Corpo Mente

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CORPO - MENTE - CÉREBRO CORPO - MENTE - CÉREBRO CORPO - MENTE - CÉREBRO CORPO - MENTE - CÉREBRO CORPO - MENTE - CÉREBRO Todos os processos de percepção e cognição acontecem em mim, mas aonde? No meu corpo? No meu cérebro? Na minha mente? Se a mente não está localizada no meu corpo, como eu chego nela? Sabemos que mente não é cérebro, porque ele é um equipamento auxiliador, então como as informações ganham corpo em meu cérebro. Como elas se materializam em mim? Para podermos entender essa relação corpo-mente- cerebro, teremos que voltar no tempo quando cien- tistas dessecavam e fragmentavam o corpo humano procurando assim o que não se conhecia para poder ser entendido. Buscavam por uma conquista de terri- tórios novos de novos funcionamentos, através de tecnologias que proporcionavam a busca do vital, o self. Essa busca fragmentaria para conhecer é da pré-renascença, é o conquistar o novo para compre- ender. Foucault também fala que a questão do poder é saber como. O melhor conhecimento é o que se or- ganiza com a idéia de separação e que nos referimos ao dentro e fora do nosso corpo como uma embalagem. Mas se tal é verdadeiro quem organizou o nosso den- tro? Seja quem for, o fez de maneira majestosa e, portanto pensamos em um ser superior-nosso criador e dono. Nosso interior é pessoal e intransferível, resultando assim na idéia de pessoalidade privada. Então podemos dizer que ver é conquistar e conhe- cer. Mas esquecemos que nosso exterior e interior sofrem influencias do que vivemos, comemos, e fazemos.Existe uma fronteira tênue que não limita e nem aprisiona, só contem.Mesmo porque pelos senti- dos: olhos, olfato, tato, visão e paladar, são fei- tos as relações entre o dentro e o fora. Com Aristóteles o corpo ganha uma idéia de unidade na correspondência do dentro e o fora. Com os avanços tecnológicos, a medicina aprimora o conhecimento do corpo, cada vez mais se conhece o corpo em partes e partes cada vez menores, esquecendo-se do todo e do Eu desse corpo.

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CORPO - MENTE - CÉREBROCORPO - MENTE - CÉREBROCORPO - MENTE - CÉREBROCORPO - MENTE - CÉREBROCORPO - MENTE - CÉREBRO

Todos os processos de percepção e cognição acontecem em mim,mas aonde?

No meu corpo?

No meu cérebro?

Na minha mente?

Se a mente não está localizada no meu corpo, comoeu chego nela? Sabemos que mente não é cérebro,porque ele é um equipamento auxiliador, então comoas informações ganham corpo em meu cérebro. Comoelas se materializam em mim?

Para podermos entender essa relação corpo-mente-cerebro, teremos que voltar no tempo quando cien-tistas dessecavam e fragmentavam o corpo humanoprocurando assim o que não se conhecia para poderser entendido. Buscavam por uma conquista de terri-tórios novos de novos funcionamentos, através detecnologias que proporcionavam a busca do vital, oself. Essa busca fragmentaria para conhecer é dapré-renascença, é o conquistar o novo para compre-ender. Foucault também fala que a questão do poderé saber como. O melhor conhecimento é o que se or-ganiza com a idéia de separação e que nos referimosao dentro e fora do nosso corpo como uma embalagem.Mas se tal é verdadeiro quem organizou o nosso den-tro? Seja quem for, o fez de maneira majestosa e,portanto pensamos em um ser superior-nosso criadore dono. Nosso interior é pessoal e intransferível,resultando assim na idéia de pessoalidade privada.Então podemos dizer que ver é conquistar e conhe-cer. Mas esquecemos que nosso exterior e interiorsofrem influencias do que vivemos, comemos, efazemos.Existe uma fronteira tênue que não limita enem aprisiona, só contem.Mesmo porque pelos senti-dos: olhos, olfato, tato, visão e paladar, são fei-tos as relações entre o dentro e o fora. ComAristóteles o corpo ganha uma idéia de unidade nacorrespondência do dentro e o fora. Com os avançostecnológicos, a medicina aprimora o conhecimento docorpo, cada vez mais se conhece o corpo em partes epartes cada vez menores, esquecendo-se do todo e doEu desse corpo.

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Os estudiosos da cognição estão preocupados em en-tender esse Eu e como a informação se fixa em nossocorpo. Para isso buscaram a teoria da evolução dohomem e assim puderam afirmar que a informação tam-bém é evolutiva. Nosso olhar para o novo já vemcarregado de informações, nunca recebemos uma in-formação sem estarmos usando nossa capacidade deraciocínio já adquirida. Com a teoria semiótica oprocesso é sempre olhar um objeto em fluxo constan-te, não se esquecendo que sempre há o contágio, coma imagem de uma rede, portanto não se sabe onde acoisa acontece. Essa metáfora é a idéia da contami-nação e infecção, produzindo um outrointerpretante. Se pensarmos como uma infecção viralessa manifestação seria o ícone. O signo se hospedano interpretante que se prepara para uma co produ-ção em fluxo aberto

Por esse caminho procuramos entender e descrever asformas do raciocínio, através de símbolos que vãose transformando em outros símbolos. Sempre em flu-xo contínuo, contaminando e disseminando a informa-ção nos nós das redes neurais em fluxo contínuo deaquis e agoras, lapsos do tempo real que represen-tam o tempo já passado.

O processo evolutivo, o pensar sobre o pensar criasímbolos e o sistema cognitivo modifica nosso corpoque tem um cérebro separado e funcionando em temporeal. Uma máquina que na relação com o ambiente semodifica. Como?

Deacon não acredita na linguagem em relativismo ena linguagem inata. Ele não acredita que a lingua-gem emergiu como conseqüência genética do grau deinteligência surgido com a expansão do cérebro do-minante. Ele acredita que foi uma conseqüência na-tural da necessidade simbólica da linguagem e parademonstrar isso ele se utiliza os princípios gené-ticos de Conrad Waddington e a teoria evolucionistade James Baldwinian do século IXX. Essa junção deteorias consiste em possibilidades postas em prati-ca comum de um comportamento flexível que se adaptae se permite a nova mudança de características ge-nética, portanto a co evolução consiste em uma es-pécie de interação mutua entre a linguagem e o cé-rebro humano.O desenvolvimento do cérebro se deupela linguagem e a criação simbólica que essa lin-guagem possibilita.Essa facilidade em simbolizarfoi se internalizando geneticamente em nosso cére-bro com o passar do tempo.Criando assim uma lingua-

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gem em feed back.

A hipótese de Deacon é muito delicada para seraceita de imediato, porque ele afirma que o proces-so de usar palavras traz mudanças físicas. O nãofísico mexe no físico. Ele afirma que o comporta-mento de um sujeito resulta em modificações no cor-po desse sujeito. Deacon chama atenção para essaproposta que toca no lugar mais delicado dasemiótica, isto é como se dá à passagem dos índicespara símbolos.Para isso se apóia nos conceitos deBaldwinian que também pesquisa sobre o aprendizado,a evolução e o comportamento. Ele conclui que a ha-bilidade de aprender e flexibilizar o comportamen-to, isto é, não responder por reação repetitiva,mas com um cérebro humano que flexibiliza os com-portamentos. Para ele é isso que nos permite modi-ficar o contexto no qual estamos imersos. Essa mo-dificação interfere também no natural do ambiente enos devolve modificações de habilidades em nossocorpo. Como o comportamento modifica a evolução deuma espécie é claro que isso exige anos e anos deevolução, essa modificação não é imediata, e não sedá de geração para geração. Para Chomsky isso éinato, mas para Deacon é o contrário, surgiu com ocomportamento do homem. Se admitirmos, conformeChomsky, que nascemos com essa habilidade seriacomo se tivéssemos um programa embutido para lermoso mundo previamente programado e não como Deaconque afirma que as coisas são apreendidas. Portantoconcluímos que a linguagem inata limita o sujeitode ler o mundo. E percebemos que o mundo esta sendoconstruído à medida que evoluímos.

Os instrumentos que o corpo faz ou desenvolve (com-putador) quando deixam de ser indexial, indo além,ganhando uma estrutura simbólica deixando de seração/ reação, estão fazendo a passagem para algoque tenha outro código de existência. Nesse momentoo objeto ganha uma função simbólica e ganha estru-tura evolutiva. As hipóteses de como e quando issoacontece, como podemos explicar? Deacon afirma queisso acontece porque nossa existência em um contex-to faz com que nosso comportamento nesse contextoproduza modificações de tal ordem quer implicam emuma organização material.

E para isso estar incluído no nosso DNA vai serpreciso que isso se transforme em uma lei do corpo,deixando de ser uma regra para um pequeno grupo.Dentro desse pensamento está o Projeto Genoma, que

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é tentar mexer na lei do corpo humano, modificandoa estrutura do homem.

O que é a idéia da cognição situada?

A cognição é dinâmica e estudada pelo viés dodinamicismo com base em teóricos e cientistas comoMaturama, Harnad e outros. Portanto o processocognitivo é ação e em tempo presente Os cientistasque estudam a teoria do dinamicismo afirmam que acognição situada não é algo ou alguém que esta noambiente, tem que ser fortemente interativo e estarem tempo real. É uma discussão do tempo real. É umarepresentação que ocorre no cérebro, não é ter umarepresentação de um agente é um processo de pensa-mento. Categorização com o processo. Não é eu crio,porque só tem sentido no fluxo, nada se processasozinho e sim no ambiente, ela é uma investigaçãono processo de aprendizado que se dá com a relaçãocom o outro, não é só a pessoa consigo mesmo e simcom o outro que está lá.

O corpo ensina que as informações não têm lugar, sótem conexões. O dentro e fora são a mesma coisa, ainformação é apreendida por conexões que vãoestruturando o raciocínio. Nosso corpo é muito cla-ro, a rede de funcionamento neural é onde a infor-mação se realiza, por meio de conexões e dependemde como essa rede está montada.Nunca dá para sedispensar uma parte do nosso sistema neural, tudofaz parte e tudo é necessário. Com essa idéia come-çamos esclarecer o sistema de classificações do co-nhecimento.

Tudo é uma questão de relação com o meio de infor-mação. À medida que se descobre o como, vai se do-minando o meio. É sempre co relação que não permiteuma separação.

Com esses conceitos podemos entender a relação damente/ corpo e a tecnologia. Estamos em um fluxoconstante nas relações de informações, em uma per-muta evolutiva, que só agrega nunca se divide. É umsomar de informação que se adapta e se transformaem nova informação.Não tem um lugar para esse pro-cesso em nosso corpo, é todo o conjunto de células,músculos, nervos, sentidos que recebem a informaçãoe transmitem informação. Não existe uma hierarquiaou um lugar, mas existe um conjunto de elementosque recebem e percebem a informação, e a transmitemsempre com uma interferência ou novo referencial dosujeito interpretante, segundo a sua qualidade de

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percepção.

Bibliografia:

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University.

· CLARK, Andy (20010 indware, Na Introduction to the Philosophy of Cognitive Science. Introdução ( pags 1-7) Cap. IMeat Machines: Mindware as Software( pags. 7-27),Cap.8 Cognitive Technology:Beyond the Naked Brain (pags. 140-

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· DEACON, Terrence W. (1997) The Symbolic Species, The Co- evolution of language and the brain. Cap. 11: And the

world became flesh, pags. 321-375/433-464- New York e Londres: W.W. Norton & Company

· STENBERG, Robert J. (2000)- Psicologia Cognitiva. Porto Ale