Correção da ficha de revisões 2 teste 11

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1 Ficha de Revisões 2º teste 11º ano 1.Verifique a validade dos silogismos categóricos seguintes: a) Certas (Algumas) boas pessoas são simpáticas. Nenhum egoísta é boa pessoa. Logo, nenhum egoísta é simpático. O silogismo é inválido porque não respeita duas regras, uma quanto aos termos e outra quanto às proposições. Quanto aos termos, infringe a regra que diz que o termo maior não pode aumentar de extensão na conclusão, ou seja se está distribuído na premissa onde ocorre também tem de estar distribuído na conclusão. Ora o termo maior (simpático) é universal na conclusão (predicado de uma proposição negativa – Tipo E) e é particular na premissa maior (predicado de uma proposição afirmativa – Tipo I). Também não respeita a regra que diz “ a conclusão segue a parte mais fraca”, ou seja, de uma premissa particular, segue-se uma conclusão particular. Ora temos a premissa maior particular (Tipo I) e uma conclusão universal (Tipo E). b) Todos os mamíferos são vertebrados. Alguns animais não são mamíferos. Logo, todos os animais são vertebrados. O silogismo é inválido porque não respeita três regras, uma quanto aos termos e duas quanto às proposições. Quanto aos termos, infringe a regra que diz que o termo menor não pode aumentar de extensão na conclusão, ou seja se está distribuído na premissa onde ocorre também tem de estar distribuído na conclusão. Ora o termo menor (animais) é universal na conclusão (sujeito de uma proposição universal – Tipo A) e é particular na premissa menor (sujeito de uma proposição particular – Tipo O). Também não respeita a regra que diz “ a conclusão segue a parte mais fraca”, ou seja, de uma premissa particular, segue-se uma conclusão particular. Ora temos a premissa menor particular (Tipo O) e uma conclusão universal (Tipo A). Também não respeita a regra que diz que de uma premissa negativa, segue-se uma conclusão negativa, pois temos a premissa menor negativa e a conclusão é afirmativa (Tipo A). 2. Identifique as falácias cometidas nos silogismos seguintes: a) Todas as máquinas são computadores. Nenhum organismo é máquina Logo, nenhum organismo é computador. O silogismo comete a falácia da ilícita maior pois o termo maior (computador) está distribuído (universal) na conclusão (predicado de uma proposição negativa – Tipo E) e é particular na premissa onde ocorre (predicado de uma proposição afirmativa – Tipo A). b) Alguns artistas são críticos. Alguns artistas são acéfalos. Logo, nenhum acéfalo é crítico Comete as falácias formais do termo não distribuído, da ilícita menor e da ilícita maior.

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Ficha de Revisões 2º teste 11º ano

1.Verifique a validade dos silogismos categóricos seguintes:

a) Certas (Algumas) boas pessoas são simpáticas. Nenhum egoísta é boa pessoa. Logo, nenhum egoísta

é simpático.

O silogismo é inválido porque não respeita duas regras, uma quanto aos termos e outra quanto às

proposições. Quanto aos termos, infringe a regra que diz que o termo maior não pode aumentar de

extensão na conclusão, ou seja se está distribuído na premissa onde ocorre também tem de estar

distribuído na conclusão. Ora o termo maior (simpático) é universal na conclusão (predicado de uma

proposição negativa – Tipo E) e é particular na premissa maior (predicado de uma proposição

afirmativa – Tipo I). Também não respeita a regra que diz “ a conclusão segue a parte mais fraca”, ou

seja, de uma premissa particular, segue-se uma conclusão particular. Ora temos a premissa maior

particular (Tipo I) e uma conclusão universal (Tipo E).

b) Todos os mamíferos são vertebrados. Alguns animais não são mamíferos. Logo, todos os animais são

vertebrados.

O silogismo é inválido porque não respeita três regras, uma quanto aos termos e duas quanto às

proposições.

Quanto aos termos, infringe a regra que diz que o termo menor não pode aumentar de extensão na

conclusão, ou seja se está distribuído na premissa onde ocorre também tem de estar distribuído na

conclusão. Ora o termo menor (animais) é universal na conclusão (sujeito de uma proposição universal

– Tipo A) e é particular na premissa menor (sujeito de uma proposição particular – Tipo O). Também

não respeita a regra que diz “ a conclusão segue a parte mais fraca”, ou seja, de uma premissa particular,

segue-se uma conclusão particular. Ora temos a premissa menor particular (Tipo O) e uma conclusão

universal (Tipo A). Também não respeita a regra que diz que de uma premissa negativa, segue-se uma

conclusão negativa, pois temos a premissa menor negativa e a conclusão é afirmativa (Tipo A).

2. Identifique as falácias cometidas nos silogismos seguintes:

a) Todas as máquinas são computadores. Nenhum organismo é máquina Logo, nenhum organismo é

computador.

O silogismo comete a falácia da ilícita maior pois o termo maior (computador) está distribuído

(universal) na conclusão (predicado de uma proposição negativa – Tipo E) e é particular na premissa

onde ocorre (predicado de uma proposição afirmativa – Tipo A).

b) Alguns artistas são críticos. Alguns artistas são acéfalos. Logo, nenhum acéfalo é crítico

Comete as falácias formais do termo não distribuído, da ilícita menor e da ilícita maior.

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O termo médio (artistas) não se encontra distribuído em pelo menos uma premissa, isto é, é particular

nas duas premissas (sujeito de proposições particulares – Tipo I) – Falácia do termo médio não

distribuído.

O silogismo comete a falácia da ilícita maior pois o termo maior (crítico) está distribuído (universal)

na conclusão (predicado de uma proposição negativa – Tipo E) e é particular na premissa onde ocorre

(predicado de uma proposição afirmativa – Tipo I). Comete ainda a falácia ilícita menor pois o termo

maior (crítico) está distribuído (universal) na conclusão (sujeito de uma proposição universal – Tipo E)

e é particular na premissa onde ocorre (predicado de uma proposição afirmativa – Tipo I).

3. Identifique e avalie os argumentos informais seguintes:

a) As crianças são como os cachorros. As crianças e os cachorros gostam de ser mimados. As crianças

aprendem a falar. Logo, os cachorros aprendem a falar.

Argumento por analogia, pois estabelece uma comparação entre as crianças e os cachorros. Os

argumentos por analogia são argumentos que concluem que coisas diferentes (cachorros e crianças),

por serem semelhantes em certos aspetos, sê-lo-ão também noutros.

O argumento não é válido (Falsa Analogia). Para um argumento por analogia ser válido, ou forte,

é necessário que as semelhanças entre as coisas comparadas sejam numerosas e relevantes. O

que não é manifestamente o caso, pois ela baseia-se numa única e irrelevante semelhança (gostam de

ser mimados), pelo que a probabilidade de a conclusão ser falsa apesar das premissas serem

verdadeiras é elevada.

b) Até agora o sol nasceu todos os dias. Assim, o sol nascerá amanhã.

Argumento indutivo porque é um argumento cuja validade depende de outros fatores (contexto

e conteúdo) que não simplesmente a sua forma lógica. Neste caso, a amostra é ampla e

representativa. Logo, o argumento é válido ou forte porque dada a verdade das premissas é muito

improvável que a conclusão seja falsa, isto é, a verdade da premissa dá-nos boas razões para considerar

mais provável do que improvável a verdade da conclusão.

c) Todas as pessoas que conheci até hoje (10 pessoas) gostam de animais. Logo, a próxima pessoa que

vier a conhecer gosta de animais.

Previsão indutiva porque é um argumento cujas premissas se baseiam no passado e cuja conclusão se

refere ao que acontecerá no futuro – no próximo ou nos próximos casos. Se em várias ocasiões sucedeu

algo conclui-se que na próxima (ou próximas) ocasião sucederá o mesmo.

Tal como sucede com a generalização, quanto mais numerosos e representativos forem os casos

considerados mais provavelmente verdadeira é a conclusão da previsão. Neste caso não respeita essas

regras, pois a amostra não é ampla nem representativa – previsão inadequada. Trata-se, portanto, de

uma má previsão, já que a verdade da premissa não é suficiente para garantir que a conclusão seja muito

provavelmente verdadeira.

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4. Distinga argumentação de demonstração.

No caso da demonstração, as premissas são verdadeiras e a partir delas só podemos deduzir uma

conclusão verdadeira. Exemplo: Todos os mamíferos têm pulmões. Todas as baleias são mamíferos.

Logo, todas as baleias têm pulmões.

As premissas que partimos são verdadeiras e também inquestionáveis. A conclusão só pode ser uma.

Negá-la seria entrar em contradição.

No caso da argumentação as premissas são mais ou menos prováveis. A conclusão está longe de gerar

uma unanimidade. Tem por objetivo a adesão a adesão a uma determinada proposição partindo de

premissas plausíveis e com diferentes graus de aceitação.

5. Identifique as falácias cometidas nos argumentos seguintes:

a) Ninguém conseguiu encontrar as causas naturais da recuperação do doente. Por isso, foi um milagre

que o curou.

Apelo falacioso à Ignorância (ad verecundiam) ocorre quando se considera verdadeiro o que não se

provou ser falso e vice-versa. A conclusão (foi um milagre que o curou) não é aceitável porque

transformamos a ausência de prova (ninguém conseguiu ….) em justificação.

b) A filosofia de Nietzsche não vale o papel que se gastou a imprimi-la. Ele era um imoralista que antes

de morrer ficou completamente louco.

Argumento contra o homem (ad hominem) ou ataque falacioso à pessoa porque se ataca a pessoa

(imoralista, louco) e não o que ela defende.

c)

Neste cartaz existe um argumento escondido: Como qualquer outra pessoa queres ser feliz e ter

uma família feliz. Este refrigerante ajuda as pessoas e as suas famílias a serem felizes. Por isso, deves

comprá-lo e bebê-lo com a tua família.

Falácia do Apelo ao Povo (argumentum ad populum) porque sustenta-se que uma proposição é

verdadeira por ser aceite como verdadeira por algum sector representativo da população. É um

argumento que procura manipular as pessoas e não as persuadir racionalmente.

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d)

Falsa Analogia. Para um argumento por analogia ser válido, ou forte, é necessário que as semelhanças

entre as coisas comparadas sejam numerosas e relevantes. O que não é manifestamente o caso, pois ela

baseia-se numa única e irrelevante semelhança. A rapariga não diz que todos os 348 namorados

anteriores usavam aqueles ténis, mas mesmo que dissesse estaria a raciocinar mal. Num argumento por

analogia o decisivo não é o número de coisas comparadas, mas sim o número e a relevância das suas

semelhanças.

e)” - Pai, temos de ter cuidado com a Bertília. Hoje na escola deu um abraço ao Aniceto.

- Mas que mal tem isso?

- Oh pai, ela só tem 12 anos. Se hoje deu um abraço amanhã dará um beijo na cara e para a semana um

beijo na boca…

- Estás a exagerar.

- Claro que não. Se não intervirmos, daqui a uns meses vai para a cama com um rapazinho qualquer.”

Falácia da derrapagem ou bola de neve porque para mostrar que uma proposição (deu um abraço ao

Aniceto) é inaceitável, extraem-se consequências dela e consequências das consequências cada vez mais

inaceitáveis (beijo na cara, beijo na boca, vai para a cama …).

f) O António morreu depois de ter dito “obrigado”. Por isso, nunca diga “obrigado”, a não ser que queira

morrer.

Falácia da Falsa Causa - Depois disso, por causa disso (post hoc ergo propter hoc)

O autor comete a falácia quando pressupõe que, por uma coisa se seguir a outra, então aquela (morrer)

teve de ser causada por esta (ter dito obrigado).

g)

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Petição de princípio porque se tenta provar uma conclusão com base em premissas que a pressupõem

como verdadeira. Dito por outras palavras: a ideia que precisa de ser justificada é usada como meio de

justificação, a ideia que está em causa é dada como adquirida. Trata-se, portanto, de um argumento

circular: não leio esses textos teístas porque são cheios de falácias e sabe que estão cheios de falácias

porque são teístas.

h) Ou gostas de mim ou me odeias. Não gostas de mim. Logo, odeias-me.

Falácia do Falso Dilema porque é dado um limitado número de opções (gostar de mim ou odiar-me),

quando de facto há mais (ser indiferente, etc).

6. Leia o seguinte texto de Aristóteles:

a) Esclareça o conceito de Retórica segundo Aristóteles.

Aristóteles entende a retórica como estudo do método da persuasão, isto é, dos meios ou instrumentos

que permitem em diversas situações obter a adesão dos outros aos nossos pontos de vista.

b) Identifique e esclareça as técnicas de persuasão referidas por Aristóteles.

Ethos (carácter

do orador)

A persuasão é obtida quando o discurso é proferido de maneira a deixar no auditório a

impressão de que o carácter do orador o torna digno de fé.

O apelo ao ethos é persuasivo se o orador:

inspirar confiança ao dar a ideia de ser alguém que sabe do que fala;

e dar a impressão de que é uma pessoa honesta, virtuosa e íntegra.

Dispositivos que tornam credíveis os seus argumentos:

Argumento de autoridade – apresentar-se como especialista no assunto e/ou apoiar-se

na autoridade de outros, para mostrar que especialistas estão de acordo com ele.

A evitar: Falácia do argumento contra o homem (ataques pessoais) e o apelo falacioso à

autoridade (os especialistas podem estar em desacordo).

Exemplo: «Se ainda têm dúvidas quanto à pessoa que deve aconselhar-vos, tenham em

conta que me doutorei em universidades reputadas e que o meu trabalho nesta área fala

por si.»

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Logos (argumentação)

A persuasão é obtida quando se mostra pelo discurso a verdade ou o que parece ser

verdade. É a prova retórica por excelência.

Apela-se à razão lógica, visando apresentar argumentos de forma organizada e

compreensível.

Dispositivos a utilizar:

Argumentos dedutivos, indutivos, argumentos por analogia;

O entimema (argumentos dedutivos com uma premissa omitida) facilmente

acompanhados prelo auditório;

O exemplo (uma espécie de regra ou modelo de algo). 0s exemplos podem ser

parábolas ou fábulas (lições de moral).

Exemplo: “O fator mais importante do sistema de ensino é o professor. Há muitos

professores que ganham mais no ensino público do que no privado. Se pagarmos o

mesmo ou mais do que ganham no ensino público, então é provável que os melhores

troquem o público pelo privado. Logo, devemos aumentar os salários que pagamos aos

professores neste colégio para elevar a qualidade do nosso ensino”.

Pathos (estado emocional do

auditório)

A persuasão é obtida quando o auditório é levado pelo discurso a sentir emoções. O

orador deve procurar suscitar sentimentos e emoções no auditório que o predisponha de

forma favorável para a tese que defende.

As pessoas deixam-se persuadir porque o orador associa emoções positivas ao que

defende e negativas ao que ataca.

O entusiasmo, o fervor e o empenho com que se defende uma ideia podem criar no

auditório uma convicção semelhante à que o orador quer transmitir.

Dispositivos a usar para suscitar emoções:

Apelo ao povo (popularidade) e apelo às emoções (ira, compaixão, etc).

Figuras de estilo: anáfora, etc.

Exemplo: «Têm feito tudo para destruir o que tanto nos custou a construir e não se

incomodam nem um pouco com quem vai sofrer por causa das suas ações. Não se iludam!

Eles são o inimigo e não vão parar enquanto não nos dominarem por completo.»