Corrente Contínua 228

31
ANO XXXII - Nº 228- SETEMBRO/OUTUBRO -2009 A REVISTA DA ELETRONORTE Eletronorte corrente contínua corrente contínua Belo Monte, a melhor qualidade de vida pode estar perto... Ou longe...

description

A revista da Eletrobras Eletronorte

Transcript of Corrente Contínua 228

Page 1: Corrente Contínua 228

Ano XXXII - nº 228- Setembro/outubro -2009 A reVIStA DA eLetronorte

Eletronorte

corrente contínuacorrente contínua

belo monte, a melhor qualidade

de vida pode estar perto...

ou longe...

Page 2: Corrente Contínua 228

SCN - Quadra 06 - Conjunto A Bloco B - Sala 305 - Entrada Norte 2

CEP: 70.716-901Asa Norte - Brasília - DF.

Fones: (61) 3429 6146/ 6164e-mail: [email protected]

site: www.eletronorte.gov.br

Prêmios 1998/2001/2003

co

rr

en

te

co

nt

ínu

a

2

corrente contínua

co

rr

en

te

co

nt

ínu

a

3

Sum

árIo

Diretoria executiva: Diretor-Presidente - Jorge Palmeira - Diretor de Planejamento e Enge-nharia - Adhemar Palocci - Diretor de Produção e Comercialização - Wady Charone - Di-retor Econômico-Financeiro - Antonio Barra - Diretor de Gestão Corporativa - Tito Cardoso - Coordenação de Comunicação empresarial: Isabel Cristina Moraes Ferreira - Gerência de Imprensa: Alexandre Accioly - equipe de Jornalismo: Alexandre Accioly (DRT 1342-DF) - Bruna Maria Netto (DRT 8997-DF) - Byron de Quevedo (DRT 7566-DF) - César Fe-chine (DRT 9838-DF) - Érica Neiva (DRT 2347-BA) - Michele Silveira (DRT 11298- RS) - Oscar Filho (DRT 0053 - AP) - Terezinha Félix de Brito (DRT 954 - RO) - Assessorias de Comunicação das unidades regionais - Fotografia: Alexandre Mourão - Roberto Fran-cisco - Rony Ramos - Assessorias de Comunicação das unidades regionais - revisão: Cleide Passos - Arte gráfica: Jorge Ribeiro - Arte da contracapa: Sandro Santana - Im-pressão: Brasília Artes Gráficas - tiragem: 10 mil exemplares - Periodicidade: bimestral

beLo monte eIA/rima aponta oportunidades para a melhor qualidade de vida

SIStemA eLetrobráSInternacionalização da Eletrobrás:Setor Elétrico brasileiro chega ao e8Página 18

Corrente ALternADAA energia que supera os desafios para o crescimento do MaranhãoPágina 14

GerAÇÃoBelo Monte: EIA/Rima aponta oportunidades para a melhor qualidade de vidaPágina 3

teCnoLoGIALinha direta para a energiaPágina 40

CIrCuIto InternoGestão moderna e eficientePágina 34

trAnSmISSÃoModernização traz ganhos econômicos e sociais aos sistemas de transmissãoPágina 27

AmAZÔnIA e nÓSAmapá: do equinócio à pororocaPágina 50

FotoLeGenDAPágina 59

CorreIo ContÍnuoPágina 58

GerA

ÇÃo

Audiências públicas reúnem oito mil pessoas em quatro cidades

Alexandre Accioly

Corria o ano de 1971, quando Eurico de Sou-za chegou às margens da rodovia Transama-zônica para se instalar num dos assentamen-tos do Incra. Chegou sozinho. Mas não saiu de São Paulo apenas com Deus no coração. Jun-tou à família mais quatro amigos e partiu para o então chamado ‘inferno verde’. Os colegas fizeram uma pausa em Brasília para pegar um adiantamento e Eurico seguiu com mulher e filhos para Belém. Quatro dias depois estavam todos a caminho do oeste paraense. Mas uma tragédia interrompeu a viagem: na travessia do Rio Tajacuru, que margeia os municípios de Breves e Melgaço, o barco que os transpor-tava virou. Ali terminavam sonhos que reco-meçariam. Eurico teve tempo de salvar duas famílias e a si próprio, mas perdeu os entes queridos. Persistiu na viagem e foi um dos pri-meiros moradores de Brasil Novo, que ajudou a fundar, dar o nome e fazer daquelas terras a sua nova morada. Hoje, aos 72 anos, espera pela construção do Aproveitamento Hidrelétri-co Belo Monte na esperança de poder “plantar comida” para os milhares de trabalhadores da

obra. Enquanto não pode plantar porque “não tem quem come”, trata de cuidar de 28 mil pés de cacau para exportação. “Quem é con-tra nunca viu o desenvolvimento, chegou aqui e ficou preso na selva, longe do Brasil de ver-dade, daí o nome que demos, de Brasil Novo”, conta Eurico (ao lado), que casou novamente e criou dez filhos.

Em Brasil Novo foi rea-lizada a primeira das qua-tro audiências públicas organizadas pelo Ibama, no cumprimento de mais uma etapa do licencia-mento ambiental de Belo Monte, empreendimen-to situado no Rio Xingu, próximo à cidade de Al-tamira (PA) (foto acima). Outras três audiências aconteceram em Vitória do Xingu, Altamira e Belém, e reuniram cerca de oito mil pessoas em busca de esclareci-mentos sobre os estudos socioambientais des-critos no Estudo de Impacto Ambiental – EIA e no Relatório de Impacto Ambiental – Rima.

enerGIA AtIVATerra de bois, grãos e peixesPágina 45

Page 3: Corrente Contínua 228

co

rr

en

te

co

nt

ínu

a

4

co

rr

en

te

co

nt

ínu

a

5

As principais mudanças que o EIA determi-nou no projeto de engenharia de Belo Mon-te para diminuir os efeitos negativos sobre o meio ambiente e as pessoas foram a mudança para a cidade de Vitória do Xingu das 2.500 casas destinadas aos funcionários das obras, que antes seriam feitas próximas ao local da casa de força principal, em uma vila residen-cial; a construção de 500 casas, também para funcionários das obras, espalhadas pela cida-de de Altamira, e não em uma vila fechada; a construção de um canal ao lado da barragem principal para passagem de peixes; construção de um mecanismo próximo à barragem prin-cipal para fazer com que os barcos possam passar de um lado para o outro do Rio Xingu; e a definição de um hidrograma ecológico para o trecho do rio entre a barragem principal e a casa de força, garantindo a navegação e a so-brevivência de espécies de peixes e plantas.

O projeto de Belo Monte foi se modificando ao longo dos anos. Entre as principais mudan-ças está a redução da área inundada de 1.225 km² para 516 km². Essa área será dividida em dois lagos: o reservatório dos canais, com 134 km², e o reservatório do Xingu, com 382 km². Mas, neste, 228 km² já são, hoje, o canal na-tural do rio.

O EIA/Rima aponta também a não inun-dação de terras indígenas. Os estudos feitos indicaram que devem ser colocadas em prá-

tica ações para a garantia e a defesa dos ter-ritórios indígenas e de seus recursos naturais. Isto porque elas já vêm sofrendo pressões ao longo do tempo, que podem aumentar com a implantação de Belo Monte. Entre as propos-tas está a necessidade de comunicação sobre as etapas do empreendimento; a garantia de condições de transporte; a sustentabilidade econômica; a prevenção de doenças e promo-ção da saúde; a educação e capacitação de agentes indígenas; e a defesa e resgate das culturas das diversas etnias.

Audiências - As audiências públicas, rea-lizadas entre os dias 9 e 15 de setembro de 2009, contaram com ampla participação po-pular, mas também de técnicos, professores, ONGs, sindicatos, representantes das empre-sas que desenvolveram os estudos, além dos diretores da Eletrobrás, Valter Cardeal, e da Eletronorte, Adhemar Palocci, e o presidente do Ibama, Roberto Messias. Em todas elas houve discussões acaloradas entre os favo-ráveis e os contrários ao projeto. As informa-ções foram repassadas à população de forma didática, com o auxílio de painéis, maquetes, material impresso, além dos 38 volumes dos estudos à disposição para consultas.

Em Brasil Novo participaram cerca de mil pessoas e foi a que teve menor duração, sete horas. Sob o forte calor amazônico – neste

dia, com dimensões infernais –, participantes enfrentaram a Transamazônica num dos seus melhores trechos asfaltados, percorrendo ape-nas 46 km a partir de Altamira. Ali, as terras são de boa qualidade, o que permitiu o de-senvolvimento da agricultura. A sede munici-pal, que ocupa as duas margens da rodovia,

acabou atraindo a instalação de serrarias, al-gumas marcenarias, um laticínio e duas ce-râmicas. A cidade conta com os serviços de abastecimento de água encanada, vinda de poços. Não existe rede de esgoto. Boa parte das residências tem fossas sépticas, mas, em outras, ainda existem fossas negras.

Valter Cardeal fala na audiência de Brasil Novo

Page 4: Corrente Contínua 228

co

rr

en

te

co

nt

ínu

a

7

co

rr

en

te

co

nt

ínu

a

6

O lixo é coletado todos os dias e levado para um lixão que fica a dois km do centro da cidade, perto de algumas casas. A ener-gia elétrica chega à cidade pela linha de transmissão Tramo-Oeste, associada à Usina Hidrelétrica Tucuruí e em operação desde 1998. Antes, havia poucas horas de eletrici-dade por dia, à base de geradores a diesel. Brasil Novo possui cinco escolas na zona urbana, em boas condições de conservação, atendendo alunos da educação infantil e do ensino fundamental e médio. A rede de ser-

viços de atendimento à saúde é bem estruturada, com um cen-tro municipal de saúde pública e boa cobertura do Programa de Saúde da Família - PSF.

Passada a audiência, ‘Seu’ Eurico e a maioria dos cerca de 20 mil habitantes de Brasil Novo aguardam as ações, os planos, programas e projetos ambientais que devem ser colocados em prática nas etapas de constru-ção e operação de Belo Monte.

Um dos programas que vão ajudar ‘Seu’ Eu-rico e todos os agricultores da região a colher melhores frutos é o de recomposição das ati-vidades produtivas, que pretende desenvol-ver ações de capacitação dos produtores e trabalhadores rurais, principalmente aqueles

dedicados às atividades de pecuária, agricul-tura e extrativismo.

São ações de responsabilidade do empre-endedor, que deverá se responsabilizar por fazer contatos e parcerias com instituições como universidades, institutos de pesquisa e de aprendizagem, mas principalmente com as prefeituras municipais e os governos estadu-al e federal. Inclusive, algumas dessas ações deverão ser mantidas por toda a vida útil do empreendimento.

Vitória do Xingu – A caminho de Vitória

do Xingu, onde mais de 1.500 pessoas per-maneceram no ginásio poliesportivo por dez horas, buscando informações e participando dos debates, o cantor e compositor paraense Nilson Chaves é sintonizado no rádio: “Dias do norte/noites do norte/rio cheio, lua cheia/gente do norte/cheiro do norte/peixe assado é santa ceia”. Gente do Norte tem fibra, como Manoel Carlos de Abreu (foto à esquerda), que reside no município desde 1970, vindo de Guajará, no Amazonas: “Vim trabalhar, plantar cana. Hoje estou aposentado, não tenho mais for-ça, mas meus 12 netos e bisnetos precisam trabalhar e eu acredito que a Hidrelétrica vai trazer emprego e vida melhor para eles”. Ele e boa parte dos mais de dez mil habitantes dessa cidade histórica. Conta a lenda que o primei-ro branco a pôr os pés ali foi o padre Roque

Hunderpfund, em 1750. Ajudado pelos índios xipaias e curuaias, abriu uma trilha para trans-por a ‘grande volta’ do Xingu e fundar acima de onde é hoje a cidade de Altamira, a missão Tavaquara. Somente em 1991 tornou-se um município independente.

Vitória do Xingu está localizada às margens do igarapé Tucuruí, afluente do Rio Xingu. Tem um porto bem estruturado onde se encontra o terminal hidroviário de passageiros Dorothy Stang, uma das portas de entrada e saída da

população da região. O sistema de abasteci-mento de água é feito por meio de poços se-miartesianos e duas caixas de cimento. A água distribuída é bombeada a partir dessas caixas. Nos locais mais altos, os moradores não con-seguem ser abastecidos, sendo obrigados a furar seus próprios poços ou buscar água na cidade vizinha.

A cidade não possui sistema de drenagem de águas pluviais. O esgoto é jogado nas ruas a céu aberto e desemboca nos córregos mais

Em Vitória do Xingú, participação ativa da comunidade

Page 5: Corrente Contínua 228

co

rr

en

te

co

nt

ínu

a

9

co

rr

en

te

co

nt

ínu

a

8

próximos. O lixo coletado é despejado em um lixão. O fornecimento de energia também é feito pelo Tramo-Oeste e atende a todas as re-sidências da cidade.

Existem duas equipes completas do PSF, mas não existe hospital, nem acomodações para internação de pacientes. Nesse caso, os doentes são encaminhados para Altamira. No entanto, Vitória do Xingu é o único município da área de influência direta do empreendi-mento que se esforça para atingir a meta de 100% da população atendida pelo PSF.

Os netos e bisnetos do ‘Seu’ Manoel terão melhores chances de emprego com a constru-ção de Belo Monte. A mobilização e a contra-tação de mão de obra também podem gerar impactos positivos. Não só porque as próprias obras aumentarão o crescimento da procura por serviços, materiais e mercadorias, como também porque esse crescimento ocorre-rá para atender às necessidades das muitas pessoas que chegarão à região. Isto servirá de estímulo para que novas atividades produtivas sejam criadas. Assim, deverá aumentar o nú-mero de postos de trabalho em atividades rela-cionadas direta e indiretamente às obras.

Enquanto a audiência transcorre sob o nor-mal e forte calor da região, Cleomessias Ci-priano da Silva bebe – o suor aumenta – uma pinguinha para refrescar. Ele é autor do hino de Vitória do Xingu. Os debates prosseguem

acalorados no ginásio, mas do lado de fora é possível ouvir e refletir sobre os versos de Cleo: “Em Vitória do Xingu/essa terra varonil/lindo nosso município/um pedaço do Brasil/sempre avante no progresso/com uma edu-cação/terras firmes fontes d’águas/honrarei de coração/o seu verde é tão lindo/o Xingu a transbordar/o sistema ecológico/pretendemos preservar (...)”.

Altamira - Em Altamira foi realizada a maior audiência pública para um licenciamento am-biental em toda a história do Brasil, quando mais de cinco mil pessoas lotaram o ginásio por 12 horas seguidas. Fazendo um barulho ensurdecedor, os movimentos sociais contrá-rios ao empreendimento deram o seu reca-do. Cerca de 150 índios de diversas etnias acompanharam os debates, mas se retiraram rapidamente. A forte segurança teve trabalho em alguns momentos, mas nenhum incidente grave foi registrado. Porém, não foi permitida, por exemplo, a entrada de indígenas portando facões e bordunas, para evitar acidentes como o de maio de 2008, quando um engenheiro da Eletrobrás teve o braço cortado.

Anos antes, em 1989, outro facão fez his-tória, o da índia caiapó Tuíra, no rosto do atual presidente da Eletrobrás, José Antonio Muniz Lopes. Mas muitos anos antes o facão era usado na labuta da roça. Jaderci César Car-

doso foi um dos que chegaram a Altamira no início dos anos 1980 para trabalhar com gado e plantação. Ficou nessa por 12 anos. Depois abriu um supermercado e mais adiante um complexo turístico, o Recanto do Cardoso. No dia 12 de abril de 2009, a barragem que ele construiu numa área já devastada pelo des-matamento, foi uma das muitas que as águas

das chuvas romperam e contribuíram para um dos maiores alagamentos da história de Altamira.

“Não derrubei nenhuma árvore sequer das que sobraram quando comecei a construir o Recanto. Ao contrário, desde 2003 já plantei cerca de quatro mil árvores nas minhas ter-ras. Como o turismo incentiva a preservação

Em Altamira, a maior audiência pública do Brasil

Page 6: Corrente Contínua 228

co

rr

en

te

co

nt

ínu

a

11

co

rr

en

te

co

nt

ínu

a

10

“Primeiro veio o grande desafio de conseguir resumir três anos de trabalho em 60 minutos de apresentação e, é cla-ro, sempre existe alguém esperando ou-vir aquilo que deixamos de falar. Depois, traduzir um estudo técnico em ações simples, que possam ser entendidas por todos sem se traduzir em medidas simplórias e de pouca profundidade. Por fim, o maior dos desafios: enfrentar um ambiente diversificado onde estão pes-soas que querem entender o projeto, mas também aqueles que usam tudo isso para causas pessoais ou até mesmo causas coletivas que extrapolam a competência do em-preendimento.

Não vejo como papel da equipe do EIA defender o empreendimento como obra estruturante para a região, mas é nossa obrigação esclarecer a realidade do local, os impactos que a obra trará e cada uma das medidas determinadas pelos estudos ambientais como forma de mitigação ou compensação. Quando vemos o número de 35 mil pessoas que perderam trabalho nas madeireiras, fechadas recentemente, devemos entender que boa par-te desses trabalhos estava ligada às atividades ilegais de extração da madeira, responsáveis pelo alto grau de des-

matamento já presente na região de Altamira. Quando se ouve dizer que o empreendimento será responsável por um grande desmatamen-to devemos ter claro que não mais que 25% da área a ser desmatada é coberta por florestas e a presença do empreendimento na região será uma forma de controle por meio das unidades de conservação que serão criadas.

Mas se era uma tarefa tão difícil, alguém pode se perguntar: como foi um sucesso? A explicação está na motivação. Motivação de querer mostrar às pessoas da região a serie-dade do trabalho que foi feito, o compromisso de uma equipe que se debruçou dias e noites

para produzir aquilo que estava sendo apresentado e o resulta-do de ricas discussões dessa equipe com os empreendedores para esclarecer os impactos e mostrar a necessidade das ações propostas. Mas confesso que minha principal motivação em tudo isso é fazer com que aquela população entenda o que está se passando, a importância da sua participação deles nesse processo de reavaliação daquilo proposto por nós e da cobran-ça das condições colocadas nos estudos, além da oportunidade de se fazer dessa obra uma condição melhor de vida”.

Cristiane Peixoto Vieira Engenheira da Leme Engenharia que fez a apresentação do

EIA/Rima nas audiências públicas de Belo Monte.

“Quando me perguntam sobre as audiências, começo sempre dizendo que foi um sucesso, mas nada fácil”.

da natureza, também sou guarda voluntário de animais silvestres apreendidos pelo Ibama e que precisam de um período de readapta-ção antes de voltarem ao seu habitat. E sou conselheiro municipal nos conselhos de meio

ambiente e de turismo. Hoje, aos 52 anos, casado, quatro filhos, não tenho dúvidas que Belo Monte vai trazer para a nossa gente o que viemos buscar há 30 anos, que é o desenvolvimento, o progres-so, uma vida melhor”.

Grande parte da popula-ção de Altamira pensa como o Cardoso (à esquerda). São mais de 100 mil habitantes. A cidade é o maior município do mundo em extensão terri-torial e está localizada próxi-ma à rodovia Transamazônica e em frente a um dos trechos

mais belos do Rio Xingu. É a principal cidade da região. Nos últimos 20 anos cresceu mui-to rápido e de forma desordenada, com isso, bairros foram se formando ao longo das mar-gens dos igarapés Altamira e Ambé.

Nesses aglomerados existem muitas residên-cias, pontos de comércio, bares e serviços de manutenção. Já nas áreas próximas ao igarapé Panelas a ocupação é pequena e algumas pes-

soas vivem da extração de argila. A maior parte dos habitantes dessas áreas vive em condições críticas, tanto de moradia, quanto de higiene. Não existe rede de esgoto, 18% das casas não têm instalações sanitárias e pouco mais da me-tade das casas conta com a coleta de lixo.

Em Altamira, o abastecimento de água é feito por meio de poços em mais de 74% das residências, que podem estar contaminados, uma vez que se localizam perto de fossas e de áreas que recebem lançamento de esgoto diretamente nos cursos d’água. O lixo é des-pejado em um terreno na margem esquerda da Transamazônica, no sentido de Itaituba, em área voltada para o igarapé Altamira.

Nos meses de cheia, período conhecido como inverno, os moradores das margens dos igarapés, que têm suas casas inundadas com as cheias todos os anos, são desalojados pe-las águas. No início da época de seca, voltam para as palafitas.

A economia de Altamira, o principal merca-do da região, é variada e está ligada principal-mente à atividade comercial e à prestação de serviços. Destacam-se também olarias, indús-trias de transformação e de beneficiamento de produtos agropecuários.

O fornecimento de energia elétrica é feito por meio do Tramo-Oeste. Antes da energia limpa e confiável de Tucuruí, eram comuns os problemas com interrupção de energia, o

Page 7: Corrente Contínua 228

co

rr

en

te

co

nt

ínu

a

13

co

rr

en

te

co

nt

ínu

a

12

Os números das audiênciasResumindo, tem-se o seguinte:l Audiência pública de Brasil Novo (10.09.2009 –

13h/19h) – Realizada no Clube Esportivo Municipal, com capacidade para 500 pessoas, e arquibancada externa do campo de futebol para 200 lugares com transmissão simultânea. Foram 609 participantes credenciados e uma estimativa de público presente de 1.100 pessoas.

Nessa audiência mobilizou-se também as comuni-dades de Uruará, Medicilândia e Placas, das quais 74 pessoas viajaram pelos meios de transporte colocados à disposição pela organização do evento (ônibus). Foi dis-tribuído lanche (suco, sanduíche e rapadura) para todos os participantes

l Audiência pública de Vitória do Xingu (12.09.2009 – 10h/20h) – Realizada no Ginásio Poliesportivo, com capacidade para mil pessoas. Houve credenciamento de 869 participantes e um público estimado de 1.500 pessoas.

Nessa audiência também foram mobilizadas as co-munidades de Gurupá, Porto de Moz e Senador José Porfírio, sendo que 59 pessoas viajaram pelos meios de transporte disponíveis (ônibus e barcos). A mais longa viagem teve duração de 16h e a menor de 5h. Todos tiveram direito ao lanche.

l Audiência pública de Altamira (13.09.2009 – 15h/2h) – Realizada no Ginásio Nicias Ribeiro, com capacidade para cinco mil pessoas. Foram credenciados 2.250 parti-cipantes e a estimativa de público de cinco mil pessoas. Reuniu também os municípios de Pacajá e Anapu, co-munidades dos travessões da Transamazônica e ribeiri-nhos, sendo que algumas viajaram durante 9h. Foram 15 micro-ônibus e 11 voadeiras à disposição.

Receberam os volumes impressos do Rima: 210 en-tidades representantes de sindicatos, associações, pre-sidentes de bairros, ONGs e líderes de comunidades; 11 prefeituras e câmaras de vereadores da Transama-zônica; mais a prefeitura e a Câmara de Vereadores de Santarém; 17 escolas municipais, seis estaduais e cinco particulares.

Foram distribuídos quatro mil lanches e a população indígena recebeu mais 250 lanches acrescidos de frutas. A rede hoteleira de Altamira ocupou 327 vagas somente com os participantes diretos do evento.

l Audiência pública de Belém (15.09.2009 – 18h/2h) – Realizada no Teatro Margarida Schiwazzappa/, com ca-pacidade para 500 pessoas, mais espaço externo para público excedente com 500 lugares e transmissão simul-tânea. Foram credenciados 586 participantes com esti-mativa de público de 700 pessoas.

que prejudicava a economia e contribuía para o aumento da violência da cidade.

Os serviços de saúde e educação são bem estruturados. Existe uma completa rede de ensino e o melhor polo de saúde da região. A cidade tem uma rede de cinco hospitais públi-cos e privados vinculados ao SUS.

‘Seu’ Cardoso é um empreendedor do turis-mo. Quando Belo Monte estiver pronta, turistas terão uma impressão melhor da cidade. Um programa de intervenção prevê ações como a recuperação urbanística e ambiental da orla do Xingu; amortecimento de cheias; uso de parte da área do igarapé Ambé para atividades como peixarias, fábricas de gelo e estaleiros; construção de pontes adequadas para a tra-vessia do igarapé Altamira; drenagem urbana e esgotamento sanitário; redes de abasteci-mento de água; áreas de reassentamento e construção do aterro sanitário.

Belém – A capital do Pará recebeu a quar-ta e última audiência pública para o licencia-mento ambiental de Belo Monte. Quase 800 pessoas estiveram no Centur, onde distúrbios culminaram na retirada espontânea dos opo-sitores do empreendimento do auditório. No entanto, serviu, por exemplo, para que o Go-verno do Estado do Pará reapresentasse sua principal reivindicação ao longo de todas as audiências: tarifas menores para estados pro-dutores de energia elétrica e maior parcela da energia a ser negociada com os autoproduto-res, indústrias eletrointensivas que poderiam aumentar suas plantas em território paraen-se, gerando mais emprego e renda.

Foi também uma oportunidade para que dirigentes do Setor Elétrico brasileiro e do Ibama, dessem seus depoimentos. O diretor de Planejamento e Engenharia da Eletronor-te, Adhemar Palocci (abaixo), lembrou que a Empresa, como integrante do Sistema Eletrobrás, está presente desde o início dos estudos da bacia do Xingu, há 30 anos. “Em relação às quatro audiências considero um grande passo para via-bilizar Belo Monte e acredito que o processo vai caminhar no sentido da obtenção das licenças ambientais. Per-cebemos que hoje há uma aceitação muito grande na região, apesar de setores dos movimentos sociais e ONGs ainda se coloca-rem contra o empreendimento. Em que pese as manifestações contrárias, as audiências públicas existem exatamente para que as pessoas possam questionar e tirar dúvidas. Cabe destacar a de Altamira, a maior já re-alizada no País, com a presença de aproxi-madamente 150 índios e mais de 350 per-guntas respondidas até à madrugada do dia seguinte”.

Em artigo publicado no jornal O Globo, dias antes, o presidente da Eletrobrás, José Antonio Muniz Lopes, afirmou: “O Aprovei-tamento Hidrelétrico Belo Monte é a terceira melhor relação capacidade instalada x área inundada do País. A tecnologia que resultou na elaboração do projeto, no entanto, não é

a única expertise desenvolvida pelo Brasil. Aprendemos ainda, com a experiência, que nossas usinas devem ser viáveis não apenas técnica e economicamente, mas também do ponto de vista socioambiental. A usina é um projeto consistente e equilibrado, que asse-gurará parte importante do suprimento de energia previsto no Plano Nacional de Ener-gia 2030 do Ministério de Minas e Energia, mas também trará benefícios à população lo-cal. Não falamos de um enclave na Amazônia para beneficiar o restante do País. Falamos de alavancar o contexto de desenvolvimento regional, ouvindo as demandas da população local e estudando soluções que, conduzidas com excelência, ética e a participação dos grupos sociais, resultarão na melhoria da qualidade de vida”.

Finalmente, Roberto Messias Franco (abai-xo), presidente do Ibama, que conduziu as au-diências de Altamira e Belém, reafirma: “O Iba-ma entende que as audiências públicas, sendo um componente fundamental no processo de

licenciamento ambiental, de-vem ser revestidas de todo cuidado em sua preparação e realização. No processo do Aproveitamento Hidrelétrico Belo Monte todos os cidadãos afetados direta ou indireta-mente pelo empreendimento foram informados. As audiên-cias, convocadas e realizadas dentro de plena legalidade, foram importantes na capta-ção dos temores e desinfor-mações que existiam sobre o projeto, tendo, portanto, cum-

prido sua missão que, em termos objetivos, é ouvir da população e fornecer a ela informa-ções que eventualmente não estejam clarifica-das no Relatório de Impacto Ambiental”.

As análises técnicas prosseguem até que se chegue a uma conclusão sobre a viabilidade ambiental e o Ibama possa apresentar um pa-recer conclusivo sobre o processo. Quando esta edição de Corrente Contínua estiver circulando podem ter ocorrido duas situações: a licença prévia foi concedida e o leilão acontece até o final do ano, trazendo luz e esperança para o oeste paraense e todo o Brasil; ou o contrário, quando então, talvez de forma definitiva, a re-gião, as cidades, as pessoas, terão escolhido conviver com um mundo que poderia ter sido possível, mas que poderá continuar oferecendo poucas oportunidades para uma vida melhor.

Em Belém, pessoas

contrárias ao empreendimento

se retiraram do auditório

Page 8: Corrente Contínua 228

co

rr

en

te

co

nt

ínu

a

15

co

rr

en

te

co

nt

ínu

a

14

Desde 1984 São Luis

recebe energia de

Tucuruí

Corr

ente

ALt

ern

ADA

Arthur Quirino

O Maranhão, cuja capital é São Luís, é um dos nove estados brasileiros que tem o privilégio de contar com a energia elétrica gerada e trans-mitida pela Eletronorte. Depois da chegada da Empresa a terra onde canta o sabiá, em janeiro de 1983, quando incorporou o sistema energé-tico do estado, por meio da Regional de Trans-missão do Maranhão, agora é possível ouvir também nos lares mais longínquos, os avanços da globalização, as vozes do rádio, da televisão, da internet, da tecnologia e do progresso.

De lá para cá, o Maranhão deu um grande salto de crescimento com a expansão do sistema elétrico, que antes era composto por seis subes-tações e uma usina térmica (já desativada). Hoje são oito subestações, algumas ampliadas e mo-dernizadas, e, até 2011 serão dez. São Luís era abastecida somente por uma linha de transmis-são vinda da Usina Hidrelétrica Boa Esperança, da Chesf, que passava por Teresina (PI).

A energia que supera os desafiospara o crescimento do maranhão

Em 1984, a capital já começou a receber a energia gerada na Usina Hidrelétrica Tucuruí, por meio do primeiro circuito em 500 kV do en-tão Sistema Norte-Nordeste. Em 1988, entra em operação o segundo circuito, deixando o sistema mais confiável para os consumidores. Naquele mesmo ano, a Eletronorte promove um incremento nas subestações da “Grande São Luís”, que é composta por quatro municí-pios (São Luís, São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa).

Em 1994 entra em operação a linha de transmissão Imperatriz/Porto Franco para su-prir com maior qualidade a região do extremo-sul do Maranhão. Em 1999, nasce, a partir de Imperatriz, a Interligação Norte-Sul, que integrou definitivamente os sistemas elétricos brasileiros, hoje o Sistema Interligado Nacio-nal – SIN. Em 2003, começa a operar a linha em 230 kV de Presidente Dutra para Peritoró, fechando o anel entre as subestações do Ma-ranhão e garantindo o atendimento às subes-

tações Miranda e Peritoró, que passaram a ter duas fontes de alimentação.

Ainda naquele ano, entra em funcionamen-to a Subestação Açailândia, de propriedade da Eate-Empresa Amazonense de Transmissão de Energia S/A, constituindo o terceiro circuito Tucuruí/Presidente Dutra, de grande impor-tância para o Sistema Maranhão, sendo mais uma opção para o estado receber energia de Tucuruí via Marabá/Açailândia/Presidente Du-tra e Açailândia/Imperatriz.

Engenharia – No Maranhão, a Eletronorte também é representada pela Gerência Regio-nal de Obras Maranhão/Tocantins, que tem a missão de coordenar a implantação das obras de expansão e reforço do sistema elétrico, além de coordenar e executar as atividades relacionadas à preservação do meio ambien-te e reintegração social de comunidades do entorno dos empreendimentos, por meio de programas de compensação ambiental e de qualidade de vida.

Em 2007 e 2008 entram em operação im-portantes empreendimentos que deram su-porte ao desenvolvimento socioeconômico em diversas regiões do estado, além de proporcio-nar uma melhora considerável à confiabilida-de e estabilidade dos sistemas de transmissão e distribuição.

Atualmente, o Maranhão tem uma carga de aproximadamente 1.200 MW. A Ilha de São Luís é responsável pelo montante de aproxi-madamente 250 MW. A Eletronorte ainda for-nece energia a um dos maiores consumidores industriais do Brasil, o complexo Alumar, em-presa produtora de alumínio e alumina, com carga média de 800 MW.

Segundo a coordenadora da Qualidade da Divisão de Engenharia de Operação do Mara-nhão, Denise Malagoni (abaixo), para saber qual o nível de satisfação dos clientes quan-to aos serviços prestados pela Eletronorte, o Centro de Operação Regional aplica, anual-mente, uma pesquisa que mede o Índice de Satisfação do Cliente Externo - ISCE.

Page 9: Corrente Contínua 228

co

rr

en

te

co

nt

ínu

a

17

co

rr

en

te

co

nt

ínu

a

16

Construção do primeiro circuito Imperatriz/Presidente Dutra – “No final da década de 1970, a Chesf atendia todo o Nordeste, e o Maranhão até São Luís, por Boa Esperan-ça. Mas em Imperatriz a situação não era muito boa, assim como em Belém. Tínhamos que levar uma linha de Sobradi-nho, passando pelo Piauí e Maranhão para chegar a Belém. Naquela época não havia projeto similar dessa dimensão no mundo. Então o governo determinou que a Chesf cuidasse do trecho entre Sobradinho e Imperatriz, e a Eletronorte, de Imperatriz até Belém, passando por Tucuruí”.

Os desafios e as dificuldades – “Foi o nível de tensão, em 500 kV, como planejar e operar um sistema desse porte. Depois, enfrentamos regiões desérticas do Piauí, as flores-tas no Maranhão, as terras indígenas Guajajara e Krikati, di-ficuldades imensas na articulação, na negociação, ninguém tinha experiência nisso. Mas conseguimos energizar a linha de Boa Esperança até Imperatriz, passando por Presidente Dutra, e aconteceu mais um fato inédito no mundo, que foi a subestação da Cemar em 69 kV ser alimentada por 500 kV, um caso onde prevaleceu a imaginação, a ousa-dia e a competência de um dos maiores engenheiros do

Como está o setor industrial do maranhão hoje e quais as perspectivas para os próximos anos? A economia do Maranhão hoje está estruturada sob dois

grandes eixos: o agronegócio de alimentos, energia e o comple-xo minerometalúrgico. O cenário para os próximos cinco anos será ainda moderado, com pequena ampliação do mercado. Mas isso já deve mudar a partir de 2013, com a maior dina-mização e a desejada diversificação e ampliação das cadeias produtivas, com maior agregação de valor aos produtos.

Qual a importância da eletronorte para o crescimento do setor industrial do maranhão? A importância da Eletronorte nós reduzimos numa frase: não

podemos pensar em crescimento sem falar em Eletronorte. A Em-presa simplesmente é imprescindível, assegurando com qualidade e competência a principal força motriz de um empreendimento, que é a energia. Não resta dúvida sobre esta questão. A Eletronor-te foi fundamental não apenas para o crescimento industrial, mas para o desenvolvimento social do Maranhão. Aliás, nem podemos usar esse verbo no passado, pois a Eletronorte é também decisiva para o presente de nossa indústria e em especial, para o novo cenário que se configura a partir de 2013.

Como o senhor vê a implantação da refinaria da Petrobras em bacabeira? A refinaria é justamente um dos 12 projetos prioritários

do planejamento desenvolvido pela Fiema em parceria com diversos atores sociais. Estamos fazendo a nossa parte para que um projeto dessa magnitude se torne realidade, favo-recendo uma produção com valor agregado e não a mera exportação de nossas riquezas naturais. É um investimen-to que o setor empresarial local se prepara para participar ativamente. Temos como expectativa a possibilidade real de geração de empregos, novas oportunidades de negócios, de desenvolvimento social e do respeito ao meio ambiente.

Qual o ranking do maranhão no setor industrial?O Maranhão é o 16º PIB no ranking nacional. É o 4º da

Região Nordeste e responsável por cerca de 20% de toda a riqueza gerada no estado, acima do setor agropecuário, (cuja participação no PIB é de 16,6%), e abaixo do setor de serviços (65%). A contribuição é expressiva, porém ain-da está abaixo das médias do Nordeste (25%) e do Brasil (30,11%), isso em dados do IBGE de 2006.

Os dados são analisados e, em seguida, é feita uma apresentação para cada cliente, mostrando os resultados alcançados, ressal-tando os pontos positivos e os que precisam ser aperfeiçoados, definindo, assim, as ações de melhoria por meio de planos de ações e reuniões sistematizadas.

Para Denise, a relação Empresa/cliente é salutar, pois, eles veem que estamos dando uma tratativa especial. Essa é a forma de es-

O presidente da Eletrobrás, José Antonio Muniz Lopes é natural do Maranhão. E foi lá que começou a carreira no Setor Elétrico brasileiro. Ele relembra algumas histórias:

O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Maranhão - Fiema, Edilson Baldez das Neves, fala do crescimento industrial no Maranhão.

Brasil, que se chama Mauro Amorim. Carregamos pedras e construímos o sistema, passamos cabos durante à noite, no escuro, tínhamos que acender fogueiras. Hoje eu olho e penso que jamais repetiria o que fizemos naquela época”.

Um caso inusitado – “A história mais inusitada foi quando fomos discutir com os índios e a Funai a passagem da linha entre Barra do Corda e Imperatriz, na aldeia Toquinho, dos índios Guajajara. O representante da Funai disse que era para ficarmos calados, só eles falariam. Mas os índios começaram a falar da Funai, e eles ficaram sem discurso. Aí eu vi que a coisa estava feia e disse êpa!!, eu vou assumir essa coisa aí, e tomei a frente da conversa. De vez em quando eles iam a uma casinha lá perto do colégio onde estava acontecen-do a reunião, e voltavam. Depois eu descobri que o Porfírio Carvalho – hoje consultor indigenista da Eletronorte -, estava escondido lá. Os índios iam consultar o Carvalho para rebater meus argumentos. O Carvalho nega isso, mas ele estava es-condido lá. Mas correu tudo bem, eles nos deram um crédito de confiança, assinamos os acordos e disseram que eu fui o primeiro branco que cumpriu a palavra com eles. Em 1985, quando já estava na Eletronorte, sofri um grave acidente e quando os índios souberam, foram até Brasília, sob o coman-do de Toninho Guajajara, e fizeram uma dança pra mim, me colocaram no meio da roda e disseram: Olha, Zé Antonio, se você tivesse morrido, a gente ia lá no cemitério, cavar, pra te ver. Eu já choro por nada, imagina nesse dia!”.

tarmos sempre buscando atender aos anseios dos clientes, destacando que, desde 2001, exceto 2007, as metas estabelecidas sempre foram superadas, o que demonstra a qualida-de dos nossos serviços.

Nos bastidores – A Empresa não é feita somente de subestações, torres e linhas de transmissão. Por trás de todo esse aparato, existem pessoas, trabalhadores com compe-tência técnica e profissional, mas também com sentimentos e emoções. Trata-se de um quadro de técnicos qualificados que são partí-cipes da história do Setor Elétrico.

Esse trabalho de excelência e qualidade passa pelas mãos habilidosas, ou melhor, das

únicas mãos femininas das equipes de manu-tenção de linhas e operação de subestação em Imperatriz e Presidente Dutra. Katiana Sil-va Santos (à esquerda) é a única mulher que integra a equipe de linha viva do Maranhão; na Subestação Peritoró, trabalha Auriléia Dias Silva (ao meio), e na Subestação Coelho Neto, Jacqueline de Azevedo Oliveira (abaixo), as únicas mulheres que integram as equipes de operação.

Segundo as ‘belas e feras’, elas se sentem orgulhosas de trabalhar entre irmãos: “Todos os colegas nos tratam com muito carinho e respeito, mas, sem moleza, pegamos no pesa-do mesmo, fazemos tudo que eles fazem, aqui não tem esse negócio de sexo frágil”.

Relembrando histórias

Carvalho, ao centro, e os Guajajara

Page 10: Corrente Contínua 228

co

rr

en

te

co

nt

ínu

a

19

co

rr

en

te

co

nt

ínu

a

18

Pela América do Sul e África (pontos amarelos) tem início a internacionalização do Sistema Eletrobrás

Bruna Maria Netto

A década de 1980 do século passado já dava indícios do que traria o novo milênio tra-ria. Naquela época, empregados do Sistema Eletrobrás eram convidados a visitar outros países para levar conhecimento em geração e transmissão de energia e auxiliar aqueles que ainda iniciavam a construção de empre-endimentos. Em 2008, com a sanção da Lei nº 11.651, a capacidade de comercialização do Sistema Eletrobrás ultrapassou as frontei-ras brasileiras, dando poderes para a Empresa atuar em todo o mundo. Já em 2009, a Eletro-brás, que é a maior holding da América Latina e uma das dez maiores empresas de energia elétrica do mundo, foi convidada a ser mem-bro do e8 (grupo das 13 maiores empresas de energia elétrica em países do G8 – ver box), além de ter projetos avançados para execução de empreendimentos em sete países e estar em fase final de instalação de escritórios de representação no Peru e no Uruguai. Foi dada a largada para a expansão internacional do Sistema Eletrobrás, que se beneficiaria de um conjunto de oportunidades para fortalecer sua posição estratégica na busca de novos merca-

dos e integraria mercados regionais, agregan-do mais energia ao Brasil e levando qualidade energética ao mundo.

O engenheiro eletricista Sinval Zaidan Gama, superintendente de Operações no Exterior da Eletrobrás e vice-presidente do BraCier (o co-mitê nacional do Cier – ver box), é um dos personagens dessa história. Com 35 anos de experiência no Setor Elétrico – trabalhou em praticamente todas as empresas do Sistema – Sinval acompanhou de perto a evolução do mercado energético brasileiro. Ele explica o motivo pelo qual desde muito tempo os em-pregados da Eletrobrás e suas subsidiárias fazem essas viagens além das fronteiras tupi-niquins: “Isso se deve a nossa expertise, mais a experiência acumulada com a construção de grandes empreendimentos. Não é incomum nossos empregados serem requisitados para ajudar na implantação e estruturação de hi-drelétricas e sistemas de transmissão”.

Não é por menos que a necessidade de in-ternacionalização da holding veio por conta da demanda do próprio mercado energético. “As empresas do setor ao redor do mundo estão cada vez mais se globalizando, e a Eletrobrás não poderia deixar de evoluir para isso. No Brasil, há cinco dessas empresas estrangei-ras concorrendo com o Sistema Eletrobrás em leilões de energia, e agora nós também pode-remos concorrer com elas em outros países”, afirma Sinval (à esquerda).

O projeto de atuação no exterior conta com o suporte de consultorias especializadas e passa por quatro etapas: benchmarking de in-ternacionalização; estratégia e modelo de ne-gócio; modelo organizacional e macroplano de implementação. Um dos grandes defensores da internacionalização, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, enumera as vantagens à revista Corrente Contínua: “A internaciona-lização agregará muito valor à Eletrobrás, que poderá ser uma concorrente internacional de peso, uma ‘national champion’, como são a EDF da França, a EDP de Portugal, e E-On da Alemanha, entre muitas outras. Essas empre-sas aumentaram seus lucros concorrendo em todo o mundo e esse também é o objetivo pri-mordial da Eletrobrás em sua globalização”.

Primeiros passos – O ministro Lobão (acima) relembra o histórico da Eletrobrás e explica o motivo desse avanço: “A empresa já possuía uma atuação internacional, mas de maneira restrita. Ajudou, por exemplo, na estruturação da Electroperu nos anos 80, e é referência mundial na área de eficiência energética, gra-

ças ao Procel. Assim, era um caminho natural que uma empresa com toda essa expertise na área elétrica se tornasse uma empresa globali-zada, como se tornou a Petrobras, na área de petróleo e gás”.

Entre os projetos iniciais da internaciona-lização estão interligar novas fontes de ener-gia da América Latina com o sistema elétrico brasileiro; promover a integração energética entre o Brasil e os países latinos-americano; criar novas oportunidades de investimento em energia elétrica em outros países, benefician-do a economia brasileira por meio da geração de novos mercados para o segmento de forne-cedores de bens e serviços; e atuar em proje-tos específicos de interesse dos acionistas da Eletrobrás.

Em cada país que mantém acordo em po-tencial com a Eletrobrás será seguida a seguin-te metodologia: primeiro a análise preliminar de oportunidades, seguindo para os estudos de pré-viabilidade, estudos de viabilidade e, fi-nalmente, a formulação do plano de negócios. A previsão é de instalação de 18 mil MW e a construção de 11 mil km em linhas de trans-missão no exterior. Por enquanto, os projetos em andamento serão realizados nos continen-tes americano e africano.

SISt

emA

eLet

robr

áS

Internacionalização da eletrobrás:Setor elétrico brasileiro chega ao e8

Foto

: Jor

ge C

oelh

o -

Elet

robr

ás

Foto

: Fra

ncis

co S

tuck

ert -

MM

E

Page 11: Corrente Contínua 228

co

rr

en

te

co

nt

ínu

a

21

co

rr

en

te

co

nt

ínu

a

20

Na Nicarágua está sendo elaborado estudo de viabilidade energética da Usina Hidrelétri-ca Tumarin, com capacidade instalada de 220 MW; a Venezuela tem como projeto a interco-nexão com o Brasil, visando ao intercâmbio de energia; em Angola e Namíbia está sendo estudada a viabilidade da Usina Hidrelétrica Binacional Baynes, no rio Cunene, localizado na fronteira entre os dois países. Já na Argen-tina, o projeto da Usina Hidrelétrica Garabi está em fase de estudo de viabilidade, e sua capacidade instalada será de dois mil MW, en-quanto na Guiana há o projeto de construção de uma hidrelétrica no rio Mazaruni, com 800 MW de potência.

Os estudos citados são apenas alguns dos que estão sendo realizados em pelo menos 15 países em todo o mundo. No entanto, Sinval destaca que as áreas de atuação da

Eletrobrás no exterior inicialmente serão mais concentradas nas três Américas. Ele conta que na América do Norte pretende-se explo-rar a transmissão para atender investimentos em energias renováveis e na interconexão de subsistemas nos Estados Unidos, além de buscar oportunidades de aquisição de novos empreendimentos. Na América Central, o foco está na exploração de projetos de geração com potencial de atendimento regional, bem como participar dos investimentos em inte-gração, enquanto os vizinhos sul-americanos terão contato com o Sistema Eletrobrás por meio dos estudos de projetos de geração em países de grande mercado ou com potencial de exportação de energia, além de aquisições de pequeno e médio portes. O Superinten-dente explica: “A preferência em atuar nas Américas se dá pela proximidade geográfica

Décima maior empresa de energia elétrica em patrimônio e maior da América Latina, a Eletrobrás agora integra o grupo e8, formalizando seu prestígio no Setor Elétrico mundial. O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, explica que o convite do e8 deve-se tanto à internacionalização do Sistema como também “ao fato de a Eletrobrás ser realmente uma das dez maiores empresas do mundo. Creio que ela teria sido convidada sem processo de internacionalização, devido à crescente importância do Brasil nos fóruns internacionais, mas sem dúvida o processo chamou a atenção para a companhia”. Para falar sobre mais esse avanço, o presidente da Eletrobrás, José Antonio Muniz, explica o papel da holding e os próximos passos como membro do e8.

o que o e8 faz? Quando se reúne?Como desdobramento do G8, grupo dos sete países mais

ricos e a Rússia, que é o fórum dos presidentes, existe o fórum dos ministros de energia e tem também o que se chama e8, formado pelos CEOs (sigla para Chief Executi-

ve Officer: diretor-executivo, diretor-geral, ou presidente de empresa, em português) das agora 13 – antes eram dez – maiores empresas de energia elétrica desses oito países. O e8 é uma reunião anual, precedida de reuniões técnicas preparatórias, promovidas entre os chamados “sherpas” (auxiliares técnicos das empresas que prepa-ram os elementos para a reunião para os CEOs). No caso da Eletrobrás, o nosso “sherpa” é o Luiz Augusto Figueira, coordenador-geral da Presidência.

A que se deve o convite e o que ele representa para a empresa?Houve uma discussão inicial se a Eletrobrás continu-

aria como convidada especial ou se seria formalmente

Eletrobrás se junta às melhores para discutir o setor elétrico mundialconvidada a fazer parte do fórum. Pouco tempo depois, fomos surpreendidos com a formalização do convite. Isso significa que não vamos participar apenas dos trabalhos preliminares, mas fazer parte dos diversos comitês que trabalham os temas consolidados e formalizados. A força intrínseca da Eletrobrás, acoplada ao papel que o Brasil vem desempenhando no mundo, fez com que a empresa fosse reconhecida entre as 13 maiores e mais importan-tes companhias de energia elétrica do planeta.

Como foi a participação da eletrobrás na reunião realizada em junho de 2009? O tema debatido foi as fontes primárias de geração de

energia elétrica do futuro, visando à redução da emissão de gases de efeito estufa e, portanto, à redução do im-pacto no aquecimento global. Nós nos comprometemos e assinamos um statement, o qual ressalta que as princi-pais fontes primárias de energia elétrica são: a nuclear, as grandes usinas hidrelétricas, o carvão limpo e a captura e estocagem de CO². Vamos trocar experiências para de-senvolver, cada vez mais, novas tecnologias em geração de energia elétrica e em eficiência energética. Esses seg-mentos serão a base da produção de eletricidade no fu-turo. Para o Brasil também é uma grande conquista, por-que as hidrelétricas passaram a ser reconhecidas como uma fonte que não polui. Não podemos esquecer das fontes alternativas, como a eólica e a biomassa, comple-mentares em nossa matriz energética. Também tivemos a oportunidade de apresentar o Complexo Tapajós, um exemplo de como tratamos a questão dos aproveitamen-tos hídricos, especialmente na Amazônia.

Como o senhor vê a presença da eletrobrás no âmbito empresarial internacional?As participações que a Eletrobrás tem em fóruns interna-

cionais só confirmam o quanto ela é uma empresa diferen-ciada, no Brasil, na América Latina e no mundo. Na hora em que conseguirmos passar a visão de conjunto, de um Sistema, e não de empresas isoladas, sem dúvida nenhu-ma teremos a imagem ainda mais fortalecida. Se hoje, por exemplo, Furnas tem papel importante em alguns fóruns, Chesf, por sua vez, tem em outros. Em conjunto, será ainda melhor. A tendência é que a Eletrobrás, a cada dia, se torne mais importante no contexto mundial.

Qual o diferencial que a eletrobrás leva aos fóruns internacionais? O Sistema Eletrobrás implantou as maiores usinas hi-

drelétricas do mundo, Itaipu e Tucuruí, e é responsável pelo grande sucesso desses empreendimentos, em ter-mos de engenharia e de operação. Também desenvol-vemos o Sistema Interligado Nacional, um patrimônio do Brasil. Nós temos a matriz energética mais limpa do planeta e ainda mostramos para o mundo os impactos sociais e ambientais das grandes hidrelétricas no passa-do, hoje e no futuro; a nossa experiência com a utilização da biomassa como uma importante fonte renovável de energia, principalmente em países pobres e emergentes; o sucesso do nosso Programa Nacional de Conservação de Energia; e como conseguimos levar a energia elétrica e, com isso, a cidadania, para quase dez milhões de bra-sileiros, por meio do Luz para Todos.

*entrevista concedida a Thatiana Martins, da Eletrobrás

e cultural com o nosso País. A América do Norte tem grande mercado a ser explorado, tanto em linhas de transmissão quanto nos estudos hidrelétricos. Peru e Colômbia são exemplos de países cujos potenciais elétricos ainda não foram completamente explorados, além das trocas de energia que já são feitas com a Venezuela”.

Escritórios no exterior - A ação da Eletro-brás nas zonas fronteiriças será executada tanto pela parceria de construção de novos empreendimentos quanto por meio da interco-nexão das linhas de transmissão, na qual será possível realizar a compra, venda ou troca de energia, como já ocorre com a Venezuela (ver box). De acordo com o ministro Lobão, a atua-ção nos países vizinhos tem também o objetivo de oferecer opções ao Brasil para garantir seu

suprimento de energia elétrica. “Alguns dos nossos vizinhos têm capacidade de geração inexplorada em seus territórios, especialmente em termos hidrelétricos. O exemplo mais no-tório é o do Peru, mas há ainda a Colômbia e a Venezuela, e, um pouco menos, a Bolívia e a Guiana. Também temos o Uruguai, com um grande potencial eólico ainda não desenvol-vido. Acordos internacionais para exploração conjunta desse potencial seriam interessantes não só para o Brasil, mas também para os nossos vizinhos”.

Com tantos investimentos fora do País, a Eletrobrás vai instalar escritórios de repre-sentação no exterior. Primeiro em Montevi-déu (Uruguai), onde será construída uma linha de transmissão em 500 kV, que ligará o Brasil àquele país; e em Lima (Peru), ini-cialmente para o projeto de viabilidade da

Foto

: Jor

ge C

oelh

o -

Elet

robr

ás

Page 12: Corrente Contínua 228

co

rr

en

te

co

nt

ínu

a

23

co

rr

en

te

co

nt

ínu

a

22

Usina Hidrelétrica Inambari, uma das seis que estão previstas naquele país, com capa-cidade instalada de dois mil MW, com parte da energia gerada alimentando o Sistema Interligado Nacional - SIN. “Onde for imple-mentado algum empreendimento do Siste-

ma Eletrobrás haverá um escritório da hol-ding. O ‘olho do dono’ é fundamental para a prosperidade desses projetos”, enfatiza Sinval. Além disso, o escritório em Lima visa a atender às regras da legislação peruana, que só permite a concessão para empreen-

dimentos se a empresa responsável manti-ver uma representação local.

Os empregados Edimilson Luiz Nogueira, da Eletronorte, e Flávio Márcio de Albuquer-que Castelo, da Chesf, foram os selecionados para trabalharem nos escritórios que a Eletro-

brás está abrindo em Montevidéu e Lima, res-pectivamente. O processo de seleção do grupo de trabalho no exterior envolveu empregados das subsidiárias da Eletrobrás interessados em atuar fora do Brasil. No total, 148 técnicos se inscreveram no processo de seleção. Os can-

Os representantes do e8 (acima) e as cidades onde a Eletrobrás começa a gerar novos negócios

Buenos Aires Montevideo CaracasManágua

Page 13: Corrente Contínua 228

co

rr

en

te

co

nt

ínu

a

25

co

rr

en

te

co

nt

ínu

a

24

Não é possível falar em internacionalização do sistema elétrico brasileiro sem citar a Cier - Comissão de Integração Energética Regional. A Comissão é uma organização internacional sem fins lucrativos, com 45 anos de existência, agregando mais de 200 empresas de energia ao redor do mundo. No Brasil, o braço regional é representado pelo BraCier, que congrega atualmente 30 empresas ou entidades do Setor Elétrico brasileiro, incluindo o Centro de Pesquisas de Energia Elétrica - Cepel, a Eletrobrás e o Operador Nacional do Sistema Elétrico - ONS, sendo presidido pelo presidente da Eletrobrás, José Antonio Muniz.O engenheiro eletricista Plínio Fonseca (foto) é diretor-executivo da Cier, e conversou com a revista Corrente Contínua sobre o papel da Comissão e sobre as vantagens da interligação energética internacional.

Qual a função da Cier? O objetivo principal da Comissão é promover a integração

dos setores energéticos regionais e apoiar suas empresas e organismos-membros dedicados às atividades e negócios da indústria energética, por meio da cooperação e realização de congressos, estudos, projetos e capacitação. A Cier, em escala internacional, e graças à sua estrutura pluralista re-lacionada com as distintas atividades da indústria elétrica e dos organismos governamentais do setor, tem alcançado grande prestígio no desenvolvimento de projetos e foros que permitem analisar, estudar e propor soluções objetivas para os problemas comuns das empresas e do Setor Elétri-co. Atualmente a Cier trabalha em torno de quatro vetores

tando as exigências do meio am-biente, é necessário modificar a matriz energética por meio do de-senvolvimento de infraestrutura de projetos de centrais hidrelétricas e outras tecnologias renováveis não-convencionais, bem como ações para melhorar o consumo da ener-gia por meio do manejo da deman-da e da eficiência energética. Para melhorar a segurança do forneci-mento nos países da região, tam-bém é necessário impulsionar a integração energética. A tendência à integração tem caráter universal e sucede aos processos de consolidação empresarial e setorial que vêm ocorrendo há décadas em diversos setores. A América Latina encontra-se diante de uma oportunidade única de avançar com sucesso na inte-gração energética regional. As condições econômicas e a disponibilidade de energia primária permitem pen-sar em uma integração progressiva em médio prazo.

Como a internacionalização do sistema elétrico brasileiro poderá beneficiar os demais latino-americanos? A internacionalização do sistema brasileiro poderá be-

neficiar os demais latino-americanos da mesma forma que irá beneficiar os brasileiros, pelo aproveitamento das altas complementaridades existentes e diversidade do poten-cial energético na América Latina. Intercâmbios bilaterais de oportunidades podem representar o início de um pro-cesso de maior integração baseado em ofertas de volume e preço, respeitando as regras de segurança, comerciais e regulatórias de cada país.

Quais os próximos passos? Além das interconexões, precisamos

viabilizar o aumento das transações de energia, que muitas vezes esbarram em barreiras técnicas, comerciais, regula-doras. É nesse sentido que a Cier está desenvolvendo atualmente o projeto Cier 15. Como próximo e fundamental passo, diria que precisamos caminhar no sentido de dispormos de uma agen-da energética regional. Nós firmamos um acordo entre todos os organismos internacionais que atuam nas áreas de integração e energia – Cier, Olade, Ar-pel, Cepal, Aladi, OEA – e deveremos

iniciar em breve os estudos que levarão, a essa agenda ener-gética regional, com consenso entre empresas e governos.

o que mais prevê o projeto Cier 15? Os desafios para o futuro representam a integração total

da América. Porém, devemos considerar que existem gran-des ameaças, como a dependência energética de um país em relação a outro, a perda de autonomia sobre os recursos e os preços de energia, os conflitos de interesses econômi-cos, geopolíticos, sociais e ambientais, a falta de instituições para a solução de controvérsias e a cobertura de riscos. O citado projeto Cier 15 permitirá gerar informação de grande valor agregado para os diferentes agentes e atores públi-cos e privados. Ele incentivará o desenvolvimento de vários produtos, como a regulamentação, tratados e acordos co-merciais que permitam incrementar as transações interna-cionais de energia; estrutura de normas supranacionais bá-sicas para viabilizar os intercâmbios de energia entre países e entre regiões; e produtos e serviços que permitam esse intercâmbio.

Parceiros da integração energética: Cierprincipais: integração dos sistemas e mercados elétricos; melhoria da eficiência na gestão empresarial; melhoria na qualidade e confiabilidade de fornecimento de energia e desenvolvimento sustentável.

Quem faz parte da Comissão? A Cier é composta atualmente por 225 instituições

do setor energético da América Latina, entre as quais se encontram empresas do setor público, privado, re-guladores, operadores, institutos de pesquisa e asso-ciações. A secretaria-executiva da Cier está sediada em Montevidéu (Uruguai), e dispõe de um comitê nacional em cada um dos dez países da América do Sul, além de um membro associado na Espanha, o Grupo Unesa (Iberdrola, Uniõn Fenosa, Endesa, REE). Em julho de 2009, a Cier deu um passo muito importante em sua expansão geográfica, com a criação do Comitê Regional Cier para a América Central e o Caribe - CecaCier, que agrupa 16 empresas.

Como a Comissão vê a situação atual do abastecimento de energia elétrica na América Latina? Uma análise da situação energética na região re-

lativa ao ano de 2008 indica que alguns países apre-sentaram situações de desequilíbrio entre a oferta e a demanda. Também se visualizam situações de déficit que devem ser enfrentadas em curto, médio e longo prazo. Tal fato exige planejamento de ações, hoje afe-tadas pelos riscos e a incerteza produzida pelas va-riações da economia e a volatilidade dos preços dos combustíveis, que se refletem diretamente na deman-da. De outro lado, para abastecer o mercado, respei-

didatos tiveram seus conhecimentos em língua inglesa e espanhola testados. Ao término, dois finalistas de cada empresa, sendo oito enge-nheiros, dois advogados e dois economistas – participaram de um treinamento sobre a Amé-rica Latina, com palestras focando integração energética no continente e o contexto político, econômico e cultural. Agora, Edimilson e Flávio (fotos à direita, respectivamente) passarão por um treinamento na Superintendência de Ope-rações no Exterior, da Eletrobrás, e devem ini-ciar as atividades ainda em outubro de 2009.

O G8 do Setor Elétrico – No planejamen-to Estratégico 2009-2012, a Eletrobrás tra-çou como objetivo estruturar a carteira de empreendimentos do Sistema no exterior. O ministro Lobão diz que as prerrogativas vão além das econômicas: “Politicamente,

turos tratados comerciais a serem selados em breve, a Eletrobrás foi convidada a integrar o e8, grupo das 13 maiores empresas do Se-tor Elétrico em países do G8 (composto por Estados Unidos, Japão, Canadá, França, Ale-manha, Itália, Inglaterra e Rússia), após sua presença na reunião do grupo este ano. Entre as prioridades definidas pelo e8 está o inves-timento em pesquisa para o desenvolvimento de fontes de energia limpa, a eficiência ener-gética, o uso responsável do carvão como fon-te de energia e o combate ao desmatamento, visando à redução da emissão de gases de efeito estufa e à redução do impacto no aque-cimento global.

A presença no grupo, com poder de decisão nas reuniões anuais do e8, é um exemplo que confirma a participação crescente do Sistema Eletrobrás em fóruns internacionais onde são

pensando em termos de Brasil, ajuda o País a firmar sua liderança regional de maneira não exploratória, pois nos acordos haverá uma convergência dos interesses brasilei-ros e dos nossos parceiros, especialmente

os vizinhos, que precisam se desenvolver economicamente para não haver desequilí-brios regionais que afetem as relações entre os países”.

Não apenas pela habilidade em tratar da geração e transmissão de energia de forma sustentável, mas também por conta dos fu-

Page 14: Corrente Contínua 228

co

rr

en

te

co

nt

ínu

a

26

co

rr

en

te

co

nt

ínu

a

27

trAn

SmIS

SÃo

Érica Neiva

As pessoas que possuem conhecimento mais apurado de eletricidade sabem que a função de um transformador na geração é ele-var a tensão ao potencial num nível onde as perdas são menores, transmitindo esse poten-cial a longas distâncias para as subestações. Ao chegar ao final da linha, abaixa-se a ten-são para ser entregue ao consumidor. Esses conceitos não são claros para a maioria, mas sabemos que problemas em equipamentos como esses podem prejudicar o abastecimen-to de energia elétrica numa cidade inteira, afe-tando diretamente o atendimento em residên-cias, hospitais, escolas, comércio, transportes, enfim, instaura-se o caos.

A verdade é que a história de um trans-formador começa muito antes da sua função básica como componente da indústria eletro-eletrônica. Sua origem começa na fabricação, sucedendo-se as fases de transporte, monta-gem e manutenção. Quem conhece bem esse processo é Alexandre Baptista, cuja rotina de trabalho, como a de tantos outros trabalhado-res brasileiros, é com a luta diária de transfor-mar suas vidas e a vida de todo o País. Ale-xandre nasceu em Jundiaí (SP) e trabalha há 12 anos na Siemens, uma multinacional que presta serviços na área de energia elétrica produzindo equipamentos como transforma-dores, autotransformadores e reatores. Com sede na Alemanha, a empresa possui uma de suas unidades produtivas no Distrito Industrial

modernização traz ganhos econômicos e sociais aos sistemas de transmissão

discutidos os rumos da oferta e da demanda de energia. A holding participa na Agência In-ternacional de Energia, no que diz respeito às usinas hidrelétricas, no Fórum de Águas das Américas e no Conselho Mundial de Energia, além de trabalhar com a Olade (Organização Latino-Americana de Desenvolvimento de Energia) e por meio do BraCier (Comitê Nacio-nal Brasileiro do Cier - Comitê de Integração Energética Regional).

Foi a primeira vez que a Eletrobrás partici-pou da reunião anual do e8, refletindo no re-conhecimento internacional do seu trabalho e, principalmente, na constatação de que o Siste-ma Eletrobrás terá papel fundamental na gera-

Antes do Sistema Eletrobrás atuar no mercado internacio-nal, a Eletronorte já contribuía para a integração energética da América Latina, construindo e operando o linhão de Guri, linha de transmissão de energia entre Brasil e Venezuela que abas-tece o Estado de Roraima. O drama anteriormente vivido pela população roraimense durante décadas, em virtude da falta do fornecimento de energia elétrica confiável, ficou no passado.

Roraima conquistou sua redenção energética a partir da inauguração do sistema de transmissão, em 2001. Constru-ído pela Eletronorte, em sua porção brasileira, a linha teve investimentos da ordem de US$ 185 milhões de dólares, sendo US$ 130 mi-lhões do governo venezuelano e US$ 55 milhões do governo brasileiro.

A interligação energética Brasil/Vene-zuela consiste num sistema de transmis-são em parceria com a Edelca, empresa venezuelana responsável pela geração de energia hidrelétrica. A linha possui

700 km de extensão, ligando Boa Vista (RR) ao complexo hidrelétrico de Guri, em Puer-to Ordaz, na Venezuela. O contrato prevê o fornecimento mensal de até 200 megawatts, durante 20 anos. Atualmente, abastece prin-cipalmente a cidade de Boa Vista, e benefi-cia cerca de 350 mil habitantes.

São 500 km de linhas em território ve-nezuelano, sendo 310 km entre a Usina Macágua II e a subestação Las Claritas, na

tensão de 400 kV; e mais 190 km em 230 kV até Santa Elena de Uairen, na fronteira com o Brasil. Em território brasileiro são 212 km de linhas em 230 kV, até a subestação da Ele-tronorte em Monte Cristo, próximo a Boa Vista.

Roraima foi pioneira na interligação internacional

ção de energia elétrica renovável nos próximos anos no Brasil. Além da oportunidade especial de aquisição de novas competências e tecnolo-gias com companhias de grande porte.

Os membros do e8 (ver box à página 20) são: American Electric Power e Duke Energy (EUA), Kansai Electric Power Company e Tokyo Electric Power Company (Japão), Eskom (Áfri-ca do Sul), Ontario Power Generation e Hydro-Quebec (Canadá), Electricité de France - EDF (França), RWE (Alemanha), ENEL (Itália), Co-mision Federal de Electricidad (México), JSC “RusHydro” (Rússia) e Eletrobrás (Brasil).

*Colaborou a Assessoria de Comunicação da Eletrobrás

Page 15: Corrente Contínua 228

co

rr

en

te

co

nt

ínu

a

29

co

rr

en

te

co

nt

ínu

a

28

de Jundiaí. Alexandre (acima), que trabalha como montador de autotransformadores, é um dos 1.500 funcionários.

Hoje, com 32 anos, o técnico já participou de diferentes etapas na montagem de equi-pamentos. “Sempre tive interesse pela área de energia e quando vim trabalhar aqui esse interesse cresceu. Quando entrei, fui para a área de montagem de transformadores como montador de núcleo, que é a primeira etapa de uma montagem. Depois fui para a mon-tagem de enrolamentos, para a ampliação e disponibilidade de material e, posteriormen-te, passei a montador de autotransformador, função mais completa que exerço até hoje na área de reparos”.

A fabricação de um transformador depen-de de vários fatores, entre eles o tamanho, a complexidade e a carga de fábrica. Desde sua criação, em 1973, a Eletronorte compra

equipamentos de geração e transmissão de energia elétrica para equipar seus empreen-dimentos. Os transformadores, por exemplo, demoram em média quatro meses para serem produzidos. Segundo o técnico de Projetos e Vendas da Siemens, Alexandre Fernando Vieira (abaixo), “o transformador é um equi-pamento fabricado quase de maneira artesa-nal, pois necessita muito do lado humano e a participação do colaborador é fundamental em todos os processos. Desde o corte das chapas do núcleo até a confecção das bobinas”.

Para quem trabalha na fábrica e em cam-po, o serviço de reforma de autotransformado-res é muito significativo, pois possibilita maior aprendizado e oportunidade de se conhecer equipamentos de outras épocas, outros fabri-cantes e nacionalidades. Os ganhos pessoais e profissionais do trabalho são enriquecedores. “O ganho profissional é, sem dúvida, o apren-dizado. Além de conhecermos o produto como um todo, trabalhamos com equipamentos de outras décadas e a cada dia aprimoramos a técnica. Temos a oportunidade de conhecer novos lugares, culturas e estados, e com isso acabamos fazendo amizades. É conhecer o produto e sua utilização posterior como, por exemplo, abastecer uma cidade com energia”, conta Alexandre Baptista.

Percurso – O autotransformador montado por Alexandre e seus colegas chega a vários destinos, inclusive à Regional de Transmissão de Mato Grosso, da Eletronorte. São equipa-mentos de grande porte que possuem entre 30 e 150 toneladas. O transporte de um trans-formador de 30 toneladas demora em média cinco dias. Por sua vez, um de 150 toneladas leva até 15 dias, conduzido a aproximadamen-te 30 km/h. “O transporte é feito em carretas especiais, que têm muitos pneus, apelidadas de centopeias. Necessita-se de aprovação legal do transporte nos órgãos competentes, que decidem horários, estradas e cidades por onde passar. Essa definição é respeitada à risca, uma vez que os equipamentos podem atrapalhar o cotidiano das pessoas. Geralmen-te o transporte acontece de madrugada, por pessoas bem treinadas e orientadas. Nesse caso, o lado humano também é fundamental”, afirma Alexandre Vieira.

Na Regional de Mato Grosso, um dos cola-boradores da área de comando, controle e au-tomação responsáveis pelo comissionamento desses equipamentos – período de testes para a energização -, é o técnico de manutenção

da Divisão de Engenharia, Elve Lucas Barbosa Cubas (acima), que trabalha há 13 anos na Empresa. “Somos rotineiramente convocados a prestar apoio na manutenção dos sistemas de transmissão. Trabalhamos em subestações que estão sendo ampliadas, participamos do comissionamento dos equipamentos, das reuniões de definições, dos testes dos equi-pamentos até à energização das novas etapas das subestações, além de atividades de ma-nutenção preventiva, corretiva e emergencial. Quando estamos no escritório, trabalhamos com assuntos mais burocráticos, como o pro-cesso de requisição de compras”, conta Elve.

Geralmente o trabalho das equipes de campo acontece em horários comerciais. No entanto essa regra, às vezes, possui suas ex-ceções e eles precisam trabalhar durante as madrugadas, fins de semana, de acordo com a conveniência operativa do Operador Nacional do Sistema – ONS. Para Elve, as atividades em campo sempre rendem histórias interessantes como a energização da etapa de ampliação da Subestação Sinop, cidade do norte do estado, que fez parte do Plano de Ampliações e Refor-ços na Rede Básica – PAR.

“Foi um serviço complexo, pois qualquer erro ou desligamento involuntário poderia im-pactar o fornecimento de energia para cerca de 350 mil pessoas. A dificuldade decorreu também das características próprias da região, que tem um sistema radial de fornecimento de energia. Trabalhamos durante várias ma-

drugadas seguidas sob pressão e cobrança, mas a satisfação foi imensa, pois retornamos às nossas famílias com a sensação do dever cumprido, com o sentimento de contribuição para o crescimento da região, do estado, do País, sentimento de atendimento à Missão e à Visão da Eletronorte”.

As subestações e sistemas de transmis-são de Mato Grosso, assim como das demais unidades regionais da Eletronorte, passam por constantes processos de modernização. Conforme o sistema e subestações são am-pliados, percebe-se a importância de novas tecnologias. “Temos a preocupação de mo-dernizar o nosso parque de equipamentos, no meu caso, relés de proteção elétrica com tecnologia digital em substituição aos relés eletromecânicos, por exemplo. Também os oscilógrafos, equipamentos digitais que re-gistram perturbações ocorridas nas linhas e equipamentos de transmissão, passam pela modernização”, afirma Elve.

Plano - A modernização de equipamentos tem uma importância inquestionável para o Setor Elétrico devido à economicidade, se-gurança, eficiência e confiabilidade para o consumidor. Nesse processo há um aliado imprescindível, o Plano de Modernização de Interesse Sistêmico – PMIS, que visa a identi-ficar os pontos relevantes no sistema que pos-sam melhorar o desempenho operacional.

O PMIS apresenta o conjunto de revitali-zações de natureza sistêmica, necessárias ao reforço da segurança operacional elétrica, com suas respectivas justificativas técnicas e econômicas, bem como os benefícios de sua implementação, os critérios utilizados para a

Foto

: Arq

uivo

Sie

men

s

Foto

: Arq

uivo

Sie

men

s

Page 16: Corrente Contínua 228

co

rr

en

te

co

nt

ínu

a

30

co

rr

en

te

co

nt

ínu

a

31

Antônio Coimbra: “Os estudos ambientais identificaram a existência de 23 possíveis impactos ambientais.”

classificação dessas revitalizações por suas características funcionais, e a priorização e cronologia para implantação.

O Plano ocorre em todas as instalações das empresas do Setor Elétrico ligadas ao Sistema Interligado Nacional – SIN. No caso da Ele-tronorte, são contempladas as suas unidades regionais, exceto Roraima e Amapá. Exemplo da dinâmica do ciclo são as melhorias que já foram aprovadas pela Aneel e ainda neste se-gundo semestre de 2009 serão implantadas na Subestação Coxipó (MT). Lá existe um au-totransformador instalado há mais de 25 anos. Foi identificado pelo corpo técnico da Regional que as vedações do equipamento deveriam ser substituídas, o óleo isolante tratado para melhorar suas características químicas e elé-tricas, e modernizados os painéis de ventila-ção forçada e do comutador – equipamento semelhante a um estabilizador de energia que mantém a tensão elétrica estável.

O primeiro passo é exatamente a identifica-ção das melhorias pelo corpo técnico da Ele-tronorte. Em seguida é traçado o diagnóstico conjunto entre a Superintendência de Enge-nharia de Operação e Manutenção da Trans-missão e a unidade regional. Depois de ana-lisadas, as necessidades de revitalizações são encaminhadas ao ONS, que elabora o relatório do plano de modernização e o encaminha à Aneel, que por sua vez emite a minuta da re-solução aprovando o plano.

De acordo com a Resolução Normativa nº 158 da Aneel, as melhorias referem-se à insta-lação, substituição ou reforma de equipamen-tos para manter a regularidade, continuidade, segurança e atualidade do serviço público de

transmissão de energia elétrica, compreen-dendo a modernidade das técnicas e a conser-vação das instalações, em conformidade com o contrato de concessão do serviço público e os procedimentos de rede. São priorizadas as revitalizações que minimizam ou eliminam deficiências que possam resultar na ocorrên-cia de distúrbios com reflexos sistêmicos ou globais, como blecautes que podem afetar a malha principal de transmissão.

Conforme o ONS, a segurança operacional elétrica é influenciada pela funcionalidade dos equipamentos e está condicionada ao seu es-tado físico - idade, histórico de operação e prá-ticas de manutenção, pela superação da ca-pacidade operativa e por sua obsolescência.

Consumidor – Em Mato Grosso, cerca de 40 projetos, totalizando investimentos em mé-dia de R$ 15 milhões, fazem parte do ciclo 2008-2011 do PMIS. Na Regional já foram realizadas melhorias consideráveis em com-pensador estático, bancos de autotransforma-dores de Coxipó, e reatores de Rondonópolis e Barra do Peixe. Em toda a Eletronorte foram propostas 254 revitalizações que somam cer-ca de R$ 77 milhões.

O gerente da Divisão de Engenharia e Qua-lidade da Regional de Transmissão do Mato Grosso, Fábio Otácio de Oliveira (abaixo), ilus-tra com um caso prático a importância das melhorias no sistema de transmissão: “Vamos pensar num carro comprado no ano 2000 que necessita de melhorias. É como se veri-ficássemos o motor, a parte elétrica do carro, pintássemos e tirássemos os amassados para aumentarmos sua vida útil. Com relação às nossas subestações, elas têm sistemas com

mais de 20 anos, cujos equipamentos de grande porte não podem ser substituídos e a melhor alternativa é revitalizá-los”.

Fábio complementa o exemplo citando uma situação de campo e mostrando o quan-to o consumidor é beneficiado com as revitali-zações: “O consumidor está diretamente rela-cionado ao processo. Em Sinop, por exemplo, houve problemas com o compensador está-tico, responsável pelo controle da tensão.

Caso tivéssemos perdido esse equipamento, dependendo do horário, centenas de mi-lhares de habitantes ficariam sem energia. Além do aspecto social, a própria imagem da Empresa sofre com a aplicação de mul-tas e a perda da receita. A modernização é uma forma de garantirmos as essências das melhorias que estão diretamente ligadas à robustez, confiabilidade do sistema e flexibi-lidade operacional”.

Em setembro de 2009 tiveram início as audiências pú-blicas com o objetivo de discutir o Estudo de Impacto Am-biental - EIA e respectivo Relatório de Impacto Ambiental – Rima, relativos à linha de transmissão em 500kV entre Oriximiná (PA) e Cariri (AM), um dos trechos da interliga-ção Tucuruí-Macapá-Manaus, com extensão aproximada de 550 km. Essa linha passa por três municípios paraen-ses e nove amazonenses, localizados na margem esquer-da do Rio Amazonas, proporcionando o atendimento a cerca de dois milhões de pessoas, além de um expressivo parque industrial.

Segundo o superintendente de Meio Ambiente da Ele-tronorte, Antônio Coimbra, “os estudos ambientais identi-ficaram a existência de 23 possíveis impactos ambientais, muitos dos quais ocorrem em fases específicas do em-preendimento e podem até mesmo deixar de existir após o término das atividades que os provoca. Para mitigar ou

Audiências Públicas apresentam estudo e relatório ambiental da linha Tucuruí-Macapá-Manaus

compensar esses impactos, foram previstos 18 programas ambientais que possibilitarão a adequada implantação do empreendimento e serão importantes para a manutenção da qualidade ambiental regional”.

De acordo com o analista ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - Iba-ma, Antônio Celso Junqueira Borges, “as audiências também servem para que o Ibama conheça detalhes da região e as preocupações da população, contribuindo para a análise dos estudos e determinação de medidas a serem adotadas, ou elaboração de condicionantes de licença. As audiências são fundamentais para a população informar ao Ibama sobre pe-culiaridades da região que eventualmente passem desperce-bidas no estudo ou nas vistorias. Para a empresa que busca conseguir o licenciamento, a grande vantagem é poder ante-cipar-se à resolução de problemas que possam gerar conflitos futuros, trazendo um ganho na continuidade do processo”.

Foto: Márcia Marcelin - Isolux

Page 17: Corrente Contínua 228

co

rr

en

te

co

nt

ínu

a

32

co

rr

en

te

co

nt

ínu

a

33

Perda evitada - O Plano de Modernização tem o ganho econômico, ou seja, a possibili-dade da remuneração do dinheiro investido por meio da Receita Anual Permitida - RAP específica para o investimento no qual foi realizada a revitalização. Há também o não-desconto da Parcela Variável (PV) quando os equipamentos são desligados para melhoria, como explica a engenheira eletricista Thaís Barbosa Coelho. “As revitalizações inseri-das no Plano de Modernização de Interesse Sistêmico estão isentas de desconto da PV, quando do desligamento da função de trans-missão para a implantação da revitalização. Assim não somos penalizados ao tirarmos o sistema de operação para realizar as me-lhorias, a exemplo do desligamento de uma linha, uma subestação ou parte do sistema. A única exceção é a revitalização classificada como melhoria do tipo III: automação, refor-ma e modernização de subestações. A Aneel também remunera o custo de implantação das revitalizações para as empresas trans-missoras por meio da RAP. As melhorias são reembolsadas na revisão tarifária e os refor-ços são remunerados no reajuste anual das receitas, de forma que a Empresa possa au-ferir receita”.

Estima-se que na Eletronorte a economia em termos de PV é, em média, de R$ 8 mi-lhões. Na Regional de Transmissão do Mato Grosso o valor é de aproximadamente R$ 1,5 milhão. O gerente de Contratos da Transmis-são, Ronaldo Borges Dornelas, considera que o valor das revitalizações propostas à Aneel é significativo. “A receita da Eletronorte na área de transmissão é em média de R$ 800 mi-

Regime especial reduz carga tributária O Ministério de Minas e Energia aprovou o enqua-

dramento no Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento da Infraestrutura – Reidi, de projetos de reforços e melhorias em 20 empreendimentos de transmissão nas unidades regionais do Maranhão Ron-dônia, Pará e Mato Grosso. O Reidi institui benefícios fiscais para empresas que tenham projetos aprovados para implantação de obras de infraestrutura nos seto-res de energia, transportes, portos, saneamento básico e irrigação, eliminando a incidência da contribuição do PIS/Pasep e Cofins, no âmbito do Programa de Acele-ração do Crescimento – PAC.

Para o Setor Elétrico, a Portaria nº 319/2008 do MME estabelece o procedimento de aprovação dos projetos de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica ao Reidi. Cabe à Aneel a normatização e re-gularização dos pedidos de isenção. De acordo com o analista de Planejamento da Assessoria de Gestão e Orçamento da Eletronorte, Antonio Carlos Henrique Biller (ao lado), “o Gover-no Federal instituiu o Reidi no intuito de aumentar a atividade econômica e in-crementar a atratividade desse setor. O Reidi desonera parte da carga tributária para os investimentos feitos na aquisição de bens e serviços a serem integrados ao respectivo ativo imobilizado”.

Na Eletronorte, um grupo de trabalho estuda a viabi-lidade de adesão ao Reidi, em face das variadas fases de execução dos empreendimentos da Empresa e da

análise da situação das obras, levando em consideração o progresso físico-financeiro de cada contrato relacionado e o cronograma de pagamentos. O processo de habilitação envolve, resumidamente, a seleção dos empreendimentos por parte da Assessoria de Gestão e Orçamento e da Su-perintendência de Planejamento Econômico-Financeiro, com posterior encaminhamento e aprovação, após os trâ-mites legais, por parte da Aneel e do Ministério de Minas e Energia. Somente após a publicação do Ato Declaratório Executivo – ADE, por parte da Receita Federal do Brasil, é que há a suspensão da contribuição.

De acordo com Biller, a Eletronorte terá uma economia de mais de R$ 27 milhões num prazo de cinco anos em fun-ção do Reidi. “Quando o empreendimento estiver habilitado ao Reidi, o impacto total proporcionado pelo benefício será de 9,25% do valor do bem adquirido ou serviço contratado. Pelo princípio da modicidade tarifária, os ganhos obtidos com a redução dos investimentos, decorrentes da aplicação do Reidi, serão transferidos para os consumidores de ener-gia elétrica e para os usuários da rede básica, por meio das correspondentes reduções dos preços de venda de energia elétrica e das máximas receitas anuais permitidas”.

lhões da RAP. O Plano representa cerca de 10% da receita. Se você tem um investidor que aumente 10% da sua receita é muito significativo para qualquer mercado. Hoje, na Empresa, há maior identificação das pessoas com o processo, uma participação efetiva das unidades regionais e das áreas de engenha-ria e planejamento. Todos estão interagindo muito mais”

De acordo com o superintendente de Engenharia de Operação e Manutenção da Transmissão, Sidney Custódio Santana Jú-

nior, a partir da entrada da Resolução Nor-mativa n° 270, que estabelece as disposições relativas à qualidade do serviço público de transmissão de energia elétrica, associada à disponibilidade das instalações integrantes da Rede Básica, a Eletronorte identificou a necessidade de ter controle mais sistematiza-do do processo, fato que explica a evolução de revitalizações de 182, em 2005, para 254 no PMIS 2008-2011.

Para ele, um dos aspectos essenciais é a qualidade do produto oferecido à sociedade.

“Há ganho tangível como a melhoria do de-sempenho do sistema, implicando diretamen-te fornecimento de um produto de melhor qualidade para a sociedade. O menor tempo para resolver os problemas constatados e o aumento do nível de automação, possibilitam reduzir o custo de operação e manutenção. Esses procedimentos, padrões de trabalho e os ganhos incorporados representam o com-promisso da Empresa com o seu contrato de concessão, que é a obrigação de prestar servi-ço público adequado”.

Sidney, Thaís e Ronaldo:

trabalhando para fornecer

um produto de melhor

qualidade para a sociedade

Page 18: Corrente Contínua 228

co

rr

en

te

co

nt

ínu

a

34

co

rr

en

te

co

nt

ínu

a

35

CIrC

uIt

o In

tern

o

César Fechine

Dá trabalho chegar ao ouro. E muito! É as-sim em qualquer categoria esportiva olímpica ou paraolímpica, com os atletas dedicando horas, dias, meses, anos (e anos) a fio a uma dura rotina de treinos e sacrifícios. Não seria diferente entre as instituições que buscam o

“ouro olímpico” da administra-ção pública: o Prêmio Na-

cional da Gestão Públi-ca – PQGF. Criado em 1998, o PQGF é uma das ações estratégi-cas do Programa Nacional de Gestão Pública e Desburo-

cratização – Gespú-blica, com o objetivo

de incentivar o aprimo-ramento das práticas de

gestão e promover a moder-nização do Estado brasileiro.

Com 24 premiações, a Ele-tronorte é a maior vencedora entre as ins-tituições participantes, evidenciando o seu moderno e eficiente sistema de gestão. No ciclo 2008/2009, cinco de suas unidades es-tão entre as dez melhores organizações: na

Faixa Ouro, a contemplada foi a Regio-nal de Transmissão de Mato Grosso; na Faixa Prata, foram premiadas a Regional de Transmissão do Maranhão, a Superin-

tendência de Engenharia de Operação e Manutenção da Transmissão e a Superintendência de Pesquisa e De-senvolvimento Tecnológico; e a Re-

gional de Produção e Comercialização de Rondônia foi reconhecida na

Faixa Bronze. Além dessas unidades, as regionais de Produção de Tucuruí e de Transmissão do Tocantins também já foram agracia-das em edições anteriores do PQGF.

O assistente técnico de engenharia Egner da Silva Grecco, 46 anos, casado, pai de dois filhos, trabalha há 12 na Assessoria Estratégi-ca da Regional de Transmissão de Mato Gros-so com a avaliação de gestão e gerenciamento de resultados e indicadores. Nesse tempo, a Regional desenvolveu e aprimorou o seu rela-tório de gestão, procurando detalhar as boas práticas. “O primeiro relatório foi produzido pela Regional em 1997, a partir da inclusão da Eletronorte no então Programa de Qualidade do Governo Federal”, relata.

O resultado alcançado este ano é, pois, o resultado de um trabalho contínuo de avalia-ção e melhorias. Em 2003, a Regional obteve a primeira premiação na Faixa Prata do PQGF, obtendo prêmios em todos os anos subsequen-tes, chegando agora à Faixa Ouro. “Isso repre-senta a certeza de que o esforço empenhado para refinar as nossas práticas, revisar os pro-cessos, elaborar o relatório, mobilizar a força de trabalho e a liderança para a utilidade das fer-ramentas de avaliação do PQGF garantiu-nos o destaque entre as organizações, categorizando a unidade como referência em relação ao pro-cesso de gestão”, destaca Egner (abaixo).

Bancas examinadoras - A preparação para o PQGF começa com a capacitação das pessoas. Os voluntários se inscrevem no portal do Gespública e passam a fazer dois cursos na modalidade de ensino a distância. Os aprovados são convidados a fazer uma oficina presencial, composta pe-los módulos de análise e escrituração de um relatório de gestão, o documento onde estão descritas as práticas e processos das organizações, e que segue as normas do manual do Instrumento para Avaliação da Gestão Pública, de acordo com modelos de 250, 500 e 1.000 pontos.

“Após a inscrição das organizações, as ban-cas examinadoras são formadas e inicia-se a

avaliação dos relatórios de gestão, de modo que se cons-trua um relatório de avaliação que vai pontuar os vencedo-res. O Conselho do Prêmio avalia e homologa os resul-tados, com a subsequente cerimônia de premiação”, explica Cesar Viana (ao lado), gerente do Prêmio Nacional da Gestão Pública.

O gerenciamento e a ad-ministração do PQGF são

feitos pelo Gespública, sediado no Ministé-rio do Planejamento, Orçamento e Gestão – MPOG. As organizações são reconhecidas pelas boas práticas de gestão e avaliadas nas dimensões de processos gerenciais e resultados organizacionais, compostos por fatores como enfoque, pró-atividade, aplica-ção, aprendizado, integração, relevância e tendência. O sistema de pontuação do PQGF procura determinar o estágio de maturidade da gestão da organização.

A cada ciclo, bancas examinadoras e juízes desenvolvem o trabalho voluntário de análise da atuação das organizações com duração de 15 mil horas. No ciclo 2008/2009, mais de 1,6 mil pessoas foram treinadas para trabalhar no processo de premiação, com o apoio de 27 or-ganizações parceiras em 17 estados.

A banca examinadora avalia as candidatas com base no modelo de excelência em ges-tão pública, alinhado com os modelos de ges-tão utilizados pelos setores público e privado em mais de 120 países, de acordo com oito critérios do modelo de excelência da gestão: liderança, estratégias e planos, clientes, socie-dade, informações e conhecimento, pessoas, processos e resultados.

As organizações que tiveram o reconheci-mento em 2009 fazem parte de um grupo de 35 instituições da administração direta e indi-reta e cinco da categoria especial Saúde, que chegaram à fase final da premiação. O total de organizações inscritas para o atual ciclo foi de 57. “A grande contribuição para o governo e para o País são as organizações melhorarem e modernizarem o seu sistema de gestão, pois o cidadão passa a ser melhor atendido”, acres-centa Viana.

Gestão moderna e eficienteReconhecida 24 vezes com o Prêmio Nacional da Gestão Pública, Eletronorte é destaque entre as instituições públicas

Certificações na norma ISO 9001:2008Uma das formas de sistematizar melhorias nos pro-

cessos empresariais é implantar e aplicar o sistema de certificação da Norma ISO 9001. Com esse objetivo, a Ele-tronorte alcança mais um importante degrau na busca da excelência empresarial, com a certificação de suas nove unidades regionais na norma ISO 9001:2008.

A certificação, realizada por auditores da Bureau Ve-ritas Certification – BVC e BSI Management Systems, foi feita nos processos de aquisição e financeiro das divisões administrativas da Eletronorte nas unidades regionais do Acre, Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e Tucuruí.

A ISO 9001, atualmente na versão 2008, é uma ferra-menta de controle de processos que passa por revisões constantes, adotada há vários anos pela Empresa com o objetivo de garantir a qualidade dos serviços prestados e a melhoria contínua dos processos com foco no cliente.

Atualmente, as unidades da Eletronorte possuem 135 processos certificados na ISO 9001, que serão mantidos anualmente, tomando como base os resultados das audito-rias realizadas pelas próprias certificadoras.

Esse reconhecimento demonstra o compromisso da Eletronorte em seguir os padrões de trabalho elaborados para atender aos requisitos estatutários, à Lei nº 8.666/93, aos acórdãos do Tribunal de Contas da União – TCU, bem como aos requisitos dos clientes.

Page 19: Corrente Contínua 228

co

rr

en

te

co

nt

ínu

a

36

co

rr

en

te

co

nt

ínu

a

37

Os melhores em gestão pública são esco-lhidos pelo Conselho do Prêmio, presidido por Jorge Gerdau Johannpeter e constituído pelos seguintes representantes da sociedade civil: Luiza Helena Inácio Trajano Rodrigues, Cris-tina Ferreira Serra, Luiz Ernesto Gemignani e Silvio Vaz de Almeida.

Aperfeiçoamento - Em 1998, ano de criação do PQGF, a Eletronorte obteve a primeira pre-miação, na Faixa Prata. Hoje, o planejamento e articulação referentes ao Prêmio cabem à Assessoria de Planejamento Empresarial, que possui quatro macroprocessos: planejamento estratégico, sustentabilidade empresarial, de-sempenho empresarial e aperfeiçoamento do sistema de gestão.

Entre 1999 e 2002 houve a consolidação desse processo por meio de avaliações inter-nas e participações externas, de acordo com a maturidade da unidade e, a partir de 2003, houve a ampliação da base de participação. “Atualmente, os clientes do processo são as 57 gerências em nível G1, compostas por superintendências, assessorias, assistentes, coordenações e unidades regionais”, informa o analista de planejamento, Sóstenes Aranha Cavalcante.

O processo está estruturado conforme os modelos do PQGF e do Prêmio Nacional da Qualidade – PNQ, do qual a Eletronorte parti-cipa por intermédio da Regional de Produção de Tucuruí, que obteve no ciclo 2002 o Troféu PQGF, a mais alta premiação entre as institui-ções públicas. A partir de 2003, o processo de avaliação da gestão da Regional migrou do PQGF para o PNQ.

Esse processo está alinhado ao objetivo 8 do planejamento estratégico da Eletronorte, que é “aperfeiçoar a gestão”. Os benefícios da participação da Empresa no PQGF e na bus-ca do aperfeiçoamento são muitos. “O auto-conhecimento, o envolvimento, a cooperação das equipes e o diagnóstico apurado dos pro-cessos para a tomada de decisão possibilitam a implantação de melhorias de forma estrutu-rada e consistente, bem como a consolidação da cultura da excelência empresarial”, declara Sóstenes.

A Eletronorte também utiliza outras ferra-mentas como ISO 9001 (ver box), ISO 14001, Manutenção Total Produtiva – TPM, Estudo de clima Organizacional – ECO, Sistema de Avaliação do Desempenho – SAD, Programa Eletronorte de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico – PEPD, Painel Integrado da Qua-lidade – PIQ, entre outros, que auxiliam na busca da excelência na gestão empresarial.

Exército - As melhores práticas de gestão também são disseminadas entre as institui-ções parceiras do MPOG. “Nós temos diversos parceiros, como a Eletronorte, todo o Sistema Eletrobrás e o próprio Ministério de Minas e Energia. Temos os ministérios das Cidades e da Saúde divulgando essas práticas. Procuramos envolver o governo como um todo. O Exército Brasileiro é outro parceiro, divulgando o Prê-mio para todas as suas unidades”, acrescenta Cesar Viana.

O Exército, visitado pela reportagem de Corrente Contínua, possui 22 unidades agra-ciadas com o PQGF e criou um sistema de excelência para integrar as informações ge-renciais, subsidiando as decisões da alta ad-ministração, ampliando as práticas de gestão e possibilitando a melhoria do desempenho organizacional. Uma das ferramentas utili-zadas é o Sistema de Excelência do Exército Brasileiro – Sispeg, que, pela internet, disse-mina informações sobre as atividades de to-das as 650 unidades da instituição, em nível regional e estadual.

O Laboratório Químico Farmacêutico do Exército Brasileiro – LQFEx é uma das unida-des premiadas. Em 2008, concluiu o processo de modernização do seu parque fabril e, em 2009, a Agência Nacional de Vigilância Sani-tária – Anvisa incluiu o medicamento difosfato de cloroquina (tamiflu), utilizado no combate ao surto do vírus H1N1, na lista de medicamentos de referência. “Hoje, a produção nacional do medicamento é feita pelo LQFEx”, informa o co-

Entre as principais rea-lizações do Programa Na-cional de Gestão Pública e Desburocratização – Gespú-blica, destacam-se a consti-tuição de uma rede de pes-soas físicas e de instituições comprometidas com o de-senvolvimento e o compar-tilhamento de conhecimen-tos, ferramentas e soluções, além da consolidação do Prêmio Nacional da Gestão Pública – PQGF. O Portal da Gestão Pública (www.gespublica.gov.br) constitui-se tam-bém num fórum de discussão para que cada cidadão pos-sa participar do aprimoramento do Modelo de Excelência em Gestão Pública. Confira mais informações nesta entre-vista com Bruno Palvarini, diretor de Programas de Gestão do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.

Quais os principais objetivos do Gespública?A missão do Programa é contribuir para a melhoria

da qualidade dos serviços prestados ao cidadão e para o aumento da competitividade do País. Para cumpri-la, nossa estratégia é promover a articulação, a mobilização e o fomento dos agentes comprometidos com a causa da gestão pública, divulgando o conhecimento associado.

Como é feita a seleção para o PQGF?As instituições interessadas em participar do ciclo de-

vem observar os critérios do Modelo de Excelência em Gestão Pública e apresentar um relatório com práticas que comprovem seu atendimento. A partir daí são realiza-das avaliações por equipes de examinadores e de juízes que, ao fim do processo, encaminham seus resultados para homologação pelo Conselho do Prêmio. As pessoas interessadas em ser voluntárias recebem capacitação nos conceitos do Modelo e contribuem nas análises realiza-das. O Portal da Gestão Pública contém os documentos de referência.

Que resultados o PQGF tem possibilitado para o Governo? e para as empresas e órgãos vencedores?O PQGF permite que o Governo tenha um diagnóstico

“Pela qualidade dos serviços prestados ao cidadão”bastante consistente dos níveis de gestão de suas institui-ções, e que possa verificar o cumprimento de suas estra-tégias. Também representa um canal direto para o fomento de alguns setores da atividade nacional, como por exemplo, setores voltados ao atendimento ao cidadão. Para as institui-ções, em doze anos de Prêmio podemos observar o avanço significativo da cultura de gestão e dos resultados quantita-tivos e qualitativos nos seus desempenhos, além de permitir o compartilhamento de experiências e a transformação do conhecimento tácito em explícito.

Quais as principais necessidades já detectadas para a melhoria da gestão pública?Tais necessidades estão refletidas no documento “Carta

de Brasília”, cuja adesão por instituições públicas se encon-tra aberta desde o dia 30 de abril de 2009. São elas: gestão de pessoas (profissionalização e capacitação), modelos de gestão (com simplificação de processos), rever instrumen-tos de gestão (com maior articulação entre planejamento e orçamento), desenvolver e implementar mecanismos de coordenação e de integração, intensificar o uso de tecno-logia, rever o marco legal (propiciando condições estrutu-rais), reforçar os instrumentos de prevenção e de combate à corrupção e realizar estudos e pesquisas para subsidiar as políticas e diretrizes para a modernização do Estado e para a melhoria da gestão pública.

Como a sociedade pode ajudar nesse processo?Como dissemos, a participação da sociedade é funda-

mental e o papel central de articulação de redes de gestão, realizado pela Secretaria de Gestão, se utiliza de ferramen-tas para o compartilhamento de ideias. Qualquer agente in-teressado (pessoa física ou jurídica) pode acessar o Portal da Gestão Pública ou um de seus canais e verificar a melhor forma de participar dos debates.

A melhoria contínua pode ajudar projetos estratégicos?Apesar de ser uma sólida referência, o Modelo de Exce-

lência em Gestão Pública deve ter uma dinâmica que esteja sempre em conformidade com as necessidades da socie-dade. Atualmente, podemos citar a existência de grandes projetos estratégicos nacionais – como a questão do pré-sal, da habitação e da infraestrutura necessárias a vultosas obras de engenharia – como fontes para contínua melhoria dos instrumentos de gestão. A participação de todos torna as soluções mais robustas e de melhor qualidade.

ronel Paulo Alexandre Cunha (página ao lado, ao centro), chefe da Seção de Informações Or-ganizacionais e Modernização Administrativa da 2ª Subchefia do Estado Maior do Exército.

Além da participação no Gespública, o Exército foi finalista em 2008 do PNQ com o 4º Regimento de Carros de Combate – Rosário do Sul (RS), sendo a primeira organização públi-

ca da administração direta a obter esse reco-nhecimento. “O PQGF permite que nos atua-lizemos nas melhores práticas de gestão, com consistência. A instituição está pulverizada por todo o País e é preciso que a gestão aconteça de forma sistêmica e metodológica, ajudando também na área operacional e na atividade fim da instituição”, diz o coronel Cunha.

Page 20: Corrente Contínua 228

co

rr

en

te

co

nt

ínu

a

39

co

rr

en

te

co

nt

ínu

a

38

Fiocruz - Na Fundação Oswaldo Cruz – Fio-cruz, que entrou de forma corporativa e foi pre-miada este ano no PQGF, o Sistema Informatiza-do de Integração Gerencial é uma das principais ferramentas de integração dos processos e pro-dutos. Acompanhado por todas as unidades da

“O Prêmio é consequência dos esforços das equipes que buscam melhorias nos trabalhos diários, seja na área técnica ou administrativa, com foco no cliente e na integração com a sociedade.”Edgard Temporim Filho - Gerente Regional de Produção de Rondônia

“Esses reconhecimentos vêm coroar os esforços diuturnos dos colaboradores das unidades que, no desenvolvimento de suas atividades, buscam alcançar o estabelecido em nossa Visão: com energia e comprometimento, ser uma Empresa sustentável, referencial de excelência e valorizada pela sociedade.”Jorge Palmeira Diretor-Presidente

“Tudo que conseguimos até aqui é em função do compromisso dos gerentes e de suas equipes, que contribuem para tornar a Empresa referencial de excelência. Parabéns a todos que contribuíram para mais essas conquistas!”Wady Charone Júnior - Diretor de Produção e Comercialização

“O Prêmio representa efetivamente que a Eletronorte vem evoluindo na liderança, na sua inserção socioambiental, no planejamento estratégico, na operacionalização e no controle.”José Martins do Prado - Gerente Regional de Transmissão de Mato Grosso

“Os resultados mostram o nosso compromisso para o atendimento aos requisitos dos clientes, sociedade, acionistas e empregados, refletindo a Visão da Eletronorte.”Sydney Custódio Santana Júnior - Superintendente de Engenharia e Manutenção da Transmissão

“A premiação decorre, entre outras coisas, da continuidade, sistematização e resultados progressivos, pois tudo foi sempre trabalhado para que esse resultado não fosse diferente.”Neusa Maria Lobato Rodrigues - Superintendente de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico

“O reconhecimento mostra que o trabalho desenvolvido possui organização e resultados. É bom que sempre achemos que precisamos melhorar. Esse é o combustível que nos move para não nos mantermos acomodados, mas para progredir sempre.”Mauro Luís Aquino dos Santos - Gerente Regional de Transmissão do Maranhão

instituição, permite a avaliação constante da alta administração e das administrações locais. “São mais de quatro mil processos e projetos inseridos nas diferentes ações da Fundação, o que envolve produção, pesquisa, ensino, tecno-logia da informação, administração, gestão do conhecimento e comunicação”, informa Mirian Cohen, secretária-executiva do Comitê Subseto-rial Gespública da Fiocruz (ao lado).

Toda a gestão da Fiocruz é feita por um co-letivo de dirigentes, submetido a um colegia-do de gestores. As deliberações são feitas em assembléia realizada por meio de congresso interno, do qual participam os delegados elei-tos das unidades. A assembléia define o plano quadrianual, com as diretrizes e análises de cenários interno e externo.

“Considero ousadia a Fiocruz entrar cor-porativamente nesse processo, porque, geral-mente, as instituições entram com uma uni-

dade ou regional. Entrar de forma corporativa e obter o Prêmio, logo de primeira vez, é uma experiência única e ajudou muito a fortalecer a integração institucional, pois nos permite dar transparência pública aos procedimentos e re-sultados e há melhorias também nos diversos processos relacionados à gestão”, diz Mirian.

Na Eletronorte, são várias as melhorias já implementadas. “Nós não podemos carimbar determinadas melhorias como oriundas ape-nas de um programa. Mas, nesse processo de aperfeiçoamento de gestão e de preparação para o PQGF, foram identificadas lacunas que levaram, por exemplo, à integração das infor-mações financeiras no sistema SAP-R3. A or-ganização do ECO e SAD é outra melhoria que decorre desse processo”, afirma Sóstenes Ara-nha (ao lado).

O que se busca, afinal, com todas as fer-ramentas, práticas e programas corporativos

é a excelência na gestão. Na Eletronorte, a agenda está em curso para melhorar a efici-ência, a eficácia e a efetividade dos processos empresariais. Com uma gestão eficiente, todos ganham: o Estado, os trabalhadores e, sobre-tudo, a sociedade brasileira.

Foto

: Gus

tavo

Car

valh

o

Page 21: Corrente Contínua 228

co

rr

en

te

co

nt

ínu

a

41

co

rr

en

te

co

nt

ínu

a

40

Equipamentos de última geração serão usados na linha do Madeira

teCn

oLoG

IA Linha direta para a energiaTransmissão via eletrodo de terra permite manutenção por até 30 dias, sem desligamento

Byron de Quevedo

“O petróleo, inclusive as riquezas do pré-sal, o carvão mineral, o xisto betuminoso e todo o acervo mundial de combustíveis fósseis, irão acabar. E isso é irreversível. O que nos salvará serão as fontes limpas e renováveis de energia elétrica”. A frase é do engenheiro de manuten-ção elétrica da Assessoria de Gestão Antecipa-da, da Diretoria de Produção e Comercializa-ção da Eletronorte, Winter Andrade Coelho. O assunto entrou na pauta de prioridades depois que a Eletronorte (24,5%), em parceria com a Eletrosul (24,5%), Abengoa Brasil (25,5%) e Andrade Gutierrez Par (25,5%), formou o Consórcio Integração Norte Brasil e arrema-tou os lotes A, C e G do leilão 007/2008 da Aneel. Na ocasião foi definida a corrente con-tínua como única alternativa para o sistema de transmissão associado às hidrelétricas do Rio Madeira, Santo Antônio e Jirau.

Trata-se do mais extenso e complexo siste-ma de transmissão de energia elétrica do mun-

do, com 2.392,3 km, quatro subestações, R$ 363,3 milhões de Receita Anual Permitida (RAP) e R$ 3,36 bilhões de investimentos. O lote A é composto por SE Coletora Porto Velho 500/230 kV; duas estações conversoras CA/CC/CA back-to-back 400 MW; – LT Coleto-ra Porto Velho – Porto Velho, C1 E C2, 230 kV em dois circuitos simples, com extensão apro-ximada de 17,3 km. O lote C é composto por Estação Retificadora nº. 01 CA/CC, 500/±600 kV – 3.150 MW; Estação Inversora nº. 01 CC/CA, ±600/500 kV – 2.950 MW. E o lote G é composto por LT Coletora Porto Velho – Ara-raquara 2, em CC, ±600 kV, em, circuito sim-ples, com extensão aproximada de 2.375 km. As obras estão sendo executadas pelas Socie-dades de Propósito Específico (SPEs) Estação Transmissora de Energia S/A e Norte Brasil Transmissora de Energia S/A.

Segundo o diretor de Produção e Comer-cialização da Eletronorte, Wady Charone, “o empreendimento se traduz em novo marco para a Eletronorte e para a nossa história, pois

vamos aprender uma nova maneira de traba-lhar e operar, que é a corrente contínua, o que nos proporcionará um ganho extraordinário de conhecimento”. Winter concorda: “Passamos a ser uma Empresa nacional e não apenas atu-ante na Amazônia. Chegamos ao Sudeste do País, no centro alimentador do principal polo industrial brasileiro, que é São Paulo, trans-mitindo a carga total de Santo Antônio e Jirau por meio de duas linhas em corrente contínua, sendo uma de nossa responsabilidade”.

A retomada da construção de grandes li-nhas em corrente contínua é mais um marco no modelo atual do Setor Elétrico brasileiro, que também valoriza as fontes hídricas e al-ternativas não poluentes. Uma das medidas concretas do Governo Federal nesse sentido é o Plano Nacional Sobre Mudanças no Clima, que prevê mais investimentos em fontes lim-pas de produção de energia. Segundo o Mi-nistério de Minas e Energia, a participação do setor energético brasileiro na emissão de CO² varia de 2,5% a 3,5% apenas, e que 46% da

Page 22: Corrente Contínua 228

co

rr

en

te

co

nt

ínu

a

42

co

rr

en

te

co

nt

ínu

a

43

matriz são de fontes renováveis. Nesse contex-to, a hidreletricidade ganha espaço, tanto por ser hoje a principal fonte geradora, como nos futuros empreendimentos, notadamente na região amazônica, que demandarão extensos sistemas de transmissão em corrente contínua e a sua integração ao Sistema Interligado Na-cional – SIN.

No leilão do sistema de transmissão asso-ciado ao complexo hidrelétrico do Madeira, os estudos apontaram para a solução em corren-te contínua. “Verificando-se os comparativos econômicos e financeiros, ficou claro ser a melhor opção a linha em CC, ±600 kV, que terá manutenção um pouco mais cara, mas com menos falhas nos equipamentos. Inclu-sive, o custo de implantação dos transforma-

dores, estrutura da linha, disjuntores, isolado-res e demais equipamentos é menor”, afirma Winter (acima). Segundo a EPE, o conjunto de todos os equipamentos para linhas em cor-rente contínua é até 40% mais barato que em corrente alternada.

Quais as vantagens de se fazer uma linha em corrente contínua?Primeiro, essa é uma oportunidade de se fazer uma das

maiores linhas de transmissão de tensões elevadas no mun-do, com quase 2.400 km de extensão, em 600 mil Volts. E, por conseguinte, a Eletronorte se insere oportunamente na tecnologia. A Empresa passará a ter um conjunto importante de equipamentos e uma estrutura de expressão tecnológica. A obra abrirá possibilidades, principalmente para os enge-nheiros e técnicos envolvidos com o projeto. E também gera-rá recursos e lucros, sendo um ótimo investimento.

As grandes linhas em corrente contínua devem ser vistas como uma tendência mundial?Não é ainda uma tendência mundial permanente, mas

considerando que a Eletronorte ainda vai fazer muitas obras de grandes distâncias na Amazônia, provavelmente será por meio dessa tecnologia, para diminuir as perdas e aumentar a confiabilidade nas transmissões. Não é a única solução,

mas tem uma série de vantagens. Sob esta ótica pode-mos dizer que para linhas de grandes distâncias é uma tendência, e é uma tecnologia que a Eletronorte utilizará por muitos anos. Infelizmente, existe uma reação contra as grandes hidrelétricas, fruto da má fundamentação e di-vulgação sobre a tecnologia usada por elas. Se os projetos para elas emperrarem, essa tendência pode vir a não se confirmar no Brasil.

Quais as implicações para a expansão do sistema de transmissão brasileiro rumo à internacionalização na América Latina?Tecnicamente a integração é boa. Ela melhora a assis-

tência dos sistemas, como acontece com o europeu, todo internacionalizado e é excelente. A Europa Ocidental tem linhas bem mais extensas que as nossas. Há outras boas experiências em regiões comuns entre o Canadá e os Es-tados Unidos. As áreas de conflitos e guerras na América do Sul não devem ser vistas como um problema exclusivo

para o Setor Elétrico. O Brasil ressurge a partir dos anos 1930, quando éramos 40 milhões de habitantes, com vá-rias áreas desérticas. Hoje o País tem mais consistência econômica, política e social. É importante estendermos os benefícios dessas conquistas às populações carentes dos países vizinhos. Quanto mais colaborarmos, mais nos relacionaremos pacificamente com eles, reforçando, in-clusive, a segurança nacional.

Como fica o rebaixamento das tensões para vilas e cidades ao longo das linhas em corrente contínua? Linhas de transmissão para grandes blocos de

energia sempre tenderão a ser de ponta a ponta. Baixar energia para pequenas localidades nunca é fácil. O fato é que a geração do Madeira só terá mercado rentável no Sudeste. O atendimento local será por meio da geração e transmissão regionais, como hoje já é feito pela Eletronorte, a partir de sistemas de média tensão, em 230 kV, já existentes e em expansão com a integração ao SIN. O grosso da energia de Itaipu, por exemplo, vai direto para São Paulo, não fica no Paraná. A malha brasileira está se adensando e todos serão atendidos por ela, beneficiando todo o sistema elétrico e os consumidores de todas as classes de consumo.

Curso intensivo sobre linhas de transmissãoem corrente contínua reúne especialistas

back-to-back – Segundo Winter Andra-de, o sistema back-to-back funcionará como uma estação conversora e inversora simulta-neamente instalada no mesmo espaço físico da estação coletora de Porto Velho, com dois polos, um negativo e outro positivo. A energia sai das máquinas geradoras em corrente alter-nada, passa pelos transformadores e entra nas conversoras, que por ação das válvulas de tiris-tores, sai transformada em corrente contínua. Existe muita tecnologia de potência eletrônica que envolve os segredos da conversão. Então, da conversora, em Porto Velho, sairá a corren-te contínua que irá até Araraquara, onde uma estação inversora a transforma em corrente alternada novamente, jogando-a na tensão de operação da concessionária local, a CTEEP.

“São equipamentos sensíveis, rápidos. A perda de energia dissipada no caminho é de 5,6% do total da carga despachada, enquanto no sistema de corrente alternada tem-se até 18% de perda. Projetando-se no tempo o ganho com a energia não dissipada, teremos uma economia importante. E, além disso, depois de todos os parâmetros eletro-mecânicos ajustados, a transmissão em cor-rente contínua se estabiliza e os desligamen-tos são raros. A superioridade da corrente contínua está nas respostas, na velocidade dos controles, na flexibilidade operacional, e tudo isso são ganhos que se somam a um sistema produtivo e confiável. Simplifican-do, se fôssemos fazer uma linha de três mil km em corrente alternada, por exemplo, em

Técnicos da Eletronorte, Eletrosul e do Centro de Pesquisa de Energia Elétrica - Cepel reuniram-se em Brasília para discutir as diretrizes do Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS, referentes aos projetos do sistema de transmissão associado ao complexo do Madeira. Os resultados das análises dos pontos levantados pelo ONS serviram de base para os debates com representantes do fabricante Asea Brown Boveri - ABB. Entre os profissionais presentes, o conceituado especialista em transmissão de energia elétrica, um dos fundadores e professor do laboratório da alta tensão da UnB, e participante do projeto de Itaipu, o professor João Barros (foto), do Cepel, que nos fala dessa nova fase de preparação do corpo técnico para enfrentar o desafio de se trabalhar em corrente contínua.

Page 23: Corrente Contínua 228

co

rr

en

te

co

nt

ínu

a

45

co

rr

en

te

co

nt

ínu

a

44

500 kV, teríamos que instalar três fases. Num sistema em corrente contínua são dois cabos mais espessos”, explica Winter.

Transmissão sem cabos - Há ainda um atrativo relevante nas linhas longas em corren-te contínua: a transmissão via eletrodo de ter-ra, que permite a manutenção da transmissão, por até 30 dias, mesmo com a perda de uma fase ou de um cabo. Linhas em corrente al-ternada não têm esse artifício tecnológico. Na corrente alternada, se uma linha é danificada, a transmissão é interrompida. Na corrente contínua, se um dos polos cair, a transmissão continua, justamente pela existência do eletro-do de terra, que é a ligação elétrica que se faz através da eletrocondutibilidade das camadas profundas da terra. “Basicamente são dois

cabos que saem das subestações, com ter-minais acoplados nas extremidades a eletro-dos de terra (vários anodos de ferro fundido) colocados num raio de 500 m e enterrados a 5 m de profundidade. Eles são interligados e chaveados entre si.

Em casos de alguma não-conformidade no sistema ou equipamentos, a energia vem por esses cabos, se infiltra na terra, viaja até 40 km de profundidade e, ao se aproximar do magma terrestre, encontra uma massa de me-tais em ebulição à temperatura de até dez mil graus centígrados, altamente condutora. En-tão, a corrente elétrica busca o caminho mais simples e localiza o receptor com as mesmas características elétricas e a transmissão se normaliza. “Em linguagem mais simples, os dois terminais e as subestações têm a mes-ma distância entre si. Em Araraquara terá um retorno de terra e em Porto Velho terá outro. De lá sairá uma linha de 30 km de extensão acoplada ao eletrodo; e em Araraquara exis-tirá outro terminal, também acoplado ao ele-trodo. Quando se perde um dos dois polos da linha de transmissão principal esses artifícios elétricos entram em ação automaticamente, assumindo o papel dos cabos danificados”, detalha Winter.

Pré-Sal do Setor Elétrico - Winter vê neste

sistema de transporte de grandes blocos de energia, o ‘pré-sal’ do Setor Elétrico, já que em determinadas situações, usaremos as ca-madas profundas da terra como meio trans-missor. “O mais encantador desse sistema”, comenta, “é a simplicidade e singeleza de sua construção e a facilidade de se operar. E to-dos podem ficar tranquilos, pois ninguém vai roubar a nossa energia. Ela jamais se conec-tará a um terminal da Hidrelétrica Três Gar-gantas, na China, por exemplo, pois os arran-jos de engenharia eletrônica, de potência, de ligações elétricas e outros detalhes técnicos impedem a conexão a terminais indevidos. A corrente elétrica viajará pela terra na velocida-de da luz, podendo chegar em outros países que também detêm a tecnologia, mas acaba-rá encontrando o terminal elétrico exato em Araraquara, interior de São Paulo”.

No Brasil, o sistema funciona perfeitamente nas subestações Ibiúna (SP) e Foz do Iguaçu (PR), ambas de Furnas; e na subestação Ga-rabi (RS). Agora, a Eletronorte também passa a dominar essa tecnologia, cujo know-how do ciclo tecnológico completo seria patrimônio de apenas quatro técnicos em todo o mundo.

ener

GIA

AtIV

A terra de bois, grãos e peixesmato Grosso investe em projetos de aquiculturaNo coração do Brasil, Mato Grosso é co-

nhecido por pastos que abrigam um enorme rebanho, e plantações de soja, algodão e milho em quantidade infindável. Além de ser a terra do agronegócio, o estado vem mostrando que tem potencial e condições para se destacar em uma nova frente econômica: a aquicultu-ra. A tendência em se transformar no maior produtor de carne de peixe do Brasil e de pes-cados em geral está explícita na organização da atividade em nível local e nacional, nos in-vestimentos previstos pelo governo estadual e federal, na capacitação e no ordenamento da cadeia produtiva.

Primeiro lugar na produção de peixe nativo de água doce e quinto na produção total da aquicultura, Mato Grosso produz anualmen-te cerca de 20 mil toneladas de peixe, com destaque para as espécies pintado, tambacu e tambaqui. São 56% da fatia da piscicultura na região Centro-Oeste e 6,2% do mercado nacio-nal. “Temos todas as características necessá-

rias para nos projetarmos ao topo da produção brasileira. Uma rica bacia hidrográfica, clima que nos permite o manejo ininterrupto nos 365 dias do ano, localização favorável à fácil distri-buição do produto e, principal-mente, uma grande quantidade de propriedades e assentamentos rurais voltados à aquicultura fami-liar”, afirma o superintendente de Programas Especiais da Secreta-ria de Desenvolvimento Rural do Governo de Mato Grosso (Seder), Paulo Bilego (ao lado).

Bilego alega que o crescimen-to da demanda de alimentos pela população de menor renda em Mato Grosso, principalmente nos assentamentos rurais, fez com que o poder executivo estadual, em parce-ria com os municípios, procurasse a melhor alternativa para alavancar uma produção de alimentos com operações praticáveis a uma

Acima, marcação

dos anodos do eletrodo

de terra. Abaixo, torre

de válvulas da estação conversora

Foto

: Edi

son

Rod

rigue

s - S

ecom

- M

T

Page 24: Corrente Contínua 228

co

rr

en

te

co

nt

ínu

a

46

co

rr

en

te

co

nt

ínu

a

47

pequena propriedade rural. Assim, foi criado o Programa Mato-Grossense de Desenvolvimen-to da Aquicultura (Criar N’ Água).

O programa objetiva melhor ordenar a piscicultura, suprir de boa proteína de pei-xe a alimentação dos produtores rurais de baixa renda e dar condições para a me-renda escolar nos municípios, utilizando produtos provenientes do pescado. “Com o Criar N’Água esperamos promover a ver-dadeira pulverização da atividade, com um frigorífico em cada um dos 15 consórcios e a produção voltada para a merenda escolar, sendo o excedente vendido para o comér-cio da região”, explica Bilego.

O programa prevê recursos de R$ 40 mi-lhões para beneficiar cerca de 1.400 pro-dutores que já atuam no setor e outros que se juntarão à atividade por conta do estímu-lo em andamento. Os municípios vão dis-por, em média, de dez hectares destinados a grupos de piscicultores. De acordo com Bilego, a meta é crescer sete mil toneladas ao ano.

Hidrelétricas e tanques-rede - Um dos pro-jetos que promete alavancar a produtividade e rentabilidade da piscicultura na região é o sis-tema de criação de peixes em tanques-rede. O Ministério da Pesca e Aquicultura prevê a instalação de unidade demonstrativa para ins-talação de 35 tanques devendo contemplar ribeirinhos, pescadores e moradores da região do Aproveitamento Hidrelétrico Manso, inclu-sive os atingidos pela barragem.

“A concessão ou não das águas públicas da União para o cultivo de peixes é que irá determinar se teremos um salto quantitativo de produtividade imenso nos próximos cinco anos ou não”, afirma Francisco das Chagas de Medeiros, diretor técnico da Associação dos Aquicultores do Estado de Mato Grosso (Aquamat).

Francisco esclarece que o diferencial do uso das grandes e médias hidrelétricas e das pequenas centrais (PCHs) para a piscicultura está relacionado ao baixo valor de investimen-to necessário, já que não é preciso a escava-ção de tanques, que corresponde ao maior gasto no início da produção. “Estamos num momento de mudança, há grupos de investi-dores procurando as hidrelétricas e PCHs pra investir. O que ainda os impede é a cultura dos proprietários das PCHs de se acharem proprietários também da água, que na verda-de é um patrimônio público”.

Com a instalação de tanques-rede em lagos hidrelétricos, acredita-se que, num prazo de cinco anos, a produção anual estadual salte para 50 mil toneladas anuais. Segundo Francis-co, a justificativa para o projeto de tanques-rede é muito simples: produtividade e rentabilidade. Esse tipo de criação permite ter o maior número de peixes no menor espaço possível, o que re-duz custos e aumenta a renda do piscicultor.

Garimpando peixe - O que era um grave problema ambiental em Mato Grosso se trans-forma, aos poucos, em alternativa econômica

sustentável e ambientalmente correta. A ideia é de um dos maiores entusiastas e pioneiros da piscicultura no estado, o médico veteriná-rio e assessor técnico da Seder, Adair José de

Moraes (ao lado). Segundo ele, o obje-

tivo é transformar áreas degradadas pelo garim-po de ouro e diamante em tanques de piscicul-tura, nos municípios de Alto Paraguai, Peixoto de Azevedo, Poconé, Alta

Floresta, Guiratinga e Nortelândia. “É uma for-ma de revitalizarmos esses ambientes de ma-neira economicamente produtiva, e fixarmos o homem no campo, dando condições de traba-lho àquilo que nós já temos como alternativa econômica de renda”.

Adair também fala dos estudos realizados em alguns garimpos para mensurar a quan-tidade de mercúrio na água. “A Universidade Estadual de Mato Grosso (Unemat) apontou que não foram encontrados resíduos de mer-cúrio contaminando a água. Os garimpos de diamante não utilizam o mercúrio, como no

Barragem de engorda da Delicious Fish

Page 25: Corrente Contínua 228

co

rr

en

te

co

nt

ínu

a

48

co

rr

en

te

co

nt

ínu

a

49

caso dos garimpos de ouro, mas mesmo onde houve a utilização do produto há casos de águas que não estão contaminadas e podem ser aproveitadas para a piscicultura”.

Verticalizando a produção - Se depender de experiências bem-sucedidas, Mato Grosso larga na frente. Três empresas já trabalham ex-clusivamente com peixes de criadouros: a De-licious Fish Indústria e Comércio de Pescados, o Grupo Bom Futuro e a Nativ - Indústria Bra-sileira de Pescados Amazônicos. A Delicious Fish mantém um audacioso projeto verticaliza-do com agregação de valores, com laboratório, indústria de ração, engorda e processamento de peixes. Com um dos maiores centros de reprodução e engorda do País, localizado no

distrito de Primavera, no município de Sorriso (distante 410 km ao norte de Cuiabá), a em-presa possui no total 350 hectares de lâmina de água divididos em dois lagos de 100 ha cada, mais dois de 60 ha cada e vários tanques de diferentes proporções.

De acordo com o fundador e proprietário da empresa, João Pedro da Silva, atualmente são abatidas dez toneladas de pescado por dia, divididas em três toneladas de pintado e sete toneladas de tambacu. “Em Mato Grosso, com orientação técnica, não há como não prospe-rar com o manejo do peixe. Nós temos o me-nor preço de ração por causa da grande oferta de grãos, as melhores condições climáticas e o principal insumo para o cultivo: o sol. Para se ter noção, o investimento do tanque-rede é amortizado no primeiro ano”.

Conforme João Pedro, o investimento é re-lativo, dependendo da região. “Para dar início à criação, o agricultor terá um custo que pode variar de R$ 5 mil a R$ 100 mil por hectare. No entanto, a piscicultura é uma atividade al-tamente rentável e pode ser praticada por pe-quenos produtores. A produção chega a cinco toneladas por hectare, deixando uma renda para o piscicultor de 70% a 100%”, alega.

Socializando a produção - Mas Mato Gros-so não aposta apenas nos grandes produtores, mas muito mais nos pequenos e médios, in-centivando e induzindo o consumo do pesca-do nas comunidades de baixa renda. A pis-cicultura DuBira é um exemplo. Instalada no município de Poconé, a 100 km de Cuiabá, é

composto por nove tanques que somam cinco ha de lâmina d’água, onde são produzidas 40 toneladas de peixe por ano.

Como não possui frigorífico, a proprietária, Maria da Glória Bezerra Chaves, explica que 70% da sua produção são vendidos em fei-ras sem processar, e o restante no entorno da propriedade diretamente ao consumidor e a alguns restaurantes de Cuiabá. “O processa-mento do peixe agrega valor à produção e traz benefícios para o produtor. A Aquamat deu entrada no Ministério da Pesca e Aquicultura ao projeto de uma unidade de processamen-to de peixe. Estamos esperando a aprovação para processar nosso peixe, em conjunto com outros associados”.

Com o intuito de melhorar esse processo, o Sebrae Mato Grosso, em parceria com a Aquamat, criou o curso ‘Como Iniciar uma Piscicultura Comercial’, que trata dos sis-temas de criação de peixes, princípios de construção de viveiros e represas, espécies de peixes, análise econômica da piscicultu-ra, qualidade da água, controle, princípios de alimentação e nutrição, manejo, mercado e comercialização. Nas aulas práticas, realiza-das na DuBira, os participantes aprendem aspectos do manejo, como alimentação e despesca, bem como medição da qualidade da água. “Essa iniciativa é formidável. Se ti-véssemos tido uma orientação como essa no início da produção, poderíamos ter evitado perdas desnecessárias”, relata Maria da Gló-ria (abaixo, com o marido Ubiraci).

Do rio para cozinha - O pirarucu que virou a canoa. O dourado que arrebentou a linha de pesca. O jacaré que fingiu ser tronco para pe-gar o pescador. Qualquer um que vá a Mato Grosso, com certeza ouvirá alguma estória pa-recida. No entanto, são os suculentos pratos feitos com os troféus das pescarias que têm alcançado fama mundial, com o sabor inigua-lável do peixe mato-grossense.

Ilustrando a cozinha regional, confira a recei-ta do pacu assado com farofa de couve, do chef Jorge Alberto, do restaurante Lélis Peixaria.

Ingredientes: separe um pacu de dois a três quilos; seis limões (um para o tempero); uma cebola grande; meia cebola pequena; sete dentes de alho; duas colheres de margarina; dois maços de couve nova; 300 g de farinha de mandioca; uma xícara de chá de água; sal e pimenta a gosto.

Modo de preparo: Tire as escamas do peixe sem tirar o couro. Deixe o pacu inteiro imerso em água acidulada com o suco de cinco li-mões, por 30 minutos. Escorra bem e tempere o peixe com uma cebola grande picada, suco de um limão, quatro dentes de alho amassa-dos, uma xícara de água (a água vai dar volu-me ao molho e evitar que o peixe fique seco até o final do cozimento). Para preparar a faro-fa de couve, refogue-a em uma caçarola com a margarina. À parte, frite ligeiramente o alho e a cebola. Junte então a farinha de mandioca e depois misture a couve. Recheie a barriga do pacu com essa farofa e costure-a com uma agulha e linha grossa (o couro do pacu é duro). Esquente o forno em temperatura média (cer-ca de 190°). Acomode o pacu recheado em uma assadeira e leve-o ao forno por cerca de uma hora, até tostar o couro do peixe.

Modo de servir: O prato pode ser guarneci-do com arroz branco, farofa de banana, vina-grete e pirão.

*Colaborou Arícia Figueiredo, da Regional de Transmissão de Mato Grosso

Uso de tanques-rede, acima; e aula

prática abaixo, garantem

maior produção

Page 26: Corrente Contínua 228

co

rr

en

te

co

nt

ínu

a

50

co

rr

en

te

co

nt

ínu

a

51

Oscar Filho

São 18h18m35s do dia 22 de setembro de 2009. Os raios do sol, no seu movimento, caíram diretamente sobre a linha do Equador. Esse foi o horário oficial do equinócio da pri-mavera, um dos mais exuberantes fenômenos da natureza, visualizado e celebrado no monu-mento Marco Zero, um dos principais pontos turísticos de Macapá (AP), única capital brasi-leira cortada pela linha imaginária, paralelo que divide o globo terrestre nos dois hemisférios.

Os movimentos que a Terra realiza em seu percurso ao redor do sol (rotação e translação) dividem as estações do ano, os equinócios e os solstícios. Segundo a Secretaria de Turismo do Amapá, no calendário civil do hemisfério sul para o ano de 2009, as datas para o início das estações do ano são: 20 de março – equinócio de outono; 20 de junho – solstício de inverno; 22 de setembro – equinócio de primavera; 21 de dezembro – solstício de verão. O dia e hora exatos variam de um ano para outro e quando o solstício ocorre no verão significa que a du-ração do dia é a mais longa do ano. Quando ocorre no inverno, significa que a duração da noite é a mais longa do ano.

A palavra equinócio deriva do latim aequinoc-tium, que significa noite igual e refere-se ao mo-mento do ano em que a duração do dia é igual à da noite sobre toda a Terra. Segundo o as-trônomo Marcomede Rangel, do Instituto Espa-cial do Rio de Janeiro, o fenômeno do Equador acontece duas vezes ao ano: “Para entendê-lo, é preciso estudar a história. Antigamente, a lua e sol eram deuses da natureza para as civiliza-ções que aqui habitaram, e o equinócio trazia muitas energias. Na verdade, traz até hoje” ex-plica Marcomede.

De 21 a 23 de setembro de 2009 foi cum-prida uma programação especial em Macapá,

AmAZ

ÔnIA

e n

ÓS Amapá:

do equinócio à pororoca

Linha da imaginação - “É fácil o meu endereço/ vá lá quando o sol se pôr/ na esquina do rio mais belo/ com a linha do Equador”. É assim que o poeta e músico amapaense Zé Miguel canta o refrão da canção Meu Endereço, que exalta o encon-tro da foz do Rio Amazonas com a linha do Equador. Bem ali, está o Parque do Meio do Mundo, constituído pelo obelisco do relógio de sol no Marco Zero do Equador, local exa-to de observação do equinócio.

O parque inclui também a Escola Sam-bódromo de Artes Populares, um espaço de valorização da cultura e da arte amapaen-ses, utilizado para o desfile das escolas de samba, blocos carnavalescos, o festival da quadra junina e grandes shows musicais, com capacidade para aproximadamente 35 mil pessoas; e o estádio de futebol Zerão, em fase de reforma, dividido pela linha do Equador, o que possibilita um time atacar para o hemisfério norte e outro para o sul.

A Avenida Equatorial, que segue o tra-çado da linha imaginária do Equador, faz

a ponte do complexo Meio do Mundo com o Rio Amazonas. Essa é outra peculiaridade de Macapá: também é a única capital brasileira banhada pelo maior rio do mundo em volu-me d’água e extensão. O rio-mar banha toda a frente da cidade, com incontáveis atrações turísticas e um passeio inesquecível pela orla amazônica, em um percurso por seis bairros e muitas paradas obrigatórias. Vamos juntos!

com a realização de oficinas, feiras, experiên-cias científicas, atrações culturais, manifesta-ções folclóricas e a observação do fenômeno natural que atraiu milhares de pessoas, entre estudantes, turistas, pesquisadores e jornalis-tas. E uma centena de casais que escolheram a festa do equinócio para dizer sim com uma luz especial e muito romantismo, em mais uma edição do casamento comunitário reali-zado pela Secretaria de Inclusão e Mobilização Social do governo estadual, em parceria com o Tribunal de Justiça.

O casal Vanda Nascimento e Manoel Maria da Conceição, que vive junto há sete anos, re-presentou os demais casais no palco. Ela, 43 anos, e ele, 56, decidiram se casar para oficia-lizar a união e o amor que sentem um pelo ou-tro. Outra prova desse amor veio na união de Jurandir Nascimento e Angélica Barros. Jun-tos há 13 anos e com quatro filhos, o casal é oriundo do arquipélago do Bailique. “Sempre tivemos vontade de oficializar a nossa união, mas nossa condição financeira não permitia. Por meio desse projeto tão maravilhoso, tive-mos a oportunidade de realizar um sonho”, agradeceu Angélica.

Divulgação - Governo do Amapá

Page 27: Corrente Contínua 228

co

rr

en

te

co

nt

ínu

a

52

co

rr

en

te

co

nt

ínu

a

53

Fortaleza de São José de Macapá (acima) - Ao lado da Casa do Artesão está esse imponen-te monumento, tombado pelo Instituto do Pa-trimônio Histórico e Artístico Nacional - Iphan. Considerada a mais bela e a maior construção militar do Brasil no período colonial, de estilo ‘vauban’, em quadrado e baluartes pentagonais nos vértices. Ao redor da Fortaleza está o ponto mais concorrido da cidade, o Parque do Forte, popularmente batizado de ‘lugar bonito’.

Igreja de São José - É o monumento mais antigo da cidade e sua construção data do sé-culo XVIII. Foi inaugurada no dia 6 de março de 1671 e todos os anos tem festa no dia do padroeiro. O interior do templo é pintado de branco e o estilo arquitetônico é o inaciano. A igreja leva o nome do santo padroeiro da cidade, reverenciado em 19 de março com missas, procissão e outros rituais litúrgicos.

Pedra do Guindaste (ao lado) - Localizada a cerca de 300 m da margem do Amazonas, a pedra original foi derrubada pela colisão de um barco. Em seu lugar construiu-se um bloco de concreto e sobre ele uma imagem de São José, santo padroeiro de Macapá. Existem muitas len-das em torno da Pedra do Guindaste, que pode ser observada do trapiche Eliezer Levy, servindo de inspiração a muitos artistas regionais.

Teatro das Bacabeiras (página à direita) - Inaugurado em 1990, caracteriza-se pela ar-quitetura moderna de tipo italiana, estilo que o

guarneceu de grande imponência, atribuindo-lhe especial destaque no patrimônio arquite-tônico da cidade. Tem capacidade para 705 pessoas sentadas, tendo entre outras depen-dências fosso de orquestra, mezanino, salas de projeção, ensaios e oficinas. O nome lem-bra a antiga instância das bacabas, a macapa-ba, nome indígena de palmeira nativa da qual se originou o nome Macapá.

Casa do Artesão e do Índio (acima e ao lado) - A maior exposição do artesanato cabo-clo e indígena, com trabalhos dos povos waiãpi, karipuna, palikur, galibi, apari, waina, tirió e ka-xuiana. Na confecção das peças são utilizados o vime, madeira, argila, fibra vegetal, semen-tes, penas, entre outros elementos retirados da natureza, sem impactar o meio ambiente.

Antigo Fórum - Com arquitetura ao estilo neoclássico histórico, apresenta aspecto sóbrio e majestoso com linhas greco-romanas. Sua fachada principal apresenta sob o frontão co-lunas ‘corintias’ em pedra de lio. À sua frente, dois leões, característica do período neoclássi-co. Atualmente funciona como prédio da OAB.

Antiga Intendência e Museu Joaquim Cae-tano - É uma construção do final do século XIX, mais precisamente de 1895, para funcionar a antiga Intendência de Macapá. Com influência neoclássica, o estilo arquitetônico tornou-se de grande importância durante o período do Im-pério. Atualmente o prédio abriga o Museu His-tórico do Amapá Joaquim Caetano da Silva.

Trapiche Eliezer Levy (abaixo) - Com 1 km de extensão rio adentro, construído de concre-to armado, possui um bondinho elétrico. De-

Foto

s: E

wer

ton

Fran

ça

Page 28: Corrente Contínua 228

co

rr

en

te

co

nt

ínu

a

54

co

rr

en

te

co

nt

ínu

a

55

pois de se deliciar com as fortes brisas amazô-nicas, o visitante sai do trapiche, passa pelos quiosques da beira-rio onde saboreia pratos típicos (confira abaixo a receita do pirarucu). O passeio continua do outro lado da rua.

Apa do Curiaú - A oito km de Macapá constitui-se em uma das mais importantes comunidades negras do Amapá. É também uma Área de Preservação Ambiental (APA), que tem como objetivo a proteção e a conser-vação dos recursos naturais e ambientais da região. Os moradores lutam para preservar a memória dos antigos escravos trazidos no sé-culo XVIII para a construção da Fortaleza de São José. Foram eles os formadores dos pe-quenos núcleos familiares que originaram a Vila do Curiaú (antigo quilombo), e as demais comunidades existentes na área.

Museu Sacaca – Por meio de ambientes naturais e culturais, palestras, exposições e seminários, o Museu transmite à comunida-de os trabalhos desenvolvidos pelo Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá - Iepa. É uma alternativa de multipli-cação de informações sobre os avanços tec-nológicos, possíveis de aplicação na busca da melhoria de qualidade de vida.

Centro de Cultura Negra - Inaugurado em

1998, no folclórico bairro do Laguinho, repre-senta a revitalização e a valorização da cultura negra no Amapá. Sua área contempla um anfi-teatro, museu do negro, auditório, espaço afro-religioso, sala de múltiplo uso e administração. Trata-se de um espaço cultural democrático, utilizado principalmente para divulgar e pre-servar a cultura afro-brasileira.

Ferreira Gomes – Ao sair do Curiaú o visi-tante segue viagem pela BR-156, estrada que começa no município de Laranjal do Jari, na divisa com o Estado do Pará, chegando ao mu-nicípio de Oiapoque, marco inicial do Brasil na fronteira com a Guiana Francesa. São aproxi-madamente 900 km de rodovia que interligam o Amapá de sul a norte. No meio do caminho, na região sudeste, está Ferreira Gomes, a 140 km de Macapá, com população estimada em seis mil habitantes. O município é a casa da Usina Hidrelétrica Coaracy Nunes, a pioneira da Amazônia e da Eletronorte, impulsionada pelas águas do Rio Araguari.

Rio Araguari - Aqui é o nosso ponto de che-gada. “E eu fui parar noutro rio/ atrás do meu grande amor/ nas águas do Araguari/meu co-ração se encantou”. Versos que ecoam na voz

forte de Amadeu Cavalcante cantam as mara-vilhas e mistérios desse rio encantado que é o principal atrativo turístico de Ferreira Gomes, com uma orla de quase mil metros. Dados do Iepa mostram que o Araguari é o maior e mais importante rio do estado, com aproximadamen-te 300 km de extensão, da nascente, na Serra do Tumucumaque, à foz, no Oceano Atlântico, cortando vários municípios. Em boa parte é tomado por pedras gigantes e corredeiras, só permitindo a navegação de pequenos barcos.

A pororoca - O Araguari arrasta em seu curso um dos fenômenos naturais mais in-trigantes: a pororoca. A origem do vocábu-lo em dialeto indígena é poroc-poroc, que significa ’estrondo destruidor’. A pororoca ocorre em vários lugares do planeta, porém é mais forte na Amazônia brasileira nos me-

Page 29: Corrente Contínua 228

Confira a receita da Caldeirada da Amazônia, do chef Luiz Fernando Pinto Garcia Jr, do restaurante Dom Garcia:

Ingredientes:Um filé de pirarucu fresco em postasUm limão médioPasta de alhoTrês dentes de alho descascadosPimenta do reino a gostoPimenta dedo de moça50 ml de azeite500 g de jambu cozidoAlho em lascaUma cebola pequenaUm litro de tucupi temperadoUma colher de açúcarUma pitada de sal AjinomotoChicória, alfavaca e cheiro verde a gosto100g de camarão regional dessalgado200g de camarão pitu fresco

modo de preparo:Pegue o filé de pirarucu fresco e corte em postas de qua-

tro cm. Lave no limão rapidamente, escorra e tempere com a pasta de alho, uma pitada de pimenta-do-reino e reserve.

Em uma panela funda coloque o tucupi temperado, deixe ferver, acrescente o sal Ajinomoto, o açúcar, a chi-cória, alfavaca e os dentes de alho. Ferva por três mi-nutos e acrescente o jambu pré-cozido. Deixe em fogo brando por mais cinco minutos e acrescente o camarão dessalgado e os pitus cozidos. Reserve o caldo.

Em uma panela já aquecida com o azeite, acrescente a cebola e o alho picados e refogue até que fique doura-do. Acomode as postas de pirarucu, cubra com o caldo já preparado, esquente o caldo do tucupi em fogo bran-do, acrescente a pimenta dedo de moça e cubra com o jambu e os camarões. Deixe ferver em fogo brando até o peixe estar cozido. Decore com cheiro verde e sirva.

ses de março e setembro. No Rio Araguari, as ondas atingem até sete metros de altura, que correm rio acima com uma velocidade de 30 km/h. As águas da pororoca chegam a avançar cerca de 50 km acima da foz do Araguari, cenário perfeito para o surfe na po-roroca, que vem atraindo surfistas de todo Brasil e do mundo.

Grutas e cachoeiras - A região do Aragua-ri é uma das mais frequentadas por turistas atraídos por paisagens paradisíacas como a Pedra do Peão (abaixo), que surpreende pela grandeza da escultura natural e pela quantidade de outras pedras menores ao re-dor. A Pedra do Índio não só encanta, mas é também um lugar de pesquisas por ser considerado um pequeno sítio arqueológico. A gruta do Tracajatuba, a cachoeira do Vai-Quem-Quer, a pesca coletiva do aracu e toda a biodiversidade da Floresta Nacional do Amapá são patrimônios naturais que deixam qualquer pessoa maravilhada.

co

rr

en

te

co

nt

ínu

a

56

co

rr

en

te

co

nt

ínu

a

57

Preservação e biodiversidade - Com 143.453 km² , o Amapá é maior que alguns países e está situado no extremo Norte do Brasil, na imensa região amazônica, quase que totalmente no hemisfério norte. Banhado a leste pelo Oceano Atlântico e o Rio Amazo-nas, tem um litoral de 242 km de extensão, do Cabo Orange ao Cabo Norte, mais exata-mente, da foz do Rio Oiapoque à foz do Rio Amazonas. Limita-se ao norte com a Guiana Francesa e o Suriname, e a oeste e sul com o Estado do Pará. A capital Macapá localiza-se ao sul do estado, banhada pelo braço norte do Amazonas. A população está estimada em 600 mil habitantes, com aproximadamente 400 mil só na grande área urbana de Macapá e Santana.

O Amapá foi desmembrado do Pará e trans-formado em Território Federal no ano de 1943. Quarenta e cinco anos depois, em 1988, foi transformado em estado. Com uma biodiver-sidade extraordinária, calculada em mais de 400 mil espécies, é o mais preservado do Bra-

sil, com cerca de 90% dos seus ecossistemas naturais intactos. O Amapá possui quase to-dos os mais importantes ecossistemas brasi-leiros: mangues, campos, campinas, cerrado, florestas de terra firme, florestas de várzea e florestas de igapó.

A biodiversidade é bem protegida, com 55% da área coberta por unidades de con-servação federais e estaduais, e terras indí-genas. Essas áreas são gerenciadas de for-ma integrada com as áreas não-protegidas, formando o Corredor de Biodiversidade do Amapá, uma das mais inovadoras propostas de conservação no mundo, com um total de 11 milhões de hectares, ou cerca de 70% do estado. O ponto central do corredor é forma-do pelo maior parque de florestas tropicais do planeta, o Parque Nacional Montanhas de Tumucumaque, com mais de 3,8 milhões de ha. O Amapá é também uma fonte ines-gotável de tradições culturais com heranças indígenas, caboclas, africanas, portuguesas e religiosas.

Caldeirada da Amazônia

Page 30: Corrente Contínua 228

“Prezados senhores, recentemente, no último Congresso Brasileiro de Eficiência Energética, tive a oportunidade de ler um exemplar da revista Corrente Contínua. Essa leitura despertou-me o interesse de obter outros números para a minha atualiza-ção no setor energético, e também para termos materiais para discussões na Câmara Especializada de Engenharia Elétrica do CREA/RJ, na qual estou coordenador. Para tanto solicito uma assinatura”.

Antonio Carlos Soares Pereira - Niterói - RJ

“Recebemos um exemplar da Revista Corrente Contínua e gostaríamos de saber como é feita a sua distribuição, se é gratui-ta ou por meio de assinatura. Somos uma instituição de ensino do Estado de Santa Catarina e o periódico é relacionado com alguns cursos que oferecemos”.

Juliana - Bibliotecária - Vitória - ES

N.R: a revista Corrente Contínua é distribuída gratuitamen-te ao público externo e está disponível também no endereço www.eletronorte.gov.br.

“Querida Érica, você se superou na matéria da Corrente Con-tínua sobre os Waimiri Atroari. Belíssima reportagem, com seu estilo clássico de escrever e demonstrando conhecimento abso-luto da matéria. Uma kaminja! Estou saindo de férias e, no meu retorno, vamos brindar com cafezinho. Não queria sair sem regis-trar minha alegria pelo seu êxito. Mais este!”.

Rosa Maria Gastal de Menezes - Gerência de Gestão do Conhecimento da Universidade Corporativa Eletronorte – Ucel – Brasília - DF

“Prezada Bruna, em sua matéria ‘Corpo técnico da Eletro-norte leva conhecimento a outras instituições do Setor Elétrico’ houve uma incorreção na parte que se refere a mim. Não sou o gerente de Manutenção de Infraestrutura de Telecomunicações da Cemig, apenas estou lotado nessa gerência, desempenhan-do as funções de engenheiro de projeto de telecomunicações. O gerente da área é o Sr. Luiz Antônio Carneiro Barouch, fun-cionário de carreira da Cemig. Mais uma vez, saliento que fiquei muito honrado em participar de uma matéria ao lado de grandes profissionais e amigos”.

Jorge Ivanovitch de Sousa - Gerência de Manutenção de Infraestrutura de Telecomunicações da Cemig – Belo Horizonte – MG

“Parabéns toda equipe da revista Corrente Contínua! Estou recebendo a edição número 227 e lendo essas importantes re-portagens fico muito emocionado ao ponto de lagrimejar, tal qual o entrevistador e entrevistados citados na belíssima reportagem ‘Inovações que transformam’. Pelo prazer que hoje sinto ao re-ceber esta revista, quero aproveitar para fazer uma sincera con-fissão. Quando recebia os primeiros números, muitas vezes sem pelo menos abrir, colocava na mesa do colega ou deixava com a recepcionista, achava apenas que era mais informativo que não agregava nada. Hoje, fico contando os dias para receber essa preciosa fonte de informação que, pelo menos daqui distante, posso através das fotos publicadas no Circuito Interno, relembrar nossos velhos amigos, as grandes figuras da história da Empre-sa. Agradeço ainda a resposta da minha indagação na revista número 226, com relação ao prato da receita do biscoito amor-perfeito. Fui aplicar meus conhecimentos culinários tentando a

receita, e contei com a ajuda da sogra que está passando uns dias em minha casa para tratamento de saúde. Não sei se foi a colher da sogra, vendo que não estava dando o ponto, acrescen-tou trigo e ovo, não ficou igual aos da dona Naninha, ficou duro e grudento, então os cognominei de ‘alegria da sogra’. Mesmo assim, estamos consumindo mais esse novo produto. Obrigado, desejo muito sucesso para essa equipe”.

Demerval Ferreira da Silva - Regional de Transmissão do Tocantins - Palmas - TO

“Sou de Palmas, Tocantins, e fiquei maravilhado com os temas trazidos sob o título ‘Nas asas do passarim do Jalapão’. Agradeço e parabenizo quem nos brindou com algo tão especial: Rose Dayanne Santana e a revista Corrente Contínua. Sobre a Ilha do Bananal, à página 60, a impressão deve ter saído equi-vocada. Fala que a maior ilha fluvial do mundo tem 20 km². Não seriam 20 mil km² ? Reafirmo: fiquei muito feliz em reviver nas asas minhas, da imaginação e da recordação, essas nossas ri-quezas aqui do Tocantins”.

José Celso Carbonar - Palmas - TO

N.R: o leitor tem razão. A Ilha do Bananal possui 20 mil km² de extensão.

“Ficou linda a revista. Está incrível a edição! Tenho orgulho de fazer parte da equipe e confesso que sou uma aprendiz da nossa linha editorial com muito orgulho”

Terezinha Félix de Brito - Regional de Produção de Rondônia - Porto Velho – RO

“Caros Alexandre, Érica, Roberto e Rony, recebemos a revista Corrente Contínua nº 227, julho/agosto, onde foi publicada uma matéria sobre o Programa Waimiri Atroari, de responsabilidade da Eletronorte. Gostamos muito do que foi publicado e já en-viamos para os Waimiri Atroari. Antes de qualquer coisa, quero parabenizá-los pela matéria, que mostra a alta sensibilidade para o assunto, quando conseguiram retratar com palavras e fotos a atuação do Programa Waimiri Atroari. O mais importante foi a sensibilidade de captar as manifestações dos índios, que de for-ma muito gentil por ocasião da visita da equipe da Corrente Con-tínua, apresentaram agradecimentos à Eletronorte por ter manti-do as atividades nesses 21 anos, o que contribuiu para que fosse possível reviverem. Como autor e responsável pelo Programa, e em nome da minha equipe de colaboradores e do pessoal que compõe a Superintendência de Meio Ambiente da Eletronorte, que nos apoia e participa também das atividades, agradecemos mais uma vez, a forma como divulgaram o nosso trabalho. Com certeza, essa matéria, somada às outras que já foram publicadas nesta revista, contribuirá para continuarmos entusiasmados com o nosso trabalho e com o resgate da vida do povo Waimiri Atroari. Muito obrigado a todos da Coordenação de Comunicação Em-presarial, que sempre nos têm apoiado”.

Porfirio Carvalho - Programa Waimiri Atroari - Manaus - AM

“Agradeço o recebimento da revista Corrente Contínua v. 32, nº 227, jul./ago. 2009. Solicito a continuação da doação da revista”.

Rosa Elena Leão Miranda – Bibliotecária - Belém - Pará

Corr

eIo

Con

tÍn

uo

Foto

LeGe

nDA

co

rr

en

te

co

nt

ínu

a

58

co

rr

en

te

co

nt

ínu

a

59

“Gosto da minha irmãporque mais que o cabelo bonitoela me segue com seu olharde lugar perdidoe quase não me falanadaquando a gente entrano barcoe eu digo:tá vendo lá onde o rio some?não tenha medoa gente não vai emboraa floresta querque a gente fique” Texto: Alexandre Accioly

Foto: Rony Ramos

Page 31: Corrente Contínua 228