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CORPOREIDADE: UM TRABALHO DE VIVÊNCIAS CORPORAIS COM PROFESSORES E FUNCIONÁRIOS

Magda Beatriz Leon Bordes Ferreira1

Profº Ms. Carlos Eduardo da Costa Schneider 2

RESUMO

A proposta deste trabalho é apresentar alternativas para a melhoria das relações

interpessoais, através de vivências corporais, visando motivação para o trabalho,

dentre as várias dimensões das relações aluno-professor, professor-professor,

professor-gestor, e professores-funcionários, dentro do espaço e ambiente escolar.

Este trabalho, construído ao longo do período de dois anos do PDE, desenvolveu-se

junto aos professores e funcionários do Colégio Estadual Djalma Marinho.

Inicialmente mostrou-se que viver a corporeidade é viver o físico, o mental, o

emocional, o energético, o social, o cultural, o espiritual. Assim, se a forma de

manifestação humana é corporal, portanto a importância de proporcionarmos a

oportunidade de um momento para vivenciarmos a nossa humanidade, a

necessidade de professores e funcionários de terem uma maior integração entre

seus pares, que as atividades corporais tivessem cunho lúdico e que as mesmas

proporcionassem descontração em conjunto com dinâmicas de relações

interpessoais. Todo ser humano toma atitudes no mundo através do seu corpo, mas,

não percebe que o corpo nos permite comunicarmos com o outro, que o corpo nos

leva a sentir o mundo e ser sentido. Através da corporeidade podemos proporcionar

um desenvolvimento, uma vivência de que um ser humano é racional, sensível e

motor. Sabemos que a capacidade se relacionar com o outro e com seu corpo,

1Pós-graduação em Educação Básica pela IBEPX. Graduada em Licenciatura em Educação Física

pela Universidade Estadual de Ponta Grossa. Professora da Rede Pública Estadual da Educação do Estado do Paraná. Participante do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE 2010. 2 Professor Orientador da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR.

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mostra seu nível de competência e de eficiência. Quanto mais integrado ao grupo,

maior a sua disposição em trabalhar. Por fim, apresenta as ações, dados e

resultados observados com a aplicação de dinâmicas corporais. Desta forma a

grande necessidade de trabalharmos por meio de dinâmicas corporais,

proporcionando assim o fortalecimento das relações interpessoais, essencial para o

efetivo trabalho educacional dentro da Escola Pública do Estado do Paraná.

Palavras-chave: Educação Física; Corporeidade; Relação Interpessoal.

1. INTRODUÇÃO

O presente estudo é decorrente da implementação do projeto de intervenção

pedagógica na escola CORPOREIDADE: UM TRABALHO DE VIVÊNCIAS CORPORAIS

COM PROFESSORES E FUNCIONÁRIOS e que faz parte do Programa de

Desenvolvimento Educacional – PDE 2010, da Secretaria de Estado da Educação

do Paraná. Este trabalho tem por base e foi estruturado a partir das atividades,

estudos e conhecimentos vivenciados/adquiridos ao longo do PDE, tendo como

apoio a produção didático-pedagógica, elaborada por esta pesquisadora. Refere-se

à necessidade de professores e funcionários de terem uma maior integração entre

seus pares, que as atividades corporais tivessem cunho lúdico e que as mesmas

proporcionassem descontração em conjunto com dinâmicas de relações

interpessoais e que tem por finalidade apresentar as ações, resultados e

observações decorrentes da aplicação prática das dinâmicas e diversas atividades

envolvendo os professores e funcionários do Colégio Estadual Djalma Marinho.

Todo ser humano toma atitudes no mundo através do seu corpo, mais

especificamente por meio do movimento corporal, que nos permite se comunicar,

aprender, sentir o mundo e ser sentido. A Educação Física nos permite trabalhar a

corporeidade, ou seja, como movimento humano consciente e a sua capacidade de

movimentação. No decorrer da nossa história da Educação Física passamos por

conceitos e formas de se relacionar com o corpo. Por muito tempo tivemos uma

Educação Física que negou o próprio corpo, através do adestramento e

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disciplinamento, fundamentado na visão mecanicista que dividia o corpo e mente, e

essa separação do corpo/mente deixou aspectos negativos a Educação, sobretudo a

Educação Física e consequentemente a sociedade (Verderi, 1998). Romper isso é, e

continua sendo um desafio para nós professores trabalharmos com esse ser uno.

Utilizando-se da corporeidade podemos proporcionar um desenvolvimento, uma

vivência de que um ser humano é racional, sensível e motor. Precisamos de novas

posturas educativas. Precisamos contribuir urgentemente para a formação de um ser

uno. Como podemos ver a formação profissional do profissional de Educação Física

sempre foi muito precária DAOLIO (2004) coloca que profissionais formados por

volta de 1980 tinham como formação a predominância de conhecimentos voltados

para área biológica, tais profissionais não tiveram acesso às discussões

socioculturais e ainda o mesmo autor, o corpo era visto como um conjunto de

sistemas e não como cultura, o esporte era de alto rendimento ou passa tempo, não

lidava com os fenômenos políticos e culturais da época, a Educação Física não tinha

o caráter cultural, essa concepção nos chama a atenção para as atuais dificuldades

que encontramos ainda nos dias atuais. Por isso a necessidade de agir, é

necessário viver a corporeidade. Buscar a compreensão sobre corporeidade é refletir

sobre o corpo, com relação a nossa existência, sobre a vida, sobre nós seres

humanos, até mesmo, sobre nossa felicidade. Como diz Santin:

Será preciso deixar que o corpo fale do corpo. A razão já falou muito

tempo do corpo, segundo as regras da racionalidade, conseguimos por esse

caminho obter a corporeidade racional. Precisamos encontrar que nos leve

à corporeidade corporal (SANTIN, 1996, p.94).

O indivíduo age no mundo através de seu corpo, através de seu corpo, por

meio do movimento. O movimento corporal permite ao ser humano se comunicar,

aprender, sentir o mundo e se sentir. O profissional de Educação Física trabalha,

com a corporeidade, ou seja, com movimento do ser humano e a sua capacidade de

se movimentar e interagir com o mundo que o cerca. É preciso que o profissional de

Educação Física trabalhe como corpo da Escola em suas diversas áreas da

educação, para proporcionar uma aprendizagem corporal, ou seja, pensar com o

corpo, afinal todos que estão inseridos numa escola, seja o corpo docente ou

administrativo irão trabalhar com corpos e mentes, e não somente mentes. Pensar o

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corpo não é somente falarmos sobre ele, como se ele não fizesse parte de nós

mesmos, mas é entender que ao nos movimentarmos podemos nos expressar, e

com isso proporcionará sensações, estas não encontramos em livros. Sentir e se

sentir, de expressar-se, de falar e ouvir com o corpo todo. Somente assim

entenderão a necessidade do movimento para si e para com os alunos. Podemos

observar nos dias de hoje que as pessoas que trabalham dentro da escola sentem a

grande necessidade de um trabalho de corporeidade, investir no emocional, em seus

sonhos de realizações pessoais, que muitas vezes são ignorados, e que causa um

desgaste emocional, pela sensação de frustração perante seu trabalho. Não

conhecemos o corpo que somos, por isso a importância de proporcionar um

conhecimento ao corpo docente e administrativo da Escola. “[... ] a idéia simples de

compreender cada pedaço para compreender o todo em seguida terá que ser

enterrada. Se quiser compreender o homem, velhas tradições dualistas precisam ser

superadas .”( FREIRE,1991, p 18-19).

Devemos perceber o corpo preparado para encontrar o outro. Entendendo

que queremos uma corporeidade, que tire a idéia de que o homem é somente

racional, faz-se necessário buscarmos referências no sensível, sendo assim a razão

complementada. Em todos os aspectos de nossa vida, seja no trabalho, lazer. Para

falar de corporeidade é preciso vivê-la. Para conhecermos nosso corpo, temos que

vivenciar o corpo, é preciso que o corpo fale do corpo. De acordo com os

posicionamentos de Medina (1989) e Daolio (2003) tenho percebido que essa área

pode contribuir muito para a Educação das pessoas, proporcionando a elas o

conhecimento acerca do corpo e tornando-as agentes transformadores da sociedade

e construtores da própria realidade.

Este estudo teve como população diretamente envolvida num total de 30

participantes, de ambos os sexos, de diversas áreas do conhecimento e funcionários

do Colégio Estadual Djalma Marinho, da Cidade de Campo Largo, Estado do

Paraná.

Foram planejadas e executadas várias ações no sentido da implementação

do projeto de intervenção na escola (3ª período do PDE), com apresentação,

participação e envolvimento da comunidade escolar Djalma Marinho, no período de

agosto a dezembro/2011.

As dinâmicas foram planejadas e executadas em espaços alternativos e

disponíveis da escola (pátio, refeitório, sala de aula, etc.)

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Como suporte e complementação ao tema estudado, foi realizado uma

pesquisa de caráter investigatório, sendo aplicado 1 (um) questionário com 5 (cinco)

questões, e um segundo questionário com cinco questões.

Após a análise dos questionários e respostas, os dados coletados foram

tabulados, interpretados e realizado a sua representação gráfica.

Este estudo surge devido a necessidade de que todo ser humano está em

constante desenvolvimento, e para que isto aconteça é necessário que haja vivência

e relacionamento entre os indivíduos. Quando vivenciamos nossa Corporeidade,

percebemos que estamos no mundo e em constante desenvolvimento.

De acordo com Santin (1987) baseado na ideia de Merleau - Ponty de ser um

corpo, sentir-se enquanto e não,de ter um corpo - a Corporeidade é a compreensão

da consciência e da existência do eu.

Através da corporeidade podemos proporcionar um desenvolvimento, uma

vivência de que um ser humano é racional, sensível e moto.

Desta maneira, almejando alcançar a melhoria das relações interpessoais,

Após as diversas ações, planejamento e organização prática das dinâmicas, pode-se

observar que os objetivos foram plenamente atingidos, tendo a participação efetiva

dos a, professores e funcionários, ocorrendo diversos momentos de descontração,

integração, aprendizado e desenvolvimento geral. Ainda, pode-se perceber a

satisfação e valorização das dinâmicas por parte dos participantes.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Aproximar-se do conceito de Corporeidade é, em certo sentido, vivenciar

possibilidades e conhecer-se como ser complexo e único no mundo. Ou

seja, um indivíduo que é único capaz de testemunhar sua própria

experiência, mergulhado na complexa rede de inter-relações a partir da qual

constrói sua vivência singular (FREITAS, 2004 p.51).

Somos seres humanos únicos, enquanto seres-no-mundo. Como

complementa Gonçalves: “O corpo de cada indivíduo“ (...) revela (...) sua

singularidade pessoal (...)” (GONÇALVES, 1994, p.13).

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Notamos que todo ser humano está em constante desenvolvimento, e para

que isto aconteça é necessário que haja vivência e relacionamento entre os

indivíduos.

Quando vivenciamos nossa Corporeidade, percebemos que estamos no

mundo e em constante desenvolvimento.

De acordo com Santin (1987) baseado na ideia de Merleau - Ponty de ser um

corpo, sentir-se enquanto e não, de ter um corpo - a Corporeidade é a compreensão

da consciência e da existência do eu.

A educação Física, vislumbrada por Santin (1987) enquanto integrante do

processo de desenvolvimento humano, lida diretamente com este corpo com seus

contextos, seus desejos, anseios alegrias, tristezas, transformações, e egos, e, por

conseguinte, suas relações, incentivando os indivíduos a viverem e sentirem-se

corporalmente.

“A ideia de relacionar-se com o próprio corpo é a forma de o homem ser-no-

mundo” (GONÇALVES, 1994, p.102); é vislumbrar o corpo humano, “numa unidade

expressiva da existência” ( FREITAS, 1999, p.52); indivíduo que pensa, sente e age.

“O ser humano é Corporeidade”. (SANTIN, 1987, p.50).

A Corporeidade está em constante transformação a cada nova vivência; todo

contexto por que passamos, as culturas, os hábitos, os costumes vão influenciar

nesta Corporeidade, em sua maneira de ser-no-mundo (Merleau Ponty, 2006,

Freitas,1999, Gonçalves, 1994).

Mayer (2006) afirma que a “Corporeidade se refere a tudo aquilo que se

caracteriza pelo preenchimento do espaço e pelo movimento e, prioritariamente, ao

que situe o homem como um ser-no-mundo” (MAYER, 2006)

Segundo Freitas:

A Corporeidade implica (...) a inserção de um corpo humano em um mundo

significativo, a relação dialética do corpo consigo mesmo, com outros corpos

expressivos e com os objetos do seu mundo (ou as “coisas” que se elevam

no horizonte de sua percepção). (...) Mas ele (o corpo), como corporeidade,

como corpo vivenciado, não é o início nem o fim: ele é sempre o meio, no

qual e por meio do qual o processo da vida se perpetua (FREITAS, 1999,

p.57).

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Para Santin (1992) é a partir da corporeidade que a humanização corporal

deve ter como prioridade a garantia da plenitude da vida, sem enfatizar os aspectos

bio-psíquicos nem os cognitivos e em detrimento dos orgânicos e vice-versa.

É ter o movimento humano consciente (Kolyniak Filho, 1995). Entendendo-se

como movimento humano consciente aquele que é construído historicamente nas

relações sociais do homem.

A corporeidade, eixo norteador de nossa reflexão, pode ser entendida como

um conceito que “(...) integra tudo que somos: corpo, mente, espírito, emoções,

movimento, relações com o nosso próprio „eu‟, com outras pessoas e com o mundo

a nossa volta” (FIORENTIN et al, 2004, p.336).

2.1 O Corpo nas Relações Interpessoais:

Toda linguagem corporal é inconsciente, mas expressa tudo o que um

indivíduo quer dizer ou pensa. Os gestos muitas vezes são muito mais importantes

do que falar. Por isso a importância dos gestos. Todo comportamento gera outro, ou

seja, seja uma pessoa foi estúpida, com certeza nós fomos de certa maneira arredia

com o assunto.

A importância de reconhecermos nosso corpo e seus gestos é para poder

controlá-los, e assim tomar cuidado para não causar uma reação negativa no colega

de trabalho.

Prestar atenção em nossos gestos e do outro, nos permite avaliar se nosso colega

de trabalho foi receptivo ao que se queria falar.

A Corporeidade está em constante transformação a cada nova vivência; todo

contexto por que passamos, as culturas, os hábitos, os costumes vão influenciar

nesta Corporeidade, em sua maneira de ser-no-mundo (Merleau Ponty, 2006,

Freitas,1999, Gonçalves, 1994).

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2.2 As Relações Interpessoal e Interdisciplinar na Escola

A escola é por natureza um ambiente repleto de inter-relações, ocorrendo

constantes trocas de informações e interações coletivas. As relações interpessoais

na escola são complexas e muitas vezes a rotina das nossas atribuições não permite

uma maior reflexão das dificuldades, desejos e ações dos alunos. Assim, devemos

concebê-los em processo de desenvolvimento e mudança, procurando dar a atenção

necessária às suas expectativas para que a aprendizagem constitua-se como

instrumento permanente de inovação e melhoria da sua situação pessoal e coletiva

(BRASIL, 2006).Utilizando-se da corporeidade podemos proporcionar um

desenvolvimento, uma vivência de que um ser humano é racional, sensível e motor.

........Precisamos de novas posturas educativas. Precisamos contribuir urgentemente

para a formação de um ser uno. Como podemos ver a formação profissional do

profissional de Educação Física sempre foi muito precária DAOLIO (2004) coloca

que profissionais formados por volta de 1980 tinham como formação a

predominância de conhecimentos voltados para área biológica, tais profissionais não

tiveram acesso as discussões socioculturais e ainda o mesmo autor, o corpo era

visto como um conjunto de sistemas e não como cultura, o esporte era de alto

rendimento ou passa tempo, não lidava com os fenômenos políticos e culturais da

época, a Educação Física não tinha o caráter cultural, essa concepção nos chama a

atenção para as atuais dificuldades que encontramos ainda nos dias atuais. Por isso

a necessidade de agi, é necessário viver a corporeidade. Buscar a compreensão

sobre corporeidade é refletir sobre o corpo, com relação a nossa existência, sobre a

vida, sobre nós seres humanos, até mesmo, sobre nossa felicidade. Como diz

Silvino Santin: “Será preciso deixar que o corpo fale do corpo. A razão já falou muito

tempo do corpo, segundo as regras da racionalidade, conseguimos por esse

caminho obter a corporeidade racional. Precisamos encontrar que nos leve à

corporeidade corporal” (SANTIN, 1996, p.94).Devemos perceber o corpo preparado

para encontrar o outro. Entendendo que queremos uma corporeidade, que tire a

ideia de que o homem é somente racional, faz-se necessário buscarmos referências

no sensível, sendo assim a razão complementada. Em todos os aspectos de nossa

vida, seja no trabalho, lazer. Para falar de corporeidade é preciso vivê-la. Para

conhecermos nosso corpo, temos que vivenciar o corpo, é preciso que o corpo fale

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do corpo. De acordo com os posicionamentos de Medina (1989) e Daolio (2003)

tenho percebido que essa área pode contribuir muito para a Educação das pessoas,

proporcionando a elas o conhecimento acerca do corpo e tornando-as agentes

transformadores da sociedade e construtores da própria realidade. A convivência

saudável, troca de experiências, bem-estar e qualidade de vida, passa pela

comunicação e respeito às individualidades e diferenças das pessoas. A Educação

Física (assim como as dinâmicas), através das suas inúmeras atividades de

corporeidade, propicia constantemente estímulos, reações e troca de informações,

possibilitando uma maior vivência, comunicação, socialização, crescimento e

fortalecimento das relações interpessoais.

Para tirarmos a ideia de que o ser humano é somente racional dentro da

escola,seja aluno, professores e funcionários, pretende-se favorecer uma visão de

cada um como sujeito ativo e corporal, que se relaciona e se descobre a partir de

sua corporeidade, bem como de uma melhor compreensão do outro.

Caberá ao professor desenvolver um comportamento educacional efetivo

(físico e presencial), incentivando e estimulando, em todos os momentos, as

relações de amizade, cooperação, respeito, entre professores e funcionários

conquistando assim, os objetivos.

2.3 Encaminhamento Metodológico

Sabemos que a capacidade se relacionar com o outro e com seu corpo,

mostra seu nível de competência e de eficiência. Quanto mais integrado ao grupo,

maior a sua disposição em trabalhar. Desta forma a grande necessidade de

trabalharmos por meio de dinâmicas corporais. Assim proporcionando fortalecimento

das relações interpessoais.

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3. DESENVOLVIMENTO

Este trabalho (implementação do projeto de intervenção pedagógica na

escola), foi realizado no período de agosto a dezembro de 2011, tendo como sujeitos

diretamente envolvidos, professores e funcionários de, e contando com apoio da

direção, pedagogas e funcionários, do Colégio Estadual Djalma Marinho.

A pesquisa/projeto e aplicação das dinâmicas teve o planejamento,

desenvolvimento e execução de diversas ações, a saber.

Revisão e ajustes gerais do Projeto de Intervenção Pedagógica Escola e da

Produção Didático-Pedagógica (unidade didática). Apresentação do Projeto

Corporeidade: Um Trabalho de Vivências Corporais com Professores e

Funcionários. Apresentação do trabalho a ser desenvolvido em linhas gerais, aos

professores, funcionários, equipe pedagógica e direção, presentes na “Capacitação

Continuada 2011”.

Explanação e conversa para definição com a direção e pedagoga para

definição do Projeto, sugestão de atividades e ações a serem desenvolvidas

na escola. Entrega à direção de cópia da Produção-Pedagógica (unidade

didática).

Reunião, apresentação e discussão do Projeto com os professores e

funcionários

Planejamento geral e cronograma das atividades e ações práticas a serem

executadas no desenvolvimento das dinâmicas.

Elaboração do “Questionário 1 - Inicial”, a ser aplicado junto aos professores

e funcionários. E questionário 2, após a realização dinâmicas.

Com relação aos questionários dos professores e funcionários, foi entregue

aos mesmos no momento da hora atividade e recebido a sua devolução nos dias

seguintes.

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O estudo buscou investigar e observar, prioritariamente, a participação,

envolvimento e comportamento dos professores e funcionários na realização das

dinâmicas. A partir das observações diárias e através das perguntas e respostas dos

questionários (abaixo) podemos verificar, mais de perto, as atitudes, postura,

relações interpessoais e particularidades dos professores e funcionários, que nos faz

acreditar e nos leva a proporcionar um programa de atividades corporais. Por meio

de dinâmicas de grupo e exercícios que estimulem o desenvolvimento de

experiências corporais relevantes a cada um dos envolvidos de forma democrática e

prazerosa.

A seguir, apresentamos e destacamos as questões/respostas dos

questionários, aplicadas aos professores e funcionários, no sentido de podermos

verificar o resultado da aplicação do projeto de implementação Corporeidade: Um

trabalho de vivências corporais com professores e Funcionários.

Aplicação do Questionário 1 (Inicial) – Para os professores e funcionários:

1- Você acha que conhecer o seu próprio corpo é:

Pouco

importante: 4%

Importante: 49% Muito importante: 47%

De acordo com professores e funcionários é muito importante conhecer seu

corpo, para se relacionar. Relataram que o indivíduo age no mundo através de seu

corpo, através de seu corpo, por meio do movimento.

2- Você concorda que as relações interpessoais contribuem para o nosso

crescimento pessoal?

Sim: 91% Não: 1% Talvez: 8% Não sei: 0%

Podemos concluir que a maioria dos professores e funcionários relatam que o

ser humano está em constante desenvolvimento, e para que isto aconteça é

necessário que haja vivência e relacionamento entre os indivíduos.

3- Você acha que a realização de dinâmicas na escola, durante o ano, motivam o

ambiente de trabalho?

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Sim: 75% Não: 5% Talvez: 19% Não sei: 1%

A maioria dos entrevistados acham que a melhoria das relações interpessoais,

através de vivências corporais, motivam o trabalho. Os integrantes relataram que é

essencial as relações saudáveis dentro do ambiente da escola.

4- Você acredita que a realização de atividades corporais na escola estimula a

comunicação entre as pessoas?

Sim: 60% Não:15 % Talvez: 20% Não sei: 5%

A maioria dos participantes acredita que é possível uma melhora na

convivência através da realização de atividades, que envolvam um trabalho corporal.

Relatam que poder se expressar através do movimento proporciona um

envolvimento maior com colegas de trabalho.

5- Você acha que dentro da escola existe a necessidade de uma integração entre

professores e funcionários?

Sim 70% Não: 5% Talvez: 20% Não sei: 5%

A maioria apresenta que há uma grande necessidade de um envolvimento

pessoal, uma maior integração e comprometimento, tão necessários para

desenvolver as atividades propostas.

Analisando as respostas dos professores e funcionários conclui-se que neste

estudo, partimos do pressuposto de que o ser humano é corpo e, por isso, está no

mundo em movimento e expressão. Portanto, a corporeidade é nossa presença no

mundo, a maneira como as relações e interações que estabelecemos com o

outro,que nos rodeiam, influenciam e orientam nossa atuação na sociedade .Então

pode-se concluir que os professores e funcionários desejam serem diferentes dentro

da sociedade, a necessidade de que temos que mudar, a maneira de pensar e

sentir, para que se possamos alterar a conduta, já que são essas maneiras de ser

que determinam o comportamento do ser humano.podemos observar que todos

estão abertos a relacionar-se, ou seja dar ou receber, é estar aberto para o novo.

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. Após o desenvolvimento deste trabalho, percebemos que todos temos a

capacidade de escolher, de desenvolver uma visão para si mesmo, reescrevendo a

vida, iniciando um novo hábito ou abandonando um antigo em prol da felicidade. E a

felicidade é democrática, todos têm o direito a ela.

Podemos chegar ao final deste estudo, concluindo a respeito de tudo que foi

proposto, e reconhecendo que pode e deve haver a continuidade do mesmo sob

outros aspectos, e que não há trabalho que se conclua definitivamente, pois existem

sempre outros caminhos a trilhar e novas descobertas a serem feitas. Segundo

Carvalho:

Criar as condições necessárias para o desenvolvimento integral das

pessoas, além de promover a participação de forma coletiva e

individual em ações que possam melhorar a qualidade de vida das

pessoas; possui ainda o caráter educacional, auxiliando na

preservação da natureza e na afirmação dos valores imprescindíveis

à convivência social e profissional (CARVALHO, 2001, p.3).

Aplicação do Questionário 2 (Final) – Para os professores e funcionários:

1- Você conseguiu sentir um envolvimento e uma melhora nas relações

interpessoais?

Sim: 80% Um pouco: 15% Não: 5%

Devido as diversas dinâmicas realizadas ( sócio-cooperativas, recreativas, e de

auto conhecimento etc.), onde exigiram dos professores e funcionários a troca de

experiência, interações, cooperação, organização coletiva e vivência prática, houve

uma grande aceitação geral e com isso melhorou as relações interpessoais no dia a

dia da escola.

2)Foram utilizados instrumentos para houvesse um uma melhora das relações

interpessoais?

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Sim: 91% Não: 1% Talvez: 8% Não sei: 0%

Foi proporcionado momentos de interação ao trabalho em grupo, e um

desenvolvimento em relação ao crescimento pessoal, e a superação das

diferenças, fortalecendo as amizades.

3- Com a realização das dinâmicas, os professores tiveram a oportunidade de

descontrair e brincar?

Sim: 97% Não: 1% Talvez: 1% Não sei: 1%

Foi proporcionado, com a realização das dinâmicas, a qual ofereceu aos

professores e funcionários várias oportunidades de descontração,

divertimento e vivências, a estimulação corporal e suas relações, para o

cotidiano dos participantes.

4- O trabalho de Corporeidade como linguagem que constrói e produz cultura

corporal, contribuiu no dia a dia de professores e funcionários do Colégio Estadual

Djalma Marinho?

Sim: 70% Não:5 % Talvez: 15% Não sei: 10%

Detectou-se, portanto que, a maioria dos educadores que vivenciaram o

projeto corporal não possuíam conscientização corporal, surgindo assim algumas

dificuldades na integração, no trabalho em grupo, na relação com o outro, mas

superados a medida que os participantes puderam absorver este conhecimento do

próprio corpo.

A maioria dos participantes acredita que é possível uma melhora na

convivência através da realização de atividades, que envolvam um trabalho corporal.

Relatam que poder se expressar através do movimento proporciona um

envolvimento maior com colegas de trabalho.

5) Os gestos muitas vezes são muito mais importantes do que falar.

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Sim 80% Não: 3% Talvez: 10% Não sei: 7%

Os participantes relataram a importância de reconhecermos nosso corpo e

seus gestos e poder controlá-los, e assim tomar cuidado para não causar uma

reação negativa no colega de trabalho.Prestar atenção em nossos gestos e

do outro, nos permite avaliar se nosso colega de trabalho foi receptivo ao que

se queria falar.

Assim, as dinâmicas e a presente pesquisa foram desenvolvidas com

professores funcionário do Colégio Estadual Djalma Marinho, no 2º semestre de 2011,

conquistando todos os envolvidos, atingindo os objetivos propostos.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo teve como objetivo principal servir como consulta, e trazer para o

ambiente escolar a importância de estar motivado. Resaltamos que o conteúdo

apresentado poderá ser explorado mais profundamente em novos estudos, e que o seu

desenvolvimento poderá, também, ser realizado e estendido a todas as demais escolas

públicas do estado do Paraná.

Espera-se ainda que este trabalho venha a contribuir para a compreensão das

relações entre os aspectos físico, fisiológico e psíquico do desenvolvimento dos

educandos, o que se torna necessário para resolver questões mais complexas das

relações entre a psicologia e a fisiologia, entre a psicologia e a educação, envolvendo

profissionais não só de Educação Física, mas também de pedagogos, psicólogos e outros

profissionais que possam contribuir com mais conhecimentos sobre nossos educandos e

seu desenvolvimento.

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REFERÊNCIAS

DAOLO, Jocimar. Cultura: educação física e futebol. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2003.

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