CORRÊA, Roberto Lobato; ROSENDAHL, Zeny. Apresentando Leitura sobre Paisagem, Tempo e Cultura

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fl\ UNIVERSIDADE DO JZSTADO DO RIO DE JANEIRO *+n-3.,: 37L Rcitor Antônio Celso Alves Pereira Vlcc-rtitora Nilcéa Freire dP EdUERJ Q! Editora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro Ue r J Rua São Francisco Xavier 524 - Maracanã CEP 20550-013 - Rio de Janeiro - RJ Tel./Fax: (021) 587-7788 / 587-7789 e-mail: cduerjauerj.br Coordenador de Pnb1icafÕe~ Rena to Casimiro Cootdenadora de Prod~~ão Rosania Rolins Rrvisão Virgilio D uar te Pmjeto GraYco/ C~pa Heloisa Fortes Diagramafão Celeste de Freitas Apoio Administrafim Maria Fátima de Mattos CATALOGAÇÃO NAFONTE UERI/SISBI/SERPROT P149 Paisagem, tempo e cultura / Organizadores, Roberto Lobato Corrêa, Zeny Rosendahl. - Rio de Janeiro : EdUERJ, 1998. 124 p. ISBN 85-85881-56-9 1. Geografia humana. 2. Cultura. I. Corrêa, Roberto Lobato. 11. Rosendahl, Zeny. CDU 911.3 Copyright @ 1998 by EdUERJ Todos os direitos desta adição reservados h Editora da Universidade do Estado do Rio de Janeira proibida n duplicação ou reprodução deste vo1ume, no todo ou em parte, sob quaisquer meios, sem a autorização expressa da Editora.

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fl\ UNIVERSIDADE DO JZSTADO DO RIO DE JANEIRO *+n-3.,: 37L

Rcitor Antônio Celso Alves Pereira Vlcc-rtitora Nilcéa Freire

dP EdUERJ

Q! Editora da Universidade do Estado d o Rio de Janeiro Ue r J Rua São Francisco Xavier 524 - Maracanã

CEP 20550-013 - Rio de Janeiro - RJ Tel./Fax: (021) 587-7788 / 587-7789 e-mail: cduerjauerj .br

Coordenador de Pnb1icafÕe~ Rena to Casimiro Cootdenadora de P r o d ~ ~ ã o Rosania Rolins Rrvisão Virgilio D uar te Pmjeto GraYco/ C ~ p a Heloisa Fortes Diagramafão Celeste de Freitas Apoio Administrafim Maria Fátima de Mattos

CATALOGAÇÃO NAFONTE UERI/SISBI/SERPROT

P149 Paisagem, tempo e cultura / Organizadores, Roberto Lobato Corrêa, Zeny Rosendahl. - Rio de Janeiro : EdUERJ, 1998. 124 p.

ISBN 85-8588 1-56-9

1. Geografia humana. 2. Cultura. I. Corrêa, Roberto Lobato. 11. Rosendahl, Zeny.

CDU 911.3

Copyright @ 1998 by EdUERJ Todos os direitos desta adição reservados h Editora da Universidade do Estado do Rio de Janeira proibida n duplicação ou reprodução deste vo1ume, no todo ou em parte, sob quaisquer meios, sem a autorização expressa da Editora.

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A PAISA~M E O SISTEMA L ~ C O M

GEOGRAFIA ................................................................ 75 Hanr Bobk e Jowf ScClrnitClüwn

1

PAISAGEM-MARCA, PAISA~M-MATRIZ: EI.EMENTOS DA ~ O B ~ E M A T I C A PAüA UMA

.................................................. GEOGRAFIA CUI TURAI. 84 Auquítin Beque

(squdo de um comentório de OliveC Ddlfus)

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O título deste livro é uma homenagem a Carl Ortwin Sauer (1889-1975) que, e m 1925, definiu a paisagem geográfica como o resultado da ação da cultura. ao longo do tempo, sobre a paisagem natural, Homcna- geia também precursores como Siegrified Passargc e Otto Schluter e geógrafos como Jean Brunhes, Roger D i o n , Maximilien Sorre que discutiram a temática em tela. A homenagem estendese também a autores mais recentes e mesmo contemporâneos como J. Broek, R. Darby, F. Kniffen, D. Lowenthal, A. Berque e D. Cosgrove que, efetivamente, contribuíram para o enriquecimento da com- preensão da paisagem geográfica.

A paisagem tem-se constituído em um conceito-chave da geografia, tendo sido vista como o conceito capaz de fornecer unidade e identidade i geografia num contexto de afir- mação da disciplina. A importância da paisa- gem na história d o pensamento geográfico tem variado. Este conce i to foi mesmo rele- gado a u m a posição secundária, suplantada pela ênfase nos conceitos de região, espaço, território e lugar.

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A retomada do conceito de paisagem, que se verificou após 1970, trouxe novas acepções fundadas em outras matrizes epistemológicas. Na realidade, a paisagem geográfica apresenta si- multaneamente várías dimensões que cada matriz epistemológica privilegia. Ela tem uma dimensão morfológica, ou seja, é um conjunto. de formas criadas pela natureza e pela ação humana, e uma dimensão furicional, isto é, apresenta relações en- tre as suas diversas partes. Produto da ação hu- mana ao longo do tempo, a paisagem apresenta uma dimensão histórica. Na medida em que uma mesma paisagem ocorre em certa área da super- ficie terrestre, apresenta uma dimensão espacial. M a s a paisagem é portadora de significados, expressando valores, aenças, mitos e utopias: tem assim uma dimensão simbólica,

A complexidade da paisagem e seus inúmeros significados têm permitido ao geógrafo falar de p"sagern sagrada e, por oposição, de paisagem profana Em paisagem vitrine, paisagem do medo e paisagem do desespero, entre outras.

O presente livro privilegia alguns estudos que são importantes para a compreensão deste con- ceito-chave, Datam de momentos distintos da his- tória do pensamento geográfico, representando posições distintas e complementares do mesmo objeto. Entre eles está o dássico estudo de Sauer sobre a morfologia da paisagem. Publicado em 1925, "A morfologia da paisagem" representa u m a contestação à visão determinista da geogra- fia norte-americana e, ao mesmo tempo, uma antecipação da geografia cultural que Sauer em breve estabeleceria.

A paisagem geográfica, vista como um con- junto de formas naturais e culturais associadas

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e m uma dada área, é analisada morfologicarnente, vendo-se a integnçáo das formas entre si e o carátez orgânico ou quase orgânico delas O tern- po é uma d v e l hdamental. A paisagem cul- nual ou geográfica resulta. da ação, ao longo do tétnpo, da dtura sobre a paisagem natural. Nas palavras de Sauer: "A paisagem cultural é-mode- lada a partir de u m a paisagem naturaI por um grupo cultural. A cultura é o agente, a áicl natural é o meio, a paisagem C U I d o reSU1tãW9

O estudo de Bobek e !khmitüsen, publicado oríginaknente em 1949, é uma conmbuição que revela nitidamente a tradição alemã de estudos sobre a paisagem M c a . Segundo os autores, a

(...) geografia da paisagem procede de forma normativa ou nomotética, comparando as distin- tas partes da supedície terrestre e ordenando-as e m tipos e gêneros, fazmdo abstrações de suas pediaridades iridiuiduais. Esta &se de unida- des, definidas com base em sua aparência

. fenomênica, e m sua trama de relações e em seu desemolvimento histórico, dmomina-se paisagem,

independentemente de seu nivel dimensionai."

O trabalho em pauta é tarnbem uma contri- buição daqueles interessados e m questões arnbientais, qualificando-se dentro de uma cor- rente que, na geografia, é conhecida como a das relações homem-natureza e da qual a paisagem é a expressão fenomênica mais contundente.

Com Augustin Berque e o seu 'Taisagem- marca, paisagem-ma&", passamos de um padrão de análise de paisagem, típico da fase anterior a 1970, para outro que passa a predominar após 1970. Seu estudo data de 1984 e é, e m parte,

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resultante de sua experiencia no Japão e, em parte, caracterizado por uma abordagem niti- damente cultural. Sua conmbuição está no fato de ter apontado o duplo papel da paisagem geográfica. Simultaneamente ela é uma marca, uma grafia, que o homem imprime na superfi-

. cie terrestre. Esta marca reflete a natureza da sociedade que realiza a grafia. E ao mesmo tempo as marcas constituem matrizes, isto é, condições para a existência e ação humana. Como diz o próprio Berque:

(.. .) paisagem é plunmodaí bassiva-ativa-po- tencial, etc.), como é plurimodal o sujeito para o qual a paisagem existe; (...) a paisagem e o sujeito são co-integrados em um conjunto uni- tário, que se autoproduz e se auto-reproduz.

O texto de Denis Cosgrove, publicado ori- ginalmente em 1989, representa plenamente a adoção de uma abordagem cultural nos estu- dos sobre a paisagem, calcada numa análise fundada no simbolismo que a ela se pode atri- buir.

O autor identifica dois tipos fundamentais de paisagens geográficas. O primeiro é a "pai- sagem da cultura dominante", um dos meios através dos quais o grupo dominante exerce o seu poder:

Sustentado e reproduzido, em grande medida, pela sua capacidade de projetar e comunicar (...) para todos o s outros grupos uma imagem do mundo, consoante com sua própria experi- ência, e ter a sua imagem aceita como reflexo verdadeiro da realidade de todos.

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O segundo tipo é denominado de ''paisa- gens alternativas": paisagens residuais, emcrgnen- tes e excluídas.

Decodificar o significado da paisagem geo- gráfica é, efetivamente, a tarefa do geógrafo, ta- d a que vai além do seu estudo morfológico, e que permite estender o estudo de paisagem não apenas às áreas agrícolas mas às paisagens urba- nas dos zhoppi'ng mamffr~, das favelas, dos condomí- nios, das áreas industriais, assim como às paisa- gens dos monumentos e 5s impressas na pintura, Afinal de contas, a paisagem, este objeto geme- fico e portanto a geografia, está em toda v.