Corpo, alma, coração de mãe - Tribuna do...

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“Kátia Maria conseguiu avançar. Vamos entrar na disputa com objetivo de ir para o 2º turno” ANO 31 - Nº 1.624 - R$ 2 GOIÂNIA, 20 A 26 DE MAIO DE 2018 ANASTÁCIA TINHA TRÊS MANEIRAS DE SER MÃE: MILAGRE, INSEMINAÇÃO OU ADOÇÃO. EM JUNHO, ELA E TIAGO COMEMORAM DEZ ANOS DE CASADOS. AO LADO DE MANUELA. E É SÓ O COMEÇO. Rubens Otoni, deputado federal (PT) Marcos Abrão, deputado federal (PPS) Páginas 4 e 5 Página 3 Páginas 6 e 7 Páginas 8 e 9 Corpo, alma, coração de mãe “Lúcia Vânia é um nome a ser buscado. Ela tem voto, credibilidade, e isso é decisivo” Baldy reedita sonho do trem Goiânia-Brasília O grupo da Alemanha Muito além da sala de aula ESCOLA ESCOLA Páginas 10 e 11

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“Kátia Maria conseguiu avançar. Vamos entrar na disputa com objetivo de ir para o 2º turno”

ANO 31 - Nº 1.624 - R$ 2GOIÂNIA, 20 A 26 DE MAIO DE 2018

ANASTÁCIA TINHA TRÊS MANEIRAS DE SER MÃE: MILAGRE, INSEMINAÇÃO OU ADOÇÃO. EM JUNHO, ELA E TIAGO COMEMORAM DEZ ANOS DE CASADOS. AO LADO DE MANUELA.

E É SÓ O COMEÇO.

Rubens Otoni, deputado federal (PT)Marcos Abrão, deputado federal (PPS)Páginas 4 e 5

Página 3

Páginas 6 e 7

Páginas 8 e 9

Corpo, alma, coraçãode mãe

“Lúcia Vânia é um nome a ser buscado. Ela tem voto, credibilidade, e isso é decisivo”

Baldy reeditasonho do trem

Goiânia-BrasíliaO grupo da Alemanha

Muito além

da sala de aula

E S C O L AE S C O L A

Páginas 10 e 11

Norman de Paula Arruda Filho

Há pouco mais de um mês, aqui mesmo em Curitiba, a convite da UNESCO, tive a oportuni-dade de encontrar com outros pensadores e discutir sobre o Futuro da Educação para o De-senvolvimento Sustentável. Frente à minha tra-jetória de mais de vinte anos trabalhando com educação, alguns pontos abordados naquele en-contro me levaram a repensar a questão.

Em tempos de globalização, nosso cotidiano é carregado por uma avalanche de informações. Reviravoltas políticas, crises humanitárias, mu-danças econômicas, acidentes naturais, novida-des tecnológicas formam um turbilhão de no-tícias que preenchem nossas mentes, não nos deixando refl etir sobre que tempos são esses.

Quando pensamos em educação, os dados assustam. São tempos em que o Brasil está no grupo dos 10 piores sistemas educacionais, com alarmantes 2,5 milhões de crianças e jovens fora da escola. Tempos em que somos a 56ª na-ção no ranking que avalia o desempenho dos países quanto aos Objetivos do Desenvolvimen-to Sustentável, fi cando atrás de nossos vizinhos Argentina, Chile e Uruguai.

As articulações desenhadas naquele encon-tro deixam claro que existe um real interesse e uma forte movimentação que almeja evoluir de forma mais prática em projetos que objetivam tornar a educação não só acessível às diversas camadas da sociedade, mas garantir sua quali-dade e capacidade de promover mudanças po-sitivas. Nesse sentido, os Objetivos do Desenvol-vimento Sustentável - ou Agenda 2030 da ONU – ressaltam a necessidade da promoção de uma educação inclusiva, igualitária e baseada nos

princípios de direitos humanos e do desenvol-vimento sustentável.

Não considerando apenas os anos primários, mas dedicando atenção especial também à edu-cação técnica, profi ssional e superior no sentido de desenvolver nos jovens e adultos habilidades e competências à altura das demandas da era de inovação em que vivemos. Falar em educação do futuro é pensar e promover a capacitação e o empoderamento para novos tempos. Mais que isso, a educação para o desenvolvimento susten-tável é a ponte para estilos de vida sustentáveis e para o alcance de outros fatores fundamentais como os direitos humanos, a igualdade de gê-nero, a promoção de uma cultura de paz e não-violência, a cidadania global e a valorização da diversidade cultural.

A educação tem o poder de transformar re-alidades e mudar o curso da história. É funda-mental para a construção de um mundo mais justo e sustentável. Um mundo fundamentado em um novo tempo que independe exclusiva-mente de questões fi nanceiras e interesses indi-vidualistas.

Em tempos de engajamento social, acompa-nho o clamor cada vez mais forte da população por mais atenção à educação. Porém, é tempo de evoluir e transformar a realidade do Brasil. A sociedade demanda por respostas mais contun-dentes e exige mudanças reais.

Norman de Paula Arruda Filho é Presidente do ISAE

– Escola de Negócios, conve-niado à Fundação Getúlio

Vargas

Marco Antônio Barbosa

Praias maravilhosas, grandes resorts, paisagens de tirar o fôlego. Estas deveriam ser as primeiras imagens a surgir na cabeça das pessoas ao pensar em América Latina. Infelizmente a realidade não é assim. A América Latina é sinônimo de perigo.

Esqueça Oriente Médio ou África. A região mais violenta do mundo é aqui. Somente 8% da popula-ção mundial consegue alcançar a marca de 33% de todos os homicídios que ocorrem no mundo.

Os dados do Instituto Igarapé divulgados pelo Washington Post mostram que o problema é mais sério se focarmos em quatro nações. Brasil, México, Colômbia e Venezuela são responsáveis por 25% de todos os assassinatos do planeta, ou seja, mais de 12 pessoas são assinadas por hora nestes países.

Como chegamos a esse quadro tão alarmante?A história se repete em cada uma das locali-

dades. Onde a educação e as oportunidades não são providas pelo Estado, a criminalidade aparece como solução. Cresce e se dissemina até se tornar mais forte que o governo. O tráfi co de drogas, a principal atividade criminosa da região, já tomou proporções internacionais, com facções ramifi -cadas do México ao Paraguai. Enquanto a inteli-gência de nossas polícias não consegue conversar entre Estados, a marginalidade age entre nações. Para agravar, o sucateamento da segurança públi-ca, sem investimentos, e policiais com remunera-ção pífi a geram corrupção. Nesta hora o trafi cante passa a ser milícia e o crime se mistura com quem deveria ser a lei.

Mas se a criminalidade já está tão enraizada na nossa sociedade, como podemos controlar?

Essa é uma guerra que se ganhará em mui-tas batalhas. O primeiro passo é criar políticas públicas e pactos entre as nações. Assim como o Mercosul para o livre comércio, é necessária uma inteligência de segurança unifi cada. Integrar pro-cedimentos e informações e fortalecer o policia-mento nas fronteiras difi cultam que toneladas de drogas transitem sem serem notadas. Remunerar e equipar melhor nossos policiais para que a cri-minalidade não tome conta também é essencial.

Em longo prazo, para evitar que mais e mais crianças entrem para o crime – mais da metade das vítimas latino-americanas e caribenhas têm idade entre 15 e 29 anos – precisamos melhorar a qualidade da educação, moradia, saúde e outros serviços básicos. Investir em infraestrutura para a população é diminuir a atuação das facções.

Achar que a criminalidade vai diminuir apenas com ações pontuais é possuir uma visão míope de todo o cenário. Ano a ano os relatórios são cada vez mais cheios de sangue. Enquanto não nos unir-mos e entendermos que este é um problema de to-dos e que não resolvê-lo pode custar nossas vidas, continuaremos a ver estatísticas cada vez mais assustadoras.

Marco Antônio Barbosa é especialista em segurança, marketing e fi nanças. É mes-tre em administração de em-presas com MBA em fi nanças

CARTA AO LEITOR

De repente chega sinal de alerta de mensagem no WhatsApp, no grupo de edição do caderno Escola: “Bom dia, moçada!!!Vamos começar nossa reunião virtual!!!” Era o editor, Manoel Messias, convocando os repórteres e demais listados ali para a reunião de pauta.

Na hora, pensei na Zezé, a Maria José Rodrigues, hoje repórter do Escola. Ela já foi editora, e em um tempo em que a redação do jornal era maior e bastante barulhenta. Nesse tempo, nossas reuniões de pauta eram principalmente assim, barulhentas, com jornal jogado no chão e matéria por matéria analisada para, então, a pauta da edição seguinte ser defi nida. Deixávamos a Zezé doidinha da silva.

O que ela fez? Entrou no clima. Foi logo dando sugestões, falando o que estava fazendo, assim como a Fabiola Rodrigues, sempre entusiasmada, com jornalismo pulsando nos olhos. Ah, a Zezé mandou até bonequinho com sorriso. Que coisa. Na sexta, olha aí, um novo Escola prontinho, e o da semana seguinte engatilhado, porque o tempo urge.

Muita coisa mudou. A Tribuna nem é mais um jornal semanário. É diário, com edição impressa no fi nal de semana. Quer dizer: a pauta é contínua. Um dia começou e não para mais. Messias edita o jornal conversando, indo à redação, e também de casa. Maestro, tudo funciona religiosamente.

Toda semana ouço elogios ao caderno. Bem feito, muito bonito – que o designer, Maykell Guimarães, não nos ouça, para não infl ar mais a autoestima –, fotos maravilhosas – coisa da Mônica Salvador –, um exemplo. Temos orgulho dele. Feito com carinho, com amor pela educação, com paixão pelo jornalismo, ele nos representa. Que outro jornal tem um Escola para editar?

As reuniões de redação no WhatsApp vão continuar porque fazem parte da vida. Da nossa vida semana sim, semana também. Olha lá.

Vassil Oliveira, editor

Reunião de pauta

“A Juve me deu tudo, mais do que fi z por ela”Ao anunciar sua aposentadoria do clube, após 17 anos como titular

Gianluigi Buffon, ex-goleiro da Juventus e da Itália

sFrase daemana

ARTIGO

ARTIGO

Que tempos são esses?

Belezas Naturais? América Latina é sinônimo de perigo

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GOIÂNIA, 20 A 26 DE MAIO DE 2018 / www.tribunadoplanalto.com.br2

Eu defi noO líder do governo na Assembleia, deputado Chiquinho de Oliveira, encampou a luta para que o investimento oriundo do ICMS ecológico, a ser repassado para as prefeituras de Goiás, seja defi nido pelos prefeitos.

Cota Hoje, o MP-GO defende que todo o valor que será repassado as prefeituras seja investido na recuperação do Meio Ambiente. A AGM e prefeitos defendem 10% seja para este fi m e 90% para demais obras. Projeto tramita na Alego.

DemarcaçãoO deputado federal e governadoriável Daniel Vilela (MDB) tem concentrado boa parte de sua agenda em ações na cidade de Aparecida de Goiânia. Quer manter infl uência no município que já foi gerido pelo seu pai, Maguito Vilela.

Mudança Inicialmente cotado para a vice de Roado Caiado, o ex-presidente da Alego Samuel Belchior (MDB) assumirá mesmo a coordenação da campanha do senador ao governo. Ele esteve com Caiado desde o início da pré-campanha.

ApoioCaiado, aliás comemorou recentemente ter recebido o apoio do Sindicato dos Policiais Civis do Estado de Goiás (Sinpol). O sindicato lançará a escrivã Keithe Amorim, de Jataí, como candidata a deputada estadual neste ano.

EmpolgouApós ter participado de um programa de entrevistas da TV goiana e de ter sido provocado por entrevistadores, o vereador Jorge Kajuru (PRP) se animou.

GovernoEle, que era estritamente pré-candidato a senador da República, Kajuru agora tem dito que pode concorrer a disputa ao governo estadual, neste ano.

RessentidoSetores do Democratas acreditam que a mudança repentina de planos do vereador seja para atingir Ronaldo Caiado, com o qual Kajuru teve atritos recentes.

Difi culdadesO goiano Henrique Meireles anda preocupado. É que a economia começa a patinar novamente justo quando ele aumenta sua atuação como pré-candidato à presidência.

CulpaÉ que muitos economistas acreditam que este desaquecimento é fruto da reforma trabalhista realizada pelo governo. Teria diminuído poder de compra do trabalhador.

CaladoApesar de muito pressionado por governistas a anunciar apoio a Eliton, o PDT se mantém irredutível. Irá anunciar apoio, não se sabe a quem, só em agosto.

JunhoO PT, que deverá defi nir no

começo do próximo mês o nome da presidente regional do partido, Kátia Maria, como o nome da sigla para a disputa ao governo estadual, também tem planos para apresentar seu plano de governo.

BuscaCom a defi nição até o fi nal

de junho, o partido então irá trabalhar todo o mês de julho apresentando suas propostas e buscando alianças com demais partidos que se interessarem. Hoje, a proximidade é com o PCdoB.

SurpresaA cúpula petista acredita que

o partido pode surpreender nestas eleições, uma vez que os nomes do deputado Daniel Vilela (MDB) e do governador José Eliton (PSDB) ainda não decolaram. Para isso, aposta no debate das ideias e diálogo com a sociedade.

O ministro das Cidades, Alexandre Baldy (PP), está viabilizando parceria publico-privada que possibilite que ainda neste ano sejam iniciadas as obras da ferrovia que interligará o corredor Goiânia-Anápolis-Brasília. Segundo o deputado licenciado, a obra serviria de aporte para a implantação de trens de passageiros de média-velocidade, que cumpririam o trajeto de aproximadamente 200 km em 1h30. O ministro explica que buscará parceria com o setor provado para viabilizar a obra, que vem sendo discutida há alguns anos por membros dos governos federal, goiano e brasiliense. Dados do IBGE apontam que o eixo Goiânia-Anápolis-Brasília terá, até o ano de 20130, aproximadamente 10 milhões de habitantes e, como hoje o o transporte tanto de passageiros como de carga é feito, basicamente, pelo modo rodoviário, a expectativa é que a ligação férrea ajude a diluir este escoamento, que se concentra nos 171 km da BR-060. Além disso, a obra permaneceria como um legado de Baldy à frente da pasta.

Baldy quer deixar trem como legado

sA obra do trem de média velocidade entre Goiânia e Brasília seria uma resposta, também, à frustração em relação à não implantação do trem de superfí-cie em Goiânia, ao longo da Avenida Anhanguera, que nunca saiu do papel.

O ministro Alexandre Baldy tem se encontrado constantemente com prefeitos do interior, que lhe solicitam verba para obras. A resposta? Qua-se sempre a mesma: “Basta apresentar o projeto, pois dinheiro há”.

Projetos

VLT

1 2 3

mídiasociais

O deputado estadual Talles Barreto (PSDB), relator da proposta de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) 2019, garantiu que até o fi nal deste mês irá promover audiência pública que discutirá o teor da proposição com membros do governo estadual, de entidades do setor produtivo e, claro, com parlamentares. A data ainda será defi nida com deputados que compõem a Comissão de Tributação, Finanças e Orçamento da Assembleia.

Promessa

“Nunca mais serei o mesmo”

Um ano após denunciar o presidente Michel Temer em delação premiada

JOESLEY BATISTA, EMPRESÁRIO

Infl uência

Candidato?Enquanto toca o ministério em Brasília, Baldy dei-xou o comando do PP nas mãos do ex-prefeito de Senador Canedo Vanderlan Cardoso que vem ar-ticulando. Até candidato a senador se tornou nas últimas semanas.

A próxima edição será realizada justamente em Valparaíso, uma das cidades de grande atuação da parlamentar, que já foi prefeita do município. O evento terá início na segunda, 21, e seguirá até dia 24, quinta-feira.

A deputada estadual Lêda Borges (PSDB-foto) deixou a Secretaria Cidadã, mas a Secretaria Cidadã não deixou a deputada estadual Lêda Borges. Na última semana coube a ela anunciar edição do Governo Junto de Você.

Em casa

dLinhaFagner Pinho - [email protected]

ireta

3 GOIÂNIA, 20 A 26 DE MAIO DE 2018 / www.tribunadoplanalto.com.br

“Lúcia Vânia é um nomea ser buscadoe não

escolhido”

Esta será a eleição mais difícil para a Câmara dos Deputados? Eu acredito que vai ser uma eleição diferente, uma eleição onde prevalecerá o serviço prestado e a conduta do postulante, isso que eu acredito. Acredito que para algumas pessoas será uma eleição muito mais difícil e para outros, acredito que será uma eleição onde você vai ter condições de conversar diretamente com o eleitor, em reuniões menores, e debater ideias. Acredito que vai ser uma eleição diferente.

Marcos AbrãoEu acredito que vai ser uma elei-

ção diferente, uma eleição onde pre-valecerá o serviço prestado e a condu-ta do postulante, isso que eu acredito. Acredito que para algumas pessoas será uma eleição muito mais difícil e para outros, acredito que será uma eleição onde você vai ter condições de conversar diretamente com o elei-tor, em reuniões menores, e debater ideias. Acredito que vai ser uma elei-ção diferente.

O eleitor está receptivo ao político?

O eleitor tem uma descrença mui-to grande hoje em relação à classe política. Todos esses acontecimentos que nós passamos nos últimos anos levou uma sensação de ceticismo muito grande da população em rela-ção à classe política. Agora, eu acredi-to que também a população verá nes-sas eleições uma oportunidade para poder separar quem tem uma condu-ta que condiz com o ser público, o ser político com quem usa a política.

O eleitor quer novos políticos ou políticas novas?

Acredito que o eleitor quer novas práticas políticas. Não acredito que uma pessoa por ser nova transfira, independente da conduta dela, o sen-timento de renovação. A população espera renovação na prática política e não em figuras. Tem pessoas que es-tão há muito tempo na política que representam renovação política, e tem pessoas novas que já entram na

Fagner Pinho e Vassil Oliveira

Calejado após chegar à reta fi nal de seu primeiro mandato, o deputado federal Marcos Abrão (PPS) se apresenta mais experiente na busca pela reeleição à Câmara Federal. Nesta

entrevista concedida à Tribuna do Planalto na última semana, o parlamentar aponta as difi culdades de sua primeira campanha e o que espera deste segundo pleito do qual participa como candidato. Ele também aponta a qualifi cação que a senadora Lúcia Vânia (PSB) pode trazer a qualquer das chapas que decidir concorrer à reeleição, tanto em relação a votos quanto a sua experiência política, e acrescenta: a casa da senadora, em sua opinião, é a base aliada. Confi ra a entrevista completa.

Acredito que o eleitor quer

novas práticas políticas. Não acredito que uma pessoa por ser nova transfi ra, independente da conduta dela, o sentimento de renovação”

Deputado federalAMarcos

brão

política com essa distorção sobre o que é ser político.

Não seria contraditório por parte da Câmara dos Deputados aprovar uma minirreforma, como a última, que em tese facilitaria a manutenção de quem já está no poder, indo contra essa vontade pública de novas políticas?

Eu votei contra até o fundo eleitoral, porque acredito que a gente precisa fa-zer política com relacionamentos, com compromisso, com corpo a corpo. Na minha opinião, esse limite de R$ 2,5 mi-lhões de gastos de campanha política ainda acho alto. A gente precisava fazer essa reforma política, mas também pre-cisava do voto distrital misto para que nós possamos ter representantes em distritos menores para que essas cam-panhas sejam menores em tamanho de estrutura. Isso sim seria um avanço para

o país. Agora, eu acredito que a restrição do gasto, a fi scalização que está tendo hoje é um avanço para o país. Se eu não tivesse convicção de que é um avanço, eu não disputaria essa eleição.

Em relação ao teto de gastos, não existe limite na pré-campanha. É uma coisa que os deputados fi scalizam uns aos outros?

Todas as movimentações que são atípicas chamam atenção e aqui em Goiás tem casos isolados de pessoas que estão extrapolando o limite de ex-posição. E a Justiça Eleitoral já detectou isso. Agora, por parte dos deputados eleitos, o que eu tenho visto as pessoas se movimentarem é legítimo. Eu não parei nenhum dia, desde o dia que me foi concedido o mandato. Só nas elei-ções municipais eu fui em mais de 70 municípios. Então, eu acredito que po-lítica tem que ser feita de forma inte-gral e principalmente a todo tempo.

Dentro dessa perspectiva de renovação e mudança, está mais difícil a base do governo eleger mais um governador depois de 20 anos no poder?

Depende da forma que o governo mostrar a cara do novo governador. Nós fi zemos aliança com o novo governador tendo em vista que a gente pode sim, apesar do tempo, representar a reno-vação. E como? A renovação, na minha opinião, é justamente a modernização da prática política. Goiás evoluiu muito no serviço público prestado, na prática política, essa política com mais diálogo. Então, eu acredito, sim, que você conse-

gue, apesar do tempo no poder, se colo-car como a renovação dependendo do trabalho que você faz. Nós temos hoje um novo governador.

E um mês com novo governadorE um novo governador que já mos-

trou um trabalho. Esse terceiro turno de atendimento médico é o clamor da população, isso é muito positivo. A me-lhora na segurança pública é explícita já também. Eu acredito muito que ele terá condições, apesar do curto período de tempo, poder mostrar a marca que ele representa e propor para a socieda-de um pacto para governar Goiás pelos próximos quatro anos.

Parecia defi nida a chapa com José Eliton, Marconi Perillo e Lúcia Vânia. Agora, com Demóstenes Torres e possibilidade de o PP apresentar outro nome, como o de Vanderlan Cardoso, pode criar ruído e atrapalhar uma aliança do governo?

A chapa majoritária precisa ser de-fi nida com pessoas que tenham con-dições de somar qualitativamente e eleitoralmente para que nós possamos mostrar essa proposta de governo para os próximos quatro anos. Por isso que eu acredito muito na pré-candidatura da senadora Lúcia Vânia. Ela tem ser-viço prestado há mais de 30 anos no estado de Goiás, sempre se colocou na vanguarda de práticas políticas. Ou seja, é uma pessoa que tem conduta ilibada, que é referência não só em Goiânia e em Goiás, mas em Brasília.

Se Lúcia Vânia não for escolhida, o senhor é a favor de que ela mantenha conversas e até faça aliança com Ronaldo Caiado ou Daniel Vilela?

Desde o início ajudamos a construir esse projeto. Desde o início ajudamos a construir as bases dessa base política que hoje sustenta o governo. Não acredi-to nessa hipótese. Trabalho com a pers-pectiva de ela ser a escolhida a candida-ta, hoje pré-candidata ao Senado. Agora, o diálogo é permanente. Nós temos rela-cionamento com os três. Eu tenho rela-cionamento quase que diário com Da-niel Vilela na Câmara Federal. Eu tenho relacionamento e abertura para conver-

4 GOIÂNIA, 20 A 26 DE MAIO DE 2018 / www.tribunadoplanalto.com.br Entrevista

A decisão da composição

da chapa de deputados estaduais do PPS será de responsabilidade dos pré-candidatos. A escolha será deles”

eles que essa era uma decisão deles, eles que vão tomar essa decisão, se querem ou não fazer parte do chapão para de-putado estadual. Para deputado federal nós já fi zemos parte na outra eleição. Eu fui eleito pelo PPS, no chapão.

O partido poderá eleger quantos deputados estaduais?

Nós temos a possibilidade de eleger de dois a três.

Em relação à chapa do governo, quando o PPS espera que esteja tudo defi nido, só na convenção?

Na medida em que forem mostradas as pesquisas qualitativas e quantitati-vas, não tenho a menor dúvida de que fi cará claro qual o nome que soma na chapa. A senadora Lúcia Vânia não é um nome a ser escolhido, é um nome a ser buscado, porque ela tem coefi ciente eleitoral, tem voto, tem credibilidade, e isso é decisivo nesse momento tão difí-cil que estamos passando na sociedade.

Este ano, Lúcia Vânia dá a impressão de que não vai querer brigar como antes para manter a vaga. O senhor acredita que ela vai querer brigar mais uma vez ou vai aguardar?

Pelas conversas que tenho com os deputados estaduais e federais, todos sabem o valor que ela tem na chapa ma-joritária. Todos. É claro que muitas vezes as pessoas não se expressam, mas eu te-nho certeza. Tenho um relacionamento excelente com vários deputados, e todos sabem a necessidade de tê-la na chapa para podermos disputar as eleições. A gente precisa deixar muito claro que a eleição vai ser muito disputada. É uma eleição acirrada, uma eleição em que precisamos de pessoas que têm votos e credibilidade. Essa eleição é uma eleição de quem tem credibilidade.

Como Eliton precisa posicionar a campanha dele para poder sensibilizar o eleitor e crescer nas pesquisas?

Na minha opinião, ele precisa mos-trar a marca do governo dele. Eu acre-dito que nos próximos levantamentos isso vai começar a ser refl etido porque nós já vivemos um avanço na área de saúde, de segurança, outras áreas do governo também já estão mostrando resultados positivos e o que eu acredito que precisa ser feito, que naturalmente será, é ele se tornar mais conhecido. Um vice-governador é totalmente diferente de um governador. Então, eu acredito, sim, que ele terá possibilidade, a partir do momento em que o governo mostre a sua marca, de se consolidar como uma perspectiva de projeto futuro para Goi-ás. Por isso que nós acreditamos nessa aliança, por acreditar que nós podemos propor para a sociedade um projeto para os próximos quatro anos.

Quem lidera as pesquisas hoje é Caiado, mas Goiás sempre polarizou entre o governo e o MDB. Pode ser que este seja o momento dessa terceira alternativa?

Nós não podemos ainda fazer essa análise de polarização entre duas forças só, porque essas três forças que hoje se colocaram, até o momento, se mistu-ram e hoje não têm uma defi nição clara, elas estão conversando e nós podemos

ter novidades no cenário. Então, eu não acredito ainda que... Primeiro que o elei-tor não está pensando na eleição. Eu acredito muito que ele hoje está colo-cando o candidato que ele mais conhece e eu acho que ainda a eleição está no iní-cio, as composições, e não vejo de forma clara que será uma eleição polarizada em dois polos só.

Esta eleição tem alguma semelhança com a de 1994, quando Lúcia Vânia e Caiado disputaram com Maguito Vilela?

Acredito que cada eleição é uma história diferente. Claro que podem ter contornos parecidos por três candida-turas, mas não acredito que possa ser a mesma história. Acredito que nós vive-mos momentos, nos últimos dois anos, que poderão trazer surpresas. O eleitor sabe quem é quem, o eleitor está espe-rando o momento só de se defi nir, mas que ele conhece os candidatos, começa a conhecer os candidatos e que isso vai ter um peso na eleição. Não acredito que a eleição tem essa obrigatoriedade de se repetir um cenário que foi em 94, que eu já acompanhava. Apesar da pouca idade, eu já participava da campanha, segurava a bandeira, participava como expectador dos debates. Fui criado em um ambiente político, então eu sempre acompanhei.

Demóstenes Torres afi rmou que o eleitor já demonstrou que não quer um quinto mandato de Marconi Perillo e que José

Eliton ganharia a eleição se mostrasse ser diferente. Obrigatoriamente, a gestão de Eliton deve ser diferente da do ex-governador?

Primeiro, eu não quero fazer qual-quer tipo de comentário sobre a decla-ração de outra pessoa. O que eu acredito é que qualquer candidato que venha postular o governo do Estado de Goiás precisa mostrar um projeto para os pró-ximos quatro anos. Isso que eu acredito. Claro que nunca destruindo uma mar-ca que é consolidada. Goiás viveu um avanço nos últimos anos em função da administração de Marconi, isso é inegá-vel. É claro que você pode propor, como está sendo proposto, algumas inovações na área da saúde, na área da segurança, e ele tem acertado. Então, eu não acredi-to que você precisa se mostrar antagôni-co ao que já foi colocado para mostrar uma perspectiva de futuro para o estado de Goiás.

Qual é o projeto do PPS para a eleição nacional?

O PPS vai priorizar a eleição da ban-cada tanto federal quanto das Assem-bleias Legislativas. Porque nós precisa-mos consolidar nas duas casas para que nós possamos disputar as eleições de 2020 sem coligações proporcionais.

Quem apoiará nacionalmente?Existe já no Congresso, que nós par-

ticipamos, uma sinalização de apoio à candidatura de Geraldo Alckmin. Foi tirada uma sinalização, mas não é uma decisão defi nitiva.

Para o senhor, quem é o melhor pré-candidato?

Eu acredito muito que nós preci-samos ter um governo hoje com uma principal bandeira, que é a responsabi-lidade, responsabilidade no ato de ge-rir o recurso público. A população mais humilde hoje tem uma sensação de que perdeu o poder de compra que ela tinha, em função de uma situação que era ven-dida que não era realidade. Isso eu acho muito preocupante, você colocar para as pessoas que elas estão vivendo uma situação melhor e depois retirar. Isso é muito triste, porque as pessoas já esta-vam consumindo, estavam viajando, estavam colocando seus fi lhos em es-colas melhores. A população mais ca-rente tinha uma perspectiva de que es-tava melhorando de vida e, de repente, estamos convivendo hoje com mais de 14 milhões de desempregados. Eu acho que essa é a maior mazela do país hoje, é o desemprego.

Por isso que Lula aparece à frente nas pesquisas?

Acredito que ele aparece porque ele foi presidente em um período muito pujante da economia, e as pessoas têm isso como um retrato do que elas vi-viam, mas a situação do país hoje é ou-tra. Nem todas as pessoas sabem que o País hoje passa pelo período, são milha-res de obras paradas. Estamos vivendo hoje uma situação difícil, fruto de uma política irresponsável.

Qual a perspectiva?Eu sou um otimista nato, então eu

acredito que se nós soubermos escolher o próximo presidente da República, nós vamos superar essa crise em defi nitivo.

Entrevista

José Eliton precisa

mostrar a marca do governo dele. Creio que nos próximos levantamentos isso vai começar a ser refl etido”

sar com Caiado e ela também. Isso não esgota a possibilidade de diálogo.

Então, a porta não está fechada nem com Caiado nem com Daniel?

A questão da porta política a gente nunca abriu. No meu caso, nós nunca abrimos essa conversa, mas o relacio-namento existe. E que pode, em função de alguma situação, se transformar em uma aliança. Agora, nós temos uma aliança consolidada e não queremos que essa aliança seja mudada.

O PPS pode ir para a oposição, caso Lúcia Vânia vá?

Nós temos um projeto, que é na base aliada. Desde o início estivemos e pros-pectar sobre hipóteses eu não vou fazer, porque isso é um exercício que eu ainda não dou conta, de prever futuro.

A gente tem visto os pré-candidatos com uma difi culdade muito grande, que é montar chapa de deputado federal. Porque?

Primeiro porque como a gente vem de uma eleição onde a polarização é muito grande e a base de sustentação do governo cresceu muito, é muito difí-cil você criar uma chapa de deputados federais que vá conseguir o coefi cien-te eleitoral. Para cada deputado com a possibilidade de ser eleito, precisamos de, no mínimo, 180 mil votos. Então, é muito difícil você criar essa chapa de deputados federais para que possa ter a possibilidade de eleger um. E a base se consolidou ao longo desse período todo, ampliou e eu acredito que outras cha-pas terão difi culdades de montar essas proporcionais.

O PPS seguiria com os outros partidos da coligação da base em relação à não manutenção de um chapão dentro da disputa para a Assembleia Legislativa?

Olha, a decisão da composição da chapa de deputados estaduais do PPS será de responsabilidade dos pré-can-didatos. Desde o início eu coloquei para

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“Nosso

objetivo é o segundo turno”

Entrevista

Tribuna do Planalto No ano passado o senhor começou a apresentar o nome da Kátia Maria dentro do PT. Hoje ela se apresenta como nome do partido para a disputa ao governo. Esse é o direcionamento do PT?

Rubens Otoni A professora Kátia cresceu muito

como liderança política e é um orgu-lho para o Partido dos Trabalhadores ver (se destacar) uma militante que soube aproveitar seu espaço na dire-ção do partido e fazer política em todo o Estado. Ela andou Goiás neste últi-mo ano como ninguém e soube fazer as articulações necessárias. Tornou-se presidenta do PT, conseguiu organizar os diretórios em todos os municípios, e isso reforçou muito o partido em um momento desafi ador.

Todo o partido está unido no mesmo objetivo?

O PT tem muito cuidado com o pro-cesso democrático, e mostra isso ouvin-do todos os setores e também respei-tando os prazos.

Além de Kátia, outro nome surgiu dentro do partido?

Até este momento, não foi apresen-tado nenhum nome, mas, como eu dis-se, o PT respeita o calendário. Mesmo não tendo aparecido nenhum nome, é legítimo que a gente espere o fi nal do registro, e caso apareça outro nome, isso também é normal e o PT saberá encaminhar a forma correta de defi nir internamente.

Fagner Pinho e Vassil Oliveira

UCom uma experiência de mais de 10 eleições disputadas, o deputado federal Rubens Otoni (PT) chega a mais uma eleição estadual com a responsabilidade de ancorar seu

partido, o PT, na disputa por conseguir o que até hoje o partido, que já governou Goiânia e Anápolis, ainda não conseguiu: governar Goiás. E embora muitos leitores não creiam na possibilidade, Otoni aponta pesquisas para justifi car o anseio petista: Kátia Maria, pré-candidata ao governo pelo partido, apareceu na última pesquisa Serpes em um empate técnico com José Eliton (PSDB) e Daniel Vilela (MDB). A expectativa do deputado é que o PT chegue ao segundo turno em uma disputa com Ronaldo Caiado (DEM). Fora isso, Otoni, nesta entrevista à Tribuna, trata ainda de outros assuntos como coligações, Lula e PCdoB. Confi ra.

Kátia Maria, com toda

sua energia, disposição, competência e capacidade de articulação política, conseguiuavançar

Deputado federalORubens

toni

O PT vive um momento ruim em Goiás?

Não, de jeito nenhum. É um mo-mento muito favorável ao PT. Parece estranho você falar em momento fa-vorável em um período tão turbulento da política nacional, mas eu costumo dizer o seguinte: o tempo de uma guer-ra você nunca pode dizer que está bem, mas no cenário da guerra, nós estamos bem posicionados. Aqui em Goiás nós soubemos aproveitar bem esse cenário para construir o partido em todo o Es-tado e aí ressalte-se o papel importan-te que a professora Kátia Maria jogou, porque ela, com toda sua energia, dis-posição, competência e capacidade de articulação política, conseguiu avançar.

O PT tem plano de governo?Esse trabalho também tem sido fei-

to de maneira muito competente e aí a professora Kátia também joga um pa-pel importante porque ela é da área do planejamento, ela trabalha com plane-jamento estratégico, tem formação nes-sa área e desde o primeiro momento onde o nome dela ainda não era coloca-do como uma possibilidade para dispu-tar o governo de Goiás ela já tinha sido chamada para contribuir na organiza-ção do planejamento nacional, do pro-jeto nacional do PT, intitulado “O Brasil que o povo quer”. Baseado nesse projeto “O Brasil que o povo quer” nós organi-zamos aqui também o projeto “Goiás que o povo quer”. Então, esse debate está sendo feito ao mesmo tempo. Tem debates sendo feitos setorialmente, as contribuições sendo feitas por especia-listas de cada área e com debate com a

sociedade e também o recolhimento de sugestão em uma página virtual, onde nós recebemos também e fazemos essa interação com a sociedade.

Neste ano o PT pode ter uma candidatura sem aliança?

Esse cenário é possível, mas tam-bém se por acaso ocorrer esse cená-rio não é uma coisa de se assustar. Na eleição passada nós fomos sozinhos, fi zemos quatro deputados estaduais e deixamos de fazer o quinto por 900 vo-tos. Fizemos um deputado federal e dei-xamos de fazer o segundo por nove mil votos. Tivemos 280 mil votos para depu-tado federal. Se fi zéssemos 289 mil terí-amos feito dois. Isso sem ter nenhuma aliança com nenhum partido. Agora, é claro que estamos buscando o diálogo, a direção estadual está buscando o diá-logo com os partidos mais à esquerda, o diálogo com o PCdoB avançou bem, es-tou convencido de que estaremos jun-tos nesta eleição. Mas estamos abertos ainda para dialogar com outras forças políticas. Mas estamos preparados, se for o caso, em poder disputar de manei-ra isolada.

O sr. acredita que a eleição do PT será com o Lula defi nitivamente fora?

Esta eleição o Lula não tem jeito de sair dela mais. Lula é o nosso candidato e esse é o desespero de nossos candida-tos porque eles gostariam de ao conde-nar o Lula e depois levar ao extremo e prender Lula é que isso desse tranqui-lidade de colocar uma pá de cal e não se fala mais nesse assunto. O que está acontecendo é exatamente ao contrário.

Fotos: Mônica Salvador

6 GOIÂNIA, 20 A 26 DE MAIO DE 2018 / www.tribunadoplanalto.com.br

o MDB de Goiás fez questão de fi rmar uma posição de defesa desse projeto do MDB nacional e acabou se isolando e afastando.

Mas e a tentativa de aproximação do ex-prefeito Antônio Gomide com Daniel Vilela?

É uma conversa normal, essas con-versas são normais.

Chegaram a negociar vice de Daniel Vilela?

Negociação não, mas a conversa é legítima. Eu tenho conversa com Da-niel, com Pedro Chaves... A questão é a diferença política, das propostas. Na re-alidade, as propostas para o estado de Goiás do MDB, do DEM, do PSDB não têm muita diferença, são propostas de polí-ticas administrativas excludentes, que não atendem a maioria da população.

Qual é o adversário mais direto do PT em Goiás?

Nós não estamos entrando para dis-putar com A, B ou C. A gente não escolhe adversário. Não é uma disputa de nome, é uma disputa de ideias, de projetos, de posições na sociedade, seja do ponto de vista administrativo, seja do ponto de vista de gestão, mas seja do ponto de vista político.

No jogo político eleitoral, é possível. Eles também estão se mexendo e fazen-do o jogo devido para que possam ser vitoriosos. É legítimo da parte deles. En-tão, é possível que eles possam crescer e ganhar a eleição? Qualquer um que está na disputa pode crescer e ganhar a eleição. O que estou dizendo é que isso, também para o PT, é possível. É possível para eles e é possível para nós, também, ganhar a eleição.

O PT tem difi culdade em relação à Capital, uma vez que a avaliação da administração anterior, que era de um petista (Paulo Garcia), não terminou bem, não deixou boa memória?

O exemplo que você cita de Goiâ-nia se refere a determinado momento, quando houve difi culdade na adminis-tração. Mas hoje vemos que o povo já está com saudade da administração do PT diante dos problemas que a adminis-tração do MDB enfrenta. E temos exem-plos de administrações exitosas por onde passamos, (exemplos) da nossa se-riedade, do nosso compromisso com o povo trabalhador, o povo mais simples, das políticas públicas que atendem o pequeno. Então, isso é a sinalização que vamos fazer ao povo de Goiás, é uma aposta que estamos fazendo, e vejo que temos chance de emplacar essa ideia em Goiás.

O que o PT vai propor de diferente dos outros quatro candidatos?

Queremos apresentar até o fi nal do mês de junho a nossa proposta deste, digamos, resumo do programa de go-verno. Queremos fazer uma apresen-

nais de marketing e apostar na discus-são da realidade das pessoas. Estamos andando o Estado todo nesses encon-tros regionais, e é impressionante os depoimentos que a gente colhe das pes-soas, do desejo das pessoas de ver algo diferente, que excite, que a motive a fazer parte. Acho que este é o conteúdo que vamos ter que buscar.

Em relação a essa guinada para a direita que estamos sentindo nos últimos anos dentro do País, como deve ser o discurso do PT, que vai contra essa onda?

Isso vai facilitar para o PT também. Acho que este é um dos pontos que fa-vorece a participação do PT porque nes-sa polarização que está dada e esse risco que a população está correndo de ata-ques à democracia e enveredar para um caminho onde nossa democracia este-ja prejudicada, o PT se apresenta como um polo principal de resistência a isso.

A legislação melhorou ou piorou para fazer política? O que foi construído para vigiar o caixa 2, melhorou ou piorou?

Eu vejo que a Reforma Política que nós realizamos e que hoje tem como resultado a legislação atual está muito aquém da necessidade que precisamos para fortalecer a democracia. Mas avan-çou.

As instituições estão resguardadas?

Justiça seja feita, não se fala do Ju-diciário como um todo, mas setores do Judiciário, que acabam enveredando para um trabalho que não é sua função, fazer política. Na medida em que se vê uma atuação do Judiciário tendenciosa e seletiva, você perde a noção do que é do Judiciário. Então, isso nos preocupa. Do ponto de vista eleitoral, não vejo que vai haver tanta infl uência. Temos uma Justiça Eleitoral com regras próprias, que tem seu próprio controle, bem or-ganizada, e que tem todas as condições de coordenar esse processo da eleição, do processo democrático.

Com todas as denúncias e focos no PT, como o partido fará campanha este ano?

Essa pergunta não é para o PT, é para todos os partidos. Quem dera se o pro-blema fosse o PT. Estamos com Lula hoje privado de sua liberdade sem ter nenhuma prova contra ele, sem ter ne-nhuma conta no exterior, sem ter ne-nhum real descoberto em algum lugar.

Os eleitores do Caiado gostam de dizer que ele tem couro duro. De tanto apanhar, o PT fi cou com o couro mais duro?

O PT mostrou em sua trajetória que é capaz de aprender na caminhada, é um partido que nasceu pequeno, que foi se organizando, crescendo, participando, aprendendo na caminhada, aprenden-do com os acertos e aprendendo com os erros. E eu sempre digo isso: não nos consideramos donos da verdade, até porque não somos donos da verdade. Se hoje parássemos aqui, teríamos dei-xado um legado de políticas públicas, de legislação, tudo que foi feito ao lon-go do tempo para atender a maioria do povo brasileiro. Nossa missão só está começando.

EntrevistaÉ possível um crescimento

de José Eliton e de Daniel Vilela

O nome do Lula é cada vez mais divulga-do, ele cresceu nas pesquisas. Em todas as pesquisas ele cresce e o PT já defi niu com a concordância dele. Ele estando livre ou não, vamos registrar a candida-tura dele. A legislação permite isso. Deve ser uma disputa sub judice, sim, mas o Lula estará na disputa nacional.

Qual o limite para o PT apresentar aliança com outros partidos em Goiás?

Na convenção. Até 5 de agosto nós estamos abertos, todos os partidos po-dem fazer alianças. Nós temos tempo para discutir aliança. Agora, formação da chapa de deputado estadual e fede-ral é um desafi o que você tem que for-mar, e é importante para a formação de chapa de deputado estadual e federal defi nir a candidatura majoritária. Ao defi nir a candidatura majoritária, você, de certa forma, incentiva a formação da chapa de deputados estaduais e fede-rais que também já está em curso a sua formação a partir dos encontros regio-nais que o PT realizou, 27 encontros re-gionais andando todo o estado de Goiás no mês de fevereiro, março e abril.

Uma preocupação em todos os partidos e alianças é a formação de chapa de deputado estadual e federal. Quem o PT tem para puxar a campanha, além do senhor, que é deputado? Tem mais candidatos a serem apresentados?

Tem. Nosso objetivo, como eu dis-se, estamos trabalhando para ter uma chapa completa de deputado estadual e federal, sabendo que para você formar uma chapa completa de candidatos você não tem os candidatos ao mesmo nível, mas é aquele trabalho de equipe, onde você tem aqueles candidatos mais competitivos e tem outros que vão en-trar para dar projeção e somar. Então, nós queremos usar todas as vagas. Po-demos lançar 26 candidatos a deputa-do federal e queremos lançar os 26.

Sozinhos ou em uma chapa maior, com mais legendas?

Uma chapa com o PCdoB.

Quando o sr. fala em montar a chapa, é algo que já está encaminhando?

Já está em curso a partir dos en-contros regionais. Como eu disse, o PT estadual realizou encontros regionais em 27 pontos, andou o Estado de Goiás inteiro. Foram 27 encontros regionais em fevereiro, março e abril, feitos para debater o cenário nacional, o cenário estadual e também estimular o lança-mento dessas candidaturas. Eu diria que, hoje, o Partido dos Trabalhadores, nesse esforço de fazer a chapa comple-ta de deputado estadual e federal, já te-ria 60% disso realizado, já tem mais da metade garantido e formado.

Porque não deu certo a aliança PT e MDB?

Porque o MDB fez uma opção. O pro-jeto que o MDB defende hoje no Brasil é um projeto totalmente diferente do projeto do PT e fez com que o governo, que hoje é coordenado pelo Temer, seja o mais rejeitado da história política do Brasil. E olha que o Brasil já teve gover-no ruim, mas este é o mais rejeitado de toda história política. A medida que

Em um cenário em que o líder das pesquisas é Ronaldo Caiado, o PT não teria desvantagem?

Nós vamos disputar projeto. Vamos entrar na disputa com objetivo de ir para o segundo turno. Esse é o nosso objetivo. Na última pesquisa divulgada, a Serpes apresentou o nome do partido, a professora Kátia, que nem ainda esta-va defi nido, a margem de erro com o go-vernador e com o candidato do MDB. Já ganhamos eleições em que começamos lá em baixo, e já perdemos eleições em que começamos lá em cima. Então, isso faz parte do jogo.

O senhor acredita no crescimento de José Eliton e Daniel Vilela?

Estou convencido

que estaremos juntos nesta eleição, pois o diálogo com o PCdoB avançou muito nos últimos dias. Estamos abertos a conversar”

tação, um lançamento desse programa de governo antes das convenções que acontecem no fi nal de julho, começo de agosto. Esse programa de governo que vamos apresentar terá contribuição, e está tendo contribuição, de especialis-tas das diversas áreas que estão fazendo o debate disso.

Hoje uma das palavras mágicas nas candidaturas postas é “novo” e “mudança”, tudo converge para isso. O que o PT vai apresentar?

A primeira coisa é fugir do chavão. Acho que temos que apostar, e isso o partido ainda está discutindo interna-mente. Mas a minha visão, pela experi-ência que tenho, é que nós temos que fugir das soluções prontas e convencio-

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8 GOIÂNIA, 20 A 26 DE MAIO DE 2018 / www.tribunadoplanalto.com.br

Daniela Martins

– Quando a médica olhou meus exames, me disse: ‘Só existem três ma-neiras de você ser mãe na vida. Por um milagre de Deus, por inseminação in vi-tro ou pela adoção’.

A empresária Anastácia Taveira Rassi, a Ana, experimentou as três. Em junho, ela e Tiago Brito completam dez anos de casados, 16 de relacionamento e seis de perseverança para ter uma criança. A princípio, o sonho de ser pai era só dele. “Eu não imaginava ser mãe, tinha medo, medo da responsabilidade, de não dar conta fi nanceiramente. Dizia sempre que não queria ser mãe de fi m de sema-na, que só vê o fi lho no sábado e domin-go”, conta Anastácia.

Aos poucos, o medo deu espaço para o desejo, embrião do sonho da materni-dade. Resolveram que sim, e ela cessou o uso de anticoncepcional injetável. Um mês, dois meses, quatro meses e nada. Na consulta, a médica a tranquilizou. Disse que era normal a demora, e receitou uma medicação para estimular a ovulação.

Mais 1, 2, 3 meses e nada. “Resolvemos aprofundar nos exames e descobrimos que eu não engravidava porque tinha uma trompa obstruída.” As trompas de Falópio são dois tubos contráteis que transportam os óvulos desde o ovário até a cavidade do útero. É onde há o en-contro de óvulos com espermatozoides, e a fecundação ocorre. A médica a tran-quilizou de novo – uma cirurgia simples resolveria a questão – e indicou um espe-cialista para o procedimento. Mas Anas-tácia não chegou a fazer a desobstrução da trompa. Um desentendimento com o médico postergou a cirurgia e revelou que a situação era um pouco mais com-plicada.

O terceiro médico reviu todos os exa-mes e explicou que, além de obstruídas, as duas trompas dela eram torcidas e uma ainda precisava ser retirada. Se a fecundação acontecesse pelo método na-tural, a gravidez seria tubária – quando o embrião não chega ao útero. Mãe e bebê estariam em risco. Foi quando veio a tal notícia: gravidez, só por milagre, insemi-nação ou adoção.

“Caiu aquela bigorna na cabeça”, diz, na tentativa de traduzir o baque. Espera-ria pelo milagre, mas não parada. Perse-guiu o sonho pelas outras duas vias. Ela e

ESPECIAL DE MAIO

MÃE DE CORAÇÃO, MÃE DE ALMA. ADOÇÃO É TEMA DA SEGUNDA REPORTAGEM DA SÉRIE SOBRE

MATERNIDADE DA TRIBUNA DO PLANALTO

Choro de alívio,de agradecimento.

Eu só queria ser mãe, e Deus me deu muito

mais e bem melhor do que eu imaginava.”

o marido fi zeram três ten-tativas de fertilização in vitro

(FIV). Nessa técnica, o sêmen e os óvulos são coletados para fecunda-

ção em laboratório e implantação do embrião no útero. Mas os embriões não se fi xavam no útero de Ana. Entre a pri-meira e a última tentativas foram quatro anos, em torno de R$ 18 mil investidos, e muita, muita ansiedade vivida pelo casal e por seus familiares.

Três dias com EmanuelPor quatro anos, Ana e Tiago percor-

reram, paralelo às inseminações, uma longa caminhada pela adoção. Primeiro, procuraram apoio no Juizado da Infân-cia e Juventude de Aparecida de Goiânia, cidade onde moram. Participaram de pa-lestras, curso sobre adoção, grupo de pre-tendentes, cadastro e acompanhamento da assistência social com visitas à resi-dência do casal. Apresentaram uma série de exames médicos e laudos psicológicos até serem incluídos no Cadastro Nacio-nal de Adoção.

Instituído em 2008, o Cadastro Na-cional de Adoção é uma sistema digital que integra informações de todo o país e auxilia os juízes das Varas da Infância e da Juventude na condução dos processos de adoção. Dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) apontam que há mais de sete mil crianças inscritas e 38 mil pre-tendentes cadastros. O sistema faz o cru-zamento automático das informações e permite a combinação dos perfi s de crianças e pretendentes, independente das regiões em que vivem. A ideia é faci-litar e desburocratizar o processo de ado-ção que, sustenta o CNJ, leva em média um ano.

Um ano teoricamente. Na prática, a velocidade não é bem essa. Demorou, até que surgisse a oportunidade de uma ado-ção em outro Estado, numa cidadezinha do interior. “A gente estava há um tempo no cadastro, mas o telefone não tocava”, lembra Ana. Ela não titubeou. Foi lá. A mãe biológica não tinha condições de cuidar da criança, já havia doado outros fi lhos. Sob a supervisão do Conselho Tu-telar, Ana chegou a ter Emanuel no colo, recém-nascido. Uma má formação no coração levou o pequeno três dias depois. “Por mais que eu tenha vivido só três dias com ele, foram dias intensos. Ele foi meu primogênito.”

“Eu gerei aqui”

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Lanny e Léo: “Deus colocou minha vida no caminho da minha mãe”

Ana sobre a maternidade:“meu mundo começou ali”

A vida com ManuelaA dor da perda era recente no peito

quando o casal soube de outra criança que seria dada em adoção. A mãe bioló-gica estava no sétimo mês de gestação e os médicos, ao longo de todo o pré-natal, garantiam que seria um menino. E já ti-nha nome: Bernardo. Enxoval feito, quar-to arrumado para um rapaz, Tiago e Ana foram surpreendidos por Manoela, amor que chegou com 53 centímetros e 4 qui-los e meio no dia 10 de fevereiro de 2016, em pleno feriado de Carnaval.

Passaram um tempo na cidade até ter em mãos a guarda provisória. Tudo seguindo os trâmites legais, por meio de advogado, sob supervisão do Conselho Tutelar e autorização judicial. A experiên-cia materna nasceu ali, na sala do parto. Ana assistiu ao nascimento de Manuela, beijou o bebê no ato e passou a dividir tudo, a mamadeira, a fralda, o banho e o velar do sono da criança com o marido, no quarto do hospital. “Nós literalmente fi camos internados com a Manu, aguar-dando a guarda provisória.”

“Meu mundo começou ali, a minha vida”, conta uma Ana, chorosa. Um choro de felicidade. “Choro de alívio, de agrade-cimento a Deus, de vitória. Eu só queria ser mãe, e Deus me deu muito mais e bem melhor do que eu imaginava.”

E a história foi além de qualquer ex-pectativa.

Quando Manuela estava com um ano e dois meses, Ana engravidou – na-turalmente. Descobriu no segundo mês de gestão. Mas sofreu um aborto espon-tâneo. “Deus ainda me fez grávida, e por mais que eu tenha perdido o nenê, isso não diminui em nada o milagre em mi-nha vida”, pondera. E se consola. “Não era a hora de eu ser mãe de novo. Eu tinha de dedicar meu tempo à Manuela. Me sinto completa como mãe. Eu gerei, aqui, no coração.”

Os planos são de uma segunda ado-ção, daqui a um tempo. “Depois da gente se acertar fi nanceiramente”, planeja. Ana deixou o emprego quando Manuela nas-ceu. Ela e o marido investiram em um sanduicheria com o propósito de fazer seu próprio horário e ter mais tempo para a fi lha. “O tempo não é mais meu, é dela.”

A infertilidade afeta de 50 a 80 mi-lhões de pessoas ao redor do mundo e mais de 8 milhões no Brasil, segun-do a Organização Mundial de Saúde (OMS). Em Goiânia, o especialista em re-produção assistida

Eduardo de Castro ajuda os casais goia-nos a realizarem o sonho de ser pais. À Tribuna, o médico comentou os crescen-tes índices de infertilidade entre homens e mulheres.

Mercado de trabalho“Temos, homens e mulheres, uma for-

mação [profi ssional] mais longa. Antes, saíamos para o mercado com 22, 25 anos. Hoje, a gente consegue se estabilizar por volta dos 30. E a mulher naturalmente começa a ter difi culdades de engravidar

a partir dos 35. Ficou muito restrito esse período em que ela pode engravidar. Se atrasar um pouco, pode perder a chance. E se adiantar é mais difícil por conta do mercado de trabalho.”

Até que idade esperar“O ideal é que a mulher não passe

muito dos 30. No máximo, 34 anos. Até porque, se precisar de algum tipo de tra-tamento, é necessário ter tempo para esse tratamento. Dos 30 aos 40 anos, é na-tural que o ovário vá parando de funcio-nar. A mulher deve buscar se estabilizar e engravidar o quanto antes.”

Congelamento de óvulos“É um possibilidade. Quando a pes-

soa tem esse tipo de vida, de perfi l, é me-lhor congelar os óvulos do que não fazer nada, de preferência até os 35 anos. Não fazer nada é assinar um atestado de que não quer ser mãe. Se congelar, você cria uma possibilidade de engravidar.”

Na contramãodo relógio

biológico

“O alicerce de toda minha boa educa-ção é o fato de a adoção nunca ter sido escondida. Foi uma informação que cres-ceu e se desenvolveu comigo. Não tem um dia assim do qual eu possa dizer ‘ah, o dia que eu soube que era adotada’. Minha mãe sempre conversou tudo direitinho comigo, tirou dúvidas. Isso nunca foi tra-tado como um assunto anormal, ou algo vergonhoso. Muito pelo contrário. Vejo que algumas pessoas têm trauma, algum bloqueio ou coisa assim, porque enten-dem que até determinado ponto, a vida foi uma mentira. E, para mim, justamen-te por ter sido tudo conversado, é tudo muito natural.

Até meus 24 anos, eu tinha nos meus documentos o nome da minha mãe bio-lógica e não tinha nome de pai, porque meu pai biológico não era identifi cado. Era uma situação constrangedora por-que tinha de fi car explicando porque o nome do meu pai não estava no meu documento. Cheguei a ter problemas no plano de saúde e em outros casos. Para algumas pessoas parece besteira, mera formalidade. Mas era incômodo, um constrangimento que eu sentia bastante.

Em um processo de adoção, que du-rou quatro anos, eu já maior de idade, consegui a alteração. Hoje tenho o nome dos meus pais e dos meus avôs adotivos na minha certidão de nascimento. Tro-quei todos os documentos, assino com o sobrenome do meu pai. Está tudo mais leve, sou uma pessoa mais realizada. Não que isso tenha feito diferença no conví-vio familiar... é só aquele orgulho de assi-nar o nome do pai mesmo.

Sinto muita gratidão a Deus, que co-locou minha vida no caminho da minha mãe, uma pessoa disposta a me criar com amor de verdade. Hoje, 26 anos depois, posso dizer que ela cumpriu o esperado. Me sinto muito privilegiada, realmente escolhida para ser feliz.”

Lanny Coelho, 26 anos, advogada em Palmas, no Tocantins.

É a caçula dos cinco fi lhos deLeonídia Coelho, a Leo, e Antiste Alexandre Coelho. Ela conta da experiência de ter sido adotada.

DEPOIMENTO

“Fui escolhida para ser feliz”

8 GOIÂNIA, 20 A 26 DE MAIO DE 2018 / www.tribunadoplanalto.com.br

Daniela Martins

– Quando a médica olhou meus exames, me disse: ‘Só existem três ma-neiras de você ser mãe na vida. Por um milagre de Deus, por inseminação in vi-tro ou pela adoção’.

A empresária Anastácia Taveira Rassi, a Ana, experimentou as três. Em junho, ela e Tiago Brito completam dez anos de casados, 16 de relacionamento e seis de perseverança para ter uma criança. A princípio, o sonho de ser pai era só dele. “Eu não imaginava ser mãe, tinha medo, medo da responsabilidade, de não dar conta fi nanceiramente. Dizia sempre que não queria ser mãe de fi m de sema-na, que só vê o fi lho no sábado e domin-go”, conta Anastácia.

Aos poucos, o medo deu espaço para o desejo, embrião do sonho da materni-dade. Resolveram que sim, e ela cessou o uso de anticoncepcional injetável. Um mês, dois meses, quatro meses e nada. Na consulta, a médica a tranquilizou. Disse que era normal a demora, e receitou uma medicação para estimular a ovulação.

Mais 1, 2, 3 meses e nada. “Resolvemos aprofundar nos exames e descobrimos que eu não engravidava porque tinha uma trompa obstruída.” As trompas de Falópio são dois tubos contráteis que transportam os óvulos desde o ovário até a cavidade do útero. É onde há o en-contro de óvulos com espermatozoides, e a fecundação ocorre. A médica a tran-quilizou de novo – uma cirurgia simples resolveria a questão – e indicou um espe-cialista para o procedimento. Mas Anas-tácia não chegou a fazer a desobstrução da trompa. Um desentendimento com o médico postergou a cirurgia e revelou que a situação era um pouco mais com-plicada.

O terceiro médico reviu todos os exa-mes e explicou que, além de obstruídas, as duas trompas dela eram torcidas e uma ainda precisava ser retirada. Se a fecundação acontecesse pelo método na-tural, a gravidez seria tubária – quando o embrião não chega ao útero. Mãe e bebê estariam em risco. Foi quando veio a tal notícia: gravidez, só por milagre, insemi-nação ou adoção.

“Caiu aquela bigorna na cabeça”, diz, na tentativa de traduzir o baque. Espera-ria pelo milagre, mas não parada. Perse-guiu o sonho pelas outras duas vias. Ela e

ESPECIAL DE MAIO

MÃE DE CORAÇÃO, MÃE DE ALMA. ADOÇÃO É TEMA DA SEGUNDA REPORTAGEM DA SÉRIE SOBRE

MATERNIDADE DA TRIBUNA DO PLANALTO

Choro de alívio,de agradecimento.

Eu só queria ser mãe, e Deus me deu muito

mais e bem melhor do que eu imaginava.”

o marido fi zeram três ten-tativas de fertilização in vitro

(FIV). Nessa técnica, o sêmen e os óvulos são coletados para fecunda-

ção em laboratório e implantação do embrião no útero. Mas os embriões não se fi xavam no útero de Ana. Entre a pri-meira e a última tentativas foram quatro anos, em torno de R$ 18 mil investidos, e muita, muita ansiedade vivida pelo casal e por seus familiares.

Três dias com EmanuelPor quatro anos, Ana e Tiago percor-

reram, paralelo às inseminações, uma longa caminhada pela adoção. Primeiro, procuraram apoio no Juizado da Infân-cia e Juventude de Aparecida de Goiânia, cidade onde moram. Participaram de pa-lestras, curso sobre adoção, grupo de pre-tendentes, cadastro e acompanhamento da assistência social com visitas à resi-dência do casal. Apresentaram uma série de exames médicos e laudos psicológicos até serem incluídos no Cadastro Nacio-nal de Adoção.

Instituído em 2008, o Cadastro Na-cional de Adoção é uma sistema digital que integra informações de todo o país e auxilia os juízes das Varas da Infância e da Juventude na condução dos processos de adoção. Dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) apontam que há mais de sete mil crianças inscritas e 38 mil pre-tendentes cadastros. O sistema faz o cru-zamento automático das informações e permite a combinação dos perfi s de crianças e pretendentes, independente das regiões em que vivem. A ideia é faci-litar e desburocratizar o processo de ado-ção que, sustenta o CNJ, leva em média um ano.

Um ano teoricamente. Na prática, a velocidade não é bem essa. Demorou, até que surgisse a oportunidade de uma ado-ção em outro Estado, numa cidadezinha do interior. “A gente estava há um tempo no cadastro, mas o telefone não tocava”, lembra Ana. Ela não titubeou. Foi lá. A mãe biológica não tinha condições de cuidar da criança, já havia doado outros fi lhos. Sob a supervisão do Conselho Tu-telar, Ana chegou a ter Emanuel no colo, recém-nascido. Uma má formação no coração levou o pequeno três dias depois. “Por mais que eu tenha vivido só três dias com ele, foram dias intensos. Ele foi meu primogênito.”

“Eu gerei aqui”

9 GOIÂNIA, 20 A 26 DE MAIO DE 2018 / www.tribunadoplanalto.com.br

Lanny e Léo: “Deus colocou minha vida no caminho da minha mãe”

Ana sobre a maternidade:“meu mundo começou ali”

A vida com ManuelaA dor da perda era recente no peito

quando o casal soube de outra criança que seria dada em adoção. A mãe bioló-gica estava no sétimo mês de gestação e os médicos, ao longo de todo o pré-natal, garantiam que seria um menino. E já ti-nha nome: Bernardo. Enxoval feito, quar-to arrumado para um rapaz, Tiago e Ana foram surpreendidos por Manoela, amor que chegou com 53 centímetros e 4 qui-los e meio no dia 10 de fevereiro de 2016, em pleno feriado de Carnaval.

Passaram um tempo na cidade até ter em mãos a guarda provisória. Tudo seguindo os trâmites legais, por meio de advogado, sob supervisão do Conselho Tutelar e autorização judicial. A experiên-cia materna nasceu ali, na sala do parto. Ana assistiu ao nascimento de Manuela, beijou o bebê no ato e passou a dividir tudo, a mamadeira, a fralda, o banho e o velar do sono da criança com o marido, no quarto do hospital. “Nós literalmente fi camos internados com a Manu, aguar-dando a guarda provisória.”

“Meu mundo começou ali, a minha vida”, conta uma Ana, chorosa. Um choro de felicidade. “Choro de alívio, de agrade-cimento a Deus, de vitória. Eu só queria ser mãe, e Deus me deu muito mais e bem melhor do que eu imaginava.”

E a história foi além de qualquer ex-pectativa.

Quando Manuela estava com um ano e dois meses, Ana engravidou – na-turalmente. Descobriu no segundo mês de gestão. Mas sofreu um aborto espon-tâneo. “Deus ainda me fez grávida, e por mais que eu tenha perdido o nenê, isso não diminui em nada o milagre em mi-nha vida”, pondera. E se consola. “Não era a hora de eu ser mãe de novo. Eu tinha de dedicar meu tempo à Manuela. Me sinto completa como mãe. Eu gerei, aqui, no coração.”

Os planos são de uma segunda ado-ção, daqui a um tempo. “Depois da gente se acertar fi nanceiramente”, planeja. Ana deixou o emprego quando Manuela nas-ceu. Ela e o marido investiram em um sanduicheria com o propósito de fazer seu próprio horário e ter mais tempo para a fi lha. “O tempo não é mais meu, é dela.”

A infertilidade afeta de 50 a 80 mi-lhões de pessoas ao redor do mundo e mais de 8 milhões no Brasil, segun-do a Organização Mundial de Saúde (OMS). Em Goiânia, o especialista em re-produção assistida

Eduardo de Castro ajuda os casais goia-nos a realizarem o sonho de ser pais. À Tribuna, o médico comentou os crescen-tes índices de infertilidade entre homens e mulheres.

Mercado de trabalho“Temos, homens e mulheres, uma for-

mação [profi ssional] mais longa. Antes, saíamos para o mercado com 22, 25 anos. Hoje, a gente consegue se estabilizar por volta dos 30. E a mulher naturalmente começa a ter difi culdades de engravidar

a partir dos 35. Ficou muito restrito esse período em que ela pode engravidar. Se atrasar um pouco, pode perder a chance. E se adiantar é mais difícil por conta do mercado de trabalho.”

Até que idade esperar“O ideal é que a mulher não passe

muito dos 30. No máximo, 34 anos. Até porque, se precisar de algum tipo de tra-tamento, é necessário ter tempo para esse tratamento. Dos 30 aos 40 anos, é na-tural que o ovário vá parando de funcio-nar. A mulher deve buscar se estabilizar e engravidar o quanto antes.”

Congelamento de óvulos“É um possibilidade. Quando a pes-

soa tem esse tipo de vida, de perfi l, é me-lhor congelar os óvulos do que não fazer nada, de preferência até os 35 anos. Não fazer nada é assinar um atestado de que não quer ser mãe. Se congelar, você cria uma possibilidade de engravidar.”

Na contramãodo relógio

biológico

“O alicerce de toda minha boa educa-ção é o fato de a adoção nunca ter sido escondida. Foi uma informação que cres-ceu e se desenvolveu comigo. Não tem um dia assim do qual eu possa dizer ‘ah, o dia que eu soube que era adotada’. Minha mãe sempre conversou tudo direitinho comigo, tirou dúvidas. Isso nunca foi tra-tado como um assunto anormal, ou algo vergonhoso. Muito pelo contrário. Vejo que algumas pessoas têm trauma, algum bloqueio ou coisa assim, porque enten-dem que até determinado ponto, a vida foi uma mentira. E, para mim, justamen-te por ter sido tudo conversado, é tudo muito natural.

Até meus 24 anos, eu tinha nos meus documentos o nome da minha mãe bio-lógica e não tinha nome de pai, porque meu pai biológico não era identifi cado. Era uma situação constrangedora por-que tinha de fi car explicando porque o nome do meu pai não estava no meu documento. Cheguei a ter problemas no plano de saúde e em outros casos. Para algumas pessoas parece besteira, mera formalidade. Mas era incômodo, um constrangimento que eu sentia bastante.

Em um processo de adoção, que du-rou quatro anos, eu já maior de idade, consegui a alteração. Hoje tenho o nome dos meus pais e dos meus avôs adotivos na minha certidão de nascimento. Tro-quei todos os documentos, assino com o sobrenome do meu pai. Está tudo mais leve, sou uma pessoa mais realizada. Não que isso tenha feito diferença no conví-vio familiar... é só aquele orgulho de assi-nar o nome do pai mesmo.

Sinto muita gratidão a Deus, que co-locou minha vida no caminho da minha mãe, uma pessoa disposta a me criar com amor de verdade. Hoje, 26 anos depois, posso dizer que ela cumpriu o esperado. Me sinto muito privilegiada, realmente escolhida para ser feliz.”

Lanny Coelho, 26 anos, advogada em Palmas, no Tocantins.

É a caçula dos cinco fi lhos deLeonídia Coelho, a Leo, e Antiste Alexandre Coelho. Ela conta da experiência de ter sido adotada.

DEPOIMENTO

“Fui escolhida para ser feliz”

10 GOIÂNIA, 20 A 26 DE MAIO DE 2018 / www.tribunadoplanalto.com.br

Seleções do Grupo FAlemanha

RÚSSIA 2018

TIME BASE

Fagner Pinho

Depois da Copa do Mundo de 2014, quando a Alemanha enquadrou a Seleção

Brasileira com os 7 a 1 apli-cados ao natural, diante de uma atônita equipe co-mandada por Luis Felipe Scolari, o jargão “Parecia a Alemanha” virou uma espé-cie de meme para se referir a equipes que goleavam ad-versários em qualquer com-petição.

Um exagero, claro, uma vez que a Alemanha jogou bem naquela Copa apenas contra o Brasil – mais pela imaturi-dade emocio-

nal de vários atletas brasileiros – do que propriamente da força dos

alemães, que vieram a ser cam-peões depois de uma disputa

vencida contra a Argentina na pror-rogação, por 1 a 0.

Neste ano, a Alemanha volta a dispu-tar uma Copa no Grupo F, no qual o jar-gão poderá ser posto à prova contra sele-ções da estirpe de Suécia, que eliminou ninguém mais ninguém menos do que a Itália, nas eliminatórias; da incógnita México e da tradicional, mas inofensiva,

Coreia do Sul. Será que a força dos alemães será a

mesma do último mundial? Irá a Ale-manha alcançar o Brasil em números de títulos mundiais? Respostas para come-çarem a ser respondidas a partir do dia 17 de junho.

Atual campeã, a seleção germânica entra em campo neste ano como a maior favorita a conseguir o título ao lado da Espanha e talvez de Brasil e Fran-ça. Com a base de 2014 mantida, e contando com o reforço de nomes como Sandro Wagner e de Goretzka, a Alemanha é ampla favorita no grupo.

Nestes quatro anos de hiato entre uma competi-ção e outra, porém, a Alema-nha deu mostras de que não é imbatível. Na Eurocopa de 2016, por exemplo, os ale-mães até fi zeram uma boa compe-tição, se clas-sifi cando em primeiro no s e u

Neuer; Kimmich, Boateng, Hummels e Plattenhardt; Rudy, Toni Kroos, Goretzka, Thomas Muller e Draxler; Mario Götze (Sandro Wagner)Técnico: Joachim LöwMundiais disputados: 18Melhor partida: Brasil 1 x 7 Alemanha, Copa do Mundo de 2014Melhor colocação: campeã em 1954, 1974, 1990 e 2014Como se classifi cou: 10vDestaque: Kroos, meia (Real Madrid) e Ozil, meia (Arsenal)Termômetro: quente/quenteAté onde? Final

Parecia aAlemanha...

JARGÃO QUE VIROU MEME NO PAÍS VOLTARÁ À PROVA NAS DISPUTAS DO GRUPO F DA COPA

grupo e eliminando Eslová-quia e Itália nas fases seguin-tes.

Na semifi nal, entretanto, a Alemanha foi presa fácil para a forte seleção da França, que dominou toda a partida e ven-ceu por 2 a 0. Neste ano fi ca a

dúvida: qual será a sele-ção em campo? A de 2014, que chegou para vencer,

ou a de 2016, que foi bem, mas foi elimi-

nada ao domínio francês?

11 GOIÂNIA, 20 A 26 DE MAIO DE 2018 / www.tribunadoplanalto.com.br

Confi ra os jogos do Grupo C1ª rodada 2ª rodada 3ª rodada

México Suécia Coreia do Sul

TIME BASE

TIME BASE

TIME BASE

O México foi uma das sur-presas da Copa de 2014. Con-tando com um grupo forte e experiente, os mexicanos fi -zeram frente ao Brasil na fase classifi catória fi cando em segundo lugar na chave, que contava ainda com seleções do porte da Croácia e de Camarões.

Nas oitavas de fi nal os mexicanos por pouco não eliminaram a Holanda. O México vencia até os 43 minutos do segundo tempo, quando os batavos vira-ram a partida em três minutos. Durante aquela competição, o mun-do fi cou conhecen-do talentos como o excelente goleiro Ochoa, que fechou o gol na partida contra o Brasil, por exemplo.

Neste ano, ele estará no comando do gol mexicano mais uma vez e, ao lado de com-panheiros como Chicarito Hernán-dez, Guardado, Corona e Carlos Vera, tentará levar o México, desta vez, mais longe. Talvez até as quartas de fi nal. Para tal, deverá passar, antes, pela primeira fase.

Desde a década de 1990 a Suécia vem sendo fi gurinha constante em mundiais de futebol. E desde então, ao menos um dos jogadores suecos são unanimidade no futebol mundial. Foi assim na Copa da Itália, quando Bro-lin comandava o ataque e em 1994, nos Estados Unidos, quando havia o goleiro Ravelli e o atacante Dahlin na equipe.

Já em 2002 e também no ano de 2006, a seleção sueca contou em seu ataque com dois dos maiores atacantes da história do futebol mundial: Henrick Larsson e Zlatan Ibrahimovic. No entanto, mesmo contando com os dois jogadores, a Suécia não passou das oitavas de fi nal em ambos torneios.

Já neste ano, a força da Suécia é na parte coletiva. Trata-se de uma equipe operária, onde o maior destaque é o experiente ata-cante Berg, que hoje ganha petrodólares no futebol do Oriente Médio.

Pensando nesta coletividade é que a comissão técnica abriu mão de contar com o Ibrahimo-vic nesta Copa. Agora, os suecos precisam mostrar que podem ir longe sem ele. Se mostra-rem o que mostraram con-tra a Itália, é possível que sim.

Há muitos anos a Coreia do Sul é considerada como a maior força do futebol asiático. Pre-sença constante em Copas do Mundo, sua melhor colocação, antes de 2002, sempre havia sido a primeira fase das compe-tições mundiais, contando, ain-da, com um empate com a forte Espanha em 1994, por 2 a 2.

Isso até chegar o ano de 2002, quando a Coreia se-diou a Copa do Mundo ao lado do Japão. Contando com uma seleção comandada pelo excelente Park Ju Song, que mais tarde brilharia no Manchester United e viria a ser o melhor jogador da história do país, além do apoio da torcida, os coreanos al-cançaram as semifi nais, sendo eli-minados pela Alemanha.

Neste ano, sem contar com Park Ju Song, o time chega a Copa do Mundo com pouquíssimos joga-dores que atuam fora do país. A

exceção é o bom atacante Son, que joga pelo Tottenham, da Inglaterra. É com ele que os coreanos seguem

na esperança de conseguir chegar, ao menos, nas oita-vas de fi nal.

Ochoa; Damm, Reyes, Ayala e Araújo; Herrera, Guardado, Corona e Gallardo; Carlos Vela e Chicarito HernándezTécnico: Juan Carlos OsórioMundiais disputados: 14Melhor classifi cação: 6º em 1970 e 1986Melhor partida: México 2 x 1 Bélgica – estreia da Copa do Mundo de 1986Como foi nas Eliminatórias: 6v, 3e e 1dDestaque: Chicarito Hernández (West Ham United)Termômetro: morno/quenteAté onde? Quartas de fi nal

Olsen; Granqvist, Lustig, Lindelof e Augustinsson; Claesson, Sebastian Larsson, Svensson e Toivonen;

Forsberg e Berg Técnico: Janne AnderssonMundiais disputados: 12

Melhor partida: Suécia 3 x 1 Alemanha Ocidental – semifi nal Copa de 1958

Melhor campanha: Vice em 1958Eliminatórias: 7v, 2e, 3d

Destaque: Berg, atacante (Al Ain) Termômetro: morno/morno Até onde? Oitavas de fi nal

Seung-Gyu; Ki-Hee, Hyung-Soo, Park-Soo e Jo-Hoo; Tae-Hee, Ja-Cheol, Sung-Yueng e

Son; Dong-won e Jung LeeTécnico: Shin Tae-Young

Mundiais disputados: noveMelhor partida: Coreia do Sul 2 x 1 Itália –

oitavas de fi nal da Copa de 2002Melhor campanha: 4º em 2002

Como foi nas Eliminatórias: 12v, 3e, 3dDestaque: Son (Tottenham)

Termômetro: frio/mornoAté onde? Primeira fase

17/06 - 12h - Alemanha x MéxicoEstádio Luzhniki (Moscou)

23/06 - 12h - Alemanha x Suécia Estádio Olímpico de Fisht (Sochi)

27/06 - 11h - Coréia do Sul x Alemanha Arena Kazan (Kazan)

18/06 - 09h - Suécia x Coreia do Sul Estádio de Níjni Novgorod (Níjni Novgorod)

23/06 - 15h - Coréia do Sul x México Arena Rostov (Rostov do Don)

27/06 - 11h - México x Suécia Estádio Central (Ecaterimburgo)

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Fagner Pinho

Depois da Copa do Mundo de 2014, quando a Alemanha enquadrou a Seleção

Brasileira com os 7 a 1 apli-cados ao natural, diante de uma atônita equipe co-mandada por Luis Felipe Scolari, o jargão “Parecia a Alemanha” virou uma espé-cie de meme para se referir a equipes que goleavam ad-versários em qualquer com-petição.

Um exagero, claro, uma vez que a Alemanha jogou bem naquela Copa apenas contra o Brasil – mais pela imaturi-dade emocio-

nal de vários atletas brasileiros – do que propriamente da força dos

alemães, que vieram a ser cam-peões depois de uma disputa

vencida contra a Argentina na pror-rogação, por 1 a 0.

Neste ano, a Alemanha volta a dispu-tar uma Copa no Grupo F, no qual o jar-gão poderá ser posto à prova contra sele-ções da estirpe de Suécia, que eliminou ninguém mais ninguém menos do que a Itália, nas eliminatórias; da incógnita México e da tradicional, mas inofensiva,

Coreia do Sul. Será que a força dos alemães será a

mesma do último mundial? Irá a Ale-manha alcançar o Brasil em números de títulos mundiais? Respostas para come-çarem a ser respondidas a partir do dia 17 de junho.

Atual campeã, a seleção germânica entra em campo neste ano como a maior favorita a conseguir o título ao lado da Espanha e talvez de Brasil e Fran-ça. Com a base de 2014 mantida, e contando com o reforço de nomes como Sandro Wagner e de Goretzka, a Alemanha é ampla favorita no grupo.

Nestes quatro anos de hiato entre uma competi-ção e outra, porém, a Alema-nha deu mostras de que não é imbatível. Na Eurocopa de 2016, por exemplo, os ale-mães até fi zeram uma boa compe-tição, se clas-sifi cando em primeiro no s e u

Neuer; Kimmich, Boateng, Hummels e Plattenhardt; Rudy, Toni Kroos, Goretzka, Thomas Muller e Draxler; Mario Götze (Sandro Wagner)Técnico: Joachim LöwMundiais disputados: 18Melhor partida: Brasil 1 x 7 Alemanha, Copa do Mundo de 2014Melhor colocação: campeã em 1954, 1974, 1990 e 2014Como se classifi cou: 10vDestaque: Kroos, meia (Real Madrid) e Ozil, meia (Arsenal)Termômetro: quente/quenteAté onde? Final

Parecia aAlemanha...

JARGÃO QUE VIROU MEME NO PAÍS VOLTARÁ À PROVA NAS DISPUTAS DO GRUPO F DA COPA

grupo e eliminando Eslová-quia e Itália nas fases seguin-tes.

Na semifi nal, entretanto, a Alemanha foi presa fácil para a forte seleção da França, que dominou toda a partida e ven-ceu por 2 a 0. Neste ano fi ca a

dúvida: qual será a sele-ção em campo? A de 2014, que chegou para vencer,

ou a de 2016, que foi bem, mas foi elimi-

nada ao domínio francês?

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México Suécia Coreia do Sul

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O México foi uma das sur-presas da Copa de 2014. Con-tando com um grupo forte e experiente, os mexicanos fi -zeram frente ao Brasil na fase classifi catória fi cando em segundo lugar na chave, que contava ainda com seleções do porte da Croácia e de Camarões.

Nas oitavas de fi nal os mexicanos por pouco não eliminaram a Holanda. O México vencia até os 43 minutos do segundo tempo, quando os batavos vira-ram a partida em três minutos. Durante aquela competição, o mun-do fi cou conhecen-do talentos como o excelente goleiro Ochoa, que fechou o gol na partida contra o Brasil, por exemplo.

Neste ano, ele estará no comando do gol mexicano mais uma vez e, ao lado de com-panheiros como Chicarito Hernán-dez, Guardado, Corona e Carlos Vera, tentará levar o México, desta vez, mais longe. Talvez até as quartas de fi nal. Para tal, deverá passar, antes, pela primeira fase.

Desde a década de 1990 a Suécia vem sendo fi gurinha constante em mundiais de futebol. E desde então, ao menos um dos jogadores suecos são unanimidade no futebol mundial. Foi assim na Copa da Itália, quando Bro-lin comandava o ataque e em 1994, nos Estados Unidos, quando havia o goleiro Ravelli e o atacante Dahlin na equipe.

Já em 2002 e também no ano de 2006, a seleção sueca contou em seu ataque com dois dos maiores atacantes da história do futebol mundial: Henrick Larsson e Zlatan Ibrahimovic. No entanto, mesmo contando com os dois jogadores, a Suécia não passou das oitavas de fi nal em ambos torneios.

Já neste ano, a força da Suécia é na parte coletiva. Trata-se de uma equipe operária, onde o maior destaque é o experiente ata-cante Berg, que hoje ganha petrodólares no futebol do Oriente Médio.

Pensando nesta coletividade é que a comissão técnica abriu mão de contar com o Ibrahimo-vic nesta Copa. Agora, os suecos precisam mostrar que podem ir longe sem ele. Se mostra-rem o que mostraram con-tra a Itália, é possível que sim.

Há muitos anos a Coreia do Sul é considerada como a maior força do futebol asiático. Pre-sença constante em Copas do Mundo, sua melhor colocação, antes de 2002, sempre havia sido a primeira fase das compe-tições mundiais, contando, ain-da, com um empate com a forte Espanha em 1994, por 2 a 2.

Isso até chegar o ano de 2002, quando a Coreia se-diou a Copa do Mundo ao lado do Japão. Contando com uma seleção comandada pelo excelente Park Ju Song, que mais tarde brilharia no Manchester United e viria a ser o melhor jogador da história do país, além do apoio da torcida, os coreanos al-cançaram as semifi nais, sendo eli-minados pela Alemanha.

Neste ano, sem contar com Park Ju Song, o time chega a Copa do Mundo com pouquíssimos joga-dores que atuam fora do país. A

exceção é o bom atacante Son, que joga pelo Tottenham, da Inglaterra. É com ele que os coreanos seguem

na esperança de conseguir chegar, ao menos, nas oita-vas de fi nal.

Ochoa; Damm, Reyes, Ayala e Araújo; Herrera, Guardado, Corona e Gallardo; Carlos Vela e Chicarito HernándezTécnico: Juan Carlos OsórioMundiais disputados: 14Melhor classifi cação: 6º em 1970 e 1986Melhor partida: México 2 x 1 Bélgica – estreia da Copa do Mundo de 1986Como foi nas Eliminatórias: 6v, 3e e 1dDestaque: Chicarito Hernández (West Ham United)Termômetro: morno/quenteAté onde? Quartas de fi nal

Olsen; Granqvist, Lustig, Lindelof e Augustinsson; Claesson, Sebastian Larsson, Svensson e Toivonen;

Forsberg e Berg Técnico: Janne AnderssonMundiais disputados: 12

Melhor partida: Suécia 3 x 1 Alemanha Ocidental – semifi nal Copa de 1958

Melhor campanha: Vice em 1958Eliminatórias: 7v, 2e, 3d

Destaque: Berg, atacante (Al Ain) Termômetro: morno/morno Até onde? Oitavas de fi nal

Seung-Gyu; Ki-Hee, Hyung-Soo, Park-Soo e Jo-Hoo; Tae-Hee, Ja-Cheol, Sung-Yueng e

Son; Dong-won e Jung LeeTécnico: Shin Tae-Young

Mundiais disputados: noveMelhor partida: Coreia do Sul 2 x 1 Itália –

oitavas de fi nal da Copa de 2002Melhor campanha: 4º em 2002

Como foi nas Eliminatórias: 12v, 3e, 3dDestaque: Son (Tottenham)

Termômetro: frio/mornoAté onde? Primeira fase

17/06 - 12h - Alemanha x MéxicoEstádio Luzhniki (Moscou)

23/06 - 12h - Alemanha x Suécia Estádio Olímpico de Fisht (Sochi)

27/06 - 11h - Coréia do Sul x Alemanha Arena Kazan (Kazan)

18/06 - 09h - Suécia x Coreia do Sul Estádio de Níjni Novgorod (Níjni Novgorod)

23/06 - 15h - Coréia do Sul x México Arena Rostov (Rostov do Don)

27/06 - 11h - México x Suécia Estádio Central (Ecaterimburgo)

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ELEIÇÕES

O CUIDADO NA HORA DE VOTAR NÃO É POR QUALQUER MOTIVO, MAS SIM PARA EVITAR QUE A ESCOLHA ELEJA ALGUÉM NÃO APTO PARA O CARGO

Jorge Monteiro de Lima

Você gosta de sofrer? Sente prazer ao ter algo tolhi-do? Gosta de ser enga-

nado, ludibriado, humilhado? Curte dor e pancadaria? Maso-quismo é o mergulho na dor como estilo de vida, o tesão ao se arrancar a casca de uma feri-da, ter alívio pelo sofrimento. É um processo psíquico estranho, mas extremamente comum ao povo brasileiro, habituado ao sofrimento e à difi culdade como estilo de vida.

Por aqui é hábito naturaliza-do apanhar, de chicote, no tron-co, ser humilhado. A política comprova esta hipótese. O povo brasileiro utiliza seu título de eleitor visando eleger bandidos, pessoas de extrema ignorância, ladrões contumazes que há dé-cadas mantêm-se no poder. Por sua vez, o povo em sofrimento idolatra o bandido eleito, utili-zando seu precioso tempo para beijar-lhe os pés, humilhando-se diante de um mito pervertido – seu algoz.

Existe um processo incon-ciente dialético ligado ao ins-tinto de poder. De um lado do ringue, o pacato cidadão bra-sileiro que emprega seu voto sem consciência do mal que se faz. O eleitor que adora susten-tar políticos e suas mordomias, que adora pagar altos impostos, que reverencia quem o ignora e o maltrata. O sociólogo Sérgio

Masoquismo e políticaBuarque de Holanda nos evi-denciaria a ideia de um brasi-leiro “Homem cordial”, talvez infl uenciado pela teoria de Je-an-Jacques Rousseau, que dizia “O homem é bom por natureza”. Será?

Na prática este cidadão elei-tor cria para si uma armadilha da qual não consegue sair man-tendo-se em um sofrimento idolatrado, vide nossa cultura de sofrência que detém a triste-za como patrimônio cultural.

No outro lado do ringue es-tão os coronéis – os eleitos e escolhidos – os melhores exis-tentes. Uma casta histórica que diferenciou-se, primeiramen-te, no Brasil colônia como os proprietários das capitanias hereditárias, os interventores. Depois como os Bandeirantes, os barões do extrativismo. E, nos últimos séculos, os coronéis – fi gura real, mítica e popular extremamente presente na cul-tura geopolítica brasileira por todo interior do país.

Os coronéis são proprie-tários de terra, em boa parte herança e tradição, detentores do poder regional, pessoas que estão acima da ordem e da lei, que mandam no judiciário, em delegados e juízes. Questionar ou confrontar seu poder é beijar a morte.

Não existe certo ou errado na vida de um coronel por que ele vive regras próprias, que de-pendem exclusivamente de seu

temperamento e humor...Tudo é uma questão de dia e de lua... e do estado de humor do coro-nel. Celebrado no imaginário popular, como em Jorge Amado – Tocaia Grande dentre outras –, e vários outros escritores os representaram evidenciando sua ignorância e belicosidade. Qualquer coisa se resolve na chibata...

Dois polos de uma relação dialética já era parcialmente descrita em Casa - Grande e Senzala do sociólogo Gilberto Freyre. Todavia este cenário ideológico mítico conti-nua vivo, fi rme e for-te alastrando se por todo Brasil com coro-néis estipulando seus feudos.

A proposta de uma vivência coronelista é aplicada em Goiás há pelo menos 300 anos. na era moderna e na pós-modernidade, o poder político de-tém-se no governo do estado em nomes como o de Iris Resen-de (PMDB), 60 anos no poder; Marconi Perilo (PSDB), 30 anos no poder; Ro-naldo Caiado (DEM), 50 anos no poder, políticos po-pulistas de estilo feudal cuja

fama de persseguirem seus opo-nentes é extensa.

Tal é o fato que hoje no es-tado de Goiás não existe uma oposição, não existe uma orga-nização política capaz de ofere-cer ao eleitorado uma terceira via, uma alternativa ao modelo coronelista da politica regional. Assim troca-se o coronel, mas não o estilo de governar existin-do apenas um modelo adminis-trativo e político.

Os opositores foram cassa-dos, aniquilados, sumiram, vira-ram pó... Piorando a situação do estado de Goiás que mantém-se em subdesenvolvimento, vide áreas vitais como saúde e educa-ção, precária infraestrutura, au-mento expressivo do desempre-go, o que é de pasmar é a atitude do eleitorado, que briga e viven-cia a deidade do coronel como

uma divindade, um mito vivo,

um redentor e salvador da pátria.

Povo que apanha na

cara, que é silenciado, humilhado nas fi las da saúde, na falta de emprego ,enquanto a classe política esbanja

suntuosidade em fazen-das bilionárias, com um crescimento vertiginoso de seu patrimônio.

Temos um povo ma-soquista, que mantém no poder quem o ignora e humilha. Um povo que adora ser silenciado, per-seguido e calado, valendo

a lei do pelourinho, chiba-ta e o grito.

Mas quem é que gosta de ser enganado? Quem é que gosta de votar em bandido? Quem é que

gosta de levar na cara?Em quem foi mesmo que

você votou nas últimas eleições?