Correio Fraterno 460

16
Ano 47 • Nº 460 • Novembro - Dezembro 2014 CORREIO FRATERNO SEMPRE ATUAL, COM O MELHOR DO CONTEÚDO ESPÍRITA ISSN 2176-2104 O que compete a cada um Pescadores de homens trabalham em rede Vários discípulos eram pescadores e a rede, o instrumento de vida. Jesus os conclamou a serem pescadores de homens. É momento de se reforçar a grande malha espiritual que une todos nós. Página 11 A Associação Jurídico-Espírita do Estado de São Paulo realizou em Cam- pinas, SP, o seu terceiro congresso anual, reunindo profissionais e in- teressados em raro momento, que possibilitou o olhar sobre questões jurídicas atuais e inadiáveis: o preconceito, homoafetividade, sustentabilidade, política de prevenção às drogas, realidade carcerária, assuntos que dizem respeito a você, a mim. Poucos dias se passaram e o CONDEQ, Congresso de Dependência Quími- ca, abre outra torrente de informações, desta vez pela internet, através de depoi- mentos e palestras com múltiplas abordagens em torno da drogadição, um dos problemas mais desafiadores da atualidade. Momentos muito oportunos para uma reflexão sobre o papel de cada um na construção de um mundo melhor. Não basta estar bem sozinho. A infelicidade do outro também nos incomoda. Páginas 8 e 9 Evento inter-religioso para a paz Com muita arte, cultura, campanhas de conscientização e presenças de segmentos religiosos, o “Dia de Amor pela Paz” é realizado em praça públi- ca em São Bernardo do Campo e valoriza iniciativas que também ajudam transformar o mundo. Página 3 Doutoranda em direito penal, Érica Babini analisa o sistema carcerário brasileiro e explica por que acredita na justiça restaurativa. Página 4 wwwcorreiofraterno.com.br 11 4109-2939 Entrevista Só o amor pode dar novos rumos às nossas vidas! Os operários Tarsila do Amaral Novo romance pela médium Lourdes Marconato

description

Correio Fraterno, um dos mais conceituados veículos de informação espírita do Brasil.

Transcript of Correio Fraterno 460

Page 1: Correio Fraterno 460

A n o 4 7 • N º 4 6 0 • N o v e m b r o - D e z e m b r o 2 0 1 4

CORREIOFRATERNO

SEMPRE ATUAL, COM O MELHOR DO CONTEÚDO ESPÍRITA

ISSN

217

6-21

04

O que compete a cada um

Pescadores de homens trabalham em rede

Vários discípulos eram pescadores e a rede, o instrumento de vida. Jesus os conclamou a serem pescadores de homens. É momento de se reforçar a grande

malha espiritual que une todos nós. Página 11

A Associação Jurídico-Espírita do Estado de São Paulo realizou em Cam-pinas, SP, o seu terceiro congresso anual, reunindo profi ssionais e in-teressados em raro momento, que possibilitou o olhar sobre questões

jurídicas atuais e inadiáveis: o preconceito, homoafetividade, sustentabilidade, política de prevenção às drogas, realidade carcerária, assuntos que dizem respeito a você, a mim.

Poucos dias se passaram e o CONDEQ, Congresso de Dependência Quími-ca, abre outra torrente de informações, desta vez pela internet, através de depoi-mentos e palestras com múltiplas abordagens em torno da drogadição, um dos problemas mais desafi adores da atualidade.

Momentos muito oportunos para uma refl exão sobre o papel de cada um na construção de um mundo melhor. Não basta estar bem sozinho. A infelicidade do outro também nos incomoda. Páginas 8 e 9

Evento inter-religioso para a paz

Com muita arte, cultura, campanhas de conscientização e presenças de segmentos religiosos, o “Dia de Amor pela Paz” é realizado em praça públi-ca em São Bernardo do Campo e valoriza iniciativas que também ajudam

transformar o mundo. Página 3

Doutoranda em direito penal,

Érica Babini analisa o sistema carcerário

brasileiro e explica por que acredita na justiça restaurativa. Página 4

wwwcorreiofraterno.com.br11 4109-2939

Doutoranda em direito penal,

analisa o sistema carcerário

brasileiro e explica por que acredita na justiça

Página 4

Entrevista

Só o amor pode dar

novos rumos às nossas

vidas!

Os operáriosTarsila do Amaral

Novo romance pela médium Lourdes Marconato

Page 2: Correio Fraterno 460

2 CORREIO FRATERNO NoVEMBRo - dEZEMBRo 2014

www.correiofraterno.com.br

EdIToRIAl

Muitas vezes nos deparamos com o pouco entusiasmo. Ao vermos o mundo como está, com os olhos

ingênuos, que só enxergam o aparente e o imediato, a sensação é de impotência e de incredulidade. Falta fé? Conhecimento? Esperança?

As difi culdades são múltiplas em todas as áreas: saúde, político-fi nanceira, éti-ca, familiar... E não se pode conceber um trabalho de divulgação espírita que não se contextualize, sob o risco de se fechar em si mesmo, separando-se aquilo que se sabe daquilo que acontece e não se compreende.

O drama vivido por famílias que lutam com parentes viciados em crack retratam a longa e difícil trajetória humana para se en-

tender as necessidades no mundo de hoje. Por que tantos estados de dependência? E, em meio a isso tudo, o maior dilema: não se está feliz. Momentos difíceis, mas muito oportunos para uma refl exão sobre o papel de cada um na construção de um mundo melhor. Não basta estar bem sozinho. A infelicidade do outro também incomoda.

Esta edição reúne, dentre outros, três assuntos importantes: drogas, paz e justiça. E o Correio acompanhou de perto o que pensam e o que estão fazendo profi ssionais, Ongs e pessoas que de alguma forma tive-ram (ou têm) suas vidas envolvidas com esses temas, eventos importantíssimos que representaram a urgência da pauta sobre a participação social. Promotores, advoga-

CORREIO DO CORREIO Adorei a edição 459Recebi o jornal e quero dizer que adorei. Uma pena que os mais velhinhos do movi-mento espíritas estejam partindo! (“De vol-ta à pátria espiritual”, edição 459). Achei emocionante a história do Foi assim “Mi-nha fi lha entregue em um sonho”) ...Óbvio que chorei! . Um superbeijo.

Tatiana, por email.

Mídia do BemAdorei a nova coluna Mídia do bem, por-que ela incentiva as pessoas a fazer coisas boas e também a ler o que é mais cons-trutivo. Quem sabe não é isso que está faltando para o mundo ser um mundo melhor?

Luísa Ribeiro Pacheco, Tietê, SP.

Envio de artigosEncaminhar por e-mail: [email protected] Os artigos deverão ser inéditos e na dimensão máxima de 3.800 caracteres, constando referência bibliográfi ca e pequena apresentação do autor.

CORREIOFRATERNO

JORNAL CORREIO FRATERNOFundado em 3 de outubro de 1967 Vinculado ao Lar da Criança Emmanuel

www.laremmanuel.org.brwww.facebook.com/correiofraterno

Diretor: Raymundo Rodrigues EspelhoEditora: Izabel Regina R. Vitusso

Jornalista responsável: Eliana Ferrer Haddad (Mtb11.686)Apoio editorial: Cristian FernandesEditor de arte: Hamilton Dertonio

Diagramação: PACK Comunicação Criativawww.packcom.com.br

Administração/fi nanceiro: Raquel MottaComercial: Magali Pinheiro

Comunicação e marketing: Tatiana BenitesAuxiliar geral: Ana Oliete Lima

Apoio de expedição: Osmar TringílioImpressão: Lance Gráfi ca

Telefone: (011) 4109-2939 E-mail: [email protected]

Site: www.correiofraterno.com.brTwitter: www.twitter.com/correiofraterno

Atendimento ao leitor: [email protected]: entre no site, ligue para a editora ou,

se preferir, envie depósito para Banco Itaú,agência 0092, c/c 19644-3 e informe a editora.

Assinatura anual (6 exemplares): R$ 42,00Mantenedor: acima de R$ 42,00

Exterior: U$ 28.00

Periodicidade bimestralPermitida a reprodução parcial de textos,

desde que citada a fonte.As colaborações assinadas não representam

necessariamente a opinião do jornal.

Editora Espírita Correio FraternoCNPJ 48.128.664/0001-67

Inscr. Estadual: 635.088.381.118

Presidente: Adão Ribeiro da CruzVice-presidente: Tânia Teles da MotaTesoureiro: Vicente Rodrigues da Silva

Secretária: Ana Maria G. CoimbraAv. Humberto de Alencar Castelo Branco, 2955

Vila Alves Dias - CEP 09851-000 São Bernardo do Campo – SP

Uma ética para a imprensa escrita

Em dois artigos, escritos por Allan Kardec e publicados na Revista Espírita, em 1858, estão encerradas as diretrizes que o Cor-reio Fraterno adota como norte para o trabalho de divulgação:

• A apreciação razoável dos fatos, e de suas consequências.

• Acolhimento de todas observações a nós endereçadas, levantando dúvidas e esclarecendo pontos obscuros.

• Discussão, porém não disputa. As in-conveniências de linguagem jamais ti-veram boas razões aos olhos de pessoas sensatas.

• A história da doutrina espírita, de al-guma forma, é a do espírito humano. O estudo dessas fontes nos forneceráuma mina inesgotável de observações, sobre fatos gerais pouco conhecidos.

• Os princípios da doutrina são os de-correntes do próprio ensinamento dos Espíritos. Não será, então, uma teoria pessoal que exporemos.

• Não responderemos aos ataques diri-gidos contra o Espiritismo, contra seus partidários e mesmo contra nós. Aliás, nos absteremos das polêmicas que po-dem degenerar em personalismo. discu-tiremos os princípios que professamos.

• Confessaremos nossa insufi ciência sobre todos os pontos aos quais não nos for possível responder. Longe de repelir as objeções e as perguntas, nós as solicita-mos. Serão um meio de esclarecimento.

• Se emitirmos nosso ponto de vista, isso não é senão uma opinião indivi-dual que não pretenderemos impor aninguém. Nós a entregaremos à discus-são e estaremos prontos para renunciá--la, se nosso erro for demonstrado.

Esta publicação tem como fi nalidade ofe-recer um meio de comunicação a todos que se interessam por essas questões. E ligar, por um laço comum, os que com-preendem a doutrina espírita sob seu verdadeiro ponto de vista moral: a prática do bem e a caridade do evangelho para com todos.

Envie seus comentários para [email protected]. Os textos poderão ser publicados também no nosso site www.correiofraterno.com.br

ISSN 2176-2104

A sociedadedoente

Conhecendo Herculano PiresFiquei conhecendo um pouco mais sobre o autor Herculano Pires no Simpósio do seu centenário [em São Paulo] e depois lendo o jornal (edição 459). Ouço falar de muitos autores espíritas da atualidade, mas perce-bi que seus livros vão me ajudar a cortar caminho e chegar no que ando buscando.

Berenice Almeida, São Paulo, SP.

dos, médicos, psicólogos, especialistas em drogadição, ex-trafi cantes, músicos, baila-rinos, pais e fi lhos deram sua contribuição para a implantação de um mundo melhor. Eles estão aqui dando o seus recados, num espaço democrático, como toda imprensa séria exige e tem por dever acompanhar.

Ano que vem tem mais!Equipe Correio Fraterno

Page 3: Correio Fraterno 460

NoVEMBRo - dEZEMBRo 2014 CORREIO FRATERNO 3

www.correiofraterno.com.br

Levados pelo ideal de mobilizar a popu-lação para ações pacifi cadoras, no dia 15 de novembro foi realizado em São

Bernardo do Campo o “Dia de Amor pela Paz”, uma iniciativa do Centro Espírita Obreiros do Senhor e Instituição Assisten-cial Meimei, com apoio de casas espíritas, como o Grupo Espírita Emmanuel, Grupo de Estudos Espíritas Lírio Branco, e parti-cipação de outras lideranças religiosas.

O evento contou com atividades du-rante todo o dia no Parque Municipal En-genheiro Salvador Arena, Rudge Ramos, com stands com triagem oftalmológica, campanha de prevenção ao uso de drogas (com apoio da Secretaria Nacional de Polí-ticas sobre Drogas) e atendimento em diá-logos fraternos para pessoas com perdas de entes queridos.

Entremeando apresentações artísti-cas com corais, bandas musicais e danças, mensagens de estímulo à paz foram pro-nunciadas durante a programação por jo-vens e adultos dos segmentos religiosos ali representados, dentre eles a irmã Adriana, do Centro Comunitário Nossa Senhora de Guadalupe, ministro Jayme Bertolin, da Le-gião da Boa Vontade, padre Renato da Silva Fernandez, da paróquia Santa Edwiges, a estudante Aline Oliveira, representante da Igreja Evangélica Videira, de Diadema, e dr. Sérgio de Oliveira, médico e coordenador da Escola de Medicina e Espiritualidade, representando a doutrina espírita.

O plantio pela manhã de uma muda de oliveira no Parque fez alusão ao “Poste da Paz”, um projeto iniciado em 1955 no Ja-pão pelo fi lósofo e poeta Masahisa Goi que encabeça a campanha “Que a Paz Prevaleça na Terra”. A iniciativa já está presente em 180 países e conta com mais de 200 mil postes.

ACoNTECE

“Que o amor faça a diferença e que todos possamos perceber que não há cami-nho para a paz. A paz é o caminho”, lem-brou na abertura do evento Miltes Appare-cida Soares de Carvalho Bonna, presidente da Instituição Assistencial Meimei, que desde 1999 realiza ações de sensibilização para a valorização da vida, com o projeto “Um convite à vida. Sem armas. Sem vio-lência. Sem aborto. Sem alcoólicos. Sem tabaco. Sem drogas.”

Além de evidenciar que projetos cultu-rais junto às crianças e jovens encontram eco no meio social, a programação artística cativou o público, com apresentações como a banda da ONG Casa dos Curumins, do bairro Pedreira em São Paulo, com afi nado vocal e foco nas raízes da cultura popular.

Atividades realizadas na Instituição As-sistencial Meimei, através do Centro de Educação Scheilla também foram apresen-tadas, através do coral infantil que embalou a plateia entoando Mude o mundo, uma versão da música cantada por um milhão de crianças da Tailândia, numa ação que con-clama às boas ações por um mundo de paz. Os pré-adolescentes também fi zeram boni-to, ao apresentarem por meio de expressão corporal “A luta do bem contra o mal”.

Desenvolvendo já por 35 anos um apu-rado trabalho social, desde 2008 a IAM é

r e conhe -cida pelo Ministério da Cultura como um Ponto de Cultura, num concorrido projeto da Secretaria de Programas e Projetos Culturais que sele-ciona as melhores iniciativas culturais nas instituições pelo país.

Convidado a deixar a mensagem de paz, representando o movimento espírita, o médico pesquisador das áreas de neu-rociências, medicina e espiritualidade de São Paulo, dr. Sérgio Felipe de Oliveira, lembrou que uma simples brincadeira de criança que veicula a violência, como um videogame, já é o patrocínio da violência, assim como numa reunião de família, onde se contam piadas racistas, ou se falam de forma discriminatória sobre pessoas ou assuntos. Todos somos cúmplices de tudo o que está havendo e que não é a paz, na medida em que não nos articulamos para promovê-la.

O médico lembrou a necessidade de se transformar cada palavra, cada ação, em propósitos compromissados com a paz, a começar com o perdão dentro de casa. “Viemos ao mundo para exercitar o amor entre todos nós.”

Com leveza e graça, Aline Fávaro encer-rou a programação da amanhã dançando

sob a melodia de Aquarela do Brasil. Por-tadora da síndrome de Down, ela não se intimidou, tornando-se um exemplo de superação ao ser a única bailarina com a síndrome a dançar com sapatilhas de ponta no Brasil.

A expressão superação permaneceu ao longo do evento, como um eco a retum-bar a necessidade de cada um se engajar na construção do mundo mais ético e mais pacífi co com que todos nós sonhamos. Eco que reverberou em frases com potencial de transformação:

“Não adianta combater a violência. É preciso estabelecer uma cultura de paz na sociedade” – Jayme Bertolin, LBV

“Se eu estiver bem comigo, conseguirei transmitir a paz ao mundo” – Nelson Men-des – Coordenador geral da Campanha permanente de valorização da vida

“Que a paz permaneça na Terra, for-mando uma ciranda de amor” – Miltes Bonna

Um encontro para a paz

Por IZABEl VITUSSo

1. Coral infantil entoa a música cantada por um milhão de crianças na Tailândia

2. Apresentação da bailarina Aline Fávaro

3. Banda da ONG Casa dos Corumins

4. Público presente

5. Miltes Bonna e irmã Adriana: união pela paz

r e conhe -cida pelo Ministério da Cultura como um Ponto de Cultura,

4

2

3

5

1

Page 4: Correio Fraterno 460

4 CORREIO FRATERNO NOVEMBRO - DEZEMBRO 2014

www.correiofraterno.com.br

O caminho da justiça restaurativaENTREVISTA

Por ElIANA HAddAd

Prestes a entregar sua tese de doutorado na Universidade Federal de Pernambuco,

a mestre em ciências criminais e professora de criminologia e direito penal da Universidade Católica de Pernambuco tem se dedicado in-tensamente a um tema desafiador: a popula-ção carcerária. Érica Babini Amaral Machado apresentou em outubro, no Congresso Jurídico-Espírita reali-zado em Campinas, SP, a realidade da política criminal no Brasil e a necessidade de se pensar um novo paradigma: a prática de uma justiça restaurativa, considerando cada ser como um espírito em evolução. Solicitada pelo Correio Fraterno, Érica Babini nos concedeu esta entrevista:

Chico Xavier cita que o criminoso é qualquer um de nós que foi desco-berto. O que é o crime?Érica Babini: As palavras de Chico Xavier são as conclusões que o labeling approach ou teoria da rotulação, como ficou nossa tradução brasileira, também apresenta. A definição do fato criminoso é, tão somente, um enquadramento jurídico de elementos que chamamos de teoria do crime, cujos conteúdos foram elaborados numa pers-pectiva universalizante e importado da Ale-manha para a realidade brasileira, sem as devidas adaptações. Então crime é uma de-finição – uma ‘caixinha’ teórica que recorta um fato ocorrido na vida real e leva para a apreciação judicial. Porém, a análise des-se fato não recai sobre todos igualmente. A pergunta que o labeling formulou foi exatamente esta: por que a conduta de uns, e não de outros, é mais observável pelo Sistema de Justiça Criminal (SJC)? Ou de outro modo: por que são algumas pessoas mais vulneráveis ao SJC do que outras?! Então, para responder o que é crime, não basta somente o enquadra-mento legal, em termos abstratos, mas a

reação social sobre aquela conduta.

Qual o retrato da população carce-rária e do sistema penal brasileiro?Considerando que a definição do crime é dinâmica, depende da reação social, in-formal (sociedade civil) e formal (agências de controle), ela se dá sobre as situações e pessoas que representam tipos sociais com os quais não se quer travar a convivên-cia coletiva. Quero dizer, estão presas as pessoas que espelham os nossos “ismos” – egoísmos, individualismos, niilismos, hedonismos, racismos, consumismos, machismos, feminismos... – todas as for-mas de intolerância que temos. Por isso, no automatismo, reagimos mais às con-dutas de alguns que consideramos indese-jados e menos às condutas de outros que não causam tantas impressões, ainda que tudo seja tipificado no Código Penal. Daí que a população carcerária é constituída de negros(as), pobres, que praticaram, em sua maioria, delitos relacionados à renda (crimes contra o patrimônio e tráfico de entorpecentes) e que violam os perfis so-ciais esperados.

A dignidade do homem, como di-reito constitucional, é respeitada na gestão pública do crime?Infelizmente, o preso não é considerado pessoa humana e sim inimigo público, e se assim o é, nenhuma proteção ou di-reito pode a ele ser concedido. Pelo con-trário, o estado das condições carcerárias no nosso país, verdadeiras masmorras medievais, tratam essas pessoas como animais. Locais onde surtos de tubercu-lose, aids, fome, violência física, sexual e emocional prevalecem, mortificando a subjetividade. Não concebem que ali estão homens, mas sim objetos.

Espiritualmente, como analisar a vítima e o criminoso?É difícil elaborar respostas prontas e aca-badas, como seria mais prático. Dizer que devido à lei de causa e efeito essas pessoas se reencontraram, etc, poderia ser o cami-nho mais fácil. Porém, essa pode ser uma reflexão parcial, um dado a ser levado em conta, jamais uma explicação suficiente. Não podemos reduzir os acontecimentos a deduções causais, somente pela lupa

da causa e efeito. Lembremos o que nos disse o Espírito de Verdade, na questão 78 de O livro dos espíritos, que há ‘misté-rios’ que ainda não temos capacidades de compreender.

Como espíritas, quais ações você considera importantes, diante dos internos no sistema prisional?A primeira questão que me parece eviden-te, não só para com o sistema prisional, mas com a vida como um todo, é tentar abandonar a pedagogia da punição como uma regra da nossa vida social. É saber que a responsabilização é uma demanda huma-na. Por isso devamos obedecer as leis hu-manas, porém a punição em si, tal como a praticamos, é resultado dos nossos orgu-lhos e do nosso egoísmo.O segundo passo é a mudança da lingua-gem. Não precisamos estigmatizá-los com expressões como – meliante, bandido, marginal e tantas outras derivações – uma vez que essas denominações são violentas e denegrirem a pessoa a quem nos dirigimos, que antes de qualquer coisa é filho de Deus e, juntos, caminhamos no processo evolu-tivo. Além disso, conforme a teoria da ro-tulação, sobre a qual já nos referimos, nós nos construímos também com o olhar do outro. Então, na medida em que definimos alguém como tal, passamos a nos reconhe-cer conforme essa identidade e passamos também a incorporá-la, agindo conforme se espera dessa identidade.

Na prática, como funcionaria a jus-tiça restaurativa?A justiça restaurativa é um novo paradig-ma criminológico que surge para facilitar a recuperação da paz social, conclamando a participação não só governamental, mas, principalmente da sociedade civil”. A justi-ça convencional diz: você fez isso e tem que ser castigado. A justiça restaurativa volta-se para o futuro e pergunta: o que você pode fazer agora para restaurar? “Só a educação poderá reformar os homens, que, então, não precisarão mais de leis tão rigorosas.” – O livro dos espíritos.

Érica Babini: A responsabilização é uma demanda humana,mas a punição como a praticamos é resultado dos nossos orgulhos

Page 5: Correio Fraterno 460

NOVEMBRO - DEZEMBRO 2014 CORREIO FRATERNO 5

www.correiofraterno.com.br

Chinaider Pinheiro, 39 anos, nasceu e foi criado em Vigário Geral, no Rio de Janeiro. Acabou se envolvendo com o crime orga-

nizado, chegando a ser chefe do tráfico de drogas do Comando Vermelho em cinco favelas. Hoje, estudante de direito e coordenador da agência de emprego Segunda Chance, em São Paulo, convida outros egressos ao bom ânimo num incrível depoi-mento sobre sua história de superação, como um dos palestrantes do Congresso de Dependência Química (Leia n a página 9).

“Fiquei dez anos e quatro meses preso. Obtive a liberdade e uma oportunidade de emprego. Saí no dia 24 de dezembro de 2008 do sistema prisional de Bangu, RJ, e no dia 16 de janeiro de 2009 já me encontrava dentro do Afroreggae de carteira assi-nada. Comecei a trabalhar como agente de proje-to, voltei a estudar, conclui o ensino médio, e hoje faço o quinto período de direito.

Já fumei maconha, já usei cocaína. Não sou um adicto e cheguei a me acostumar com aquela vida errônea, com o dinheiro que dizem ser fácil, e que não é. Mas tive apoio da minha família, que lutou para me ajudar, para que eu não voltasse para a cri-minalidade. E deu certo.

Venho de uma família superbacana, meu pai e minha mãe sempre foram trabalhadores e tiveram três filhos. Na década de 1990, meu irmão caçula estava com 14 anos, quando passou a frequentar a noitada e conheceu as drogas. Começou a utilizar maconha e bancava esses gastos com a mesada que meu pai dava. Até que não conseguia mais ban-car o seu uso. Começou a utilizar também cocaína e, quando percebemos, já estava envolvido com o tráfico de drogas local. Trabalhava para três pesso-as, sócias de uma comunidade na zona oeste do Rio de Janeiro. Destas uma somente continua viva.

Como em todo território, existia na adolescên-cia uma rixa, uma brigazinha de garotos de deter-minadas ruas, e um desses tinha o desejo de matar meu irmão. Em 1995, quando descobri, eu já era casado, tinha uma filha, um bar dentro da comu-nidade. Eu era conceituado como um cara boa praça, a comunidade me respeitava e os trafican-tes também, porque tinham sido criados comigo. Meu irmão já estava com 17 anos e pensei como

poderia evitar aquele fato. Procurei esse cara que ainda continua vivo e ele disse “Não, pode ficar tranquilo”. Mas, como diz o ditado, ‘coração de bandido fica na sola do pé’, aquelas palavras não me garantiam que meu irmão não viria a ser assas-sinado. Vivia usando droga, vivia dopado, e eu co-mecei a andar com ele, tentando intimidar quem quisesse matá-lo. Aconteceu que andei tanto com o meu irmão, que acabei me envolvendo com o tráfico e, rapidamente, consegui chegar à gerência. Entrei em janeiro de 1996 e, no dia 25 de março de 1997, nos envolvemos num tiroteio com a Polí-cia Militar, na favela de Vigário Geral. Houve três mortes: dois meninos de 15 anos, cada um portava um fuzil AR-15, e outro, que acabara de completar 18 anos, com uma AK-47. Esse era o meu irmão.

O motivo que me levara para o crime que era defender a vida dele não existia mais, porém eu já me encontrava seduzido pela facilitação do crime em relação a dinheiro, status, poder. Continuei na criminalidade e, no ano seguinte, fiz a prova para sargento do exército. Tinha uma intenção de in-fância de ser militar. Mas fui preso em 5 de agosto de 1997. Uma semana depois, saiu o resultado da prova. Eu havia passado, porém os meus sonhos estavam destruídos. Não imaginava que pudesse ser reconstruída a minha vida, depois de cumprir a minha pena. O sistema prisional é totalmente fali-do, faculdade do crime.

Eu acredito que existe sim uma luz no final do túnel. Nós devemos ter a concentração, a meta de que iremos achar essa luz. Para você que acha que realmente não existe a oportunidade, busque, acre-dite! Eu tenho certeza de que você vai conseguir. Eu consegui. Eu não sou diferente. Eu apenas tive força de vontade, apoio da minha família e cons-ciência de que Deus pode nos ajudar. Apenas digo para você não desistir dos seus sonhos. Busque a oportunidade e com certeza isso vai ser possível. E, se aconteceu comigo, vai acontecer com você também.

Leia mais sobre essa emocionante história no site www.correio-fraterno.com.br

Agencia Segunda Chance www.afroreggae.org/segunda-chance/

A superação do ex-traficante

Chinaider Pinheiro: “Existe sim uma luz no final do túnel”

O motivo que me le-vara para o crime não existia mais, porém eu já me encon-trava seduzido pela facilita-ção do crime em relação a dinheiro, status, poder”

Page 6: Correio Fraterno 460

6 CORREIO FRATERNO NoVEMBRo - dEZEMBRo 2014

www.correiofraterno.com.br

CoISAS dE lAURINHA Por TATIANA BENITES

Depende…

Laurinha resolve perguntar à evangelizadora no centro es-pírita:

– o que acontece quando uma pessoa morre?– depende – responde a profes-sora.– Por que depende?– depende de como a pessoa vi-veu, se ela se esforçava para ser melhor.– Se ela era uma pessoa boa, o que acontece com ela?– Ela receberá ajuda dos espíritos bons que estarão ao lado dela.– E se for uma criança?– Depende também. O que im-porta é a sua evolução. O espírito que anima o corpo de uma criança pode até ser mais evoluído que de um adulto.– E se for um idoso?

– Também vai depender de seu progresso como espírito.– E se for professora?– Depende também de seu pro-gresso espiritual em outras e nessa vida.– Se for uma pessoa... A evangelizadora interrompe, pois sabe que isso não terá fi m.– Tudo depende, laurinha. Fomos criados por deus todos iguais, mas cada um escolhe o seu caminho na vida e responde por ele.– Por que tudo depende? Como dependemos! dependemos de um monte de coisas.– Por isso precisamos nos esforçar para sermos pessoas boas, volta-das para o bem, valorizando a vida e tudo o que temos de bom. Você é uma pessoa boa, Laurinha?– depende – reponde laurinha

com ar de sapeca.– Mas depende do quê?– depende da opinião da minha mãe, do meu pai e da versão que os espíritos vão querer ouvir. Se ouvirem a do meus pais, talvez eu não seja lá tão boa, porque nem sempre lavo a louça ou faço a li-ção.– Entendi.– Mas, se eles ouvirem a minha versão, vão ver que ser boa ou não depende da minha vontade, depende da brincadeira, depen-de do momento... e depende de mim.– Laurinha, não é bem assim. Você não está falando sério...– Estou sim, mas já que tudo de-pende... DEPENDE também de como você vai entender isso que eu estou falando agora.

Nos livros Tem espíritos no banheiro? e Tem espíri-tos embaixo da cama?, de autoria de Tatiana Beni-tes, você encontra outras aventuras de Laurinha (Ed. Correio Fraterno).

Page 7: Correio Fraterno 460

NOVEMBRO - DEZEMBRO 2014 CORREIO FRATERNO 7

www.correiofraterno.com.br

BAÚ dE MEMÓRIAS ESPECIAL

Conheci Aureliano Alves Netto no Rio de Janeiro, durante a prévia para o Congresso Brasileiro de Jor-

nalistas Espíritas que seria realizado no Centro de Convenções em Brasília, em 1986. Aureliano foi o coordenador do evento, no qual também colaboramos. Reencontramos-nos quatro anos depois, no Congresso de São Paulo, onde ele tam-bém brilhou como um dos organizadores.

Lembro-me da figura enigmática de Aureliano. Elegante no falar, além de se-reno e profundo conhecedor da doutrina. Orador, jornalista e escritor, publicou mais de vinte livros, alguns em parceria com escritores e amigos, como Celso Martins, António Fernandes Rodrigues, Maria Thereza C. Oliveira, Cristóvão Marques Pessoa, Américo D. Nunes Filho, J. C. Moreira Guimarães, dentre outros.

Durante os congressos e outros even-tos espíritas Aureliano era figura insepará-vel do escritor e jornalista também baiano Deolindo Amorim (1906 –1984), com quem igualmente eu me encontrava nes-sas ocasiões. Ambos tinham ideias muito alinhadas e análises sobre o movimento espírita muito parecidas. Comumen-te eram eles que dirigiam os eventos de maior vulto no meio espírita.

Aureliano nascera em Condeúba, na Bahia, em 1914, mas foi no Rio de Janei-ro, para onde se mudou, que conheceu o espiritismo. De família católica, interes-sou-se pela doutrina aos 12 ou 13 anos, por influência de um professor que lhe emprestava obras espiritualistas, a exem-plo de O espiritismo à luz dos fatos, de Car-

Centenário de Aureliano Alves

NettoPor RAyMUNdo R. ESPElHo

O BAÚ DE MEMÓRIAS PODE SER FEITO POR VOCÊ!Envie para nós um fato marcante sobre o Espiritismo em sua cidade. Ele pode ser publicado aqui nesta seção. E-mail: [email protected].

los Imbassahy, o que o ajudou a solidificar a sua crença.

Autodidata e apreciador de boas lei-turas, fez carreira no serviço público e participou como membro ativo de diver-sas instituições espíritas. Aposentado em 1966, na cidade pernambucana de Caru-aru, dedicou-se à escrita e colaborou com mais de vinte periódicos, tanto no Brasil como no exterior, incluindo a Revista Evo-lucion, de Caracas; La Idea, de Buenos Aires; Vita Nuova, de Milão; Divulgacion Espírita, de Madrid e Revista Estudos Psí-quicos, de Lisboa.

Sua dedicação pela leitura e escrita fez com que reunisse uma vasta biblioteca, com mais de 2 mil livros, que foram do-ados posteriormente para o Centro Espí-rita Chico Xavier, em Candeias, bairro de Jaboatão dos Guararapes, PE.

Por ocasião do lançamento de seu último livro, Aureliano nos enviou um exemplar com fraterna dedicatória, regis-trada por sua esposa, Maria Cândida de Souza e Silva, uma vez que ele já se encon-trava praticamente sem visão e acometido pelo mal de Alzheimer.

A passagem pelo centenário de seu nascimento não poderia deixar de ser aqui reportada. Tivemos a felicidade de ter as páginas o Correio Fraterno enriquecidas por suas crônicas por muitos anos, desde o início da década de 1980, até quando sua saúde o permitiu. Nos correspondía-mos frequentemente.

Num de seus textos, publicado em junho de 1981, Aureliano comenta a boa notícia sobre a prática, nas dependências

da Câmara dos deputados e senadores, em Brasília, de os políticos se reunirem para prece e leitura diária de trecho do Evan-gelho. No texto, o amigo manifesta seu desejo que ver aquela ação se perpetuar e contagiar os demais representantes pú-blicos. “Todo o poder, toda a autoridade provém de Deus, não por uma manifesta-ção sobrenatural de sua vontade, mas pela direção providencial dos acontecimentos

e das vontades humanas”.Trabalhador do primeiro escalão, que

Aureliano continue sendo o arauto da es-perança para que o bem se instale defini-tivamente na Terra, por apoio de Deus e ação pela ética dos homens.

Correio Fraterno, edição 126, junho de 1981, “A prece no parlamento”.Colaboração: Maria Izabel Alves Soares

Todo o poder provém de Deus, não por uma manifestação so-brenatural de sua vontade, mas pela direção providencial dos aconteci-mentos e das vontades humanas”

Page 8: Correio Fraterno 460

8 CORREIO FRATERNO

www.correiofraterno.com.br

ESPECIAl

Justiça em debate

A Associação Jurídico-Espírita do Esta-do de São Paulo (AJE-SP) realizou de 17 a 19 de outubro, em Campinas,

SP, o seu terceiro congresso, reunindo partici-pantes da capital e cerca de dez cidades paulis-tas, além de outros cinco estados.

Tendo como tema central “Direitos con-temporâneos e espiritismo”, o evento incluiu palestras e apresentação de teses, cujo conte-údo foi marcado pelo alto nível dos estudos e discussões. Temas como preconceito, homo-afetividade, sustentabilidade, política de pre-venção às drogas e realidade carcerária foram apresentados e discutidos pelos participantes.

“Sabemos que a nossa presença aqui não é motivo de júbilo, mas muito mais de aprendi-zado e renovação de compromisso”, destacou o juiz José Valter Chacon Cardoso, representan-do o Tribunal de Justiça do Estado de São Pau-lo na abertura do evento. “Tentamos criar aqui um pensamento crítico que nos permita agir de forma que a justiça e a fraternidade não sejam apenas palavras, mas condições reais para que os espíritos imortais possam dar cumprimento na Terra a seus planejamentos reencarnatórios”, expressou-se o presidente da AJE-São Paulo, Eduardo Ferreira Valerio. Para ele, embora seja fundamental, não basta apenas a transforma-ção íntima, é preciso contribuir na construção de instituições que permitam a transformação e evolução de todos, indistintamente, sem egoís-mo, sem preconceitos.

“Justiça reacionária”Allysson Mascaro, professor universitário,

fi lósofo e doutor em direito, mostrou em sua palestra “O direito e o espiritismo em face dos dilemas do mundo contemporâneo” o quanto o ódio, o conservadorismo e a indiferença têm feito em nome de uma “justiça reacionária” as-sociada ao universo jurídico contemporâneo. “Se Cristo voltasse à Terra hoje, seria morto pela maioria esmagadora dos juristas”, afi rmou, ao demonstrar que ele teria sido julgado pela sua posição social, por ter nascido num ‘chiqueiro’, por ser ‘negro’, por enfrentar a ordem estabe-lecida, como um bandido. Para ele, o espírita também acaba por manter essa legitimação das injustiças. Sabe que não foi Deus quem fez a desgraça do mundo, mas transfere a causa de haver o pobre, o miserável, o explorado à vida passada. “Isso é um problema fi losófi co. A úni-ca possibilidade que se tem, racionalmente, é ver no mundo a pobreza para ser libertada, a fome para ser dado o pão, a sede para ser com-batida com a água”, justifi cou.

Reforma psiquiátricaO médico sanitarista Ademar Arthur Chio-

ro, ministro da Saúde, discorreu sobre o tema “Dependência química: políticas públicas e propostas espíritas” enfatizando que só se subs-titui a droga na vida da pessoa quando, apoia-da, ela autonomamente resolve construir um uma nova vida que substitua o espaço da droga de vida que ela mesma construiu”.

Chioro pontuou que os hospitais psiqui-átricos, inclusive os espíritas, vão na contra-mão da legislação da própria Organização Mundial de Saúde, contrariando a liberda-

de, assegurada como um dos direitos huma-nos da própria ONU.

Novas teses e novas famílias “Novas famílias e o valor do afeto na pers-

pectiva espírita” foi o assunto abordado pelo médico homeopata Andrei Moreira que discor-reu sobre o tema assinalando as mudanças na família contemporânea, com seus mais varia-dos arranjos. “A garantia de direitos a qualquer pessoa ou categoria atende aos pressupostos constitucionais de igualdade para todos, inde-pendentemente de sua orientação sexual, con-dição econômica, partido político ou religião”, destacou. Segundo ele, as conquistas são inegá-veis, no entanto os desafi os sociais derivados do preconceito e da ignorância ainda fomentam a violência e a exclusão, explicou, tratando de separar em sua palestra o sexo biológico, a iden-tidade, a orientação e os papéis sexuais.

Por uma justiça restaurativaÉrica Babini Amaral Machado, doutoran-

da em ciências criminais pela Universidade Federal de Pernambuco, analisou o instigante tema “Política criminal, realidade carcerária e evolução do espírito”, defendendo a justiça restaurativa, relacionando-a às leis morais, es-pecialmente à lei de progresso.

“A justiça restaurativa é um novo para-digma criminológico que surge para facilitar a recuperação da paz social, conclamando a participação não só governamental, mas, prin-cipalmente da sociedade civil”. (Veja também a entrevista das páginas 4 e 5).

Saiba mais em www.ajesaopaulo.com.br

Por ElIANA HAddAd E IZABEl VITUSSo

Somente o progresso moral pode assegurar aos

homens a felicidade na Terra”Allan Kardec – A gênese

CAMIlA HAMPARIAM

Page 9: Correio Fraterno 460

NoVEMBRo - dEZEMBRo 2014 CORREIO FRATERNO 9

www.correiofraterno.com.br

Congresso inédito reúne 36 especialistas

Por ELIANA HADDAD

LIVROS & CIA.

Editora Allan KardecTel.: (19) 3242-5990www.allankardec.org.br

FEB EditoraTel.: (61) 2101-6161www.febeditora.com.br

Editora Correio FraternoTel.: (11) 4109-2939www.correiofraterno.com.br

Editora ObjetivaTel.: (71) 3484-3729www.editoramenteaberta.com

Mediunidade, um ensaio clínicode Nubor Orlando Facure112 páginas14x21cm

Correio Fraternode diversos espíritospsicografi a de Francisco Cândido Xavier154 páginas14x21cm

Marcados pela vidade Luiz Gustavopsicografi a de Lourdes Marconato 424 páginas14x21 cm

Focode Daniel Goleman296 páginas16x23 cm

Editora Objetiva

Marcados pela vidade Luiz Gustavopsicografi a de Lourdes Marconato 424 páginas14x21 cm

Editora Correio Fraterno

Focode Daniel Goleman296 páginas16x23 cm

Editora Allan Kardec

Correio Fraternode diversos espíritospsicografi a de Francisco Cândido Xavier154 páginas14x21cm

Somente o progresso moral pode assegurar aos

homens a felicidade na Terra”Allan Kardec – A gênese

Uma iniciativa inédita, realizada de 10 a 16 de novembro, marcou com grande suces-so a importância da participação social na

prevenção ao uso de drogas no Brasil e no mun-do. Totalmente gratuito e realizado pela internet, o CONDEQ – Congresso de Dependência Química – foi acompanhado por mais de 12 mil participan-tes, que assistiram a 36 palestras com especialistas de diversos setores. Foram 26 horas de conteúdo útil, ágil e necessário, com palestras e depoimentos emocionantes, que permitiram ainda a participação dos internautas através das redes sociais e do próprio portal do congresso.

Com a participação de cerca de 1.300 pessoas por palestra, o congresso foi acessado em 16 paí-ses: (Brasil, Estados Unidos, Uruguai, Portugal, Argentina, Bahamas, Suíça, Noruega, Equador, In-glaterra, França, Alemanha, Chile, Espanha, Itália e Japão, por ordem de acesso), com o público, em grande parte, na faixa de 41 a 60 anos (em 62% dos acessos); de 26 a 40 anos (em 21%); mais de 60 anos (14%) e até 25 anos (3%), sendo 46 % homens e 54% mulheres.

Todos os palestrantes participaram gratuita-mente do evento. Diversos e-books, de autores como padre Haroldo Rahm, a psicóloga Maria He-loisa Bernardo e os psiquiatras Içami Tiba e Augusto Cury, foram também distribuídos gratuitamente.

Conhecendo o potencial da internet, cada vez mais acessível à população, o especialista Cristian Fernandes e Letícia Camargo, idealizadores do evento, explicam que a ideia surgiu quando perce-beram que os problemas relacionados ao uso e abu-so de álcool e outras drogas são hoje um dos mais sérios em todo o mundo, com informações ainda muito desencontradas. “As pessoas sofrem com esses problemas e os profi ssionais e a academia, apesar de

conseguirem grandes avanços no tratamento, ainda enfrentam muitos desafi os para auxiliar e tratar. As iniciativas de prevenção existem aos montes, mas muito pulverizadas e as que mais produzem efeito não são conhecidas de forma ampla”, explica Cris-tian. Letícia Camargo comenta que o CONDEQ contou com centenas de comentários em todas as palestras, nas postagens das mídias sociais, e milha-res de e-mails com dúvidas, agradecimentos e depoi-mentos emocionantes (o do ex-trafi cante Chinaider Pinheiro está na página 5), deixando claro o quanto a iniciativa pôde auxiliar pessoas que enfrentam difi -culdades nas suas casas, nos ambientes de escola e de trabalho, bem como profi ssionais da área com um conhecimento mais abrangente e organizado num único lugar. “Muito conhecimento, muito amor e muita dedicação envolveu este evento online, que com certeza multiplicou a ideia de que a dependên-cia química é realmente uma doença, que existe tra-tamento, é possível para um dependente viver sem drogas e para a família reconquistar a tranquilidade e a alegria dentro do seu lar”, analisa Letícia.

O CONDEQ certamente cumpriu seu objeti-vo, usando de forma útil e solidária a ferramenta da internet para levar o bem e incentivar a participação da sociedade num problema sério que bate às portas de todos nós. Às vezes, parece estar longe. Mas pode estar muito mais perto, sem que o percebamos, jus-tamente por falta de conhecimento, atenção e – o mais importante – atitude.

Cristian Fernandes encerrou o ciclo de palestras do CONDEQ com o tema “Como evitar a reca-ída”, citando 49 sinais de aviso. O e-book Fases e sinais de aviso de recaída pode ser baixado gratuita-mente.

Saiba mais em www.condeq.com.br/fases-e-sinais

Page 10: Correio Fraterno 460

10 CORREIO FRATERNO NOVEMBRO - DEZEMBRO 2014

www.correiofraterno.com.br

QUEM PERGUNTA QUER SABER

Por JoSÉ HERCUlANo PIRES

Por onde anda José de Anchieta?

O senhor Alfredo pergunta por que não se ouve falar no padre Anchieta. Ora,

eu compreendo, o senhor quer di-zer por que não se ouve falar do pa-dre Anchieta quanto a uma possível reencarnação dele ou coisa seme-lhante. Não se ouve porque não há notícia de nenhuma comunicação dizendo que ele houvesse reencar-nado, como aconteceu com o padre Nóbrega. Se nós falamos que Em-manuel é a reencarnação do padre Nóbrega é porque ele mesmo nos fez essa revelação, através de uma

linda mensagem recebida psicogra-ficamente por Chico Xavier. Entre-tanto, posso lhe informar que o pa-dre Anchieta aparece recentemente numa bonita antologia de poesia mediúnica, no livro Antologia do mais além, de Jorge Rizzini2. O au-tor recebeu uma infinidade de poe-mas ditados por espíritos e é muito interessante que começou por um poema do padre Anchieta, que re-almente identifica o espírito comu-nicante, não só pelo estilo, que é o mesmo do padre Anchieta, como também pelo tema e pela maneira

como ele encara os problemas com que se defronta no plano espiritual.

1 O programa No Limiar do Amanhã ia ao ar aos sábados, entre os anos 1971 a 1974, obtendo sucesso imediato em São Paulo, sendo retransmitido também em outros estados com expressiva audiência.2 Publicado pela editora Lake, em 1973.

A referência sobre a ligação entre o padre Ma-noel da Nóbrega e José de Anchieta ganhou notoriedade no meio espírita quando, ao rece-ber o título de cidadão paulistano, o médium Chico Xavier relatou em seu discurso aspectos espirituais sobre a Fundação de São Paulo, citando o importante trabalho realizado em parceria pelos dois.(N.E)

Por que não se ouve falar no padre Anchieta? Não era ele con-temporâneo de Manuel da Nóbrega, o espírito Emmanuel?

pergunta de Alfredo, ouvinte do programa de rádio No Limiar do Amanhã para o professor Herculano Pires1

Page 11: Correio Fraterno 460

NoVEMBRo - dEZEMBRo 2014 CORREIO FRATERNO 11

www.correiofraterno.com.br

ANÁlISE

Por SIdNEy ARIdE

Pescadores de homens trabalham em rede

Um dos maiores desafi os de um cen-tro espírita é a integração de seus colaboradores, para que possam se

desenvolver espiritualmente e ao mesmo tempo manter viva a fraternidade.

Um relacionamento coeso entre os tra-balhadores pode benefi ciar sobremaneira a harmonia espiritual da instituição. No en-tanto, se em casas pequenas esse propósito já é um desafi o, o que dizer daquelas que cresceram para algumas centenas de fre-quentadores? Sem falar na integração entre as próprias casas espíritas.

Na década de 1940, noite de Natal, um grupo espírita estabeleceu com seus pares um projeto para abrigar crianças abando-nadas e conseguiu envolver dez casas nesta iniciativa. Um de seus integrantes era Le-opoldo Machado1, que costumava chamar esse network espírita de unifi cação social.

Este é um exemplo do que podemos conseguir com o estreitamento dos laços que nos ligam aos irmãos, dentro e fora do centro espírita, adotando um pensamento em rede.

Cada vez mais temos o apoio de redes sociais, que são instrumentos valiosos de interação, mas os meios virtuais devem re-fl etir a vibração real de sintonia nas relações fraternas dentro da instituição. A constru-ção da rede de espiritualidade entrelaça os companheiros e reforça o feixe de varas: exemplifi ca o modelo solidário da família universal.

Em O livro dos médiuns, Allan Kardec já percebia a importância da necessidade de entrelaçar os espíritas formando a malha de fraternidade, dizendo: “... esses grupos, correspondendo entre si, visitando-se, per-mutando observações, podem, desde já, formar o núcleo da grande família espírita”.

Por experiência, a casa espírita deve promover, permanentemente, a formação de grupos de educação com práticas espí-ritas, incentivando os frequentadores no aprofundamento de sua espiritualidade, do

amor e dos laços de afeto. Os diferentes grupos podem estabe-

lecer projetos comuns de caridade, assim como realizado por instituições que há mais de meio século construíam, com limi-tados recursos, escolas e hospitais espíritas, entre outras ações de caridade.

Como nem sempre isso é possível, afi -nal a diversidade de atividades no bem é imensa, não há problema em cada grupo ‘adotar’ um projeto próprio de solidarieda-de, inclusive apoiando projetos existentes.

É importante o centro espírita orga-nizar encontros mensais temáticos como oportunidade para compartilhar essas ideias, dividir casos de sucesso ou de neces-sidades. Essas assembleias produzem efeito extremamente benéfi co de ligação entre os membros dos grupos, além de ampliar a transparência das ações realizadas. O co-nhecimento com sentimento fraternal é ferramenta que reforça a rede do bem.

Outra iniciativa que produz estímulo e compartilhamento entre grupos é a pos-sibilidade de utilizar a tribuna como ins-

trumento de divulgação e estudo, onde os conteúdos elaborados pelos grupos, além de divulgar o progresso realizado pelas equipes, amplia a sensação de pertenci-mento na casa, sentimento vital na teia de relacionamento.

Eventos de arte, seminários e confrater-nizações contribuem para o entrelaçamen-to de corações, entretanto, haverá melhor resultado se trabalhadores da casa puderem

atuar como coautores, da concepção à pro-dução. A rede reforça sua malha quando há comprometimento e um processo partici-pativo intensifi ca a sensação de unidade e o engajamento.

Por fi m, o movimento de unifi cação, é a consagração deste processo. Um dos benefícios é a possibilidade de exercitar a técnica de ‘melhores práticas’, um método simples que aprofunda a parceria, onde aquele que possui maior experiência, re-sultado ou inovação, compartilha conheci-mento com os demais.

Não custa lembrar Bezerra de Mene-zes: “Solidários, seremos união. Separados uns dos outros seremos pontos de vista. Juntos, alcançaremos a realização de nossos propósitos”.

Vários discípulos eram pescadores e a rede, o instrumento de vida. Jesus os con-clamou a serem pescadores de homens. Portanto, precisamos meditar sobre como reforçar na atualidade essa malha espiritual em nossa casa. A rede invisível de espiritu-alidade é um belo símbolo, da desejável e necessária união dos irmãos em Cristo. 1 Jornalista baiano, um dos grandes incentivadores das mocidades espíritas no Brasil (1891-1957).

Mestre em sistemas de gestão pela Universidade Federal Fluminense. Foi dirigente do Centro Espírita Fé, Espe-rança e Caridade, Nova Iguaçu, RJ.

Page 12: Correio Fraterno 460

12 CORREIO FRATERNO NoVEMBRo - dEZEMBRo 2014

www.correiofraterno.com.br

Meditação pela paz mundial Será realizado dia 31 de dezembro, às 10 horas, no auditório da Federação Espírita da Bahia, o evento Meditação pela paz mundial. A re-

alização é do Instituto Politécnico da Paz, com apoio da FEEB. Informações: fone: (71) 3351- 3220 3359-3323. www.feeb.com.br

Congresso Espírita do Estado de GoiásSerá realizado de 14 a 17 de fevereiro de 2015 o 31º Congresso Espírita de Goiás. O evento acontece no Centro de Cultura e Convenções

de Goiânia e terá a participação de Divaldo Franco, Alberto Almeida, Haroldo Dutra Dias, Décio Iandoli, José Carlos de Lucca, Irvênia Prada e Ana Tereza Camasmie. Tema central: “Céu e inferno: mito ou verdade?” Realização: Federação Espí-rita do Estado de Goiás. http://comunicafeego.wix.com/feego

Confraternização dos Jovens Espíritas de Mato Grosso

De 14 a 17 de fevereiro de 2015, a Federação Es-pírita do Estado de Mato Grosso promove mais

uma edição da Conjemat – Confraternização dos Jovens Espíri-tas de Mato Grosso. O evento acontece na cidade Cuiabá e tem como tema: “O real sentido da vida”. http://www.feemt.org.br

Confraternização das Mocidades Espí-ritas do Amazonas

“Nasceste de novo. E agora, o que farás?”. Este será o tema da 33ª Confraternização das Moci-

dades Espíritas do Amazonas, que será realizada de 14 e 18 de fevereiro de 2015 em Manaus, AM. A organização é da Fede-ração Espírita Amazonense. www.feamazonas.org.br

Congresso Estadual de Espiritismo em SantosSerá realizado de 18 a 21 de abril de 2015 o

16º Congresso Estadual de São Paulo. O evento esse ano acontece na cidade de Santos,

SP e tem a realização da USE Estadual de São Paulo. www.usesp.org.br. Para descontos em diárias em hotéis na cida-de é necessário fazer a reserva através da USE. Fone: (11) 2950-6554 ou [email protected].

Mednesp 2015Acontece de 3 a 6 de junho de 2015 mais uma

edição do Congresso Médico-Espírita, que será realizado na cidade de Goiânia, GO,

numa realização da Associação Médico-Espírita AME Bra-sil. Tema: “Ciência saúde e espiritualidade: desafi os e trans-formações no século 21”. www.mednesp2015.com.br

Acesse a Agenda Eletrônica Correio Fraterno e fi que atualizado sobre o que

acontece no meio espírita. Participe.www.correiofraterno.com.br

qualquer hora, em qualquer lugar

ENIGMA

Que nome se dá ao objeto munido de

um lápis que é posto em movimento

pela infl uência de certos médiuns?

Resposta do Enigma:

Solução doCaça-palavras

Veja em:www.correiofraterno.com.br

Espiritógrafo

Fonte: Defi nições espíri-tas, por Allan Kardec.

CUlTURA & lAZER

Meditação pela paz mundial Será realizado dia 31 de dezembro, às 10 horas,

alização é do Instituto Politécnico da Paz, com apoio da

DEZ

31

Congresso Espírita do Estado de GoiásSerá realizado de 14 a 17 de fevereiro de 2015 FEV

14

Confraternização dos Jovens Espíritas de Mato Grosso

uma edição da Conjemat – Confraternização dos Jovens Espíri-

FEV

14

Confraternização das Mocidades Espí-ritas do Amazonas

dades Espíritas do Amazonas, que será realizada de 14 e 18 de

FEV

14

Congresso Estadual de Espiritismo em SantosSerá realizado de 18 a 21 de abril de 2015 o

SP e tem a realização da USE Estadual de São Paulo. www.

ABR

18

Mednesp 2015Acontece de 3 a 6 de junho de 2015 mais uma

numa realização da Associação Médico-Espírita AME Bra-

JUN

3

CAÇA-PALAVRAS DO CORREIO Elaborado por Tatiana Benites e Hamilton Dertonio, especialmente para o Correio Fraterno

Q U A I N A S E R I o P A RT A d E R C I C M U T A E Ao E l M E R T A B V C d A E C V F R U M A F o P l V E Cd A o P A d S A T E S M G ES N R E P E d R o E R A l UN G U M C A G N o P E R M FC E T R A E N A T R M o P dC l S d E P d U o G E S A RG H l H A E B M o U I E Q UB o S E A I F A R E U M P AA B B R I S A U A N E E o N E V A N l H o A d C o S I NA V E N B U A I o o E T o EM A l A E S Z R E N H R T E A G o E R T o M A T R E o U N A R P o l M V d R A P E T d R o N A U M F A A o U M H R H o I F A R N C A F A R I E H I H A l G o I o P A E A T R A C E N C E N C T R A G G E N S T E R S N R E T R oS T A l M A S E I E K B l A d A B I S P l M E A S Z U oo P M N E I U E C A à A A PZ l U E R T o P V B E R R I E N C o N R A S T I A C o EN o R A J o à o à N o P U IR E S A S o I U V B E R o PV E R A M A o E l P X A A Eo P F E R R A E R I P E C o

Encontre as palavras em destaque que compõem esta música e se inspi-re para o verdadeiro Natal, com Jesus.

Encontro MarcadoAo anoitecer, em Cafarnaum A casa de Pedro tão simples, casi-nha comum Se enchia de paz, repleta de luz Ouvindo as palavras eternas do mestre Jesus.

Vou me imaginar, sentado ali Entre João, Pedro, Th iago, André e LeviNa beira do lago de Genesaré Lançando na alma pra sempre, se-mentes de fé.

E eu tão criança ainda, naquele lugarQuem sabe Jesus me levasse para passearNo quintal da casa de Pedro, à luz do luarSentindo a brisa da noite, o perfu-me do mar

Dissesse pra mim: “Já é hora de você voltarA gente se encontra de novo no seu Evangelho no larA gente se encontra de novo no seu Evangelho no lar”.

Letra e música: César Tucci, Franca, SP

em Lavando pratos

Roteiro: Tatiana Benites / Ilustração: Hamilton Dertonio

Você sabia que não se pode

cobrar para usar a mediunidade?

Sabia! Você sabe o que

acontece? não!

Minha mãe sempre diz que

somos cobrados por nossa consciência

quando chegamos no plano espiritual!

ViXE! então tem gente que vai ter que lavar pratos lá pra caramba!

Page 13: Correio Fraterno 460

NOVEMBRO - DEZEMBRO 2014 CORREIO FRATERNO 13

www.correiofraterno.com.br

ARTIGo

As últimas eleições brasileiras contri-buíram para a constatação de algo muito relevante para o movimen-

to espírita: Verificamos no período pré--eleitoral a manifestação, em redes sociais ou em outros ambientes, de pessoas com certa evidência no movimento espírita – palestrantes e dirigentes – posicionando-se a favor deste ou daquele candidato. Ora, quem se manifesta nesse momento não é o representante espírita, mas o cidadão, o que nem sempre fica claro.

Enquanto cidadãos, temos o direito e a obrigação de participarmos dos debates e das escolhas dos gestores públicos, mas em momento algum qualquer manifestação de um eleitor espírita poderá representar o espiritismo!

As divergências de opiniões, nas últimas eleições, apenas demonstraram que não há homogeneidade de preferências partidárias e isso é esperado em um contexto demo-crático, com indivíduos que se encontram em diferentes níveis de maturidade moral e intelectual.

Ao menos esse fato serve para justificar aos adeptos mais afoitos por que é incom-patível a criação de um partido espírita. A polarização política não deveria desagregar ou gerar indisposições entre os espíritas, pois o que nos une não é uma sigla parti-dária, mas os conhecimentos sobre a reali-dade espiritual e os ideais de caridade e fé raciocinada.

Lições políticas aos espíritasPor MARCo MIlANI

A polarização política não deveria gerar indisposições

entre os espíritas. O que nos une não é uma sigla partidária, mas os

conhecimentos sobre os ideais de caridade e fé raciocinada

Zanutto, Rodrigues & Cia LtdaMateriais para construção

[email protected]

R. José Benedetti, 170 • B. Santa Terezinha • São Bernardo do Campo • SP • CEP 09770-140

11 4121 3774

Diante das responsabilidades assumidas nesta encarnação, certamente desejamos realizar o melhor em prol de nós mesmos e do próximo. Assim, quando acreditamos que o melhor caminho a ser trilhado para a construção de uma sociedade ideal segue uma determinada direção, é natural mobi-lizarmos força e vontade para a realização de nossas expectativas e interesses. A passi-vidade não é uma característica do espírita consciente.

É a atuação coerente com os princí-pios e valores nos quais acreditamos que proporcionará a consciência tranquila e colaborará para o nosso próprio desenvol-vimento. A lei de causa e efeito é natural, logo, tudo o que fizermos ou deixarmos de fazer refletirá em nosso processo evolutivo, e não podemos compactuar com situações que colidam com o que consideramos ético e correto. Igualmente, devemos exercitar o respeito e contribuir com quem pensa di-ferente, mas sem nos omitirmos diante do que supomos estar em erro.

Estamos em um país carente por cida-dãos e mandatários éticos e, independen-temente das cores partidárias, cabe a nós o bom combate, começando por nós mes-mos. Contribuamos para formar o Brasil em que gostaríamos de viver. Afinal, quem pode afirmar que nossa próxima reencar-nação não será novamente aqui?

Marco Milani é Economista e professor universitário. Diretor do Depto. do Livro da USE Regional, SP.

Page 14: Correio Fraterno 460

14 CORREIO FRATERNO NOVEMBRO - DEZEMBRO 2014

www.correiofraterno.com.br

Por WIlSoN FRANCISCo

FoI ASSIM

Tarefa legítima com a mediunidade

Dr. Manoel de Aquino Resende é um grande amigo e personagem que faz parte da história do espiritismo em

São Paulo. Eu o conheci no Centro Espíri-ta Jesus é o Caminho, no Tatuapé, médium de rara qualidade, homem íntegro.

Nos anos de 1970, com palestras, apoiou as atividades em prol dos hansenia-nos que eu, Walter Venâncio1 e Nércio An-tonio Alves realizávamos em todo o Brasil e que resultou na criação da Caravana da Fraternidade Jésus Gonçalves.

Dos fatos que guardo no coração, e fo-ram muitos, destaco um. Eu estava me re-cuperando de uma pneumonia. Ele foi me visitar e não sabia dos projetos que tínha-mos com Wilson Garcia, Raymundo Es-pelho e o Cirso Santiago, o de iniciar uma editora, além das edições do jornal Correio Fraterno.

Inspirado, dr. Resende me disse: Caibar Schutel (espírito) está me dizendo que vo-cês podem criar a editora, porque ele dará todo apoio. De fato, até hoje está em ativi-dade e com êxito a Editora Espírita Correio Fraterno.

Aposentando-se na Santa Casa (era formado em odontologia), dr. Resende foi morar em Ibiúna,SP, e lá iniciou um encontro espiritual, na casa/fazenda do se-nhor Guilherme Derhagen2.

Participei dessas reuniões memoráveis, com dr. Paulo, sr. João, nossas mulheres e outros amigos.

Os espíritos orientadores diziam que os processos energéticos ali desenvolvidos iam servir principalmente para dissolver cam-pos vibracionais na região, causados por um matadouro já desativado. Os trabalhos serviriam também para desligar, orientar e

redirecionar espíritos vampirizadores que se valiam daquela atmosfera energética para saciar seus impulsos grotescos e afetar a vida das pessoas que viviam na região.

O carisma do dr. Resende, sua exube-rante e positiva mediunidade e o apoio de amigos da espiritualidade e da sociedade transformaram um simples grupo espiri-tual doméstico no Centro Espírita Casa do Caminho.

O casal, Guilherme e Inês, doou um amplo terreno, onde foi construído o cen-tro que hoje abriga, apoia e ilumina os ca-minhos de espíritos, homens, mulheres, jovens e crianças.

Na Penitenciária do Estado, suas pa-lestras encantavam e davam coragem para os detentos. Ele sempre gostava de contar histórias e falar sobre Jesus com rara beleza.

Foi e é até hoje um arauto, um verda-

deiro regenerador de almas, dando espe-rança e propiciando renovação e paz para todos.

Minha gratidão a este amigo de todos os tempos.

1 Do C.E. Dr. Alfredo, na zona norte de São Paulo.

2 Holandês naturalizado brasileiro.

Dr. Manoel Resende é sobrinho de Eurípedes Barsanulfo, um dos expoentes do movimento espírita no Brasil, que viveu em Sacramento, MG. (de 1880 a 1918) (N.E.)

Este fato aconteceu com Wil-son Franscisco, de São Paulo. Conte também a sua história para ser publicada aqui no

Correio Fraterno. ([email protected])

Page 15: Correio Fraterno 460

NOVEMBRO - DEZEMBRO 2014 CORREIO FRATERNO 15

www.correiofraterno.com.br

Contabilidade – abertura e enCerramento de empresa – Certidões

Tel. (11) 4126-3300 Rua Índico, 30 | 13º andar | São Bernardo do Campo | SP

[email protected] Aral, 123 I São Bernardo do Campo I SP

Por UMBERTo FABBRI

dIRETo Ao PoNTo

Festa sem o homenageado

As festas de final de ano trazem sem-pre certo encantamento. Aguarda-mos os presentes, reunimos a fa-

mília e os amigos em torno de uma mesa farta. Enfeitamos as casas e as ruas e fica-mos na expectativa do novo ano que está para começar, que, sempre esperamos, nos traga dias melhores. Assim é o Natal na maioria das casas em que se comemora o nascimento de Jesus.

Fico imaginando o olhar do mestre ob-servando nossas ações e atitudes nessa data em que supostamente deveríamos tê-lo mais presente em nossos corações, onde de-veríamos comemorar seu aniversário como o de um irmão mais velho, dedicado, que está sempre nos ajudando nos momentos mais difíceis de nossas vidas, que tanto fez, faz e fará por cada um de nós.

Sempre que um familiar ou amigo que-rido faz aniversário, nos preocupamos em agradá-lo, em surpreendê-lo. Tentamos descobrir seus desejos para presenteá-lo com algo que lhe agrade. Reunimos as pes-soas para mostrarmos nosso carinho, ad-miração e gratidão por fazer parte de nossa vida, de nossa história.

Mas com Jesus não é bem isto o que ocorre. Vivemos ainda o mundo das apa-rências, das ilusões; Jesus, de fato, ainda

está fora de sua própria festa de aniversário. O que poderíamos fazer para que ele

estivesse realmente entre nós, para de-monstrar por ele o nosso carinho? Seria dar presentes caros ou estar mais presen-tes, mais próximos de nossa família e das pessoas que amamos? Preparar uma mesa farta de alimentos ou buscar mais o ali-mento espiritual? Enfeitar a casa, as ruas ou adornar nossos pensamentos, atitudes e palavras com a amizade, a simpatia, a boa vontade? Aguardar que uma data no

calendário mude nossa vida, ou trabalhar, transformando-nos, para que efetivamente semeando o bem colhamos o bem?

Estamos desatentos para o outro e suas necessidades. Nosso egoísmo ainda não nos permite baixar as armas. Defendemos nossos interesses, despreocupados com o sentimento alheio.

Conforme encontramos no O evangelho segundo o espiritismo, o presente mais agradá-vel a Deus é que vivamos em paz com nos-sos irmãos, perdoando, retirando de nossos

corações a mágoa, o ódio, a má querença. Com certeza, com Jesus não é diferente.

Quer presentear Jesus? Perdoe, com-preenda, seja mais paciente, coloque-se no lugar do outro, busque entender seus sen-timentos. Se o outro ainda não está pronto para fazer o mesmo, não importa, faça sua parte. Dê o seu melhor e não espere retri-buição, ela virá de Deus, da vida.

Emmanuel no livro Pão nosso, lição 138, nos diz: “Quando Jesus penetra o co-ração de um homem, converte-o em tes-temunho vivo do bem e manda-o a evan-gelizar os seus irmãos com a própria vida e, quando um homem alcança Jesus, não se detém, pura e simplesmente, na estação das palavras brilhantes, mas vive de acordo com o mestre, exemplificando o trabalho e o amor que iluminam a vida, a fim de que a glória da cruz se não faça vã”.

Desejamos a todos um Feliz Natal com Jesus. Que possamos crescer para alcançá--lo e com ele comemorar o seu aniversário, refletindo em nossos semelhantes o seu amor, através de nossas atitudes.

Profissional de marketing, Umberto é orador e escritor brasileiro, morando atualmente na Flórida, EUA. Aca-ba de lançar o livro O traficante, ditado por Jair dos Santos (Correio Fraterno).

Page 16: Correio Fraterno 460

16 CORREIO FRATERNO NOVEMBRO - DEZEMBRO 2014

www.correiofraterno.com.br

MÍdIA do BEM

Este espaço também é seu.Envie para nós as boas notícias que saíram na mídia! Se o mal é a ausência do bem, é hora de focar diferente!

Mudanças para um novo dia

A campanha “É bom ser do bem” teve início depois de uma virada na vida de Reinaldo Luz Santos.

Tudo começou a se tornar realidade com a ajuda das pessoas que acreditaram que a vida pode ser melhor através da gentileza.

Essa semente foi lançada no coração de algumas pessoas que hoje ajudam a distribuir o convite à cam-panha em forma de adesivos, respondem às mensagens e publicam conteúdos no site e redes sociais.Veja como participar http://www.ebomserdobem.com.br/

Caçadores de bons exemplos

Cansado de ouvir notícias ruins, um casal bra-sileiro resolveu vender seu apartamento e saiu em viagem por cinco anos pelo mundo (2011/2015) em busca de bons exemplos.

Os mineiros Iara Xavier, 33 anos, e Eduardo Xa-vier, 45 anos, já rodaram mais de 220 mil quilôme-tros, reunindo mais de mil boas iniciativas. “Acre-ditamos que existem muito mais ações positivas do que negativas no mundo. Precisamos saber quem está construindo um mundo melhor. Olhar o lado luminoso do ser humano”.Saiba mais em http://cacadoresdebonsexemplos.com.br

Ciclistas salvam bebê abandonado

Um grupo de ciclistas salvou um bebê recém-nasci-do que foi abandonado no esgoto, em Sydney, na Aus-trália. Diversas pessoas ajudaram a levantar a pesada tampa de concreto do bueiro para salvar o menino, que caiu de pelo menos 2,5 metros de altura.

“Era muito alto o choro do bebê”, diz David Otte, um dos ciclistas., citado pelo jornal Sydney Morning He-rald. “Nós não conseguíamos vê-lo, mas conseguíamos ouvi-lo. Foi angustiante.” http://sonoticiaboa.band.uol.com.br