Correio Fraterno 432

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CORREIO FRATERNO SEMPRE ATUAL, COM O MELHOR DO CONTEÚDO ESPÍRITA Publicação da Editora Espírita Correio Fraterno • e-mail: [email protected] • Ano 42 • Nº 432 • Março - Abril 2010 Uma amizade de 43 anos, já relatada em livros, revela detalhes da convivência com o médium. Pág. 4 e 5 Agora o CORREIO FRATERNO está no Twitter www.twitter.com/correiofraterno Siga-nos: trabalho voluntário é uma realidade ainda a ser compreen- dida. O que leva alguém a dedicar uma parte do seu tempo ao próximo? O tema, pesquisado nas universidades e contemplado em livros, revela que ainda há muito a se pesquisar. O que é certo é a satisfa- ção pessoal que a atividade proporciona, demonstrando que a ação voluntária é uma via de duas mãos. Todos doam e todos recebem, numa troca solidária como lei natural da vida, do amor em movi- mento, que ajuda uma sociedade a viver mais feliz. Leia mais sobre o tema nas páginas 12 e 13. VOLUNTÁRIO GENTE QUE FAZ Lar Emmanuel comemora 50 anos de fundação O Na noite de 30 de março, o Lar da Criança Emmanuel, em São Bernardo do Campo, SP, recebeu mais de 300 convidados para comemorar os seus 50 anos de fundação. Conheça sua história, seus voluntários e os personagens que transformaram esse sonho em realidade. Páginas 8 a 11. ISSN 2176-2104 O que mais queremos de Chico Xavier? 5O ANOS ESPECIAL

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Correio Fraterno, um dos mais conceituados veículos de informação espírita do Brasil.

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CORREIOFRATERNO

SEMPRE ATUAL, COM O MELHOR DO CONTEÚDO ESPÍRITA

P u b l i c a ç ã o d a E d i t o r a E s p í r i t a C o r r e i o F r a t e r n o • e - m a i l : c o r r e i o f r a t e r n o @ c o r r e i o f r a t e r n o . c o m . b r • A n o 4 2 • N º 4 3 2 • M a r ç o - A b r i l 2 0 1 0

Uma amizade de 43 anos, já relatada em livros, revela detalhes da convivência com o médium. Pág. 4 e 5

Agora o CORREIO FRATERNO

está no Twitter

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Siga-nos:

trabalho voluntário é uma realidade ainda a ser compreen-dida. O que leva alguém a dedicar uma parte do seu tempo ao próximo?

O tema, pesquisado nas universidades e contemplado em livros, revela que ainda há muito a se pesquisar. O que é certo é a satisfa-ção pessoal que a atividade proporciona, demonstrando que a ação voluntária é uma via de duas mãos. Todos doam e todos recebem, numa troca solidária como lei natural da vida, do amor em movi-mento, que ajuda uma sociedade a viver mais feliz. Leia mais sobre o tema nas páginas 12 e 13.

VOLUNTÁRIOGENTE

QUE FAZ

Lar Emmanuel comemora 50 anos de fundação

O

Na noite de 30 de março, o Lar da Criança Emmanuel, em São Bernardo do Campo, SP, recebeu mais de 300 convidados para comemorar os seus 50 anos de fundação. Conheça sua história, seus voluntários e os personagens que transformaram esse sonho em realidade. Páginas 8 a 11.

ISSN

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O que mais queremos de Chico Xavier?

5OA N O SESPECIAL

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2 CORREIO FRATERNO MARÇO - ABRIL 2010

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EDIT

OR

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este ano em que se comemoram os 100 anos de Chico Xavier o espiritismo ocupa grande es-

paço na mídia, trazendo imensa alegria aos espíritas. Livros, fi lmes, reportagens, programas especiais falam da doutrina espírita com naturalidade, sem enfrentar o espanto inicial que causavam os fenô-menos mediúnicos, mas sendo abordada com profundidade, e enaltecendo a fi na-lidade última da transformação moral a que se propõe.

Isso só tem sido possível hoje graças ao trabalho de pioneiros que atentaram para a aliança do conhecimento doutri-nário com a assistência social como prá-

tica da caridade, do cultivo do aprendi-zado do amor ao próximo.

Trabalho como o do médium Chi-co Xavier, que dispensa adjetivos pelo grandioso trabalho realizado pelo espi-ritismo, e que teve amigos como Nena Galves, entrevistada desta edição, que conta detalhes da amizade e convívio de mais de 40 anos com o médium.

Nesse clima de comemoração, re-cordações e homenagens, também está o Lar da Criança Emmanuel, instituição à qual o jornal Correio Fraterno está vin-culado, e que comemorou, no último 30 de março, 50 anos de fundação. São histórias de um trabalho voluntário de

desafi os e conquistas que muitas vezes se confundem com a história de vida das pessoas que o realizaram, tornando verdade um sonho de ajudar crianças ca-rentes, de colaborar para a existência de uma sociedade mais feliz.

O trabalho voluntário é analisado nes-sa edição, mas ainda há muito que se falar. Mesmo porque, sendo o trabalho lei na-tural, divina, estaremos sempre às voltas com os desafi os de cada qual fazer a sua parte, como base para as transformações sociais, pelas quais todos somos respon-sáveis. Afi nal, ninguém faz nada sozinho.

Boa leitura!Equipe Correio Fraterno

N

CORREIO DO CORREIO

Emoção de Nelson Xavier Recebi o Correio deste mês e gostei muito. A entrevista com o Nelson Xavier é instigante. Muito curiosa a emoção do respondente. Ge-ralmente eu penso que os atores tendem a falar bem do seu fi lme, porque desejam público, mas a Eliana parece ter sido muito feliz ao manter no texto o clima psicológico da entrevista.

Jáder Sampaio-BH

Premiação do Correio FraternoFiquei super feliz em saber que o Correio foi

premiado na categoria MELHOR ENTRE-VISTA, justamente com o nosso querido amigo francano Thiago Essado. Estudávamos juntos no grupo de estudos espíritas avança-dos Fernando Ortiz. Já estou esparramando a notícia por aqui!

Nadia Luz, Franca-SP

Pioneiros do espiritismoLi no Correio uma reportagem em que apare-ce uma fi gura na história do espiritismo cha-mada Francisca Latorraca (“Raízes culturais,

Envio de artigosEncaminhar para e-mail: [email protected] Os artigos deverão ser inéditos e na dimensão máxima de 4.500 caracteres, constando referência bibliográfi ca e pequena apresentação do autor.

CORREIOFRATERNO

JORNAL CORREIO FRATERNOFundado em 3 de outubro de 1967. Registrado no Registro de Pessoas Jurídicas em São Bernardo do

Campo, sob o n.o 17889. Vinculado ao Lar da Criança Emmanuel - www.laremmanuel.org.br

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Vice-presidente: Belmiro Tonetto

Tesoureiro: Adão Ribeiro da Cruz

Secretário: Vladimir Gutierrez Lopes

Uma ética para a imprensa escrita

Em dois artigos, escritos por Allan Kar-dec e publicados na Revista Espírita, em 1858, estão encerradas as diretrizes que o Correio Fraterno adota como norte para o trabalho de divulgação:

• A apreciação razoável dos fatos, e de suas conseqüências.

• Acolhimento de todas observações a nós endereçadas, levantando dúvidas e esclarecendo pontos obscuros.

• Discussão, porém não disputa. As in-conveniências de linguagem jamais tiveram boas razões aos olhos de pes-soas sensatas.

• A história da doutrina espírita, de al-guma forma, é a do espírito humano. O estudo dessas fontes nos forneceráuma mina inesgotável de observa-ções, sobre fatos gerais pouco conhe-cidos.

• Os princípios da doutrina são os de-correntes do próprio ensinamento dos Espíritos. Não será, então, uma teoria pessoal que exporemos.

• Não responderemos aos ataques di-rigidos contra o Espiritismo, contra seus partidários e mesmo contra nós. Aliás, nos absteremos das polêmicas que podem degenerar em persona-lismo. Discutiremos os princípios que professamos.

• Confessaremos nossa insufi ciência sobre todos os pontos aos quais não nos for possível responder. Longe de repelir as objeções e as perguntas, nós as solicitamos. Serão um meio de esclarecimento.

• Se emitirmos nosso ponto de vista, isso não é senão uma opinião indivi-dual que não pretenderemos impor aninguém. Nós a entregaremos à dis-cussão e estaremos prontos para re-nunciá-la, se nosso erro for demons-trado.

Esta publicação tem como fi nalidade oferecer um meio de comunicação a todos que se interessam por essas questões. E ligar, por um laço comum, os que compreendem a doutrina espí-rita sob seu verdadeiro ponto de vista moral: a prática do bem e a caridade do evangelho para com todos.

Envie seus comentários para [email protected]

A força da

a história viva do espiritismo”– edição 430). Gostaria de saber se vocês possuem mais in-formações a respeito.

Elder Latorraca, por e-mail

Prezado Elder:A sra. Francisca Lozano de Latorraca (1869-01/11/1942) nasceu na Espanha e fi xou re-sidência na Argentina. Médium de efeitos físicos e psicofonia, foi uma das fundadoras e primeira presidente da Asociación de Estu-dios Psicológicos Dios Y Progreso, fundada em 09/01/1900. Para adquirir o CD com toda a pesquisa dos pioneiros e imagens, procure o CCDPE: www.ccdpe.org.br Washington Fernandes, São Paulo-SP

ISSN 2176-2104

solidariedade

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AC

ON

TECE

frase em destaque é de Adol-fo Bezerra de Menezes, regis-trada no segundo parágrafo

do panfleto intitulado A escravidão no Brasil e as medidas que convem to-mar para extinguil-a sem damno para a nação. Não houve falha na revisão do texto nem em sua impressão, todas as grafias estão conforme sua publicação, em março de 1869.

O panfleto é um registro públi-co da posição de Bezerra de Menezes contrário à escravidão no Brasil. Sem ter como proposta a análise do assun-to na história, é interessante notar, porém, que a publicação ocorreu 17 anos antes de Bezerra de Menezes de-clarar-se publicamente espírita, e antes mesmo de ter o contato inicial com O

livro dos espíritos, demonstrando que ele teve atuação política e social sem-pre alinhada aos melhores princípios ético-morais.

Vale destacar o potencial da di-vulgação de princípios e ideais reno-vadores da sociedade através do livro e de qualquer outro instrumento que possibilite a manutenção desse regis-tro histórico dos fatos. O contato com o panfleto de Bezerra, por exemplo, só me foi possível graças a um apai-xonado pelo livro, o empresário José Mindlin, que desencarnou em 28 de fevereiro passado.

Dono de uma biblioteca parti-cular, com um acervo bibliográfico e documental raro sobre a história e a cultura brasileiras, Mindlin, jun-

tamente com a esposa Guita e filhos, doou para uso público o material para compor a Biblio-teca Brasiliana, que conta com 20 mil títulos entre relatos de viajantes, literatura brasileira e portuguesa, documentos, folhe-tos e várias primeiras edições de obras importantes, que foram transferidas para a Universida-de de São Paulo (USP) em um edifício de 20 mil m². Diante da necessidade de preservação e difusão desse acervo para aces-so universal e irrestrito, a USP também disponibiliza esse ex-traordinário material através da Biblioteca Brasiliana Digital (www.brasiliana.usp.br).

Imortal da Academia Brasilei-ra de Letras, Mindlin organizou o que é considerada a mais importante coleção de livros, publicações e estudos, acerca do Brasil, com seus 17 mil títulos e 40 mil volumes, aproximadamente. E chegou a dizer que conhecia e sabia onde estava cada um de seus livros. A sua paixão pelo livro, e tudo o que ad-vém dele nos leva a acreditar que o que ele fazia não era para ele, mas sim para o público.

Os pensamentos aqui registrados ocorrem estimulados também pela rei-nauguração, em março último, da Livra-ria Espírita Abdias Antônio de Oliveira, da Federação Espírita do Rio Grande do Norte (FERN), após reforma que bus-cou privilegiar uma melhor exposição dos livros e promover maior estímulo aos usuários para manuseá-los, facili-tando as escolhas e atendendo ainda as questões de acessibilidade ao local. Nes-te novo ambiente, há espaço para a lite-ratura infantojuvenil. Em uma estante, ao alcance das mãos mesmo das crianças menores, diversos livros esperam por

Por RICARDO ALVES DA SILVA

Na biblioteca de Mindlin,

os escritos de

Bezerra de Menezes

Aquem os peguem, podendo-se sentar ao chão no tapete colorido ou à mesinha disponível, iniciando-se a leitura, os ri-sos, as brincadeiras, os aprendizados nas suas variadas expressões.

Bezerra de Menezes no passado re-gistrou a necessidade de dirigirmos es-forços na educação dos beneficiados pela extinção da escravidão. E os espíritos superiores continuam a nos convidar à necessária educação, ainda escravos que somos de tantos sentimentos obscureci-dos pela ignorância. Essa mensagem nos chega a todo instante, de encarnados e desencarnados, escritores ou coleciona-dores apaixonados pelo livro, como par-te de um serviço permanente de cons-trução de um mundo melhor.

Contador, articulista e voluntário no Movimento Espírita de Natal, [email protected]

Na Livraria Espírita Abdias Antônio de Oliveira, na FERN, acesso facilitado à leitura

“É do choque das idéas que sae a luz da verdade.”

No acervo particular de José Mindlin, ideais de Bezerra documentados

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ENTR

EVIS

TA NENA GALVESO que mais queremos de Chico Xavier?

Já não chega tudo o que ele fez?Por ELIANA HADDAD

Ainda este ano, em homenagem ao centenário do grande amigo, Nena Galves irá inaugurar no Centro Espírita União, no bairro do Jabaquara, em São Paulo, o Acervo Chico Xavier. Ela já está preparando um vasto material, parte dele guardada no quarto do médium, em sua casa, que o hospedava todas as vezes que vinha à capital paulista.Os encontros de muitas histórias, que segundo ela já vêm de reencarna-ções passadas, duraram desta vez 43 anos, e guardam segredos acumula-dos de longas conversas, comentários e opiniões num cotidiano recheado de dedicação e cumplicidade. Muitos deles ficarão com Nena – assumida-mente – e não serão revelados. Como toda relação de união e convivência, eles têm uma história reunida num farto acervo de fotos, documentos, gravações e lembranças. Momentos de alegria, de desafios, de fé, de vida. Há até mesmo o testamento de Chico, o qual Francisco Galves, marido de Nena, assinou como testemunha.A amizade foi relatada e documentada no livro Até sempre Chico Xavier

Sobre o que vocês conversavam tanto?Falávamos sobre todos os assuntos. Posso dizer que tive um mestre. Quando eu di-zia, por exemplo, que estavam aparecendo muitos médiuns querendo psicografar, ele explicava: “Nena, a psicografia é difícil; você deve colocá-los primeiro na incorpo-ração, porque onde ficam as pessoas que estão compromissadas com esses espíritos mais necessitados? Na psicografia, só vem mentor...” Ele me ensinou o que não está nos livros, como um irmão. Talvez por nossa ligação do passado não havia inibi-ção, pois Chico nos reconheceu desde o nosso primeiro encontro, quando fomos a Uberaba. Lembro que o Galves, na época, até comentou comigo: “Nena, acho que eu vou morrer logo, porque o Chico me tratou tão bem!”

A sra. deixou de perguntar a ele alguma coisa?Não. Perguntei tudo o que queria. Acho

que falei demais. Devia ter ouvido mais e fa-lado menos. É disso que eu me arrependi...

Como era essa convivência em fa-mília?Ele sempre se hospedou na minha casa. Tenho todas as roupas que ele usava no trabalho social aqui em São Paulo, por-que não as levava para Uberaba. Há também mais de quinhentas fotografias, das viagens que fazíamos a serviço da doutrina e de cerimônias com a minha família. Ele conheceu meu filho com dez anos, hoje ele está com 60. Foi à formatu-ra deles e testemunha no casamento dos dois. Temos os títulos recebidos de todas as cidades que fomos juntos. Ele recebia as homenagens e me dava os diplomas, as condecorações. Há uma medalha linda que ele ganhou, quando foi homenagea-do no Pacaembu, aqui em São Paulo, para receber a cidadania. Esse acervo tinha que vir para o Centro.Por que ele deixava tantas coisas

(editora CEU), de autoria de Nena Galves, sucesso na Bienal de São Paulo em 2008, e traz detalhes dessa convivência, revelando momentos de inti-midade familiar e de vida pública. Juntos aprofundaram-se no estudo do espiritismo e assumiram responsabilidades assistenciais e editoriais. Afinal, apesar das visitas frequentes de Chico aos Galves, e depois das idas e vin-das do casal a Uberaba, acompanhando o médium até a sua desencarna-ção, aos 92 anos, em 30 de junho de 2002, ainda havia o encontro anual público, no Centro Espírita União, em outubro, em homenagem a Kardec, oportunidades em que o médium atendia a milhares de pessoas, e psico-grafava inúmeras mensagens.Em entrevista exclusiva ao jornal Correio Fraterno, Nena Galves confessou a dificuldade de se desprender do que Chico deixou com ela, mostrou o espaço que comportará seu acervo e enalteceu a grandeza espiritual do médium. Sem idolatria, mas com profunda gratidão e respeito, explicou porque não o reconhece em nenhuma das mensagens recebidas após a sua desencarnação. Alertou ainda para o risco dos espíritas obscurecerem sua imagem e obra, por ingenuidade. Para Nena Galves, os espíritas pre-cisam aprender a pensar grande, na universalidade do espírito Francisco Cândido Xavier. O Chico não é nosso – avisa.

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ENTR

EVISTA

na sua casa, tantos documentos importantes?Chico via no espaço e no tempo, ele sabia que eu não iria me desfazer disso e nem trocar por favores.

A sra. já pensava em guardar esse material todo e formar um acervo?Não. Nunca. Nunca pensei nisso, senão teria guardado tantas outras coisas; eu mesma teria pedido material a ele. Refor-mamos um lugar aqui no Centro Espírita União só para compartilhar o que temos. São documentos raros que precisam ser expostos em móveis especiais, material histórico do movimento espírita, livros que ele lia. E Chico lia de tudo, desde o jornal do dia, revistas, até livros raros, da codificação... E os 18 anos que ele fez de autógrafos aqui no União? Onde iria dei-xar esse material, se não no lugar onde ele ficou? As fitas originais do programa Pin-ga-Fogo também irão para o acervo, dois enormes rolos cinematográficos.

Que vibração a sra. sente com esse material, hoje?Não está sendo fácil me desprender dele. Conviver com Chico, como médium e como ser humano, foi muito gratificante. Não se pode separar uma coisa da outra. Não posso idolatrá-lo porque o conheci muito bem. Durante mais de quarenta anos, sem nunca nos decepcionarmos, o que não é fácil. Por isso hoje podemos di-zer que reconheceríamos qualquer comu-nicação dele.

O que, para Chico, não poderia acontecer?Ele conhecia muito bem o ser humano e sabia de seus limites, respeitando o livre-arbítrio de cada um. Não se indignava, não usava o “isso não pode acontecer” como nós usamos, mas o “cada um faz o que pode”. Lembro-me de que ao receber o convite para falar na Rádio Boa Nova, num dia de autógrafo no Clube Juventus, eu comentei: “Imagine, Chico, se eu vou fazer um programa de rádio...” E ele: “Ah, Nena, eu, se fosse você, faria.” A rádio es-tava começando, só pegava até Santana. Fazendo referência ao complexo peniten-ciário que ficava no bairro, ainda comen-tou: “Mesmo que fosse para falar só para os reeducandos, eu o faria.”

Conte-nos, dona Nena, mais deta-lhes dessa convivência.

Ele era muito disciplinado e ao mesmo tempo divertido. Conseguia ficar conver-sando madrugadas inteiras. Dizia que a gente não tinha reencarnado para dormir. Dormia quatro, cinco horas no máximo. Trazia as correspondências para colocar em dia, trabalhava de madrugada... Tam-bém viajávamos, andávamos pelas ruas de São Paulo, íamos a teatros e restaurantes. Chico comia muito bem. Nos últimos tempos, quando não podia mais vir, nós íamos a cada vinte dias visitá-lo. Na última visita, demoramos uns dias a mais e, quan-do chegamos, ele disse: “Vocês demoraram demais, eu estou partindo...”

Com toda a amizade que vocês ti-nham, ele revelava coisas diferen-tes a vocês, segredos?Sim, muitas coisas. Ele falava e ainda dizia: “Não deixem vir a lume antes do tempo...”

E a sra. ainda guarda muitos se-gredos?(Pensativa) Sim... Segredos que eu preciso levar comigo... Por isso que eu conheço bem as comunicações, quando digo: “Não é Chico!!!”

A sra. quer dizer que Chico não deu nenhuma comunicação?Eu não encontrei a linguagem que o iden-tificasse ainda.

Nunca mais a sra. falou com ele?Muitas vezes!!! De madrugada. Faço ani-versário dia 21 de fevereiro. Talvez, com tantos problemas a resolver, perguntas e entrevistas, devido às comemorações de seu centenário, eu realmente estava precisando muito de socorro. Tenho orado, lembrado dele, chorado, com saudades. Numa ma-drugada acordei e disse ao Galves: “Estive com o Chico! Eu sei que estive com ele. Fui visitá-lo em Uberaba. Alguém disse que ele não podia me atender. Fiquei vendo-o de longe, mas logo ele veio caminhando, colocou a mão no meu ombro e disse: ‘– Nena eu vou te dar um presente.’ Tirou de dentro do bolso do paletó uma pedra, uma ametista linda e me entregou dizendo: ‘Guarde-a com você...’ Dei um beijo nele e acordei.” Fiquei tão feliz, em estado de gra-ça. Vindo para o Centro, comentei sobre o meu sonho com uma pessoa. Quando acabei de contar, ela começou a chorar. Ela tinha comprado dois dias antes um anel de presente para mim, justamente com a pe-dra do sonho. Isso é um exemplo de que

Chico não precisa escrever para se co-municar, não precisa de um lápis. Será que não bastaram mais de 450 livros? Nem en-tendemos tudo o que ele deixou e, pior, an-dam contando tanta bobagem do mundo espiritual, quando ele já nos trouxe tudo tão explica-do, tanta coisa linda sobre os espíritos. O que querem mais? Fofoca? Ele não precisa falar mais nada...

Mas por que ele não se comunicaria, uma vez que tem todo o conheci-mento para fazê-lo?E você acha que é fácil, no mundo espi-ritual? E tem mais: será que já não rece-bemos tanto? Já parou para pensar que há o planeta, o universo inteiro e tanta gente precisando de espíritos como ele? Não te-nho dúvida de que Chico foi um apóstolo de Jesus. Será que o mundo maior já não mandou esse espírito para o Brasil para nos auxiliar? E a grande pergunta: só existe o Brasil? Somos muito pretensiosos. Tenho visto muito espírita pensar pequeno!

O que faltou Chico psicografar, deixar escrito?Ele escreveu tudo. Há três fases: a esclare-cedora, que é a coleção André Luiz, que mostra como se vive, o que se faz, conta tudo da vida espiritual, a dos romances de Emmanuel, com os comentários do Evangelho, mensagens, e por último a fase consoladora, com as mensagens dos filhos aos pais.

A sra. acredita que Chico vai reen-carnar logo?Ele realmente não queria ficar muito tempo no mundo espiritual. Queria re-encarnar logo, tomar corpo e começar novamente a trabalhar. Mas acho que a espiritualidade não vai deixar ele voltar tão depressa, porque ele trabalhou tan-to, desempenhou tão bem a sua tarefa... Acho que os pedidos, mesmo os dele, serão reanalisados, inclusive por ele. E se vier alguém mais acima dele, uma Vene-randa, dizendo: “Chico, nós precisamos de você em outro lugar?” É preciso pen-sar grande. Outra coisa que estão falando

por aí é que Chico era ecumênico. Era ecumênico para os outros, mas para ele era espírita, seguia Kardec.

Na sua opinião, o que está aconte-cendo agora? Será que precisáva-mos passar por isso, para criarmos mais autonomia como espíritas?Você já estudou, quando uma colônia vive para um país, que tem a sua custódia por ser mais evoluído? Quando vem a lei da liberdade, passa-se a achar que se pode tudo e, depois, muitas escolhas têm que ser reparadas. Hoje há tantos sábios es-píritas, tantos médiuns, tantos escritores que é como se estivéssemos com medo de Chico e, agora que ele fechou os olhos, todos começaram a fazer o que sempre tiveram vontade.

Chico impunha respeito, tinha au-toridade moral. É isso?Sim. Alguns anos antes de Chico desen-carnar, já debilitado, eu segurando as mãos dele, ele me olhou e perguntou: “Nena, Nena, o que eu estou fazendo aqui? Não trabalho, não posso fazer nada, sou um es-torvo. Eu queria passar para o plano espi-ritual, reencarnar e tomar um corpo novo, porque, o que eu faço com essa carcaça?” Respondi que ele estava assim por miseri-córdia, porque os espíritas sem ele ficariam como as virgens loucas do Evangelho. Anos se passaram, Chico melhorou, ficou mais um tempo conosco e se foi. E ficam preocupados, agora, em saber quem vai fi-car no lugar do Chico. Quem disse que o espiritismo precisa de líder?

Algumas peças do acervo: a cama do médium e fitas originais do “Pinga-Fogo”

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O Vulto? O quê?Por TATIANA BENITES

Laurinha e Ana conversavam antes da aula de Educação Espírita.– Eu vi um vulto ontem – disse Ana.– Ai credo, que medo! – comentou Laurinha – Como ele era?– Como assim? – indagou Ana.– Era homem ou mulher?– Sei lá.– Era escuro ou claro?– Não sei.– Se for claro é bom, se for escuro não é bom... eu ouvi isso uma vez.– Eu não sei se era claro ou escuro, homem ou mulher, eu falei que eu vi um vulto.– Então, mas fala como era.– Vulto é vulto! Tipo assim, não tem forma.– Vulto não é um espírito?– É, mas quando vemos bem rápido e nem dá pra ver direito é que chamamos de vulto.– Então você não viu nada.– Vi sim!– Se você não sabe como era é porque não viu.– Se eu tivesse visto o espírito teria visto um espírito e não um vulto. Vulto é vulto.– Se vulto não é espírito eu não te entendo.– Não sei explicar, tô fi cando confusa.– Já sei. Se você viu um vulto que não é bem um espírito e que é bem rápido então você viu só um borrão.– Tipo assim: mais ou menos um borrão, mais ou menos um espírito, mais ou menos rápido, nem homem nem mulher, nem escuro nem claro. Entende?– Aaah!! Agora eu entendi... acho que eu também vi outro dia – exclamou Laurinha.– Jura?– É, no banheiro!– Tem espírito no banheiro? – perguntou Ana preocupada.– Espírito? Nããão! Vulto! – tranquilizou Laurinha.– Ufa! Ainda bem!

COISAS DE LAURINHA

Não se pode examinar o espírito dentro de um laborató-rio de física. Isso não quer dizer que o espiritismo despreze o conhecimento científi co.

Quando se diz que O livro dos espíritos é a coluna-mestra de todo edifício do espiritismo, não se pretende transformá-lo em livro sagrado, como se fosse uma Bíblia.

Ensina a doutrina espírita que, enquanto a parte material da ciência exige somente os “olhos que observem” a parte espiritual exige certo grau de maturidade, que independe do grau de instrução, porque é peculiar ao desenvolvimento do espírito.

A divulgação da doutrina espírita não pode limitar-se a falar sobre a sobrevivência da alma, dos mundos espirituais, esquecendo-se do ser encarnado e da miséria social à sua volta.

Tem-se procurado confundir o Espiritismo com velhas práticas afro-católicas, enraizadas no Brasil desde o perío-do colonial... Em primeiro lugar, o que caracteriza o ato espírita não é exclusivamente o fenômeno; em segundo lu-gar, o Espiritismo (corpo de doutrina organizado por Allan Kardec) surgiu no mundo em 1857, e quando suas obras chegaram ao Brasil, já existia o Africanismo generalizado, principalmente na Bahia.

O Espiritismo não é uma questão de fé. A convicção não se transmite, forma-se com o tempo através da observação, do estudo, da crítica, da meditação.

Bibliografi a:Análises Espíritas – Ed. FebAfricanismo e Espiritismo –Ed. Mundo EspíritaConvite à Refl exão – Ed LachâtreRecordando Deolindo Amorim – Ed. Lar ABC

O que diz Deolindo Amorim

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Onde está a memória do centro

espírita?odo centro espírita tem uma his-tória, que revela a sua origem, o seu início, o seu nascimento.

Como nasceu a ideia de sua fundação? Quando tudo começou? Desde a sua fundação, durante todas as suas ativi-dades, até o seu desaparecimento, essa história é que compõe a célula básica do que se convencionou denominar de mo-vimento espírita.

No Brasil, assim como na maioria dos países das Américas, o ponto de par-tida foram as sessões mediúnicas realiza-das domesticamente. Nessas reuniões, os homens conversaram com os espíri-tos que, através dos médiuns ostensivos, apresentaram-se como guias e sugeriam, aconselhavam e estimulavam a criação de grupos para a prática da caridade.

Há mais de cem anos esse fato acon-tece. Os centros espíritas, no conjunto, realizam por décadas, suas atividades doutrinárias e de promoção humana e social, junto às comunidades onde se en-contram instalados, por onde passam e atuam fundadores, diretores, dirigentes, médiuns e colaboradores.

Muitos se afastam pelos mais di-versos motivos. Outros abandonam as atividades espíritas, e outros, ainda, desencarnam. E onde fi ca registrada essa história? Onde está a memória do centro espírita? De uma maneira geral, essas instituições possuem exata de sua importância para a história?

Há cadernos que registram a presen-ça das pessoas nas reuniões, livros de atas das reuniões de diretoria, do conselho, documentos ofi ciais, como os estatutos, fotos de pessoas e de acontecimentos;

eventos; fi lmes; negativos de fotos; car-tas; livros da biblioteca; revistas; jornais. E tudo isso constitui o acervo documen-tal da casa espírita. Com quem fi ca esse material? Quem guarda tudo isso?

Não raro, o material histórico do centro espírita se fragmenta nas casas das pessoas ligadas à instituição. A verdade é que os pesquisadores da história dos centros e instituições espíritas enfren-tam grande difi culdade para realizar esse trabalho. Aliás, pela oportunidade, será bom dizer que de forma geral, o meio espírita dá pouca importância à preser-vação da memória do espiritismo.

Registramos depoimentos de dire-tores, fundadores, dirigentes e herdei-ros de documentos, que movidos pela indiferença, jogaram fora papéis, fotos, livros e outros materiais que pertenciam aos centros e instituições. A alegação é sempre a mesma: “tratava-se de material velho, antigo, amarelado; que não ser-ve para nada e que estava se estragando com o tempo”.

A realidade é que temos que fazer alguma coisa para preservar a memória das instituições espíritas. A história é uma disciplina científi ca que auxilia no registro e interpretação dos fatos, pois o passado histórico explica os aconteci-mentos da atualidade. E hoje esse tra-balho de registro de material histórico encontra-se facilitado pelo uso da rede mundial de computadores.

Milton Felipeli é jornalista, escritor e radialis-ta. Membro da ADE-SP que realiza os programas “Diálogos Espíritas” e “Ação 2000”, pela Rede Boa Nova de Rádio. [email protected] / [email protected]

Por MILTON FELIPELI

T

O BAÚ DE MEMÓRIAS PODE SER FEITO POR VOCÊ!Envie para nós um fato marcante sobre o Espiritismo em sua cidade. Ele pode ser publicado aqui nesta seção.

E-mail: [email protected].

O que se deve fazer• Reunir a direção do centro e seus colaboradores e expor a importância

da preservação da memória

• Reunir todas as fotos e documentos do centro –os que se encontram na sede e também nas casas de diretores, dirigentes e participantes

• Registrar em envelopes destinados para isso, os nomes dos proprietá-rios das fotos e documentos cedidos por empréstimo. Anotar no verso das fotos, caso necessitem ser devolvidos posteriormente

• Digitalizar todo o material, salvando-o em pastas no computador. Es-crever a legenda das fotos, com nomes de pessoas, tipo de evento a que se referem e datas

• Gravar e salvar em arquivos depoimentos de pessoas que participam ou participaram da vida do centro, desde a fundação.

• Gravar em Cd ou DVD todo o material colhido. Providenciar cópias para serem guardadas pelos dirigentes

• Encaminhar cópias para Centros de Pesquisa e Memória Espírita. Vale a pena conhecer o projeto “Cadastre sua instituição Espírita”, do CCDPE, um projeto de catalogação virtual de Centros Espíritas para resgatar a memória e melhor conhecer a história do movimento espí-rita. É só entrar no site, cadastrar a instituição e contar a história que você conhece. www.ccdpe.org.br

Alguns Centros de Preservação:

• Centro de Cultura, Documentação e Pesquisa do Espiritismo Eduardo Carvalho Monteiro- São Paulo (11) 5072-2211

• Instituto de Cultura de São Paulo – Lapa – São Paulo (11) 3834-6225

• Centro de Documentação Espírita do Ceará - kleinfi [email protected]

• Centro de Memória e Documentação Espírita Antonio Lucena, Rio de Janeiro (21) 2224-1060

Acervo do CCDPE: registros dos materiais históricos do espiritismo

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Lar Emmanuel comemora 50 anos de fundação

Por ELIANA HADDAD

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1- Mais de 300 convidados prestigiam o evento

2- Reencontro entre antigas crianças do Lar e voluntária

3- Mestre de cerimônia e presidente da Casa

4- Homenagens das crianças

5- Voluntários da Casa: nova e velha guarda

6- Fundação Salvador Arena, parceria que deu certo

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IDE EditoraTel.: (19) 3541-0077www.idelivraria.com.br

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Mentores de André Luizde Isabel Scoqui280 páginas14x21 cm

Visão Espírita da Bíbliade J. Herculano Pires104 páginas14x21 cm

Voluntários (Coleção Espiritismo na Universidade)de Jáder dos Reis Sampaio248 páginas16x23 cm

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a noite de 30 de março, o Lar da Criança Emmanuel, em São Bernardo do Cam-po, SP, recebeu mais de

300 convidados para comemorar os seus 50 anos de fundação.

Estiveram presentes autoridades mu-nicipais e estaduais, diretores, funcio-nários, voluntários, familiares e alunos, empresários, parceiros e amigos da en-tidade que em clima de muita alegria e gratidão se confraternizaram, festejando os desafi os e conquistas da emocionante história da instituição, por onde já pas-saram mais de 2.500 crianças.

A cerimônia, apresentada pelo radia-lista George De Marco, teve início com o Hino Nacional, seguida de um jogral apresentado pelas crianças do Lar, sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente. Apresentou um vídeo institucional com os principais momentos dos 50 anos de história da instituição, em agradecimen-to a todos os que com ela colaboraram, convidando novos parceiros para a ma-nutenção e ampliação da obra, sempre em busca de apoio para a realização de novos sonhos.

O presidente do Lar Emmanuel, Adão Ribeiro da Cruz, enalteceu as ações sempre direcionadas ao atendi-mento às crianças, adolescentes e seus familiares. “Sabemos que a construção desta maravilhosa obra só foi possível graças ao esforço, sacrifício, dedica-ção e trabalho, com muito amor, dos fundadores desta instituição, que tive-ram visão do futuro”. Segundo ele, se ampliado, o Lar Criança Emmanuel ainda tem muito por fazer. “A institui-ção tem projetos para melhoria e am-pliação do atendimento, mas para que esses projetos se concretizem, precisa-mos de um fator muito importante, que é a parceria, para que iniciativas, como essas do Lar Emmanuel, cres-çam e façam a diferença, no presente e no futuro de nossas crianças e adoles-centes”– alertou.

Entre as várias homenagens, a jorna-lista Izabel Vitusso, vice-presidente do Lar Emmanuel, emocionou o escritor Raymundo Espelho, seu pai, um dos fundadores da instituição. “Sabemos que para isso acontecer, foram necessários o esforço e a dedicação de pessoas especiais. Eles superaram muitos obstáculos e so-mente com a ajuda de amigos, esse pro-pósito pôde ser alcançado”, destacou, ci-

tando a importância do trabalho iniciado pelo grupo formado pelos fundadores Sr. Alberto D’Angeli, Milton Tenório Ca-valcanti, Andrés Garcia Guerreiro, José Correa Gomes, Álvaro Moreira e Expe-dito Teófi lo da Silva, Manoel Romero, Ismael Sgrignolli, Raymundo Espelho, José Perez Perez e muitos outros. “A maior parte deles não se encontra mais entre nós, mas nem por isso podemos

deixar de agradecer a todos”, homenage-ando todo o grupo pela ousadia e atitude que proporcionaram as condições iniciais para que o trabalho pudesse ser desenvol-vido ao longo dos anos.

Saiba mais sobre o Lar Emmanuel, veja o vídeo ins-titucional, presenteado a todos os que compareceram à comemoração (www.laremmanuel.org.br). Todos podem colaborar para dar continuidade a essa histó-ria. www.correiofraterno.com.br

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7- Incentivo à leitura

8- Espaço lúdico e arborizado

9- Ana Paula, mãe de Matheus: segurança

quanto ao que nossos fi lhos recebem

10- Afeto: diferença no desenvolvimento das

crianças

11- Projeto Jornada: atividades no período

oposto ao da escola

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onvenhamos que comple-tar 50 anos de idade, de

casado, ou de profissão, merece mesmo uma boa comemoração. E nos dias de hoje, uma instituição com a história e a importância do Lar da Criança Em-manuel chegar às bodas de ouro me-rece muita celebração! Afinal de contas são mais de 300 crianças em regime de creche e jornada complementar, numa valiosa parceria com a comunidade lo-cal, que recebe apoio à saúde, educação e lazer, além de ações sociais voltadas à família.

Fundado em 30 de março de 1960, o Lar abriu suas portas no dia 18 de outubro de 1964, com a presença de amigos e autoridades do município. Naquela mesma noite, a casa recebeu as primeiras quatro crianças, que já esta-vam, aliás, abrigadas nas casas de alguns membros do grupo de idealizadores – um grupo formado, inicialmente, por um grupo de idealizadores.

Raymundo R. Espelho, hoje com 73 anos, quem conta: “Quando cheguei em São Bernardo do Campo, em 1959, vindo de Catanduva, SP, praticamen-te na mesma época em que veio meu amigo do movimento espírita, Ismael Sgrignolli, fomos participar do Centro Espírita Emmanuel, em São Bernardo, o único existente até então, na cidade.

Nesse grupo, já existiam estudos para se fundar um lar para crianças órfãs. Mas não tínhamos dinheiro e tão pouco o terreno. O grupo tomou então conhe-cimento de que havia uma família espí-rita que possuía terras na zona rural da cidade. Era uma trilha para pedestres e carroças. Não havia ônibus e os veículos eram raros.”

O casal Felipe e Leonor de Freitas Audi doou parte de suas terras – cer-ca de 6.000 metros quadrados – onde se iniciou a história da instituição. Em Assembléia Geral realizada no Centro Espírita Emmanuel, o projeto de um lar para crianças órfãs passa oficialmente a existir, tendo assim sido aprovado seu es-tatuto, eleitos os 33 primeiros membros do Conselho Deliberativo, Conselho Administrativo e sua primeira Diretoria. Juntos, eles venceram barreiras e deixa-ram marcas nesses 50 anos de história do

Lar, por onde já passaram mais de 2.500 crianças.

“A primeira criança – lembra seu Belmiro Toneto – foi o Roberto, que chamávamos de Xerife, por ser um me-nino bem grande”.

Os bercinhos, que aos poucos iam sendo ocupados, tinham diversas pro-cedências. Alguns doados, pela indústria moveleira na cidade, e outros usados, doados pela comunidade. Os colchõe-zinhos, porém, foram feitos com as es-pumas e os retalhos de tecidos doados como sucatas. Maria Aparecida Mon-toro Toneto, dona Cida, esposa de seu Belmiro Toneto, conta que as flanelas usadas para a limpeza das peças nas in-dústrias eram clareadas e delas saíram muitos pijaminhas para as crianças. “Fazíamos no Lar mesmo as costuras. Enquanto uma cortava a outra ia costu-rando”. Essa tarefa teve a grande dedica-ção de outras companheiras, como dona Janete Rodrigues Sgrignolli, Célia Gui-marães, Clarice Toneto, Maria Elena S. Rodrigues e de outras voluntárias, em sua maioria esposas dos diretores.

“Como não existia linha de ônibus para o Lar, a gente vinha com o seu Cor-rêa [José Corrêa Gomes], presidente na época. A diretoria vinha toda para tra-balhar. Lembro-me que o Ismael [Sgrig-nolli], um homem estudado, assim

como o Raymundo, todo mundo aju-dava no concreto” – recorda dona Cida.

Todos os profissionais e voluntários que passaram pela instituição, ao longo desse tempo, prestaram seus serviços e exemplificaram o verdadeiro amor de-sinteressado nas suas mais diversas ativi-dades. Um dos casos mais impactantes, e que exemplifica bem o valor do Lar, é o de Maria Geni Francisco. Em 1972, ela era a mais velha dentre os quatro irmãos órfãos, acolhidos pelo Lar. Geni perma-neceu no Lar até os 23 anos, de onde saiu casada. Então, fez faculdade de pe-dagogia e, formada, voltou ao Lar em 2003, onde hoje trabalha como diretora da creche. “Lembro que o Lar era muito bonito, bem cuidado. O chão era um ‘brinco’ e hoje, eu procuro fazer a mes-ma coisa. Minha vida foi de aprendiza-do. Aqui eu tive só que dividir o amor com um montão de crianças. O que eu recebi no Lar tento dar para essas crian-

Lar da Criança Emmanuel

Da REDAÇÃO

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Belmiro Toneto, homenageado pelo primeiro secretário Vladimir Gutierrez

Aparecida Toneto:

pijaminhas com flanelas

doadas

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ças hoje. Olhando para trás, eu gostaria de ter tido mais entendimento, ter acei-tado melhor algumas coisas, porque se eu perdi minha mãe aos 5 anos, eu cresci e tive meus irmãos próximos de mim. Se não tive um pai presente, tive uma outra estrutura que me acolheu. Eu só tenho a agradecer. Tudo veio a seu tempo. Ama-durecer é assim” – afirma Geni.

Em meio século, o Lar teve um progresso gigantesco. Até os Anos 80, talvez em virtude de ser internato, as crianças chegavam subnutridas e enfer-mas. A mudança para o sistema de cre-che, com as crianças convivendo com seus familiares, trouxe vida nova para a Casa e uma integração maior com a co-munidade, compartilhando-se maiores responsabilidades.

O atual presidente do Lar, Adão Ri-beiro da Cruz, lembra que as conquis-

tas alcançadas acabaram envolvendo até parceiros, como o governo japonês, que

possibilitou a instalação de uma nova unidade para ampliar o atendimento à comunidade, em dezembro de 2008. “Agora as crianças podem ficar até os 14 anos. Elas vêm nos horários alternativos aos da escola, como complementação dos programas educativos. Temos refor-ço escolar, atividades de arte, em mo-derno atelier, biblioteca, capoeira, artes marciais, atividade com violão e música, e estamos planejando também aulas de educação física”– explica o presidente.

São 50 anos de muitas e boas recor-dações de gente disposta, que atendeu ao chamado de ajuda de uma obra que crescia e ampliava o número de seus as-sistidos, necessitando sempre de novos colaboradores.

“Cheguei do interior aqui em São Bernardo em 1945. Frequentava um centro espírita na Vila Maria, em São Paulo. Foi quando soubemos do Lar que ia receber crianças e precisava de ajuda. Pegamos o trabalho com amor. A gente trabalhava com prazer mes-mo, que rendia”– recorda seu Pedro, 79 anos, o irmão mais velho da família Toneto.

Segundo sua esposa, dona Clarice Toneto, as histórias pessoais e a do Lar muitas vezes acabam se misturando. “O Lar foi muito importante para nossa vida. Aumentou nosso amor ao próxi-

mo. Eu adorei trabalhar assim, no que eu fiz. A história dessa Casa faz parte de nossa vida”, completa.

Vidas como a de dona Ruth Manzi-ni, que chegou para ajudar na adminis-tração dos serviços e pessoas, por muitos anos, tratando a todos com muito cari-nho e conhecimento de causa. Ela per-maneceu por décadas no Lar, até a sua desencarnação.

Ou a de Leonor Antoniassi (Tia Lolô), uma das mais antigas trabalhado-ras da casa, que chegou em 1972. Veio do interior à procura de emprego. Hoje, aos 75 anos de idade, ainda na ativa, sen-do umas das responsáveis pela elabora-ção das mais de 25 mil refeições mensais servidas, lembra que quando veio para o Lar havia em torno de 60 crianças. Ela conta: “Sempre gostei daqui. Nunca faltou comida nessa dispensa. Sempre aproveitamos tudo, inventando cardá-pios que as crianças gostam. Meu dia até

hoje começa cedo. Levanto às cinco, às seis já estou fazendo o café. Às oito já co-meçamos o almoço. Mas se tivesse que mudar alguma coisa na minha vida, não mudaria nada” – conclui.

Os depoimentos são unânimes em admitir que os eventos beneficentes ti-nham múltiplas funções, muito além de apenas arrecadar fundos para os projetos do Lar. Dentre elas a de propiciar que muitos passassem pela Casa e conhe-cessem a qualidade do trabalho que ali era realizado, o que tornava o Lar uma referência.

Esposa de Ismael Sgrignolli (desen-carnado na década de 80), Janete Ro-drigues Sgrignolli compara o trabalho desses anos todos como ao do passari-nho, que leva água no bico para apagar um incêndio. “É pouco, mas ele faz a sua parte. Pelo menos essas crianças tive-ram um futuro diferente. Muitas teriam apenas a rua” – assinala.

Este “trabalho de passarinho” conti-nua. Esta história não acaba aqui. Meio século de conquistas merece mesmo muita celebração, pois solidificam e pa-vimentam a estrada do Lar da Criança Emmanuel para mais 50, 100, muitos anos de amor ao próximo.

Para saber mais: fone (11) 4109-8938www.laremmanuel.org.br

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L50 anos mais que especiais

Presidente Adão Ribeiro: trabalho pela ampliação das atividades

Janete Sgrignolli, uma das pioneiras, e Geni Francisco, diretora da creche

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busca pela participação ativa e construtiva na sociedade se-ria, à primeira vista, o motivo

principal do interesse pela atividade vo-luntária. Cada vez mais presente na vida de pessoas que, em meio à correria dos seus afazeres, arrumam um tempo para se dedicar ao próximo – auxiliando em creches, asilos, hospitais, alfabetização de adultos, oferecendo consultas gratui-tas – o trabalho voluntário vai ganhan-do cada vez mais status, ao revelar uma admirável diferença nos indivíduos que valoriza e agrada: a disposição de fazer algo que se encaixe no espírito de soli-dariedade.

Na verdade, outros fatores também estão em jogo quando se fala em volun-tariado. Embora por definição o volun-tário seja aquele que doa seu trabalho, suas potencialidades e talentos numa função específica, ele é também aquele que se beneficia com essa atitude, pre-enchendo muitas vezes um vazio, uma inquietação interior. O trabalho volun-tário – por vontade – proporciona gran-de satisfação pessoal pelo próprio desafio que representa, ou até mesmo, algumas vezes, infelizmente, pela rota de fuga em que se transforma ao mascarar dificul-dades no enfrentamento de problemas individuais e familiares.

O psicólogo mineiro Jáder dos Reis Sampaio se inquietou com o assunto. Quis saber o que havia por detrás de tudo isso, o que motivava as pessoas a encontrar tempo para se dedicar es-pontaneamente a buscar soluções para resolver ou amenizar as dificuldades e sofrimentos alheios. Acabou acompa-nhando o trabalho de uma organização do Terceiro Setor, administrada volunta-riamente por integrantes do movimento espírita retratando consequentemente a visão de mundo do espírita brasileiro

VOLUNTARIADOSociedade solidária, gente feliz

Por ELIANA HADDAD

com seu sentimento de respeito e amor ao próximo. Sua tese de doutorado Vo-luntários - Um estudo sobre a motivação de pessoas e a cultura de uma organização do Terceiro Setor, defendida em 2004, na Faculdade de Economia e Administra-ção e Contabilidade da Universidade de São Paulo, é o primeiro trabalho publi-cado pela série Espiritismo na universida-de (Editora Unifran), que acaba de ser lançada com renda destinada ao Centro de Cultura Documentação e Pesquisa Eduardo Carvalho Monteiro (www.ccdpe.org.br), com sede em São Paulo, referencial para consultas de documen-tos, livros, artigos e pesquisas sobre a doutrina espírita.

Segundo Nadia Luz, coordenadora do projeto pela Universidade de Franca, em São Paulo, o movimento do Terceiro Setor que nasceu de modo espontâneo na sociedade, vem marcando seus passos na história, “uma ocorrência natural que se formou, a princípio, quase que instin-tivamente, sem qualquer conhecimento dos tradicionais processos de gestão ad-ministrativa”– analisa.

Foi exatamente o que ocorreu com as obras assistenciais espíritas. Muitas, fundadas há longas décadas, como é o caso do Lar da Criança Emmanuel (50 anos) e tantas outras espalhadas por todo o Brasil (veja ao lado), foram fun-dadas simplesmente no desejo de ajudar, de modo empírico com muito trabalho e vontade, por gente disposta a traba-lhar, a fazer o bem como imperativo da caridade cristã, um impulso irrefreável de auxílio fraterno a crianças, idosos e doentes. Assim nasceram tantas creches, asilos e hospitais espíritas. Pequenos grupos que originaram obras que hoje são gigantescas, pioneiros que ajudaram a divulgar a ideia do espiritismo como algo realmente bom para a sociedade, si-

nônimo de abrigo, enxovais, sacolinhas, sopas, aconchego e carinho. Todos eles advindos de muita luta, como verdadei-ros bandeirantes sociais da época, en-frentam atualmente o grande desafio de acompanhar a modernidade, sem perder o sentimento de amor fraterno com que foram criados.

“Há necessidade de conhecimento mais substancial da cultura das organiza-ções de Terceiro Setor, antes de se propor a adoção de técnicas de gestão oriundas do meio empresarial”, recomenda Jáder Sampaio em sua tese de doutorado. Na sua grande maioria, passados os tempos de promoção social, idealizada pelos fundadores, as instituições são impul-sionadas a desenvolver um trabalho am-pliado no conceito atual de educação in-tegral do ser, em parceria com a família e a sociedade. De um modo geral, elas se deparam atualmente com um enorme desafio: manutenção de suas atividades em parceria com o poder público e priva-do, dilatando espaços de ação voluntária que envolva as mais diversas atividades. Afinal, há trabalho para todos, motivo pelo qual o papel do Terceiro Setor vem ganhando notoriedade, acenando para

uma cidadania empresarial, que auxilie a manutenção e o desenvolvimento de todo o conjunto de organizações sem fins lucrativos.

O trabalho é coletivo, haja vista o pró-prio Estatuto da Criança e Adolescente, Lei Federal nº 8069 (13/07/1990), que determina no seu Art. 4º: é dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.

Segundo Jáder, o Terceiro Setor é um segmento a ser compreendido atenta-mente por administradores, em especial, e pelos muitos saberes acadêmicos em geral, para que possa vir a somar o seu potencial de motivação e realização das pessoas que nele atuam com ações sociais mais efetivas e transformadoras da socie-dade brasileira. “É um setor que tem suas singularidades, por isso o maior desafio é a constituição de uma proposta de gestão dentro das teorias administrativas que considere as suas singularidades sem per-

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Casal Pedro e Clarice Toneto com

Tania Teles: encontro de gerações no

trabalho voluntário

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der de vista a sua efetividade”.Ser voluntário hoje está na moda,

numa verdadeira explosão de concei-tos, que inclusive valorizam currículos, transformando hábitos, mudando-se o olhar que já não é mais o do “eu faço e você recebe”, mas o do “que bom que você existe para me permitir ser útil e solidário”. É uma troca, segredo que só quem vivencia conhece.

Para saber mais:Tese sobre voluntários: www.correiofraterno.com.brOutras teses espíritas: www.febnet.org.br no item Biblioteca/ Pesquisas.

O trabalho está alicerçado em prin-cípios morais, principalmente no amor. Não se pode esquecer que é lei natu-ral, divina, seja ele físico ou intelectual, exemplicado por Allan Kardec em O evangelho segundo o espiritismo, ao lem-brar as máximas “ajuda-te que o céu te ajudará” e buscai e achareis”. Fácil é per-ceber que a necessidade do trabalho está na essência do espírito para que por seu

mérito possa fazer sua caminhada para o progresso.

“Se Deus houvesse isentado o homem do trabalho do corpo, seus membros esta-riam atrofiados; se o houvesse isentado do trabalho da inteligência, seu espírito teria permanecido na infância, no estado de ins-tinto animal; por isso, lhe fez do trabalho uma necessidade”, bem disse Allan Kardec no Cap. XXV, item 3, de O evangelho.

Não podendo haver evolução sem trabalho, a cada um cabe realizar a sua parte, para o progresso individual e cole-tivo. Como puder. E quando quiser. O que importa é semear. A recompensa é outra questão.

Nancy Puhlmann de Girolamo, membro do Conselho Orientador da Instituição Bene-ficente Nosso LarO desafio das instituições é mudar para progredir. Para continuar é preciso estar aberto para mudan-ças, para que não se corra o risco de cair e escor-regar. É preciso equilíbrio – reverenciar a história, mas estar com os olhos no presente, com visão de futuro. Outro ponto importante é a qualificação do voluntariado. Voluntário despreparado acaba atrapalhando.

Maria Elena Rodrigues, antiga voluntária do Lar da Criança Emmanuel O trabalho voluntário pode ser definido como uma participação prazerosa, feliz. O ser humano é maravilhoso, tem muito amor para dar. Dedicação ao próximo é dedicação a si mesmo, uma opor-tunidade de colocar para fora tudo o que ele tem de bom. É o amor em movimento. Para isso que fomos criados.

Raymundo Espelho, um dos fundadores do Lar da Criança EmmanuelComecei no Lar Emmanuel com 20 e poucos anos, buscava a melhor forma de plantar sementes. E a assistência à criança veio ao encontro dessa nos-sa expectativa. Nunca foi fácil uma instituição ter muitos voluntários. As pessoas eram sempre pou-cas para muito trabalho. Minha esperança é que os mais jovens substituam os mais idosos, que já estão partindo, porque as obras têm que continuar. Silvio Simonaggio, advogado, empresário com forte atuação na área de Responsabili-dade SocialApoiar obras sociais é uma questão simples, deve fazer parte das nossas atividades. O retorno não é do empresário, pois a vida empresarial e o trabalho são ferramentas de burilamento do espírito; im-portante mesmo é salvar vidas. O termo responsa-bilidade social é só uma atualização para o mundo empresarial. “Na verdade isso se chama fraternida-de, solidariedade, e vem da educação, da alma.”

Julia Maria Tube, do Grupo Fraterno Nossos Filhos, Nossos Amigos, Nossos Irmãos

Voluntário para mim, é uma pessoa que acredita numa causa, doa parte de seu tempo e trabalha por ela. O ato de servir ao próximo, ouvindo e conso-lando as pessoas que chegam com a perda de entes queridos como nós, é uma troca de experiências incomparável. Só a fé em Deus e o conforto dos amigos nos fazem voltar à tona.

Geraldo Ribeiro, vice-presidente do Grupo Espírita BatuíraTemos 800 voluntários. Há sempre trabalho, é o que não falta. Já vimos muito morador de rua que falava três idiomas e se perdeu na vida. Hoje, mui-tos ex-assistidos são voluntários do Grupo Espírita Batuíra. É preciso dar oportunidades de mudanças, de retomar a vida. Quando se oferece aos assistidos, por exemplo, uma atividade de artesanato, uma te-rapia ocupacional, isso pode ser um estímulo para se iniciar uma profissão. É a busca da valorização do ser humano, de cuidar da sua autoestima. É preciso se sentir útil. Já dizia o Espírito Batuíra, “ o remédio para tudo é trabalho, trabalho, trabalho”.

O que eles dizem

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Nancy Puhlmann de Girolamo

Raymundo Espelho

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uma manhã de 1868, Allan Kardec recebeu entre suas cartas uma brochura intitulada: “O

fim do mundo em 1911”. O Autor che-gou a essa conclusão por meio de cálcu-los cabalísticos baseados nas profecias de um célebre profeta alemão, Holzauzer, nascido em 1613. Kardec comentou: “Será o fim em quarenta e três anos. Quer dizer, entre os vivos de hoje, mais de um será testemunha dessa grande ca-tástrofe”.

Folheando a brochura, o codifica-dor encontrou uma citação de O livro dos espíritos anunciada como prova: “Abri a obra de Allan Kardec e lereis na primeira página: ‘Os Espíritos anunciam que os tempos marcados pela Providência, para uma manifesta-ção universal, são chegados”.

1911 passou, e tudo está aí. Devem os espíritas, porém, temer a data de 2012, ultimamente anunciada como o verdadeiro fim do mundo?

Kardec explicou aquela citação da brochura, na Revista Espírita de 1868: “Os Espíritos, em lugar de dar o alarme, vêm trazer a esperança. Os Espíritos não puderam impedir de anunciar que os tempos marcados pela Providência eram chegados; mas não querendo falar do fim do mundo, o que não entra de ne-nhum modo em seu sistema, eles acres-centaram: para a regeneração universal da Humanidade”.

Pela noite, na Sociedade de Estudos

Tudo pronto para

2012?Por PAULO HENRIQUE DE FIGUEIREDO

N Espíritas de Paris, presidida por Kardec, o eco das gargalhadas chamou a atenção do Espírito Jobard: “Gritava-se: o fim do mundo! Ouvi a voz de vosso presidente e meu amigo, que lia algumas passagens de uma brochura onde se anuncia o fim do mundo como muito próximo. O as-sunto me interessou; escutei atentamen-te, e, depois de ter maduramente refle-tido, venho vos dizer: Sim, senhores, o fim do mundo está próximo!”.

Trema na cadeira, caro leitor! O espírito confirmou a profecia! Toda-via, vamos ter a delicadeza de conti-nuar a ouvir suas justificativas: “Se a preocupação do fim do mundo terri-fica os medrosos de vosso mundo, ela fere igualmente os seres atrasados do mundo espiritual... Mas de que mun-do é o fim? Será o fim do mundo da superstição, do despotismo dos abusos mantidos pela ignorância, da malevo-lência e da hipocrisia; será o fim do mundo egoísta e orgulhoso, do pau-perismo, de tudo o que é vil e rebaixa o homem”.

Deus jamais destruiria o planeta, jus-to agora que a obra de Jesus se aproxi-ma de um desfecho. A morte não existe! Terra e céu se unem para regenerar a hu-manidade pela justiça, amor e caridade. Não tema chuvas e terremotos. Numa sessão mediúnica, perguntei a um es-pírito amigo sobre esses sinais, e ele es-clareceu: “Serão fortes o suficiente para despertar os que dormem, conscienti-

zando-os de que a vida não se constrói com bens comprados pelo ouro, mas pelos valores imortais da alma”.

Que assim seja.

Envie sua dúvida para [email protected]. Teremos o imenso pra-zer de pesquisar. Esta coluna está aberta a outras respostas e complementações.

Tenho visto livros, filmes e até pesquisadores dizendo que o mundo vai acabar em 2012. O Espiritismo confirma?Pergunta de Gustavo Cardoso de Almeida, de São Paulo/SP, por e-mail.

Que tempos são chegados?

No livro A gênese, Allan Kardec dedica um capítulo inteiro para falar das transformações dos mundos. Sob o título São chegados os tempos, reúne 35 itens sobre o tema, tendo a colaboração dos espíritos Arago e Doutor Barry, esclarecendo o próprio pesquisador sobre quais seriam esses sinais e como poderia ser afinal reconhecida a nova geração que comporia o quadro de uma morada de regeneração.

Diz Arago que tudo na criação é harmonia; tudo revela uma previ-dência que não se desmente, nem nas menores, nem nas maiores coi-sas, motivo pelo qual temos, pois, que afastar toda ideia de capricho, por ser inconciliável com a sabedoria divina. “O progresso da Humani-dade se cumpre, pois, em virtude de uma Lei, sábia”, avisa. “Quando a humanidade está madura para subir um degrau, pode dizer-se que são chegados os tempos marcados por Deus; eles chegam para a maturação dos frutos e sua colheita”, resume.

Já segundo o Espírito Doutor Barry, é mesmo certo que a humanida-de se transformará, como já se transformou em outras épocas, e cada transfomação se assinala por uma crise, sempre seguida de uma fase de progresso material e moral. A agitação é dos encarnados e desencarna-dos. “Dá-se então durante algum tempo verdadeira confusão geral, mas que passa como um furacão, após o qual o céu volta a estar sereno, e a humanidade, reconstituída sobre novas bases, imbuída de novas ideias, começa a percorrer nova etapa de progresso”. E ainda acrescenta: “É nesse período que o Espiritismo florescerá e dará frutos”.

“O espiritismo não cria a renovação social”, adverte Kardec. A madureza da Humanidade é que fará dessa renovação uma necessi-dade. Tempos de mudança, de reflexão, de crise, de oportunidade de regeneração.

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ENSA

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A dança da ingratidãoonta-nos a História (assim, com H maiúsculo por ser fato real), que no século I a.C., o impera-

dor romano Julio César foi vitimado por uma conspiração dos senadores que pre-tendiam tirar-lhe do cargo. Ao reconhe-cer entre seus algozes seu próprio fi lho adotivo, Marcus Brutus, Julio César teria proferido a famosa frase: “Até tu, Brutus, fi lho meu?”. A cena entrou para a poste-ridade e fi xou-se no imaginário popular primeiramente por simbolizar a traição, quando costumamos dizer que fomos “apunhalados pelas costas”; segundo, também, por traduzir a desilusão causa-da pela ingratidão, conforme a dolorida expressão do imperador dirigida a seu fi -lho – e sempre a usamos, ainda que nos-so traidor se chame João ou Maria.

O autor francês, Charles Pinot Du-clos (1704-1772), assim escreveu sobre o tema: “A ingratidão consiste em esque-cer, desconhecer ou reconhecer mal os benefícios, e se origina da insensibilida-de, do orgulho ou do interesse”. Curioso notar as origens que Duclos apresenta para a ingratidão, com destaque para o orgulho, velho conhecido nosso. Velho “adversário da humanidade”, como sa-lientou Lacordaire, no capítulo VII de O Evangelho segundo o espiritismo, item 11. Em seguida, no item 12, é a vez de Adolfo, bispo de Argel, apresentar o or-gulho como fonte de todos os nossos males. E um destes males que dissemi-namos diariamente é, sem dúvida, a ingratidão.

Somos ingratos quando esquecemos as coisas boas que nos fazem. Somos in-gratos quando discutimos com nossos pais. Somos ingratos quando “passamos por cima” de nossos colegas de trabalho, na ânsia de defendermos nossos pontos de vista – quando, em verdade, defen-demos apenas nosso orgulho. Somos ingratos quando viramos às costas para os problemas do outro. Somos ingratos ao exigirmos que nosso próximo, seja ele quem for, seja perfeito, já que somos ingratos, justamente, por sermos moral-

CPor GEORGE DE MARCO

mente imperfeitos! É o que nos ensina O livro dos espíritos, nas questões 937 e 938. Ali, aprendemos que o egoísmo é o pai da ingratidão. Como podemos ob-servar, então, damos morada a uma fa-mília da pesada em nossos corações. Esta família costuma fazer uma verdadeira festa com nossas emoções, levando-nos a cometer erros contra nosso próximo que se convertem em malefícios contra nós mesmos – e disso já não há mais dú-vida. Nesta festa, o orgulho é o anfi trião, o egoísmo espalha seu veneno e a ingra-tidão nos faz dançar a valsa da desilusão.

E por que nos desiludimos? Emmanuel é franco e direto: Nos desiludimos por-que esperamos muito de nosso próxi-mo. Temos o estranho hábito de esperar sempre algo em troca pelo bem que fi -zemos ou, simplesmente, pela amizade que dedicamos. Mas, se esperamos algo em troca, que bem que fi zemos? Que amizade sincera dedicamos?

Há uma grande difi culdade nos-sa em nada esperar do bem praticado, pois temos uma necessidade enorme de sermos amados, estimados, queridos, idolatrados – salve, salve! E aí, nosso

egoísmo, nosso anfi trião, nos coloca nessa rota dolorida, que nos levará ao encontro de corações endurecidos como os nossos. O melhor, então, é perseverar na prática do bem, evitando participar da festa que aquela família da pesada promove diariamente, sendo os contro-ladores de nossas emoções, e não o con-trário, conhecendo-nos a nós mesmos.

Sejamos felizes no que fazemos, pois o que foi esquecido hoje será lembrado amanhã. E, se assim não for, mais sofre-rá o ingrato do que aquele que sofreu a ingratidão. Por isso, os ingratos são dig-nos de pena, e não de revolta, pois terão sua solidão para vivenciar suas dores, em resposta às suas ações infelizes, sempre movidas pelo egoísmo.

Seu amigo lhe abandonou à própria sorte? Então ele nem era assim tão seu amigo! Lamentar o quê? Seu colega de trabalho faz de tudo para lhe derrubar? Deixe-o em sua gana, que ele se destrui-rá sozinho. Continue fazendo sua parte e logo encontrará corações mais afeitos ao seu, pois espíritos afi ns se reconhe-cem e se (re)encontram, em primícias da felicidade que queremos compartilhar eternamente. E desta felicidade estão excluídos os elementos daquela “família” – o egoísta, o ingrato, o orgulhoso. Re-lembremos as palavras contidas na ques-tão 938a: “Lastimai os que usam para convosco de um procedimento que não tenhais merecido, pois bem triste se lhes apresentará o reverso da medalha. Não vos afl ijais, porém, com isso: será o meio de vos colocardes acima deles”.

Mas não tapemos o sol com a penei-ra! Não culpemos o próximo por nossas falhas e busquemos sinceramente exter-nar o amor – sentimento que nos ele-va, nos modifi ca e nos faz feliz. Pois na dança da ingratidão um dia somos Julio César, mas, na maioria das vezes, somos Brutus mesmo...

George De Marco é jornalista, publicitário e radialista. Realiza atividades como expositor e educador de mocidade espírita. E-mail: [email protected]

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8º Encontro Amigos da Boa NovaDia 21 de abril, das 9 às 18h, comemoran-

do os 10 anos do Clube Amigos da Boa Nova. Com apresentação dos comuni-cadores e equipe de programação da Rádio Boa Nova, teatro e muita música.

Local: Internacional Eventos Espaço Prysma – Rua João Cavalari, 133 – Ponte Grande, Guarulhos, SPwww.radioboanova.com.br

Feira de Livros com palestra de André TrigueiroDias 29 e 30 de maio, Grande Feira de Li-

vros na Instituição Benefi cente Nosso Lar, em homenagem ao centenário de Chico Xavier, com a presença de autores consa-

grados. No dia 29, o jornalista André Tri-gueiro autografará o livro Espiritismo e ecologia (Feb) e realizará palestra sobre o tema. Local: Praça Floren-ce Nightingale, 56 - Jardim da Glória, São Paulo-SP. www.ibnossolar.org.br

Inscrição de trabalhos científi cos para o 6º EnlihpeDias 21 e 22 de agosto, acontece em São Paulo o

6º Encontro da Liga de Pesquisadores do Espi-ritismo, sobre o tema “O espiritismo visto pe-las áreas de conhecimento atuais”. O Encon-tro valoriza o debate em torno de trabalhos

acadêmicos voltados à temática de fronteira com o Espiritis-mo, além do incentivo a publicações. Os trabalhos deverão ser enviados para o e-mail [email protected] até o dia 30 de maio. A avaliação será feita utilizando-se o sistema Double Blind Review, por membros do Comitê Científi co do encontro. As áreas temáticas para a submissão dos trabalhos são: Memória do Espiritismo; Filosofi a e Pen-samento Espírita; Educação e Espiritismo; Física e Psicolo-gia dos Fenômenos Espirituais; Saúde Mental e Espiritismo; Ações Sociais e Intervenções na Comunidade; Administra-ção do Centro Espírita; Movimento Espírita Brasileiro e Internacional; Antropologia do Movimento Espírita. www. espiritismocomentado.blogspot.com

II Encontro Caminhos do Espiritismo - Do Hoje ao Amanhã

Num trabalho de parceria entre convidados e membros da Associação Caminhos para

o Espiritismo, será realizado nos dias 29 e 30 de maio o II Encontro Caminhos do Espiritismo Do Hoje ao Amanhã. Com

atividades simultâneas, conferências, mesas-redondas e ofi cinas. Presenças confi rmadas: Saulo Gomes, Franklin Santana, Dora Incontri, Luiz Signates, Ota-ciro Rangel, Ailton Balieiro, Leopoldo Daré e mui-to mais. Local: Faculdades COC, Rua Abrahão Issa Halack, 980, Ribeirão Preto, SP. Informações: www.caminhosparaoespiritismo.org.br.

SOLUÇÕES

Acesse a Agenda Eletrônica Correio Fraterno e fi que atuali-zado com o que acontece no meio espírita. Participe.

www.correiofraterno.com.br

qualquer hora, em qualquer lugar

Dias 29 e 30 de maio, Grande Feira de Li-vros na Instituição Benefi cente Nosso Lar,

grados. No dia 29, o jornalista André Tri-

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Num trabalho de parceria entre convidados e membros da Associação Caminhos para MAI

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Dias 21 e 22 de agosto, acontece em São Paulo o 6º Encontro da Liga de Pesquisadores do Espi-MAI

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Dia 21 de abril, das 9 às 18h, comemoran-do os 10 anos do Clube Amigos da Boa ABR

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ENIGMA

Que compositor respondeu da

Espiritualidade às dúvidas de Kardec

sobre música ?

CRUZADA DO CORREIOElaborado por Tatiana Benites e Hamilton Dertonio, especialmente para o Correio Fraterno

Resposta do Enigma:

Eventos do LarJantar dançante benefi cente 50 anos do Lar Emmanuel Dia 16 de abril, sexta-feira, às 20 horasLocal: Restaurante São Judas Tadeu – na rota tradicional do “Frango com polenta”. Av. Maria Servidei Demarchi, 1749 – São Bernardo do Campo-SP. Você se diverte e ainda colabora! Informações e convite: (11) 4109-8938. site:www.laremmanuel.org.br

Comemora-se seu

centenário em 2010

Emancipa-ção da alma

(plural)

Sigla de um estado brasileiro

Sentir pena

Possivel-mente

Qualidade, natureza

Escola de Comunica-ção e Artes

5ºmês do

ano

Consoantes de

“asma”

Segundanota

musical

Nome próprio

feminino

Símbolode

“Raio”

Móvel de quarto

Criador da teoria do

magnetismo animal

Cancelar

Símbolo de Oxigênio

Universidadede São Paulo

Revista Inter-nacional de Espiritismo

Sílaba de“ninho”

Consoantes de “soma”

Rápido

1 em inglês

Sílaba de“espírito”

Vogais de“sei”

Letrasinuosa

Primeira letra do alfabeto

Barcoa

vela

Consoantede

“rua”

Apelidode

José

Olha

Ligação

“Dentro” em inglês

Personagem do livro “A feira dos

casamentos”

Bezerra de-------

Médium de cura

---------Pires,

fi lósofo e escritor espírita

Raymundo -------,

Autor de “O pensamento de

Richard Simonetti”

Personagem do

livro “Nosso

Lar”

RossiniAs respostas do

compositor erudito italiano estão em A gênese “A música

espírita”Saiba mais www.

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MARÇO - ABRIL 2010 CORREIO FRATERNO 17

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AC

ON

TECEU

este ano em que se comemora o centenário do nascimento de Chico Xavier e de suas mais de

400 obras psicografadas, somos presen-teados, decorridos alguns anos dessas publicações, com brilhantes trabalhos de pesquisadores de diversas áreas do conhecimento que se debruçaram sobre esses livros.

Uma dessas estudiosas é Astrid Sayegh, que apresentou em 24 de março último, no Grupo Batuíra, em São Paulo, o tema A filosofia na obra de Emmanuel. Dou-tora em filosofia contemporânea pela USP e presidente do Instituto Espírita de Estudos Filosóficos, ela nos descorti-na em Emmanuel, muito mais do que o mentor de Chico Xavier e continuador da divulgação do espiritismo.

Através das obras ditadas por Emma-nuel, principalmente em O consolador, o mentor de Chico discorre, através do mesmo sistema de perguntas e respostas de O livro dos espíritos, sobre os princí-pios que norteiam o desenvolvimento das ciências, como a química, a biologia, a psicologia, a matemática, a educação, entre tantas outras. Classificando-as en-tre a busca de conhecimento através da observação da Natureza, as ciências abs-tratas, derivadas da razão humana, e as ciências aplicadas, que têm como obje-tivo missionário ou de resgate daqueles que a trazem à sociedade para auxiliar o homem em sua evolução espiritual, explica Emmanuel a impossibilidade que há, porém, de apreender a essência, a origem das ciências em estudo, posto ser de natureza metafísica e inapreensível através dos sentidos materiais.

Através de suas obras Emmanuel unifica as ciências, demonstrando como o homem, de origem divina, busca atra-vés de sua própria história, elevar-se, re-tornar a Deus. Como disse Jesus: “Eu e o pai somos um”. E quando Cristo nos

Por SANDRA CALDAS

N

Emmanuelo filósofo

pede: “amar ao próximo como a si mes-mo”, simplesmente nos pede que viven-ciemos através da empatia nossa igual-dade e unidade espiritual. Todos viemos de Deus, todos caminhamos para Deus que é a perfeição.

A prova de que cada um de nós, no transcurso de milênios, desenvolve-se sem perder sua individualidade, acumulando conhecimentos e experiências que jamais se perdem, aprimorando-se, está na pró-pria história das sucessivas encarnações de Emmanuel que foi senador romano, padre ou bispo por cinco vidas, e que no século 3 foi o filósofo Basílio de Cesareia, seguidor dos princípios filosóficos de Aristóteles, amigo de santo Agostinho, e que conseguiu traduzir os princípios cris-tãos através da filosofia grega, tendo escri-to sobre regras de conduta moral para os monges e jovens de sua época.

Chico Xavier, como médium, trazendo-nos pela psicografia as palavras de Emmanuel, nos pro-piciou a oportunidade bendita de também podermos nos debruçar sobre os ensinamentos tão pro-fundos desse grande espírito, que nos traz mais do que mensagens consoladoras, partes da Grande Verdade, da imanência de Deus em tudo que há.

Jornalista, colaboradora do Grupo Espírita Batuíra, São Paulo- SP

Ato público reúne 15 mil pessoas contra o aborto

No último 20 de março, o 4.º Ato Público em Defesa da Vida reuniu cerca de 15 mil pessoas em uma marcha da cidadania pela vida contra a legalização do aborto, no centro da cidade de São Paulo. A manifestação ecu-mênica e suprapartidária foi uma iniciativa do Movimento Na-cional de Cidadania pela Vida. O movimento se deve ao fato de estar tramitando na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 1135/91, que, se aprovado, libe-rará a prática do aborto no Brasil até o nono mês de gestação. As pesquisas mostram que 97% da sociedade brasileira é contra o aborto.

Sayegh: pesquisa sobre

a filosofia de Emmanuel

Grupo Espírita Batuíra: palestra em homenagem ao Chico

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18 CORREIO FRATERNO MARÇO - ABRIL 2010

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… Na cabeceira da cama da

minha filhaPor EDGAR FARADI

Por ALTAMIRANDO CARNEIRO

Malba Tahan,espírita e esperantistara madrugada de verão. Levan-

tei-me de repente da cama. Não estava sonhando, mas alguma

coisa me impulsionava. Como de cos-tume, fui ao quarto da minha filha, na época com dois anos, para ver se esta-va tudo bem. Levei um susto. Numa rapidez muito grande, mas suficiente para a minha percepção, vi uma se-nhora de cabelos brancos, puxados num coque, com um vestido estam-pado azul, sentada na cabeceira da sua cama. Lembro que ela tinha até um lindo colar, cheio de luz. Olhou para mim com muita ternura e tranquili-dade e sumiu. Fiquei todo arrepiado, meu coração disparou.

Minha filha estava bem, dormindo serenamente. Quando voltei ao meu quarto, sentei na cama ainda meio as-sustado e comentei com a minha espo-sa. “Vi uma mulher sentada na cama da Isabela”. Só então consegui racio-cinar e reconhecê-la. Era uma parente próxima, que havia desencarnado há algum tempo. Minha esposa, que é espírita, respondeu: “Vai ver que ela queria avisar alguma coisa”, ou então,

disse brincando, você a pegou de sur-presa, velando pelo sono da menina.

Dormimos um pouco preocupa-dos. Na manhã seguinte, nossa filha acordou com uma febre altíssima, fruto de uma inflamação de garganta, coisa comum de criança. E aí tivemos certeza de que a senhora esteve ali para as duas coisas: proteger a nossa filha e ainda deixar-nos atentos para o seu mal-estar que estaria por vir.

Essa história aconteceu com Edgar Faradi de São Paulo. Conte sua história também. Escreva para [email protected]

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Muitos não saberão dizer quem foi Julio César de Mello e Souza. Tam-bém ignoram que, apesar de não ter se definido como espírita praticante, aceitou os ensinamentos espíritas, tendo realizado conferências em inúme-ras instituições espíritas, inclusive na Federação Espírita Brasileira. Mas se dissermos que Julio César de Mello e Souza– que nasceu 6 de maio de 1895, no Rio, e desencarnou em Recife, em 18 de julho de 1947, onde estava a convite do Governo do Estado, realizando palestras a univer-sitários – adotou o pseudônimo de Malba Tahan, a maior parte se lembrará do notável escritor. Em virtude de sua admiração e paixão pelas histórias do Oriente, adaptou, em muitos de seus contos, as fantasias do clássico mundial As mil e uma noites, em livros como Lendas do deserto, Céu de Alá, O livro de Aladim, Lendas de oásis, o magistral O homem que calculava e outros títulos. De sua bibliografia, quase toda dedicada à matemática, constam 75 vo-lumes, em várias facetas, da literatura infantil, destacando-se, dentre outros: A girafa castigada (inspirada no Evangelho), O rabi, O cocheiro dos anjos de Deus, A pequena luz azul (conto árabe), Os sonhos do lenhador (conto chinês), O tesouro de Bresa (inspirado na Babilônia). Na cidade de Itaocara, RJ, ergueu-se, um monumento à Matemática, (único no mundo), sob a sua orientação. Malba Tahan procedia como verdadeiro cristão, dedicando-se à causa dos sofredores, especialmente dos hansenianos, tendo publicado, por mais de dez anos, a revista Damião, para o reajustamento dos portadores de han-seníase. Por toda a dedicação a essa causa, recebeu a Medalha de Vermeil da Associação Brasileira de Amparo aos Hansenianos. Visitou inúmeros leprosá-rios na campanha de reabilitação dos hansenianos, realizando conferências. Em Lisboa, recebeu o título de Leprólogo Honorário. No Brasil, recebeu idên-tico título, outorgado pela Colônia de Santa Isabel, de Minas Gerais. O casal Aldemar Veloso e Dinah, seus concunhados (espíritas), residentes no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro, mantiveram contato permanente com ele, inclusive na prática do Evangelho no Lar, tendo sido o responsável pela reali-zação de inúmeras de suas palestras, no Movimento Espírita do Rio de Janeiro. No Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, terminou o Curso Ginasial, fez o curso de professo primário do antigo Distrito Federal, na Escola Normal, hoje Instituto de Educação. Ainda no Colégio Pedro II, estudou Francês, Geogra-fia e Matemática, suas matérias preferidas. Lecionou Matemática para tur-mas suplementares no Colégio Pedro II. Foi também professor de Esperanto, tendo sido um dedicado esperantista. Casado em 1925, com Nair de Mello e Souza, o casal teve os filhos Rubem Sérgio (comandante da Marinha), Sônia Maria e Ivan Gil (enge-nheiro arquiteto).

Bibliografia: Pioneiros de uma Nova Era – Espíritas do Brasil, de Antonio de Souza Lucena, Ed.

CELD, Rio de Janeiro, 1977

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MARÇO - ABRIL 2010 CORREIO FRATERNO 19

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seguradora Swiss Re divulgou recentemente um estudo sobre as catástrofes naturais e tam-

bém aquelas provocadas pelo homem ao longo de 2009 em todo o planeta. Os números são instigantes: houve 133 catástrofes naturais e 155 causadas pelo homem, com 15 mil vítimas fatais e U$ 62 bilhões de dólares em prejuízos. A tabulação dos dados não compreendeu os estragos causados pelos recentes ter-remotos registrados no Haiti e no Chile. O interesse das seguradoras em divulgar essas informações é evidentemente co-mercial. Quanto mais o mundo parecer hostil ou ameaçador, maior a importân-cia de se fazer seguro.

Aos espíritas, cabe a devida contex-tualização desses episódios lamentáveis, a fi m de que se perceba com maior lu-cidez o que de fato acontece, e por quê. Em mensagem psicografada por Dival-do Pereira Franco no dia 30/07/2006, no Rio de Janeiro, Joanna de Ângelis nos trouxe a seguinte informação: “Opera-se, na Terra, neste largo período, a gran-de transição anunciada pelas Escrituras e confi rmada pelo Espiritismo. O pla-neta sofrido experimenta convulsões especiais, tanto na sua estrutura física e atmosférica, ajustando as suas diver-sas camadas tectônicas, quanto na sua constituição moral”. Entre outras con-siderações importantes, Joanna lembra que a melhor maneira de compartilhar conscientemente da grande transição “é através da consciência de responsabili-dade pessoal, realizando as mudanças íntimas que se tornem próprias para a harmonia do conjunto”. Assim, é forço-so reconhecer que a vibração do planeta está se modifi cando para melhor acolher esta nova civilização, mais ética e moral-mente mais elevada. Todos possuímos excelentes oportunidades na presente encarnação de planejarmos melhor o uso do tempo, o emprego de nos-sas energias e disposições em favor do aprimoramento íntimo, da nossa pró-pria evolução moral.

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O chacoalhão do planetaPor ANDRÉ TRIGUEIRO

Cabem aqui algumas refl exões sobre a onda catastrofi sta que arrebata certos segmentos religiosos e até mesmo da mí-dia. Não é de hoje que se apregoa o fi m do mundo, e o alarmismo em torno do assunto ajuda a vender jornais e a arre-batar mais fi éis entre aquelas correntes de fé que se esmeram em doutrinar pelo medo. Se é fato que sempre houve terre-motos – pois que a Terra sempre regis-trou abalos sísmicos em suas entranhas no movimento incessante das placas tec-tônicas – também é verdade que somos a cada dia mais numerosos e ocupamos extensas áreas do planeta onde até há bem pouco tempo não havia ninguém. E registramos com muito mais facilida-de – basta ter o telefone celular à mão para transmitir fotos ou fi lmes – esses cataclismos. A sensação de que há mais terremotos agora tende a ser objeto de questionamento por esses motivos. Mas é fato que os mesmos terremotos de sempre estão ceifando mais vidas, e que, para os espíritas, as desencarnações cole-tivas obedecem às injunções da Lei .

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Também não é a primeira vez que o clima do planeta se modifi ca. Já tivemos várias glaciações e períodos de maior con-centração de C02 na atmosfera. Ocorre que esses ciclos naturais de esfriamen-to e aquecimento da Terra aconteciam em intervalos de tempo muito maiores,

de milhares e milhares de anos. O que uma numerosa corrente de cientistas tem demonstrado é que a Humanida-de tem contribuído efetivamente para o agravamento do efeito estufa através da queima de combustíveis fósseis, desma-tamentos, manejo inadequado do lixo, produção de cimento, etc.

O risco que corremos nessa “gran-de transição” é o de deixarmos como legado de nossa passagem pelo planeta – além do agravamento do efeito estufa, a redução dos estoques de água doce e limpa, destruição das fl orestas, descarte de toda sorte de resíduos em escala mo-numental, licenciamento de produtos geneticamente modifi cados sem as devi-das pesquisas, desertifi cação do solo,etc - marcas terríveis que serão lembradas por aqueles que vierem habitar o chamado “mundo de regeneração” e sofrerão seus efeitos. Eventualmente, nós mesmos, em encarnações futuras. Ou seja, não é inteligente – seja no plano individual, seja na esfera coletiva – atravessarmos essa “grande transição” ignorando a par-te que nos cabe na construção de um mundo sustentável.

André Trigueiro é jornalista www.mundosustentável.com.br

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elo simples fato de dispensar co-mentários, por sua experiência e seriedade na pesquisa da fenome-

nologia espírita, notadamente na análi-se da mediunidade, o autor Herminio C. Miranda coloca nas mãos de estu-diosos, curiosos e críticos um verdadei-ro manual sobre o assunto.

Saindo em defesa da mediunidade como instrumento natural de comuni-cação entre os espíritos – encarnados e desencarnados – a obra O que é fenôme-no mediúnico (Editora Correio Fraterno) não só conceitua como explica e com-prova. Merece estar presente no acervo de quem quer que se interesse pelo tema, principiantes ou letrados no conteúdo espírita, sendo de extrema valia pelo seu conteúdo esclarecedor, com argumentos simples e irrecusáveis, que podem ser confi rmados através da própria história da Humanidade.

Fenômeno natural, de todos os tem-pos, a mediunidade é tratada por Her-minio Miranda não somente no seu as-pecto conceitual, baseado nos princípios explicados pelo espiritismo, em O livro dos médiuns, de Allan Kardec, mas tam-bém pela evidência lógica de fatos histó-ricos a acompanhar momentos políticos e culturais que embalaram o mundo, transformando-o em cenário de guerras ou de exemplos de paz, demonstrando que a realidade é única, mas tem duas fa-ces. Pode o espírito estar no corpo físico ou não – visível ou invisível sem jamais deixar de existir, atuar e infl uenciar.

Com uma obra totalmente repagina-da, a editora Correio Fraterno, progra-mando a Série Começar, inicia com O que é fenômeno mediúnico um momento

LEIT

UR

A

Vale a pena conferir não somente o que é, mas como o tal fenômeno infl uenciou ao longo da História profetas, rainhas, faraós, escritores, presidentes, artistas, cientistas e fi lósofos – a vida enfi m.

P

Fenômeno MediúnicoSempre comentado e tão pouco compreendido

Da REDAÇÃO

Herminio Miranda, aos 90 anos, alerta sobre o verdadeiro valor da

comunicação entre os espíritos

importante na linha editorial espírita, em tempos em que as mídias estão re-cheadas de informação sobre mediuni-dade, paranormalidade e fenômenos, muitas vezes despejando informações e conclusões contundentes, e nem sempre verdadeiras, pela falta de um conheci-mento específi co sobre o assunto, que exige estudo por estar baseado em todo um sistema, com seu conjunto de con-ceitos próprios, trazidos pelos espíritos e codifi cados, em Paris, no século XIX, por Kardec.

Como é ressaltado na apresentação da obra, este livro “pode ser visto na sua singeleza natural, sem a capa do tecnicis-mo que muitas vezes, embora aceitável, complica o entendimento de quantos desejam apenas ter o conhecimento bá-sico para melhor orientar-se na vida”. Para quem pretende ir mais a fundo, há dezenas de referências bibliográfi cas pes-quisadas e estudadas pelo autor.

“A intenção aqui foi a de mostrar o fenômeno mediúnico – e seu comple-mento, o fenômeno anímico – ao vivo, no exemplo ilustrativo, nas consequên-cias que acarreta, nas mudanças de rumo que suscita”, explica Herminio Miranda. “Nosso respeito pelo leitor leva-nos a tentar pensar juntamente com ele e não por ele”– enfatiza.

Herminio deixa claro a importância do fenômeno mediúnico não apenas pelo seu lado espetacular ou dramático. Segundo ele, muitos ainda não se deram conta de que há um insistente recado de uma transcendental realidade espiritual que clama há milênios por aceitação e compreensão, como fator decisivo na re-ordenação do mundo em que vivemos.