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QUINZENÁRIO - ANO XXXVIII - N. o 679 15.SETEMBRO.2014 Director: Bento da Cruz - Editor: José Dias Baptista Preço Avulso: E 0,70 - Assinatura Anual: Território Nacional E 15,00 / Estrangeiro E 45,00 (Continua na pág. 2) CORREIO DO PLANALTO Prolegómeno [email protected] ATENÇÃO CORREIO DO PLANALTO já pode ser lido em versão digital Consulte o site: O XXVIII Congresso de Medicina Popular voltou a ser realizado em Vilar de Perdizes. Considerado pelo presidente da Câmara Municipal de Montalegre, Orlando Alves, «um dos maiores cartazes culturais do concelho», este evento de referência voltou a reunir centenas de pessoas em torno da medicina popular e do misticismo. O autarca fez um «rescaldo extra- ordinariamente bom» do evento e acredita que «este ano foi o ponto de viragem» do congresso. Em retrospetiva, lembrou que o certame «estava num plano inclinado, a sofrer algum desgaste». Em situações como esta é necessário «flexibilidade e grande criatividade». Nessa linha, acredita que «se conseguiu agir a tempo de evitar a hecatombe», graças ao esforço conjunto da «Câmara Municipal, da Associação da Defesa do Património e do padre Fontes». Ao longo de quatro dias, a pitoresca localidade de Barroso ofereceu um vasto programa, repleto de bons motivos para visitar Vilar de Perdizes: conferências muito participadas, oradores com temas XXVIII Congresso de Medicina Popular Vilar de Perdizes, aldeia do concelho de Montalegre, recebeu mais uma edição do afamado Congresso de Medicina Popular. Ao longo de quatro dias, centenas de pessoas visitaram o certame e ninguém ficou indiferente a um programa diversificado. Orlando Alves, presidente da Câmara Municipal, fez um «balanço muito positivo» e acredita que a chave do sucesso reside «no empenho de todos». Vilar de Perdizes recebeu mais uma edição do afamado Congresso (Continua na pág. 3) Fui o primeiro a sair do quarto. Era sábado e estava frio. O Zé foi dar comigo na cozinha às voltas com uma rotunda cunca de chá de cidreira, cevada solúvel, leite e pão centeio. -Eh!, valente…- disse ele a rir-se do tamanho das sopas que eu ia embebendo no líquido. -Dormiste bem? -Reclinado em nuvens cor-de-rosa. Para mim, vale mais uma noite na aldeia do que duas na cidade. -És servido? -À falta de aguinha de unto, alinho na mesma receita. -Eu avio-ta. -Acaba a tua primeiro. Temos tempo. -Se não estivesse a chover, íamos pescar umas trutas para o almoço – disse eu na brincadeira. -Mas é que nós hoje precisamos mesmo de peixe. Vou telefonar para Lamas da Missa a ver no que param as modas. Fez a ligação. -Diz que têm polvo fresco. -Vamos nisso. Acabámos de nos arranjar e subimos para o jeep. Estava a contar que o Zé seguisse em frente, em direção aos Pisões, mas ele cambou à direita, rua acima. Continuava a chuviscar e a paisagem parecia uma beldade debulhada em lágrimas. Passámos em Montalegre de rota batida e metemos à estrada do Rio. À vista da aldeia de Frades ambos nos lembrámos do nosso saudoso amigo e íntegro democrata Dr. Guilherme Branco, daqui oriundo. -Daqui era o pai dele, Dr. Vítor Branco, o célebre “Bitro”. -Dois grandes homens. -Que é preciso não deixar morrer na memória dos barrosões. -Essa tarefa compete-nos a nós. À entrada do Parque Nacional da Peneda-Gerês, o Zé voltou à esquerda. -Julguei que me fosses mostrar São João da Fraga – menti. -Não. Hoje quero mostrar-te um monumento ao qual estou senti- mentalmente ligado desde a infância. -Não digas mais. Já sei o que é. -O que? -O Castelo de São Romão. -No vinte. Lembrei-me de um soneto de António Nobre, poeta da minha paixão: “Na praia lá da Boa Nova, um dia, Edifiquei (foi esse o grande mal) Alto Castelo, o que é a fantasia, Todo de lapis-lazuli e coral! N‘aquelas redondezas não havia Quem se gabasse d‘um domínio igual: Oh Castelo tão alto! parecia Uma coletânea de “preciosidades” artisticamente produzidas por alunos do atelier com óleos, acrílicos e aguarelas. Bárbara Celina, responsável agradece a todos os que a visitaram e que deixaram mensagem; «é importante para mim e para os “meus piquenos” artistase&» referiu. de elevado interesse, animação constante, pontos de venda de produtos locais, teatro e a tradicional “Queimada”. MONTALEGRE III exposição Atelier.BC chega ao fim Terminou a III Exposição do Atelier.bc que esteve patente nos meses de julho e agosto nas instalaçõees da Cruz Vermelha em Montalegre. Sucesso é a palavra que melhor define a audiência alcançada pela etapa de Montalegre na última edição da Volta a Portugal em bicicleta. Realizado no passado 2 de agosto, o trajeto que culminou no alto da serra do Larouco foi acompanhado, na RTP, por 617.200 mil telespectadores. Um resultado extraordinário, o melhor até ao dia de descanso da “Volta”, batendo a etapa da Senhora da Graça em mais de 135 mil telespectadores. Uma «excelente estreia e uma péssima noticia para alguns opositores», destaca Joaquim Gomes, diretor do evento. Mais de 600 mil viram etapa de Montalegre da “Volta” Resultado extraordinário em ano de estreia Em ano de estreia na Volta a Portugal em bicicleta, Montalegre conseguiu atrair a atenção de muito público a avaliar pelos dados lançados para a praça pública. Mais de 600 mil telespectadores (RTP) viram a etapa de Montalegre (2 de agosto) supe-rando, por exemplo, a mítica etapa da Senhora da Graça em mais de 135 mil.

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QUINZENÁRIO - ANO XXXVIII - N.o 679 15.SETEMBRO.2014 w Director: Bento da Cruz - Editor: José Dias Baptista w Preço Avulso: E 0,70 - Assinatura Anual: Território Nacional E 15,00 / Estrangeiro E 45,00

(Continua na pág. 2)

CORREIO DO PLANALTO

Prolegómeno

a o u t r a v o z 0 @ g m a i l . c o m

ATENÇÃO

CORREIO DO PLANALTOjá pode ser lido em versão digital

Consulte o site:

O XXVIII Congresso de Medicina Popularvoltou a ser realizado em Vilar dePerdizes. Considerado pelo presidenteda Câmara Municipal de Montalegre,Orlando Alves, «um dos maiores cartazesculturais do concelho», este evento dereferência voltou a reunir centenas depessoas em torno da medicina popular edo misticismo.

O autarca fez um «rescaldo extra-ordinariamente bom» do evento e acreditaque «este ano foi o ponto de viragem» docongresso.

Em retrospetiva, lembrou que o certame«estava num plano inclinado, a sofreralgum desgaste». Em situações comoesta é necessário «flexibilidade e grandecriatividade».

Nessa linha, acredita que «seconseguiu agir a tempo de evitar ahecatombe», graças ao esforço conjuntoda «Câmara Municipal, da Associação daDefesa do Património e do padreFontes».

Ao longo de quatro dias, a pitorescalocalidade de Barroso ofereceu um vastoprograma, repleto de bons motivos paravisitar Vilar de Perdizes: conferênciasmuito participadas, oradores com temas

XXVIII Congresso de Medicina PopularVilar de Perdizes, aldeia do concelho de Montalegre, recebeu mais

uma edição do afamado Congresso de Medicina Popular. Ao longo dequatro dias, centenas de pessoas visitaram o certame e ninguém ficouindiferente a um programa diversificado. Orlando Alves, presidenteda Câmara Municipal, fez um «balanço muito positivo» e acredita que achave do sucesso reside «no empenho de todos».

Vilar de Perdizes recebeu mais uma edição do afamado Congresso

(Continua na pág. 3)

Fui o primeiro a sair do quarto. Erasábado e estava frio. O Zé foi dar comigona cozinha às voltas com uma rotundacunca de chá de cidreira, cevada solúvel,leite e pão centeio.

-Eh!, valente…- disse ele a rir-se dotamanho das sopas que eu ia embebendono líquido.

-Dormiste bem?-Reclinado em nuvens cor-de-rosa.

Para mim, vale mais uma noite na aldeiado que duas na cidade.

-És servido?-À falta de aguinha de unto, alinho na

mesma receita.-Eu avio-ta.-Acaba a tua primeiro. Temos tempo.-Se não estivesse a chover, íamos

pescar umas trutas para o almoço –disse eu na brincadeira.

-Mas é que nós hoje precisamosmesmo de peixe. Vou telefonar paraLamas da Missa a ver no que param asmodas.

Fez a ligação.-Diz que têm polvo fresco.-Vamos nisso.Acabámos de nos arranjar e subimos

para o jeep. Estava a contar que o Zéseguisse em frente, em direção aosPisões, mas ele cambou à direita, ruaacima. Continuava a chuviscar e apaisagem parecia uma beldadedebulhada em lágrimas. Passámos emMontalegre de rota batida e metemos àestrada do Rio. À vista da aldeia deFrades ambos nos lembrámos do nossosaudoso amigo e íntegro democrata Dr.Guilherme Branco, daqui oriundo.

-Daqui era o pai dele, Dr. Vítor Branco,o célebre “Bitro”.

-Dois grandes homens.-Que é preciso não deixar morrer na

memória dos barrosões.-Essa tarefa compete-nos a nós.À entrada do Parque Nacional da

Peneda-Gerês, o Zé voltou à esquerda.-Julguei que me fosses mostrar São

João da Fraga – menti.-Não. Hoje quero mostrar-te um

monumento ao qual estou senti-mentalmente ligado desde a infância.

-Não digas mais. Já sei o que é.-O que?-O Castelo de São Romão.-No vinte.Lembrei-me de um soneto de António

Nobre, poeta da minha paixão:

“Na praia lá da Boa Nova, um dia,Edifiquei (foi esse o grande mal)Alto Castelo, o que é a fantasia,Todo de lapis-lazuli e coral!

N‘aquelas redondezas não haviaQuem se gabasse d‘um domínio igual:Oh Castelo tão alto! parecia

Uma coletânea de “preciosidades”artisticamente produzidas por alunos doatelier com óleos, acrílicos e aguarelas.

Bárbara Celina, responsável agradecea todos os que a visitaram e  quedeixaram mensagem; «é importante paramim e para os “meus piquenos”artistase&» referiu.

de elevado interesse, animaçãoconstante, pontos de venda de produtos

locais, teatro e a tradicional “Queimada”.

MONTALEGRE

III exposição Atelier.BC chega ao fimTerminou a III Exposição do

Atelier.bc que esteve patente nosmeses de julho e agosto nasinstalaçõees da Cruz Vermelha emMontalegre.

Sucesso é a palavra que melhor define a audiência alcançada pela etapa de Montalegre na última edição da Volta aPortugal em bicicleta. Realizado no passado 2 de agosto, o trajeto que culminou no alto da serra do Larouco foi acompanhado,na RTP, por 617.200 mil telespectadores. Um resultado extraordinário, o melhor até ao dia de descanso da “Volta”, batendoa etapa da Senhora da Graça em mais de 135 mil telespectadores. Uma «excelente estreia e uma péssima noticia paraalguns opositores», destaca Joaquim Gomes, diretor do evento.

Mais de 600 mil viram etapa de Montalegre da “Volta”Resultado extraordinário em ano de estreia

Em ano de estreia na Volta a Portugal em bicicleta, Montalegreconseguiu atrair a atenção de muito público a avaliar pelos dadoslançados para a praça pública. Mais de 600 mil telespectadores (RTP)viram a etapa de Montalegre (2 de agosto) supe-rando, por exemplo,a mítica etapa da Senhora da Graça em mais de 135 mil.

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2 – CORREIO DO PLANALTO

Prolegómeno(Continuação da pág. 1)

São as Empresas que criam Riqueza

Empresas Familiares por: João Medeiros Pereira

(Continuação do número anterior)

3.5. O desenvolvimento da empresafamiliar nas três dimensões

Observamos que o resultado após aadição do desenvolvimento ao longo dotempo, aos três círculos, é um modelo dedesenvolvimento da empresa familiar emtrês dimensões. Para cada um dossubsistemas - Propriedade, Família eEmpresa concluem que existe umadimensão de desenvolvimento diferente. Osubsistema da Propriedade segue a suasequência de etapas, o subsistemaFamília tem a sua própria sequência, e aEmpresa também progride através de umasequência de etapas. Esta progressão dodesenvolvimento tem influência em cadasubsistema, mas contudo são inde-pendentes. Cada parte muda com o seuritmo e de acordo com a sua própriasequência.

Cada EF ocupará o seu patamar dedesenvolvimento no modelo tridimensional.Estará em determinado local no eixo domodelo.

Figura 3 - O Modelo Tridimensional dedesenvolvimento da empresa familiar

Fonte: Generation to Generation, Gersick, Davis et

al.1997

P 3

Legendas:E1 – Etapa de Start-Up

E2 – Etapa de Expansão FormalizaçãoE3 – Etapa de Maturidade

Analisando este Modelo, Tridimensional,de evolução no tempo, permite-nos de certaforma concordar com os autores (Gallo,Ribeiro 1996: 128) ao considerarem queserá muito simplista considerar a“sucessão” como o principal problema dasempresas familiares. Os autoresconsideram sem dúvida ser um problemacomplexo, o da sucessão, contudo referemproblemas como a maturação dosmercados, o envelhecimento da orga-nização, a reestruturação das participaçõesno capital social ou o desenvolvimento dascapacidades directivas como situações quedevem ser resolvidas independentementeda transmissão do poder de direcção deuns para outros.

“A resolução acertada dos problemas dasdiversas etapas deve ser encarada a tempo,isto é, antecipadamente, facto que deveriaser bastante mais frequente do que narealidade o é, dado que muitos destesproblemas são previsíveis e sãoconhecidas as perspectivas da suaresolução” (Gallo, Ribeiro, 1996: 26).

Ivan Lansberg considerou que a análiseda propriedade pode ser útil para distinguiros diversos tipos de empresas familiares.A legitimidade de tomar decisões, nasempresas, resulta dos direitos depropriedade atribuídos aos detentores dasacções. Deste ponto de vista (Lansberg,1999: 28) considera três tipos de empresasfamiliares:

- O proprietário em controlo;- A parceria de irmãos;- O Consórcio de primosEstes tipos de empresas familiares têm

sido associados à geração em que aempresa se encontra.

F1 – Etapa de Jovem Empresa FamiliarF2 – Etapa de Entrada na EmpresaF3 – Etapa de Trabalhar em ConjuntoF4 – Etapa de Passagem da Batuta

P1 – Etapa de Proprietário em ControloP2 – Etapa de Associação de IrmãosP3 – Etapa de Consórcio de Primos

(Continua no Próximo número)

E 3

E 2

E 1F 1 F 2 F 3 F 4

P 1

P 2

HOTEL GERIÁTRICO DE CHAVESLAR DE TERCEIRA IDADE

JUNTO AO CENTRO DE SAÚDE Nº2

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O território d‘um Senhor-feudal” (1)Mas mantive-me calado.À saída do vale de Contim há uma chã de

mato maninho. O Zé contou-me a históriade um boi de Parafita que ali vieram chegarcom outro de uma aldeia vizinha e, coisaespantosa e nunca vista, morreuinstantâneo à primeira investida do inimigoque lhe embebeu uma galha costadodentro até ao coração. Sangraram-no e,segundo as leis comunitárias, distribuírama carne pelos vizinhos a preços baixos massuficientes para comprar outro boi do povo.

-Foram os primeiros bifes que saboreeina vida e aqueles que melhor mesouberam.

Ao chegarmos aos Pisões começámosa ver um movimento desusado de pessoase carros e indivíduos fardados em todos oscruzamentos. O Zé perguntou a um deles:

-A que horas passam os ciclistas?-Lá para as cinco.-Obrigado.-Decerto ainda não saíram de Viana do

Castelo - disse eu a tempo que o Zé viravapara o tabuleiro da Barragem.

-Ah pois não. Devem sair lá para as duas.-Para que horas marcaste o almoço?-Para a uma.Olhei para o relógio. Onze e meia:-Ainda é cedo.

-O tempo necessário para visitarmos oCastelo. Já lá estiveste?

-Várias vezes.-Mas não tantas como eu.-Acredito.-Lá está ele!É um morro rochoso de silhueta

aristocrática e imponente, situado entre amargem esquerda da albufeira dos Pisõese os Cornos das Alturas. A primeira vez queouvi falar nestas ruinas foi a Pinho Leal noseu “Portugal Antigo e Moderno” que assitua no termo de Penedones. Afinal ficamno de Parafita. E não sei mais nada dahistória desta fortaleza, que facilmente seadivinha.

Deve ter sido um castro celta depoisaproveitado pelos romanos, pelosvisigodos, talvez pelos árabes, finalmentepor algum senhor feudal. No século XIVainda estava de pé e tinha alcaide.Posteriormente foi destruído e abandonado.Hoje são visíveis apenas os alicerces deuma torre, os restos de uma cisterna,alguns degraus de umas escadas e pedrasda muralha dispersas pela vertente sul. Quepelo norte é um rochedo talhado a pique,inacessível ao mais hábil dos alpinistas.Imagino o belo efeito decorativo que teriana paisagem se ainda estivesse de pé. Masos nossos antepassados não quiseram.“Perdoai-lhes pai que não sabem o quefazem”.

O Zé confidenciou-me que, em horas demaior desânimo, costuma acolher-se aquia meditar. Tem alma de eremita, este meuamigo advogado. Perguntei-lhe por três ouquatro famílias de Parafita que para aquivieram depois da construção da barrageme do esbulho dos terrenos do vale.Respondeu-me que os chefes de família

morreram e os descendentes se foramembora. Restam as casas abandonadas ealguns belos lameiros de feno ainda porsegar.

O Zé levou o carro até junto do morro masnão apeámos porque continuava a chover.E nisto se foi hora e meia em animada eamistosa conversa e nós nos fomoschegando ao restaurante.

O Zé foi recebido com todas as atençõesdevidas ao alcaide do castelo e senhordaquelas terras. A mim, como seu humildecriado.

Serviram-nos dois braços de polvogigante.

-Já tinha ouvido falar neste polvo – disseeu.

-A quem?-A Júlio Verne nas “Vinte Mil Léguas

Submarinas”.-Então atira-te a ele antes que apareça

por aí o “Capitão Nemo” e o recolha ao“Náutilos”.

Só conseguimos deitar abaixo umtentáculo, tal era o tamanho do molusco.Ainda puxei pela carteira mas o Zé mandou-me estar quieto.

-Até é uma pena ficar aqui – disse eu aolhar para o polvo.

-Leva-se.-Não será pelintrice?-E que somos nós?E foi o regresso pela margem esquerda

da albufeira, com Vilarinho cercado de águaa sugerir uma ilha do mar Egeu, Negrõescom uma faixa dm lado ao outro da estradae os dizeres: “Negrões Saúda a Volta aPortugal”, Morgade, Aldeia Nova, São Vicenteda Chã, casa.

Tínhamos saído de Peireses pelo norte,regressámos pelo sul. Quase uma voltacompleta a Barroso. Espero que, por estememorável feito, a história nos coloque aolado de Fernão de Magalhães.

Depois da sesta, o Zé ainda me desafioupara irmos ao Larouco. Declinei o convite:

-Estás maluquinho! Quem é que hoje,com esta chuva e este frio, pára no cimo doLarouco?

-Vou até lá dar uma espreitadela.-Agasalha-te bem!Ele foi e eu fiquei no santo ripanço.Demorou pouco. Que não passara do

“Centro Hípico”, à saída de Padornelos, emdireção à montanha. Da volta e dos ciclistasnão conseguira ver nada. Mas que viera aouvir uma reportagem radiofónica edecorrera tudo como eu previra. Os ciclistas,mal cortaram a meta, correram para osautocarros. A numerosa assistência fez omesmo.

Ninguém quis saber da habitualcerimónia da consagração do vencedor nopódio, com flores, champanhe e as duasmeninas, uma de cada lado, a beijá-lo naface. O importante era fugir dali. Pessoashouve que entraram em hipotermia,felizmente sem gravidade.

-E quem ganhou a etapa?-Um espanhol, não fixei o nome.-Esse faz-me lembrar um cavalo que eu

tive, também ele corredor afamado. Quandosaíamos de viagem, enquanto percebesseque se afastava de casa, não mexia aspatas. Mal o virasse à manjedoura, não haviacavalo que lhe aguentasse a andadura. Istosem ofensa para os espanhóis e muito

menos para o ciclista a quem endosso osmeus sinceros parabéns.

E com estas e outras chegou a hora dejantar.

Ao serão apareceram o meu cunhado, ofilho e a nora. Esta ofereceu-se para nosarrumar a cozinha.

-Se te não custa muito? – volvi eu queembirro lavar loiça.

-Nada.-Nesse caso.-Venha papel e cartas. Quero a desforra -

disse o Zé.-Que faço a este polvo e a este frango? –

perguntou a São lá da cozinha.-Deita tudo ao lixo – respondi eu.Com um pouco de sorte e algumas faltas

que eu vi, mas o árbitro não sinalizou,ganhámos folgadamente. Meu cunhadoainda quis protestar mas eu atalhei-o:

-Estamos aqui para nos divertirmos e nãopara nos zangarmos.

-Yé – concordou ele em linguagem deLudlow, Mass.

-Então novidades?-Está a morrer muita gente que nunca

tinha morrido.-Não me digas?Estava lançado o mote. Acabámos por

nos rir um bom bocado.Pela meia-noite as visitas despediram-

se.Quinze minutos depois eu estava nos

braços de Morfeu, na minha terra maisconhecido por João Pestana, a sonhar como “Capitão Nemo” e o polvo gigante.

(Fim da segunda jornada)

VIVA BARROSO!

(1) - O “SÓ”, 7.ª Edição, pag. 128.

Locais onde as ASSINATURAS do“Correio do Planalto” podem ser pagas:

w Rádio Montalegre - Travessa do Polo

Norte 5470-251 MONTALEGRE.

w PISÕES - Restaurante Sol e Chuva.

w SALTO - Papelaria Milénio - Rua Central,

Ed. Igreja Nova, 77-A - Loja 3.

w Do País: transferência bancária para a conta

do BPI: NIB 0010 0000 1598 7370 0017 7.

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Tiragem deste número: 1000 ex.

Os artigos assinados são da inteira responsabilidade dos seus Autores

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CORREIO DO PLANALTO – 3

Montalegre foi o concelho escolhido para se realizar a 1ª reunião do Fórum Permanentede Turismo Sustentável. A participação nesta sessão esteve aberta a todos os agentesturísticos, desde a restauração, ao alojamento, à animação turística, aos produtores locaise também representantes de instituições dos cinco concelhos que fazem parte do ParqueNacional da Peneda-Gerês (PNPG). A reunião teve como objetivo apresentar o projeto daCarta Europeia de Turismo Sustentável (CETS) do PNPG. Uma vez explanado o CETS, osparticipantes foram divididos em quatro grupos de trabalho, consoante a área de interesseque representam: instituições; alojamento; restauração, animação e pontos de venda; cursode formação do IEFP. Esta organização veio proporcionar uma reflexão sobre os fatorespositivos e negativos que diferenciam o território. David Teixeira, vice-presidente da CâmaraMunicipal de Montalegre, espera que a CETS «sirva como mais uma alavanca paraconsciencializar todos os agentes turísticos que operam no nosso concelho e nos municípiosenvolvidos». Ciente da realidade, o autarca referiu que «o PNPG é essencial na estratégiade desenvolvimento do nosso concelho nos próximos anos». Ato contínuo, acrescentouque «não vale a pena termos uma coisa muito bonita se ninguém disfruta dela». 

1ª reunião aconteceu em Montalegre

Fórum Permanente de Turismo SustentávelTeve lugar em Montalegre, no pavilhão multiusos, a 1ª reunião do Fórum

Permanente de Turismo Sustentável. Este encontro visou, entre outros pontos,apresentar o projeto da Carta Europeia de Turismo Sustentável (CETS) do ParqueNacional da Peneda-Gerês (PNPG) e proporcionar uma reflexão sobre os fatorespositivos e negativos que diferenciam o território. David Teixeira, vice-presidente da Câmara Municipal, acredita que «o PNPG é um trunfo que nãoestá a ser aproveitado e que todos os municípios envolvidos têm a obrigaçãode potencializar e desenvolver».

João Baptista – CIM Alto Tâmega

«Eu entendo este encontro como muito positivo e interessante. É a primeira vez que,com a responsabilidade que tenho na CIM, participo num encontro desta natureza. É muitoimportante porque Montalegre para nós sempre foi um território com uma especificidademuito própria no contexto da Comunidade Intermunicipal do Alto Tâmega, uma vez que é oúnico concelho que está integrado no Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG). Não sóo território específico em si, mas todo o concelho beneficia disso. Julgo que disso terá quebeneficiar todo o Alto – Tâmega. Este trabalho vai no sentido de procurarmos formas derentabilizar o património natural, histórico e cultural, estudar a internacionalização que podeter e a visibilidade que ele pode dar. Pode ser uma rapa de lançamento para asustentabilidade do turismo no concelho e em todo o Alto – Tâmega».

Paulo Carranca ( representante da entidade de Turismo Porto e Norte de Portugal)

«O turismo de natureza é um dos produtos turísticos mais estratégicos do TurismoPorto e Norte de Portugal. Por consequência, nós entendemos que era importante agilizara importância que este produto turístico tem, em termos daquilo que é a organização daoferta, organização essa que se consolida, um pouco, nestas ações. Isto passa por organizara oferta privada e aquilo que os serviços públicos têm para oferecer em termos de intervençãona qualificação e promoção daquilo que é o território da área protegida e no âmbito dofenómeno turístico. É importante perceber o que este fenómeno turístico pode trazer comomais-valias, para aproveitar a imensa riqueza deste único parque nacional do país.Paranós, é vital que este espaço que seja colocado, em termos de aproveitamento estratégico,ao serviço da economia local e a favor da população local e negócios. Toda a região tem aganhar, pois este aproveitamento estratégico aporta claros ganhos em termos daquilo queé a força do turismo de natureza e a força do território Porto e Norte».

Paulo Castro (Ponto Natura)

«Estamos a retomar um trabalho que já começou em 2002, que abraça o Parque Nacionalda Peneda-Gerês e os cinco concelhos do seu território.Esta fase é importante pois estamosa ver se nos pomos todos de acordo relativamente aos problemas que mais nos preocupam.Uma coisa é cada um de nós ter o seu problema, outra coisa é cada grupo ter o problemado grupo e outra coisa é nós sermos capazes de nos entendermos em relação aosproblemas que mais nos unem e tentar encontrar solução».

Sónia Almeida (ADERE – PNPG)

«Esta primeira reunião correu muito bem. Foi uma reunião muito proveitosa, onde todasas instituições participaram, falaram dos seus problemas e daquilo que podem resolverem conjunto».

PAPELARIA MILÉNIOPAPELARIA MILÉNIO

R. Central, Edifício Igreja Nova, nº 77 - A, Loja 3 - SALTO

JORNAIS e REVISTASLIVRARIA – MATERIAL ESCOLAR

Família de Domingos Lopes (Capelão), Salto: 20,00; José Fidalgo, Lisboa:15,00; José Miranda Alves, Ferral: 30,00; Manuel Delgado Fernandes, Castanheirado Ribatejo: 20,00; Maria Manuela Afonso Delgado, Castanheira do Ribatejo: 20,00;João Fernandes Pereira Lima; Loures:15,00; Domingos Fernandes, Amiar: 15,00;Da Silva Pereira Manuel, França: 45,00.

memorandum

«NÃO É FÁCIL, MAS NÃO É IMPOSSÍVEL»Deolinda Silva, em nome da organização, Associação de Defesa do Património de Vilar

de Perdizes, mostrou-se «satisfeita» por ter presenciado um «congresso mais animadoe mais participado».

XXVIII Congresso de Medicina Popular(Continuação da pág. 1)

Muita gente e cada vez mais colaboradores

Nessa linha, salientou que «este ano a Câmara Municipal olhou para o congresso comoutros olhos» e fez questão de agradecer «o apoio generoso dado pela autarquia». Cientede que «o congresso este ano melhorou», partilhou que «ainda não está como queríamosque estivesse». Deolinda Silva garantiu que «o objetivo é sempre fazer mais e melhor acada ano», porque «Vilar de Perdizes merece e temos que manter a tradição». A intençãopassa por «elevar o congresso ao nível de prestígio que ele merece», reconhecendo que«não é fácil, mas não é impossível». Por sua vez, Padre Fontes, fundador do Congressode Medicina Popular, referiu que o «congresso evoluiu, teve mais gente e maiscolaboradores». Estão, assim, reunidos os elementos para que «no próximo ano sejaainda melhor», assegurou. 

Vila Real conquista Super-Taça

Vitória muito suada dos campeões distritais diante de um Montalegre bemorganizado. Os golos só surgiram no último quarto de hora…

Entrou melhor no jogo a equipa da capital de distrito, e logo aos 8 minutos depoisde boa jogada individual o congolês Bukia atira ao poste. O Montalegre equilibra ojogo mas não conseguia segurar a bola e falhava no passe. Do outro lado, o Vila Real,com mais ritmo de jogo, imitava o Montalegre e o jogo estava aborrecido… A fechar oprimeiro tempo Carreira remate forte para a barra da baliza de Vieira. Ao intervalo 0-0.A etapa complementar foi mais animada, com a formação barrosã a entrar mais convictae a criar maiores problemas ao seu adversário. A partir da hora de jogo o Vila Realequilibra e cria duas boas situações para inaugurar o marcador. Primeiro por Bukia,de livre directo, depois por Fred que cabeceia por cima da barra. A entrada do brasileiroAquini baralhou a defesa barrosã e de bola parada inaugura o marcador. Castanha fazo 2-0 aproveitando uma falha de marcação e o Paraguaio Orlando fecha as contas aofazer o 3-0. Vitória justa por números exagerados do Vila Real.

Final da Super Taça da A.F. Vila Real - 10-09-2014Complexo desportivo de Vila Pouca de Aguiar

ARBITROS;Pedro Mesquita auxiliado por Sérgio Correia e Fernando Carvalho

Vila Real 3 - Montalegre 0AO INTERVALO: 0-0

VILA REALMiguel, Carreira (Telmo 70), Fred, Anderson, Zé Diogo, Castanha, Francis (Aquini 59),

Miguel (João 82), Orlando, Bukia, Patrick. Treinador - Abel Ferreira

MONTALEGREVieira, Fortunato, Leonel Costa, Abreu, Leonel Fernandes, Vasques (Márcio 84), Rafa,

Tiago (Zacarias 55), Ptt , Gabi, Bruno Madeira. Treinador - José Manuel Viage

Golos : Aquini (79) , Castanha (88) e Orlando (91)DISCIPLINA: Amarelos a Leonel Costa (52) , Rafa (76) e Fortunato (87)

por: Nuno CarvalhoF U T E B O L

EQUIPAS

À CONSIDERAÇÃO DOS NOSSOS PREZADOS ASSINANTESDevido a problemas levantados no banco, a pretexto de que são normas da CEE,solicitamos aos nossos prezados assinantes e anunciantes que, sempre quenos passem cheques NÃO ENDOSSÁVEIS, o façam em nome do proprietário dojornal, Bento Gonçalves da Cruz. Muito obrigado.

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4 – CORREIO DO PLANALTO

Vilar de Perdizes, aldeia do concelho de Montalegre, foi invadida pelos apaixonadosda corrida de montanha. Ao todo, cerca de 400 pessoas rumaram à capital do misticismoe foram muitos aqueles que aceitaram o desafio de subir ao imponente Larouco.

“Free Trail Running” em Vilar de PerdizesInserido no programa do XXVIII Congresso de Medicina Popular,

realizou-se, em Vilar de Perdizes, o “Free Trail Running”. Este eventoinédito juntou «perto de 400 pessoas» e «ultrapassou as expectativasda organização», garantiu Mauro Fernandes, rosto desta iniciativa.

O “Free Trail Running” ofereceu «três opções para participar», explicou MauroFernandes, em nome da organização.

Para aqueles que apreciam caminhar, foi «pensado um percurso surpreendente –a rota do contrabando – guiado pelo Padre Fontes e Domingos Barros». Para osamantes da corrida de montanha, a organização apresentou um trilho de 15 km, que«passou nas aldeias à volta de Vilar de Perdizes », e um trilho de 30 km «com asubida à serra do Larouco».A iniciativa «ultrapassou as expectativas», apesar de«acreditarmos que poderia ser um sucesso desde o início do projeto», partilhou MauroFernandes. O feedback foi positivo. Houve elogios «à organização, ao percurso, àsinalização, à marcação, à segurança e ao apoio do pessoal do staff».

Satisfeito pelo êxito alcançado, Mauro Fernandes salientou que «nada disto seriapossível sem os colaboradores da Câmara Municipal de Montalegre, do executivo daUnião das Freguesias de Vilar de Perdizes e Meixide, do Ecomuseu de Barroso, CruzVermelha e instituições locais». 

Expressões que só vais poder ouvir em Trás-os-Montes - Expressões que só vais poder ouvir em Trás-os-Montes

Arrebunhar“Arrebunhar” é exactamente o mesmo que “arranhar”, só que com mais uma sílaba

gratuita. Em vez de “O azeiteiro do teu gato arranhou-me o braço todo”, podes dizer “Oazeiteiro do teu gato arrebunhou-me o braço todo”, mas com pronúncia transmontana,claro.

Albarda

A palavra vem do espanhol (o que é comum acontecer nas expressões do nordestetransmontano, visto que a região sofre bastante influência de Espanha) e designa asselas que se colocam nos cavalos, burros e outros animais de carga. Em Trás-os-Montes, refere-se também ao vestuário de alguém, mais frequentemente para falar decasacos grandes ou algo do género. Por exemplo: “ Não te metas nesse caminho delama que dás cabo da albarda, rapaze!”.

Amarrar

A palavra existe e é conhecida para toda a gente, certo? Significa, obviamente, atarcom cordas, por exemplo. Contudo, em Trás-os-Montes, a palavra é utilizada como umsinónimo – ou substituto – de “agachar”. Se algum dia um gajo de Bragança te gritar“cuidado, amarra-te!”, não é suposto pegares numa corda e prenderes-te  a um postecom ela (excepto em casos de sadomasoquismo brigantino). A única coisa que tensque fazer é baixar-te, ou ainda bater com o caco nalgum sítio.

Carranha

É a palavra mais nojenta da lista e significa, simplesmente, “macaco do nariz”, oumonca. Se és daquelas pessoas que não se assoa, é bem provável que ouças alguémdizer-te “Pega lá um lenço, que tens aí uma carranha!”. Contudo, também é provávelque ninguém te diga nada e que andes o dia inteiro a fazer uma figura triste com umamonca de fora.

Cibo

Esta palavra significa exatamente o mesmo que “bocado”, podendo substituí-la emqualquer contexto. Ao lanche, numa terra transmontana, será comum oferecerem-te um“cibo de pão com manteiga”, por exemplo.

C’moquera

Esta é uma das expressões mais difíceis de explicar. Quer dizer, mais ou menos,“pode ser que sim”, sendo utilizada tanto em tom “normal”como em tom de ameaça.Por exemplo, se não fizeres as cadeiras todas este ano – nós sabemos que estás àrasca – “c’moquera” que ainda perdes a bolsa de estudos, se a tiveres. Se se meteremcontigo, poderás também só dizer “c’moquera!”, em tom de ameaça, como quem diz“Pode ser que leves uma saronda!” O que é uma saronda? Já lá vamos. Só mais umcibo.

C’mássim

Esta tem mais ou menos o mesmo significado que “assim sendo” com a vantagemde não precisar necessariamente de qualquer antecedente. Se a conversa estiver fracapodes simplesmente dizer “C’mássim, vou-me andando para casa”. Também podesignificar algo como “tem que ser”, como no exemplo: “Bem, vou limpar aqui o chão dacozinha, c’mássim….”

Emplouricar

Significa ir para cima de alguma coisa. Os gatos, por exemplo, gostam de andarsempre “emplouricados” nas mesas, nos armários, nas portas, nas janelas, na televisão,nos móveis da casa de banho, na bacia…..enfim, já percebeste a ideia. E uma coisa écerta: os gatos são mais fofos quando se andam a emplouricar do que quando nosestão a arrebunhar o couro por completo.

Ele é

Esta é um cibo difícil de explicar porque não tem jeito nenhum. Basicamente, é omesmo que “é”, mas por vezes junta-se o “ele” mesmo que não se justifique. Em vez deperguntares “É aqui o festival?”, poderás perguntar “Ele é aqui o festival?”. Qual é avantagem? Nenhuma. E a necessidade? Também nenhuma.

Fai 

Isto é uma variante de “faz”, pelo que tem mais que ver com a pronúncia do que coma palavra em si. Por exemplo: “Ó Sandra, fai-me aí um sumo de laranja!”. Há quem digaque o verbo “fazer” pode ser conjugado nas outras formas verbais, ao estilo de “fai” (“fais”,“faem”) mas também há quem diga que não, por isso não nos vamos pronunciar noque toca a esse assunto.

Massim

Não há uma correspondência 100% correta para isto mas é parecido com “não massim”, o que, por si só, já não faz sentido nenhum. Por exemplo, se disseres que nãoqueres salada, a tua mãe pode dizer-te: “Massim, que te faz bem!”

Manhuço

Manhuço é um aglomerado de qualquer coisa, numa quantidade que seja possívelpegar com uma mão mas sem ser possível esconder. Um manhuço de cereais, porexemplo, seria quando metes mão na caixa dos Chocapitos do Lidl e tiras uma mãocheia deles. Um manhuço de terra é quando agarras numa mão cheia de terra. Ummanhuço de cibos de pão é…é uma estupidez, já.

Lapouço 

Quer dizer sujo/porco/labrego. Se és uma daquelas pessoas que não consegue irao McDonald’s sem deixar cair metade do hambúrguer ao chão e na barriga inchadaenquanto metes a boca no outro lado do pão, pode dizer-se que és um “lapouço”. Outraspalavras com significado semelhante – ainda que o destas seja um pouco mais forte,significando que a pessoa é mesmo porca – são “Larego” ou “Cochino”.

Ladradeira

Isto é o que se chama àquelas senhoras coscuvilheiras, que passam o dia a dar àlíngua para cá e para lá, a falar da vida do Sr. Francisco, do carro novo da Dona Teresa,da filha bastarda da Maria Cigana. Dedicada a todas essas senhoras, e palavra “ladrar”foi adaptada, de forma pejorativa, para esta bela forma: Ladradeira.

Guicho/a

A pronúncia é “guitcho/a” e é o equivalente a “fino”, que descreve alguém inteligente,ou esperto! Em vez de dizer “e és pouco fino, ó Zé!”, dirias “E és pouco guitcho, ó Zé!C’moquera!”

Refustedo/Chaldraria

Ambas as palavras querem dizer confusão, ou barulheira. “Isto é que vai para aquium refustedo/uma chaldraria do caraças!”. Contudo, “refustedo” pode também serutilizado em substituição de uma palavra parecida, mais feia: “p**edo”.  Por exemplo:“Não te metas nessa lanchonete que só há lá refustedo…”

Larpar

Esta palavra significa o mesmo que comer, mas de uma maneira ligeiramente maistorgueira. Não há muito mais a dizer acerca desta palavra, por isso não nos vamosalongar, até porque esta mesma frase foi feita precisamente para meter aqui mais umbocadinho de texto desnecessário.

(Continua no Próximo número)

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CORREIO DO PLANALTO – 5

Boticas – Casal detido por tráfico de estupefacientesUm casal foi detido por tráfico de estupefacientes dia 2 de setembro em Boticas,

numa operação levada a cabo pelo Núcleo de Investigação Criminal da Guarda NacionalRepublicana.

MONTALEGRE: EDP inaugura a subestação de MorgadeA EDP Distribuição inaugurou na passada quarta-feira, em Montalegre, a subestação

de Morgade. Com o objetivo de melhorar a qualidade de serviço da rede de distribuiçãode energia eléctrica do concelho, esta obra permite uma maior disponibilidade depotência para satisfazer aumentos de consumo.

GNR: Actividade OperacionalO Comando Territorial de Vila Real da Guarda Nacional Republicana, através do

Núcleo de Investigação Criminal do Destacamento Territorial de Chaves, realizou dia27 de agosto uma operação em Montalegre, a qual resultou uma detenção de umindivíduo de sexo masculino de 58 anos de idade residente no Concelho de Montalegre,pela prática do crime de tráfico de estupefacientes.

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Esta operação resultou ainda na apreensão de 44 plantas de cannabis com ocomprimento compreendido entre 0,50cm e 2,30cm.

O detido foi constituído arguido e libertado mediante prestação de Termo deIdentidade e Residência.

Na zona de acção do Comando Territorial de Vila Real (engloba os concelhos deVila Real, Vila Pouca de Aguiar, Ribeira de Pena, Murça, Mondim de Basto, Chaves,Valpaços, Montalegre, Boticas, Peso da Régua, Alijó, Santa Marta de Penaguião,Mesão Frio e Sabrosa), a GNR registou, entre outros, os seguintes dados na actividadeoperacional, desenvolvida durante o período de 08 a14 de Setembro 2014.

Detenções

10 Indivíduos detidos pelos seguintes motivos: Três por condução sob o efeito deálcool; Dois por condução sem habilitação legal; Um por furto; Um por crime sobrefuncionário; Um por posse ilegal de armas; Dois por Mandado de detenção.

Contra-Ordenações:

257 Autos elaborados pelas seguintes infrações: 247 Legislação Rodoviária; Seteà Legislação Ambiental; Três à Legislação Policial.

Acidentes 31 Acidentes de viação, dos quais resultaram um morto, um ferido gravee 13 feridos leves.

MONTALEGRE: Vespas Asiáticas encontradas no concelhoFoi encontrado um ninho de Vespas Asiáticas (vespa velutina) na freguesia da Chã

- concelho de Montalegre.Já foi destruído (queimado) pelos Bombeiros e veterinário municipal Dr. Domingos

Moura, que assim alerta os apicultores e população em geral para esta praga, predadoradas abelhas, que pode causar prejuízos na produção do mel e (com a destruição dasabelhas) por em causa o próprio equilíbrio da natureza.

Por isso quem encontrar algum ninho suspeito ou reconhecer esta vespa devecontactar a GNR de Montalegre.

Federação Distrital do PS tem novo líder - Francisco RochaFrancisco Rocha foi eleito Presidente da Federação Distrital do Partido Socialista

de Vila Real com 521 votos, garantindo assim 96% do total de votos expr...essos.Nestas eleições, foram também eleitos 179 delegados efetivos, num total de 274

delegados que estarão presentes no XVI Congresso Federativo, que irá decorrer nopróximo dia 18 de outubro no Pavilhão Municipal de Ribeira de Pena.

Francisco Rocha espera ver aprovada a moção de orientação política “afirmar odistrito | criar futuro” que irá apresentar ao Congresso Federativo.

O novo Presidente da Federação sublinhou que “a Região e o Distrito atravessamtempos decisivos.

Enfrentam uma crise social e económica que impõe aos partidos uma ação maiscomprometida com os cidadãos e as suas instituições representativas”.

Francisco Rocha referiu ainda que “é imperioso construir um projeto políticoimplicado com a defesa dos territórios de baixa densidade, e que lute contra a tendênciacentralista deste governo PSD/CDS-PP”.

Após o final das votações, Francisco Rocha, disse ainda que, “são tempos muitoexigentes que nos interpelam a dar o nosso melhor para que o PS consiga derrotar

eleitoralmente este Governo, para que possamos inverter os indicadores do Distrito:uma ténue dinâmica económica, um envelhecimento acelerado da população residente,um fluxo migratório cada vez mais vincado, uma elevada taxa de desemprego quenem sequer poupa os mais jovens e os mais qualificados. Parece fácil, mas não é.Exige responsabilidade comprometimento e credibilidade. Não é tarefa individual. Éum projeto que não dispensa ninguém”.

Terminou agradecendo o apoio e a participação dos militantes neste ato eleitoral,e convidando-os a participar na tarefa incessante de fortalecer, melhorar e enriquecero Partido Socialista, para afirmar o Distrito e criar futuro.

Material apreendido

COMEMORAÇÃO DO ANIVERSÁRIO DO COMANDO TERRITORIAL DEVILA REAL GUARDA NACIONAL REPUBLICANAO Comando Territorial de Vila Real da Guarda Nacional Republicana comemorou oseu aniversário, no dia 24 de agosto. Este Comando Territorial está sediado na cidadede Vila Real e é responsável pelo cumprimento da missão da Guarda NacionalRepublicana neste distrito, o qual reúne 30 freguesias correspondendo a sua área deação a cerca de 375 km² e a população ronda os 52 000 habitantes.

Candidaturas aos novos apoios comunitários para a agriculturaarrancam a 15 de Novembro

As candidaturas para o novo Proder, o programa de apoio ao desenvolvimento ruralque vai chamar-se PDR 20-20, podem começar a ser apresentadas a 15 de Novembro.O anúncio foi feito pela ministra da Agricultura, Assunção Cristas, na Escola de Quadrosdo CDS, que decorre em Peniche até domingo.

Na “aula” aos jovens democratas-cristãos, a ministra congratulou-se com o aumentoda taxa de execução do actual Proder, que está a chegar aos 90%, e afirmou queessa é uma das razões para Portugal ter conseguido aprovar um regime de transiçãoentre o actual e o novo programa. Esse regime permite que os novos fundos já estejama ser utilizados para financiar projectos que se tinham candidatado ao Proder aindaem curso.

“Isto é inédito”, declarou Assunção Cristas, acrescentando que tal só foi conseguidodevido à taxa de execução de aplicação dos fundos e ao facto de Portugal ter conseguidoaumentar o emprego e o valor da agricultura enquanto estava sob resgate.

Para a ministra, “o maior desafio” neste momento é o mar. Lembrou que na quinta-feira o Conselho de Ministro aprovou a alteração de regras do Promar (o programaoperacional para as pescas) que permitem facilitar a apresentação de despesas e aaprovação de candidaturas.

Esta alteração agora aprovada e que a ministra espera ver publicada em breve vaipermitir começar os investimentos sem esperar por licenciamentos que ainda demoramalgum tempo.

“A execução do Promar é a nossa prioridade número um”, afirmou Cristas. A ministraquer continuar a simplificar procedimentos: “As nossas palavras de ordem, no martambém em terra, é investir, simplificar, internacionalizar, inovar.”

AGRADECIMENTO

Domingos Lopes (Capelão)SALTO

1915 - 2014

Sua filha, genro e restante família, agradecem a todos que participa-ram nas cerimóneas fúnebres e na missa de 7º dia ou que de qualqueroutra forma nos manifestaram o seu pesar, nesta hora de grande dor.

A todos o nosso obrigado.

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6 – CORREIO DO PLANALTO

Certifico para efeitos de publicação que, por escritura lavrada em 22 de agosto de2014, na Conservatória dos Registos Civil, Predial e Cartório Notarial de Montalegre, acargo da Drª Maria Carla de Morais Barros Fernandes, exarada a folhas 47 e seguintesdo livro 979-A, declararam:

ARMANDO DIAS e mulher ISAURA DE DEUS PIRES, casados em comunhão deadquiridos, naturais ele da freguesia de Morgade, deste concelho e ela de Pinho, concelhode Boticas, onde residem na Rua do Ribeiral, n.º 5, no lugar de Valdegas, declararam

Que ele é dono, com exclusão de outrém, dos seguintes bens imóveis, situados nafreguesia de Morgade, concelho de Montalegre:

Um: - Prédio rústico situado na SEARA, composto de mata mista, com a área deoitocentos e cinquenta metros quadrados, a confrontar do norte com António Gonçalvesda Eira, sul com herdeiros de Hermínia Gonçalves, nascente com Maria Pires e dopoente com Porfírio Monteiro, inscrito na respetiva matriz sob o artigo 1080.

Que este prédio estava inscrito na anterior matriz sob parte do artigo 2750.Dois: - Prédio rústico situado na SEARA, composto de pastagem natural, com a área

de mil e setecentos metros quadrados, a confrontar do norte com José JoaquimGonçalves Dias, sul com Luís dos Santos Nogueira, nascente com António Afonso e dopoente com Porfírio Monteiro, inscrito na respetiva matriz sob o artigo 1083.

Que este prédio estava inscrito na anterior matriz sob parte do artigo 2756.Três: - Prédio rústico situado em REINOLAS, composto de cultura arvense de

sequeiro, com a área de mil cento e vinte metros quadrados, a confrontar do norte comJosé Joaquim Gonçalves Dias, sul com Aníbal Machado, nascente com António Afonsoe do poente com Josefina dos Santos Nogueira, inscrito na respetiva matriz sob o artigo1568, com o valor patrimonial tributável de 75,02 euros, que é também o atribuído.

Que este prédio estava inscrito na anterior matriz sob parte do artigo 2767.Que todos os prédios se encontram ainda por descrever na Conservatória do Registo

Predial de Montalegre.Que não tem qualquer título de onde resulte pertencer-lhe o direito de propriedade

dos prédios, mas iniciou a sua posse em mil novecentos e noventa, ano em que osadquiriu por partilha meramente verbal por óbito de sua mãe Ermelinda Dias, viúva,residente que foi em Morgade.

Que desde essa data, por si ou por intermédio de alguém, sempre tem usado efruído os indicados prédios, apascentando o gado, cortando o feno e cultivando-os ecolhendo os seus frutos, pagando todas as contribuições por eles devidas e fazendoessa exploração com a consciência de ser o seu único dono, à vista de todo e qualquerinteressado, sem qualquer tipo de oposição, há mais de vinte anos, o que confere àposse a natureza de pública, pacífica, contínua e de boa fé, razão pela qual adquiriu odireito de propriedade sob os prédios por USUCAPIÃO, que expressamente invoca paraefeitos de ingresso dos mesmos no registo predial.

Está conforme.Conservatória dos Registo Civil, Predial e Cartório Notarial de Montalegre, 22 de

Agosto 2014.

O 1º. Ajudante, - (Assinatura ilegível)

Conta: Emol: Artº. 20.4.5) - 23,00 • - São: vinte e três euros. - Registado sob o nº. 502

EXTRACTO

PUB CORREIO DO PLANALTO N.º 679 - 15.SETEMBRRO.2014

Conservatória dos Registos Civil, Predial e Cartório Notarial de Montalegre.

Ivo Oliveira, Pedro Delgado Alves, Rui Duarte e Jorge Pereira defendem uma estratégiapara a juventude que implique o combate à precariedade, a criação de postos detrabalho e a prossecução de uma política económica que promova o desenvolvimentosustentável.

O secretário-geral da Juventude Socialista, João Torres, explica que estasestatísticas comprovam os efeitos dramáticos das políticas austeritárias seguidaspela coligação PSD/CDS. «É necessário um novo compromisso social em Portugalque defina o emprego jovem como uma prioridade colectiva», defende Torres. O líderdos jovens socialistas acrescenta ainda que estão postas em causa as condições devida futuras para a generalidade dos jovens portugueses, visto «o crescentedesinvestimento na Educação e no Ensino Superior» preconizado pelo actual Executivo.

Entre os indivíduos com 15 a 34 anos que não se encontram a estudar, 31,3%estão desempregados, revelou o Eurostat. A comparação com a média europeia dá-nos a entender a dimensão do problema: Na Europa a 28, este número reduz para20,4%. A JS tem vindo a denunciar o impacto das políticas do Governo junto dosjovens, exigindo a criação de uma verdadeira Garantia Jovem que promova aemancipação das mais novas gerações

Em Julho, a organização de juventude realizou o Roteiro do Trabalho e daPrecariedade

Deputados Socialistas questionam Governosobre Risco de Pobreza entre Jovens

António José Seguro esteve em Montalegre, dia 5 de Setembro onde juntou cercade mil militantes e simpatizantes num jantar, no âmbito da candidatura às primáriasdo PS.

«A política não pode ser a arte do engano, tem de ser nobre»Seguro reforçou a ideia de que a política se deve reger pelo valor da palavra dada.“A política não pode ser a arte do engano, tem de ser nobre. Trouxemos este valor

da palavra dada para a política”, afirmou, deixando uma certeza: “Prefiro perder votos,mas vou dizer a verdade. Permanecerei fiel ao princípio de só prometer aquilo queposso cumprir.”

Os deputados jovens do PartidoSocialista propõem um modelo dedesenvolvimento económico focadona sustentabilidade. «O governocontinua a rejeitar progresso,investimento e futuro» afirmam.

Os números revelados nos últimosdados do Instituto Nacional de Estatística(INE) e do Eurostat revelam que cerca de30% dos jovens portugueses estão emrisco de pobreza. Um número preocupantepara os deputados da JuventudeSocialista na Assembleia da República,que interrogam o Governo sobre asmedidas a tomar para combater esteflagelo. Ivo Oliveira

António José Segurojantou com militantes do PS

MONTALEGRE

Perante uma sala repleta de apoiantes, António José Seguro sustentou que, “depoisda direita ter sofrido a mais pesada derrota de sempre, surge esta crise”. “O PS nãomerecia isto. Não há espaço no PS para quem põe a sua ambição pessoal à frentedos interesses de todas as pessoas”, criticou.

“Não queremos o poder pelo poder. Não queremos o poder para colocar no Governoos amigos. Queremos o poder para colocar o Portugal no caminho certo e devolver aesperança aos portugueses”, salientou.

António José Seguro insistiu na ideia de que, numa República, um voto de umagricultor vale tanto como um voto de um doutor de Lisboa”. “É a vez do povo. Diantede vós não está um super-homem. Está uma pessoa como vós, cuja única ambiçãoé que o sonho de todos nós possa ser cumprido. O sonho de um país mais justo eque ofereça as mesmas oportunidades para todos”, sublinhou.

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CORREIO DO PLANALTO – 7

Passeio/Convívio da Junta de Freguesia

O 5º Passeio/convívio da Junta de Freguesia, oferecido aos mais idosos, levou doisautocarros com 110 pessoas a Chaves, Valpaços, Mirandela e Murça. Estas foram asterras visitadas. Pelas 9 horas, arrancaram de Salto, com a primeira paragem a ser feitana Carreira da Lebre. Seguindo para Chaves, com paragem no Jardim Público, visita àcidade e passeio pela ponte romana. Nesta cidade decorreu o almoço; uns nosrestaurantes locais; outros, junto ao rio Tâmega saboreando os seus merendeiros!Seguiram para Valpaços. Foi no Santuário da Senhora da Saúde que todos fizeram assuas preces à Santa.

Mirandela, a princesa do Tua, foi a paragem seguinte e a partir daqui, alheiras entraramna viagem!...

Já ao fim de tarde, a chegada a Murça, já com vontade de tornar a abrir os sacos damerenda! Depois, foi o regresso, pela autoestrada até Cabeceiras de Basto e pela 311 atéSalto. Eram nove da noite, quando os autocarros chegaram ao local da partida.

Dentro das duas viaturas a alegria e o convívio foi permanente, bem como o recordarde muitas cantigas antigas. Um dia diferente, para estes saltenses desta grande freguesiado Baixo Barroso que continuam a ser lembrados e recompensados pela autarquia.

Um Verão em cheio em Salto

Este ano, a vila de Salto teve mais movimento e animação, nos meses passados. Osemigrantes começaram a vir, novamente e em força, à terra e agora é uma geração maisnova a dar vida à vila.

Alguns eventos e iniciativas, contribuíram para estes dias melhores:Em Julho, no último fim de semana, a “Semana do Barrosão” foi um êxito e trouxe vida

e proveito, durante três dias, a esta jovem vila do concelho de Montalegre. Em Agosto, aFesta da Senhora do Pranto, já com os emigrantes cá, deu animação e trouxe milhares depessoas à Festa. A música que se ouviu dos diversos grupos musicais e artistas, duranteos quatro dias, transmitiu alegria e a parte religiosa (procissões e missas) avivou a fé doscrentes.

O Concurso pecuário do gado barrosão encheu, dos mais belos animais da raça, oParque do Torrão da Veiga, naquele lindo e solheiro, de 23 de Agosto. Os inúmerosautocarros que aos fins de semana, estacionam durante todo o dia, apenhados de gente,esta a passearem e estender a toalha na relva bem tratada do parque e da praia fluvial,com as crianças a darem as suas braçadas nas águas frias do rio. O ecomuseu a sercada vez mais conhecido e procurado por muitos admiradores; com exposições, teatro,xadrez e aí a decorrerem os ensaios do Grupo e da Banda. As pequenas festas dasaldeias a darem vida e tradição aos seus santos populares. As romarias; à Senhora daCorneta, Senhor dos Aflitos, Senhora da Guia e Santo Acácio; Também a Feira Semanal,aos Domingos, arrasta toda a população do Baixo Barroso e arredores até Salto.

A vila, pela sua situação geográfica, pelas condições que oferece e pelas infraestruturasque possui, é chamariz para populações, também afastadas da sua sede do concelho,como são exemplos, as aldeias do concelho de Vieira do Minho, de Ruivães e Campos;de Cabeceiras de Basto, de Rio Douro e Abadim; de Boticas, Alturas, Cerdedo e Couto edo concelho de Montalegre, toda a zona do Baixo Barroso.

Comissão de Festas tremida

Pedida pela Comissão de Festas de Salto, A “Associação Cultural e Recreativa 15 deAgosto”, realizou-se no dia 29 de Agosto, no salão da Junta de Freguesia, uma reunião,anunciada na missa dominical, para debater o futuro, pois os elementos desta Associaçãocolocaram o lugar à disposição e pretendem abandonar. Com vinte e cinco saltensespresentes, todos foram unanimes para que esta Comissão se mantenha em funções.

Há alguns atritos entre a Comissão de Festas e elementos da Comissão Fabriqueirada igreja. Como está para vir um novo padre, no fim de Setembro, foi decidido, marcarnova reunião para o mês de Outubro e aí tentar ultrapassar esta situação.

Centro de Gestão Agrícola organiza cursos

Está a decorrer, até 2 de Outubro, um Curso de Mecanização Básica de Condução deVeículos Agrícolas, para 15 formandos, com a duração de 250 horas.

Previstos cursos; para tratador de equinos, de 150 horas e dezasseis formandos;outro, em Novembro – Segurança e Higiene no Trabalho Agrícola e ainda outro de Proteçãode Ruminantes e Equinos e Transporte de Curta Duração, para 16 formandos. Osinteressados devem dirigir-se à Sede e fazer a sua inscrição.

Rainforest – prova na Borralha

Dia 4 de Setembro, o invento internacional de desporto automóvel, todo o terreno, quese realizou no concelho, teve duas provas no rio da Borralha. Uma, junto à Lavaria Velha eoutra, na Ponte de Entre-os Rios. Trinta equipas participantes, com muito público a assistire um espetáculo fora do comum, pois as máquinas e os pilotos eram de uma forteresistência e as provas muito difíceis.

Breves:

- Pavilhão Desportivo de Salto aprovado o projeto e a abertura do procedimento para concursopúblico, pela Câmara Municipal;

- O Site “Vila de Salto” tem belas fotos da Festa da Senhora do Pranto e do Concurso Pecuário;- Salto elegeu três delegados ao XVI Congresso Federativo de Vila Real do PS que se realiza,

dia18 de Outubro, em Ribeira de Pena;- Estão a ser marcados dois trilhos nas Minas da Borralha: o trilho do Farrista e o trilho dos

Compressores;- Decorrem, a partir de 15 de Novembro, as candidaturas ao programa PRODER (Projetos

Agrícolas);- Há quatro produtores com mais de oitenta cabeças de gado miúdo na freguesia (cabras e

ovelhas);- Há desfolha tradicional, no mês de outubro no Ecomuseu, abrilhantada pelo Grupo de Cantares

de Salto;- Dia 16, visitam Cerva o diretor do museu de Ribeira de Pena, Emanuel Guimarães e o Dr. João

Azenha, para ver o futuro ecomuseu do volfrâmio;- O Grémio Literário de Vila Real e o seu diretor Pires Cabral, estão a programar visitar Salto e

o ecomuseu, sobre a temática dos mineiros;- Realizador Leonel Brito que está fazer documentário, sobre a freguesia, fez entrevistas e

recolha de Histórias de vida de várias pessoas;- O Gadanho é o objeto do mês no Ecomuseu/ Casa do Capitão;- Em Ribeira de Pena, sobre Camilo e Ribeira de Pena, no 2º Seminário, esteve o Dr. João

Azenha;- Casa agrícola da aldeia da Corva ofereceu várias alfaias agrícolas ao ecomuseu;- O poeta francês, Sérge Prioul, um amigo de Salto, ofereceu o seu livro de poesia sobre barroso

à Biblioteca do ecomuseu,- Madrugada do dia 7, mais uma vez o vidro da porta de entrada do banco Millennium foi partida;Deixaram-nos: Albino Ferreira, 83 anos, Salto.

NOTÍCIAS DE SALTO Conversando...Conversando...

Olho lá para fora e vejo que está a cair uma chuva miudinha, tão miudinha, tãomiudinha, que parece farinha, mal se distingue se é chuva ou algum pó que anda noar. Há uns dias que é assim, um céu assolapado por cima das casas e esta poalhabranca caindo, pergunto aos meus botões que raio de inverno é este estando nós emAgosto, no pico do verão.

Os meus filhos que estão nos Açores gozando férias, mandam-me mensagensfalando de dias de um sol luminoso, com mar sempre presente, e dizem que o tempoestá ótimo, com a cidade de Angra do Heroísmo cada vez mais bonita. Á parte aminha cidade de Braga, cujas ruas são o meu encanto, Angra do Heroísmo é a cidadedos meus amores, com suas ruas estreitas empedradas de basalto, e a Sé lá emcima, agora fechada por ordem da igreja, que só a deixa visitar após espórtula de umeuro por pessoa. Não pelo facto de ter de desembolsar um euro, que nada conta paraas minhas finanças, mas pelos princípios, recuso-me a entrar na Sé enquanto vigoraresta medida eníqua que em nada honra quem a decretou. Tenho pena, pois gostavade me sentar num banco logo á entrada, nos dias quentes, e sabia-me bem aquelafrescura própria das igrejas. Os senhores padres lá sabem as sus razões e os motivosque os levaram a fechar as portas da Sé de Angra do Heroísmo, mas eu cá por mimnão aceito esta medida descricionária que, a meu ver, em nada abona as autoridadeseclesiásticas da Ilha terceira, em particular Angra do Heroísmo. O facto é que a Sétem as portas fechadas e muita gente, como eu, desconhecedora do encerramentobate de surpresa com o nariz na porta, como costuma dizer-se, quando resolve visitara Sé. Enfim, ficam as “visitas” por fora, as tores, os postigos e pouco mais que osolhos alcançam, que aquilo tem a sua altura e é preciso pôr o nariz no ar para ver ospardais a saltarem de torre em torre.

Virando o disco deixemos a Sé de Angra do Heroísmo em paz e voltemos os olhospara o jardim do Duque da Terceira que é uma beleza e não fica a dever nada aosmelhores jardins do continente, recordo apenas aquele que mais gosto que é o jardimde santa Bárbara em Braga. É um jardim espaçoso, com muitas árvores de nomesestranhos, originárias dos mais diversos países, onde apetece repousar e ver ospássaros a saltarem na relva fresca e bem tratada. Um belíssimo jardim, que honra acidade e os seus habitantes, onde se pode ver um busto de Almeida Garret quedaquela ilha fez a sua terra adotiva. Ele o diz numa lápide colocada ao lado do busto,onde, entre outros dizeres, se fica a saber porque Angra se chamava do Heroísmo.Aconselho vivamente uma visita a este belíssimo jardim a quem visitar a Ilha Terceira,a única das nove maravilhas que conheço, embora a vontade de as conhecer todasseja grande. Falta-me o tempo e a disposição pra viajar por causa das dores nascostas que marcam e atormentam a minha vida desde há anos a esta parte. Abrenúncio,raios partam as dores, quem me as quer comprar que eu as vendo baratas, aliás atéas dou, vejam como eu sou generoso e tenho bom coração. Querem melhor?

Todo o mundo e toda a gentinha aqui na minha paróquia, comenta o caso dafalência do BES. Comentadores não faltam, digo eu. O que falta é polícia pois estávisto e revisto que esta falência é um caso de polícia. Já foi assim com o BPN, ondechegou a estar preso o mais alto figurão do dito banco. Por pouco tempo, aliás comoé costume com os engravatados. Eles lá no alto protegem-se uns aos outros. Agoratemos a família Espirito Santo na berlinda, mas a polícia anda á cata de muitas outrasaldrabices, quando o que devia era meter na prisão quem levou o banco á falência. Equem foi? Ora está bom de ver, quem estava á frente do banco, nanja eu que nemsequer era depositante no cujo dito. Quem estava á frente pois e na retaguarda também,todos são coniventes e responsáveis. Só falta chamá-los pelos nomes, um a um, epôr-lhes um número nas costas para assim serem identificáveis atrás das grades.Quem é que tem a coragem de fazer isso? Pouca vergonha, eis a questão que se põe.

Todos temos os nossos pecados, é certo, mas os pecados de uns são maioresque os de outros, tudo depende da dimensão do erro e da coragem em assumi-lo.Ainda á relativamente pouco tempo o BES era o banco do regime elogiado, até peloPR e pelo PM que o elevaram aos píncaros da seriedade. Subitamente o gigante virouanão, da abundância caiu na bancarrota – e não há então culpados para este desastre?

Já sei: foi um ratinho que andou lá pelo meio da papelada, roeu as notas de maiorvalor e deixou apenas as de cinco euros, ninharias que nem dão para limpar o sim-senhor com vossa licença. Mate-se o rato, com os diabos, arranje-se um culpadopara o desastre do BES. Os administradores passam do banco mau para o banconovo, que história é essa de lavagem ao cérebro, isso era na antiga URSS, agora éapenas uma promoção por serviços prestados á sociedade. Se não fica mal a aqui oFernandinho gostaria de saber quanto ganha por mês o administrador de um banco?E, para agora, quantos administradores são? É fartar vilanagem, é fartar como dizia opríncipe D. Pedro, na célebre batalha de Alfarrobeira.

Para remate de questões, informa-se que a Sé de Braga a partir de 1 de Setembrovai cobrar portagens, digo entradas a quem a visitar o vetusto monumento. Já nãoestá só a Sé de Angra do Heroísmo. A coisa promete. Aguardemos os próximosepisódios.

F. M.

Para RIR...

O empregado diz ao bêbado: - Um copo de vinho?! Mas você sabeonde é que está? Você não sabe ler "Banco Pinto e Sotto Mayor"? - Ómeu senhor, é mesmo isso que eu quero! Branco ou tinto e do melhor!

O "Zé Povinho", deprimido que anda com a situação financeira doPaís,foi a uma cartomante. Depois de deitar as cartas, disse-lhe a car-tomante: "Isto vai ser assim até 2020! "E depois?" - perguntou o "ZéPovinho" "Depois, habitua-se..."

Entra um bêbado num banco e pede um copo de vinho.

Page 8: CORREIO DO PL ANAL TO · cunca de chá de cidreira, ... P 3 Legendas: E1 – Etapa de Start-Up E2 ... LAR DE TERCEIRA IDADE JUNTO AO CENTR O DE SAÚDE Nº2

8 – CORREIO DO PLANALTO

Maria José Afonso (M.J.A) – O General Pires Veloso, é um acérrimo defensor donorte de Portugal. Porquê?

General Pires Veloso ( G.P.V.) - Para mim, o norte é de uma importância capitalpara o país, onde há gente trabalhadora, gente boa, de um nível elevado ( não querdizer que nas outras não haja também) , mas para mim, o povo nortenho sobressai.Além disso há que contrariar Lisboa, que menospreza o resto do país.

Então o norte, nomeadamente em 25 de Novembro, foi o responsável pela derrotado Partido Comunista, lá em baixo procuraram achincalhar tudo o que é do norte. Aquiestá a razão, que me levam a considerar nortenho do coração.

M.J.A. – O General Pires Veloso, foi militar antes e pós 25 de Abril. A partir de1975 ruma para S. Tomé e Príncipe onde é governador e depois passou a alto-comissário. O que mais o marcou em para S. Tomé e Príncipe?

G.P.V. – A bondade daquele povo, fundamentalmente. Foi uma das missões maisdifíceis que tive na medida em que, uma minoria queria conquistar o poder do país, eeu não deixei. Não deixei actuando no termos em que hoje é conhecido ser democrático,e muitas vezes não o era. E, vou-lhe contar um facto que aconteceu:

A determinada altura tive um telefonema da ONU, dos nossos embaixadores,nomeadamente Veiga Simão a dizer-me que o Kurt Waldheim, secretário geral daONU (Organização das Nações Unidas) e o Salim Salim da OUA (Organização daUnidade Africana) estavam muito preocupados com as liberdades democráticas de S.Tomé e Príncipe (foi a expressão) e eu disse-lhe que não pretendia protagonismos,não solicitei a ida para lá e até agradecia que me retirassem da missão. Para concluirdisse-lhe:” estou-me marimbando para o que pensam o Kurt Waldheim e o SalimSalim, porque há aqui uma minoria que quer transformar esta pré independência numbanho de sangue, e eu não deixo pode ter a certeza, podem-me chamar anti-democrata,o que quiserem”.

E passados uns dias o nosso embaixador Veiga Simão informa-me que ossecretários da ONU e da OUA, tinham compreendido a situação.

M.J.A. – O Pires Veloso, tem uma visão particular do 25 de Abril, e está em viasde publicar um livro, onde promete algumas revelações…

G.P.V. – O que me move na publicação deste livro é fazer a reposição da verdadehistórica sobre acontecimentos que têm sido adulterados sempre na defesa do PCP eMelo Antunes.

G.P.V. – M.J.A. – Não tem receio dessas declarações?

G.P.V. – (risos) Não tenho receio nenhum. Sabe que tenho 15 anos de guerra demodo que, já apanhei tantos tiros, e em situações tão complicadas, que como podecompreender, receio não há, absolutamente.

M.J.A. – O General é anti ditadura, mas o que falta na época pós 25 de Abril? Oque falhou?

G.P.V. – Uma das coisas que falhou em grande foi a justiça. E para mim não hádemocracia sem ela. Isto que vivemos atualmente é uma pseudodemocracia. Alémdisso, numa democracia existe um cuidado enorme com a saúde, educação e istonão se verifica, de modo que não vejo o futuro do país sem educação ….

M.J.A. – Que importância teve para o país o 25 de Novembro?

G.P.V. – O 25 de Novembro evitou uma guerra civil, e como sabe, nessa noite ajuventude comunista ( que seriam largas centenas) estavam em diferentes pontos dopaís à espera que lhes levassem armas para desencadearem a guerra e à ultima dahora o Álvaro Cunhal desistiu, mandou desmobilizar tudo, porque sabia que perdia. Nonorte o exército estava disciplinado, eu tinha os 2000 homens em ordem, tinha aaviação comigo.

M.J.A. – Foi dessa experiencia que nasceu o livro: “O Norte e o 25 de Novembro”.Foi publicado em 2001, o que se pode encontrar lá?

G.P.V. – Esse livro foi um chamar de atenção para a importância dessa data e dosfactos, mas digo-lhe que neste que brevemente vai ser publicado encontrarão factosque não vinham mencionados no anterior e que por sinal têm sido deturpados, procurorepor a verdade.

M.J.A. – O General Pires Veloso, era amigo próximo de Sá Carneiro. Como eracomo pessoa?

G.P.V. – Um grande estadista, um grande português.

M.J.A. – Quais os traços de personalidade que mais o caracterizavam?

G.P.V. – Um homem determinado, inteligente, extremamente sério, um patriota emalto grau.

M.J.A. – Em 1980 temos uma candidatura sua à Presidência da Republica, eleiçõesonde concorria o General Ramalho Eanes…

G.P.V. – Olhe em 1976 Sá Carneiro, o Montalvão Machado todo o PSD e CDS emgeral, queriam que eu fosse candidato da aliança democrática e eu achava que não,ainda tinha que fazer na região militar

Depois em 1980 candidatei-me sem qualquer apoio, e porquê? Durante esse espaço(1976-1980) verifiquei que o Eanes é um homem falho de carácter, e ainda hoje. OSoares Carneiro (conheci-o na escola) não tinha perfil para Presidente da Republica,embora fosse um bom oficial dos comandos, de maneira que por imperativo deconsciência e por ser minimamente conhecido, apresentei-me como esta filosofia, seo povo quiser sim senhor, senão fico feliz, e assim foi.

M.J.A. – Está de visita ao concelho de Montalegre, sei que não é a primeira vez,antigamente passava por aqui de helicóptero, quer partilhar essas memórias connosco?(Isto já há mais de 30 anos)…

G.P.V. – Sim vinha, pousava aqui, falava com as pessoas, pois o meu objectivo eraesse, ver como estavam as coisas, o que o povo queria, e, por outro lado dar-lhe paz,segurança.

M.J.A. – Era para ter um conhecimento mais concreto da realidade do país?G.P.V. – Sim era, e queria certificar-me se estavam ou não comigo, com a verdadeira

democracia.Sabe, muitas das minhas decisões militares tinham que ter várias componentes, e

a opinião do povo era um desses requisitos (para mim). De maneira que vinha aqui, aVila Real, às aldeias contacta-los para saber o que desejavam mais.

M.J.A. – E era o quê?G.P.V. – Desejavam ordem, paz, democracia. Não queriam aqueles indivíduos que

vinham de Lisboa fomentar uma pseudo-educação do povo. De modo que tinha queactuar em conformidade com os seus desejos.

M.J.A. – E lembra-se como eram as gentes de Barroso, nessa altura?

G.P.V. – Pessoas excelentes, boas, determinadas, com sentido de justiça muitogrande. E mais sentiam uma força anímica muito grande.

M.J.A. – E depois passados cerca de 30 anos, regressa a Barroso, numa outravertente mais de lazer de descanso. Que contrastes sentiu?

G.P.V. – Muito progresso. Gostei imenso da vila, os melhoramentos são notórios,a nível de ordenamento. Toda a região é bonita por natureza e está aperfeiçoada emmuitos aspectos, de tal modo que dá prazer, alegria, satisfação vir visitar esta região.

M.J.A. – De manhã teve a oportunidade de visitar uma parte do nosso concelho,nomeadamente aquela que pertence ao Parque Nacional Peneda Gerês, depois (enão vai à grande tempo), pode degustar a vitela barrosã, em suma, vai daqui satisfeito.

G.P.V. – Vou daqui com a ideia e convicção que tive um fim-de-semana maravilhoso,como á há muito tempo não acontecia. Muito feliz.

António Elísio Capelo Pires Veloso nasceu em Gouveia a 10 de Agosto de 1926 eliderou o 25 de Novembro, que pôs fim ao Verão Quente de 1975 e faleceu a 17 deagosto de 2014.

Foi governador da então província ultramarina de São Tomé e Príncipe entre 29 deJulho de 1974 e 18 de Dezembro do mesmo ano, data em que passou a Alto Comissário,função que manteve até à independência do território em 12 de Julho de 1975.Foicomandante da Região Militar do Norte, com quartel-general no Porto, a partir de 12de Setembro de 1975, dois meses antes do 25 de Novembro, que pôs fim ao PREC,tendo dado por terminada a sua missão em 1977.

Durante este período foi também membro do Revolução. Pires Veloso concorreuàs eleições presidenciais realizadas a 9 de Dezembro de 1980, na qual foi reeleitoEanes. No dia 25 de Abril de 2006 Pires Veloso foi agraciado pelo presidente daCâmara Municipal do Porto, Rui Rio com a Medalha Municipal de Mérito - Grau Ouropelo seu “desempenho militar” e “papel fundamental na consolidação da democracianacional durante o período em que comandou a Região Militar do Norte”.

Faleceu o “Vice-Rei do Norte “ General Pires VelosoEm 2008 quis o destino cruzar-me com o general Pires Veloso, numa

passagem por Montalegre. Daí resultou uma entrevista das recordaçõespalpitantes daquele que foi considerado o “vice-rei do Norte”. Numa amenaconversa, percorremos um pouco a vida de um homem que não temia nadanem ninguém.

Memórias de visitas ao interior recôndito de Portugal, onde Montalegreestava também incluída.

O objectivo? Conhecer o real estado da nação, desejos, anseios, medos ecarências da população. Dar voz ao povo, ouvi-lo, era a missão.

Numa altura em que lhe dizemos “Adeus” recuperamos a última vez que oVice-Rei do Norte esteve no Barroso.

Maria José Afonso

Maria José Afonso entrevista o Vice-Rei do Norte na última vez esteve no Barroso