Corrida de cavalos2

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Análise do episódio da Corrida de Cavalos da obra « Os Maias».

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  • 1.

2. Localizao na estrutura interna

  • Este episdio combina os dois nveis narrativos da obra Os Maias: a intriga principal e a crnica de costumes; 3. Intriga principal, relacionada com o ttulo Carlos vai ver a corrida com o intuito de se apresentar Senhora Castro Gomes; 4. Crnica de costumes, relacionada com o subttulo Episdios da vida romntica Ea serve-se deste episdio para realar as diferenas entre ser e parecer.

Antes do episdio

  • Carlos, recm- formado em Medicina, abre um consultrio; 5. Carlos v Maria Eduarda no Hotel Central pela 1 vez; 6. Dmaso pede a Carlos para ir ver a filha de Maria Eduarda, que se encontrava doente; 7. Carlos mantm uma relao amorosa com a Condessa de Gouvarinho;

Resumo

  • Carlos comea a ficar cansado dos encontros com a Gouvarinho e pensa libertar-se dela 8. Atravs do Marqus; fica a saber que a corrida foi alterada para o prximo Domingo e fica radiante por considerar esta uma oportunidade de conhecer a Senhora Castro Gomes 9. Ao ver Maria Eduarda a passar no seu coup, Carlos pensa num plano para a conhecer: levar os Castro Gomes a ver as coleces de Craft, nos Olivais;
  • Dmaso conta-lhe que Castro Gomes partiu para o Brasil e que Maria Eduarda est num apartamento no prdio do Cruges; 10. Aposta em Vladimiro, ao contrrio de todos que tinham apostado em Minhoto, e acaba por ganhar doze libras; 11. Para ver Maria Eduarda, arranja a desculpa de querer falar com Cruges. Porm, a sua empregada informa-o que no est e Carlos acaba por no ver Maria Eduarda;

Depois do episdio

  • Devido doena de Miss Sara, Carlos vai-se familiarizando com Maria Eduarda, descobrindo gostos e afinidades entre ambos; 12. Dmaso parte para Penafiel, devido morte de um tio, e quando volta fica cheio de cimes de Carlos por ter tanta intimidade com Maria Eduarda;

Personagens no Episdio Social:

  • Carlos da Maia 13. Afonso da Maia 14. Dmaso Salcede 15. Alencar 16. Condessa de Gouvarinho 17. Craft

Carlos da Maia:
Caracterizao Fsica:

  • Era alto, olhos negros, pele branca, cabelos negros e ondulados. Tinha barba fina, castanha escura, pequena e aguada no queixo.

Caracterizao psicolgica:

  • Culto, bem educado, de gostos requintados. Educao Inglesa. Corajoso e frontal, generoso. Destaca-se na sua personalidade o cosmopolitismo, a sensualidade, o gosto pelo luxo, e diletantismo e o dandismo

Neste episdio...
Assiste s corridas com o nico objectivo de rever Maria Eduarda, constitui mais uma viso caricatural da sociedade.
18. Condessade Gouvarinho
Caracterizao Fsica:

  • Cabelos crespos e ruivos, nariz petulante, olhos escuros e brilhantes, bem feita, pele clara, fina e doce;

Caracterizao psicolgica:

  • imoral e sem escrpulos. Envolve-se com Carlos e revela-se apaixonada e impetuosa. Trai o marido, com Carlos, sem qualquer tipo de remorsos. Carlos deixa-a, acaba por perceber que ela uma mulher sem qualquer interesse, demasiado ftil.

Neste episdio...
Representa o adultrio, estando a sua ateno apenas virada para Carlos. Representa tambm os comportamentos desajustados das senhoras, que se vestem com vestidos srios de missa.
19. Alencar
Caracterizao Fsica:

  • Muito alto, com uma face encarreirada, olhos encovados, e sob o nariz aquilino, longos, espessos, romnticos bigodes grisalhos".

Caracterizao psicolgica:

  • Eracalvo, em toda a sua pessoa "havia alguma coisa de antiquado, de artificial e de lgubre". Simboliza o romantismo piegas. Ea serve-se desta personagem para construir discusses de escola, entre naturalistas e romnticos, numa verso caricatural da Questo Coimbr. No tem defeitos e possui um corao grande e generoso. o poeta do ultra-romantismo.

Neste episdio...
Alencar apresenta alguma vaidade, vestindo um fato novo de cheviote claro.
20. Dmaso Salcede
Caracterizao Fsica:

  • Era baixo, gordo. A ele e ao tio se devem, respectivamente, o incio e o fim dos amores de Carlos com Maria Eduarda.

Caracterizao psicolgica:

  • Dmaso uma smula de defeitos. Filho de um agiota, presumido, cobarde e sem dignidade. Mesquinho e convencido, provinciano e tacanho, tem uma nica preocupao na vida o "chic a valer".Representa o novo riquismo e os vcios da Lisboa da segunda metade do sc. XIX. O seu carcter to baixo, que se retracta, a si prprio, como um bbado, s para evitar bater-se em duelo com Carlos.

Neste episdio
Destaca-se pela negatividade graas ao ridculo das suas roupas, pois usa uma sobrecasaca branca e vu azul no chapu.
21. Craft
uma personagem com pouca importncia para o desenrolar da aco, mas que representa a formao britnica, o prottipo do que deve ser um homem.
Defende a arte pela arte, a arte como idealizao do que h de melhor na natureza.
culto e forte, de hbitos rgidos, "sentindo finamente, pensando com rectido".
Ingls rico e bomio, coleccionador de "bric-a-brac".
22. Questes sociais retratadas

  • As corridas serviam como um palco para a alta sociedade se mostrar e conviver; 23. Deveriam ser um local simples e de alegria, mas c existia um ambiente provinciano onde havia carncia de motivao e vitalidade; 24. Desejo de imitar o estrangeiro; 25. Viso caricatural da assistncia feminina, que nada faz de til

Actualidade da crtica

  • O povo portugus tenta adaptar costumes estrangeiros, esquecendo-se dos nossos; 26. As pessoas, numa tentativa de se mostrarem civilizadas, caem no ridculo, no se sabendo comportar face s diferentes situaes; 27. Criticam, mas tambm no se esforam por ajudar a melhorar; 28. Contraste entre o ser e o parecer

Marcas do estilo

  • Ironia 29. Comparao 30. Enumerao 31. Metfora 32. Aliterao 33. Anttese 34. Sinestesia 35. Personificao 36. Anfora 37. Adjectivao 38. Uso do diminutivo 39. Uso do advrbio 40. Uso do gerndio 41. Discurso indirecto livre 42. Caricatura 43. Emprstimos

Sinestesia
Era um dia j quente, azul-ferrete, com um desses rutilantes sis de festa que inflamam (...); estalar alegre dos foguetes morria no ar quente
(...) parecendo, depois da poeirada quente da calada e das cruas reverberaes da cal, mais fresco, mais vasto com a sua relva j um pouco crestada pelo sol de junho, e uma ou outra papoula vermelhejando aqui e alm. (...) uma aragem larga e repousante chegava vagarosamente do rio
44. Ironia

  • entrada para o hipdromo, abertura escalavrada num muro de quintarola, o faetonte teve de parar atrs do dog-cart do homem gordo - que no podia tambm avanar porque a porta estava tomada pela caleche de praa, onde um dos sujeitos de flor ao peito berrava furiosamente com um polcia. (...) Tudo isto est arranjado com decncia - murmurou Craft.

Comparao
guas luzidias como um cetim castanho (...)
(...) as peles apareciam murchas, gastas, moles, com um bao de p-de-arroz.

  • Metfora

(....) as pestanas mortas, parecia oferecer a todas aquelas mos, que se estendiam gulosamente para ela, o seu apetitoso peito de rola.
(...)os seus cabelos cor de brasa (...)
45. Enumerao
Aquela corrida inspida, sem cavalos, sem joquis, com meia dzia de pessoas a bocejar em roda (...)
(...) a jaqueta do joqui, furioso, perdido, injuriando o juiz das corridas, que arregalava os olhos, aturdido
(...) as senhoras que vm no High Life dos jornais, as dos camarotes de S. Carlos, as das teras-feiras dos Gouvarinhos.
46. Aliterao
(...) o touro? Est claro! O touro devia ser n'este pas como o ensino l fora: gratuito e obrigatrio
dizer-te... Tu vais gostar d'ela; tem lido muito, entende tambm de literatura
que durante os dois dias de corridas (...) dos dois lados da tribuna real
Gritou Dmaso, triunfante, a estoirar
47.

  • Anttese 48. todos perdiam, ele ganhava as apostas (...) 49. Personificao

(...) com os olhos afogados

O hipdromo elevava-se suavemente em colina (...)
50.

  • Anfora

andava ali; pasmando para a estrada, pasmando para o rio (...)
O bufete estava instalado debaixo da tribuna, sob o tabuado nu, sem sobrado, sem um ornato, sem uma flor (...)

  • Adjectivao 51. espao verde (...) tons claros e sombrios () ; brilho sereno, sorrir calmo(...) ; largo espao verde
  • Uso do advrbio 52. olhava tranquilamente; procurando espavoridamente; vibravam furiosamente (...) dizer-lhe que no, secamente, desabridamente 53. Uso do diminutivo

o pequenito; o baro pequenino, aos pulinhos
Carlos cumprimentou as duas irms do Taveira, magrinhas, loirinhas, ambas correctamente vestidas de xadrezinho (...)
54.

  • Uso do gerndio 55. passou correndo; olhando 56. Discurso indirecto livre 57. (...) J vira o "Mist", a gua do Clifford, e decidira apostar pela "Mist". Que cabea de animal, meninos, que finura de pernas!...
  • Caricatura 58. entrada para o hipdromo, abertura escalavrada num muro de quintarola (...) O bufete estava instalado debaixo da tribuna, sob o tabuado nu, sem sobrado, sem um ornato, sem uma flor (...) 59. Emprstimos 60. toilette; gentleman; dog-cart ; cigarette

Excertos
No centro, como pendido no longo espao verde, negrejava, no brilho do Sol, um magote apertado de gente, com algumas carruagens pelo meio, donde sobressaam tons claros e sombrios () Por vezes a brisa lenta agitava no alto dos dois mastros o azul das bandeiras. Um grande silncio caa do cu faiscante.(...) No recinto em declive, entre a tribuna e a pista, havia s homens, a gente do Grmio, das Secretarias e da Casa Havanesa; a maior parte vontade, com jaquetes claros, e de chapu-coco; outros mais em estilo, de sobrecasaca e binculo a tiracolo, pareciam embaraados e quase arrependidos do seu chique. Falava-se baixo, com passos lentos pela relva, entre leves fumaraas de cigarro. Aqui e alm um cavalheiro, parado, de mos atrs das costas, pasmava languidamente para as senhoras. Ao lado de Carlos dois brasileiros queixavam-se do preo dos bilhetes, achando aquilo uma "sensaboria de rachar"
61. ...as senhoras que vm no High Life dos jornais, as dos camarotes de S. Carlos, as das teras-feiras dos Gouvarinhos estavam ali todas as senhoras. A maior parte tinha vestidos srios de missa.(...) Aqui e alm um desses grandes chapus emplumados Gainsborough, que ento se comeavam a usar...
62. E no silncio que se fez, de lassido e de desapontamento, ondeou mais viva no ar, lanada pelos flautins da banda, a valsa de madame Angot. Alguns sujeitos tinham-se conservado de costas para a pista, fumando, olhando a tribuna onde as senhoras continuavam debruadas no parapeito, espera do Senhor dos Passos. Ao lado de Carlos, um cavalheiro resumiu as impresses, dizendo que tudo aquilo era uma intrujice.
De repente, fora, houve um rebulio, e vozes sobressaltadas gritando: "Ordem!" (...)Era uma desordem! (...) Por entre o alarido vibravam, furiosamente, os apitos da polcia; senhoras, com as saias apanhadas, fugiam atravs da pista, procurando espavoridamente as carruagens e um sopro grosseiro de desordem reles passava sobre o hipdromo, desmanchando a linha postia de civilizao e a atitude forada de decoro...
63. Isto um pas que s suporta hortas e arraiais... Corridas, como muitas outras coisas civilizadas l de fora, necessitam primeiro gente educada. No fundo todos ns somos fadistas! Do que gostamos de vinhaa, e viola, e bordoada, e viva l seu compadre! A est o que !.
64. Sintese:
65. Bibliografia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cosmopolitismo
http://www.notapositiva.com/trab_estudantes/trab_estudantes/portugues/portugues_trabalhos/cronicadecostumes.htm
Pinto, Elisa Costa & Baptista, Vera Saraiva & Fonseca, Paula Portugus 11..Lisboa: Lisboa editora, 2010
Coleco resumos- Os Maias. Ideias de ler
66. Trabalho elaborado por
Ana Manuela, n. 3
Ana Sofia, n. 4
Carlos Pais, n. 8
Maria Ferreira, n. 17