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I4 REVISTA NACIONAL DB EDUCAÇÃO Corno crIar o enSInO profissional quasi sem despesa. Aprigio Gonzaga o Estado, é fáto indiscutivel, não pôde arcar com as despesas de montagem e manutenção de escolas profissionais do tipo atual. Aosor- vendo cada uma das atuais escolas centenas de contos de réis, todos os anos, apesar de tanto sacrifício, ainda está uma grande multidão de JO- vens, de um e outro sexo, sem poder obter matricula como desejam para a sua formação obreira, e ha centenas de milhares por todo o Brasil a espera da redenção, pelo trabalho. Basta apontar que possuímos, em todo o Estado de São Paulo, dez esc profissionais, quando necessitamos no minimo, de cem, para aten- der. ás necessidades mais urgentes da população escolar. ESCOLAS PROFISSIONAIS MONOTECNICAS. Para resolver este problema, com o minimo da despesa, imagina- mos um tipo de escola profissional, a "escola profissional monotécnica", pequena, simples, facil, verdadeira célula de escola, armada, porém, com os elementos básicos para seu proprio desenvolvimento, e que se acomóde a ualquer cidade ou zona do Estado: rural, de artes e oficios, de pesca, etc. Como o nome indica, cada escola desse tipo ensinaria uma só pro- fissão ou arte, com os sub-ramos fundamentais afins, sendo mantida pelo concurso do Estado e da Camara Municipal, onde fôr estabelecida, com a fiscalização e o apoio financeiro do Governo Federal. CURSOS - Assim, exemplifiquemos com uma escola monotécni- ca de ebanesteria o que poderiamos fazer com uma qualquer de mecánica, eletric-idade, lacticinios, prendas domesticas, pintura e decoração, pesca, etc., estas seriam, esboçadas a traços largos, em linhas gerai~ de organiza- ção. A. escola monotécnica de ebanesteria constaria de: ! Marcenaria artística, 2° ano e 3°; , Tornearia e elementos de ebanesteria e lustração CURSO PRATICO' - 1° ano; I Curso de entalhação e elementos de tapeçaria e empalhação -- 1° ano.

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Corno crIar o enSInO profissional quasi sem despesa.Aprigio Gonzaga

o Estado, é fáto indiscutivel, não pôde arcar com as despesas demontagem e manutenção de escolas profissionais do tipo atual. Aosor-vendo cada uma das atuais escolas centenas de contos de réis, todos osanos, apesar de tanto sacrifício, ainda está uma grande multidão de JO-vens, de um e outro sexo, sem poder obter matricula como desejam paraa sua formação obreira, e ha centenas de milhares por todo o Brasil aespera da redenção, pelo trabalho.

Basta apontar que possuímos, em todo o Estado de São Paulo, dezesc profissionais, quando necessitamos no minimo, de cem, para aten-der. ás necessidades mais urgentes da população escolar.

ESCOLAS PROFISSIONAIS MONOTECNICAS.

Para resolver este problema, com o minimo da despesa, imagina-mos um tipo de escola profissional, a "escola profissional monotécnica",pequena, simples, facil, verdadeira célula de escola, armada, porém, comos elementos básicos para seu proprio desenvolvimento, e que se acomódea ualquer cidade ou zona do Estado: rural, de artes e oficios, de pesca,etc.

Como o nome indica, cada escola desse tipo ensinaria uma só pro-fissão ou arte, com os sub-ramos fundamentais afins, sendo mantida peloconcurso do Estado e da Camara Municipal, onde fôr estabelecida, coma fiscalização e o apoio financeiro do Governo Federal.

CURSOS - Assim, exemplifiquemos com uma escola monotécni-ca de ebanesteria o que poderiamos fazer com uma qualquer de mecánica,eletric-idade, lacticinios, prendas domesticas, pintura e decoração, pesca,etc., estas seriam, esboçadas a traços largos, em linhas gerai~ de organiza-ção.

A. escola monotécnica de ebanesteria constaria de:

! Marcenaria artística, 2° ano e 3°;, Tornearia e elementos de ebanesteria e lustração

CURSO PRATICO' - 1° ano;I Curso de entalhação e elementos de tapeçaria e

empalhação -- 1° ano.

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CURSO TEóRICO\~

Desenho Profissional e calculo aplicado .Aritmética e Geometria aplicada ;Português, educação cívica e geografía .

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Pessoal administrativo e docente:

1 Diretor 2 ajudantes1 professor 1 porteiro1 mestre 1 servente

O pessoal administrativo e docente seria mantido pela CamaraJIunicipal, excetuando o Diretor e os dois professores que seriam pagospelo Estado ou pelo Governo Federal.

O Diretor, além das funções de seu cargo, daria as aulas de por-tuguês, geografia e educação civica; o professor de aritmetica, além dasfunções de seu cargo, teria a escrituração comercial do estabelecimentoe a substituição do diretor em casos urgentes; o mestre, além das fun-~ões práücas da oficina, daria aulas de desenho profissional e de cal-eulo aplicado; os ajudantes dariam tambem aulas teóricas que tivessemligação com sua especialidade; ao porteiro caberia, além das funçõesnesse cargo, a escrituração do material entrado na escola, os livros deassentamento de f'áturas e o de expediente; o servente teria as funçõesde seu cargo, na limpeza do prédio e mais os serviços de auxilio e limpeza dos cursos práticos ou oficinas.

OBRIGAÇõES - Ao Estado caberia além do pagamento do di-retor e pr fessores, as despesas de instalação inicial da escola, que nãodeveria exceder de 35 :000$000.

RENDA ESCOLAR -- A renda escolar proveniente da venda doeprodutos das escolas monotécnicas pertenceria ás Camaras Municipais.como auxilio á manutenção das Escolas e para seu desenvolvimento fu-turo.

Fundo de Educação e Tributação Especial paradesenvolvimento da Instrução

E' necessario criar o Estado um fundo de educação, formado comuma tributação especial, para desenvolvimento do ensino profissional.

Assim, poderia o Tesouro cobrar uma taxa especial, num selo d~5$000 lançado em Junho e Dezembro, de todos os escolares do Estado.Só isso representaria, em média, uma renda no Estado de São Paulo, su-

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perior talvez a 80 mil contos, só por si capaz de manter 13.333 escolasrurais vocacionais, ou 2.666 escolas profissionais monotécnicas, ou 530escolas profissionais primarias, ou 200 escolas profissionais secundarias,ou 160 escolas normais de trabalhos manuais, ou, ainda, uma sisteman-zação tecnica educativa , Esta sistematização conteria 1 universidade detrabalhos manuais, 14 escolas normais de trabalhos manuais, 50 escolasprofissionais secundarias, além de larga cópia de escolas profissionaisprimarias, monotéenicas, rurais vocacionais, com instalações, etc., semmaiores onus para o Estado.

E' claro que esta estatistica de financiamento de uma organiza-ção sistematica de ensino técnico generalizado para o Estado de Sií..,Paulo, ou para o Brasil, é variável segundo as taxas e o numero de esco-lares que possam pagar um minimo de instrução.

Se, na época de ferias das escolas publicas os pais para tiraremos filhos da rua, como dizem, pagam ás escolas particulares 10$000,20$000 e até 30$000 por mês, enquanto esperam a reabertura das aulaspublicas, tambem poderiam pagar 10$000 por ano para lograrem os be-neficias da instrução com fins industriais.

Além disso, seria cobrada mais a taxa de $100 nos bilhetes de lo-teria o entradas de divertimentos, creando-se uma pequena taxa sobretransmissão de propriedade, transmissão de heranças e heranças vagas.Como auxilio ás Camaras, poderia o Estado providenciar junto delas nosentido de venderem em lótes, a prestações, as terras devolutas e consti-tuir com o produto das vendas e de outras taxas que lhes sejam permi-tido cobrar, um fundo proprio para o desenvolvimento e manutençãodo ensino primario e profissional em todos os Estados do Brasil e até no"mais reconditos rincões de nossa Patria ,

A verdade, e todos estão acórdes nisso, é que sem dinheiro, sen-rendas especiais, não se poderá desenvolver o ensino, de qualquer graue de qualquer natureza.

Tão pouco não é excessivo o numero de escolas que preconizamoepara o Estado de São Paulo, tendo em vista a sua população de 7 nnlhões de habitantes.

A, Belgica, cuja população é menor, tem cerca de 800 escolas pro-fissionais de todos os graus; a Tcheque Slovaquia, com a população de12 milhões, possue 1000 escolas profissionais; Munich, na Alemanha,só Munich, tem 5.000 escolas; a França, com 40 milhões de habitantes,tem 5 _000 escolas; BÓ Buenos Ayres, na Republica Argentina, tem 44cursos profissionais e o Japão 13 _000 escolas !

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MI:LLO·LvrK.O - ARANHAS orrc:.rNAS DO NUUU NACIONAL - RIO D~ JAH6111r.;_/- ..... ----- ---._-------

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4 - HIt'ttROPHYNUS - PlrDIPALPO

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8:400$00014:400$000

Positivamente, tendo em vista os milhões rle contos de réis que oJapão seria obrigado a gastar, na proporção do que gastamos, em cadaescola profissional, é claro que só com recursos especiais, repetimos, ecom uma organização especial, que torne esse sistema de ensino, eco-nomico, rápido e abundante, poderemos levantar economicamente o Bra-sil creando a consciência industrial do nosso povo.

Quadro demonsiraiioo do pessoal técnico e administmti'vo das escolasmonotécnicae, seus vencimentos anuais separadamente calculadospara uerijicoção das despesas a cargo do Estado e das Municipali-dades .

NOT A - O calculo das despesas foi feito incluindo 2 professores,tendo em vista a necessidade de mais um professor no segundo ano de au-las, em que, com o acrescimo de mais uma classe, não poderiam o dire-tor e o professor atender aos serviços gerais e ao aumento de trabalho.

De acôrdo com o que acabamos de expôr somos de parecer que otrabalho manual organizado em todas as escolas publicas, de todos os

Cargos pagos pelo Estado:1 diretor . . . . .2 professores a 7 :200$000 . . . . ..

Total .

Despesas feitas pelas Municipalidades:1 mestre . . .2 ajudantes . . . . . . .1 porteiro . . . . . . .1 servente .Despesas - expediente e oficinas .

Total

Total geral . . . . .

Despesa de montagem, a cargo do Estado .

R.N.E. 8:1

22:800$000

4:200$0006:000$0003:000$0002:160$0006:000$000

21 :360$000

44:160$000

35:000$000

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graus, deve ter finalidade utilitaria e pratica; dever' a ser creada adiariaescolar, por meio de um adiantamento ou bolsa educativa, em todas as es-colas, e por ela pagos todos os alunos, segundo a capacidade de trabalhoe produção de cada um e auxiliada a seleção dos bem dotados, cuja educa-ção ficará a cargo do Governo,

Mais: que, de acôrdo com a diária escolar, fosse organizado emcada escola um banco escolar, orientando-se o ensino de aritmética demodo que as operações e problemas girem, tanto quanto possivel, em tor- .no das operações bancárias e se dê crédito aos alunos obreiros, afim deo rendimento escolar, pela venda da produção, ser aplicada na ampliaçãodos meios educacionais de trabalho,

Dessarte, seja o trabalho manual orientado como principal centrode interesse e de globalização no programa. escolar, segundo as zonas eos vários meios brasileiros,

Assim, com a maior urgencia possivel, seja organizada em todasas escolas a republica escolar, ou o Governo Social dos Alunos, inclusiveo Tesouro Social formado do imposto unico lançado sobre toda a produçãoescolar, E, como auxilio á grande obra educacional, devem ser creadosimpostos especiais de instrução, cobrados nas transmissões de proprieda-des, vendas de terras publicas, casas de diversões, bilhetes de loterias,etc , para formar-se o fundo nacional de educação, distribuivel anual-mente pelos Estados, segundo as necessidades educacionais economicasde cada um.

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