Corda Bamba - Lygia Bojunga

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Corda Bamba Lygia Bojunga Jamille Rabelo Luana Loes Maria de Jesus Thalita Ribeiro

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Corda BambaLygia Bojunga

Jamille RabeloLuana Loes

Maria de JesusThalita Ribeiro

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“Viver na corda bamba – é como o

imaginário popular define a

existência de quem tem que

enfrentar desafios diários para

sobreviver. Assim caminha Maria

em busca de seu próprio equilíbrio,

abrindo as portas do passado e

recompondo-se dos dramas que

marcaram sua infância circense.”

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Enredo:

O enredo de Corda Bamba segue uma linearidade, no

tempo presente, até o momento em que Maria passa

a imaginar a sua caminhada na corda para o

passado. Nesse instante, é o fluxo de pensamento

da personagem quem determina esse enredo, não

existindo mais necessariamente começo, meio e fim.

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Linguagem:

É uma linguagem sutil, precisa, sem excessos. As

palavras não trazem peso, trazem leveza. Ora a

narrativa está nos diálogos, ora nos pensamentos

de Maria, ora nas personagens que vão nos

ajudando a conhecer a estória. Ao mesmo tempo

que a narrativa é rápida, o texto flui sem tropeços,

porque é um texto de narrativa delicada e de

ordem cronológica.

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• A boa construção das personagens pela autora, com suas

problemáticas encadeadas no corpo da narrativa traduz a sua

visibilidade de pensamento. Percebemos a clareza nos pensamentos

de Maria, a transparência do imaginário da autora, ganhando forma,

com uma linguagem precisa. Um texto exato, sutil e ritmado é capaz

de nos mostrar a transparência do pensamento do artista.

Corda bamba é uma narrativa que explora os meandros da

consciência da criança, e sob o seu foco são vistos os acontecimentos

de sua vida no passado, e no presente. A narrativa capta os

pensamentos das personagens, o imaginário da criança de forma

exata, precisa, sem excessos, com imagens visuais nítidas.

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• Corda: é a ponte entre o real e o imaginário.

O poder do imaginário de Maria que recorrendo e

resgatando um símbolo de seu agrado, estima e

valor “o arco, a corda” vai equilibrando-se na

“corda bamba” da vida, viajando para dentro de si

mesma através do imaginário e da personalidade

tímida que nem por isso se torna frágil, mas densa,

profunda e forte.

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• Janela: é a representação da realidade, a

consciência de Maria.

A visão da janela, pela personagem, o silêncio e os

pensamentos na solidão caminham juntos com as

dores, dentro do mundo particular de Maria.

Quietude e reflexão podendo ser percebidas

delicadamente através da linguagem leve e precisa

e da cena de Maria na janela no segundo capítulo

da narrativa intitulado Janelas.

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• Portas: são a abertura para o inconsciente.

Maria encontra muitas portas esperando para serem abertas.

Cada porta tem uma cor diferente assim, como cada uma ao

ser aberta esconde um momento do seu passado e uma

sensação diferente.

Ela vai abrindo uma a uma as portas do seu passado, ficando

por último a porta vermelha, na qual ela vê seus pais pela

última vez caindo da corda bamba durante uma apresentação.

A partir daí, Maria aprende a lidar com seus sentimentos e

sente-se pronta para abrir novas portas em sua vida, sonhar e

buscar compreender seus sonhos.

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Maria: Protagonista Com a morte dos pais foi morar

com a avó materna. Se tornou uma criança infeliz

com a perda dos pais Se fecha dentro de si

D.Maria Cecília Mendonça de Melo:

Antagonista Casada por quatro vezes Autoridade e poder sobre a

Maria

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Márcia e Marcelo:• pais de Maria;• equilibristas de circo na

corda bamba.

Barbuda e Foguinho

• artistas de circo

Pedro• marido de Dona Maria

Cecília• avô de Quico

Quico

A velha contadora de histórias

D. Eunice• professora de Maria

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Diferenças entre classes sociais:

“- Quando eu nasci, a minha mãe e o meu pai não tinham dinheiro

pra comprar um berço.

- Quando eu nasci, a minha mãe comprou sete: cada dia da semana

em dormia num.

- Pra quê?

- Pra já ir me acostumando a ter uma porção de tudo.

- Hmm.

- Que é? você ficou de cara triste.

- É que desde que eu nasci me acostumaram a ter uma porção de

nada.”

(NUNES, 2009, p.p. 71-72)

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Dinheiro compra tudo???

A Menina chegou pertinho da avó e cochichou:

- Mas, vó, gente se compra?

- Quem tem dinheiro feito eu compra tudo.

[...]

A Menina perguntou ainda mais baixo:

- Gente custa caro?

- Depende. Tem uns que custam bem caro (olhou de rabo

de olho pros retratos). Essa aí custou baratinho.

(NUNES, 2009, p. 109)

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Relações trabalhistas

“ - Não tá certo, não tá certo! Vocês não podem deixar

eles botarem a corda tão alto.

- Eles vão pagar muito mais.

- Você tá deixando eles te explorarem, Marcelo!

[...]

- Se vocês começam a trabalhar na base do risco, tudo

que é circo vai imitar. É sempre assim. E aí, quem não

tem a segurança de vocês ou se arrisca de morrer ou

fica sem trabalho.”

(NUNES, 2009, p.p. 129-130)

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Hierarquia/autoridade/imposição

“É que a mesa é pequena. E o cachorro é enorme. E se esparrama todo. E acaba

sempre sobrando um pedaço dele debaixo da minha cadeira. Eu não posso

mexer o pé que, pronto: já esbarro nele. E é só um esbarrãozinho de nada que

ele já levanta num pulo e começa a latir com uma voz grossa toda vida. Eu

morro de susto.

[...]

- Escuta Maria você me conhece não é? Eu acho que é sempre melhor a gente

ser franca. Diz assim pra professora: “olha, professora, ou a senhora me dá

lugar pra eu botar o pé descansada, ou eu não dou mais aula”.

[...]

- Você ouviu o que eu disse, filhinha?

- Ouvi. Mas não vai dar pé.”

(NUNES, 2009, p.p. 43-44)

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Temos Maria com seus apenas dez anos de história de vida –

respeitando-se a criança como um ser humano completo e não como

um vir a ser, ou seja, que a criança tem conhecimento de mundo, no

limite de sua idade.

Não é justo e nem verdadeiro com a criança que lhe deem apenas o

“livrinho feliz”, pois a criança tem o direito de experimentar e saborear

a leitura para poder fazer suas escolhas pessoais e livres de pré-

conceitos estabelecidos e arraigados por toda e qualquer sociedade.

A literatura verdadeiramente inovadora é aquela que ultrapassa a

função didático-moralizante, para revelar uma visão mais clara da

realidade na qual o leitor já estava inserido, sem no entanto conhecê-la.

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No que se refere à participação da criança em textos de

abordagens sociais, sabe-se que durante muito tempo a

literatura para crianças evitou abordar temas que enfocassem

“o ‘lado podre’ da sociedade, seja em termos sociais (ausência

de temas relacionados às diferenças ou conflitos de classe) ou

existenciais, faltando a representação de determinados

problemas familiares, como a falta de dinheiro do pais e a

morte.

A criança é vista como um ser pensante, capaz de apreender

significados importantes por meio da linguagem, dos símbolos e

da própria forma como a narrativa foi construída. Além disso, ao

final da narrativa, a criança sai da história modificada, pois toda

a trajetória da personagem Maria leva ao leitor o mesmo

amadurecimento alcançado por ela.

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• BOJUNGA, Lygia. Corda bamba. 23. ed. Rio de Janeiro: Casa Lygia Bojunga,

2009.

• BOROWSKI, Maria N. Corda bamba: uma leitura dentro da outra. Disponível

em: http://guaiba.ulbra.tche.br/pesquisa/2005/artigos/letras/76.pdf

• FERNANDES, V. R. O. A literatura infanto-juvenil na corda bamba.

Disponível em: http://www.litteratu.com/cordabambafio.pdf

• MALHEIROS, Eglê. A criança na corda-bamba: a literatura de Lygia Bojunga

Nunes. Disponível em: http://www.gelbc.com.br/pdf_revista/0501.PDF

• SANDRONI, Laura. De Lobato a Bojunga: as reinações renovadas. Rio de

Janeiro: Agir, 1987

• SANTOS, Daniela Y. U. Estética e imaginário em Corda bamba de Lygia

Bojunga Nunes. Disponível em:

http://www.fflch.usp.br/dlcv/revistas/crioula/edicao/01/Dossie/04.pdf

SILVA , Maria Marlene R. da . As relações sociais da criança na obra de Lygia

Bojunga Nunes. Disponível em: http://www.gelbc.com.br/pdf_revista/0503.PDF