Correio Fraterno 467

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Ano 48 • Nº 467 • Janeiro - Fevereiro 2016 CORREIO FRATERNO SEMPRE ATUAL, COM O MELHOR DO CONTEÚDO ESPÍRITA ISSN 2176-2104 O que é, afinal, a doença mental ? Antonio Schiriló Desencarnado em dezembro, aos 98 anos, Antonio Schiriló foi peça importante no movimento espírita de São Paulo. Inúmeras instituições contaram com o seu apoio, como agregador, humanista, um homem de bem. Leia em Baú de Memórias, na página 7. E m pleno século 19, Bezerra de Menezes escreveu um trabalho inédito para os contextos médico e espírita mundiais considerando algo além da matéria, diante de quadros de alienação mental, ou loucura. Como médico e membro da Academia Nacional de Medicina, no Rio de Janeiro, seus estudos preenchem uma lacuna no conheci- mento e demonstram que o pensamento é pura função da alma, suscetível à “ação fluídica de agentes inteligentes e ex- traterrenos”. Diagnosticado pelos médicos do Rio de Janeiro como louco, um de seus filhos foi o seu principal observatório: “Passado o acesso e entrado no período lúcido, o doente ficava calmo, manifestava perfeita consciência, memória completa e razão clara, de conversar criteriosamente sobre qualquer assunto”, registra Bezerra em seus estudos. Antonio César Perri de Carvalho é quem traz, em artigo especial, esta importante obra do médico que, desencarna- do há quase 120 anos, continua comprometido com a causa humana e as dores que ainda se derramam pela Terra. Leia nas páginas 8 e 9. Nos passos do Mestre A Mundo Maior Filmes lança no final de março o filme que traz uma nova visão sobre a vida de Jesus. “O que se pretende é desmistificar as mensagens deixadas por Jesus de acordo com os ensinamentos espíritas e mostrar que ele não quis criar nenhuma religião, apenas disseminar o amor e a paz”, explica o cineasta André Marouço. Leia mais em Acontece, página 3. A agência de turismo que se especializou em viagens de estudos ao Oriente Médio sob a ótica da doutrina espírita. “Atravessar o Mar da Galileia, como na época de Jesus, não há quem não sinta emoção. ” Leia nas páginas 4 e 5. Entrevista Escrito por Herminio C. Miranda e publicado pela editora Correio Fraterno, especialmente para você! Baixe seu e-book Marcia Valente GRÁTIS www.herminiomiranda.com.br

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Correio Fraterno, um dos mais conceituados veículos de informação espírita do Brasil.

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A n o 4 8 • N º 4 6 7 • J a n e i r o - F e v e r e i r o 2 0 1 6

CORREIOFRATERNO

SEMPRE ATUAL, COM O MELHOR DO CONTEÚDO ESPÍRITA

ISSN

217

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04

o que é, afi nal, a doença mental?

Antonio SchirilóDesencarnado em dezembro, aos 98 anos, Antonio Schiriló foi peça

importante no movimento espírita de São Paulo. Inúmeras instituições contaram com o seu apoio, como agregador, humanista, um homem de bem. Leia em Baú de Memórias, na página 7.

Em pleno século 19, Bezerra de Menezes escreveu um trabalho inédito para os contextos médico e espírita mundiais considerando algo além da matéria, diante

de quadros de alienação mental, ou loucura. Como médico e membro da Academia Nacional de Medicina, no Rio de Janeiro, seus estudos preenchem uma lacuna no conheci-mento e demonstram que o pensamento é pura função da alma, suscetível à “ação fl uídica de agentes inteligentes e ex-traterrenos”.

Diagnosticado pelos médicos do Rio de Janeiro como louco, um de seus fi lhos foi o seu principal observatório: “Passado o acesso e entrado no período lúcido, o doente fi cava calmo, manifestava perfeita consciência, memória completa e razão clara, de conversar criteriosamente sobre qualquer assunto”, registra Bezerra em seus estudos.

Antonio César Perri de Carvalho é quem traz, em artigo especial, esta importante obra do médico que, desencarna-do há quase 120 anos, continua comprometido com a causa humana e as dores que ainda se derramam pela Terra. Leia nas páginas 8 e 9.

Nos passos do Mestre A Mundo Maior Filmes lança no fi nal de março o fi lme que

traz uma nova visão sobre a vida de Jesus. “O que se pretende é desmistifi car as mensagens deixadas por

Jesus de acordo com os ensinamentos espíritas e mostrar que ele não quis criar nenhuma religião, apenas disseminar o amor e a paz”, explica o cineasta André Marouço. Leia mais em Acontece, página 3.

A agência de turismo que se especializou em viagens de estudos ao Oriente Médio sob a ótica da doutrina espírita. “Atravessar o Mar da Galileia, como na época de Jesus, não há quem não sinta emoção. ” Leia nas páginas 4 e 5.

Entrevista

Escrito por Herminio C. Miranda

e publicado pela editora Correio Fraterno,

especialmente para você!

Baixe seu e-book

A agência de turismo que se especializou em viagens de estudos ao Oriente Médio sob a ótica da doutrina espírita. “Atravessar o Mar da Galileia, como na época de Jesus, não há quem não sinta

Leia nas páginas

EntrevistaMarcia Valente

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2 CORREIO FRATERNO JAneiRo - FeVeReiRo 2016

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editoRiAl

Um dos maiores problemas enfren-tados por todos aqueles que têm o conhecimento da imortalidade da

alma e da reencarnação é justamente a con-ciliação entre a teoria e a prática da transfor-mação de si mesmo. Na maioria das vezes, já reconhecidos os enganos e difi culdades morais, nos deparamos com nossas atitu-des disparatadas, pensamentos e sentimen-tos diferentes daquilo que já entendemos pela razão ser o correto, o que mostra que, crianças espirituais ainda, já crescemos um pouco, mas ainda com um longo caminho a percorrer na nossa evolução.

Como é difícil conciliar o que sabemos (ou pensamos que sabemos) com o que fa-zemos! Daí também tantos desequilíbrios,

decepções, a culpa, o arrependimento. Nada perdido, porém, na vida do espírito, que de tudo se aproveita, da alegria e da dor. E as-sim vamos caminhando para a Luz, sempre, mesmo que aos tropeços.

Esta primeira edição do Correio de 2016 chega leve, repleta de boas esperanças de dias melhores, mas nem por isso deixa de tocar em assuntos não tão simples, importantes e atuais. O problema da doença mental é um deles. O que é, afi nal, uma doença mental? Até onde ela pode ser do corpo? Qual o pa-pel do espírito? É o que você vai ler no artigo especial de Antonio César Perri de Carva-lho, que lembra uma das obras mais impor-tantes e esclarecedoras do médico Bezerra de Menezes, Loucura sob novo prisma.

CORREIO DO CORREIO

Jesus desmitifi cadoDurante muito tempo me questionei so-bre a forma com que entendemos a men-sagem de Jesus. Sr. Eduardo foi muito feliz, lembrando o quanto é lenta a nossa evolução. (Entrevista “Como entendemos a mensagem de Jesus”, edição 466).

Gislaine França, Itanhaém, SP

Efeitos físicosPor que não ouvimos mais falar sobre as reuniões de efeitos físicos? Parece que quando o Chico era vivo isso ocorriam muito mais frequentemente. Mesmo assim, gostei de ler no Correio como eles faziam.

Sandorval Pereira, por e-mail.

Envio de artigosEncaminhar por e-mail: [email protected] Os artigos deverão ser inéditos e na dimensão máxima de 3.800 caracteres, constando referência bibliográfi ca e pequena apresentação do autor.

CORREIOFRATERNO

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Uma ética para a imprensa escrita

em dois artigos, escritos por Allan kardec e publicados na Revista Espírita, em 1858, estão encerradas as diretrizes que o Cor-reio Fraterno adota como norte para o trabalho de divulgação:

• A apreciação razoável dos fatos, e de suas consequências.

• Acolhimento de todas observações a nós endereçadas, levantando dúvidas e esclarecendo pontos obscuros.

• discussão, porém não disputa. As in-conveniências de linguagem jamais ti-veram boas razões aos olhos de pessoas sensatas.

• A história da doutrina espírita, de al-guma forma, é a do espírito humano. o estudo dessas fontes nos forneceráuma mina inesgotável de observações, sobre fatos gerais pouco conhecidos.

• os princípios da doutrina são os de-correntes do próprio ensinamento dos espíritos. não será, então, uma teoria pessoal que exporemos.

• não responderemos aos ataques diri-gidos contra o espiritismo, contra seus partidários e mesmo contra nós. Aliás, nos absteremos das polêmicas que po-dem degenerar em personalismo. discu-tiremos os princípios que professamos.

• confessaremos nossa insufi ciência sobre todos os pontos aos quais não nos for possível responder. longe de repelir as objeções e as perguntas, nós as solicita-mos. Serão um meio de esclarecimento.

• Se emitirmos nosso ponto de vista, isso não é senão uma opinião indivi-dual que não pretenderemos impor aninguém. nós a entregaremos à discus-são e estaremos prontos para renunciá--la, se nosso erro for demonstrado.

esta publicação tem como fi nalidade ofe-recer um meio de comunicação a todos que se interessam por essas questões. e ligar, por um laço comum, os que com-preendem a doutrina espírita sob seu verdadeiro ponto de vista moral: a prática do bem e a caridade do evangelho para com todos.

Envie seus comentários para [email protected]. Os textos poderão ser publicados também no nosso site www.correiofraterno.com.br

ISSN 2176-2104

leve e repleto de

A entrevista com Marcia Valente e Wan-da Guerreiro, empresárias espíritas que já levaram vários grupos de brasileiros para co-nhecer os locais históricos da vida de Jesus, deixa claro, por outro lado, o quanto a lem-brança da mensagem de Jesus é renovadora, sempre atual, e hoje tão necessária. Aliás, é esse o objetivo da Mundo Maior Filmes, que lança em março Nos passos do Mestre, projeto justamente que impulsionou essas viagens e que, arregimentando investidores, traz agora para as telas uma visão libertadora, racional, espírita, da vida e obra de Jesus.

A edição está recheada de boas surpresas. Que ela lhe seja útil e que chegue iluminan-do os caminhos e as refl exões de todos nós. Boa leitura!

esperanças

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JANEIRO - FEVEREIRO 2016 CORREIO FRATERNO 3

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A Mundo Maior Filmes, produtora de cinema da Fundação Espírita André Luiz, lança em 24 de mar-

ço, na Semana Santa, o filme Nos passos do Mestre, trazendo uma visão inovadora sobre a vida de Jesus, segundo o espiritismo.

Para o cineasta André Marouço, rotei-rista e diretor executivo da obra, trata-se de algo inédito em audiovisual. “O que se pretende é desmistificar as mensagens deixadas por Jesus de acordo com os ensi-namentos espíritas e mostrar que ele não quis criar nenhuma religião, apenas disse-minar o amor e a paz”, explica.

A produção conta com depoimentos e supervisão de Severino Celestino e Adão Nonato, especialistas em estudos da Bíblia e da vida de Jesus. Além das imagens feitas em Israel, Palestina, Egito, Turquia e Itália, o filme conta com encenações das princi-pais passagens de Jesus na Bíblia, como a Santa Ceia. A execução de Nos passos do Mestre só foi possível graças a um finan-ciamento colaborativo, que reuniu 907 apoiadores, que doaram quase R$ 120 mil.

Acontece

“O filme vai surpreender”, afirma Marouço, idealizador de outras produ-ções como Causa e efeito e O filme dos espíritos. “A tradicional lembrança de Je-sus sofrendo com certeza vai dar lugar à imagem de Jesus amigo e cheio de sabe-doria, que transmite e exemplifica amor e paz”, adianta.

Para compor o elenco a produção bus-cou os atores que fazem A paixão de Cris-to, encenação ao ar livre realizada tradicio-nalmente na época da Páscoa, na cidade de Piracicaba, em São Paulo. O ator Fábio Malosso, que interpreta Jesus, confessa que é grande a responsabilidade de passar essa história nas telas. “É complicado tra-zer essa emoção e o conhecimento que ele tinha de tudo”, revela.

Segundo o pesquisador Severino Ce-lestino, o público poderá ver toda a sa-bedoria de Jesus de maneira racional. “O objetivo principal desse trabalho é que-brar dogmas e mostrar que Jesus é esse es-pírito extraordinário que viveu entre nós e dividiu o tempo entre antes e depois dele,

Vem aí o primeiro filme espírita sobre a vida e obra de

JesusPor eliAnA hAddAd

pela importância de sua mensagem de amor, revelando inclusive que alguns tex-tos evangélicos foram tendenciosamente alterados”, afirma.

É também projeto da Mundo Maior Filmes elaborar a tradução e legendagem do filme para outros idiomas, aumentan-do o alcance da divulgação do trabalho realizado, inclusive com sua produção em DVD. “Depois desse filme, aquela ima-gem de Jesus sofrendo na cruz, do Cristo dogmático, milagroso, vai se modificar e abrir espaço para uma mensagem amo-rosa, mais racional, que vai transformar a vida de muita gente. Contamos com todos para compartilhar essa boa notícia nas redes sociais”, convida André Marou-ço. “Curta a página do filme e participe da divulgação. O projeto é de todos nós.”

A Mundo Maior Filmes também está agendando palestras de divulgação nas

casas espíritas de São Paulo, capital, com o tema “Nos passos do Mestre - Jesus se-gundo o espiritismo” com o cineasta.

Contatos: [email protected]/DocNosPassosDoMestre

Ficha técnica:

Roteiro e direção: André MarouçoCuradoria: Severino celestinoParticipação especial: Adão nonatoProdução: Pollyana PinheiroProdução executiva: duilio MoraesDireção de arte: Ana dinizDireção de fotografia: Arthur oliveiraEstrelando: Fábio MalossoDuração: 100 min

André Marouço e elenco

O ator Fábio Malosso interpreta Jesus

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4 CORREIO FRATERNO JANEIRO - FEVEREIRO 2016

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A história do cristianismo de perto

entReViStA

Por izAbel VituSSo e eliAnA hAddAd

S ócias da agência RW turismo, Márcia Valente e Wanda Guerreiro aceitaram o desafio de levar o primeiro grupo de

espíritas a conhecer o caminho por onde Jesus passou e viveu. e desde 2009 não pararam mais. Vale a pena sentir a emoção com que descrevem as experiências e viagens, no projeto que ganhou o nome “nos passos do Mestre”.

Como iniciou este projeto de unir lazer e conhecimento?Marcia: Começamos a receber diversos ‘alertas’, observando as ‘coincidências’ como um chamado para este novo pro-jeto de divulgação da doutrina. Come-çaram a surgir sugestões de pessoas que tinham sonhos de conhecer a região por onde Jesus passou.Wanda: Mas em 2009 surgiu o convite para levarmos a equipe da Mundo Maior Filmes para fazer as gravações para o filme que está estreando agora nos cinemas, dia 24 de março: Nos passos do Mestre. Quan-do chegamos lá, entendemos a extensão do nosso trabalho, a real importância de tudo aquilo.Marcia: Vimos que era um compromisso

nosso com a divulgação do espiritismo e do Evangelho. Um trabalho de ajudar as pesso-as a abrirem o coração. Porque nós estamos sentindo saudades de Jesus. Ele está batendo no coração de todo mundo, mas não esta-mos abrindo a porta para ele entrar.

Como vocês incorporaram o novo serviço ao que já realizavam? Marcia: Era um novo projeto e teríamos que parar com tudo em nossa agência, que era de turismo normal desde sua fundação, em 1990. No entanto, a partir do ano 2000, a doutora Marlene Nobre [fundadora da Associação Médico-Espírita do Brasil e In-ternacional] já nos incentivava para que nos dedicássemos mais no campo das viagens para o movimento espírita. Já fazíamos as

viagens dos Congressos da AME pelo Brasil. Depois vieram as dos congressos espíritas mundiais. Nosso trabalho foi então natural-mente mudando.

O que muda neste novo trabalho?Wanda: Mais do que nun-ca, nosso foco agora são as pessoas. Desde quando o grupo está se formando para a excursão, já come-çamos a analisar o perfil dos que estão aderindo. A maioria é espírita. Mas vão católicos, espiritua-

listas, todos que têm interesse de ver ao vivo os lugares importantes da história do cristianismo primitivo. A proposta é inte-grar todo mundo do grupo. Há todo um envolvimento emocional e espiritual, um verdadeiro exercício de união e respeito, de doação ao outro e trabalho interior. O aprendizado já começa aí.

O que mais as pessoas alcançam nessas viagens? Wanda: Acho que o melhor resultado des-se programa é a reforma interior. As pesso-as voltam completamente diferentes. Marcia: O foco não é o turismo, é real-mente o espiritual. O professor Severino Celestino é o nosso convidado, nosso guia e orientador espiritual. Faz toda a diferen-ça em nosso programa, como pesquisador do hebraico e das religiões, como o juda-ísmo, e como profundo conhecedor da Bíblia, a qual traduziu do Hebraico. O foco principal é a divulgação da dou-trina espírita e o estudo dos ensinamentos de Jesus. É fazer despertar isso no coração de cada um de nós do grupo que está indo

e, inclusive, passamos isso para as pessoas que estão à nossa volta. Todos se emocio-nam... Por exemplo, quando passamos pela casa de Maria, em Éfeso, ou na gruta de Pedro em Antióquia, na Turquia, onde ele nos chamou de cristãos pela primeira vez, e em tantos outros lugares que são ex-tremamente emocionantes, a gente sente que há um intenso trabalho espiritual no grupo. E há todo um movimento da espi-ritualidade, ao mesmo tempo, para ajudar aqueles irmãos que ainda estão presos há séculos em muitos lugares.

Não é ao acaso que uma pessoa vai então a uma dessas excursões? Wanda: Sim. Nós percebemos as incríveis coincidências e que cada grupo é um gru-po, com uma temática comum trabalha-da durante toda a viagem. Um grupo é mais focado em busca do eu, outro pela doutrina, outro na pesquisa do Evange-lho. Há casos em que as pessoas se veem em experiências já vividas. São verdadeiras catarses que acontecem. Isso é interessan-te, porque mostra um fenômeno natural que ocorre nas profundezas da alma, mas a viagem não é no sentido de idolatria, de peregrinação ou algo parecido...Marcia: Para se ter uma ideia, fomos com um determinado grupo para Mas-sada, um monte platô de 520m acima do Mar Morto, a caminho de Tibería-des, e foi imediato o mal-estar quase ge-ral que começaram a sentir, dizendo-se sufocados. Este é o lugar onde muitos cristãos ficaram escondidos dos roma-nos durante muito tempo, até serem descobertos e atacados. Todos morre-ram se jogando do alto do platô para não serem mortos pelos romanos. Ou-tros grupos já foram para lá e não senti-ram nada. Cada um com suas experiên-cias e possíveis reminiscências.

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que se infiltratam, há respeito. Justificam que os governantes é que querem brigar. O povo, na sua maioria, quer paz.Marcia: Na própria terra de Paulo, Tarso, na Turquia, não há cristãos. Só há duas freirinhas estrangeiras que cuidam do mu-seu, na igreja de Paulo. Essa é a realidade lá.

Esta mudança da agência de tu-rismo para o ‘turismo religioso’ foi bem assimilada pelo público? Acham que vocês corriam o ris-co de serem mal-interpretadas, como oportunismo?Wanda: Tive muito conflito pessoal quando a gente começou. A RW deixou de ser uma agência comum, quase não faz mais outros programas que não sejam espíritas. A gente não consegue mais ter aquela postura comer-cial, como em qualquer negócio. Fazemos tudo com muito amor, valorizando e torcen-do para que toda pessoa que desejar consiga

Acham que essa ‘magia’ aconte-ce pelo local onde estão ou pelo grupo em especial? Por que vocês convidariam alguém para essa ex-periência?Marcia: Você estuda Jesus aqui, lê o Evan-gelho, mas não vivencia. Você imagina. No local, você sente a vibração, a energia. É uma terra de conflitos, mas você sente a paz de Jesus. Sente a presença dele muito forte. Cada lugar que você vai, cada pará-bola que lê, você se sente; a história, ativa suas lembranças. Wanda: Atravessar o Mar da Galileia no barco como na época de Pedro e de Je-sus, pensar em Jesus, não há quem não sinta emoção.

Vocês realizam reuniões mediúni-cas nas viagens?Marcia: Não. Quando há necessidade, um grupo pequeno se reúne. Mas a sen-sibilidade espiritual de todos de maneira geral fica bastante aguçada.

O objetivo de vocês é também le-var luz para esses lugares? Vocês não têm receio dos conflitos por lá?Wanda: Paz e luz. Todo caminho é fei-to assim, inclusive na Turquia, a própria guia, que é mulçumana, comenta que as orações que fazemos todos os dias no ônibus e os comentários sobre a paz são muito importantes para a região. Marcia: A primeira vez que fomos, em 2009, a Faixa de Gaza, na Palestina, es-tava em conflito, mas a gente não chega perto. E, mesmo assim, digo que Israel é o lugar mais seguro para você ir, por conta dos antimísseis. Não podemos esquecer também que temos a cobertura espiritual.

Qual a sensibilidade de vocês nes-sa área em relação a tantos confli-tos religiosos?Marcia: Ali, a luta nesse campo religioso é antiga...Wanda: Por onde passamos não percebe-mos esse desequilíbrio. Inclusive Sefika, nossa guia muçulmana na Turquia, costu-ma dizer que sua filha de 6 anos vai ser a primeira ‘mulçumana espírita’. A semente está sendo plantada. Na Turquia eles nem sabem o que é espiritismo, Kardec, então, nem se fala... Apenas menos de 2% são cristãos. Mas entre eles todos, judeus, pa-lestinos e mulçumanos, exceto os radicais,

ir. O restante já não importa mais, vem por consequência. Penso: Que coisa abençoada termos a oportunidade de fazer isso, de tra-balhar por Jesus, de poder ajudar as pesso-as a realizarem algo de bom para si. Tenho imenso sentimento de gratidão. As próprias pessoas que viajam com a gente acabam di-vulgando nossos programas. O meio espírita hoje reconhece o nosso trabalho. Marcia: Mesmo em situação mais difícil para viagens como agora, com a alta do dólar, digo com toda certeza: a pessoa que deseja mesmo ir, que tem isso na mente, vem e fecha a via-gem, porque esse sonho é de muita gente. E muitos sonhos acabam se realizando.

Por onde vocês passam? Marcia: Temos toda uma programação. Passamos pelos caminhos por onde Jesus passou, conhecemos os lugares onde ele viveu. Inicialmente pela Galileia, depois pela Judeia...

Wanda: Temos o guia local, que fala da parte arqueológica e histórica, e o profes-sor Severino Celestino, complementando a parte da história, como pesquisador da Bíblia e cristão. Ele também fala com a vi-são espírita sobre as passagens de Jesus. Em cada ponto importante de nosso roteiro, Jesus deixou uma mensagem; nós muitas vezes até não entendemos o verdadeiro sentido. Por isso a importância do profes-sor, com seu do conhecimento do hebraico e facilidade para ler as fontes originais. Ele diz que é preciso conhecer o povo judeu para compreender Jesus, porque se você não entender os costumes da época, mui-tas vezes não vai entender a mensagem. Marcia: É o caso por exemplo do salmo: “O senhor é meu pastor e nada me falta-rá”. O certo é: “O senhor é meu pastor e não me faltará”, o que muda totalmente a nossa compreensão. Não são as coisas materiais que não vão faltar...

As experiências vão calando fundo. Você sente o que

é o espírito em evolução”

Wanda: Quando fazemos o Evangelho, todas as noites, onde todos participam, são esclarecidas várias passagens. No lugar da expressão de Jesus, conhecida como “Siga-me” a correta tradução seria “Colo-que-se ao meu lado, vamos juntos”, mos-trando que devemos segui-lo e nos colo-carmos ao seu lado. Faz toda a diferença.

E para vocês, o que mais marcou esse tempo todo?Marcia: O mais forte, para mim, foram as experiências espirituais. Indescritíveis! O que eu posso garantir é que muitos de nós estivemos lá, nas bodas de Caná, por exemplo. Calcule então a proximida-de que estávamos de Jesus e não o segui-mos... A gente se vê na época. São experiências que mostram que mui-tos de nós já tivemos a chance de estarmos juntos de Jesus e perdemos a oportunida-de. Sem culpas, porque não estávamos

amadurecidos, não sabíamos da impor-tância que ele tinha.

O que mudou para vocês fazer este trabalho levando o Brasil cristão ao Oriente Médio?Wanda: Mudou tudo. Primeiro que eu acreditava em Jesus, mas não tinha essa amizade com Jesus. Passei a estudar, es-tudar in loco, sentir toda aquela energia e aprender a lidar com pessoas, porque é preciso passar o amor, trabalhar o amor entre elas. Aprendemos que temos muito a aprender uns com os outros. Não importa a religião que professem. Não são só os es-píritas que fazem coisas boas. Já tivemos no grupo, certa vez, uma católica, jornalista, advogada que trabalhou com o Herculano Pires, que quando contou o que fazia como caridade, deixou todo mundo admirado.Marcia: Para mim mudaram muito as vivências mediúnicas. Hoje sou mais sen-sitiva. Cada lugar diz muito. As experi-ências vão calando fundo e você sente o que é o espírito em processo de evolução, de aprendizado contínuo. Nunca vamos atentos ao fenômeno, ao que podemos ou não sentir, mas essas sensações espirituais, essas lembranças, acontecem não só com a gente. Quem vai também sente e passa por essas experiências.

Qual a próxima programação?Wanda: Agora em maio vamos pela oi-tava vez para Israel. O grupo já está se formando. Serão 14 dias de viagem. Va-mos pernoitar em Tel Aviv, Tiberíades, Jerusalém e visitar todos os lugares por onde Jesus teria passado: Também Be-tânia, Jericó e outras. Em junho, vamos à Grécia e Turquia, para fazer os cami-nhos de Paulo, Pedro, João e Maria. Marcia: De 7 a 9 de outubro, teremos o 8º Congresso Mundial Espírita, em Lis-boa, Portugal. Estamos já com muitos inscritos que irão com a gente. Muitos estão optando para ficarem por dez dias para conhecerem outras cidades de Por-tugal. No final ainda há a opção de se-guir para a Itália, para fazer o caminho de Francisco de Assis, e também em, o de Paulo e Pedro. Com tudo isso, só vamos aumentando a nossa grande fa-mília. E a união permanece viva, assim como nossos compromissos com Jesus.

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6 CORREIO FRATERNO JAneiRo - FeVeReiRo 2016

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coiSAS de lAuRinhA Por tAtiAnA beniteS

Durma com os anjosNa casa de laurinha, a mãe

dá início ao evangelho no lar e explica que todos nós te-mos espíritos protetores, que nos acompanham desde o nos-so nascimento.laurinha ouve com atenção e pergunta:– Mãe, afi nal, eles são ou não são anjos?– São espíritos superiores, lauri-nha, que estão sempre nos auxi-liando e torcendo por nós. nós os chamamos de nossos mento-res, ou nosso anjo guardião.– Ah! Por isso que todo mundo fala: “durma com os anjos”?– isso mesmo. não deixa de ser

um pedido para que se tenha o sono guardado pelos bons espí-ritos, um sono muito bom.– entendi – responde laurinha.– e eles podem estar conosco não só durante o sono, mas principalmente nos momentos difíceis, dando consolo, bons conselhos... – explica a mãe. terminado o evangelho no lar, o pai lembra que já é hora de criança ir para a cama: – Amanhã você precisa levantar cedo – ele lembra.– está bem – conclui laurinha, levantando-se e indo para o quarto se preparar para dormir. não demora e a mãe vai até lá

dar o beijo de boa noite, dizen-do o de costume: – durma com os anjos!– hi, mãe, não vai dar! Já tem

a Maga, o dinho, o dengoso, o Fred, meus amigos ursos hoje chegaram primeiro. não vai ca-ber todo mundo.

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JANEIRO - FEVEREIRO 2016 CORREIO FRATERNO 7

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Por JuliA nezu

Dedicado trabalhador da seara espí-rita e integrante do movimento de unificação paulista, Antonio Schi-

liró regressou à pátria espiritual no dia 2 de dezembro de 2015, aos 98 anos de ida-de, deixando o seu exemplo de homem humanista e do bem.

Viúvo de dona Lélia, com quem teve dois filhos, Antonio Luiz, engenheiro e Sandra Maria, arquiteta e psicóloga, que lhes derem seis netos, Schiliró era natural de São Paulo, filho de imigrante italia-no da Sicília, Vitor Carlos Schiliró, e de Rocchina De Felice. Formado em con-tabilidade e economia pela Faculdade de Ciências Econômicas de São Paulo, tra-balhou durante 40 anos no antigo Ban-co Nacional do Comércio. Foi professor de contabilidade bancária, membro do 2º Tribunal do Júri de São Paulo, tendo atuado também no sindicalismo, onde ocupou diversas funções nas entidades de classes dos bancários e economistas.

Conta Schiliró em suas memórias – não publicadas – que em 1939 foi ad-mitido no Banco onde trabalhava um jovem espírita e que foi conhecer uma sessão mediúnica num grupo familiar, na rua França Pinto, na vila Mariana. Ou-via incrédulo a manifestação psicofônica que ali acontecia, pois vinha de família católica. Mentalmente desafiou o espíri-to que se comunicava que se de fato o era, que interrompesse a comunicação e lhe dirigisse a palavra e, para a sua sur-presa, no mesmo instante o espírito que se identificava como “Vovó Catarina”

virou-se para ele e disse-lhe “o que gos-taria de falar comigo?”, e conversaram. A partir disso, passou a frequentar o gru-po, que mais tarde foi constituído com o nome de Centro Espírita Obreiros da Fé, Jesus, Maria e José.

Instituição Beneficente Nosso Lar

Convidado a conhecer a Instituição Beneficente Nosso Lar, no Cambuci, conheceu o médium Spartaco Ghillar-di, que o surpreendeu chamando-o pelo nome (estava sentado na última fila) através do qual um espírito se manifes-tou chamando-o para o trabalho. Ele e sua esposa dedicaram-se intensamente à instituição. Nas memórias registrou o carinho e a amizade pelos amigos do IBNL, por dona Maria Augusta Ferreira Puhlmann, mãe da Nancy Puhlmann, dirigentes e fundadoras da instituição. Mais tarde, Spartaco fundou o Grupo Espírita Batuíra, no bairro Perdizes, diri-gindo-a até a sua desencarnação.

Instituto Espírita de EducaçãoRepresentando o Centro Espírita

Obra da Fé – Jesus, Maria e José, parti-cipou em 1949 do Congresso que deu origem ao Instituto Espírita de Educa-ção. Schiliró diz nos seus registros que se associou à recém-fundada instituição e recebeu a carteira social assinada pelo primeiro presidente, Pedro de Camargo (Vinicius), mantendo-se associado des-de então, tendo inclusive assumido o

cargo de tesoureiro, numa época de di-ficuldade financeira da entidade, como forma de ajudar.

União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo

Por volta de 1970 foi convidado a participar do movimento de unificação coordenado pela União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo como assessor de finanças. Em 1972 foi eleito diretor segundo secretário; em 1974 se-cretário geral, cargo que também exer-ceu em 1976, 1978 e 1980, a assumin-do a presidência em 1982 e reeleito em 1984 até 1986.

Na função de secretário geral orga-nizou de forma eficiente a secretaria da USE, informatizando cadastros de ór-gãos e de centros espíritas e outras ações administrativas. Depois, na presidência, realizou uma gestão de sucesso e entre muitas ações destacam-se o revigora-mento das campanhas institucionais da USE, a obtenção da declaração de utilidade pública estadual e municipal e a aquisição da atual sede da USE, no bairro Santana, na zona norte da Capi-tal Paulista.

Foi realizado na presidência da USE, em 1986, o 7º Congresso Estadual após

25 anos do anterior, caracterizado pelo pleno exercício da liberdade de pen-samento e exposição de ideias, tanto que, mesmo os temas polêmicos que contrariavam o entendimento da USE puderam ser apresentados e debatidos. Schiliró deixou a sua marca de dirigente democrático que dava ampla liberdade às suas equipes de trabalhos.

Ao término de sua gestão na USE, legalizou o grupo familiar que dirigia, dando-lhe o nome da mentora que fora médica em sua última encarnação: Gru-po Assistencial Espírita Nair Bozzi, para receber crianças na creche, além de ou-tras atividades.

Ao se referirem ao pai, os filhos San-dra e Antonio Luiz disseram-me que ele havia deixado todos os documentos em ordem numa pasta e um bilhete reco-mendando: “não chore, ore”. Também, do seu carinho pela USE-SP.

Julia Nezu é presidente da USE do Estado de São Paulo.

bAÚ de MeMÓRiASO BAÚ DE MEMÓRIAS PODE SER FEITO POR VOCÊ! Envie para nós um fato marcante sobre o Espiritismo em sua cidade. Ele pode ser publicado aqui nesta seção. E-mail: [email protected].

A presença de Antonio Schiliró

no movimento espírita paulista

Antonio Schiliró: “Não chore, ore”

Com sua esposa, dona Lélia

Page 8: Correio Fraterno 467

8 CORREIO FRATERNO

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Bezerra e a nova visão sobre a

loucura

eSPeciAl

Adolfo Bezerra de Menezes teve intensa atuação em várias ati-vidades espíritas, políticas,

empresariais, e jamais deixou de atuar como médico.

Em pleno século 19 – contemporâneo de Charles Richet, William James, Jean--Martin Charcot e outros notáveis colegas de profi ssão, voltados à procura de respos-tas extraorgânicas nas chamadas ‘pesqui-sas psíquicas’ e em casos de perturbações psíquicas – Bezerra escreveu um trabalho inédito para os contextos médico mun-dial e espírita: A loucura sob novo prisma.

No fi nal dos anos 1880, como mé-dico e membro da Academia Nacional de Medicina, e consta que direcionado à instituição, Bezerra de Menezes escreveu o citado trabalho abordando um tema delicado e complexo. No estudo, dá ên-fase à ‘loucura por obsessão’, isto é, por ação fl uídica de agentes inteligentes e ex-traterrenos sobre a criatura encarnada. O histórico trabalho de Bezerra somente foi publicado em 1920, pela FEB.

Na obra, Bezerra comenta sobre a pos-tura tradicional “de que toda perturbação do estado fi siológico do ser humano pro-cede invariavelmente de uma lesão orgâ-nica, os homens da ciência têm até hoje, como verdade incontroversa, que a aliena-ção mental, conhecida pelo nome de lou-cura , é efeito de um estado patológico do cérebro, órgão do pensamento, para uns; glândula secretora do pensamento, para outros. Nem os primeiros, nem os segun-dos explicam sua maneira de compreen-der a ação do cérebro, quer em relação à

função, em geral, quer em relação à sua perturbação, no caso da loucura.”

Assim, Bezerra se propõe “a preen-cher essa lacuna, demonstrando, com fatos de rigorosa observação: que o pen-samento é pura função da alma ou Espí-rito, e, portanto, que suas perturbações, em tese, não dependem de lesão do cére-bro, embora possam elas concorrer para o caso, pela razão de ser o cérebro instru-mento das manifestações, dos produtos da faculdade pensante.”

Defi ne claramente seu objetivo: “Meu estudo limitar-se-á à segunda espécie, ainda não reconhecida, nem estudada no mundo científi co. Sobre este importante assunto, cuja simples enunciação já deve ter feito muita gente atirar longe o pobre livro, eu farei meditado estudo, no empe-nho de tornar patente a causa do mal – a sintomatologia necessária ao diagnóstico, quer do mal (obsessão), quer da diferen-ciação entre as duas espécies de loucura – e, fi nalmente, os meios curativos da nova espécie ou obsessão.”

No desenvolvimento do livro há três partes bem delimitadas: 1) o pensamento em seu princípio causal e em suas mani-festações; 2) relações do nosso Espírito com os Espíritos livres do espaço; don-de a loucura por obsessão; 3) a loucura, como caso patológico, determinando-lhe a causa – apreciando-lhe os sintomas; co-lhendo os elementos para seu diagnóstico diferencial; e prescrevendo os meios com que se deve tentar a cura do terrível mal.

Importante é que Bezerra relaciona as suas observações pessoais, das reuniões

Por Antonio ceSAR PeRRi de cARVAlho

que participava no Rio de Janeiro, com O céu e inferno, de Allan Kardec, referindo-se às manifestações de espíritos infelizes que permaneceram muitos anos sentindo-se ligados ao corpo. Também cita casos da Revue Spirite, criada por Allan Kardec.

Além de tratar o tema teoricamente, ele robustece com casos selecionados: “Para não alongarmos, porém, este traba-lho, citaremos apenas três, que preferimos às demais, por estarem vivas e presentes as testemunhas, caso alguém se abalance a impugná-las.”

Bezerra relata os estudos de casos que realizou, recorrendo a reuniões com par-ticipação de fi guras notáveis como o mé-dium Frederico Pereira da Silva Júnior, Pedro Richard, Antônio Luís Saião, Fran-cisco Leite Bittencourt Sampaio, e outros companheiros da história do espiritismo. Fica claro e, como ele escreveu, com teste-munhas vivas, que se curaram da chamada alienação mental, libertando-se dos então ‘hospícios’, com o tratamento espiritual que incluiu o atendimento e esclarecimen-to de entidades espirituais envolvidas pela

ideia de perseguição e de vingança.Fato marcante foi vivido no seio de seu

próprio lar. Bezerra escreveu: “Um de nos-sos fi lhos, moço de grande inteligência e de coração bem formado, foi subitamente tomado de alienação mental. Os mais no-táveis médicos do Rio de Janeiro fi zeram o diagnóstico: loucura; e como loucura o trataram sem que obtivessem o mínimo re-sultado. Notávamos, nós um singular fenô-meno: quando o doente, passado o acesso e entrado no período lúcido, fi cava calmo, manifestava perfeita consciência, memória completa e razão clara, de conversar crite-riosamente sobre qualquer assunto, mesmo literário ou científi co, pois estudava medi-cina, quando foi assaltado. [...] Desanima-dos, por falharem todos os meios empre-gados, disseram-nos aqueles colegas que era inconveniente e perigoso conservar o doente em casa, e que urgia mandá-lo para o hospício. Foi ante esta dolorosa contin-gência de uma separação mais dolorosa que a da morte, que resolvemos atender a um amigo que havia muito nos instava para que recorrêssemos ao espiritismo.”

Page 9: Correio Fraterno 467

JAneiRo - FeVeReiRo 2016 CORREIO FRATERNO 9

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Bezerra relata alguns trechos de diálo-gos ocorridos no atendimento do espírito que atuava como obsessor do fi lho. Foram muitas reuniões de tratamento espiritual: “O moço era vítima de seus abusos nou-tra existência, continuou a sofrer a perse-guição, e por tanto tempo a sofreu, que seu cérebro se ressentiu, de forma que, quando o obsessor, afi nal arrependido, o deixou, ele fi cou calmo, sem mais ter aces-sos, porém não recuperou a vivacidade de sua inteligência. O instrumento ainda não se restabeleceu. [...] o nosso doente, desde que tivemos certeza de ser o mal obra de um Espírito, nunca mais tomou remédios, senão os morais, em trabalhos espíritas, de cerca de três anos. Vê-se, por-tanto, quanto importa, diante de um caso de loucura, fazer de pronto o diagnóstico diferencial, para que, se for obsessão, não chegue esta a desorganizar o cérebro, que é o órgão atacado pelo obsessor.”

Esclarecemos que o fi lho a que o au-tor se refere é Antonio, segundo fi lho do primeiro casamento de Bezerra, nascido em 1862. Depois do tratamento e cura

do fi lho, este veio a desencarnar aos 25 anos de idade, vitimado por febre tifoide, no ano de 1887. A vivência do caso do próprio fi lho foi um dos fatores que es-timularam Bezerra a escrever o trabalho, posteriormente transformado em livro. Lembramos também que embora estu-dasse o espiritismo, desde a oferta de O livro dos espíritos por seu colega e tradutor, dr. Joaquim Carlos Travassos, em 1875, Bezerra somente se proclamou publica-mente espírita no ano de 1886, época em que já se dedicava ao estudo dos casos re-latados no livro.

Bezerra aborda o tema obsessão em um capítulo específi co. Ao fi nal da obra, con-clui: “Temos, pois, em resumo, que tudo concorre para tornar evidente a dualidade causal da loucura. [...] Defi nida a questão, a loucura sob novo prisma, exposta a dou-trina onde se encontram as leis que a expli-cam, vem de molde, e antes de mais, dis-criminá-la da outra espécie, única até hoje

conhecida: fazer o diagnóstico diferencial.”Interessante é que Bezerra escreveu

de uma maneira que o livro não está colidindo e nem ultrapassado com a di-versidade das teorias do meio científi co e nem com a extensa bibliografi a espírita hoje disponível.

O livro A loucura sob novo prisma, deve merecer a atenção pela leitura, estudo e divulgação por parte dos espíritas. Quiçá, um dia também tenha o reconhecimento na área acadêmica pelo pioneirismo e ine-ditismo do tema central, abordado ainda no século 19!

Fontes:Menezes, Adolfo Bezerra. A loucura sob novo pris-ma. Ed.FEB.Wantuil, Zêus. Grandes espíritas do Brasil. Ed. FEB.

Orador e escritor espírita, Antonio Cesar Perri presi-diu a Federação Espírita Brasileira e o CFN até março de 2015. Leia mais no site www.correiofraterno.com.br

Estranhas loucurasda RedAÇÃo

como médico e espírita, procurando demonstrar que há casos de loucura sem lesão no cérebro, cuja causa é puramente espiritual, bezerra de Menezes explica como se dá a ‘loucura por obsessão’, tentando esclarecer as relações do pensamento com o cérebro. como um dos argumentos irrefutáveis de que o homem não é simples matéria, bezerra lembra o fenômeno da memória, que não se esvai juntamente com a constante renova-ção das células do corpo físico. eis alguns pontos importantes de sua tese:

• em oposição à ‘loucura científi ca’, essa ação é fl uídica, de infl uências estranhas, inteli-gentes

• A alma é que sente, que recebe, que quer, segundo as impressões que recebe do exte-rior, e tem ideias e pensamentos sem a intervenção dos sentidos corporais

• os fenômenos intelectuais e morais, que se manifestam no correr da vida corpórea, são devidos às faculdades anímicas, e não às propriedades do corpo

• A função do corpo, em geral, e dos seus órgãos, em particular, é de simples aparelho ou instrumento da alma

• o corpo, como instrumento, bem ou mal aparelhado, são ou doentio, infl ui sobre o desempenho das funções anímicas

• há casos bem verifi cados de perturbação mental sem lesão orgânica do cérebro, o que diz bem positivamente que a loucura não depende essencialmente do estado mórbido do cérebro

• Se obtivermos o desprendimento do espírito, para se manifestar independente do órgão doentio, verifi caremos o fato de o ‘louco’ se manifestar com tanta ou maior lucidez

• uma função só se perturba, ou por lesão do órgão ou por lesão do agente.(...) Se não estiver no órgão, é preciso procurar a causa do mal fora dele, no agente

• A ciência nadará em um oceano de incertezas, enquanto acreditar que a loucura de-pende exclusivamente do cérebro. (...) distinguir, portanto, uns de outros casos, os que dependem do cérebro dos que nada têm com ele, é facilitar a marcha da ciência, em seu empenho de curar

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10 CORREIO FRATERNO JANEIRO - FEVEREIRO 2016

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Lima Duarte, dona Pequena e o espiritismoVocÊ SAbiA

Por RAyMundo R. eSPelho

O ator Lima Duarte não perde a oportunidade de voltar às suas origens para recarregar suas ener-

gias em terras mineiras, em Sacramento, a cidade natal também do nosso pioneiro do espiritismo, Eurípedes Barsanulfo.

Considerado um dos maiores nomes da dramaturgia do Brasil, ele nasceu em

1930, filho de um boiadeiro de Ara-guari, MG, Antônio José Martins, e de América Gonçalves Martins, paulista de Orlândia que foi levada na época para ser tratada espiritualmente pelo mé-dium em Sacramento.

Ariclenes Venâncio Martins, nome de batismo de Lima Duarte, conta em entre-vista que eram todos muito pobres e que Eurípedes conseguiu um emprego para a mãe de zeladora em um centro espírita na cidade de Ribeirão Preto, SP. “Meu pai trabalhava como zelador e minha mãe, por ser médium, participava das sessões espíritas do centro”, ele lembra.

Mas os anos se passaram e dona Amé-rica veio para Santo André, onde eu tive a felicidade de não só conhecê-la, mas de trabalhar com ela. Ela era a administra-dora na Instituição Assistencial Nosso Lar e eu, voluntário nos serviços de enferma-

gem, no final da década de 1950. Sua vinda se deu através do sr. José

Correa Gomes, um dos presidentes da instituição de Ribeirão onde ela trabalha-va que, mudando-se para o ABC, presidia agora o Nosso Lar, instituição que dava assistência aos idosos, fundada em 1953.

Dedicado aos trabalhos no espiritis-mo, sr. Correa ajudava em toda causa social na época, inclusive participando do próprio Lar da Criança Emmanuel, fun-dado por nós e outros companheiros em 1960. Ele trazia para perto pessoas com quem pudesse contar, como o caso de dona Pequena, como nós a chamávamos.

Quando foi presidente do Lar da Criança Emmanuel, sr. Correa passava com seu caminhãozinho pelas casas co-merciais em São Bernardo recolhendo caixas de papelão, que vendíamos em prol da casa. Assim também fazia com outros

materiais reaproveitáveis das indústrias de carro que foram se instalando em São Bernardo. Era um homem de visão.

Mas também dona Pequena soube enfrentar os desafios da vida e o próprio preconceito que sofria na época. Além de espírita, antes de morar em São Paulo, ela sonhava em ser artista e participava de pe-quenas peças teatrais, na maior parte das vezes com cunho doutrinário, e carregava sempre o filho Ariclenes com ela.

Lima Duarte era o nome do espírito de luz que se apresentava à dona Pequena e que o ator acabou adotando como e seu nome artístico.

“Com ele, você vai ser muito feliz”, dizia-lhe a mãe.

Aos 86 anos e depois de uma vida de sucesso, o ator continua com projetos para os palcos, onde desde pequeno ele realmente se encontrou.

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JANEIRO - FEVEREIRO 2016 CORREIO FRATERNO 11

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ARtiGo

As consequências do egoísmo po-dem ser apreciadas em qualquer nível do relacionamento social.

As atitudes egoístas estão nas ruas, nas escolas, nas agremiações, no ambiente de trabalho...

Todos falam da crise moral e material em que se encontra nossa sociedade. Te-mos sentido seus efeitos, mais ou menos intensamente.

Em geral, os governos são responsabi-lizados. No entanto, analisando a questão numa ótica espírita, verificamos que os governos se constituem em meros agentes com poder decisório e que a causa maior das mazelas humanas é o egoísmo.

Enquanto não extirparmos o egoísmo dos corações não melhorará a vida na Ter-ra. Não adianta criar boas leis que não são cumpridas, pois as leis não vão consertar o mundo, se as pessoas não se respeitarem mutuamente, nem conseguirem viver como irmãs.

Infelizmente, vemos grassarem o oportunismo e a corrupção em todos os escalões do governo. Ignorar estes fatos é pretender viver alienado da realidade. Mas esta triste situação é apenas a parcela evidente da miséria moral da humanidade (evidente, quando a imprensa se interessa e dá destaque).

De fato, as consequências funestas

Quando os bons quiserem, preponderarão

Por RitA FoelkeR

do egoísmo poderiam ser apreciadas em qualquer nível do relacionamento social. As atitudes egoístas estão nas ruas, nas escolas, nas agremiações, no ambiente de trabalho e não competem exclusivamente aos que exercem funções públicas.

Perguntamos, então, onde estão os bons que não aparecem? Onde estão os homens e mulheres que apenas desejam o bem comum e vivem conforme os princí-pios de boa moral? Onde estão as pessoas que não sonegam, nem prevaricam, nem se vendem? Pessoas que apenas tentam vi-ver honestamente?

Decerto que existem, que são nume-

rosas e que estão aptas a muito fazerem favor da coletividade. Tem ideias que me-recem ser ouvidas e projetos que merecem ser estudados.

Pois bem: queremos conhecê-las. Por que não se levantam? Que lhes falta, se tudo quanto desejamos seria poder ele-ger, confiantes, um homem de bem para cada cargo representativo? Um homem de bem, possivelmente, não resolveria tudo, mas teríamos, pelo menos, a certeza de que estaria se esforçando ao máximo.

Queremos crer que estas pessoas estão por aí nalgum lugar incerto e não sabido, desesperançadas ou somente reclamando

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das quais não participaram. Elas possuem um poder que desconhecem. Vejamos o que diz a questão 932 de O livro dos espí-ritos: Pergunta – “Por que, no mundo, tão amiúde, a influência dos maus sobrepuja a dos bons? Resposta – por fraqueza des-tes. Os maus são intrigantes e audaciosos, os bons são tímidos. Quando estes quise-rem, preponderarão”.

Falta aos bons determinação e ação. Iniciativa e coragem.

Não pretendemos que todos venham a disputar cargos eletivos, que todos te-nham postos no governo – isto é um so-nho ainda distante! Mas sugerimos que não se calem, que deem exemplo, que escrevam, que não tenham medo de de-fender seus ideais. Que os bons trabalhem muito e que façam valer suas convicções.

Queremos ver os verdadeiros homens de bem fazerem coisas realmente boas.

É nobre orar e vibrar pela solução dos grandes problemas que afligem a humani-dade. No entanto, a experiência demons-tra que o simples esforço mental não tem sido suficiente.

“Onde estão os bons que não apare-cem?”

Atualíssimo, este texto da escritora e filósofa Rita Foe-lker foi publicado na edição 253 do Correio Frater-no, em fevereiro de 1992.

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12 CORREIO FRATERNO JAneiRo - FeVeReiRo 2016

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acontece no meio espírita. Participe.www.correiofraterno.com.br

qualquer hora, em qualquer lugar

ENIGMA

Quem disse

a frase:

“Sois

deuses”?

Resposta do Enigma:

Solução doPassatempo

Veja em:www.correiofraterno.com.br

A frase é do Salmo 82:6 do Antigo testamento.

Foi citada por Jesus (João 10:34), quando os judeus o acusaram de blasfêmia por afi rmar ser o Filho de deus.

Seu objetivo era mostrar que a própria escritura já utilizava

esse mesmo termo para demonstrar nossa comunhão

essencial com o criador.

cultuRA & lAzeR

Elaborado por Izabel Vitusso e Hamilton Dertonio, especialmente para o Correio FraternoCAÇA-PALAVRAS DO CORREIO

Região do ABC Retirada de doações

para o bazar Permanente

ligue (11) 4109-8938

Palestras e seminário com André TrigueiroPalestras Viver é a melhor opção:

• Dia 19 de fevereiro, 20h: Centro Espírita Bezerra de Menezes. Rua Municipal, 820,

Catanduva, SP• Dia 20 de fevereiro, 11 h: Rio Preto Shopping (sala de cinema). Jardim Morumbi, Rio Preto, SP• Dia 20 de fevereiro, 20h: Comunidade Espírita Cairbar Schutel. Rua Saldanha da Cunha, 748, Centro Matão, SPSeminário Espiritismo e ecologia:• 21 de fevereiro, 20h: Comunidade Espírita Cairbar Schutel. Rua Saldanha da Cunha, 748, Centro Matão, SP

Conferência Estadual Espírita no Paraná

De 4 a 6 de março, 18ª Conferência Es-tadual Espírita em Pinhais. Participação

de Divaldo Franco, Alberto Almeida, André Triguei-ro e Haroldo Dutra. Rod. João Leopoldo Jacomel, 10.454, Pinhais. www.conferenciaespirita.com.br

IEEF abre inscrição para cursos mo-dulares

O Instituto Espírita de Estudos Filosófi -cos inicia em março os cursos modulares

gratuitos: • A fi losofi a platônica à luz do espiritismo, sábado, às 14h; • Concepção fi losófi ca de Deus, sá-bado, às 14h; • Curso de paz, serenidade e fi nitude, às quartas-feiras, às 19h30. Duração de 2 meses. Rua Mesquita, 789, Jd da Glória, São Paulo-SP. 11- 4324-1846. [email protected]

10ª Jornada da AME-SPSerá realizada nos dias 14 e 15 de maio,

das 8h30 às 19h00, a 10ª Jornada da Associação Médico-Espírita, cujo tema

será: “Desafi ando fronteiras em medicina e espiri-tualidade. O evento contará com a presença da dra. Sonia Doi (EUA), trazendo a experiência da AME--Internacional. www.jornada2016amesp.com.br.

Palestras e seminário com André TrigueiroPalestras

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FEV

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Conferência Estadual Espírita no Paraná

de Divaldo Franco, Alberto Almeida, André Triguei-

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IEEF abre inscrição para cursos mo-dulares

gratuitos: • A fi losofi a platônica à luz do espiritismo,

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10ª Jornada da AME-SPSerá realizada nos dias 14 e 15 de maio,

será: “Desafi ando fronteiras em medicina e espiri-

MAI

14 Telefone de JesusTelefone de JesusNa era digital

Pai, seria tão legal

se tivesse internet no plano

espiritual, né?

Vocação para felicidadeContrariedades? Eu as tenho.E quem não as tem na vida secular ?Escassez de dinheiro? Nem é bom falarAmores não correspondidos? Separações?Rejeições? Saudades incuráveis?Carinhos reprimidos, ternuras guardadas,sem a contra parte do outro?Eu tenho aos montões.Sou a rainha das perdas, necessárias ao meu crescimento.

Contudo quem não soube a sombra não sabe a luz.E num livro de matemática existencialjuntei todos esses problemas insolúveis,com as respostas nas últimas páginas.Mas pra que me debruçarsobre eles, procurando a soluçãose a própria vida me conduza resposta fi nal?

Fragmento do poema de C. Drummond de Andrade

e R u o l k J A S u o M b e R t n o i M u oA S d u o M z c d R e M o h n J i o P o R tn o e u n h o c h e A S A P o b u i R V z S l P l c n t u b A e u i A A u o P i o b c A l M u e u t c d e A S l b z X e o P i n u M d R F G R l c t A G R t o A d e b n o i M o n t o S S P A R V b o P l i A A S P Ã t R R A d i n h e i R o M o c X e R o o i Ç t V e A e o M V t o i u A e R t S M t u o u b c S R A P o i A e t M n o c V b e R n M l o M n u A R t c d R o P l i V R o A F e R o o n i o A o u b i V e R i o A n c e R t A S Q u e P b b e R V o n A o M A e S A e R A V n P e M u l u e R n i i e R X z S A t o M i o e R P o e t b c e R n u o i A S e u V c R t n J l A M P o t e R h b o i n e R A d c t o M o e R A o M V e R A S z S o h n i R A c M n e R A S o P Q u e u A n o P M o P i u d e t M S A t S o P S e R o n u F i n A l A t e o P c e R R A A l o A t R e b i e z o M A S S o

por quê,laurinha?

Seria mais fácil me comunicar com meu mentor... Às vezes acho que a nossa conexão

cai!

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JANEIRO - FEVEREIRO 2016 CORREIO FRATERNO 13

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bem que as verdades espíritas são possíveis de ser comprovadas cientificamente.

Considerado um dos maiores mé-diuns de materializações de espíritos do Brasil, o leitor poderá encontrar na bi-bliografia abaixo mais informações sobre ele, fotos e desenhos de espíritos, como Scheilla, José Grosso, Aracy e Joseph Gle-ber, além de imagens de acervos dos dois museus do Peixotinho (Campos e Rio de Janeiro).

Dossiê Peixotinho, Lamartine Palhano Jr e Wallace F. Neves, Lachâtre, 1997.

Fabiano Possebon é funcionário público, psicólogo por formação, escritor e articulista.

ARtiGo

Por FAbiAno PoSSebon

o médium referência em materializações no brasil

O médium Francisco Peixoto Lins (conhecido como Peixo-tinho) nasceu em Pacatuba,

Ceará, em 1º de fevereiro de 1905. Em 1919, com quatorze anos, partiu para o Amazonas. Trabalhou durante seis meses nos seringais.

No ano seguinte, de volta ao Ceará, foi acometido por uma dura e grave ob-sessão. Sofreu uma paralisia nas pernas, sem uma explicação plausível, e também letargia, isto é, uma morte aparente. A paralisia durou seis longos meses.

Certo dia foi dado como morto e até velado. Só não foi sepultado graças à in-tervenção de seu pai, que tivera um pres-sentimento de que ele poderia estar vivo.

Recebeu ajuda sob a orientação da Federação Espírita Cearense e, poste-riormente, do orador espírita Vianna de Carvalho.

Felizmente, o jovem Peixotinho con-seguiu a cura das obsessões.

Em certa ocasião, ocorreu com ele um fato bem insólito: desmaterializou-se, isto diante de várias pessoas e materializou-se novamente numa praia distante.

Em 1926, mudou-se para o Rio de Janeiro e engajou-se no Exército.

Casou-se em 33 com Benedita, apeli-dada de Baby. Teve um filho e oito filhas.

Em novembro de 35, nasceu Aracy, que desencarnou com apenas um ano e seis meses. Vejam que interessante! Mais tarde, ela tornou-se guia e Espírito pro-tetor do pai.

A partir de 1938, começaram a ocorrer em Macaé, RJ, fenômenos de ectoplasmia (materialização). Os compa-nheiros espíritas uniram-se em torno do médium Peixotinho e fundaram o Grupo Espírita Pedro.

Aí o nosso biografado tornou-se médium receitista: fazia prescrições ho-meopáticas.

Depois de algum tempo, foi transfe-rido para o Rio de Janeiro e, em sua resi-dência, ocorreram as primeiras materiali-zações nessa cidade.

Sua reforma no Exército foi efetiva-da em 1952, com a patente de capitão. Então, passou a dedicar-se integralmen-te ao espiritismo.

Um dos fenômenos que presenciou foi o transporte de pedras e cristais (algumas impregnadas de perfume). O espírito José Grosso [sempre presente nesses trabalhos de materialização na época, juntamente com Palminha, Scheilla, Joseph Gleber] é quem costumava levar essas pedras. Este é um fenômeno raro, que recebe o nome técnico de aporte.

Nas sessões ocorriam tratamentos es-pirituais, às vezes cirurgias e muito estudo de livros espíritas.

Certa vez, Irmã Scheilla materializou--se completamente. Digo completamen-te, pois muitas materializações ocorriam de forma parcial. Ela apareceu luminosa, colocando a mão nas pessoas. Outro fe-nômeno também ocorria: frases escritas com letras fosforescentes flutuavam no ambiente escuro. Certa feita, Scheilla dis-tribuiu um buquê de cravos, vermelhos para os homens e brancos para as mulhe-res, isto em plena obscuridade.

Em muitas sessões foram vistos focos luminosos em várias direções e de diver-sas cores, notadamente vermelha, azul e amarela, havendo também comunicação de escrita direta do espírito no papel, sem qualquer caneta ou lápis por perto.

Um hino foi escrito por Scheilla em mensagem dita especular, isto é, de trás para a frente, só podendo ser lida diante de um espelho ou do lado inverso do pa-pel, contra a luz.

Com Peixotinho aconteciam coisas incríveis: com uma das mãos psicografa-va mensagem de teor científico e, com a

outra, de teor filosófico, enquanto trans-mitia mensagem psicofônica. Então, três espíritos concomitantemente ‘ocupavam’ o mesmo médium.

Peixotinho desencarnou em 16 de ju-nho de 1966 em Campos, RJ, depois de uma vida mediúnica que mostra muito

Irmã Scheilla e Peixotinho:

presenças marcantes em reuniões de materializacão

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14 CORREIO FRATERNO JANEIRO - FEVEREIRO 2016

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Por MAdAlenA FRuAd

Foi ASSiM

O índio apegado ao seu passado

Em 1985, fui pela primeira vez com meu marido para o sul do Brasil. Passamos por diversas cidades, lugares lindos, com

contato inesquecível com a natureza, céu azul maravilhoso, ambientes aconchegantes e bem--estruturados. Tudo indicava que teríamos dias e dias de passeios só de lazer, descanso e alegria.

Em um dos dias, depois de horas de estra-da, chegamos a um dos nossos destinos: a ci-dade de Florianópolis, SC. De carro, entramos no hotel pelo acesso dos fundos, pelo estacio-namento.

Já bem instalada, à medida que as horas passavam, ao contrário do bem-estar de antes, alguma coisa dentro de mim mudava. Não me sentia bem no lugar. Uma aflição estranha me invadia a alma, deixando-me angustiada sem saber o motivo.

Nos divertimos no dia seguinte, mas o aperto no coração foi se intensificando ao en-

tardecer novamente e me acompanhou até a hora de dormir.

Fiz minha prece e pedi proteção espiritual para minhas horas de descanso. Entretanto, dormi agitada e acabei sonhando com um ín-dio, que estava muito bravo e exigia que saís-semos dali.

Eu via o índio em sua tribo, terra batida, num local circundado por um rio.

E a ameaça dele continuava. Acordei assustada e contei o pesadelo ao

meu marido.Descemos para o café da manhã e, quando

fomos deixar a chave do quarto na portaria do hotel, não acreditei:

O hotel tinha um nome indígena. E ao olhar pela janela, o rio sinuoso estava lá, bem na perspectiva em que eu havia visto em sonho.

A informação final veio logo, quando per-guntei sobre o quadro com um índio na parede

atrás da recepcionista. Dizem que neste lugar moravam índios antes.Deduzi que aquele índio com quem sonhei

estava insatisfeito e apegado, tanto tempo de-pois de desencarnado, ao passado, requerendo para si o que julgava ainda ser suas terras.

Fizemos uma prece vibrando muita luz para aquele espírito. Para que ele pudesse ser socorrido e orientado sobre sua condição.

Somente depois disso é que comecei a me sentir melhor, aproveitando minhas férias com muita alegria. O socorro, com certeza, havia chegado para todos nós.

este fato aconteceu com a leitora pau-lista Madalena Fruad. conte também sua história para ser publicada aqui no correio Fraterno. ([email protected])

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JANEIRO - FEVEREIRO 2016 CORREIO FRATERNO 15

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Por uMbeRto FAbbRi

diReto Ao Ponto

Autoconhecimento e disciplina do pensamento

A prática da reforma íntima, de modificação e melhoria de nossos sentimentos e atitudes, deve ser

encarada como um processo necessário e urgente, todavia, sem sistematizar a auto-flagelação, ansiedade, pressa ou culpa.

Quanto mais simples, tranquila e ob-jetiva, mais sadia e eficaz ela será.

Podemos observar dois aspectos im-portantes para seu desenvolvimento; o mental e o afetivo.

No aspecto mental, efetivamos sua aplicação pelo conhecimento e estudo. Trabalhando a razão no entendimento de sua necessidade e utilidade, ampliamos nosso discernimento nas questões sobre o bem e o mau, do certo e do errado, possi-bilitando assim utilizarmos mais adequa-damente nosso livre-arbítrio.

Na Codificação encontramos as orientações e explicações que nos levam a conhecer e compreender a realidade de nossa natureza espiritual e o caminho que precisamos percorrer para alcançarmos nosso destino de perfectibilidade.

Já no aspecto afetivo trabalhamos o desenvolvimento dos bons sentimen-tos, nos relacionamentos que fazem parte de nossa vida e também na prática

do bem, buscando atender às necessida-des de nossos semelhantes que estejam em situação de maior vulnerabilidade, moral ou material.

Os dois aspectos se completam, uma vez que precisamos usar a razão no con-trole e bom direcionamento de nossos sentimentos e emoções. Vejamos, por exemplo, quando aliamos a razão e o sen-timento na prática da caridade percebe-mos que as questões materiais não devem ser tratadas de forma assistencialista, mas sim caridosa, onde precisamos oferecer condições de crescimento digno, ‘ensi-nando a pescar’, e não de forma a se criar a dependência nociva ‘dando o peixe’. Aqui percebemos que o entendimento nos au-xilia a bem direcionar a maneira mais útil e abrangente de fazer o bem.

O autoconhecimento, ou seja, a ob-servância realista do que vai em nosso ín-timo, é primordial.

Vejamos sinais que demonstram que algo não está bem e precisa ser acompa-nhado mais de perto, quando não, real-mente modificado:• Sentir-se infeliz, pouco estimulado ou

rejeitado• Estar desmotivado ou descontente com

aquilo que produz• Buscar constantemente o afastamento

do convívio social• Irritar-se ou deprimir-se com frequência• Trabalhar excessivamente por ganância

ou desejo de projeção social• Pensamentos fixos na busca por praze-

res: sexo, jogo, comida, uso de substân-cias químicas, etc.

• Pensar sempre somente em si mesmo• Não suportar críticas ou contestações• Considerar-se inferior ou superior aos

demais • Desejar o domínio e o controle de pes-

soas, coisas ou circunstâncias• Padecer de fobias ou inibições que preju-

diquem seu convívio com outras pessoas• Usar o próximo para satisfazer desejos

ou conseguir vantagens.É evidente que em nosso momento

evolutivo atual podemos vivenciar uma ou várias destas situações, entretanto re-conhecer tal fato já representa um gran-de avanço para sua solução.

Emmanuel nos diz que “é necessário reconhecer que todos nós, espíritos en-carnados e desencarnados em serviço na Terra, ante o volume dos débitos que con-traímos nas existências passadas, somos

doentes em laboriosa restauração”, o que nos leva ao entendimento de que todos nós, enfermos da alma, estamos em bus-ca da saúde, do restabelecimento físico e espiritual, mas, para tanto, é necessário “compreender e modificar” o que ocorre em nossas vidas, e segundo Sidarta Gau-tama, ou Buda, precisamos deixar para trás o círculo vicioso de reencarnar, não cuidar de si mesmo, permanecer ador-mecido na indiferença buscando apenas o bem-estar na vida terrena, desencarnar e reencarnar outra vez. Podemos ainda citar Emmanuel que diz: “Entre o berço e o túmulo, o homem detém o usufruto da terra, com o fim de aperfeiçoar-se”, que nos esclarece que não estamos aqui a passeio, mas em importante tarefa de crescimento e aprendizado, onde não so-mos ‘donos’, mas usufrutuários dos bens e possibilidades ofertados misericordio-samente por Deus, que nos ama, e sabe que um dia conquistaremos a bondade e o saber plenos.

Profissional de Marketing, Umberto é orador e escri-tor brasileiro, morando atualmente na Flórida, EUA. Autor do livro O Traficante e Amor e Traição, dita-dos pelo espírito Jair dos Santos (Correio Fraterno).

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MÍdiA do beM

este espaço também é seu.envie para nós as boas notícias que saíram na mídia! Se o mal é a ausência do bem, é hora de focar diferente!

Rally leva livros ao sertão nordestino Ana se formou em jornalismo para ser ‘porta-voz da macrocefalia’

Zelo com a cultura

Um menino de 10 anos abriu um museu sobre Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, morto muito antes do estu-dante nascer: em 1989, aos 76 anos. O espaço criado por Pedro Lucas Feitosa fica na sala da casa de sua bi-savó, no Ceará.

O museu reúne cerca de 100 objetos que recriam a época em que Gonzagão viveu. São discos do artista, sanfonas, ferramentas de trabalho e utensílios que fazem parte do universo cantado por Luiz Gonzaga.

Pedro Lucas guia as visitas no local, contando a his-tória de cada objeto do museu, função que divide com o primo, Caio Éverton, de 8 anos.

Os bens exibidos no museu são fruto de doação de conhecidos.

Fonte: Só Notícia Boa

Ana Carolina Cáceres, de Campo Grande (MS), desafiou todos os limites da microcefalia previstos por médicos. Eles esperavam que ela não sobrevivesse. Hoje, Ana tem 24 anos. “Quando li a reportagem sobre a ação que pede a liberação do aborto em caso de microcefalia no Supremo Tribunal Federal (STF), levei para o lado pessoal. Me senti ofendida. Tenho microcefalia e esco-lhi este curso para dar voz a pessoas que, como eu, não se sentem representadas. Como projeto final de curso, escrevi um livro sobre minha vida e a de outras cinco pessoas com esta síndrome.” E avisa: microcefalia não é doença, é síndrome. Fonte: Portal Uol

Carros, motos, quadricículos disputam o Ceriapó 2016, um rally que já se transformou em uma das maio-res competições off-road da América Latina e que vai per-correr 1.300 km nos estados do Ceará e do Piauí. Pelo segundo ano consecutivo, os carros do rally levarão 10 mil livros para a população de Maranguape (CE), Quixa-dá (CE), Pacoti (CE), Iguatu (CE), Picos (PI) e Ipiranga (PI). A ideia, batizada de Rallyteca, foi apresentada pela produtoras piauienses Adriana Araújo a Magda Krauss, do Instituto Cultural Saber e Ler, de Campinas, no inte-rior paulista. “Por ser da região, conheço a realidade e sei o quanto as cidades que recebem o Rally são carentes de saber e de cultura”, disse entusiasmada Adriana. Esse ano, dezoito editoras estão participando. Fonte: Publishnews