Correntes estilísticas básicas na arte material teórico

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Naturalismo, Idealismo, Expressionismo, Tendências surreais e fantásticas Correntes Estilísticas Básicas Nas diversas épocas e culturas varia os enfoques seletivos, sempre de acordo com valores vigentes. Não são valores eternos. O que vem a ser importante numa geração, talvez não seja mais importante na geração seguinte. Os enfoques variam de acordo com a personalidade do artista e possivelmente no amadurecimento de seu desenvolvimento artístico. Na multiplicidade de enfoques possíveis podemos distinguir três atitudes básicas. Elas representam modos de vivenciar, ou seja, maneiras diversas de se encarar e elaborar a experiência do viver. Como se fossem correntes submarinas moldando o curso das ondas, as grandes correntes estilísticas caracterizam essencialmente os diversos estilos históricos assim como os estilos individuais dos artistas. 1. Naturalismo O artista procede de modo bastante objetivo, procurando respeitar a naturalidade, sem introduzir detalhes formais que não lhe pertencem, e descrevendo com relativa fidelidade. Mesmo assim o artista não deixará de deformar. Selecionando sempre, fixará no objeto apenas as qualidades que o atraírem e comoverem. Caracteriza-se por efeitos convincentes de luz e textura na superfície, o que causa a impressão de fidelidade à aparência natural de forma consistente. Na Arte Pré-histórica, por exemplo, as motivações mágicas de caça levaram os artistas a representarem os animais com a maior semelhança possível, caracterizando especialmente as qualidades que mais importavam dos animais, sua tensão e vitalidade. Temos como outro exemplo, os artistas impressionistas que descrevem, em vez de um objeto material, um fenômeno da natureza: a luminosidade atmosférica. Esse fenômeno é observado e pintado com um rigor e uma objetividade quase científicos. E, obviamente, sem intenções mágicas. Pode parecer estranho, mas ambas as atitudes: a científica (impressionista) e a mágica (pré-histórica), cabem no enfoque do Naturalismo. Ambas apresentam a necessidade de observar particularidades específicas, ao se transmitirem as emoções geradas pelo fenômeno descrito. Nas pinturas de Monet, por exemplo, o tema real não é a fachada de prédios, com sua matéria de pedra, e sim os reflexos coloridos produzidos pela luminosidade nas várias horas do dia. Não só a Arte Pré-histórica e o Impressionismo podem ser classificados como Naturalismo, mas também diversas obras de muitos outros movimentos artísticos. 2. Idealismo Procura reduzir, ou mesmo omitir, certos detalhes individuais, indicando apenas características gerais, idealizando assim as formas da natureza de acordo com um padrão geral. O Idealismo afirma que o mundo físico é menos importante do que a mente ou o espírito que lhe dá forma. Ênfase na alma e na mente em lugar do seu corpo, do material e do histórico. Os ideais regulam o modo como o artista representa o mundo. 1

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Correntes estilísticas básicas na arte material teórico

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Naturalismo, Idealismo, Expressionismo, Tendências surreais e fantásticas

Correntes Estilísticas Básicas Nas diversas épocas e culturas varia os enfoques seletivos, sempre de acordo com valores

vigentes. Não são valores eternos. O que vem a ser importante numa geração, talvez não seja mais importante na geração seguinte.

Os enfoques variam de acordo com a personalidade do artista e possivelmente no amadurecimento de seu desenvolvimento artístico.

Na multiplicidade de enfoques possíveis podemos distinguir três atitudes básicas. Elas representam modos de vivenciar, ou seja, maneiras diversas de se encarar e elaborar a experiência do viver.

Como se fossem correntes submarinas moldando o curso das ondas, as grandes correntes estilísticas caracterizam essencialmente os diversos estilos históricos assim como os estilos individuais dos artistas.

1. Naturalismo O artista procede de modo bastante objetivo, procurando respeitar a naturalidade, sem introduzir

detalhes formais que não lhe pertencem, e descrevendo com relativa fidelidade. Mesmo assim o artista não deixará de deformar. Selecionando sempre, fixará no objeto apenas as

qualidades que o atraírem e comoverem. Caracteriza-se por efeitos convincentes de luz e textura na superfície, o que causa a impressão de

fidelidade à aparência natural de forma consistente. Na Arte Pré-histórica, por exemplo, as motivações mágicas de caça levaram os artistas a

representarem os animais com a maior semelhança possível, caracterizando especialmente as qualidades que mais importavam dos animais, sua tensão e vitalidade.

Temos como outro exemplo, os artistas impressionistas que descrevem, em vez de um objeto material, um fenômeno da natureza: a luminosidade atmosférica.

Esse fenômeno é observado e pintado com um rigor e uma objetividade quase científicos. E, obviamente, sem intenções mágicas.

Pode parecer estranho, mas ambas as atitudes: a científica (impressionista) e a mágica (pré-histórica), cabem no enfoque do Naturalismo.

Ambas apresentam a necessidade de observar particularidades específicas, ao se transmitirem as emoções geradas pelo fenômeno descrito.

Nas pinturas de Monet, por exemplo, o tema real não é a fachada de prédios, com sua matéria de pedra, e sim os reflexos coloridos produzidos pela luminosidade nas várias horas do dia.

Não só a Arte Pré-histórica e o Impressionismo podem ser classificados como Naturalismo, mas também diversas obras de muitos outros movimentos artísticos.

2. Idealismo Procura reduzir, ou mesmo omitir, certos detalhes individuais, indicando apenas características

gerais, idealizando assim as formas da natureza de acordo com um padrão geral. O Idealismo afirma que o mundo físico é menos importante do que a mente ou o espírito que lhe dá

forma. Ênfase na alma e na mente em lugar do seu corpo, do material e do histórico. Os ideais regulam o modo como o artista representa o mundo.

3. Expressionismo Funda-se na intensificação de nossas emoções. O artista procura selecionar apenas os detalhes que

considere essenciais do ponto de vista emotivo. Assim o artista intensifica formalmente exagerando em muito sua eventual aparência na natureza.

4. Tendências surreais e fantásticas Tratam-se das artes fantásticas, não representando uma corrente estilística e sim uma temática

especifica. Esta temática procura ilustrar a presença de aspectos imaginativos irracionais dentro da nossa

realidade. Os artistas fazem ligações estranhas entre objetos familiares. A arte surrealista parte de componentes individuais realistas e os recombina em contextos

incoerentes deliberadamente.

5. Recapitulando...

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Correntes Estilísticas Básicas: Representam modos de vivenciar, ou seja, maneiras diversas de se encarar e elaborar a

experiência do viver; Caracterizam essencialmente os diversos estilos históricos assim como os estilos individuais dos

artistas;

Naturalismo: Descreve objetos ou fenômenos com fidelidade ao real. O artista não deixa de deformar a imagem. Nem todas as imagens na pintura são detalhadas. A figura principal é bem observada, enquanto que as outras são vistas de uma forma

generalizada.

Idealismo: Reduzir ou omite certos detalhes individuais; Indica apenas características gerais; Representação fictícia de algo que será mais satisfatório para o espírito do que a realidade

objetiva.

Expressionismo: Intensificação das emoções; Seleção dos detalhes essenciais do ponto de vista emotivo; Intensificação da forma exagerando sua aparência na natureza.

Tendências surreais e fantásticas: Não representa uma corrente estilística e sim uma temática específica; Ilustra a presença de aspectos imaginativos irracionais dentro da nossa realidade; Ligações estranhas entre objetos familiares; Parte de componentes individuais realistas; Recombina esses componentes em contextos incoerentes.

BibliografiaLITTLE, Stephen. Ismos: para entender a arte. São Paulo: Globo, 1ª ed. 2010.

OSTROWER, Fayga. Universos da Arte. Rio de Janeiro: Elsevier. 2004.

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