Coração Classe C, por Romario Regis

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Editora PapaGoiaba

A Agência PapaGoiaba é um projeto de

Comunicação que produz conteúdo e dá suporte

para outros grupos culturais do território.

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Agradecimentos

Agradeço aos que sempre fortalecem, seja na internet,

nos eventos, nos projetos ou em qualquer lugar.

Que todo mundo tenha

a oportunidade de poder inventar a trajetória que bem entender, sem que

as pessoas possam mediar suas relações.


Poesia 1

Alcântara, Carrefour

Colubandê. Eu a pé,

de smartphone mandando mensagem

pra você.

Colinas de Maricá, Bloco A

e interfone. Não atende,

bota 9090 e seu telefone.

Se arruma,

por meia hora e vem na porta. Senta no banco

e com vários sorrisos de conversa

só nossa.

Vou embora e pego a Van

até a Prefeitura. Mais um ônibus

da Estrela,


vou pra casa e mesmo de longe,

no monopólio do Zé a gente atura.


Poesia 2

Entre recomendações, te adicionei.

O facebook te encontrou, te conectou a mim.

Nem poesia moderna ou gente de mente aberta,

imaginaria isso.

Os cabelos da rapunzel viraram what's up

e para dar um beijo que encaixe a gente marcava no chat.

O romance platônico veio em forma digital

e no encontro físico a gente não se largava, afinal, ninguém queria

dar tchau.

A rima veio. Aprendi com os amigos do rap

e antes que esse amor todo chegue e se eleve,

peço que mantenha vivo meu coração como amigo

e caso o sentimento suma, corra perigo,


eu chego perto e no seu ouvido

te conquisto de novo.


Poesia 3

Tu foi meu primeiro amor e eu era moleque.

Época boa, de encontro de clã.

Tu LDP, eu BDS

Era depoimento no orkut, subnick de msn

emoticon de coração, nessa época que nós,

é tudo adolescente.

Segunda era cinema, quarta e quinta,

frente de escola. Os amigos reunidos

traduzindo aquela gíria antiga, do "só de marola".

Uns bebiam hardcore,

eu ficava na coca. Você com franja de lado, fazendo pose no espelho

no banheiro da escola.

O tempo passou e tu foi para a faculdade, já trabalha, vai para a i9,


dança e com bebida, se atrapalha.

Mas sabe de uma coisa?

Toda vez pego o 42 passo no Shopping São Gonçalo,

olho para a grama e lembro bem, como sem querer,

a gente se ama.


Poesia 4

Peguei a fila do "em pé", sentido Praça do Gradim.

O ônibus apertado, cheio de gente pós labuta

davam o ar de cansado do 443.

Era suor, touch screen e paçoca. Quem ia para o fundo, de tão lotado, já sabia.

pra frente, não tinha volta.

Ainda em pé, com mochila pesada, suor na testa e com vida cansada,

te vi entre entre duas axilas e uma bolsa do Guanabara.

Tinha um Iphone chamativo,

com capa Azul Stitch, do Bay Market. Era sensualidade entre fones,

bolsas, maquiagens velhas e expressão afoita.

Seu castelo, resumido em banco alto,

sobrava coxa, decote e salto.

O ônibus esvaziava e os espaços entre os corpos,

te revelando.


Minha curiosidade era enorme. Navegava em seus detalhes,

assim como você navegava no facebook.

Ficaria horas contigo, te olhando. Se tu pegasse outro ônibus, iria junto! Ainda faltam 2h para o bilhete único.

Chegava a Praça do Gradim,

com uma hora de atraso. Você desceu, eu desci junto.

A roleta de saída me levava para marte. Imaginei nós dois entrando no cinema.

No mais, foi só surpresa.

Passos dados, 3 metros do seu lado Reparei que você, ainda linda,

era uma grande amor de adolescência que ainda mora, na Capitão João Manuel.


Poesia 5

Suor, gritos e batom. Calça jeans, blusa branca

e faixa na mão. Não tem partido,

Não milita. É beleza e esperança

e não é por 20 centavos, Como diz o Pezão.

Te vi entre molotovs, no meio da multidão.

Farda de guerra, que baleou meus passos

e na hora de cantar, de braços dados,

te procurei e te achei sentando ao seu lado.

Minha manifestação mudou,

não era mais por direitos. Caminhava para saber seu nome,

e se te atacassem, tiraria uma foto

e logo após, pediria seu telefone.

Era cara pintada. Maquiagem leve,


suor borrado, bandeira nas costas. Fez o Impeachment

da última que presidia, meu falido coração.

Saiu do facebook,

para reivindicar. E na timeline da Rio Branco,

virou filtro do instagram. Post atrás de post,

curtia tudo que via em você. Era login acessando meu corpo, Era ação reivindicando atenção,

Era linda.

Passos a frente, na confusão, criei coragem de pedir seu nome,

mas por conta dos infiltrados, te perdi, logo ali,

na Rua da Assembleia.


Poesia 6

Ganhou meu coração

e sem entrada. Fez do conto de fadas, uma história popular,

12 vezes sem juros.

Começou com cinema na segunda de promoção.

Subway do dia dividindo 30 cm para dois afetos

cheios de emoção.

Filme nacional na tela meia entrada de fato,

para o príncipe e para a cinderela.

Beijo doce,

abraço apertado. Presente das americanas

Casal bonito Que desfila

no Shopping SG.

Como é bom ser Classe C. Juntar amor todo dia,


como se junta dinheiro para se divertir à sós.

Fazer do Bilhete Único Um caminho de 2h

para amar.

No final do conto, passos ao fim de tarde,

entre o Boa Vista e a BR101. Bota o temporizador,

corre para a grama, publica no facebook

com o texto.

"a gente se ama"

Coração Classe C, por Romario Regis

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