · L864c Lopes, Andiara Valentina de...

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Cor, Forma e Composição em Ambientes Andiara Valentina de Freitas e Lopes Sadi Silva Seabra Filho Curso Técnico em Design de Interiores Educação a Distância 2017

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  • Cor, Forma e Composição em Ambientes

    Andiara Valentina de Freitas e Lopes

    Sadi Silva Seabra Filho

    Curso Técnico em Design de Interiores Educação a Distância

    2017

  • EXPEDIENTE

    Professor Autor Andiara Valentina de Freitas e Lopes

    Sadi Silva Seabra Filho

    Design Instrucional Deyvid Souza Nascimento

    Maria de Fátima Duarte Angeiras Renata Marques de Otero

    Terezinha Mônica Sinício Beltrão

    Revisão de Língua Portuguesa Letícia Garcia

    Diagramação

    Izabela Cavalcanti

    Coordenação Sadi Silva Seabra Filho

    Coordenação Executiva George Bento Catunda

    Coordenação Geral

    Paulo Fernando de Vasconcelos Dutra

    Conteúdo produzido para os Cursos Técnicos da Secretaria Executiva de Educação Profissional de Pernambuco, em convênio com o Ministério da Educação

    (Rede e-Tec Brasil). Maio, 2017

  • L864c Lopes, Andiara Valentina de Freitas e.

    Cor, Forma e Composição em Ambientes: Curso Técnico em Design de Interiores: Educação a distância / Andiara Valentina de Freitas e Lopes, Sadi Silva Seabra Filho. – Recife: Secretaria Executiva de Educação Profissional de Pernambuco, 2017.

    87 p.: il.

    Inclui referências bibliográficas.

    1. Desenho – Técnica. 2. Desenho – Estudo e ensino. I. Lopes, Andiara Valentina de Freitas e. II. Seabra Filho, Sadi Silva. III. Título.

    CDU – 744.42

    Catalogação na fonte

    Bibliotecário Hugo Carlos Cavalcanti, CRB4-2129

  • Sumário

    Introdução ........................................................................................................................................ 6

    1.Competência 01 | Percepção Visual e Gestalt da Forma ................................................................. 7

    1.1 O que é percepção? .............................................................................................................................. 7

    1.2 O que é percepção visual? ...................................................................................................................12

    1.2.1 O olho: órgão da percepção visual ....................................................................................................15

    1.3 Tipos de Percepção ..............................................................................................................................17

    1.4 Ilusões de ótica ....................................................................................................................................17

    1.5 Teorias da Gesltalt e Leis da Gestalt .....................................................................................................22

    1.5.1 O que é Gestalt? ...............................................................................................................................23

    1.5.2 O que diz a Teoria da Gestalt?...........................................................................................................23

    1.5.3 Leis da Gestalt ..................................................................................................................................26

    2.Competência 02|Composição da Forma ....................................................................................... 37

    2.1 O desenho ...........................................................................................................................................37

    2.1.1 O que é Composição? .......................................................................................................................37

    2.1.2 O que é desenho? .............................................................................................................................38

    2.1.3 O Desenho como representação .......................................................................................................40

    2.1.4 O desenho como linguagem..............................................................................................................40

    2.2 Elementos do desenho ........................................................................................................................42

    2.2.1 O desenho como elemento básico ....................................................................................................42

    2.2.2 Elementos conceituais ......................................................................................................................42

    2.2.3 Elementos visuais .............................................................................................................................43

    2.2.4 Elementos relacionais .......................................................................................................................45

    2.2.5 Elementos práticos ...........................................................................................................................47

    2.3 Composição 1: aspectos e criação da forma .........................................................................................51

    2.3.1 Moldura de referência ......................................................................................................................51

    2.3.2 Forma e espaço ................................................................................................................................52

  • 2.3.3 Visualização da forma .......................................................................................................................54

    2.3.4 Desenho e forma ..............................................................................................................................55

    2.3.5 Formas .............................................................................................................................................55

    2.3.6 Criando e relacionando formas geométricas e orgânicas ...................................................................57

    2.4 Composição 2: relacionando formas ...................................................................................................60

    2.5 Composição 3: relacionando formas II .................................................................................................60

    2.5.1 Equilíbrio ..........................................................................................................................................60

    2.5.2 Tensão ..............................................................................................................................................63

    2.5.3 Nivelamento e aguçamento ..............................................................................................................64

    2.5.4 A preferência pelo canto inferior esquerdo .......................................................................................65

    2.5.5 Atração e agrupamento ....................................................................................................................66

    2.5.6 Positivo e Negativo ...........................................................................................................................67

    3.Competência 03 | Cor .................................................................................................................. 69

    3.1 Cor - luz e cor-pigmento ......................................................................................................................69

    3.1.1 Paleta RGB ........................................................................................................................................70

    3.1.2 Paleta CMYK .....................................................................................................................................71

    3.1.3 Paleta Pantone .................................................................................................................................72

    3.2 Misturando cores ................................................................................................................................74

    3.2.1 Cor Primária, Cor Secundária, Síntese Aditiva e Síntese Subtrativa ....................................................74

    3.3 Harmonia e contraste de cores ............................................................................................................77

    3.3.1 Círculo cromático ..............................................................................................................................77

    3.3.2 Cores quentes e cores frias ...............................................................................................................78

    3.4 Reagindo a cores .................................................................................................................................81

    3.4.1 Preferências Cromáticas ...................................................................................................................81

    3.4.2 Cor e reação .....................................................................................................................................81

    3.4.3 O significado das cores......................................................................................................................82

    3.4.4 As cores no design de interiores .......................................................................................................84

  • Conclusão ........................................................................................................................................ 86

    Referências ..................................................................................................................................... 87

    Minicurrículo do Professor .............................................................................................................. 88

  • 6

    Introdução

    Olá cursista,

    Seja bem-vindo (a) à disciplina Cor, Forma e Composição em Ambiente. Este é o seu caderno da

    disciplina.

    Neste caderno, vamos estudar o que é forma e Gestalt da forma, composição da forma e cor. O

    caderno possui três competências, cada uma delas é essencial para dar base à formação como

    Técnico com Design de Interiores. Aqui você vai aprender técnicas de composição da forma que vão

    enriquecer seu repertório e sua criatividade.

    O objetivo deste caderno é prepará-lo para o tema principal do curso que é o Design de Interiores.

    Isso porque precisamos entender como trabalhar com as formas e cores para utilizá-las no nosso

    processo criativo profissional. É fundamental compreender os processos de Gestalt da forma,

    composição da forma e conhecer as cores e sua relação com as emoções para podermos compor

    um repertório sólido e profundo que vai nos possibilitar utilizar todo esse conhecimento durante

    nossa vida profissional.

    Nós, os autores, somos fãs desse assunto e adoramos poder ensinar e aprender junto com você,

    compartilhando conhecimento e aprendizado durante esse processo.

    Bons estudos!

    Andiara Lopes e Sadi Seabra

  • 7

    1.Competência 01 | Percepção Visual e Gestalt da Forma

    O objetivo desta disciplina é:

    Proporcionar ao estudante bases teóricas e práticas na área de Composição.

    Desenvolver conceitos básicos sobre composição: ritmo, proporção e equilíbrio.

    Desenvolver conceitos básicos sobre percepção visual e Gestalt do objeto.

    Desenvolver conceitos básicos sobre cor, critérios relacionados.

    Nesta primeira competência vamos trabalhar com a percepção, a percepção visual e as teorias da

    Gestalt voltadas para o estudo da forma. Você irá conhecer como ocorre o processo da percepção,

    em especial a percepção visual. Vamos falar também porque acontecem as ilusões de ótica. Vamos

    conhecer o que é a Gestalt e quais suas implicações para o estudo do objeto e da forma. O objetivo

    principal desta primeira competência é prepará-lo (a) para o tema principal do curso que é Cor,

    Forma e Composição em Ambientes. Precisamos entender como funciona a percepção visual e seus

    elementos, para poder compreender como podemos controlar e utilizar esses elementos.

    1.1 O que é percepção?

    A percepção é a função cerebral que atribui significado a estímulos sensoriais. O mundo é cheio de

    estímulos a essa percepção. Um indivíduo percebe a realidade a sua volta através dos sentidos. O

    ato da percepção se dá exatamente no momento em que o indivíduo, através dos sentidos, percebe

    e interpreta os estímulos dessa realidade.

    Faça uma pesquisa no seu dicionário sobre o significado dessa palavra!

    Na observação que segue estão algumas definições encontradas:

    Competência 01

    http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A9rebrohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Significadohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Est%C3%ADmulo_(fisiologia)

  • 8

    Percepção s.f.Impressão; capacidade para discernir; juízo consciencioso acerca de algo ou alguém: é necessário entender a percepção do certo e do errado. Assimilação ou compreensão feita

    através dos sentidos ou da inteligência: percepção do sofrimento; percepção do clima. [Por Extensão] Intuição geralmente de teor moral: percepção entre o bem e o mal. [Por

    Extensão] Avaliação sobre coisas ou seres a partir de um julgamento ou opinião. Ação ou efeito de perceber. (Etm. do latim: perceptio.onis)

    Fonte: www.dicio.com.br/percepcao/

    Conforme a definição vista acima, a palavra percepção está ligada aos sentidos e à inteligência.

    Vamos lembrar um pouco dos sentidos que temos? O espectador é o sujeito da ação de perceber,

    para isso ele utiliza os cinco sentidos: tato, olfato, paladar, audição e visão. Nas figuras 1.1.a., 1.1.b.,

    1.1.c., 1.1.d. e 1.1.e. que estão abaixo temos algumas imagens referentes aos nossos sentidos.

    Figura 1.1.a - As mãos e o tato Fonte: http://photos1.blogger.com/blogger /6745/2945/320/fig_13.jpg Descrição: imagem de uma mão de um adulto sendo segurada pelo dedo mínimo por uma mão de um bebê.

    Figura 1.1.b - o nariz e o olfato Fonte:http://hypescience.com/wp-content/uploads /2011 /01/cheirocafe.jpg Descrição: imagem de uma pessoa cheirando um punhado de grãos de café em sua mão.

    Competência 01

    http://photos1.blogger.com/blogger%20/6745/2945/320/fig_13.jpghttp://photos1.blogger.com/blogger%20/6745/2945/320/fig_13.jpghttp://hypescience.com/wp-content/uploads%20/2011%20/01/cheirocafe.jpghttp://hypescience.com/wp-content/uploads%20/2011%20/01/cheirocafe.jpg

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    Figura 1.1.c - Os OLHOS e a VISÃO Fonte: http://revistavivasaude.uol.com.br/upload/imagens_upload/olhos.jpg Descrição: imagem de um rosto feminino onde apenas os olhos estão enquadra-dos.

    Figura 1.1.d - A boca e o paladar Fonte: www.lifestyles.com.br/index.htm/ wp-content/uploads/2012/03/open-uri20 130103-21423-pt3fuj.jpeg Descrição: rosto de uma pessoa enqua-drado apenas na boca, ressaltando que ela está mordendo um chocolate.

    Figura 1.1.e - O ouvido e a audição Fonte: www.aurisunitron.com.br/uploads/auditiva __foto_7.jpg Descrição: rosto de uma pessoa com destaque para a orelha. A mão em forma de concha atrás da orelha destaca que a pessoa está tentando escutar.

    Deixando mais claro! Para essa disciplina, pelo fato de estarmos trabalhando com composição, cor e

    forma, faz-se absolutamente necessário compreendermos a Percepção, e especialmente a

    Percepção Visual. Dessa forma, o sentido da visão será mais destacado ao longo desse curso.

    Agora dê uma pausa na leitura e assista à primeira videoaula que mostra a importância do

    conteúdo dessa disciplina para a formação de um Designer de Interiores.

    Competência 01

    http://revistavivasaude.uol.com.br/upload/imagens_upload/olhos.jpghttp://www.lifestyles.com.br/index.htm/%20wp-content/uploads/2012/03/open-uri20%20130103-21423-pt3fuj.jpeghttp://www.lifestyles.com.br/index.htm/%20wp-content/uploads/2012/03/open-uri20%20130103-21423-pt3fuj.jpeghttp://www.lifestyles.com.br/index.htm/%20wp-content/uploads/2012/03/open-uri20%20130103-21423-pt3fuj.jpeghttp://www.aurisunitron.com.br/uploads/auditiva%20__foto_7.jpghttp://www.aurisunitron.com.br/uploads/auditiva%20__foto_7.jpg

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    Quando falamos de percepção visual e visão, existe uma clara relação entre o observador e a

    imagem. Ou ainda, entre o espectador e a imagem observada. Por um lado temos o observador,

    que é um indivíduo que está em contato com o mundo, estabelecendo uma relação com a realidade

    a sua volta. Esse indivíduo não está isolado, apenas observando as situações. Por outro lado, temos

    a imagem que, por sua vez, possui características próprias. Imagem também é outra palavra que

    vamos trabalhar bastante ao longo do curso. A figura 1.1.f. abaixo mostra que essa relação não é

    uma via de mão única, mas sim uma via de duas mãos, na qual observador e imagem se influenciam

    mutuamente. Através da percepção, um indivíduo organiza e interpreta as suas impressões

    sensoriais para atribuir significado ao seu meio.

    Figura 1.1.f - diagrama da relação entre observador e imagem Fonte: o autor Descrição: diagrama mostrando a relação entre observador e imagem

    Resumindo: A percepção consiste na aquisição, seleção e organização das informações obtidas

    pelos sentidos. Segundo Fayga Ostrower (1996), a percepção envolve outros dois significados: o de

    compreensão e o de interpretação. A percepção é um processo dinâmico e não simplesmente uma

    resposta a um estímulo, engloba todo o contexto no qual ocorre a situação. São muitas forças

    agindo!

    Observe por exemplo a sequência de imagens a seguir:

    OBSERVADOR IMAGEM

    ESTÍMULO

    SENTIDOS

    Competência 01

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Sentido

  • 11

    Figura 1.1.g.: sequência de imagens contando uma estória Fonte: http://i23.photobucket.com/albums/b389/epiac1216/EmotionalBird3.jpg Descrição: passarinho tenta reanimar outro passarinho morto. Depois, passarinho de boca aberta como se estivesse gritando na tentativa de acordar o passarinho morto. E, por fim, apenas o passarinho morto.

    O que você entendeu? Eu entendi que o passarinho matou o outro passarinho. Agora, observe as

    imagens seguintes:

    Figura 1.1.h.: Sequência de imagens contando uma estória Fonte: http://i23.photobucket.com/albums/b389/epiac1216/EmotionalBird3.jpg Descrição: apenas o passarinho morto. Depois, passarinho de boca aberta como se estivesse gritando na tentativa de acordar o passarinho morto. Na sequência, passarinho tenta reanimar passarinho morto.

    O que você entendeu? Eu entendi que um passarinho morreu e o companheiro, quando percebeu,

    sofreu com a situação.

    O que podemos concluir disso? Que apesar de estarmos trabalhando com imagens iguais, elas não

    vão significar sempre a mesma coisa. Dependendo da sequência que as dispomos o conjunto de

    imagens vai adquirir significados diferentes. Isso acontece porque a nossa percepção também

    funciona através de um ordenamento e, além disso, esse exemplo nos mostra que não percebemos

    as coisas de forma isolada, mas sim dentro de um contexto.

    Para se pensar! Pense que o estímulo à percepção pode ser múltiplo e, além disso, uma mesma

    Competência 01

    http://i23.photobucket.com/albums/b389/epiac1216/EmotionalBird3.jpghttp://i23.photobucket.com/albums/b389/epiac1216/EmotionalBird3.jpg

  • 12

    situação pode ser interpretada de forma diferente por pessoas diferentes, ou até mesmo pela

    mesma pessoa. Por exemplo: se você estiver de bom humor, feliz da vida ao assistir um filme com

    os amigos, você vai se divertir ou se emocionar, se for um drama. Mas se você assistir ao mesmo

    filme em outro dia em que esteja triste ou tenha passado recentemente por uma situação

    semelhante, ou que esteja sozinho, você provavelmente vai reagir diferente, pode até chegar às

    lágrimas. Pense nisso!

    Dessa forma, descobrimos que o sujeito responde ativamente ao estímulo, não sendo apenas um

    mero observador da situação. No mundo atual, cada pessoa está sujeita a uma quantidade enorme

    de estímulos. Vai depender das condições físicas, psicológicas e emocionais de cada pessoa como

    ela irá perceber compreender e interpretar esses estímulos. Além disso, cada pessoa tem

    expectativas e necessidades diferentes das outras pessoas e isso interfere na escolha de quais

    estímulos serão percebidos.

    1.2 O que é percepção visual?

    Em um primeiro momento, o que pensamos é: a percepção visual é aquela na qual utilizamos o

    sentido da visão para perceber algo. Essa definição não está errada, mas está muito longe de ser

    completa. Nesse tópico vamos trabalhar as definições e significados dessa percepção visual.

    De acordo com Aumont, a percepção visual é um processamento que acontece em etapas

    sucessivas, de uma informação que nos chega por intermédio da luz que entra em nossos olhos. O

    olho percebe a imagem, a imagem percebida no olho passa por um processo químico e, por último,

    do processo químico vai para a última etapa, que é o processamento neurológico.

    A nossa percepção do mundo é construída através da relação da nossa percepção com o mundo

    que nos cerca. Os estímulos visuais não são estáveis, mas o nosso cérebro de certa forma procura

    estabilizar esse processo que mistura o que é percebido com o que é conhecido. Portanto, podemos

    concluir que a nossa percepção de mundo é em grande parte autoconstruída. Vemos o mundo de

    acordo com a maneira como o nosso cérebro o organiza. O processo de ver é o de complementar o

    Competência 01

  • 13

    que está a nossa frente com aquilo que o nosso cérebro acredita estar vendo.

    Por exemplo: o tamanho da imagem de um objeto na retina varia de acordo com a nossa distância

    desse objeto. Mas, mesmo percebendo um mesmo objeto a distâncias diferentes o cérebro

    consegue perceber qual é o seu “verdadeiro” tamanho. Por que isso acontece? Cabe ao cérebro

    extrair as características constantes e invariantes dos objetos mesmo diante das características

    mutáveis que recebe.

    Vamos testar o seu cérebro? Agora dê uma pausa na leitura e assista à segunda videoaula que

    mostra duas ilusões de ótica.

    O que vemos é a luz e mais detalhadamente a intensidade, o comprimento de onda e a

    distribuição no espaço.

    A Intensidade é a percepção que temos da luminosidade dos objetos. Nós percebemos maior ou

    menor luminosidade de um objeto. O objeto pode ser luminoso, ou seja, ele próprio uma fonte

    luminosa, como é o caso de uma lâmpada, ou até mesmo o sol. Ou, o que ocorre geralmente, o

    objeto observado não é luminoso, mas sim iluminado por uma fonte de luz e essa luz é refletida.

    Nosso olho reage a LUZ! E cada olho pode reagir de forma diferente à luz.

    O olho humano possui limites de visibilidade da luz. O mínimo normalmente percebido é a

    luminosidade de uma folha de papel branca na luz da lua. O máximo de luminosidade que pode ser

    observada sem riscos é uma lâmpada com filamento de tungstênio. A luz do sol não pode ser

    observada a olho nu, ou seja, sem dispositivos de proteção. Caso isso ocorra pode haver uma

    queimadura na retina ou no sistema nervoso.

    Para saber mais!

    Pesquise sobre Joseph Plateau, sábio Belga que ficou cego por observar diretamente o sol.

    Competência 01

  • 14

    O comprimento de onda é a percepção da cor. Assim como percebemos a luminosidade, também

    percebemos a cor. Como assim? A luz tem uma coisa chamada comprimento de onda, que é

    exatamente a cor emitida pelo objeto iluminado. Da mesma forma como ocorre com a

    luminosidade, a cor depende da percepção de cada pessoa. Falaremos mais detalhadamente sobre

    cor na competência 2 desse curso.

    A distribuição no espaço é a percepção dos limites dos objetos ou imagens, esses limites são as

    bordas visuais. O nosso olho percebe as bordas visuais. Mas o que são bordas visuais? São os limites

    das superfícies dos objetos. Vejamos a figura abaixo:

    Qual é o quadrado maior?

    Ambos os quadrados têm o mesmo tamanho, mas o quadrado branco parece ser maior. Isso

    acontece porque mudamos o pano de fundo que contrasta com a figura destacada, o quadrado.

    Figura 1.2.c. Fonte: Os autores Descrição: Quadrado branco em um fundo preto. Na sequência, quadrado preto em um fundo branco.

    É muito importante lembrar que os elementos da percepção, como luminosidade, bordas e cores

    não são produzidos de forma isolada. Se não são produzidos de forma isolada também não serão

    percebidos de forma isolada. Nossa percepção está interligada, ou seja, a percepção de uns afeta a

    percepção dos outros.

    Competência 01

    http://www.ophtasurf.com/en/illusionpage2.htm##http://www.ophtasurf.com/en/illusionpage2.htm##

  • 15

    1.2.1 O olho: órgão da percepção visual

    A luz é fundamental para a visão. Os olhos captam tanto os raios de luz que podem ser emitidos por

    fontes luminosas, como o sol ou uma lâmpada; como captam a luz que é refletida pelos mais

    diversos objetos. Agora, vamos falar simplificadamente como funciona nosso olho. O olho humano

    é um globo. Possui formato aproximadamente esférico com diâmetro em torno de dois centímetros

    e meio. Observe a figura abaixo.

    Figura 1.2.1.a.: Desenho esquemático do olho e seus componentes. Fonte: www.explicatorium.com/cfq-8/olho-humano.html Descrição: desenho esquemático do olho e seus componentes.

    No olho, os raios luminosos atravessam a córnea, que funciona como uma lente e focaliza as

    imagens. Os raios de luz passam pelo humor aquoso, que separa a córnea da íris. A íris é o círculo

    colorido do olho, é um músculo, e no centro da íris está a pupila, que é uma abertura por onde

    entra a luz. A íris se contrai quando há muita luz no ambiente onde estamos e se distende quando

    há pouca luz. A íris regula o tamanho da pupila para evitar a entrada excessiva de luz no interior do

    olho. Atrás da pupila, há uma lente transparente, chamada cristalino. O cristalino focaliza a imagem

    sobre a retina, uma membrana muito sensível à luz que existe no fundo do olho. Os raios luminosos

    entram nos olhos de forma paralela. O papel do cristalino é fazê-los convergir, isto é, dirigi-los para

    um mesmo ponto sobre a retina. A imagem será formada invertida e de cabeça para baixo. Mas a

    imagem não fica invertida, no cérebro elas se formam corretamente.

    Competência 01

    http://www.explicatorium.com/cfq-8/olho-humano.html

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    Figura 1.2.1.b: figura mostrando como a imagem se forma na retina. Fonte: www.feiradeciencias.com.br/sala09/09_01.asp Descrição: desenho esquemático de um objeto sendo observado por um olho. No momento em que a imagem passa pela córnea ela é invertida no cristalino.

    A figura acima mostra como a imagem se forma na retina. A retina é a fonte principal de dados para

    a visão. Mas o que nós vemos é uma representação “virtual” 3D da cena em frente a nós. Não

    vemos uma imagem física do mundo, vemos objetos. O que vemos não é a imagem na nossa retina,

    é uma imagem tridimensional criada no cérebro, com base na informação sobre as características

    que encontramos, mas também com base nas nossas percepções e julgamentos sobre o que

    estamos vendo.

    Então, o que vemos é sempre uma ilusão? De certa forma sim! Porque a visão é um processo em

    que a informação que vem dos nossos olhos converge com a que vem das nossas memórias. As

    informações que temos armazenadas em nosso cérebro influenciam o modo como percebemos os

    objetos e suas características. A interpretação do que vemos no mundo exterior é uma tarefa muito

    complexa. Já se descobriram mais de 30 áreas diferentes no cérebro usadas para o processamento

    da visão. O nosso sistema visual e o nosso cérebro tornam as coisas mais simples do que aquilo que

    elas são na realidade. Essa simplificação por um lado nos permite uma apreensão mais rápida,

    embora imperfeita, do mundo, mas por outro dá origem às ilusões de ótica. Veremos esse assunto

    ainda neste capítulo.

    Você sabia?

    Nós não vemos as imagens que se formam na nossa retina. Por quê? Porque a imagem que se forma na nossa retina é apenas a primeira etapa do processo de visão. O que vemos de

    fato é o resultado do processo total que acontece em três etapas. Apenas um médico oftalmologista pode ver as imagens na nossa retina com auxílio de aparelhos específicos

    para isso.

    Competência 01

    http://www.feiradeciencias.com.br/sala09/09_01.asp

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    Geralmente o funcionamento do olho é comparado ao de uma câmera escura. Você já ouviu falar

    em câmera escura? A câmera escura foi a base da invenção da fotografia no início do século XIX. A

    câmera escura é um compartimento totalmente escuro com um pequeno orifício. Como funciona?

    A luz passa através do orifício e incide sobre a parte de trás, oposta ao orifício. Essa imagem que se

    forma dentro da caixa fica invertida por conta dos raios luminosos. Pesquise mais sobre isso!

    1.3 Tipos de Percepção

    1) Percepção do espaço:

    Percepção de relações espaciais, que envolve profundidade, orientação e movimento. A percepção

    do espaço não é feita apenas através do sistema visual. A ideia de corpo e movimento estão

    intimamente relacionadas à percepção do espaço. Em suma, a percepção do espaço está

    relacionada à ideia de movimento, de percurso, dentro desse espaço. É como se, além de ver o

    espaço, precisássemos sentir, nos movimentando nele.

    2) Percepção do movimento:

    A percepção de movimento está ligada à noção de deslocamento no espaço. Por isso, muitas vezes

    é difícil distinguir a percepção do espaço da percepção do movimento.

    3) Percepção da imagem:

    A percepção da imagem envolve a percepção de formas e bordas visuais, cores e luminosidade.

    Vamos estudar mais detalhadamente esses temas no próximo caderno, fiquem atentos!

    Percepção de formas;

    Percepção de cores (ou visão em preto e branco);

    Percepção de intensidade luminosa.

    1.4 Ilusões de ótica

    Agora vamos falar de algo que todos já experimentaram: as ilusões de ótica. É um assunto muito

    Competência 01

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Formahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Corhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Luz

  • 18

    curioso. O termo Ilusão de ótica se aplica às ilusões que, de certa forma, enganam ou confundem o

    nosso sistema visual. As ilusões de ótica conduzem nossa percepção a acreditar em algo que não

    existe ou está errado. Mas como isso é possível?

    Utilizando artifícios gráficos, por exemplo:

    Qual dos segmentos abaixo é mais longo?

    Figura 1.4.a. Fonte: www.blogpercepto.com/2011_04_01_archiv e.html Descrição: três segmentos de reta de mesmo tamanho com pontas de seta em diferentes posições causando a ilusão de que os segmentos têm tamanhos diferentes.

    O segmento mais abaixo não parece ser

    o maior?

    Mas se você observar bem todos têm o

    mesmo tamanho. O posicionamento das

    pontas das setas nos leva a acreditar em

    algo que não é verdade.

    Qual círculo é maior?

    Figura 1.4.b. http://queriamuitodesverisso.blogspot.com.br/ Descrição: imagem de dois círculos vermelhos do mesmo tamanho. Entretanto, em volta de cada um deles estão outros círculos brancos. O círculo vermelho que tem círculos brancos grandes em volta parece ser menor do que o outro que tem círculos brancos pequenos.

    O círculo acima parece ser o maior.

    Mais uma vez a composição geral afeta

    nossa percepção, nos levando a crer em

    algo errôneo. Na verdade, os dois têm o

    mesmo tamanho.

    Competência 01

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Ilus%C3%A3ohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Vis%C3%A3ohttp://Fonte:%20www.blogpercepto.com/2011_04_01_archiv%20e.htmlhttp://queriamuitodesverisso.blogspot.com.br/

  • 19

    As ilusões de ótica podem surgir naturalmente ou serem criadas propositalmente. Imagens que

    causam ilusão de ótica são muito utilizadas por artistas. Um dos maiores exemplos é M. C. Escher.

    Pesquise no link e conheça algumas de suas obras. http://undonut.com.br/obras-de-escher/

    Assista à terceira videoaula que mostra um pouco mais sobre os trabalhos magníficos de Escher.

    Pesquise mais sobre Escher. www.mcescher.com/ Você irá se surpreender com as ilusões criadas por ele.

    Escolha pelo menos três obras desse artista e discuta as interpretações possíveis de cada obra.

    A ilusão da cor: o tabuleiro de damas

    Cada ponto da imagem formada na retina é analisado e transmitido para o cérebro em forma de

    sinais codificados. As zonas visuais do nosso cérebro analisam esses sinais e nos dão uma

    representação do objeto percebido. Essas interpretações às vezes são ambíguas, causando ilusões

    de ótica. As ilusões de ótica são percebidas de forma diferente pelas pessoas. A ilusão do tabuleiro

    de damas criada por E. Adelson é impressionante!

    Figura 1.4.e.: a ilusão da cor: o tabuleiro de damas Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ilus%C3%A3o_de_%C3%B3ptica Descrição: tabuleiro de damas com cilindros fazendo sombra. O quadrado A é tão escuro quanto o quadrado B, embora não pareça.

    Luminância é a quantidade de

    luz visível que chega ao olho

    vindo da superfície.

    Vemos o quadrado A como sendo mais escuro do que o quadrado B. No entanto, a cor cinza de A é

    Competência 01

    http://pt.wikipedia.org/wiki/M._C._Escherhttp://undonut.com.br/obras-de-escher/http://www.mcescher.com/https://pt.wikipedia.org/wiki/Ilus%C3%A3o_de_%C3%B3pticahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Checkershadow_double_med.jpg

  • 20

    exatamente igual à cor cinza de B. Se você observar a figura da direita, foram adicionadas duas

    barras com a mesma cor de A e B. E agora deu para creditar que A e B têm a mesma luminância?

    Como é feita essa ilusão? A luminosidade é uma variável subjetiva e não uma quantidade física.

    Nesse caso, o sistema visual foi influenciado pelas sombras. Não vemos nada isolado, vemos sempre

    o todo, o contexto.

    A ilusão da perspectiva

    O sistema visual possui uma noção intuitiva da perspectiva e isso é muito útil para interpretar uma

    imagem tridimensional. Mas isso gera algumas ilusões, por exemplo, quando uma figura é plana,

    mas fornece margem para uma interpretação tridimensional, isso pode enganar o cérebro levando-

    o a interpretá-la como sendo uma perspectiva.

    Na figura ao lado isso acontece, então

    nosso cérebro interpreta o segmento

    horizontal que está abaixo como sendo

    menor do que o segmento acima.

    Isso ocorre porque os segmentos laterais

    estão concorrentes, simulando uma

    situação de perspectiva. Mas, na verdade,

    ambos os segmentos são do mesmo

    tamanho.

    Figura 1.4.f. Fonte: Os autores Descrição: duas retas paralelas com outras duas inclinadas em simetria, próximas às extremidades das primeiras retas citadas.

    Competência 01

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Rectas_paralelas.jpg

  • 21

    Vamos brincar um pouco com a sua percepção? Observe as imagens abaixo atentamente.

    Olhe para a figura e diga o que você vê?

    Figura 1.4.g. Fonte: Os autores Descrição: 25 quadrados pretos e pequenos dispostos em 5x5 com a mesma distância formando cruzamentos brancos.

    Percebeu que se formam pequenos quadrados

    cinzas quando movimentamos os olhos nos

    cruzamentos das linhas brancas?

    E agora, qual dos segmentos é maior, o

    horizontal ou o vertical?

    Figura 1.4.h. Fonte: os autores Descrição: duas retas de mesmo tamanho em posição perpendicular entre sim, formando um “T” de cabeça para baixo.

    Ambos têm o mesmo tamanho, não acredita?

    É só medir!

    Competência 01

    http://www.ophtasurf.com/en/illusionpage2.htm##http://www.ophtasurf.com/en/illusionpage2.htm##

  • 22

    Qual dos círculos azuis é maior?

    Figura 1.4.i. Fonte: os autores Descrição: dois círculos azuis de mesmo tamanho, cada um em uma extremidade de um quadrado preto. Um dos círculos está sobre duas retas que formam a letra V.

    Os dois são do mesmo tamanho.

    Qual das linhas vermelhas da esquerda são a

    continuação da linha vermelha da direita?

    Figura 1.4.k. Fonte: os autores Descrição: duas retas pretas paralelas e três retas vermelhas interseccionando as retas pretas de maneira oblíqua.

    A linha vermelha da esquerda que está acima!

    1.5 Teorias da Gesltalt e Leis da Gestalt

    Até agora vimos como funciona a percepção e lançamos as bases para estudar a forma. Muitas

    áreas do saber estudam a forma. Mas você sabe o que significa a palavra “forma”? No dicionário

    Competência 01

    http://www.ophtasurf.com/en/illusionpage2.htm##http://www.ophtasurf.com/en/illusionpage2.htm##

  • 23

    pesquisado (ver fonte abaixo), a palavra forma possui dezenove significados e permeia, inclusive,

    diversas áreas do saber como Linguística, Direito, Filosofia, Biologia, Música, dentre outras. Para

    essa disciplina o que nos interessa aqui é o significado atrelado à Geometria.

    Forma

    GEOMETRIA: conjunto dos contornos exteriores de uma superfície ou de um sólido. Fonte: www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/forma

    1.5.1 O que é Gestalt?

    Gestalt é uma palavra alemã que significa "configuração" ou "padrão". Quando é traduzido para

    inglês, português e espanhol o termo Gestalt fica associado a palavras como estrutura, figura e

    forma.

    A Gestalt é uma linha teórica da Psicologia Experimental. Tem início em finais do século XIX com

    Von Ehrenfels, filósofo Vienense e considerado o fundador da Psicologia da Gestalt. A partir de 1910

    a Escola da Gestalt tomou mais fôlego com três nomes importantes na Universidade de Frankfurt:

    Max Wertheimer (1880 – 1943), Wolfgang Kohler (1887 – 1967) e Kurt Koffka (1886 – 1941)

    1.5.2 O que diz a Teoria da Gestalt?

    A teoria da Gestalt propõe que o cérebro humano tende automaticamente a desmembrar a imagem

    em diferentes partes para organizá-las de acordo com semelhanças de forma, tamanho, cor,

    textura etc., depois as partes são novamente reagrupadas num conjunto gráfico que possibilita a

    compreensão.

    Quando o cérebro divide a imagem em partes estabelece oito relações através das quais as partes

    da imagem são agrupadas na percepção visual, são elas: Unidade, Segregação, Unificação,

    Fechamento, Continuidade, Proximidade, Similaridade ou Semelhança e Pregnância.

    Esse dom natural de “arrumar” as informações passadas em seu cérebro possibilita ao homem

    assimilar esses dados com maior facilidade e rapidez. É mais fácil entender o todo com as

    Competência 01

    http://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/formahttp://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_alem%C3%A3http://pt.wikipedia.org/wiki/Percep%C3%A7%C3%A3o_visual#Fechamentohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Percep%C3%A7%C3%A3o_visual#Continuidadehttp://pt.wikipedia.org/wiki/Percep%C3%A7%C3%A3o_visual#Proximidadehttp://pt.wikipedia.org/wiki/Percep%C3%A7%C3%A3o_visual#Similaridade_ou_semelhan.C3.A7a

  • 24

    partes arrumadas. Na figura abaixo, a primeira imagem mostra uma série de formas aparentemente

    desconectadas. No entanto, podemos agrupá-las de modo que se assemelhem a uma imagem

    conhecida, no caso uma bicicleta.

    Figura 1.5.2.a. Fonte: https://crioepercebo.wordpress.com/2009/11/18/unidade-ii-aulas-5-e-6/design-gestalt/ Descrição: À esquerda, partes misturadas de elementos gráficos. À direita, mesmos elementos colocados de maneira ordenada que formam a representação de uma bicicleta.

    A psicologia da Gestalt em trabalhos das décadas de 1930 e 1940 levantou muitas das hipóteses

    que são estudadas pelos cientistas da visão atualmente. De acordo com João Gomes Filho (2000), o

    termo Gestalt significa integração de partes em oposição à soma do todo. As leis de organização da

    Gestalt têm guiado os estudos sobre como as pessoas percebem componentes visuais como

    padrões organizados (todo) ao invés dos componentes (partes).

    Figura 1.5.2.b.: O todo e as partes Fonte: os autores Descrição: diagrama mostrando a relação do todos e suas partes.

    Quebrando a cabeça! Você já parou para pensar sobre o todo? O que é o todo? É a soma das

    TODO

    PARTE

    PARTE

    PARTE PARTE

    PARTE

    Competência 01

    https://crioepercebo.wordpress.com/2009/11/18/unidade-ii-aulas-5-e-6/design-gestalt/http://pt.wikipedia.org/wiki/Gestalthttp://pt.wikipedia.org/wiki/1930http://pt.wikipedia.org/wiki/1940

  • 25

    partes? É claro que o todo é formado por partes, mas não é simples assim! O todo não é apenas a

    soma das partes, na realidade, elas se organizam segundo determinadas leis.

    Existe uma relação entre as partes e existe uma relação entre cada parte e o todo. Todas essas

    relações também fazem parte do todo!

    O que diz a teoria da Gestalt sobre isso? O todo é percebido antes das partes que o constituem. A

    forma corresponde à maneira como as partes estão dispostas no todo.

    Os elementos constitutivos de uma figura são agrupados espontaneamente e esta organização,

    segundo as leis da Gestalt, é inata. Para a teoria da Gestalt a percepção que acontece no cérebro é

    diferente do que acontece na retina. Na retina processamos imagens, formas. Já o cérebro processa

    o todo, o conjunto. Por isso ocorrem as ilusões de ótica, estão lembrados? Por exemplo, observe as

    três imagens abaixo:

    Figura 1.5.2.c. Fonte: os autores.

    Figura 1.5.2.d. Fonte: os autores.

    Figura 1.5.2.e. Fonte: os autores.

    Descrição: sequência de três imagens: na primeira, um triangulo preto em um fundo branco. Na segunda, o mesmo triângulo agora em um fundo cinza claro. E na terceira, o mesmo triângulo agora em um cinza mais escuro.

    São três triângulos idênticos, com tamanhos e cores iguais. No fundo temos três quadrados de

    tamanhos semelhantes, porém as cores mudam. Notem que o triângulo se destaca mais no fundo

    branco. Na medida em que o colocamos em um fundo cinza claro, ele passa a se destacar menos.

    Na terceira figura o triângulo está colocado em um fundo cinza escuro, notem que ele quase não se

    destaca. O que quero mostrar com isso é que nosso cérebro não percebe as formas separadamente,

    percebemos as formas dentro do contexto em que estão inseridas.

    Competência 01

  • 26

    Observe agora os dois quadrados abaixo, qual é o mais escuro?

    Figura 1.5.2.f. Fonte: os autores.

    Figura 1.5.2.g. Fonte: os autores.

    Descrição: dois quadrados cinzas. O da esquerda um pouco mais claro que o da direita.

    Você muito provavelmente respondeu que era o da direita, não? Correto, mas observe que nas três

    figuras dos triângulos sobrepostos esse tom de cinza era o mais claro. Isso mostra que não existe

    uma percepção fixa da cor, o que existe é a percepção de uma relação. Na figura anterior o

    quadrado da direita possui um cinza mais escuro do que o da esquerda, já nas três figuras dos

    triângulos sobrepostos esse mesmo tom de cinza, quando colocado diante de um tom ainda mais

    escuro, passa ser o mais claro.

    1.5.3 Leis da Gestalt

    De acordo com a teoria da Gestalt há oito fatores principais que determinam como nós agrupamos

    coisas de acordo com a percepção visual, são as chamadas leis da Gestalt: unidade, segregação,

    unificação, fechamento, continuidade, proximidade, similaridade ou semelhança, pregnância.

    Vamos estudar cada uma delas separadamente? É importante ressaltar que em uma composição

    esses princípios se relacionam entre si e nem sempre é fácil identificá-los separadamente, pois,

    além de se relacionarem, eles se complementam.

    Nosso cérebro percebe as partes, mas, sobretudo percebe as relações entre as partes.

    Competência 01

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Percep%C3%A7%C3%A3o_visual#Fechamentohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Percep%C3%A7%C3%A3o_visual#Continuidadehttp://pt.wikipedia.org/wiki/Percep%C3%A7%C3%A3o_visual#Proximidadehttp://pt.wikipedia.org/wiki/Percep%C3%A7%C3%A3o_visual#Similaridade_ou_semelhan.C3.A7a

  • 27

    Figura 1.5.3.a - A palavra Gestalt representada de forma a exemplificar seus princípios aplicados. Fonte: http://samuraiux.com.br/blog/wp-content/uploads/2014/09/gestalt-example.jpg Descrição: palavra Gestalt onde cada uma das letras está exemplificando um dos princípios. Segregação, proximidade, semelhança, unidade, fechamento, continuidade e pregnância.

    1) Unidade

    O princípio da unidade diz que cada parte é um todo. Cada elemento possui uma unidade em si

    mesmo. Isso significa que cada parte pode ser entendida separadamente. Não é verdade? Sim!

    Cada parte pode ser entendida em si mesma, a diferença que isso vai fazer para o todo é a

    “arrumação” das partes.

    Figura 1.5.3.b - pessoas em uma rua. Fonte:www.jornalibiapaba.com.br/beta/wp-content/uploads/2015/08/pessoas-caminhando-rua.jpg Descrição: homens e mulheres caminhando em uma rua movimentada, provavelmente de comércio.

    Se você olhar rapidamente a imagem acima verá uma multidão, esse é o todo. Mas você também

    pode, se quiser, olhar detalhadamente para cada pessoa e perceber detalhes de cada uma delas: se

    Competência 01

    http://samuraiux.com.br/blog/wp-content/uploads/2014/09/gestalt-example.jpghttp://www.jornalibiapaba.com.br/beta/wp-content/uploads/2015/08/pessoas-caminhando-rua.jpghttp://www.jornalibiapaba.com.br/beta/wp-content/uploads/2015/08/pessoas-caminhando-rua.jpg

  • 28

    são homens ou mulheres, cor da camisa que vestem, se carregam bolsa, se estão na calçada ou no

    meio da rua...

    Esse é o princípio da unidade: embora o todo seja formado por partes e elas estejam dispostas a

    formar um todo, ainda assim cada parte possui um sentido e um significado em si mesma.

    2) Segregação

    O princípio da segregação é a divisão do campo visual em regiões separadas por contornos.

    Contornos são bordas visuais fechadas.

    Na figura ao lado as

    imagens são compostas

    por uma zona clara e

    outra escura mostrando

    diferentes imagens. O

    que você vê? Um vaso

    ou dois rostos?

    Figura 1.5.3.c. Fonte: www.e-farsas.com/ilusao-de-otica-dois-rostos-na-cabeca-de-uma-vaca.html Descrição: silhueta de uma taça preta e na parte branca da imagem a silhueta de dois rostos.

    Competência 01

    http://www.e-farsas.com/ilusao-de-otica-dois-rostos-na-cabeca-de-uma-vaca.html

  • 29

    Anjos ou morcegos?

    Figura 1.5.3.d. Fonte: https://br.pinterest.com/pin/531635930994814839/ Descrição: imagens de uma estampa que mostra anjos e morcegos. Em alguns momentos percebemos os anjos e em outros os morcegos.

    As imagens apresentadas mostram duas figuras que podem ser percebidas diferentemente

    dependendo se são realçados os tons escuros de uma imagem ou os tons claros.

    O princípio da segregação também nos faz diferenciar algo que está mais à frente de algo que está

    atrás da imagem.

    Figura 1.5.3.e. Fonte: https://pixabay.com/pt/mala-pessoa-feliz-calma-jovem-1488516/ Descrição: mulher loira sentada em uma mala em uma estrada de barro. À margem da estrada há plantas com flores e ao fundo uma paisagem árida.

    Competência 01

    https://br.pinterest.com/pin/531635930994814839/https://pixabay.com/pt/mala-pessoa-feliz-calma-jovem-1488516/

  • 30

    Observe que no interior do contorno está a figura central da pessoa percebida em destaque. Essa

    figura em destaque é percebida mais perto do que a paisagem ao fundo. No segundo plano a

    paisagem aparece depois que é vista a figura central. A separação figura-fundo funciona como um

    processo contrário ao da camuflagem. Observe a figura abaixo.

    Figura 1.5.3.f. Fonte: http://4.bp.blogspot.com/-eSNv3Q-zxGo/TzunCMeNxmI/AAAAAAAAG_c/De6yzD gH5_s/s1600/animais-camuflados-8.jpg Descrição: imagem de peixe de camuflado na areia. É quase imperceptível onde termina o peixe e começa a areia e vice-versa.

    Na camuflagem se procura esconder a figura. Para, isso deixamos a figura com características

    semelhante às do fundo. A teoria da Gestalt propõe que a separação figura-fundo é uma

    propriedade organizadora e espontânea do sistema visual.

    3) Unificação

    A unificação consiste, segundo Gomes Filho, na igualdade ou semelhança dos estímulos fornecidos

    pelo objeto. Ocorre quando há harmonia, equilíbrio e ordenação visual. O símbolo do yin yang é um

    dos exemplos mais emblemáticos desse princípio. A simetria, o equilíbrio e a harmonia das formas e

    cores dessa imagem são muito expressivas.

    Competência 01

    http://4.bp.blogspot.com/-eSNv3Q-zxGo/TzunCMeNxmI/AAAAAAAAG_c/De6yzD%20gH5_s/s1600/animais-camuflados-8.jpghttp://4.bp.blogspot.com/-eSNv3Q-zxGo/TzunCMeNxmI/AAAAAAAAG_c/De6yzD%20gH5_s/s1600/animais-camuflados-8.jpg

  • 31

    Figura 1.5.3.g. Fonte: www.lascartasdelavida.com/imagenes/yin-yang.png Descrição: símbolo chinês de yin yang

    4) Fechamento ou boa continuidade

    É o princípio de que a boa forma se completa, se fecha sobre si mesma, formando uma figura

    delimitada conhecida previamente. O conceito de fechamento se relaciona com o de fechamento

    visual, como se completássemos visualmente um objeto incompleto.

    Figura 1.5.3.h. Fonte: www.linguagemvisual.com.br/ images/lei-da-fechamento.jpg

    Figura 1.5.3.i. Fonte: www.linguagemvisual.com.br/ima ges/lei-da-fechamento.jpg

    Descrição: figuras geométricas planas que pelo princípio do fechamento formam outras figuras planas.

    O conceito de boa continuidade ou fechamento está ligado ao alinhamento, pois dois elementos

    alinhados passam a impressão de estarem relacionados. Nossos cérebros adicionam componentes

    que faltam para interpretar uma figura parcial como um todo.

    Competência 01

    http://www.lascartasdelavida.com/imagenes/yin-yang.pnghttp://www.linguagemvisual.com.br/%20images/lei-da-fechamento.jpghttp://www.linguagemvisual.com.br/%20images/lei-da-fechamento.jpghttp://www.linguagemvisual.com.br/ima%20%20%20%20%20%20%20%20ges/lei-da-fechamento.jpghttp://www.linguagemvisual.com.br/ima%20%20%20%20%20%20%20%20ges/lei-da-fechamento.jpg

  • 32

    Figura 1.5.3.j. e figura 1.5.3.k. Fonte: http://chocoladesign.com/wp-content/uploads/2014/01/lei-da-unificacao.jpg Descrição: À esquerda, marca de um conhecido uísque que é representada pela silhueta de um senhor que usa cartola. À direita, a marca de uma ONG que é representada pela silhueta de um urso panda.

    5) Continuidade

    Esse princípio está relacionado à coincidência de direções ou alinhamento das formas dispostas. Se

    vários elementos de um quadro apontam para o mesmo canto, por exemplo, o resultado final

    “fluirá” mais naturalmente. Isso logicamente facilita a compreensão. Uma vez que um padrão é

    formado, é mais provável que ele se mantenha, mesmo que seus componentes sejam

    redistribuídos.

    Figura 1.5.3.l. Fonte: http://pepsic.bvsalud.org/img/revistas/cc/v16n2/2a06f4.jpeg Descrição: oito círculos pretos e em cada um deles está desenhado de branco um vértice de um cubo. Estão dispostos de tal maneira que parecem representar um cubo.

    Um exemplo de como funciona nosso cérebro com relação à ideia de continuidade pode ser visto

    quando nos deparamos com algumas frases muito conhecidas, logo completamos com o que vem

    em seguida:

    Competência 01

    http://chocoladesign.com/wp-content/uploads/2014/01/lei-da-unificacao.jpghttp://pepsic.bvsalud.org/img/revistas/cc/v16n2/2a06f4.jpeg

  • 33

    Para bom entendedor... (meia palavra basta)

    Água mole em pedra dura... (tanto bate até que fura)

    Pau que nasce torto... (nunca se endireita)

    Casa de ferreiro... (espeto de pau)

    6) Proximidade

    Segundo essa lei, os elementos são agrupados de acordo com a distância a que se encontram uns

    dos outros. É claro que elementos que estão mais perto de outros numa região tendem a ser

    percebidos como um grupo, mais do que se estivessem distantes de similares. Os objetos mais

    próximos entre si são percebidos como grupos independentes dos mais distantes.

    Observando a figura abaixo percebemos a princípio dois grupos: primeiro o da esquerda – com

    vários círculos equidistantes – e segundo o da direita, com fileiras distantes duas a duas.

    Quando observamos mais cuidadosamente, vemos que existem quatro grupos. Um grande grupo

    com vários círculos equidistantes à esquerda. E outros três grupos, cada um com duas fileiras de

    círculos à direita.

    Figura 1.5.3.m. Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/5/5f/Gestalt_ley_de_proximidad.png/400px-Gestalt_ley_de_proximidad.png Descrição: À esquerda, conjunto de pequenos círculos brancos dispostos em 6 filas e 6 colunas com mesma distância entre eles. À direita, os mesmos círculos, só que agora separados a cada duas colunas por uma distância maior.

    Competência 01

    https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/5/5f/Gestalt_ley_de_proximidad.png/400px-Gestalt_ley_de_proximidad.pnghttps://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/5/5f/Gestalt_ley_de_proximidad.png/400px-Gestalt_ley_de_proximidad.pnghttp://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Gestalt_ley_de_proximidad.png

  • 34

    Nas duas imagens abaixo vemos dois grupos de imagens. A proximidade entre os elementos,

    círculos e quadrados já define os dois grupos. O grupo da esquerda é formado apenas por círculos e,

    como estão próximos, são entendidos como um grupo. Já no grupo da direita, embora tenhamos

    círculos e quadrados, ainda assim vemos o conjunto como um grupo. Isso ocorre por conta da

    proximidade.

    Figura 1.5.3.n. Fonte: https://2.bp.blogspot.com/-Zi9XPVZbyHM/T84BsdgaoAI/AAAAAAAAEs4/4qIgnvcqZn0/ s1600/design-columns.gif Descrição: À esquerda, conjunto de pequenos círculos pretos dispostos 6x6. À direita, mesma imagem, entretanto sete círculos foram substituídos por quadrados com mesmo tamanho proporcional e de maneira aleatória.

    7) Similaridade ou semelhança

    Este princípio define que os objetos similares tendem a se agrupar. A similaridade pode acontecer

    na cor dos objetos, na textura e na sensação de massa dos elementos. Estas características podem

    ser exploradas quando desejamos criar relações ou agrupar elementos na composição de uma

    figura. Por outro lado, o mau uso da similaridade pode dificultar a percepção visual como, por

    exemplo, o uso de texturas semelhantes em elementos do “fundo” e em elementos do primeiro

    plano.

    Objetos similares em forma, tamanho ou cor são facilmente interpretados como um grupo. No

    desenho abaixo, os círculos brancos e pretos parecem se agrupar, mesmo que a distância entre as

    fileiras seja igual. A lei da semelhança diz que objetos similares se agrupam entre si.

    Competência 01

    https://2.bp.blogspot.com/-Zi9XPVZbyHM/T84BsdgaoAI/AAAAAAAAEs4/4qIgnvcqZn0/%20s1600/design-columns.gifhttps://2.bp.blogspot.com/-Zi9XPVZbyHM/T84BsdgaoAI/AAAAAAAAEs4/4qIgnvcqZn0/%20s1600/design-columns.gif

  • 35

    Figura 1.5.3.o. Fonte: Os autores(http://2.bp.blogspot.com/_Wbz0dF0BNXU/S5dl3GS4_MI/ AAAAAAAAAAk/iholqLksDrA/s320/seme%5B1%5D.png Descrição: mesmo conjunto de círculos 6x6, entretanto agora aparecem com linhas de círculos brancos e linhas de círculos pretos alternadas.

    Na imagem abaixo vemos três linhas de figuras, essa sensação é causada pela semelhança das

    formas. Sendo assim, a primeira linha é de quadrados, a segunda de círculos e a terceira de estrelas.

    Figura 1.5.3.p. Fonte: Os autores(https://media.licdn.com/mpr/mpr/shrinknp_400_400/AA EAAQAAAAAAAAL7AAAAJDU5N2FkYjU1LTA3NDUtNDNiMy1iNjdlLTAxMmRlMjg3MjVjZg.png Descrição: a primeira linha é de 6 quadrados, a segunda de 6 círculos e a terceira de 6 estrelas.

    8) Pregnância

    É a mais importante de todas as leis da Gestalt. Também é chamada de Lei da Simplicidade, porque

    diz que os objetos em um ambiente são vistos na forma mais simples possível. Isso ocorre porque

    quanto mais simples, mais fácil de assimilar a forma.

    Competência 01

    http://2.bp.blogspot.com/_Wbz0dF0BNXU/S5dl3GS4_MI/%20AAAAAAAAAAk/iholqLksDrA/s320/seme%5B1%5D.pnghttp://2.bp.blogspot.com/_Wbz0dF0BNXU/S5dl3GS4_MI/%20AAAAAAAAAAk/iholqLksDrA/s320/seme%5B1%5D.pnghttps://media.licdn.com/mpr/mpr/shrinknp_400_400/AA%20EAAQAAAAAAAAL7AAAAJDU5N2FkYjU1LTA3NDUtNDNiMy1iNjdlLTAxMmRlMjg3MjVjZg.pnghttps://media.licdn.com/mpr/mpr/shrinknp_400_400/AA%20EAAQAAAAAAAAL7AAAAJDU5N2FkYjU1LTA3NDUtNDNiMy1iNjdlLTAxMmRlMjg3MjVjZg.pnghttps://media.licdn.com/mpr/mpr/shrinknp_400_400/AA%20EAAQAAAAAAAAL7AAAAJDU5N2FkYjU1LTA3NDUtNDNiMy1iNjdlLTAxMmRlMjg3MjVjZg.pnghttp://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Gestalt_ley_de_semejanza.png

  • 36

    Figura 1.5.3.q. e figura 1.5.3.r. Fonte: https://static.significados.com.br/foto/1400-lei-da-simplicidade_bg.jpg Descrição: à esquerda, a figura geométrica é formada pela interseção de 3 quadrados vazados. À direita, apenas a silhueta da figura anterior, ou seja, a parte interna foi preenchida na cor preta.

    Um homem pode ser um aglomerado de formas geométricas. É o princípio da simplificação natural

    da percepção. Quanto mais simples, mais facilmente assimiladas: desta forma, a parte mais

    facilmente compreendida em um desenho é a mais regular, que requer menos simplificação.

    Além das oito leis básicas da Gestalt, podemos ainda observar outros critérios:

    Agora dê uma pausa na leitura e assista à quarta videoaula que mostra uma aplicação dos

    princípios da Gestalt para o Design de Interiores.

    Competência 01

    https://static.significados.com.br/foto/1400-lei-da-simplicidade_bg.jpg

  • 37

    2.Competência 02|Composição da Forma

    Nesta segunda competência, vamos trabalhar com técnicas de composição voltadas para o estudo

    da forma. Vamos estudar a composição propriamente dita. Estudar o desenho, os elementos do

    desenho e da composição, forma e tipos de composição.

    Você irá conhecer o que é uma composição e como esta pode ser criada, especialmente sobre os

    elementos de que dispomos para isso. Vamos falar também sobre o desenho e sobre a forma, que

    são conteúdos básicos para trabalharmos com composição.

    2.1 O desenho

    2.1.1 O que é Composição?

    O processo de composição é o passo mais crucial na solução dos problemas visuais. Uma

    composição não se dá apenas pela inspiração do autor. É o resultado de decisões feitas pelo autor

    com base em seus conhecimentos. Os resultados das “decisões compositivas” determinam o

    objetivo e o significado da manifestação visual e têm fortes implicações com relação ao que é

    recebido pelo espectador. É nessa etapa vital do processo criativo que o Designer de Interiores

    exerce o mais forte controle sobre seu trabalho e tem maior oportunidade de expressar o estado de

    espírito que a obra deseja transmitir.

    E você, como você define “composição”? O que é composição, qual é sua definição? No dicionário

    podemos encontrar algumas definições:

    Composição

    (latim compositio, -onis) s. f.1. Todo (proveniente da reunião de partes). 2. Modo de reunir partes (para formar um todo). 3. Produção. 4. Preparado. 5. Disposição. 6. Combinação. 7.

    Matéria. 8. Acordo (entre desavindos). 9. Arte de escrever música. 10. Trecho ou peça musical. 11. Ling. Processo de formação de palavras na qual há a junção de elementos

    autônomos, normalmente palavras, mas também radicais gregos e latinos. 12. Mecân. Resultado das forças e movimentos. 13. Fís. Agrupamento de moléculas. 14. Modo

    por que elas se agrupam. 15. Tip. Trabalho de compositor. 16. Original composto.

    Competência 02

  • 38

    Aqui destacamos as definições que estão em negrito. Porque elas se aproximam mais da definição

    que queremos para esta disciplina. Dessa forma, composição é: Todo, proveniente da reunião de

    partes; Modo de reunir partes (para formar um todo); Produção; Disposição; Combinação; Modo

    por que elas se agrupam.

    Para fazer uma composição precisamos combinar partes para formar um todo.

    Mas é muito importante entender que essa combinação pode e deve ser controlada através da

    utilização de técnicas e conhecimentos. Exatamente essas partes é que são os chamados

    ELEMENTOS DE COMUNICAÇÃO visuais. É a partir deles que se planejam e expressam todas as

    variedades de manifestações visuais.

    Muitos autores classificam e conceituam esses elementos de diversas maneiras: Dondis (1997) os

    classifica como: linha, ponto, direção (que conduz o olhar à leitura), forma, cor, textura, tom e

    movimento. Wong (1998) se atém mais aos elementos do desenho que são a base da composição:

    ponto, linha, plano, volume. Aqui, em um primeiro momento, vamos falar de quatro elementos do

    desenho que são base para composição: ponto, linha, plano e volume. Depois, vamos falar de

    movimento ou direção.

    2.1.2 O que é desenho?

    Antes de começarmos a trabalhar com os elementos básicos da composição: ponto, linha, plano e

    volume - é preciso entender o que é desenho. Você sabe o que é desenho? Quando falamos a

    palavra desenho, muitas pessoas pensam no desenho como arte, sem dúvida. O desenho é arte,

    mas também é mais que isso.

    Olhe à sua volta, perceba que os objetos têm uma forma que, além de poder serem belos, possuem

    também uma função. Uma cadeira é um objeto que foi projetado: a altura do acento, do encosto,

    do braço, tudo foi planejado.

    O desenho está presente em tudo, desde uma caneta, uma roupa, uma porta, até o um carro, uma

    Competência 02

  • 39

    casa, um avião. Tudo é feito, projetado, pensado, planejado com base no desenho.

    A expressão desenho, historicamente, vem sendo associada tanto às atividades artísticas como a

    uma vertente técnica, esta última desvinculada da ciência que a embasa. São inúmeras as definições

    que podemos encontrar, desde as mais reducionistas até as que mais se aproximam daquela que

    trabalhamos.

    1 Arte de representar objetos por meio de linhas e sombras. 2 Objeto

    desenhado. 3 Delineação dos contornos das figuras. 4 Delineamento ou traçado geral de um quadro. 5 Arquit Plano ou projeto de edifício etc. 6 Desígnio. 7 Figura de ornatos, em tecidos,

    vasos etc. D. animado: série de desenhos, cada um dos quais representa uma posição sucessiva de uma figura ou objeto em movimento e que são fotografados sobre um filme ou produzidos diretamente sobre um filme, de modo que a projeção deste produz uma imagem

    na qual as figuras e objetos desenhados parecem mover-se como se fossem dotados de vida e mobilidade. D. a traço: ilustração na qual objetos são desenhados usando linhas finas, sem

    sombreamento ou textura de superfície. D. baseado em caracteres, Inform: desenho na tela produzido usando caracteres ASCII em vez de janelas gráficas. D. cotado: desenho com as dimensões inscritas. D. de imitação: reprodução de figuras, paisagens, decorações. D. de pormenor: desenho separado, em escala grande, de uma parte pequena de máquina ou

    estrutura; também chamado desenho detalhado. D. detalhado: o mesmo que desenho de pormenor.D. industrial: a) o que se ocupa na representação de produtos industriais; b) estudo dos princípios de tal desenho. D. leucográfico: o que é constituído por traços brancos contra um fundo negro. D. linear: o que representa especialmente decorações, objetos, máquinas concernentes à indústria. D. mecânico: desenho executado com o auxílio de instrumentos; também chamado desenho técnico. D. técnico: a) desenho de máquinas e mecanismos e de peças mecânicas ou elétricas; b) desenho mecânico. D. traçográfico do relevo: em mapas de pequena escala, representação do relevo por linhas pequenas e curvas; a altura das curvas indica o relevo relativo, a espessura, a inclinação média. D. vigoroso: o de traços feitos com

    firmeza” (http://michaelis.uol.com.br/[6])

    A definição de FERREIRA [1] faz referência aos objetivos do desenho, mais próxima daqueles com

    que trabalhamos, ou seja, definindo seus objetivos como lúdico, artístico, científico ou técnico:

    “O desenho é um processo de criação visual que tem propósito. Diversamente da pintura e da

    escultura, (...), o desenho preenche necessidades práticas. Um trabalho de desenho gráfico deve ser

    colocado diante do olhar do público e transmitir uma mensagem pré-derterminada. Um produto

    industrial tem de atender às exigências dos consumidores. (...) Um bom desenho, em resumo,

    constitui a melhor expressão visual possível da essência de ‘algo’, seja uma mensagem, seja um

    Competência 02

    http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=desenho

  • 40

    produto” (Wong [9], grifo nosso).

    2.1.3 O Desenho como representação

    Quando falamos de composição é imprescindível falarmos de forma. Mas, ainda para “falar” de

    forma, precisamos “desenhar”. O desenho é o meio de representação mais comum e utilizado para

    estudar a forma. Como recurso de representação, o desenho é de fácil expressão e compreensão,

    bastando apenas um papel e um lápis para ser feito. É claro que podemos sim usar papel e lápis,

    mas podemos chegar até os recursos mais sofisticados graças à tecnologia. Hoje, temos

    supercomputadores, capazes de resoluções de alto nível e da mesma forma têm diversos tipos de

    softwares específicos para design gráfico. Você já ouviu o ditado: “Uma imagem vale mais que mil

    palavras?”, pois é, no nosso caso vale sim.

    Figura 2.1.3.a. Fonte: www.doceshop.com.br/blog/index.php/encomenda-do-hannibal-lecter/ Descrição: imagem de uma mãe segurando um bebê.

    É claro que podemos falar sobre qualquer coisa utilizando as palavras. No entanto, para “falar” de

    composição vamos precisar utilizar o desenho para expressar ideias e conceitos. O desenho aqui

    terá o propósito de comunicar nossas ideias para vocês.

    2.1.4 O desenho como linguagem

    O desenho é uma linguagem! Lembrem-se de que a Linguagem é um sistema de signos que serve

    Competência 02

    http://www.doceshop.com.br/blog/index.php/encomenda-do-hannibal-lecter/http://pt.wikipedia.org/wiki/Signo_lingu%C3%ADstico

  • 41

    de meio de comunicação de ideias ou sentimentos.

    O signo linguístico foi descrito por Ferdinand Saussure, em seu Curso de Linguística Geral, como

    uma combinação de um conceito com uma imagem sonora. Ou seja, um signo consiste em um

    conceito (o significado) e uma imagem sonora (o significante). Os signos podem ser sonoros,

    gráficos, gestuais, entre outros. A linguagem é percebida através dos órgãos dos sentidos,

    conforme estudamos na primeira competência. Daí, surge a derivação de várias espécies de

    linguagem: visual, auditiva, tátil, etc.

    A partir do momento em que comunica uma ideia, o desenho também pode ser visto como uma

    forma de linguagem. Se dissermos: FLOR. Você provavelmente vai pensar em uma flor, vai entender

    sobre o que estamos falando. Mas por quê? Porque você é alfabetizado em português, então sabe

    ler e, mais que isso, sabe o significado dessa palavra. Mas se eu mostrar o seguinte desenho:

    Figura 2.1.4.b Fonte: os autores Descrição: Desenho de uma flor

    Você também irá entender o que estamos querendo dizer. O

    importante é comunicar uma ideia, isso é o que a linguagem

    faz: comunica, transmite significado. O desenho, nesse

    sentido, é uma linguagem. E, como linguagem, possui um

    “alfabeto” que é composto pela forma. Isso é exatamente o

    que vamos estudar no próximo capítulo: a forma!!!

    Experimente “falar” a linguaguem do desenho. Tente explicar, através do desenho, sentimentos

    como alegria, amor, raiva, desapontamento, etc.

    Competência 02

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Comunica%C3%A7%C3%A3ohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Ferdinand_Saussurehttp://pt.wikipedia.org/wiki/Sentidoshttp://pt.wikipedia.org/wiki/Linguagem_visualhttp://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Linguagem_auditiva&action=edit&redlink=1http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Linguagem_t%C3%A1til&action=edit&redlink=1

  • 42

    2.2 Elementos do desenho

    2.2.1 O desenho como elemento básico

    Os elementos básicos da linguagem visual estão também no desenho. Isso porque tudo o que

    vemos pode ser representado através do desenho, porque tudo tem uma forma. Concorda? Wong

    lista quatro elementos do desenho: elementos conceituais, elementos visuais, elementos

    relacionais e elementos práticos. Os quatro elementos estão relacionados entre si, por isso muitas

    vezes é difícil separá-los.

    2.2.2 Elementos conceituais

    Os elementos conceituais são o ponto, a linha, a superfície e o volume. No entanto, os elementos

    conceituais não são visualizáveis, são um conceito. Os elementos conceituais são abstratos, não

    existem de fato. Difícil de entender? Vejamos, quando estamos na praia e observamos o horizonte

    porque somos capazes de distinguir entre o mar e o céu?

    Porque existe uma linha divisória, a linha do

    horizonte. Mas essa linha existe de fato?

    Não! Essa linha divisória é o que nos

    proporciona distinguir as coisas a nossa

    volta, caso contrário tudo seria uma coisa

    só. Concorda? Coloque sua mão sobre a

    mesa.

    Figura 2.2.2.a Fonte: http://olhares.sapo.pt/uma-linha-do-horizonte-diferente-foto1111503.html Descrição: paisagem do oceano e o céu, onde é possível ver a linha do horizonte.

    Competência 02

    http://olhares.sapo.pt/uma-linha-do-horizonte-diferente-foto1111503.htmlhttp://olhares.sapo.pt/uma-linha-do-horizonte-diferente-foto1111503.html

  • 43

    Figura 2.2.2.b Fonte: http://caroleau.blogspot.com.br/2006_06_01_archive.html Descrição: foto de uma mão com os dedos abertos

    Você percebe uma linha contornando a

    superfície da sua mão? Essa linha

    existe? Não, o que existe é a

    delimitação de uma superfície, o

    contorno. Quando “desenhamos” um

    ponto, uma linha, um plano ou um

    volume esses conceitos deixam de ser

    conceitos e passam a ser formas ou

    representações.

    As formas podem se apresentar como caracterizadas, basicamente, por quatro elementos

    trabalhados pelo desenho: ponto, linha, plano e volume

    Para estudarmos a composição do que vemos, precisamos entender primeiro que tudo o que vemos

    são imagens. Precisamos entender quais são, o que são e como funcionam esses 4 elementos.

    Agora dê uma pausa na leitura e assista à primeira vídeoaula que mostra os Elementos Conceituais do Desenho.

    2.2.3 Elementos visuais

    No tópico anterior, dissemos que os elementos conceituais não são visualizáveis, são um conceito.

    Portanto, os elementos conceituais são abstratos, não existem de fato. No entanto, quando

    desenhamos um objeto utilizamos representações dos elementos conceituais. Dessa forma, o

    ponto, a linha, o plano e o volume adquirem novos aspectos como um formato, um tamanho, uma

    cor e uma textura. Assim, quando representamos os elementos conceituais, eles ficam visíveis, e,

    portanto, damos a eles propriedades visuais como forma, tamanho, cor e textura.

    Competência 02

    http://caroleau.blogspot.com.br/2006_06_01_archive.html

  • 44

    1) Formato

    Um objeto quando pode ser visto possui um formato. É o formato que é percebido. Até mesmo um

    ponto possui um formato, a partir do momento em que é representado. Veja a figura abaixo.

    Figura 2.2.3.a Fonte: os autores Descrição: imagem de um ponto preto e a sua volta um degradê cinza circular.

    Figura 2.2.3.b Fonte: os autores Descrição: à direita, um ponto dentro de um quadrado branco.

    2) Tamanho

    Tudo que tem forma possui também um tamanho. O tamanho pode ser medido em termos de

    largura, altura e profundidade, em centímetros, por exemplo, ou em qualquer outro sistema de

    medidas. O tamanho de um objeto também pode ser medido com referência a outro objeto. Na

    figura abaixo poderíamos medir os triângulos ou apenas dizer que o da esquerda é o maior dos três,

    ou que o da direita é o menor dos três.

    Figura 2.2.3.c Fonte: os autores Descrição: sequência de três triângulos que vão diminuindo de tamanho.

    3) Cor

    Um formato se distingue do seu entorno através da sua forma, do seu tamanho, mas também

    através da sua cor, conforme dissemos no início deste caderno. Dedicaremos um caderno

    inteiramente ao estudo da cor. Será o próximo caderno, o caderno 3.

    Competência 02

  • 45

    4) Textura

    A textura se refere à textura na superfície de um formato. Esse assunto será trabalhado juntamente

    com o tema Cor na competência 3.

    2.2.4 Elementos relacionais

    Os elementos relacionais organizam a direção, posição, espaço e gravidade de um desenho e de

    uma composição.

    1) Direção

    A direção de um formato depende da sua relação com o observador, da moldura que a contém e

    dos demais formatos em uma composição. Nas figuras abaixo podemos perceber que a linha está,

    com relação ao observador, horizontal na primeira figura; vertical na segunda figura e oblíqua na

    terceira.

    Figura 2.2.4.a Fonte: os autores Descrição: sequência de 3 segmentos de reta - o primeiro horizontal, o segundo vertical e o último oblíquo.

    2) Posição

    A posição também depende da relação com a moldura. Na primeira figura abaixo podemos

    perceber que os círculos pretos estão posicionados diagonalmente. Na segunda figura os círculos

    estão lado a lado. Na terceira figura os círculos estão um acima e outro abaixo.

    Competência 02

  • 46

    Figura 2.2.4.b Fonte: os autores Descrição: sequência de três imagens de dois círculos pretos dentro de um quadrado branco. Na primeira imagem os círculos estão nos cantos do quadrado de maneira diagonal, na segunda imagem os círculos estão lado a lado de maneira horizontal e na terceira imagem os círculos estão lado a lado de maneira vertical.

    3) Espaço

    Qualquer formato ocupa espaço, por menor que seja. Assim, o espaço dentro de uma moldura pode

    ser ocupado ou deixado vazio. Um formato ocupa espaço dentro de uma moldura e o espaço

    ocupado mantém uma relação com o espaço não ocupado.

    Nas figuras abaixo podemos perceber a diferença na relação do círculo preto com relação à

    moldura. Na primeira figura o círculo ocupa quase o todo o espaço compreendido da moldura. A

    relação entre espaço ocupado e espaço não ocupado é desequilibrada, porque há mais espaço

    ocupado do que espaço não ocupado.

    Na segunda moldura a relação é o contrário, nesse caso há mais espaço não ocupado do que espaço

    ocupado. Na terceira figura a relação entre espaço ocupado e espaço não ocupado é mais

    equilibrada.

    Figura 2.2.4.c Fonte: os autores Descrição: sequência de três imagens de círculos pretos dentro de um quadrado branco. Na primeira, o círculo tangencia as arestas do quadrado. Na segunda, o círculo é bem menor dentro do quadrado. Na última, a proporção entre o círculo e o quadrado é parecida.

    Competência 02

  • 47

    4) Gravidade

    A gravidade é um componente mais psicológico na nossa relação com a forma. Uma forma pode

    transmitir estabilidade, instabilidade, leveza, peso, por exemplo. Na primeira figura abaixo vemos

    um quadrado preto. O quadrado é uma figura que possui uma estabilidade intrínseca quando

    posicionado com um dos lados na horizontal do observador. Porém, quando mudamos a direção

    desse mesmo quadrado, produzimos uma figura instável, conforme a segunda figura.

    Figura 2.2.4.d Fonte: os autores Descrição: sequência de imagem de dois quadrados. Um apoiado na aresta e outro apoiado em um dos vértices (oblíquo em relação à folha).

    Na primeira figura abaixo vemos um triangulo que é uma figura que, quando posicionada com um

    dos lados na horizontal do observador, adquire um peso.

    Porém, quando invertemos a posição da figura produzimos uma figura que faz referência à leveza,

    conforme podemos ver na segunda figura.

    Figura 2.2.4.e Fonte: os autores Descrição: dois triângulos, um apoiado pela aresta e outro apoiado pelo vértice (um invertido em relação ao outro).

    2.2.5 Elementos práticos

    Os elementos práticos, assim como os elementos conceituais, também são abstratos e estão

    Competência 02

  • 48

    relacionados com a representação, o significado e a função de um desenho.

    1) Representação

    Um desenho pode ser derivado de algo que está na natureza ou pode ser uma criação do homem.

    Em ambos, é uma representação. No entanto, essa representação pode ser realista, estilizada ou

    abstrata. Realista, baseada na observação e representação o mais próximo possível da realidade.

    Na figura abaixo podemos ver um exemplo de representação realista. Nesse caso, o profissional

    procurou desenhar o mais próximo possível da realidade, retratando o artista da foto.

    Figura 2.2.5.a Fonte: http://mauriciodesenhosrealistas.arteblog.com.br/252765/Desen ho-Realista-Michael-Jackson/ Descrição: fotografia de Michael Jackson e um desenho realístico em tons de cinza da fotografia.

    A representação estilizada é uma imitação modificada de algo. Essa modificação pode ser uma

    tendência de simplificação ou, pelo contrário, uma tendência ao exagero de alguns aspectos. Na

    figura abaixo podemos ver um exemplo do desenho estilizado, o artista desenha frutas, flores e um

    coração, de forma estilizada, e não uma cópia do modelo real, utilizando sua própria interpretação

    dos objetos reais.

    Competência 02

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Realidadehttp://mauriciodesenhosrealistas.arteblog.com.br/252765/Desen%20ho-Realista-Michael-Jackson/http://mauriciodesenhosrealistas.arteblog.com.br/252765/Desen%20ho-Realista-Michael-Jackson/

  • 49

    Figura 2.2.5.b Fonte: www.bananacraft.com/blog/facavocemesmo/2009/02/16/kit-carimbo-cliparts-de-animais-frutas-coracoes-e-pinceis/ Descrição: desenhos estilizados de flores, maçãs e peras.

    Representação abstrata é o processo ou resultado de generalização por redução do conteúdo

    da informação de um conceito, nesse caso um desenho. Isso é feito com o intuito de reter apenas a

    informação que é considerada relevante. Na figura abaixo vemos um clássico exemplo de desenho

    abstrato, nesse caso podemos perceber uma clara referência aos elementos geométricos.

    Figura 2.2.5.c Composição 8 de Wassily Kandinsky, 1923 Fonte: http://2.bp.blogspot.com/-o-xFUKC0xD8/UKouuv7OTUI/AAAAAAAAAB0/q6-i8y5f3 P0/s320/Kandinsky_Composition-8.jpg Descrição: quadro abstrato com referências geométricas coloridas.

    2) Significado

    O significado em um desenho existe quando o desenho transmite uma ideia.

    Competência 02

    http://www.bananacraft.com/blog/facavocemesmo/2009/02/16/kit-carimbo-cliparts-de-animais-frutas-coracoes-e-pinceis/http://www.bananacraft.com/blog/facavocemesmo/2009/02/16/kit-carimbo-cliparts-de-animais-frutas-coracoes-e-pinceis/http://pt.wikipedia.org/wiki/Informa%C3%A7%C3%A3ohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Conceitohttp://2.bp.blogspot.com/-o-xFUKC0xD8/UKouuv7OTUI/AAAAAAAAAB0/q6-i8y5f3

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    3) Função

    A função existe quando um desenho serve a um propósito como, por exemplo, os desenhos das

    figuras abaixo. Na primeira figura podemos ver um desenho técnico que possui a função de

    representar algo que será construído de fato. Na segunda figura podemos ver um desenho de um

    casaco, que possui um propósito específico, nesse caso relacionado à moda, que poderá tornar-se

    real.

    Figura 2.2.5.d Fonte: http://s3.amazonaws.com/magoo/ABAAABatIAJ-172.jpg Descrição: desenho técnico de um parafuso com três vistas ortográficas.

    Figura 2.2.5.e Fonte: https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/originals/d1/b1/4b/d1b14b75fc 1d3548608716a78bb47efc.jpg Descrição: desenhos técnicos de roupas. À esquerda, desenho técnico de um vestido longo e à direita desenho técnico de um casaco.

    Competência 02

    http://s3.amazonaws.com/magoo/ABAAABatIAJ-172.jpghttps://s-media-cache-ak0.pinimg.com/originals/d1/b1/4b/d1b14b75fc%201d3548608716a78bb47efc.jpghttps://s-media-cache-ak0.pinimg.com/originals/d1/b1/4b/d1b14b75fc%201d3548608716a78bb47efc.jpg

  • 51

    2.3 Composição 1: aspectos e criação da forma

    2.3.1 Moldura de referência

    Conforme foi dito no capítulo anterior, os elementos do desenho estão relacionados entre si. Por

    isso, é muito difícil separá-los. Quando pensamos em cada elemento em separado é quase

    impossível percebê-los. Mas quando juntamos todos os elementos, estes determinam a aparência e

    o conteúdo final do desenho. Todos os elementos descritos acima estão localizados no interior de

    uma fronteira, como uma folha de papel, uma tela, etc. Essa fronteira é chamada de Moldura de

    Referência. Segundo Wong, “a moldura de referência marca os limites externos de um desenho”. A

    moldura de referência define uma área dentro da qual os elementos criados e o espaço não

    utilizado (chamado de espaço vazio, residual) trabalham juntos. Mas o que isso quer dizer? Quer

    dizer que todos os espaços dentro da moldura de referência são parte integrante da composição!

    Veja o exemplo das figuras abaixo. Note a relação entre o círculo preto e a moldura de referência

    nas duas figuras.

    Figura 2.3.1.a Fonte: os autores

    Figura 2.3.1.b Fonte: os autores

    Descrição: à esquerda, círculo preto pequeno em um quadrado branco, o círculo está localizado no canto esquerdo inferior. À direita, mesma figura, só que dessa vez o quadrado branco tem aproximadamente o dobro do tamanho.

    Percebeu a diferença? Temos o mesmo desenho, no caso um círculo preto, mas modificando o

    tamanho da moldura de referência modificamos também a relação entre espaço utilizado, pelo

    círculo, e espaço não utilizado. Dessa forma, temos duas composições diferentes. Portanto, note

    que a moldura de referência também faz parte da composição. A moldura de referência não

    precisar ser, obrigatoriamente, real. Como assim? Caso seja real então o limite (linhas) deve ser

    Competência 02

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    considerado como desenho. Mas, caso a moldura esteja implícita (não desenhada), como as bordas

    de uma folha de papel, ou os limites de um cartaz, a página de uma revista, esses limites se tornam

    molduras de referência para os desenhos contidos dentro dessa superfície.

    Figura 2.3.1.c Fonte: www.verapatchwork.com/?p=451 Descrição: capa da Revista Faça Fácil, com a apresentadora Ana Maria Braga.

    Figura 2.3.1.d Fonte: http://a-ham.com/blog/2009/05/a-ham-ganhamos-o-23%C2%BA-premio-cartaz-mcb-quase/ Descrição: cartaz de concurso de design em que aparece uma colher vazada, usada geralmente para pegar macarrão. Essa colher também lembra um olho.

    A moldura de referência cria uma relação entre o desenho ou figura que utiliza espaço dentro da

    moldura. O espaço não utilizado dentro da moldura é o segundo plano. Essa relação é chamada de

    relação figura-fundo. No interior de uma moldura pode ser inserida uma, duas ou mais formas.

    A composição será o resultado de relação entre a figura e o fundo ou, se houver mais de uma

    figura, a composição residirá entre as figuras entre si e destas com o fundo.

    2.3.2 Forma e espaço

    A forma é o espaço ocupado, também chamado de positivo. O fundo é o espaço não ocupado,

    também chamado de negativo. O espaço positivo é visto como um formato positivo circundado por

    um espaço negativo.

    Competência 02

    http://www.verapatchwork.com/?p=451http://a-ham.com/blog/2009/05/a-ham-ganhamos-o-23%C2%BA-premio-cartaz-mcb-quase/http://a-ham.com/blog/2009/05/a-ham-ganhamos-o-23%C2%