Correlação dos parâmetros do equilíbrio sagital da coluna e ......avaliação do programa Keops:...
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MARÍLIA SIMÕES LOPES QUINTANA
Correlação dos parâmetros do equilíbrio sagital
da coluna e pelve (sistema Keops) com as
variáveis posturais da biofotogrametria
(sistema SAPO) em adultos jovens
Dissertação apresentada à Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo para
obtenção do título de Mestre em Ciências
Programa de Fisiopatologia Experimental
Orientadora: Profa. Dra. Júlia Maria D ́Andréa
Greve
São Paulo
2018
MARÍLIA SIMÕES LOPES QUINTANA
Correlação dos parâmetros do equilíbrio sagital
da coluna e pelve (sistema Keops) com as
variáveis posturais da biofotogrametria
(sistema SAPO) em adultos jovens
Dissertação apresentada à Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo para
obtenção do título de Mestre em Ciências
Programa de Fisiopatologia Experimental
Orientadora: Profa. Dra. Júlia Maria D ́Andréa
Greve
São Paulo
2018
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Preparada pela Biblioteca da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
reprodução autorizada pelo autor
Quintana, Marília Simões Lopes Correlação dos parâmetros do
equilíbrio sagital da coluna e pelve (sistema Keops) com as
variáveis posturais da biofotogrametria (sistema SAPO) em adultos
jovens Marília Simões Lopes Quintana. - São Paulo, 2018.
Dissertação (mestrado) - Faculdade de Medicina da Universidade
de São Paulo.
Programa de Fisiopatologia Experimental.
Orientadora: Julia Maria D' Andrea Greve
Descritores: 1.avaliação postural 2.ângulo de incidência pélvica
3.equilíbrio sagital 3.SAPO 4.KEOPS
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, Miguel e Ana Maria com todo meu amor
pela oportunidade, incentivo, amor e carinho, sempre
com palavras de conforto nos momentos difíceis,
ensinando-me o valor da educação e colocando-a em
primeiro lugar. Minha eterna admiração e respeito.
Aos meus irmãos Felipe e Luísa pelo apoio e
companheirismo.
A minha avó Maria Laura pelos ensinamentos e
exemplo de vida
Ao meu namorado João pelo amor, incentivo,
compressão e paciência nos meus momentos de
ausência.
A minha companheira de todas as horas, minha
cachorrinha Filó, me fazendo companhia durante toda
elaboração do trabalho.
Agradecimentos
À minha orientadora, Profa. Dra. Júlia D’Andrea Greve, exemplo de
profissional, ética, serenidade, competência e dedicação, agradeço pela
confiança e oportunidade de me receber em seu laboratório e prover as
condições para realização deste trabalho.
À Natália Luna, uma amiga tão especial e tão competente, pela
incansável ajuda desde o inicio desta jornada, pelo carinho, conversas,
orientações, desabafos, confidencias e incentivo, um exemplo de profissional
a ser seguido por mim.
À Angélica Castilho, agradeço pelo auxilio, profissionalismo e apoio.
Às amigas fisioterapeutas que fiz no HC, Nathalie, Ellen e Alexandra
pelas incansáveis trocas, ajuda, desabafos e pelas inúmeras coisas que
perguntei e sempre obtive resposta.
Aos funcionários do Laboratório de Estudo do Movimento, pela
colaboração, atenção e disposição.
Aos funcionários Técnicos da Radiologia, em especial ao Eduardo
pelo auxilio na realização das imagens, paciência e atenção.
Aos funcionários do Programa de Pós-Graduação em Ciências
(Fisiopatologia Experimental), pelas orientações dadas durante toda
pesquisa.
Aos voluntários desta pesquisa, que gentilmente se prontificaram para
realizar as avaliações.
A todos os meus familiares e amigos, por compreender minha
ausência nos momentos de convívio familiar.
NORMALIZAÇÃO
Esta dissertação está de acordo com as seguintes normas, em vigor no
momento desta publicação:
Referências: adaptado de International Committee of Medical Journals Editors
(Vancouver).
Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina. Serviço de Biblioteca e
Documentação. Guia de apresentação de dissertações, teses e monografias.
Elaborado por Anneliese Carneiro da Cunha, Maria Julia de A.L. Freddi, Maria
F. Crestana, Marinalva de Souza Aragão, Suely Campos Cardoso, Valéria
Vilhena. 3a Ed. São Paulo: Serviços de Biblioteca e Documentação; 2011.
Abreviaturas dos títulos dos periódicos de acordo com List of Journals Indexed
in Index Medicus.
Sumário
SUMÁRIO
Lista de abreviaturas
Lista de símbolos
Lista de figuras
Lista de tabelas
Resumo
Abstract
1 INTRODUÇÃO .................................................................................... 1
2 OBJETIVOS ........................................................................................ 7
3 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................... 9
3.1 Postura....................................................................................... 10
3.2 Avaliação postural ...................................................................... 11
3.2.1 Biofotogramétrica ........................................................... 11
3.3 Equilíbrio sagital ......................................................................... 14
4 MÉTODOS ........................................................................................ 20
4.1 Tipo de estudo ............................................................................ 21
4.2 Local de desenvolvimento da pesquisa ...................................... 21
4.3 Comitê de ética ........................................................................... 21
4.4 Cálculo amostral ......................................................................... 21
4.5 Casuística ................................................................................... 22
4.5.1 Descrição casuística ....................................................... 23
4.6 Materiais ..................................................................................... 23
4.7 Procedimentos ............................................................................ 24
5 ANALISE ESTATISTICA .................................................................. 30
6 RESULTADOS .................................................................................. 32
6.1 Correlações ................................................................................ 36
7 DISCUSSÃO ..................................................................................... 38
8 CONCLUSÃO ................................................................................... 47
9 REFERÊNCIAS ................................................................................. 49
10 ANEXOS ......................................................................................... 55
10.1 Anexo A - Aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo .......... 56
10.2 Anexo B - Questionário Internacional de Atividade Física ........ 57
10.3 Anexo C - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ......... 59
Listas
ABREVIATURAS
ACT ângulo de cifose torácica
ALL ângulo de lordose lombar
CAPpesq Comissão de Ética para Análise de Projetos de Pesquisa
FMUSP Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
HC Hospital das Clínicas
ICC índice de coeficiente de correlação
IMC índice de massa corporal
IP ângulo de incidência pélvica
IPAC International Physical Activity Questionnaire
IS inclinação sacral
LEM Laboratório do Estudo do Movimento
VLDAHP vista lateral direita alinhamento horizontal da pelve
VLDAQTC vista lateral direita ângulo do quadril tronco e coxa
VLDAVC vista lateral direita alinhamento vertical do corpo
VLDAVT vista lateral direita alinhamento vertical do tronco
VLEAHP vista lateral esquerda alinhamento horizontal da pelve
VLEAQTC vista lateral esquerda ângulo do quadril tronco e coxa
VLEAVC vista lateral esquerda alinhamento vertical do corpo
VLEAVT vista lateral esquerda alinhamento vertical do tronco
VP inclinação pélvica
SÍMBOLOS
cm centímetros
dp desvio padrão
g gramas
kg quilogramas
FIGURAS
Figura 1 – Ângulos que determinam o equilíbrio sagital .................... 5
Figura 2 – Imagem radiográfica panorâmica da coluna vertebral com
a marcação dos pontos anatômicos ............................... 26
Figura 3 – Parâmetros calculados pelo Software Keops .................. 27
Figura 4a – Vista lateral direita: 1. acrômio direto; 2. espinha iliaca
anterossuperior direita; 3. espinha ilíaca posterossuperior
direita; 4. trocânter maior direito; 5. maléolo lateral
direito .............................................................................. 29
Figura 4b – Vista lateral esquerda: 1. acrômio esquerdo; 2.espinha
ilíaca anterossuperior esquerda; 3. espinha ilíaca
posterossuperior esquerda; 4. trocânter maior esquerdo; 5.
maléolo lateral esquerdo ................................................. 29
Figura 5a – Distribuição dos ângulos de incidência pélvica (IPE)
medidos pelo sistema Keops em 80 voluntários
saudáveis ........................................................................ 35
Figura 5b – Distribuição dos ângulos de inclinação sacral (IS) pélvica
medidos pelo sistema Keops em 80 voluntários
saudáveis ........................................................................ 35
Figura 5c – Distribuição dos ângulos de inclinação pélvica medidos
pelo sistema Keops em 80 voluntários saudáveis .......... 35
TABELAS
Tabela 1 – Características da população estudada do grupo todo ... 23
Tabela 2 – Ângulos (graus) medidos pelo Programa Keops e SAPO
para avaliação postural (n=80) . ...................................... 33
Tabela 3 – Distribuição dos voluntários de acordo com os ângulos de
incidência pélvica (IPE) medidos pelo programa Keops e
da posição da pelve avaliada pelo SAPO (n=80) ............ 34
Tabela 4 – Valores de correlação (r) entre o ângulo de incidência
pélvica, inclinação pélvica, inclinação sacral com o ângulo
de cifose torácica e de lordose lombar medidos no
Programa Keops (n = 80) ................................................ 36
Tabela 5 – Valores de correlação (r) das variáveis do equilíbrio sagital
do Keops com as variáveis posturais do SAPO na vista
lateral direita no grupo de indivíduos (N = 80) ............... 37
Tabela 6 – Correlação do equilíbrio sagital com as variáveis posturais
na vista lateral esquerda no grupo de indivíduos (N = 80)
........................................................................................ 37
Resumo
Quintana MSL. Correlação dos parâmetros do equilíbrio sagital da coluna e
pelve (sistema Keops) com as variáveis posturais da biofotogrametria
(sistema SAPO) em adultos jovens [Dissertação]. São Paulo: Faculdade de
Medicina, Universidade de São Paulo, 2018.
A postura bípede reduz a área de apoio e demanda a atuação de um sistema
de controle para manter o equilíbrio e a orientação dos segmentos corpóreos.
A avaliação postural é muito importante nas intervenções fisioterapêuticas e
a busca de sistemas confiáveis para avaliar a postura tem sido uma constante
dentro da área. Nesta linha, a avaliação do equilíbrio sagital dado pela relação
entre coluna lombar e pelve e pelo ângulo de incidência pélvica (IPE) tem sido
usado para as alterações da coluna vertebral. Objetivo: fazer a mensuração
dos parâmetros posturais pelo programa de avaliação postural (SAPO) e do
equilíbrio sagital pelo programa Keops e fazer a correlação entre eles.
Metodologia: foram avaliados 80 indivíduos saudáveis de ambos os sexos
com idade entre 20 e 35 anos. Foi feita a biofotogrametria (marcação dos
pontos anatômicos do indivíduo e fotografias com os marcadores) do
programa SAPO. Foram utilizadas as variáveis obtidas nas vistas lateral
esquerda e direita. As medidas dos parâmetros do equilíbrio sagital (ângulo
de incidência pélvica é o mais relevante) foram obtidas pela análise de uma
radiografia panorâmica em perfil da coluna vertebral, na qual se fazia a
marcação digital de pontos anatômicos de referência. O cálculo dos ângulos
era feito de forma automática pelo programa Keops. Resultados: pela
avaliação do programa Keops: 17,5% dos indivíduos tinham ângulos de
incidência pélvica altos (>60⁰), 51,2% tinham ângulos incidência pélvica
médios (46-59⁰) e 31,5% tinham ângulos de incidência pélvica baixos (<45⁰).
O SAPO mostrou 12,5% de lordose, 40% de retificação e 47,5% com
curvatura normal. Na vista lateral direita, o ângulo de incidência pélvica teve
correlação moderada e positiva com o alinhamento vertical do tronco e com o
alinhamento vertical do corpo e negativa e moderada com o alinhamento
horizontal da pelve. Na vista lateral esquerda o ângulo de incidência pélvica
teve correlação fraca e negativa com o alinhamento horizontal da pelve. Não
houve correlação entre os parâmetros avaliados pelo programa Keops.
Descritores: avaliação postural; ângulo de incidência pélvica; equilíbrio sagital;
SAPO; KEOPS.
Abstract
Quintana MSL. Correlation of the parameters of the sagittal balance of the
spine and pelvis (Keops system) with postural variables of biophotogrammetry
(SAPO system) in young adults [Dissertation]. São Paulo: "Faculdade de
Medicina, Universidade de São Paulo", 2018.
Bipedal stance raises the center of mass, reduces the support area, and
demands action of the postural control system, which maintains balance and
orientation of body segments. Postural alterations may affect the control
system, causing pain and motor dysfunctions. Postural assessment is
fundamental for therapy recommendation, and some parameters related to the
sagittal balance of the lumbar spine and pelvis, like the pelvic incidence angle
(PI), have been studied in alterations of the spine. The goal of this study is to
assess and look for correlations between postural measurements, with
photographs marked in anatomical points, through the Postural Assessment
Program (SAPO), and radiographic assessment of the spine to analyze the
pelvic incidence angle (PI), using of the computer software Keops. Casuistry
and methods: eighty-one healthy individuals of both sexes, aged between
twenty and thirty-five were evaluated. Results: in the Keops assessment,
17.5 % of the sample had high pelvic incidence angles (> 60⁰), 31.5 % had low
pelvic incidence angles (< 45⁰), and 51.2 % had medium pelvic incidence
angles (between 46⁰ and 59⁰). SAPO showed 12,5% of lordosis , 40% of
retroversion and 47,5% normal curvature.In the right lateral view, the pelvic
incidence angle had a moderate and positive correlation with the vertical
alignment of the trunk and with the vertical alignment of the body and negative
and moderate with the horizontal alignment of the pelvis. In the left lateral view
the pelvic incidence angle had a weak and negative correlation with the
horizontal alignment of the pelvis. There was no correlation between the
parameters evaluated by the Keops program.
Descriptors: postural evaluation; angle of pelvic incidence; sagittal balance;
SAPO
1 Introdução
Introdução 2
1 INTRODUÇÃO
A passagem da posição de quadrúpede para bípede obrigou o corpo
humano a uma série de adaptações com mudanças nos pés, joelhos, quadris,
pelve e coluna vertebral 1, além de elevar o centro de massa e reduzir a
superfície de apoio 2.
O alinhamento esquelético, para ser eficiente, deve ter baixa demanda
energética e depender de mínimos esforços de tensão e deformação para a
sustentação do corpo 3. Este sistema é dependente da ação tônica dos
músculos antigravitacionais 4..
A postura é uma aquisição que ocorre ao longo da vida e, além dos
fatores constitucionais, sofre influências ambientais e do estilo de vida.
Depende do funcionamento e ajustes do sistema de controle postural 5, dados
pelas interações aferentes e eferentes da visão, labirinto, propriocepção e
motricidade do sistema nervoso e musculoesquelético 6.
Os desvios posturais podem afetar as estruturas musculoesqueléticas
e causar um deslocamento anormal do centro de gravidade sobre a base de
sustentação 7, gerando dor, instabilidade articular, fraqueza muscular e
deficiências funcionais 8. A má postura altera a distribuição de carga e pressão
nas superfícies articulares e contribui para a degeneração articular e tensões
musculares inadequadas 9.
A melhora no controle postural é uma parte muito importante da
fisioterapia, que conta no seu arsenal terapêutico com vários recursos para a
Introdução 3
melhora do controle motor e postura. Mas, nem sempre, é fácil quantificar de
forma objetiva, quais os ganhos e melhoras conseguidos com as várias
técnicas de tratamento, sendo que, por este motivo, muitos são os sistemas
de avaliação da postura disponíveis, com diferentes princípios de avaliação.
A avaliação postural pode ser feita de várias maneiras, dentre as quais se
destacam:
1. Fotogrametria computadorizada - é um sistema de avaliação da
postura ortostática, por meio do chamado Sistema de Avaliação
Postural (SAPO). É um programa que mede os ângulos e
distâncias horizontais e verticais 10 entre os segmentos corporais,
a partir de fotografias com marcadores luminescentes em regiões
predeterminadas.
2. Simetrógrafo - técnica de avaliação que usa um painel
quadriculado com marcações específicas que permite identificação
de alguns pontos anatômicos, que podem ser comparados com o
mesmo ponto do lado oposto.
3. Fio de prumo 11 - tem a desvantagem de não fornecer a
visualização da posição real dos segmentos esqueléticos e suas
inter-relações na posição ortostática padrão.
Os três métodos avaliam a postura no plano coronal, transversal e
sagital.
O conceito de equilíbrio no plano sagital, que surgiu mais recentemente,
é baseado em parâmetros radiológicos e é muito usado para indicação e
avaliação dos procedimentos cirúrgicos de estabilização da coluna vertebral.
Introdução 4
É um parâmetro quantitativo que usa alguns ângulos relacionais da pelve,
sacro e quadril. O equilíbrio sagital depende de parâmetros morfológicos e
espaciais da pelve, quadril e coluna vertebral, que são obtidos pela radiografia
panorâmica da coluna vertebral em perfil.
Os principais parâmetros utilizados são o ângulo de incidência pélvica
(IPE) 12, definido como o ângulo entre uma linha perpendicular ao ponto médio
do platô sacral e outra linha que liga este ponto ao eixo central da cabeça
femoral. É um parâmetro anatômico, constante, imutável e exclusivo de cada
indivíduo, que não depende da idade e se consolida após o término do
crescimento ósseo. Não depende da orientação espacial da pelve 13.
Além do IPE, os outros parâmetros que podem ser avaliados são
(Figura 1):
IS = ângulo de inclinação sacral – é o ângulo formado pela linha que
passa pelo platô do sacro e uma linha horizontal paralela ao solo.
VP = versão pélvica ou balanço pélvico - é o ângulo formado pela linha
que liga o ponto médio do platô sacral ao eixo central da cabeça
femoral e uma linha vertical perpendicular ao solo.
PS = projeção sacra - distância do sacro a uma linha de prumo que
vem desde C7. Normalmente, a linha de prumo (LP) passa
através de S1.
Introdução 5
Fonte: Henneman AS, Antoneli, PHL; Oliveira, GC. Incidência Pélvica: um parâmetro. fundamental para definição do equilíbrio sagital da coluna vertebral. Coluna/Columna. 2012;11(3). Disponível em: http:// dx.doi.org/10.1590/S1808-18512012000300011
Figura 1 - Ângulos que determinam o equilíbrio sagital. IP= ângulo de incidência pélvica; IS = ângulo de inclinação sacral; PS = projeção sacral; VP = versão pélvica
As medidas do equilíbrio sagital são muito objetivas e precisas, pois
partem do exame radiológico da coluna vertebral e pontos anatômicos bem
estabelecidos, sendo pouco sujeitas a erros de medida 12. O equilíbrio sagital
é importante no diagnóstico, prognóstico evolutivo e tratamento das afecções
degenerativas da coluna 14 e tem sido muito utilizado na indicação e avaliação
dos procedimentos cirúrgicos da coluna. Porém, não é utilizado na fisioterapia,
para avaliação dos resultados dos tratamentos das alterações posturais.
Assim, para verificar se a medida do equilíbrio sagital pode ser útil para
a fisioterapia como uma ferramenta de diagnóstico funcional e avaliação de
resultados terapêuticos far-se-á a correlação dos parâmetros anatômicos do
equilíbrio sagital com os resultados da biofotogrametria. Este entendimento
Introdução 6
pode abrir uma nova perspectiva na avaliação (mais objetiva) e tratamento
das alterações posturais, melhorando as indicações dos programas de
reabilitação e treinamento, tornando-os mais específicos e individualizados.
2 Objetivos
Objetivos 8
2 OBJETIVOS
Em uma população de adultos jovens sem queixas clínicas de afecções
da coluna vertebral:
1. Avaliar os parâmetros do equilíbrio sagital pelo programa Keops.
2. Avaliar os parâmetros posturais nas vistas lateral direita e esquerda do
programa SAPO.
3. Fazer a correlação do ângulo de incidência pélvica com a Inclinação
pélvica, inclinação sacral, ângulo de lordose lombar e de cifose torácica.
4. Correlacionar os parâmetros do equilíbrio sagital com os parâmetros
da biofotogrametria da pelve e coluna lombar: alinhamento vertical do
tronco e do corpo e alinhamento horizontal da pelve.
3 Revisão de Literatura
Revisão de Literatura 10
3 REVISÃO DE LITERATURA
3.1 Postura
A postura é definida por Kisner e Colby 15 como a posição de todo o
corpo e dos segmentos, durante um movimento específico, mantendo uma
forma característica de sustentação do corpo.
A Academia Americana de Ortopedia define postura como um estado
de equilíbrio entre músculos e ossos para proteção das demais estruturas do
corpo humano, seja na posição em pé, sentada ou deitada 16.
Para Magee 17 e Khalil et al. 18 a postura correta demanda um esforço
articular mínimo, obtendo-se a máxima eficiência do corpo pela ação conjunta
da coluna vertebral, músculos e controle neuromuscular.
A postura é a resultante da relação estável entre o sujeito e o meio 19.
O sistema de controle postural é a ação integrada dos sistemas vestibulares,
somatossensorial e visceral em conjunto com o sistema neural e
musculoesquelético para manter o equilíbrio, através das relações
biomecânicas entre os segmentos corporais e o monitoramento da posição do
centro de massa do corpo 6.
Revisão de Literatura 11
3.2 Avaliação postural
3.2.1 Biofotogrametria
O uso de imagens fotográficas, como a biofotogrametria permite
avaliações mais acuradas da postura eliminando aspectos subjetivos 6.
O Sistema de Avaliação Postural (SAPO), de uso gratuito e de domínio
público, é um programa de computador, criado no Brasil, validado por
Ferreira6, como uma ferramenta de avaliação postural.
Sacco et al. 10 compararam a confiabilidade da biofotogrametria entre
o programa SAPO, o Corel Draw e a goniometria manual. Vinte e seis
voluntários assintomáticos, de ambos os sexos, com idade entre 18 e 45 anos
foram avaliados. Os parâmetros avaliados foram: ângulos Q, tíbio-társico, de
flexão-extensão do joelho e do retropé. As medidas foram feitas com
goniômetro manual e pela fotogrametria digital com o uso dos programas
Corel Draw e SAPO. Não houve diferença na medida dos ângulos tíbio-társico,
do retropé e de flexão-extensão do joelho entre os três métodos. O ângulo Q
foi diferente, na comparação entre a goniometria e as duas medidas
computadorizadas e os autores recomendam cautela para o uso dessas
medidas na prática clínica.
Santos et al.20 realizaram revisão sistemática em 73 publicações para
avaliar qual o método de avaliação postural fotogramétrica mais utilizado.
Foram selecionados 45 estudos: 16 usaram Corel Draw, nove utilizaram o
SAPO e 12 ALCimagem e oito estudos usaram outros programas. Os autores
referem que o Corel Draw foi o mais utilizado, provavelmente pela facilidade
Revisão de Literatura 12
de obtenção, ainda que de difícil manejo. Os outros dois programas, mesmo
sendo gratuitos, têm acesso mais restrito e o ALCimagem é distribuído como
incentivo à produção cientifica. O SAPO, apesar de livre acesso, necessita do
programa Java para manipulá-lo, fato que dificulta sua maior utilização.
Nery21 usou o método SAPO em vinte escolares, com média de idade
de oito anos. Foram feitas fotografias anteriores, lateral direita e esquerda e
posterior. Um único examinador avaliou as fotografias, duas vezes em
intervalo de 30 dias e três examinadores analisaram as mesmas imagens.
Foram analisados (ângulos preconizados pelo protocolo SAPO) na vista
anterior: o alinhamento horizontal da cabeça, dos acrômios, das espinhas
ilíacas antero superiores e das tuberosidades da tíbia. Também foram
avaliados: ângulo entre os dois acrômios e as duas espinhas ilíacas
anterossuperior, ângulo frontal do membro inferior direito e membro inferior
esquerdo e ângulo Q direito e esquerdo. Nas vistas laterais direita e esquerda
foram medidos os ângulos de alinhamento horizontal da cabeça, alinhamento
vertical da cabeça (acrômio), alinhamento vertical do tronco, alinhamento
vertical do corpo, alinhamento horizontal da pelve, ângulo do quadril (tronco e
coxa), ângulo do joelho e ângulo do tornozelo. Na vista posterior: assimetria
horizontal da escápula em relação à T3 e ângulo perna/retropé direito e
esquerdo. O ICC inter-examinador não foi aceitável para: ângulo frontal do
membro inferior direito e esquerdo, ângulo perna/retropé esquerdo,
alinhamento horizontal da cabeça (C7), ângulo do quadril esquerdo (tronco e
coxa) direita, alinhamento horizontal da pelve direita, ângulo do joelho direito
e ângulo do tornozelo direito. O ICC intra-examinador não foi aceitável para:
Revisão de Literatura 13
alinhamento horizontal das espinhas ilíacas anterossuperiores, ângulo
perna/retro pé direito e esquerdo, alinhamento vertical do tronco à direita,
ângulo do quadril (tronco e coxa) à direita, alinhamento horizontal da pelve à
direita. As principais dificuldades relatadas foram: a vista lateral (alinhamento
da pelve, da cabeça, tornozelo e do quadril e vista posterior (ângulo perna e
retropé). Os autores concluíram que o SAPO pode ser uma ferramenta
confiável para avaliar a postura em escolares, porém, com ressalvas nas
vistas laterais e posterior.
Souza et al.22 avaliaram a confiabilidade do SAPO em 24 indivíduos na
postura em pé usando as medidas angulares propostas pelo programa. As
imagens foram analisadas por três avaliadores experientes, duas vezes, com
intervalo de uma semana. Os resultados, avaliados pela variância, coeficiente
de correlação intraclasse e teste T, mostraram que os ângulos utilizados nas
vistas anterior, laterais e posterior são confiáveis na avaliação intra-
examinador. Na avaliação inter-examinadores, o alinhamento vertical do
tronco e o ângulo de quadril não foram confiáveis, sugerindo uma fragilidade
destas medidas no plano sagital.
Mota et al.23 avaliaram a influência da resolução e da distância da
câmera nas medidas do SAPO. Foram utilizadas 16 fotos de manequins
articulados de 140 cm nas vistas anterior, posterior e laterais direito e
esquerdo, feitas com câmeras de 3,2 e 1,20 megapixels, posicionadas a três
e cinco metros de distância do manequim. Para quantificação do erro, foram
calculadas as diferenças das medidas obtidas diretamente (medidas no
manequim) e com o SAPO. O registro das imagens foi feito por um avaliador
Revisão de Literatura 14
e a digitalização no programa dos pontos demarcados no manequim foi
realizada por dois digitalizadores experientes e um inexperiente. Os autores
concluíram que o SAPO é um método acurado para o uso clínico, mas ainda
são necessários estudos para verificar a influência do plano de
posicionamento do voluntário em relação à câmera, o efeito do
reposicionamento e da palpação nas medidas oferecidas pelo programa.
3.3 Equilíbrio sagital
Equilíbrio sagital é um conceito tridimensional, que está relacionado
com as funções essenciais da coluna vertebral, dentre as quais a de suporte
de cargas mecânicas na posição vertical. Os ajustes realizados durante a
manutenção do equilíbrio na posição ortostática e a manutenção do centro de
gravidade dentro da base de apoio sem gasto energético são dependentes do
equilíbrio no plano sagital 24.
A avaliação do equilíbrio no plano sagital se baseia na posição dos
elementos osteoarticulares e neuromiofasciais do complexo formado pelo eixo
coluna vertebral–pelve–membros inferiores. A relação entre o equilíbrio
sagital e o controle postural é um fator prognóstico das afecções
degenerativas da coluna vertebral 14.
Estudos mais recentes têm investigado a influência do equilíbrio sacro-
pélvico e sua morfologia na avaliação e tratamento dos distúrbios da coluna
vertebral, já que perfis extremos de incidência pélvica (para cima ou para
baixo) são fatores relacionados ao surgimento de hérnia de disco
intervertebral, osteoartrite intervertebral, espondilolise e espondilolistese 12. O
Revisão de Literatura 15
conceito dinâmico e tridimensional do equilíbrio no plano sagital trouxe melhor
compreensão da interação entre a coluna vertebral, pelve e sacro, tanto em
relação ao alinhamento da pelve (VP) como à inclinação sacral (IS) 25.
O ângulo de incidência pélvica (IPE) é um parâmetro importante, pois
é uma característica anatômica individual, que permanece fixa ao longo da
vida e independe da posição ou movimento realizado 26.
O IPE é formado pela intersecção da linha perpendicular ao platô sacral
(partindo do seu ponto médio) e a linha que une o centro do planalto sacral ao
ponto médio do segmento que une os dois centros das cabeças femorais,
conhecido como eixo bicoxofemural. O IPE pode ser calculado a partir de uma
radiografia panorâmica da coluna vertebral em perfil 14.
O IPE é classificado em três grupos: alta, média e baixa incidência 14,
de acordo com o seu valor. Berthonnaud et al.27 Fiére et al.28 e Barrey et al.29
referem que os ângulos de alta incidência são aqueles iguais ou maiores que
60°, os de média incidência variam entre 46° e 59° (normais) e os de baixa
incidência são iguais ou menores que 45°. Fiére et al.28 referem que os
indivíduos com alto IP têm aumento da lordose lombar e os com baixo IP têm
retificação lombar.
Berthonnaud et al.30 avaliam o equilíbrio no plano sagital usando
medidas da pelve e coluna vertebral, obtidas pela radiografia panorâmica.
Foram avaliadas radiografias panorâmicas da coluna vertebral de 160
indivíduos adultos jovens assintomáticos por um modelo computadorizado.
Foram usados os seguintes parâmetros: incidência pélvica (IPE), inclinação
pélvica (VP), inclinação sacral (IS), curvatura e inclinação cervical e torácica
Revisão de Literatura 16
e curvatura lombar. Os autores encontraram correlações lineares
significativas entre um único parâmetro de forma adjacente, assim como entre
cada parâmetro adjacente aos demais níveis anatómicos. Também houve
correlação significativa entre os parâmetros de forma e de orientação no
mesmo nível anatômico e entre as áreas anatômicas adjacentes. As
correlações lineares eram mais fortes entre as variáveis de forma e orientação
na pelve, coluna lombar e cervical e mais fraca na coluna torácica e nas
relações das áreas torácica e lombar. A pelve e a coluna vertebral, no plano
sagital 30, podem ser consideradas como uma cadeia linear céfalo-pélvica. A
forma e orientação de cada segmento anatômico estão intimamente
relacionadas e influenciam os segmentos adjacentes no esforço de manter a
postura estável com gasto energético mínimo.
Legaye et al.31 estudaram o equilíbrio sagital em 49 adultos jovens com
média de idade de 24 anos. Foram realizadas radiografias de perfil na posição
vertical, incluindo a pelve e as cabeças femorais. Foram medidos vários
parâmetros por um programa de computador. Foram observadas correlações
fortes entre os parâmetros relacionados com a pelve (IPE, IS e VP) e as
curvas da coluna vertebral sagital (lordose e cifose). Os autores propõem que
se inicie a avaliação do alinhamento do plano sagital da coluna vertebral pela
medida do ângulo de incidência pélvica.
Roussouly et al.32 analisaram 709 adultos assintomáticos e sem
queixas clínicas da coluna vertebral. Foram avaliados 354 homens e 355
mulheres com idades entre 35 e 37 anos. Foram medidos os ângulos de
incidência pélvica (IPE), de inclinação da pelve (VP) e de inclinação sacral (IS)
Revisão de Literatura 17
em uma radiografia de perfil na posição ortostática. Os autores encontraram
valores de IPE semelhantes para homens e mulheres, respectivamente 52,7
e 52,4. Não houve diferenças significativas dos ângulos de incidência pélvica,
inclinação sacral e inclinação pélvica na comparação entre homens e
mulheres.
Kim et al.33 elaboraram uma ferramenta computadorizada para medir
parâmetros do equilíbrio sagital e pélvicos através do arquivamento de
imagens e sistema de comunicação (PACS). As medições de distância e
ângulo foram informatizadas, identificando pontos cruciais para a realização
das medidas. Para o equilíbrio sagital foram usados quatro pontos, um em
cada canto do corpo de C7 e um quinto ponto no canto superior/posterior do
corpo de S1. Para os parâmetros pélvicos, foram usados dois pontos no centro
das cabeças femorais direita e esquerda e nos cantos anterossuperior e
póstero-superior de S1. Fez-se a comparação entre a nova ferramenta e a
medição manual. Trinta e três radiografias laterais panorâmicas da coluna
vertebral foram selecionadas aleatoriamente do banco de dados radiográficos.
A variabilidade inter e intra-observador foi feita pela análise das radiografias
por observadores qualificados (dois anos de experiência) e não qualificados
(uma semana de experiência). Os parâmetros de equilíbrio sagital e pélvicos
foram avaliados três vezes, de forma manual e computadorizada, com um
intervalo de uma semana entre as medidas. A confiabilidade foi avaliada pelo
coeficiente de correlação intraclasse. O método computadorizado foi mais
confiável que o manual nos observadores qualificados e não qualificados. Os
observadores qualificados foram mais congruentes que os não qualificados
Revisão de Literatura 18
tanto na medida manual como na computadorizada e a discordância foi maior
nos parâmetros pélvicos. O método computadorizado é mais fácil de assimilar
que o manual, especialmente para o observador não qualificado, sugerindo
que a medida computadorizada é mais confiável que a medição manual.
Lafage et al..34 usaram o programa Surgimap para mensuração dos
parâmetros pélvicos. Referem que programas computadorizados são
métodos simples para análise dos segmentos da coluna vertebral e que
podem ser executados de forma rápida, precisa e confiável. O programa
oferece uma lista de parâmetros quantitativos da coluna vertebral e da pelve
que ajudam o cirurgião no planejamento pré-operatório e faz uma ponte entre
as necessidades clínicas e de pesquisa.
Maillot et al.35 avaliaram a confiabilidade (intra e inter-examinador) do
programa Keops (SMAIO, Lyon, França), uma atualização do Optispine (Paris,
França) versus a medição manual em papel das medidas radiológica por
quatro examinadores diferentes. Foram avaliadas duas vezes (teste e reteste)
todas as variáveis nos planos frontal e sagital em 30 radiografias selecionadas
aleatoriamente. A trama de Bland-Altman foi utilizada para determinar o grau
de concordância entre as medidas manuais e do Keops das duas medidas de
todos examinadores. O coeficiente de correlação intraclasse inter-examinador
foi calculado para cada par de análises de um mesmo paciente feito pelos
quatro examinadores nos dois métodos utilizados. O coeficiente de correlação
de concordância foi usado para testar a reprodutibilidade das medidas do
mesmo paciente feita pelo mesmo examinador de forma manual ou pelo
Keops. A diferença entre os dois métodos foi mínima para a medição frontal e
Revisão de Literatura 19
para a medição sagital. A ferramenta Keops tem melhor reprodutibilidade intra
e inter-examinador e os autores recomendam o programa para a aplicação
clínica.
Weinberg et al.36 avaliaram 880 cadáveres pelo Keops, controlando
idade no momento da morte, sexo, raça e estatura. A medida média do ângulo
de incidência pélvica foi 46º. Não houve diferença em relação ao sexo, idade
e estatura, mas o ângulo foi maior nas pessoas da raça negra quando
comparados com os brancos.
Sudhir et al.37 usaram o Keops para medir os parâmetros espino-
pélvicos e curvaturas da coluna vertebral e suas correlações. Foram avaliados
101 adultos (50 homens e 51 mulheres) assintomáticos, com média de idade
de 47 anos. Os parâmetros observados foram a cifose torácica, lordose
lombar e ângulos de incidência pélvica, inclinação da pelve e inclinação sacral.
Não houve diferença com relação à idade e sexo, exceto no ângulo de
incidência pélvica, que foi maior nas mulheres. Houve correlação positiva
entre o ângulo de incidência pélvica e de inclinação sacral e correlação
negativa entre a inclinação pélvica e inclinação sacral. Os autores referem que
o estudo é o primeiro realizado na população indiana adulta e que o Keops é
uma ferramenta valiosa para a avaliação e tratamento cirúrgico das
deformidades da coluna vertebral.
4 Métodos
Métodos 21
4 MÉTODOS
4.1 Tipo de estudo
Estudo transversal.
4.2 Local de desenvolvimento da pesquisa
O estudo foi desenvolvido no Laboratório de Estudo do Movimento
(LEM) do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC FMUSP).
4.3 Comitê de ética
O estudo foi aprovado pela Comissão de Ética para Análise de Projetos
de Pesquisa (CAPPesq) da Diretoria Clínica do Hospital das Clínicas e da
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), protocolo
número 078/14, de acordo com as normas da Resolução 196/96 do Conselho
Nacional de Saúde sobre pesquisa envolvendo seres humanos (Anexo A).
4.4 Cálculo amostral
O tamanho da amostra foi calculado, baseando-se em estudo prévio
com 115 indivíduos 6, erro amostral de 5% e nível de confiança de 95% em
uma amostra homogênea. O tamanho amostral calculado foi de 80 indivíduos,
considerando a variável postural alinhamento horizontal da pelve.
Métodos 22
Onde:
n - amostra calculada
N - População
Z - Variável normal padronizada associada ao nível de confiança
p - verdadeira probabilidade do evento
e - Erro amostral.
Fonte: Santos, G.E.O. Cálculo amostral: calculadora on-line. Disponível em: <http://www.calculoamostral.vai.la>
4.5 Casuística
Foram avaliados 80 indivíduos sendo 46 do sexo feminino e 34 do sexo
masculino, com média de idade de 25 ± 4,1 anos.
Critérios de inclusão
Nível cognitivo suficiente para entender os procedimentos e
acompanhar as instruções dadas.
Indivíduos sedentários, de acordo com o International Physical
Activity Questionnaire (IPAC) (Anexo B).
Indivíduos com IMC <30.
Ausência de doença /traumas ou sequelas que comprometam o
aparelho locomotor (musculoesquelético e sistema nervoso).
Ausência de doenças do sistema vestibular ou que
comprometam o equilíbrio.
Métodos 23
Critérios de exclusão
Não conseguir realizar os testes e exames necessários.
4.5.1 Descrição casuística
As características dos 80 voluntários participantes da pesquisa estão
descritas na Tabela 1.
Tabela 1 – Características da população estudada do grupo todo
Variável Mínimo Máximo Mediana Média (dp)
Idade (anos) 18 34 25 25,15 (4,1)
Estatura (m) 1,52 2 1,68 1,64 (0,09)
Massa (kg) 48 100 65 65,5 (10,12)
IMC (kg/m2) 18,9 27,7 22,6 22,8 (2,23)
Legenda: dp = desvio-padrão; IMC = índice de massa corporal.
4.6 Materiais
Foram utilizados os seguintes materiais:
Programa de computador Keops
Aparelho de raio X
Software para análise postural (SAPO)
Balança
Fita métrica
Máquina fotográfica da marca Canon, 16.0 megapixels
Tripé portátil Foto-pro
Bolas de isopor
Métodos 24
Base de suporte
Fio de prumo
Fita crepe adesiva
4.7 Procedimentos
Foi realizado contato com os voluntários da comunidade ou
frequentadores do Laboratório de Estudos do Movimento (por e-mail, telefone
e pessoalmente) para explicar o objetivo do estudo e convidar para
participação.
Após a aceitação, os indivíduos foram pré-agendados para uma única
sessão de avaliações. Todos os voluntários foram orientados a comparecer
com traje confortável.
A avaliação consistiu de:
Anamnese e exame físico para inclusão realizados por médicos -.
identificação (dados pessoais); grau de atividade física IPAC (Anexo B) e
avaliação de preenchimento dos critérios de inclusão. Todos, que aceitaram
participar e preencheram os critérios de inclusão, assinaram o termo de
consentimento livre e esclarecido (Anexo C) e foram encaminhados para as
demais avaliações.
Avaliação antropométrica - altura e peso usando balança e
estadiômetro.
Avaliação radiográfica da coluna lombar - todos os indivíduos foram
encaminhados ao setor de imagem do HC/FMUSP para a realização de
radiografias panorâmicas ortostáticas de perfil da coluna vertebral, com os
Métodos 25
braços em flexão à frente do corpo, segundo o protocolo utilizado pelo setor.
Todos os exames foram feitos por técnicos experientes do setor de radiologia.
A pesquisadora responsável analisava os exames após a execução
para a garantia de uma boa imagem e inclusão de todas as referências
anatômicas necessárias para análise.
Avaliação dos parâmetros radiológicos do equilíbrio sagital - as
imagens panorâmicas foram submetidas ao programa Keops para a
identificação dos pontos anatômicos utilizados para medida. São
identificadas: as cabeças femorais, a base do sacro, vértebras C3 e C7. Estes
pontos são marcados pelo examinador. Após a marcação, uma linha é traçada,
passando pelo centro das vértebras identificadas, seguindo o formato da
coluna vertebral e suas curvaturas (Figura 2).
Todas as 80 imagens foram avaliadas pelo mesmo examinador, que
passou por um treinamento dado pelo fabricante para a correta utilização do
programa e marcação dos pontos anatômicos de referência.
Após a marcação dos pontos, são calculados os seguintes parâmetros.
(Figura 3)
Ângulo de inclinação sacral
Ângulo de inclinação da pelve
Ângulo de incidência pélvica
Ângulo da lordose lombar
Ângulo de cifose torácica
O ângulo de incidência pélvica pode ser calculado através dos
parâmetros pélvicos:
Métodos 26
Figura 2 – Imagem radiográfica panorâmica da coluna vertebral com a marcação dos pontos anatômicos
Vértebra C3
Vértebra C7
Linha traçada pelo centro das
vertebras
Base do sacro
Centro das cabeças femorais
Cálculo IPE
Incidência pélvica (IPE) = inclinação sacral (IS) + versão pélvica (VP)
Métodos 27
Figura 3 - Parâmetros calculados pelo software Keops
Avaliação postural pelo Sistema de Avaliação Postural (SAPO)
Foram colocados marcadores de isopor em pontos anatômicos
predeterminados segundo protocolo de utilização do programa (Figuras 4 e
5) no tronco e membros dos voluntários. Foram usados três marcadores
sobrepostos em cada vértebra na coluna, para melhor visualização 6. Os
pontos foram marcados, seguindo sempre a mesma sequência: vista lateral
direita e depois, vista lateral esquerda. Para a realização das fotografias, o
Métodos 28
indivíduo permaneceu em pé com os pés paralelos em cima de uma base de
suporte, orientado a ficar em uma posição “normal” e “confortável” para evitar
possíveis ajustes durante a execução das fotografias.
Foi usada uma máquina fotográfica sobre um tripé de 130 cm de altura,
colocada na distância de 150 cm até a base de suporte onde o indivíduo
estava posicionado. A calibração da imagem foi feita por um fio de prumo à
esquerda do indivíduo. As fotografias foram tiradas sempre na mesma ordem:
vista anterior, vista lateral direita, vista posterior e vista lateral esquerda. Neste
estudo foram usadas apenas as vistas laterais.
As fotografias foram transferidas para o computador e analisadas pelo
programa de avaliação postural (SAPO), seguindo a seguinte sequência:
abertura da foto, zoom de 100%, calibração da imagem através do fio de
prumo (100 cm), marcação dos pontos pelo protocolo e produção do relatório,
exportado para uma tabela feita no programa Excel. As seguintes variáveis
relacionadas com a pelve foram analisadas: posição, comprimento, ângulos e
alinhamento dos segmentos corporais.
Medidas:
- Alinhamento vertical do tronco: 1–4
- Alinhamento vertical do corpo: 1–5
- Alinhamento horizontal da pélvis:2–3
Métodos 29
Figura 4a Figura 4b Vista lateral direita Vista lateral esquerda
1. acrômio direito 1. acrômio esquerdo 2. espinha ilíaca anterossuperior direita 2. espinha ilíaca anterossuperior esquerda 3. espinha ilíaca posterossuperior direita 3. espinha ilíaca posterossuperior esquerda 4. trocânter maior direito 4. trocânter maior esquerdo 5. maléolo lateral direito 5. maléolo lateral esquerdo.
5 Análise estatística
Métodos 31
5 ANÁLISE ESTATÍSTICA
A normalidade e a homogeneidade da variância foram confirmadas
pelo teste Komorov-Smirnov e teste de Levene, respectivamente.
Os dados foram apresentados por meio de médias, desvio padrão (dp).
A correlação de Pearson foi utilizada para relacionar as variáveis
dependentes: ângulos de lordose lombar, cifose torácica, ângulo de incidência
pélvica, inclinação pélvica e inclinação sacral com as independentes (ângulos
do SAPO): alinhamento vertical do tronco, alinhamento vertical do corpo e
alinhamento horizontal da pélvis.
Para toda a análise foi utilizado o software estatístico SPSS (Statistical
Package for Social Science) versão 22.0 para Windows e adotado um índice
de significância de p ≤ 0,05.
6 Resultados
Resultados 33
6 RESULTADOS
No programa SAPO foram analisadas as vistas laterais direita e
esquerda e no programa Keops foi medido o ângulo de incidência pélvica em
80 indivíduos de ambos os sexos.
A Tabela 2 mostra os ângulos medidos pelos programas Keops e
SAPO.
Tabela 2 - Ângulos (graus) medidos pelo Programa Keops e SAPO para avaliação postural (n=80)
Ângulo Média (Dp)
KEOPS
Incidência Pélvica (o) 51,2 (8,1)
Inclinação Sacral (o) 41,1 (6,2,
Inclinação Pélvica (o) 10,3 (6,0)
Ângulo lordose lombar (o) 60,3 (11,3)
Ângulo de cifose torácica (o) 37,2 (12,3)
SAPO VISTA LATERAL DIREITA
Alinhamento vertical tronco (o) -2,5 (3,2)
Ângulo quadril-tronco e coxa (o) -5,3 (6,9)
Alinhamento vertical corpo (o) 1,4 (2,0)
Alinhamento horizontal pélvis(o) -7,1 (12,4)
SAPO VISTA LATERAL ESQUERDA
Alinhamento vertical tronco (o) -1,5 (2,8)
Ângulo quadril-tronco e coxa (o) -4,5 (6,4)
Alinhamento vertical corpo (o) 2,7 (1,4)
Alinhamento horizontal pélvis(o) -6,3 (1,9)
Resultados 34
Catorze (17,5 %) tinham ângulo de incidência pélvica alto acima de 60o
(63,8 ± 4,0 o); 41 (51,2%) tinham ângulo de incidência pélvica médio entre 45-
59o (52,0 ± 3,4o) e 25 (31,2%) tinham ângulo de incidência pélvica baixo, menor
que 45o (42,8 ±1,9o) (Tabela 3).
O programa SAPO mostrou 10 (12,5 %) indivíduos com anteversão da
pelve, 32 (40%) com retroversão da pelve e 38 (47,5%) com pelve neutra,
avaliadas pelo alinhamento horizontal da pelve nas vistas laterais direita e
esquerda (Tabela 3).
Tabela 3 - Distribuição dos voluntários de acordo com os ângulos de incidência pélvica (IPE) medidos pelo programa Keops e da posição da pelve avaliada pelo SAPO (n=80)
IPE Alto (>60o) Médio (45-59o) Baixo (<45o)
14 (17,5%) 41 (51,2%) 25 (31,2%)
Pelve Anteversão Neutra Retroversão
10 (12,5%) 38 (47,5%) 32 (40%)
IPE: Angulo de incidência pélvica
Na Figura 5a pode se observar a distribuição dos ângulos de incidência
pélvica; na Figura 5b, os ângulos de inclinação sacral (IS) e na Figura 5c,–
ângulos de inclinação pélvica (VP).
Resultados 35
Figura 5a - Distribuição dos ângulos de incidência pélvica (IPE) medidos pelo sistema Keops em 80 voluntários saudáveis
Figura 5b - Distribuição dos ângulos de inclinação sacral (IS) pélvica medidos pelo sistema Keops em 80 voluntários saudáveis
Figura 5c – Distribuição dos ângulos de inclinação pélvica medidos pelo sistema Keops em 80 voluntários saudáveis.
Resultados 36
6.1 Correlações
As análises de correlação foram feitas:
No Programa Keops (Tabela 4)
Ângulo de incidência pélvica, inclinação pélvica, inclinação
sacral com o ângulo de cifose torácica e de lordose lombar
Entre Programa Keops e SAPO (Tabelas 5 e 6)
Ângulo de incidência pélvica com as variáveis das vistas laterais
direita e esquerda.
Tabela 4 - Valores de correlação (r) entre o ângulo de incidência pélvica, inclinação pélvica, inclinação sacral com o ângulo de cifose torácica e de lordose lombar medidos no Programa Keops (n = 80)
Ângulos Ângulo lordose lombar Ângulo cifose torácica
r(p) r(p)
Incidência pélvica ,546(p ≤ 0,001)* ,057(0,615)
Inclinação sacral ,541(p ≤ 0,001)* ,010(0,926)
Inclinação pélvica ,122(0,283) ,028(0,804)
Ângulo lordose lombar – ,334(0,002)*
Ângulo cifose torácica ,334(0,002)* -
Coeficiente de Pearson * p ≤ 0,05
O ângulo de inclinação sacral e lordose lombar tiveram correlação
positiva e moderada e a incidência pélvica teve correlação positiva e fraca
com o ângulo de lordose lombar, o ângulo de cifose torácica teve uma
correlação positiva e fraca com o ângulo de lordose lombar. Nas demais
variáveis avaliadas não foram vistas correlações entre os ângulos pélvicos e
sacrais com os ângulos de cifose torácica e de lordose lombar medidos no
programa Keops.
Resultados 37
Tabela 5 - Valores de correlação (r) das variáveis do equilíbrio sagital do Keops com as variáveis posturais do SAPO na vista lateral direita no grupo de indivíduos (N = 80)
Variáveis AVT AQTC AVC AHP
r(p) r(p) r(p) r(p)
Incidência pélvica ,638(,053)* -,166(,141) ,078(,491) -,496(p≤ 0,001)*
Inclinação sacral -,031(,786) -,042(,714) ,049(,668) -,288(,010)
Inclinação pélvica ,000(,999) -,181(,108) ,044(,696) -,250(,025)
Ângulo lordose lombar -,067(,557) -,136(,228) -,043(,707) -,376(p≤ 0,001)*
Ângulo cifose torácica ,064 (,574) -,047(,678) ,032(,267) ,031(,787)
Coeficiente de Pearson (R) *p ≤ 0,05. Legendas AVT: alinhamento vertical do tronco; AQTC: ângulo do quadril-tronco e coxa; AVC: alinhamento vertical do corpo; AHP: alinhamento horizontal da pelve .
O ângulo de incidência pélvica teve correlação moderada e positiva
com o alinhamento vertical do tronco e correlação negativa e moderada com
o alinhamento horizontal da pelve. O alinhamento horizontal da pelve se
correlacionou moderada e negativamente com o ângulo de lordose lombar na
vista lateral direita.
Tabela 6 - Valores de correlação (r) das variáveis do equilíbrio sagital do Keops com as variáveis posturais do SAPO na vista lateral esquerda no grupo de indivíduos (N = 80)
Variáveis AVT AQTC AVC AHP
r(p) r(p) r(p) r(p)
Incidência pélvica ,023(,838) ,119 (,293) ,016(,885) -,353(p≤ 0,001)*
Inclinação sacral ,143(,206) ,072(,526) ,144(,203) -,209(,063)
Inclinação pélvica -,132(,242) -,011(,920) -,120(,290) -,169 (,135)
Ângulo lordose lombar ,042(,709) -,016(,885) -155(,171) -,349(p≤ 0,001)*
Ângulo cifose torácica ,123 (,277) ,150(,183) -,050(,657) ,014(,903)
Coeficiente de Pearson (R) *p ≤ 0,05. Legendas AVT: alinhamento vertical do tronco; AQTC: ângulo do quadril-tronco e coxa; AVC: alinhamento vertical do corpo; AHP: alinhamento horizontal da pelve .
Resultados 38
O ângulo de incidência pélvica teve correlação fraca e negativa com o
alinhamento horizontal da pelve. O alinhamento horizontal da pelve se
correlacionou moderada e negativamente com o ângulo de lordose lombar na
vista lateral esquerda.
7 Discussão
Discussão 40
7 DISCUSSÃO
Os principais achados do estudo foram que altos graus de IPE estão
relacionados a uma maior anteversão pélvica, ou seja uma lordose
aumentada. Corroborando para o fato de que a avaliação do equilíbrio sagital
pode ser uma ferramenta mais objetiva para avaliação clínica e prescrição de
tratamento e exercícios específicos na área da fisioterapia.
A avaliação postural pode ser feita pelo exame físico e por testes
específicos quantitativos, que nem sempre são objetivos, reprodutíveis e
confiáveis. A avaliação digital de uma radiografia panorâmica da coluna
vertebral com pontos de referência anatômicos pode ajudar na avaliação mais
objetiva da postura normal e patológica6,5.
O uso das variáveis do equilíbrio sagital, medido pela avaliação digital
da radiografia panorâmica da coluna vertebral é um tema relativamente novo
na área da fisioterapia. Não foram encontrados, na literatura disponível,
trabalhos que usaram ou compararam este modelo de avaliação com a
biofotogrametria e/ou outros métodos de avaliação postural comumente
utilizados. As variáveis do equilíbrio sagital têm sido valorizadas 12,14,29 na
avaliação e tratamento das afecções da coluna vertebral, principalmente nos
tratamentos cirúrgicos.
Os parâmetros da biofotogrametria do programa SAPO, usados no
presente estudo, foram obtidos nas vistas laterais direita e esquerda do
indivíduo avaliado e foram relacionados com o alinhamento horizontal da
Discussão 41
pelve. A principal variável utilizada, na presente avaliação, é o alinhamento
horizontal da pelve nas vistas laterais direita e esquerda, que determina o grau
de anteversão e retroversão da pelve. Este parâmetro do SAPO é o mais
importante para correlação com os dados do Keops.
As medidas do alinhamento horizontal são, por convenção, negativas
para a anteversão e positivas para a retroversão. Para o alinhamento vertical
do tronco e do corpo, os deslocamentos posteriores (posteriorização e
inclinação posterior) do tronco são negativos e os anteriores (anteriorização e
inclinação anterior) são positivos.
A amostra estudada (n=80) mostrou uma distribuição esperada para os
tipos de ângulo de incidência pélvica, avaliados, pelo programa Keops. Mais
de 50% da amostra mostrou ângulos de média incidência (51,2 ± 8,1o), que
são considerados normais. Em seguida, vieram os ângulos de baixa
incidência e, menos frequentemente, os de alta incidência. Estes resultados
são coincidentes com os achados de Weinberg et al.36, que estudaram 880
radiografias de cadáveres, usando o programa Keops. Os autores mostraram
um ângulo de incidência pélvica de 46º, considerado de média incidência. Os
ângulos de baixa incidência são relacionados com a retificação da coluna
lombar e os de alta incidência com aumento da lordose lombar 31.
Weinberg et al. (2015) 36 referem um IPE maior na raça negra, quando
comparada com a branca e possivelmente, havia mais pessoas da raça negra
na amostra, fato que contribuiu para o maior número de indivíduos com
ângulos de alta incidência. O estudo atual não avaliou a influência da raça,
mas, o ângulo de baixa incidência foi mais frequente que o de alta, fato que
Discussão 42
não seria esperado no Brasil, país com alto grau de miscigenação racial. Este
fato precisaria ser melhor avaliado futuramente, com ampliação da amostra
estudada.
Nos trabalhos consultados, alguns autores referem que não há
diferenças significativas entre homens e mulheres em relação ao ângulo de
incidência pélvica, inclinação sacral e inclinação pélvica 31,36. Para Sudhir et
al. (2016) 37 existe diferença no ângulo de incidência pélvica, que é maior nas
mulheres. No presente estudo foram avaliadas 46 mulheres com IPE de 50,1
± 7,8o e 34 homens com 52,7 ± 8,4, sem diferença entre eles, concordando
com alguns dos autores consultados 32,36.
Os ângulos de inclinação pélvica e inclinação sacral foram de 10,3 ±
6,0º e 41,1 ± 6,2º respectivamente, dentro de parâmetros considerados
normais (10º-25º - inclinação pélvica e 30º-50º - inclinação sacral) 29,35.
Rezende (2014)25 refere que ângulos altos de inclinação pélvica estão
associados com retroversão pélvica e é uma medida compensatória para a
manutenção do equilíbrio sagital.
Os ângulos de lordose lombar e cifose torácica, medidos na presente
amostra, foram 60,3º ± 11,3 e 37,2º ± 12,3, respectivamente, e estavam dentro
dos parâmetros de normalidade, segundo Drummond et. al 38.
Na avaliação das vistas laterais direita e esquerda do SAPO, 47,5% da
amostra tinham uma anteversão da pelve de (-12,7º ± 3,7 (direita) e
-10,9º ± 7,4 (esquerda), valores considerados fisiológicos e que caracterizam
uma pelve neutra. A lordose lombar com maior anteversão da pelve (-15,7º ±
1,3 e -15,2º ± 1,6 à esquerda) foi vista em 12,5% da amostra. A retificação da
Discussão 43
lordose lombar e retroversão (7,2º ±1,6 à direita e 7,3º ±1,6 à esquerda) foi
vista em 40% da amostra.
Os resultados atuais, dados pelo programa SAPO e pelo Keops são
discordantes dos encontrados por Ferreira (2005) 6 que refere 47,7º, como o
valor médio da lordose lombar no seu estudo. A grande variação pode ser
justificada pela grande variação dos ângulos de normalidade, mas também
pelas variações de medida do SAPO.
Souza et al. (2011) 22 em seu estudo de confiabilidade para o
alinhamento horizontal da pelve, dado pelo SAPO, encontraram valores iguais
aos do atual trabalho, mostrando que a medida, tem uma margem de variação
grande, mas é confiável, mas sempre deve ser levado em conta as
dificuldades de coleta adequada do SAPO.
Há concordância na comparação dos resultados do programa Keops
com o SAPO na amostra atual. Há predomínio dos indivíduos com ângulo de
incidência pélvica média (Keops) e anteversão fisiológica (SAPO), seguidos
pelo ângulo de baixa incidência (Keops) e com retroversão (SAPO) e por
último, indivíduos com ângulos de alta incidência (Keops) e com anteversão
da pelve (SAPO). Os dois métodos convergiram nos resultados, fato que
corrobora a confiabilidade de ambos.
Nery (2009) 21 refere que o programa SAPO é uma boa ferramenta para
avaliação postural, mas faz ressalvas aos resultados dados pelas vistas
laterais. Souza et al. (2011) 22 mostraram alta confiabilidade das medidas de
alinhamento horizontal da pelve e alinhamento vertical do corpo do programa
SAPO, porém o alinhamento vertical do tronco e o ângulo do quadril foram
Discussão 44
classificados como medidas não aceitáveis, mostrando que algumas das
medidas da vista lateral podem não ser confiáveis. A experiência do atual
trabalho reforça as dificuldades para o posicionamento adequado dos
marcadores e da chance da ocorrência de erros.
Ferreira et al. (2010) 39 em trabalho de validação do programa SAPO,
classificaram o ângulo de alinhamento horizontal da pelve, o alinhamento
vertical do tronco e do corpo e ângulo do quadril como parâmetros bons e
aceitáveis. Os autores referem que as quatro medidas estão dentro da
variação normal, referida pela literatura, pois os valores considerados
fisiológicos da anteversão pélvica podem variar de -10 até -15 º. A grande
variação do alinhamento horizontal da pelve e a dificuldade de se estabelecer
parâmetros fisiológicos dificulta a análise dos resultados pela biofotogrametria.
Já, o programa Keops, que parte de uma medida objetiva que é a
radiografia panorâmica da coluna vertebral, considera os grandes ângulos
negativos de anteversão como significativos e relacionados com ângulos de
incidência pélvica altos e presença de lordose lombar.
Na análise estatística de correlação das variáveis do equilíbrio sagital
do Keops com as variáveis posturais do SAPO na vista lateral direita, o ângulo
de incidência pélvica teve correlação moderada e positiva com o alinhamento
vertical do tronco e do corpo. Esta correlação positiva, isto é, um aumento da
anteriorização e inclinação anterior do corpo é justificada pela necessidade de
manutenção do equilíbrio ortostático, quanto maior o ângulo de incidência
pélvica.
Discussão 45
Ainda na vista lateral direita, houve correlação moderada e positiva do
IPE com o alinhamento horizontal da pelve. Este achado significa que quanto
maior o angulo de incidência pélvica e da lordose lombar, maior será a
anteversão da pelve, isto é, os valores do ângulo do alinhamento horizontal
da pelve ficam mais negativos (menores do ponto de vista matemático), mas
com ângulos maiores de anteversão. Estes dados não se confirmaram
completamente, visto que na vista lateral esquerda, a correlação se manteve
positiva, mas foi fraca. De novo, pensa-se na precisão das medidas laterais
do SAPO, que podem justificar a diferença entre o lado direito e esquerdo. Os
resultados apontam que o ângulo de incidência pélvica se correlaciona com o
alinhamento horizontal da pelve, como seria esperado e estão de acordo com
a literatura 12,14,30,31,32.
Não foram encontradas correlações do IPE, inclinação pélvica e sacral
com os ângulos de cifose torácica e de lordose lombar medidos no programa
Keops, fato que pode ter sido causado pelo pequeno tamanho amostral do
grupo estudado para estas variáveis.
O IPE é o parâmetro determinante do equilíbrio sagital, porque é
individual, constante e acompanha o indivíduo pela vida 34,35,36, interferindo
diretamente na relação espinopélvica. Porém, a aquisição do padrão postural,
realizada ao longo da vida, pode ser influenciada por outros fatores, além IPE,
gerando variações na posição da pelve e nas curvas da coluna vertebral. O
presente estudo mostra que há uma tendência de associação do ângulo de
incidência pélvica com a posição da pelve e curvas da coluna lombar e
torácica, porém há uma gama de pequenas variações no processo de
Discussão 46
aquisição postural, que podem justificar a correlação moderada e fraca das
variáveis do Keops e do SAPO, mesmo considerando o tamanho amostral
insuficiente.
Ainda que os dados do Keops sejam mais confiáveis, apenas o IPE não
serve como indicativo da posição da pelve e curvaturas da coluna, pois o
indivíduo pode criar estratégias próprias para manter o equilíbrio sagital. O
IPE pode ser um bom parâmetro de orientação, mas é preciso considerar as
outas variáveis para o melhor entendimento da postura do indivíduo.
O uso das variáveis do equilíbrio sagital pode ser útil para o melhor
entendimento das afecções da coluna e sua evolução, não apenas do
cirurgião, como também da equipe de reabilitação, principalmente pela sua
característica tridimensional.
O SAPO é uma ferramenta útil e complementa a avaliação clínica, pela
praticidade de utilização e a padronização de medidas 22, porém o uso de uma
ferramenta objetiva, a partir de uma radiografia, pode melhorar muito a
qualidade da avaliação e do tratamento proposto nas alterações posturais.
As variáveis do programa SAPO utilizadas neste estudo foram aquelas
que mediam as mesmas regiões do Keops: posição da pelve e curvaturas da
coluna vertebral. O SAPO é uma avaliação bidimensional e, portanto, pode
ser insuficiente para avaliar a relação espinopélvica 21. A associação de
medidas tridimensionais, como a avaliação do programa Keops, pode
melhorar a avaliação postural e a intervenção fisioterapêutica. A técnica
fotográfica com marcadores em pontos específicos pode levar a erros de
Discussão 47
posicionamento com consequências no resultado final, principalmente nas
vistas laterais 22.
As variações encontradas nos indivíduos da presente amostra em
relação aos padrões descritos pela literatura podem ser devidas às condições
individuais que não foram analisadas: retração, desequilíbrio e fraqueza
muscular, diminuição da mobilidade.
A principal limitação deste trabalho é o tamanho amostral, pequeno,
pela necessidade de os voluntários fazerem uma radiografia. Esta limitação,
pode ser menos significativa na prática clínica, que quase sempre necessita
de uma avaliação radiológica para um diagnóstico melhor.
8 Conclusão
Conclusão 49
8 CONCLUSÃO
1. O programa Keops foi eficiente para avaliar os parâmetros espino-
pélvicos do equilíbrio sagital na população estudada.
2. Houve diferenças entre as medidas do alinhamento vertical direito e
esquerdo do sistema de avaliação postural (SAPO).
3. A maioria da população estudada tem esses parâmetros dentro da
normalidade, com ângulo de incidência pélvica (IPE) de média
incidência e anteversão pélvica neutra.
4. Não foram encontradas correlações entre as variáveis
tridimensionais do equilíbrio sagital do programa Keops.
5. Foi encontrada correlação positiva entre IPE e anteversão pélvica
do SAPO.
9 Referências
Referências 51
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10 Anexos
Anexos 57
10 ANEXOS
10.1 Anexo A - Aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
Anexos 58
10.2 Anexo B - Questionário Internacional de Atividade Física
QUESTIONÁRIO INTERNACIONAL DE ATIVIDADE FÍSICA NOME COMPLETO SEM ABREVIAÇÕES E EM LETRA DE FORMA:
IDADE: ________ SEXO: _____ DATA DE NASCIMENTO: ____/_____/_____
As perguntas estão relacionadas ao tempo que você gasta fazendo
atividade física na ÚLTIMA semana. As perguntas incluem as atividades que você faz no trabalho, para ir de um lugar a outro, por lazer, por esporte, por exercício ou como parte das suas atividades em casa ou no jardim. Suas respostas são MUITO importantes. Por favor responda cada questão mesmo que considere que não seja ativo. Obrigado pela sua participação!
Para responder as questões lembre que: Atividades físicas VIGOROSAS são aquelas que precisam de um
grande esforço físico e que fazem respirar MUITO mais forte que o normal. Atividades físicas MODERADAS são aquelas que precisam de algum
esforço físico e que fazem respirar UM POUCO mais forte que o normal. Para responder as perguntas pense somente nas atividades que você
realiza por pelo menos 10 minutos contínuos de cada vez: 1a. em quantos dias da última semana você caminhou por pelo menos
10 minutos contínuos em casa ou no trabalho, como forma de transporte para ir de um lugar para outro, por lazer, por prazer ou como forma de exercício?
dias _____ por SEMANA ( ) Nenhum 1b. Nos dias em que você caminhou por pelo menos 10 minutos
contínuos quanto tempo no total você gastou caminhando por dia? horas: ______ Minutos: _____ 2a. Em quantos dias da última semana você realizou atividades
MODERADAS por pelo menos 10 minutos contínuos, como por exemplo pedalar leve na bicicleta, nadar, dançar, fazer ginástica aeróbica leve, jogar vôlei recreativo, carregar pesos leves, fazer serviços domésticos na casa, no quintal ou no jardim como varrer, aspirar, cuidar do jardim, ou qualquer atividade que fez aumentar moderadamente sua respiração ou batimentos do coração (POR FAVOR NÃO INCLUA CAMINHADA):
dias _____ por SEMANA ( ) Nenhum
Anexos 59
2b. Nos dias em que você fez essas atividades moderadas por pelo menos 10 minutos contínuos, quanto tempo no total você gastou fazendo essas atividades por dia?
horas: ______ Minutos: _____ 3a. Em quantos dias da última semana, você realizou atividades
VIGOROSAS por pelo menos 10 minutos contínuos, como por exemplo correr, fazer ginástica aeróbica, jogar futebol, pedalar rápido na bicicleta, jogar basquete, fazer serviços domésticos pesados em casa, no quintal ou cavocar r no jardim, carregar pesos elevados ou qualquer atividade que fez aumentar MUITO sua respiração ou batimentos do coração.
Dias _____ por SEMANA ( ) Nenhum 3b. Nos dias em que você fez essas atividades vigorosas por pelo
menos 10 minutos contínuos quanto tempo no total você gastou fazendo essas atividades por dia?
horas: ______ Minutos: _____ Estas últimas questões são sobre o tempo que você permanece
sentado todo dia, no trabalho, na escola ou faculdade, em casa e durante seu tempo livre (deixa livre ou lazer. Isto inclui o tempo sentado estudando, sentado enquanto descansa, fazendo lição de casa visitando um amigo, lendo, sentado ou deitado assistindo TV, jogando vídeo game, bate-papo na internet e uso do computador para jogar e estudar. Não inclua o tempo gasto sentando durante o transporte em ônibus, trem, metrô ou carro.
4a. Quanto tempo no total você gasta sentado durante um dia de
semana? ______horas _______ minutos 4b. Quanto tempo no total você gasta sentado durante em um dia de
final de semana? ______ horas _______ minutos 5. Você já ouviu falar do Programa Agita São Paulo? ( ) Sim
( ) Não 6. Você sabe o objetivo do Programa? ( ) Sim ( ) Não
Anexos 60
10.3 Anexo C - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO-HCFMUSP
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO DA PESQUISA OU RESPONSÁVEL LEGAL 1. NOME: ........................................................................................................... DOCUMENTO DE IDENTIDADE Nº : ............................. SEXO : .M □ F □ DATA NASCIMENTO: ......../......../...... ENDEREÇO ................................................................ Nº ......... APTO: ........... BAIRRO: ............................................... CIDADE ........................................... CEP:........................................ TELEFONE: DDD (............) ............................ 2. RESPONSÁVEL LEGAL .............................................................................. NATUREZA (grau de parentesco, tutor, curador etc.) ...................................... DOCUMENTO DE IDENTIDADE :....................................SEXO: M □ F □ DATA NASCIMENTO.: ....../......./...... ENDEREÇO: ..................................................... Nº ............... APTO: ............... BAIRRO: ............................................... CIDADE: ............................................ CEP: .............................................. TELEFONE: DDD (............)...................... DADOS SOBRE A PESQUISA 1. TÍTULO DO PROTOCOLO DE PESQUISA: Avaliação do equilíbrio sagital em indivíduos adultos jovens PESQUISADOR : ............................................................................................. CARGO/FUNÇÃO: ..................................................... INSCRIÇÃO CONSELHO REGIONAL Nº ................................ UNIDADE DO HCFMUSP: ......................................................................... 3. AVALIAÇÃO DO RISCO DA PESQUISA:
RISCO MÍNIMO X RISCO MÉDIO □ RISCO BAIXO □ RISCO MAIOR □
Observação: o risco da pesquisa é mínimo, pois ela inclui somente a realização de testes para análise de postura e controle postural. 4. DURAÇÃO DA PESQUISA: 2 anos
Anexos 61
1 - Desenho do estudo e objetivo(s): Com o passar dos anos o ser humano evoluiu da posição de quatro apoios para uma posição em pé, com isso o corpo precisou se adaptar, exigindo um maior equilíbrio de suas estruturas, já que reduziu a superfície da base de quarto apoios para dois apoios. As alterações posturais podem afetar esse equilíbrio, levando a desequilíbrios, doenças, dores na coluna e problemas funcionais. Avaliar a postura é essencial para um bom resultado de um tratamento fisioterapêutico de quaisquer desvios e alterações na coluna. Atualmente estão sendo estudados parâmetros pélvicos, dando ênfase ao ângulo IPE (ângulo de incidência pélvica), que é um ângulo fixo para cada indivíduo e não se altera com a posição ou com a postura. Esse ângulo relacionado com outros parâmetros vertebrais, resultam em medidas importantes para o diagnóstico de doenças da coluna.
Este estudo tem com objetivo corelacionar uma avaliação da postura, através de um “software”, chamado SAPO e um raio-x da coluna, que será analisado por um “software” chamado Keops para a verificação dos parâmetros pélvicos como o ângulo IPE. A comparação desses parâmetros pode ser uma ferramenta valiosa para a avaliação dos programas de reabilitação e treinamento, ajustando os exercícios para cada paciente.
Todas essas informações acima estão sendo fornecidas para sua participação voluntária neste estudo.
2 - Descrição dos procedimentos que serão realizados, com seus propósitos e identificação dos que forem experimentais e não rotineiros;
As duas avaliações serão agendadas em uma sessão nos períodos da manhã ou tarde no Laboratório de Estudos do Movimento Humano (LEM), Rua Dr. Ovídio Pires de Campos, 333,, 2º andar (Ala C) do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clinicas. No dia dessas avaliações, inicialmente você realizará medidas do seu peso corporal e de sua altura, utilizando uma balança e uma régua. Você realizará duas avaliações na mesma sessão, consistirá de, uma avaliação da postura, onde você ficará em pé e em uma posição confortável e serão demarcados, com bolinhas de isopor presas com fita adesiva em seu corpo, alguns pontos usados como referência para essa avaliação, após esse procedimento você será fotografado de frente, de costas e dos lados direito e esquerdo, essas imagens passarão por uma análise em um computador para verificar algumas características associadas a postura a segunda avaliação será um Raios-x da coluna, onde você ficará em pé, em posição confortável e será submetido a uma radiografia de frente e de lado, é importante não se mexer neste exame para que a qualidade das imagens sejam preservadas. Essas radiografias irão passar por uma análise para identificação de alguns pontos na pelve. As imagens colhidas nesse laboratório não serão divulgadas e servirão para entender melhor questões da postura humana e assim fornecer dados para a pesquisa em questão. Durante todo o exame, você terá que vestir-se com roupas leves (short para homens e top e short para mulheres) para melhor acesso aos pontos em que serão fixadas as bolinhas com fita adesiva.
Anexos 62
3 - Relações dos procedimentos rotineiros e como são realizados. Não há relação de procedimentos rotineiros.
4 – Descrição dos desconfortos e riscos esperados nos procedimentos dos itens 2 e 3.
Todos os testes descritos acima são realizados sem cortes ou intervenções invasivas e geram riscos mínimos ao participante.
5 – Benefícios para o participante.
A pesquisa não trará benefícios diretos aos participantes.
6 – Relação de procedimentos alternativos que possam ser vantajosos, pelos quais o paciente pode optar.
Todos os procedimentos serão aplicados de forma padronizada com todos os participantes.
7 – Garantia de acesso: em qualquer etapa do estudo, você terá acesso aos profissionais responsáveis pela pesquisa para esclarecimento de eventuais dúvidas. O principal investigador é a Dra. Julia Maria D’Andrea Greve, que pode ser encontrada na Rua Dr. Ovídio Pires de Campos, 333, no Laboratório do Estudo do Movimento Humano, 2º andar (Ala C) do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clinicas, onde estará disposição às quintas-feiras pela manhã, das 8:00 as 11:00 horas, ou pelo telefone (011) 2661-60-41. Se você tiver alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) – Rua Dr. Ovídio Pires de Campos, 225 – 5º andar – Tel.: 2661-6442; Ramais 16, 17, 18 ou 20 - E-mail: [email protected]; 8 - É garantida a liberdade da retirada de consentimento a qualquer momento e deixar de participar do estudo, sem qualquer prejuízo à continuidade de seu tratamento na Instituição; 09 - Direito de confidencialidade - As informações obtidas serão analisadas em conjunto com outros pacientes, não sendo divulgado a identificação de nenhum paciente; 10 - Ao paciente reserva-se o direito de ser mantido atualizado sobre os resultados parciais da pesquisa;
11 - Despesas e compensações: não há despesas pessoais para o participante em qualquer fase do estudo, incluindo avaliações e tratamento. Também não há compensação financeira relacionada à sua participação.
12 - O pesquisador compromete-se a utilizar os dados e o material coletado somente para esta pesquisa.
Anexos 63
Acredito ter sido suficientemente informado a respeito das informações que li ou que foram lidas para mim, descrevendo o estudo “Avaliação do equilíbrio sagital em indivíduos adultos jovens”.
Eu, discuti com a Dra. Julia Maria D`Andrea Greve e as fisioterapeutas Natália Mariana Silva Luna e Marília Simões Lopes Quintana sobre a minha decisão em participar desse estudo. Ficou claro para mim quais são os propósitos do estudo, os procedimentos a serem realizados, seus desconfortos e riscos, as garantias de confidencialidade e de esclarecimentos permanente. Também foi esclarecido que minha participação é isenta de despesas e que tenho garantia do acesso a tratamento hospitalar quando necessário. Concordo voluntariamente em participar deste estudo e poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidades ou prejuízo ou perda de qualquer benefício que eu possa ter adquirido, ou no meu atendimento neste Serviço.
------------------------------------------------------------------------- Assinatura do paciente/representante legal Data / / ------------------------------------------------------------------------- Assinatura da testemunha Data / / Para casos de pacientes menores de 18 anos, analfabetos,
semianalfabetos ou portadores de deficiência auditiva ou visual. (Somente para o responsável do projeto) Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento
Livre e Esclarecido deste paciente ou representante legal para a participação neste estudo.
------------------------------------------------------------------------- Assinatura da testemunha Data / /