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FEVEREIRO 2012 ano 4 • número13 Automotive Automotive •governo prepara aperto na eficiência energética •aportes nas autopeças avançam em ritmo lento •fabricante de caminhão eleva apostas no brasil •prêmio rei: conheça os 64 eleitos da primeira etapa CORRIDA DE R$ 60 BI INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA MONTADORAS E AUTOPEÇAS ACELERAM O MAIOR CICLO DE INVESTIMENTO NA HISTÓRIA DO SETOR

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FEVEREIRO 2012 ano 4 • número13

AutomotiveAutomotive•�governo�prepara�aperto�na�eficiência�energética

•�aportes�nas�autopeças�avançam�em�ritmo�lento

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CORRIDA De R$ 60 bIindústria automobilística

Montadoras e autopeças aceleraM o Maior ciclo de investiMento na história do setor

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índice

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26 MATÉRIA DE CAPA | INVESTIMENTOS

CORRIDA DE R$ 60 BILHÕES

O governo avança no regime automotivo, traz flexibilidade para novos empreendimentos

atingirem 65% de conteúdo local, cria o crédito de IPI presumido e exige dos fabricantes aporte de 1% em P&D. Começa o maior investimento na história da indústria automobilística, com a

aplicação de R$ 60 bilhões até 2015

10 ALTA RODA FORTES EMOÇÕES As negociações com o México

12 FÓRUM DA INDÚSTRIA ESTRATÉGIA E INSIGHTS O novo regime e os cenários

16 MERCADO A NOVA S10 Engenharia é brasileira

20 TETRAFUEL NOS EUA? Marchionne aposta no gás

20 NANOPONTO INIBE ROUBO Novidade é da Dekra Brasil

21 LEGISLAÇÃO DITA REGRA Os compromissos de 2012

22 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Metas revolucionarão motores

24 MERITOR GANHA FÔLEGO Reposição muda para evoluir

25 RECEITA COM EURO 5 Voss quer crescer 5%

34 AUTOPEÇAS | INVESTIMENTOS AVANÇO AINDA LENTO Aporte de US$ 2,5 bilhões/ano

42 ENTREVISTA TÂNIA SILVESTRI A Mercedes no contra-ataque

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AutomotiveBUSINESS • 5

48 SISTEMISTA NOVOS PILARES Dana refaz estratégias

50 PERFIL ENGENHARIA EM ALTA O crescimento da Aethra

56 PRÊMIO HONDA MELHORES PARCEIROS Os fornecedores reconhecidos

61 SERVIÇOS GANHAR COM CLIENTES A receita da Volkswagen

62 PESADOS US$ 3,5 BI PARA CAMINHÕES Os negócios com P7

68 SUSTENTABILIDADE CONCESSIONÁRIA VERDE A 100a revenda Iveco

70 AUTOPEÇAS O AVANÇO DA AISIN Gigante japonesa abre o jogo

72 TECNOLOGIA O CAMINHÃO DE 2020 Receitas da Mercedes-Benz

78 PRÊMIO INTERAÇÃO DESTAQUES DA MERCEDES Os melhores fornecedores

81 PEUGEOT 308 RETOMADA DO LEÃO Montadora busca volume

82 TRANSPORTE CONSOLIDAÇÃO À VISTA Fusões em implementos

84 DISTRIBUIÇÃO CONGRESSO DA NADA Otimismo dos revendedores

88 ARTIGO INTERFACES OTIMIZADAS Carros mais verdes e seguros

90 INOVAÇÃO O POSTO DO FUTURO Interatividade em alta

94 PRÊMIO REI OS 64 FINALISTAS Reis da excelência e inovação

114 COBIÇA ELEGÂNCIA CASUAL Tentações na vitrina

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6 • AutomotiveBUSINESS

editorial

Paulo Ricardo [email protected]

REvista

www.automotivebusiness.com.br

Editada por Automotive Business, empresa associada à all Right Comunicação Ltda.

tiragem de 12.000 exemplares, com distribuição direta a executivos de fabricantes

de veículos, autopeças, distribuidores, entidades setoriais, governo, consultorias,

empresas de engenharia, transporte e logística e setor acadêmico.

DiretoresMaria theresa de Borthole Braga

Paula Braga PradoPaulo Ricardo Braga

EditorPaulo Ricardo Braga

Jornalista, MtPs 8858

RedaçãoGiovanna Riato, Mário Curcio, Paulo Ricardo

Braga, Pedro Kutney e sueli Reis

Colaboradores desta ediçãoFernando Calmon, igor thomaz, Jairo Morelli,

Luciana Duarte, Marta Pereira, Natalia Gómez, Renato Perrotta, solange Calvo

Design e diagramaçãoRicardo alves de souza

Fotografia, produção e capaEstúdio Luis Pradotel. 11 5092-4686

www.luisprado.com.br

PublicidadePaula B. PradoCarina CostaGreice Ribeiro

Monalisa Naves

Atendimento ao leitor, CRM e database

Josiane Lira Fernanda Luchetti

Comunicação e eventosCarolina Piovacari

Media Center e WebTV Marcos ambroselli

thais Celestino

ImpressãoMargraf

DistribuiçãoaCF acácias, são Paulo

Redação e publicidadeav. iraí, 393, conjs. 51 a 53, Moema,

04082-001, são Paulo, sP, tel. 11 5095-8888

[email protected]

O iii Fórum da indústria automobilística, promovido por Automotive Business dia 9 de abril no Golden Hall do WtC, em são Paulo, promete ser encontro decisivo para compreender o impacto do novo

regime automotivo. Como mostra a matéria de capa desta edição, decreto procura corrigir imperfeições do projeto original, de setembro de 2011, traz estímulos para atração de novas fábricas e exige maior aporte dos fabricantes em pesquisa e desenvolvimento, oferecendo linhas de crédito a juros baixos em troca de conteúdo local.

as regras podem reduzir as incertezas dos investidores e apressar o maior ciclo de investimentos na história da indústria automobilística brasileira, com inversões de R$ 60 bilhões até 2016. a maior parcela dos recursos virá, como era de se esperar, de fabricantes tradicionais. O governo quer assegurar maior poder de competição do parque industrial, no mercado interno e nas exportações. O consumidor quer ter melhores escolhas, preços e avanços tecnológicos de nível internacional.

Um dos desafios embutidos nesses objetivos é assegurar conteúdo expressivo de peças nacionais nos carros brasileiros. até agora, assegura o sindipeças, que representa os fornecedores, há nacionalização de fachada apenas – muito distante dos 65% exigidos para evitar o chamado iPi gordo.

É previsível que dificuldades básicas da indústria brasileira, como a fragilidade da infraestrutura, e a baixa capacidade de gestão do governo continuem conspirando contra todas as boas intenções. É preciso torcer, no entanto, pelo sucesso dos ministérios do Desenvolvimento (MDiC) e da Ciência, tecnologia e inovação (MCti) ao incentivar a pesquisa, desenvolvimento e inovação. Fazem parte desse esforço o estímulo à eletrônica embarcada e um programa de eficiência energética, para premiar com menor iPi os veículos de melhor desempenho no consumo de combustível – e consequente redução de emissões (leia nas páginas iniciais).

O Prêmio REi, de Automotive Business, revelou os 64 finalistas que vão disputar os troféus para as melhores iniciativas do setor, avaliadas sob o prisma da excelência e inovação. Confira nesta revista. Os eleitos de 2012 serão premiados em maio, após etapas de votação no iii Fórum da indústria automobilística e em hotsite fechado, com senha e CPF, para evitar a duplicação de votos entre os leitores da newsletter Automotive Business.

até a próxima edição.

investimento recorde e carro high tech

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luis

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Fernando Calmon é jornalista especializado na

indústria automobilística [email protected]

Leia a coluna Alta Roda também no portal

Automotive Business.

patrocinadora

Na realidade, o Brasil deseja equilibrar o comér-cio promovido com o Mé-xico. O intercâmbio livre atual só inclui automóveis e comerciais leves e com dólar a R$ 1,70 as exporta-ções só não pararam por-que ficaria muito caro vol-tar depois. Caminhões e ônibus brasileiros têm de pagar imposto de impor-tação lá e como seu preço é dez vezes superior a um automóvel pequeno, uma alíquota zerada melhoraria a relação de troca.

Outro equívoco é com-parar o índice mínimo de nacionalização de 30%, no México e 65%, no Bra-sil. As fórmulas de cálcu-lo diferem, porém, ao final se equivalem. Ocorre que o conteúdo local das mar-cas há mais tempo produ-zindo aqui supera os 85% e, novamente, o fator cam-bial distorce comparações. Carro argentino, por exem-plo, importado para o Bra-sil tem, em média, maior conteúdo de peças brasi-leiras do que a montagem do Hyundai Tucson, em Anápolis (GO). Tudo den-tro da lei, porém os cus-tos de produção são bem diferentes e, por conse-quência, as condições de venda, incluindo aí investi-mentos em marketing.

A negociação Brasil-Mé-xico valerá também para o Mercosul e pode se arras-

tar por semanas. Acordo deve sair, nem que se re-torne ao regime de cotas, válido entre 2000 e 2006. Inequivocamente, fabrican-tes como Mazda e Merce-des-Benz querem se ins-talar no México, com sua moeda enfraquecida, para exportar ao Brasil. A Nis-san fará investimento pe-sado lá, mas preferiu não arriscar e também terá fá-brica no País, em Resen-de (RJ).

Para o consumidor in-teressa mais automóveis produzidos no País e que a concorrência abaixe os preços. Ninguém vai se instalar para fabricar ve-lharias. Com a decisão da BMW (ainda não porme-norizada) da fábrica brasi-leira, a Mercedes-Benz já acenou, à luz da discussão do acordo, voltar a produ-zir aqui. Quem sabe, a Au-di também.

Por fim, importar é ati-vidade complicada em qualquer mercado. Há ris-cos cambial, legislativo e de logística, entre outros. Em 1999, o real se desva-lorizou ante o dólar, de R$ 1,10 para R$ 2,00. Qua-tro anos depois, beirou os R$ 4,00. Marcas e redes de assistência foram a no-caute, sem mudança de alíquota de nenhum im-posto. Todos precisam es-tar preparados para fortes emoções.

Mais coisas vão mudar nos pró-ximos meses em

termos de importação e de produção interna. Apesar do intervencionismo meio atabalhoado do governo federal, um caminho pa-rece aberto para incentivar mais fabricantes no Brasil. A renegociação do acordo automobilístico com o Mé-xico aponta nessa direção. Aliás, este possui cláusula de saída de qualquer das partes: se decidido, have-ria um período de 14 me-ses durante o qual tudo permaneceria como antes.

O Brasil exportou, de 2000 a 2011, ao merca-do mexicano cerca de 1,5 milhão de veículos e im-portou 500.000. O ba-lanço nos é favorável em US$ 13 bilhões. No entan-to, ocorreram mudanças importantes no período. O México possuía uma mo-eda forte e a nossa havia passado por desvaloriza-ção severa. Hoje, o real es-tá valorizado e o peso, en-fraquecido.

O fator cambial fica es-quecido muitas vezes. Pa-ra efeito prático, o imposto de importação, para quem paga, de 35% foi zerado (em termos reais) há muito tempo e se pode conside-rá-lo até imposto negati-vo. Mas as tolices continu-am sendo repetidas quan-do se comparam preços.

ALTA RODA

FORTES EMOÇÕES

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FERnandO CalMOn

RODA VIVA

CIVIC (foto) deve ir bem no Brasil com as refor-mulações do mode-lo 2012, principalmente no interior, com até du-as telas, uma delas sen-sível ao toque e que in-clui navegador. Mudan-ças de estilo foram pe-quenas. Mecanicamen-te há evoluções sutis, no dia a dia urbano e em estradas. No entanto, o carro ficou mais na mão, sem dúvida. Porta-malas cresceu à custa do este-pe estreito.

FAbRICAnTes euro-peus colocam em dúvi-da as potências altas de-claradas por marcas sul--coreanas, em motores de especificações com-paráveis. A desconfiança se dá em relação à me-dição em dinamômetro. Há sempre pequenas va-riações na potência má-xima indicada. Em ge-ral, vale a leitura média. Engenheiros “espertos” preferem declarar ape-nas os picos...

COTAÇÕes entre mo-edas mudam o pano-rama ao longo do tem-po. O Fusca, por exem-plo, teve seu fim apressa-do quando o marco ale-mão subiu muito em re-lação ao dólar, nos anos 1970. Valorização do eu-ro levou fabricantes eu-ropeus a abrir fábricas nos EUA. E os japone-

ses, com a recente escala-da do iene, só pensam em construir novas instalações fora do seu país.

sPORTAGe flex de 2 li-tros segue a mesma fór-mula de privilegiar o de-sempenho com etanol, em termos de potência e torque. São 178 cv (mais 5,3%), porém a Kia não in-forma o consumo, impe-dindo a comparação cor-reta entre os combustíveis. Câmbio automático de seis marchas também é novida-de no utilitário esporte sul--coreano. Mantidas opções 4x2 e 4x4.

CHeRY já vende, sem pré-vio aviso, o monovolume compacto Face com motor flex de 1,3 litro/91 cv. Trata--se da mesma unidade mo-triz do hatch S18. Parte de R$ 30.000, ainda sem apli-cação do valor elevado do IPI. Pelo menos os chineses tendem a absorver essa di-ferença.

CÂMbIOs automáticos convencionais não são o ponto forte de fabricantes franceses, até por falta de interesse de compradores, que preferem câmbio ma-nual, em especial na Fran-ça. Houve alguma melho-ra, porém o Peugeot 308 perde muito de sua viva-cidade em desempenho, mesmo com motor de 2 litros. As trocas de mar-cha são hesitantes e lentas, abaixo do padrão.

enTRe as coisas estra-nhas que, às vezes, se le-em nos manuais de pro-prietários está uma curio-sa recomendação da Toyo-ta. No Corolla flex, a cada 10.000 km, o proprietário deveria se lembrar de abas-tecer com um tanque de gasolina, caso utilize sem-pre etanol. É flex ou não é? Que seria dos motores pu-ramente a etanol, dos anos 1980, se só podiam utili-zar um combustível? Se al-guém esquecer da reco-

mendação do manual, não há problema, segun-do a fábrica. Ah, bom!

AUDI Q3 impressio-na pelo estilo atual, em particular visto de ¾ de traseira, interior muito bem cuidado e combina-ção de recursos eletrôni-cos. Dimensionalmente semelhante ao Tiguan, o modelo oferece mais 11 cv, quatro opções de controle de rodagem e um sistema atualizado do conhecido recurso de roda-livre para poupar combustível. Estará no mercado em abril.

MAGnÍFICO motor quatro cilindros turbo de 1,6 litro/165 cv (projeta-do pela BMW) passa a equipar o Peugeot 408. Trata-se da mesma uni-dade já usada nos 3008 e RCZ, além dos Minis. Será a versão de topo, Griffe THP, deste sedã derivado do 308/C4, fa-bricado na Argentina, ao preço de R$ 81.490.

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RELACIONAMENTO E INSIGHTS ESTRATÉGICOS

Como evoluirá o mercado au-tomotivo em 2012? Como ficarão as empresas do setor

automotivo diante do novo decreto para disciplinar o regime automotivo, estendendo até 2016 o IPI gordo e criando flexibilidade para novos em-preendimentos? O crédito presumido do IPI será um atrativo para apressar a

AUDITÓRIO do Fórum em abril de 2011, no Golden Hall

construção de fábricas no País? O go-verno vai fiscalizar o volume de peças nacionais incorporadas aos veículos, como gostaria o Sindipeças? Como evoluirão as relações de comércio com México e Argentina? Quem vai ganhar e perder com o pacote?

Automotive Business convidou profissionais relacionados à cadeia de

suprimentos e produção para avaliar essas questões, que afetam direta-mente os investidores responsáveis por aportes da ordem de R$ 60 bi-lhões em novas fábricas, produtos e serviços até 2015 – o maior ciclo de investimento na história do setor. Eles terão um encontro oportuno no III Fórum da Indústria Automobilís-

A TERCEIRA EDIÇÃO DO FÓRUM DA INDÚSTRIA

AUTOMOBILÍSTICA AVALIARÁ O IMPACTO DO REGIME

AUTOMOTIVO, DOS NOVOS EMPREENDIMENTOS E

PLATAFORMAS. UM DOS DESTAQUES SERÁ O NETWORK CAFÉ,

UM WORKSHOP DA CADEIA DE PRODUÇÃO

FÓRUM DA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA

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mAIlSON DA NÓbREGA: leitura dos cenários econômicos

tica, dia 9 de abril no Golden Hall, palco de alguns dos maiores even-tos promovidos na capital paulista, para uma reflexão sobre as profundas transformações no parque industrial.

Uma das atrações do fórum será o Network Café, que promoverá en-contro entre profissionais da cadeia de suprimentos e os representantes das áreas de compras e engenharia de montadoras de veículos leves e pe-sados. O encontro ocorrerá no andar abaixo do Golden Hall, onde haverá estandes dedicados a cada fabricante que confirmou presença. A expectati-va é reunir 60 profissionais à disposi-ção dos fornecedores.

O programa terá início com uma avaliação do mercado de com-

bustíveis, ouvindo ponderações do CEO da Cosan, Marcos Lutz, e avalia-ção do programa de eficiência ener-gética que integrará o regime automotivo, com apresentação de Paulo Cardamone, diretor--geral para a América do Sul da IHS Automotive, que reali-zou estudos para dar suporte às decisões do governo.

Um painel de debates sobre a evolução das compras au-tomotivas terá os diretores de compras João Pimentel, da Ford, Orlando Cicerone, da GM, e Osias Galantine, da Fiat; e o gerente-executivo de compras Renato Abel Crespo, da Volkswagen do Brasil. Os quatro acompanharão o Network Café, que dará espaço, na sequência, à entre-vista com Paulo Butori, presidente do Sindipeças, tendo como questões centrais o conteúdo de componentes nos carros e as relações comerciais com México e Argentina.

Caberá ao ex-ministro Mailson da

Nóbrega, sócio-diretor da Tendências Consultoria, fazer a leitura dos cená-rios para a economia. Painel sobre o mercado de caminhões terá a presen-ça de Alcides Cavalcanti, diretor de

vendas e marketing da Iveco; Oswaldo Jardim, diretor de operações da Ford Caminhões; Ricardo Alouche, diretor de vendas e marketing da MAN Latin America; e Tânia Silvestri, diretora de vendas e marketing de caminhões na Mercedes-Benz.

Diretores responsáveis por novos empreendimentos no Brasil falarão de seus planos. Foram confirmados

para o painel Luis Curi, presidente da Chery Brasil; Marco Antonio Davila, presidente da DAF; Reinaldo Muratori, diretor de engenharia e planejamento da Mitsubishi Motors; Sérgio Habib,

presidente da JAC Motors Brasil, além de executivo da Fiat Auto-móveis que apresentará o pro-grama da empresa para o polo de Pernambuco.

A etapa final terá Cledorvino Belini, presidente da Anfavea, e a sócia-diretora da Prada Con-sultoria, Letícia Costa, ao lado de convidados de montadoras e do governo.

O terceiro Fórum Automo-tive Business repetirá ingre-dientes dos eventos anteriores,

como promover no megaespaço das palestras uma exposição de produtos, tecnologias e serviços. Nos intervalos do programa os participantes farão networking, visitarão estandes e par-ticiparão de ações promocionais, es-pecialmente no Network Café. Haverá novidades, como palco central e pro-jeção dinâmica com até oito quadros na tela dupla de 18 m de largura. n

ECONOMIA E INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA Em PAUTA

NETWORK CAFÉ durante a segunda edição do Fórum Automotive Business

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Mário CUrCio

Dezessete anos após o lançamento da primeira geração, a General Motors

apresentou a nova Chevrolet S10. Na picape reformulada, o projeto de design e engenharia foi desenvolvido no Brasil. A linha de São José dos Campos (SP) recebeu R$ 800 milhões de investimento para produzi-la. Essa é a única fábrica que irá montá-la na América do Sul.

“Podemos produzir cerca de 4.500 unidades por mês”, estima o vice-presidente de engenharia da GM, Pedro Manuchakian. A picape, segundo ele, tem índice de nacionalização entre 65% e 70% e começou a ser feita no Brasil em janeiro. Da Tailândia, onde a caminhonete é montada desde o segundo semestre de 2011, vêm alguns componentes forjados para suspensão.

A oferta de opções é grande e a lista tem 11 preços diferentes. “Haverá 21 versões até agosto. As próximas opções (com acabamentos simplificados) serão voltadas a frotistas”, revela o diretor de marketing do produto, Hermann Mahnke. Esses clientes são empresas com demandas no campo como Bayer, Syngenta e Monsanto. Em regra, adquirem cabines duplas com motor a diesel e tração 4x4. “As

NOVA GERAÇÃO CHEGA PARA MANTER A LIDERANÇA

companhias elétricas também são grandes compradoras da S10. Usam cabines simples, a diesel ou flex.”

Na tabela atual, a versão mais em conta é a LS Cabine Simples com motor flex, tração 4x2, câmbio manual de cinco marchas e preço sugerido de R$ 58.868. Para a mais completa, uma LTZ Cabine Dupla que associa motor a diesel, tração 4x4 e câmbio automático, o valor informado é de R$ 135.250.

A GM espera manter a liderança entre as médias mesmo com a chegada da nova Ford Ranger, que também passou por mudanças e estará à venda em breve: “Sabemos que todo o mundo estará atrás de nós e respeitamos a concorrência, mas temos um produto competitivo”, disse Manuchakian. Em 2011 foram emplacadas 42.818 unidades da S10, 33.259 da Toyota Hilux, 22.140 da Mitsubishi L200 e 14.988 da Ford Ranger.

Entre as mudanças que a S10 recebeu está um novo motor turbodiesel. O projeto é da italiana VM Motori, da qual a General Motors é dona de 50% (os outros 50% são

da Fiat). A GM licenciou a MWM International para produzi-lo no Brasil. Ele é feito em Canoas (RS) e utiliza a tecnologia EGR de recirculação dos gases de escape para atender aos novos limites de emissões.

A cilindrada é a mesma do propulsor antigo, 2,8 litros, mas a potência subiu para 180 cv. A turbina utilizada é uma Honeywell Garret com geometria variável. O ângulo das palhetas é alterado por um atuador elétrico em vez das câmaras de vácuo convencionais, o que melhora as respostas do turbo em diferentes rotações.

O motor 2.4 flexível recebeu cárter estrutural de alumínio, mudanças na admissão, escape e gerenciamento eletrônico mais sofisticado. Perdeu 1 cv de potência, mas ganhou torque. Rende até 147 cv e produz 24,1 m.kgf de torque.

As transmissões utilizadas também são diferentes. A caixa manual é feita pela Eaton. Tem carcaça de alumínio e utiliza sincronizadores triplos para primeira e segunda marchas a fim de facilitar os engates. A ré também é

sincronizada. Os engates ainda não são leves como num carro de passeio, mas estão um pouco mais próximos disso. A transmissão automática tem seis marchas e permite

S10 TEM ProJETo NACioNAL

mercado | LANÇAMENTO S10

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trocas sequenciais na alavanca. É semelhante àquela que equipa o Cruze. A tração 4x4 e a reduzida mantêm o acionamento elétrico, por um botão no painel.

COMPRADORAo detalhar o atual perfil dos compradores de S10, o diretor de marketing da GM, Gustavo Colossi, revelou: “Vinte por cento deles estão na cidade de Goiânia (GO), enquanto São Paulo (SP) tem 6%.” Outros mercados importantes para a picape são Cuiabá (MT), Campo Grande (MS) e Ribeirão Preto (SP). “Dos compradores, 45% são fazendeiros ou empresários; 41% rodam com a picape ao menos uma vez por semana em estrada não pavimentada; e 45% vivem em

cidades com menos de 500 mil habitantes.”

Colossi também acredita no sucesso da picape por causa do crescimento do setor agropecuário brasileiro: “De 1995 para 2011, a produção de grãos do Brasil saltou de 79,3 milhões para 159,4 milhões de toneladas. Em 1996 o País exportou 150 mil toneladas de carne bovina e esse número passou a 1,094 milhão de toneladas em 2011.” O avanço na produção de etanol foi lembrado por Colossi.

MELHOR PARA DIRIGIRMelhorou bastante a posição de dirigir da S10. O formato do banco, tamanho do volante e disposição dos instrumentos estão mais próximos do interior

de um automóvel. O acabamento não impressiona, mas condiz com a proposta da picape. As suspensões garantem conforto e boa estabilidade até mesmo em piso ondulado. A versão cabine dupla anterior tinha suspensões macias demais, o que prejudicava seu controle em curvas. Isso mudou na nova geração.

Outro destaque são as dimensões da cabine. Os passageiros de trás têm mais espaço para os joelhos e se sentam em posição mais confortável. As caçambas têm volume entre 1,57 m³ (cabine simples) e 1,06 m³ (cabine dupla). As versões a diesel são mais agradáveis de dirigir por causa da potência extra, mas o motor 2.4 flex também tem boas respostas. n

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“Temos caixa suficiente para investir nas tecnologias de redução de emissões.

E também já temos soluções desenvolvidas, como o sistema Tetrafuel, que você conhece melhor do que eu no Brasil.” Assim Sergio Marchionne, CEO da Fiat Chrysler, respondeu a Automotive Business sobre como levantaria recursos para investir no desenvolvimento de soluções para atender legislações cada vez mais restritivas.

Projetado no Brasil pelo braço de componentes do Grupo Fiat, a Magneti Marelli, o Tetrafuel foi adotado pela primeira vez em 2006 no Fiat Siena. O sistema multicombustível permite que o motor funcione com gás natural ou 100% de gasolina, 100% de etanol ou a mistura dos dois em qualquer proporção. Marchionne avalia que a invenção brasileira pode ser usada

nos Estados Unidos. “É possível, está pronto, podemos usar.” Para isso, Marchionne torce para que o país passe a incentivar o maior uso de gás natural, abrindo espaço para o Tetrafuel.

Mas o chefe da Chrysler e Fiat avalia que as apertadas metas de economia impostas pelo governo americano (algo como 23,4 km/l até 2025) serão atingidas de uma forma ou de outra. “Se não pudermos cumprir objetivos mais de uma década adiante será melhor fecharmos as portas e fazer outras coisas”, brincou Marchionne, em coletiva a jornalistas americanos, concedida logo após sua palestra no congresso anual dos concessionários americanos, em Las Vegas. “Minha melhor leitura do futuro é que as respostas para bater as metas de 2025 envolvem o uso de múltiplas tecnologias.” (Pedro Kutney) n

marchionne pode levarsistema tetrafuel aos eUaceo do GrUpo FiaT chrYsler aposTa em maior UTiliZaÇÃo do GÁs naTUral na amÉrica do norTe

Enquanto a introdução do chip de identificação veicular so-

fre adiamentos, o sistema Dot, da DNA Security, do grupo Dekra Brasil, utiliza nanotecnologia para inibir roubos e permite a rastre-abilidade e rápida identificação de componentes automotivos via bancos de dados na Internet. Até 7 mil micropontos, invisíveis a olho nu, gravam nas peças um códi-go único identificável globalmen-te. “É um sistema revolucionário, capaz de melhorar a segurança de motoristas, mercadorias transpor-tadas e gerenciadores de risco. A tecnologia reúne simplicidade e in-teligência a custo acessível”, asse-gura José Ramanho, consultor de negócios da Dekra, explicando que até modernos aparelhos de rastre-amento eletrônico já podem ser anulados pelos jammers, popular-mente conhecidos como “capeti-nhas”. A aplicação do Dot em um carro custa R$ 199 e o selo coloca-do no para-brisa adverte que as pe-ças estão marcadas e deixaram de ser interessantes para o comércio ilegal. Utilizado em larga escala por fabricantes de motos ou automó-veis, o serviço custaria apenas uma fração do valor cobrado no varejo e poderia se tornar um antídoto con-tra roubos. A tecnologia ainda não foi comprada por montadoras.

nanoTecnoloGia para inibir roUbos

ramalho: Dot é simples e acessível

mercado

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AutomotiveBUSINESS • 21

aGenda do seTor aUTomoTivodita novas regras sisTemas de Freios abs, airbaGs, proconve p7 e l6, chip do siniav e políTica de resídUos sólidos sÃo Temas em paUTa do seTor

Segurança, vigilância, reciclagem: 2012 mal começou e uma parte importante de sua

agitada agenda automotiva já foi colocada em prática. No ano em que o setor deverá equipar 30% dos modelos produzidos com sistema de freios ABS, podemos comemorar também a chegada do Proconve P7, que exige veículos pesados menos poluentes, e outros avanços.

“Uma grande conquista é a nova norma de colisão frontal com critério biomecânico, que já está valendo. Todo veículo lançado no País será submetido ao teste”, comenta Marco Saltini, vice-presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). A norma prevê o uso de dummies em crash tests. Munidos de sensores, eles simulam os efeitos de um acidente no corpo humano. Em 2014, todos os modelos vendidos no Brasil passarão pela prova.

Já o Sistema Nacional

de Identificação Automática de Veículos (Siniav), com início previsto para setembro, depende do poder público, que instalará as antenas de monitoramento e o chip. “Temos apenas que reservar uma área no para-brisa para alojá-lo e evitar que o sistema cause interferência eletromagnética no veículo”,

observa o executivo.

ProcoNVe L6As mudanças seguem em 2013, com a fase L6 do Proconve, que exigirá veículos leves menos poluentes, e os freios ABS

marco saltini, vice-presidente da Anfavea

harleY Bueno, diretor da AEA

chegando a 60% da frota, número que saltará a 100% em 2014. No mesmo ano, todos os automóveis produzidos contarão com duplo airbag e toda a frota receberá o chip do Siniav. “Estas questões estão equacionadas, a lição de casa tem sido feita pelo setor”, comenta Saltini.

Em discussão, a Política Nacional de Resíduos Sólidos regulamentará a reciclagem de todas as peças dos veículos gravemente sinistrados. “A reciclagem de pneus, baterias e lubrificantes é um sucesso e o mercado percebeu sua rentabilidade. Aço e vidro temperado também passam pelo processo, mas ainda não há regulamentação, é difícil dizer quando existirá uma lei abrangente”, diz Harley Bueno, diretor de reciclagem e segurança veicular da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA). n

gm promove crash test no campo de provas de Indaiatuba, SP

igor thomaz

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22 • AutomotiveBUSINESS

MERCADO

Paulo RicaRdo BRaga

APERTO NA EFiciÊNcia ENERgÉTica

Sem alarde, o governo promove estudos para adotar uma

legislação de eficiência energética e emissões de CO2 para completar as regras do novo regime automotivo, em próxima etapa, e atender a demanda do mercado por veículos mais eficientes. Um dos objetivos será o alinhamento a padrões globais, incorporando ao programa metas de eficiência definidas pelo Ministério do Desenvolvimento (MDIC) e Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), mobilizando o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

“Europa, Estados Unidos e Japão têm legislado sobre o tema há mais de uma década. Para ter uma industria automobilística competitiva, o País tem de se alinhar às metas internacionais, definidas por governos que se preocupam com a sociedade e o meio ambiente”, analisa Paulo Cardamone, diretor geral da IHS Automotive para a América do Sul, que coordenou estudos para subsidiar a tomada de decisão.

O programa em discussão, para veículos leves, deve ter metas

Paulo caRdamoNE, diretor geral da IHS Automotive na América do Sul

NOVAS REGRAS SOBRE CONSUMO E EMISSÕES SÃO PREPARADAS PARA INTEGRAR O REGIME AUTOMOTIVO

progressivas em quilômetros por litro para etanol e gasolina definidas a curto prazo, embora seja difícil cobrar das montadoras respostas à nova legislação antes de 2015 ou 2016. Haverá benefícios para as marcas que superarem os objetivos e penalidades para as que ficarem abaixo das expectativas, como acontece na Europa e Estados Unidos. Está previsto um sistema de etiquetagem, alinhado à legislação de eficiência energética, tendo como foco o consumidor, dentro de parâmetros técnicos.

NOVOS MOTORESPressionada pelo mercado,

de um lado, e pela legislação, de outro, a indústria será estimulada a produzir veículos mais eficientes, com incentivos tributários na esfera do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Sabe-se, por informações de bastidores, que a maioria dos fabricantes de veículos já está empenhada em desenvolver novas famílias de motores e implantar novas fábricas. A Ford anunciou aporte em Camaçari, BA, para fabricar motor de 3 cilindros que equipará a

nova geração do Ka. Em Joinville, SC, avançam as obras da GM na área de powertrain. A Volkswagen

produzirá os novos EA 211 em São Carlos, SP, e a Fiat, depois de promover investimentos na modernização da fábrica de Campo Largo, PR, avalia a melhor solução para abastecer a produção em Pernambuco. A Mitsubishi terá unidade para propulsores em Catalão, GO. A PSA Peugeot Citroën, com a Bosch, eliminou o tanquinho de seus motores flex e, em segunda etapa, lançará motores de 3 cilindros eficientes, possivelmente com blocos de alumínio e injeção direta.

Cada montadora vai encontrar a melhor solução para melhorar o consumo e reduzir emissões, na maioria das vezes recorrendo

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a soluções globais já disponíveis, seja para downsizing ou aplicação de turbo, injeção direta, controle variável de válvulas (VVT), redução de peso de componentes e outras tecnologias avançadas. Os veículos importados, hoje em geral mais eficientes do que os nossos, serão submetidos às mesmas regras.

“O Brasil é praticamente o único grande mercado sem legislação de

eficiência energética, o que deixa as montadoras locais sem obrigação de adicionar tecnologia aos sistemas de propulsão. O que se buscou até agora foi oferecer motores baratos e não competitivos do ponto de vista global”, alerta Cardamone, explicando que as regras de eficiência energética permitirão que o País volte a concorrer em mercados internacionais. n

OS NOVOS MOTORES BRASILEIROS TERÃO

COMO REFERÊNCIA PADRÕES AVANÇADOS

DEMONSTRADOS PELO FORD ECOBOOST 1.0,

QUE EQUIPA O NOVO FOCUS EUROPEU

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A inauguração do novo centro de operações da Meritor para o segmento de reposição,

em Barueri, a 30 km de São Paulo, trará duplo benefício para a empresa. De um lado, permitirá expandir seus esforços de comercialização no mercado de reposição, que promete crescer em 2012. Ao mesmo tempo, a mudança abrirá espaço, no local ocupado anteriormente, em Osasco, SP, para atender as duas fábricas da marca que aceleram as linhas de montagem para acompanhar o ritmo do mercado de veículos comerciais.

Angelo Morino, diretor geral da Divisão de Aftermarket, esteve empenhado nos últimos meses em definir a mudança e estruturar os 5.000 m2 que serão dedicados ao estoque e distribuição logística de eixos, cardãs, componentes de freio e suspensão a toda a América do Sul. A nova área, 50% maior que a anterior, exigiu investimento de R$ 1,7 milhão para sua adequação e traz benefícios como maior pé direito (que amplia a área de armazenamento na vertical), sistema de drenagem para reutilização da água de chuva e um interessante projeto de iluminação natural.

Já teve início um intenso movimento de operadores logísticos nas dez docas da Divisão de Aftermarket preparadas para receber caminhões, que têm como rota certa a rodovia Castelo Branco e o Rodoanel de São Paulo na direção de distribuidores

na América do Sul. Pelas projeções de Morino, a receita da empresa na reposição para o segmento de pesados deve avançar cerca de 20% este ano. O crescimento só não será maior porque as operações com componentes remanufaturados, como eixos, ainda não emplacaram de forma decisiva, como ele gostaria: “É uma questão quase cultural. Há poucos casos de avanços rápidos nessa atividade”, explica.

Os negócios poderiam evoluir melhor também se o governo argentino não estivesse dificultando bastante as importações de componentes automotivos. Morino estima que as vendas ao país vizinho vão cair 50% no primeiro trimestre, tendo em vista as restrições, que possivelmente têm o objetivo de forçar a produção local e equilibrar a balança comercial argentina.

O centro de distribuição de Barueri estará mais integrado à operação global de aftermarket da Meritor,

que tem braços fortes na Índia, China e Austrália. As filiais naqueles países serão utilizadas, quando for conveniente, para abastecer as vendas de produtos adequados para o mercado sulamericano, combatendo a penetração de componentes concorrentes oriundos da Ásia que visam à penetração no Brasil e vizinhança.

No segmento OEM a Meritor atende a maioria dos fabricantes de caminhões, veículos industriais, fora de estrada, ônibus e militares. A receita total da corporação no ano fiscal encerrado em setembro de 2011 foi de US$ 4,6 bilhões, dos quais 57% provenientes do segmento de caminhões, 22% do segmento de indústrias e 21% da área de reposição e reboques. A operação na América do Sul respondeu por 15% do faturamento global. No Brasil ela distribui componentes com as marcas Meritor, Master, Suspensys, Timken

e Euclid.Nos planos para 2012 a

Meritor inclui um esforço extra para oferecer aos clientes pacotes completos de sistemas, componentes e serviços. “Pretendemos convencer prospects de que eles podem encontrar conosco todas as soluções para a reposição de veículos comerciais”, observa Morino. Com alguma folga na área de armazenamento e nos sistemas logísticos, ele pretende abrir outras frentes de receita, como serviços logísticos para terceiros. n

UNIDADE DE AFTERMARKET PROJETA RECEITA 25% MAIOR EM 2012

MERITOR GANHA FÔLEGO EM BARUERI

AnGELO MORInO: Meritor atende a maioria dos fabricantes de caminhões

mercado

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A decolagem do Proconve 7 abre boas perspectivas de negócios para a multinacional

alemã Voss Automotive, que possui duas fábricas em Diadema, no ABC paulista. Especialista em mangueiras e conexões automotivas, a empresa está ainda praticamente sozinha no suprimento a sistemas que utilizam as tecnologias SCR, de pós-tratamento dos gases com a injeção da solução de ureia (Arla 32) no escapamento. Nessas aplicações, os componentes devem ser imunes ao efeito corrosivo do produto químico e as tubulações utilizam poliamidas (nylon) nas paredes internas.

Em 2011 a Voss faturou cerca de

R$ 100 milhões com as operações no País, atendendo a maioria das montadoras. Sergio Andreatini, presidente, projeta uma evolução de 5% na receita em 2012 e aposta na comercialização de produtos com maior valor agregado para chegar a essa meta. Ele admite, no entanto, que no segmento de veículos comerciais pode haver até uma redução nos volumes, ante as vacilações nas compras de caminhões novos, que agora devem atender a legislação de emissões mais rígida, equivalente a Euro 5.

“Vamos crescer com a evolução do mercado interno, que pode dobrar nos próximos anos. Esperamos

atender os fabricantes recém chegados ao País no segmento de pesados, como DAF e Sinotruck, e algumas marcas no segmento de leves”, observa o executivo, que trabalhou na Siemens VDO e na Mercedes-Benz, na área de desenvolvimento, antes de se juntar à Voss. n

P7 tRAz nEGócIOs PARA vOssALEMÃ QUER CREsCER 5% EM 2012

sERGIO AndREAtInI aposta nas novas tubulações para Euro 5

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UMA CORRIDA DE r$ 60 BILHÕES

CAPA|INVESTIMENTOS | REGIME AUTOMOTIVO

SOb NOVO REGIME, MONTADORAS E AUTOPEÇAS INICIAM O MAIOR INVESTIMENTO NA HISTÓRIA NO SETOR, ENQUANTO

OS ACORDOS COM MÉXICO E ARGENTINA DERRAPAM

PAULO rICArDO BrAGA

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UMA CORRIDA DE r$ 60 BILHÕES

T ome fôlego para uma corrida de US$ 35,5 bilhões (cerca de R$ 60 bilhões), que só terminará

em 2015, quando a indústria automo-bilística tiver inaugurado ou ampliado quase três dezenas de fábricas de veículos e elevado a capacidade de produção para mais de 6 milhões de unidades/ano. O mercado inter-no será um dos quatro maiores do mundo ao final da maratona de inves-timentos, com um portfólio invejá-vel de veículos para atrair clientes mais exigentes e ansiosos por inova-ção. A Anfavea calcula que as monta-doras associadas farão aportes de US$ 22 bilhões, enquanto as empre-sas de autope-ças, filiadas ao Sindipeças, vão aplicar US$ 2,5 bilhões ao ano para acompanhar o ritmo (outros US$ 10 bilhões).

O restante do pacote virá de newcomers, que deverão acrescen-tar US$ 3,5 bilhões com as iniciati-vas da Chery (US$ 400 milhões, Ja-careí, SP), Hyundai Brasil (US$ 600 milhões, Piracicaba, SP), JAC Motors (US$ 600 milhões, Camaçari, BA), DAF (US$ 200 milhões, Ponta Grossa, PR), Suzuki (US$ 60 milhões, Itumbia-ra, GO), SsangYong, Changan e Hai-ma (US$ 300 milhões, Linhares, ES), já anunciadas, e empreendimen-tos projetados pela Shacman e Sinotruk (caminhões), Effa/ Lifan, BMW e Land Rover.

A maioria dessas empre-sas aguardava o novo decre-to para o regime automo-tivo, cujo conteúdo vazou dia 2 de março, à espera da assinatura da presiden-te Dilma Roussef. As no-vas regras valerão de 2013 a 2016, mantendo os 30 pontos extras no IPI de im-

lhões aplicada por montadoras e au-topeças de 1980 a 2011. A Anfavea computou US$ 47,3 bilhões naque-le período (incluindo máquinas agrí-colas e considerando valores nomi-nais, convertidos em dólar pela taxa média de cada ano) e o Sindipeças, outros US$ 28,8 bilhões, totalizando US$ 76 bilhões em plantas, capacida-de de produção, produtos e proces-sos industriais, inovação e engenha-ria. Apenas em 2011 foram contabili-zados aportes de US$ 5 bilhões.

Haverá recursos do BNDES e ban-cos oficiais para assegurar a decolagem dos empreendimentos, junto com in-centivos expressivos de Estados e mu-nicípios, e linhas de crédito para pesqui-sa, desenvolvimento e inovação, a se-rem anunciadas mais adiante.

O País conta com 19 montado-ras de veículos e 7 de máquinas agrí-colas, operando 53 fábricas de mo-tores, componentes e produtos fi-nais nos polos industriais automoti-

vos em oito estados brasileiros. Há cerca de 500 empresas forne-cedoras de autopeças.

O atual programa de investi-mentos avaliado em R$ 60 bi-lhões, acompanhado de re-gras mais equilibradas conti-das na complementação re-velada em março, pode cor-

US$ 35,5 bilhõesé o invesTimenTo

projeTado para o seTor auTomoTivo aTé 2015

portados não originários do Mercosul ou do México, dobrando para 1% os investimentos obrigatórios em P&D e trazendo maior flexibilidade a novos empreendimentos. A decisão final de montar fábrica local, no entanto, pas-

sará pela análise da promessa de crédito presumido do IPI, entendido como uma espé-cie de poupança a ser utilizada pelo

interessado quando as linhas de mon-tagem locais começarem a operar, e pela facilidade para atingir o grau de nacionalização exigido, de 65%.

A média anual de inversões, no ci-clo atual de quatro anos, somará na-da menos de US$ 8,88 bilhões, mais que o triplo da média de US$ 2,38 bi-

A CHInESA CHEry foi a primeira das newcomers a anunciar fábrica no país

UnIDADE DA PSA PEUGEOt CItrOën em porto real, rj, receberá aporte extra de r$ 2,3 bilhões até 2015

SOb NOVO REGIME, MONTADORAS E AUTOPEÇAS INICIAM O MAIOR INVESTIMENTO NA HISTÓRIA NO SETOR, ENQUANTO

OS ACORDOS COM MÉXICO E ARGENTINA DERRAPAM

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28 • AutomotiveBUSINESS

CAPA|INVESTIMENTOS | REGIME AUTOMOTIVO

responder a parte das expectativas do presidente da Anfavea, Cledorvino Be-lini, que ao tomar posse como presi-dente da entidade, em 2010, mani-festou o desejo de testemunhar um grande pacto nacional em favor da competitividade e a produção de car-ros locais com autopeças brasi-leiras. No entan-to, por questões estruturais como a fragilidade da infraestrutura e baixa capacidade de gestão do gover-no, o poder de competição dos pro-dutos nacionais avançará lentamen-te. O conteúdo de autopeças nacio-nais tornou-se o grande xis da ques-tão, como alerta o Sindipeças: apesar da exigência de 65% de peças brasi-leiras para evitar o recolhimento do IPI gordo, ainda é fácil burlar as regras e a fiscalização.

Belini costuma enfatizar que a in-dústria automobilística agrega longa e complexa cadeia econômica, multipli-cadora de novas economias antes e de-pois da fabricação de seus produtos, desde as matérias-primas e insumos às autopeças, rede de distribuição e servi-ços automotivos. O governo compro-

vou concordância, como demonstrou na edição do Plano Brasil Maior, no ano passado, elegendo o segmento como estratégico e prioritário.

novo CenárioA avalanche de recursos destinados

ao mercado au-tomotivo parece ainda pouco vul-nerável ao tsu-nami que des-monta a econo-mia da Europa.

Repete-se, assim, com outro enredo, a imunidade do País à crise interna-cional, enquanto se esboça um porto seguro para negócios. O cenário atu-al leva o minis-tro Guido Mante-ga a respirar com certo alívio. Afi-nal, foi ele o prin-cipal avalista das regras que de-ram contornos ao Decreto 7567, tido como o ponto de partida para estru-turação do novo regime automotivo. Não foram poucas as polêmicas no fi-nal de 2011, provocadas pelo conteú-do protecionista, que trazia evidentes vantagens para os fabricantes locais.

O alto grau de nacionalização exigi-da dos novos produtos de newcomers e a demora do governo em completar as regras do regime automotivo che-gou a provocar insegurança entre os investidores. Sem marcos regulató-rios para balizar os novos empreen-dimentos, os aplicadores ficaram em alerta, à espera de definições, e nem sequer procuraram o Sindipeças, ca-minho óbvio para conhecer detalha-damente a cadeia de suprimento.

A revisão do regime automotivo, que promete melhores soluções, foi atropelada em fevereiro pelas discus-sões com Argentina e México sobre as regras de livre comércio no seg-mento. O país vizinho passou, siste-maticamente, a bombardear as im-portações brasileiras, elevando o grau de burocracia na concessão de licenças. “Pequenas falhas na do-cumentação constituem motivo pa-ra cancelamento. Assim, o fabrican-te brasileiro precisa ficar de plantão à espera da aprovação das licenças para começar a produzir, porque terá poucos dias para enviar a encomen-da”, disse a Automotive Business o presidente da TMD Friction Brasil, Feres Macul, assegurando que as di-ficuldades chegaram a extremo.

Enquanto a relação com a Argenti-na chega a ganhar status de pastelão, sob vistas grossas do governo bra-sileiro para não agravar as dificulda-

des internas no vizinho, as re-centes disputas com o México, que inicialmen-te pareciam pu-ra cena, podem

se complicar. Depois de registrar sal-dos positivos expressivos na balança comercial, o Brasil passou à condi-ção de importador de veículos em vo-lume expressivo e força para reverter a situação. “Algumas montadoras lo-cais repetiram a equação do Mercosul

LEtíCIA COStA, sócia-diretora da prada Consultoria

US$ 8,88 bilhõesserá a média anual

de aporTes no seTor

US$ 3,5 bilhõesé o aporTe esTimado para as newComers

QUEbRA DO PACTO

COM O MÉXICO

TRARIA SÉRIOS

PREJUÍZOS AOS

PROGRAMAS QUE

ESTãO SENDO

DESENVOlVIDOS

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30 • AutomotiveBUSINESS

CAPA|INVESTIMENTOS | REGIME AUTOMOTIVO

e tornaram o México base de produ-ção complementar”, observou Letícia Costa, sócia-diretora da Prada Con-sultoria, alertando que uma eventual quebra de contrato, mesmo após 12 meses de carência, traria prejuízos sé-rios aos programas atuais.

A tentativa de acrescentar cami-nhões e ônibus ao acordo parece não ter despertado interesse entre mexica-nos. Um dos motivos seria a facilida-de de buscar nos Estados Unidos lo-tes de veículos comerciais usados, em bom estado, a preços irrisórios, algo que já ocorre também com automó-veis, em regime de livre mercado. A disposição de endurecer a revisão do pacto revela o fortalecimento do nos-so parceiro, vizinho do mercado nor-te-americano que abriu as portas de diversos países para seus produtos automotivos, coisa que o Brasil derra-pa em promover.

Não é uma ta-refa das mais di-fícil compreender por que o México ganha preferên-cia de muitas em-presas, em razão dos menores custos de produção e pe-la facilidade de exportação. Em Indaia-tuba, SP, um profissional da TMD Fric-tion pode receber salário de R$ 4,2 mil por mês. Trabalhador com qualificação equivalente na filial mexicana de Que-rétaro custa à empresa US$ 800, com encar-gos. A energia elétrica na fábrica paulista é 40% mais cara que lá.

Além da TMD, tam-bém Teksid e Tupy já ele-geram o México como base de produção para avançar com maior faci-lidade no mercado inter-nacional. “Chegamos a exportar 40% da nos-sa produção no Brasil

fErES mACUL,presidente da Tmd Friction Brasil

até 2008. Hoje vendemos lá fora ape-nas 15%”, diz Feres Macul, presidente da empresa especializada em materiais de atrito para freios, como pastilhas e lonas, lamentando a perda de compe-

titividade.Levantamen-

to da Pricewa-terhouseCoo-pers em 2011 sinalizou que os custos de pro-

dução no Brasil são até 60% superio-res aos de países concorrentes no se-tor automotivo. Para um índice 100 da China, o Brasil fica com 160, o México com 120 e a Índia com 105. Aqui o aço tem preço 40% superior ao

da China, Índia e México. O preço da água e da eletricidade no Brasil (0,81 euro/m3 e 0,10 euro por kWh) é o do-bro do mexicano.

Quem espera mudança cambial para alterar essa realidade poderá ficar frus-trado. O experiente Octávio de Barros, diretor do Departamento de Pesqui-sas e Estudos Econômicos do Brades-co, projeta o dólar a R$ 1,65, no final de 2012, muito longe do que gostariam os empresários locais. Mas ele tem ou-tras notícias: os emergentes continua-rão sendo a bola da vez, com a China crescendo a 8,2% em 2012, focada no mercado doméstico; a produção indus-trial brasileira avançará 2,52% em 2012, ante os mirrados 0,29% de 2011. A

economia brasileira ca-minha para US$ 3,3 tri-lhões no final de 2013.

“Apesar de todas as dificuldades, o merca-do brasileiro ainda é um grande atrativo”, admite Macul. Con-cordam com o execu-tivo as empresas que vão dirigir ao País, até 2015, os aportes de R$ 60 bilhões no setor automotivo.

US$ 22 bilhõesserá a apliCação das

monTadoras assoCiadas à anFavea

fOrD nOvO KA: sob o novo regime, o substituto será produzido em Camaçari, Ba

PEQUENAS

FAlHAS lEVAM AO

CANCElAMENTO

DAS NOSSAS

lICENÇAS DE

IMPORTAÇãO NA

ARGENTINA

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32 • AutomotiveBUSINESS

CAPA|INVESTIMENTOS | rEGIME AUTOMOTIVO

NOVAS REGRAS PARA OSEtOr AUtOmOtIvO

Com alguma demora, marcada por prudência não demonstrada na edição do Decreto 7567, equa-cionado às pressas por exigência da presidente

Dilma Roussef para dar partida ao novo regime automoti-vo, os ministérios do Desenvolvimento (MDIC), Fazenda e Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) deram passo para corrigir distorções dos pacotes anteriores. A complemen-tação das regras do regime obrigará os fabricantes atuais a dobrar as aplicações em pesquisa e desenvolvimento para se livrar do IPI extra e os newcomers terão flexibilidade pa-ra atingir os 65% de conteúdo local, após a abertura das

linhas de montagem. Haverá, ainda, uma espécie de des-conto na forma de crédito presumido do IPI na importação de veículos antes da efetiva maturação dos investimentos.

As duas questões que afetam os serão decisivas para a atração de investimentos e serão analisadas caso a caso para definir a vantagem que podem trazer aos empreen-dimentos. A flexibilização do conteúdo local é tida como indispensável para definir a viabilidade dos novos produ-tos, evitando o pagamento do IPI gordo. Já a recupera-ção do IPI recolhido durante a construção da fábrica, na importação de veículos, tende a ser alvo de polêmica pelo

ENQUANTO NEWCOMERS GANHAM FlEXIbIlIDADE PARA CHEGAR AOS 65% DE

CONTEÚDO lOCAl E CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI, OS ATUAIS FAbRICANTES

INVESTIRãO MAIS EM PESQUISA, DESENVOlVIMENTO E INOVAÇãO

rEAtIvAr exportações de veículos é um dos objetivos do novo regime automotivo

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grau de retorno financeiro, que pode ser parcial.

Existe nó a desatar: parte da equipe econômica crê que o crédito presumi-do só valerá se houver correspondên-cia entre o veículo importado e o pro-duzido futuramente no País, enquanto outros advogam que a regra é contra-ditória, diante da rápida mudança de modelos no mercado.

hAbilitAçãoO decreto que recebe a aprovação da presidente Dilma Roussef avança na tentativa de aumentar o grau de tec-nologia e inovação incorporado aos veículos nacionais, elevando de 0,5% para 1% a parcela do faturamento que as montadoras precisam aplicar em P&D. Em nova etapa, a política será fa-cilitada pela oferta de crédito da Finan-

ciadora de Estudos e Projetos (Finep) e do Banco Nacional de Desenvolvi-mento Econômico e Social (BNDES) a programas com expressivo conteúdo local, com juros da ordem de 4,5%.

Portaria do Ministério do Desenvol-vimento (MDIC), de 31 de janeiro, já havia habilitado todas as associadas à Anfavea para a comercialização dos veículos que produzem no Brasil sem o IPI gordo. O governo apenas exa-minou os processos entregues pelas montadoras, informando estarem ap-tas a gozar da isenção por assegurar 65% de conteúdo local e realizar no Brasil ao menos seis das onze etapas produtivas estipuladas no decreto de setembro de 2011. Nenhuma verifica-ção in loco foi realizada. O prazo para comprovar o investimento em P&D e inovação tecnológica será ainda defi-

nido. As montadoras deverão renovar periodicamente as informações sobre conteúdo local, sujeitas a auditoria.

ComPetitividAdePara uma indústria que acumula de-fasagens tecnológicas e duvidosos patamares de eficiência, a proteção à produção local nas fases iniciais do regime automotivo traz fôlego e re-força o poder de competir à medida que outros países incentivam suas operações automotivas a conquistar espaço no Brasil. Poucos duvidam, no entanto, que a consolidação da indústria nacional só virá mediante efetiva gestão do governo e medidas de estímulo à infraestrutura e à cria-ção e absorção de novas tecnologias e inovação, como promete o Plano Brasil Maior nas próximas etapas. n

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34 • AutomotiveBUSINESS

autopeças | INVESTIMENTOS

trem dos fornecedores ainda acelera

PEDRO KUTNEY

A potente locomotiva dos fabri-cantes de carros e caminhões no Brasil, acelerada por US$

26,5 bilhões em investimentos projeta-dos até 2016, puxa um longo trem de fornecedores rumo à corrida do ouro do setor automotivo brasileiro. Para par-ticipar dessa viagem, que deve levar a um mercado esperado de 5 milhões de veículos por ano já em 2015, os “passa-geiros” desse trem vão pagar uma cota estimada em US$ 12,5 bilhões em in-vestimentos programados nos próximos cinco anos, ao ritmo de US$ 2,5 bilhões por ano, de acordo com o mais recente levantamento do Sindipeças com seus associados (a entidade reúne cerca de 500 fabricantes de autopeças no País).

Os fabricantes de veículos no Bra-sil pretendem fazer novos produtos e aumentar a capacidade de dezoito fá-bricas de carros e nove de caminhões. Também vão construir oito novas plan-tas de automóveis e seis de caminhões, elevando o número total de unidades de produção de veículos no País das atuais 24 para 38, com capacidade para fazer 6,5 milhões de unidades por ano a par-tir de 2015. A cadeia de suprimentos também precisa crescer consideravel-mente para sustentar o crescimento do setor. Ninguém parece duvidar que exis-

demais, Cerutti reconhece que o mo-mento é de crescimento e a produção está aquecida em todas as treze fábri-cas da empresa no Brasil: “Existem oportunidades. Vários clientes estão pedindo mais produtos. Mas o merca-do brasileiro de autopeças é bastante competitivo e aberto. Para sobreviver são necessários investimentos constan-tes em fábricas e produtos.”

insuficienteA indústria de autopeças tem 60 anos de história no Brasil e forma uma ex-

fábricas de autopeças devem investir us$ 12,5 bilhões até 2016, mas aportes são insuficientes para acompanhar o

crescimento das linhas de produção no país

LENTAMENTE

ViRgíLiO CERUTTi, presidente da Magneti Marelli no Mercosul

ta ouro na mina automotiva brasileira, mas não se sabe se há para todos.

“Quando olhamos os planos de ne-gócios de todos os que estão chegando até 2014, chegamos a um mercado total de 200%”, diz Virgilio Cerutti, pre-sidente da Magneti Marelli no Mercosul, braço de componentes do Grupo Fiat que fornece para todos os fabricantes de veículos na região e fatura perto de US$ 2 bilhões por ano, na segunda maior operação da empresa fora da Itá-lia. Apesar das precauções que devem ser tomadas com projeções otimistas

para sobreviver

são necessários

investimentos

constantes

em fábricas e

produtos

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AutomotiveBUSINESS • 35

tensa cadeia de suprimentos. Nos anos 1990, grande parte das empresas nacionais foi absorvida por grandes corporações multinacionais. Hoje o ca-pital estrangeiro domina 75% do setor. Durante o período de consolidação, muitos fornecedores desapareceram: de mais de 2 mil associados ao Sindi-peças, há vinte anos, restaram perto de 500. E 200 são responsáveis por 80% do faturamento total dos fabricantes de componentes automotivos nos País.

O movimento de consolidação criou um setor robusto no topo, mas ainda frágil na base, onde se encon-tram os subfornecedores tiers 2 e 3. Por isso, a produção e os investimentos dos fornecedores deixaram de acompanhar como deveriam o crescimento dos fa-bricantes de veículos. Segundo o le-vantamento do Sindipeças, nos últimos seis anos, para cada US$ 100 investidos

pelas montadoras finais, os fornecedo-res investiram apenas US$ 52. Enquan-to a produção física de veículos no País cresceu mais de 100% nos últimos dez anos, a indústria de autopeças evoluiu 40%, segundo dados da pesquisa in-dustrial do IBGE.

Os investimentos dos fabricantes de autopeças no Brasil equivalem a 3,5% do faturamento do setor, que chegou a US$ 55,9 bilhões em 2011 e está projetado para atingir US$ 56,1 bilhões em 2012. Segundo o Sindipe-ças, o ideal seria que esse porcentual ficasse situado acima de 5%, pois os aportes atuais em expansão e moder-nização das fábricas de autopeças são insuficientes para acompanhar o cres-cimento da produção de veículos.

Nesse cenário, as importações de peças estão preenchendo o espaço va-zio deixado pelos fornecedores nacio-

nais. Desde 2007 a balança comercial de autopeças do País apresenta resul-tado negativo. Em 2011, o déficit foi de US$ 4,5 bilhões, com exportações de US$ 11 bilhões e importações de US$ 15,5 bilhões. O Sindipeças projeta de-terioração US$ 1 bilhão maior desse quadro este ano, com vendas externas de US$ 11,2 bilhões, compras de US$ 16,7 bilhões e balanço no vermelho em US$ 5,5 bilhões.

“A produtividade está caindo no Brasil porque falta automação e o custo de mão de obra está aumentan-do. Os tiers 2 e 3 também precisam mudar e se modernizar, ou a cadeia não funciona, não é sustentável”, pon-derou Alexander Seitz, vice-presidente de compras da Volkswagen América do Sul, ainda no meio de 2011, ano em que pilotou orçamento em torno de US$ 10 bilhões para gastar com

• 60 anos no Brasil

• 75% de capital estrangeiro

• 500 fabricantes (mais de 2.000 há 20 anos)

• 200 empresas giram 80% da receita do setor

• Nos últimos 6 anos, investiu US$ 52 para cada US$ 100 aplicados pelas montadoras

• Receita de US$ 55,9 bilhões em 2011

retrato da indústria de autopeças no país

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36 • AutomotiveBUSINESS

AUTOPEÇAs | INVESTIMENTOS

todo o mundo por falta de peças. Por isso, tanto montadoras como sistemis-tas têm aumentado os esforços de na-cionalização de componentes.

O Brasil pode produzir hoje a maior parte das autopeças de que precisa, mas existem certos buracos negros na cadeia brasileira de suprimentos automotivos. São componentes que não são fabri-cados por nenhum fornecedor no País e precisam ser 100% importados. É o caso, por exemplo, de semicondutores e eletrônicos em geral, que ganham cada vez mais espaço nos carros.

“É inviável importar tudo em um país que já produz mais de 3,5 milhões de veículos por ano. É estratégico produ-zir o máximo que pudermos perto dos clientes, mesmo que isso signifique algum prejuízo. Trabalhamos para au-mentar o conteúdo local”, assegura Gá-bor Deák, presidente da Delphi América do Sul. A empresa ampliou seu fatura-mento na região de US$ 300 milhões em 2003 para US$ 1,2 bilhão em 2010, o equivalente a 8% das vendas da com-panhia no mundo.

As compras de fornecedores brasilei-ros superam os US$ 700 milhões/ano. Os investimentos têm ficado constantes na casa dos US$ 40 milhões/ano, para elevar a produção das doze fábricas no Brasil e desenvolver produtos. “Em 2011 investimos mais em aumento de capaci-dade e inauguramos uma fábrica de chi-cotes elétricos em Conceição dos Ouros (MG). Este ano acredito que direcionare-mos mais recursos ao desenvolvimento de sistemas”, conta Deák..

US$ 26,5 bilhõesé o investimento dos atuais

fabricantes de carros e caminhões no Brasil até 2016

US$ 12,5 bilhõesé o que vão aplicar os fornecedores locais de

autopeças para acompanhar as montadoras

14 fábricas novasserão inauguradas até 2015,

elevando o total para 38

5 milhões de veículos/ano

é a projeção das vendas para 2015

US$ 4,5 bilhões foi o déficit da balança

comercial de autopeças, que está no vermelho desde 2007

US$ 5,5 bilhões é o déficit projetado para a

balança comercial de autopeças em 2012, com exportações de US$ 11,2 bilhões e compras

externas de US$ 16,7 bilhões.

fornecedores no Brasil e na Argentina. O executivo reconheceu que aumen-

tou suas compras externas, tanto que no ano passado o índice de nacionali-zação médio da Volkswagen recuou de 80% para perto de 75%. Mas Seitz ga-rantiu que quem mais importa compo-nentes atualmente não são exatamente as montadoras e sim os sistemistas, que entregam conjuntos prontos, con-siderados nacionais, com diversos itens importados incorporados.

nacionalizaçãoPara Seitz, os empresários do setor de autopeças deveriam aproveitar o mo-mento propício para modernizar suas fábricas. “Acho que nunca mais eles terão a chance de comprar máquinas tão baratas”, disse, destacando o câm-bio favorável para importar maquinário. O problema é que o dólar desvalorizado também torna atraente aumentar as compras de peças no exterior.

Contudo, por mais vantajoso que isso possa parecer, também é arriscado do ponto de vista logístico. Exemplo disso foram Honda e Toyota após o terremo-to e tsunami que atingiram diversos de seus fornecedores no Japão, fazendo submergir a produção das fábricas em

é estratéGico produZir o máXimo

perto dos clientes, mesmo Que isso

siGnifiQue alGum preJuíZo

gábOR DEáK, presidente da Delphi América do Sul

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38 • AutomotiveBUSINESS

AUTOPEÇAS | INVESTIMENTOS

COM O NOVO REGIME AUTOMOTIVO, LEVA VANTAGEM QUEM JÁ ESTÁ AQUI

Com a aceleração das importa-ções de carros, em 2011 o go-

verno brasileiro aumentou a taxação em 30 pontos porcentuais sobre o IPI de veículos importados de fora do Mercosul e do México, com os quais mantém acordos de livre comércio. Ao mesmo tempo, as novas regras exigem dos fabricantes locais o uso mínimo de 65% de conteúdo nacional e operações industriais locais para es-capar do imposto maior. O aperto do protecionismo traz aos fornecedores já instalados a oportunidade extra de aumentar suas vendas.

“A tendência é de aumento do pro-tecionismo e leva vantagem quem já está aqui. Estamos bem preparados para isso”, diz José Manoel Fernan-des, diretor de vendas e marketing da Meritor América do Sul, o maior for-necedor de eixos, cardãs e caixas di-

ferenciais para caminhões na região. Com o expressivo aquecimento do mercado de veículos pesados, o fatu-ramento da operação sul-americana cresceu 40% no ano passado, para cerca de US$ 700 milhões, e a empre-sa precisou acelerar seu programa de investimentos de US$ 27 milhões no período 2011-2012, incluindo a cons-trução de uma nova fábrica de mon-tagem de diferenciais em Resende (RJ), para atender a MAN, um de seus maiores clientes. Se as vendas con-tinuarem a crescer, Fernandes prevê que a Meritor terá de injetar mais US$ 30 milhões na unidade brasileira em 2013 e 2014. “Existem muitos novos fabricantes de caminhões chegando ao Brasil e nós estamos conversando com todos eles”, revela.

Se por um lado os novos fabrican-tes de veículos que chegam ao Brasil são uma oportunidade para aumen-tar os pedidos de quem já está no País, também representam um risco. “Muitas dessas companhias, princi-palmente as asiáticas, trazem consigo novos fornecedores, que vão compe-tir com quem já está aqui”, avalia Gá-

bor Deák, presidente da Delphi para a América do Sul. Exemplo disso é a Hyundai, que começa a produzir em Piracicaba (SP) em 2013 e já fechou contratos com 29 fornecedores, dos quais nove vêm da Coreia e nunca ti-nham investido no Brasil antes.

De uma forma ou de outra, o fato é que o previsto expressivo aumento da produção de veículos no Brasil desperta o interesse de fabricantes de autopeças em todo o mundo. Outro exemplo disso pode ser claramente observado no comportamento da ca-nadense Magna, que até 2009 manti-nha no País só uma pequena fábrica. Em apenas dois anos, a sistemista construiu mais três unidades, com-prou outras cinco e está erguendo mais duas, formando um parque de onze plantas em solo brasileiro, com aportes que devem passar de US$ 500 milhões.

As oportunidades são variadas, como mostra a brasileira MVC, uma joint venture entre a montadora de carrocerias de ônibus Marcopolo (26%) e a fabricante de derivados químicos Artecola (74%). A empresa vem aumentando significativamente seu faturamento com o fornecimen-to de peças plásticas para fábricas de carros, à razão de 20% a 25% ao ano. As vendas somaram US$ 70 milhões em 2011 e devem saltar para US$ 80 milhões este ano. Os investimentos programados até 2015 são de US$ 13,5 milhões. “Precisamos expandir nossa capacidade para atender no-vos clientes. Devemos fornecer para novos projetos da Nissan, Mitsubishi e Suzuki nos próximos anos”, conta Gilmar Lima, diretor-geral da MVC.

PROTECIONISMO TRAZ OPORTUNIDADE

JOSÉ MANOEL FERNANDES, diretor de vendas e marketing da Meritor para a América do Sul

A TENDÊNCIA É

DE AUMENTO NO

PROTECIONISMO

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40 • AutomotiveBUSINESS

autoPeças | investimentos

Paralelamente ao crescimento orgânico do mercado brasileiro

de veículos, o aumento da renda dos brasileiros, de 33% entre 2003 e 2011, está elevando os padrões de compra da população e isso afeta diretamente os fornecedores, que são obrigados a oferecer mais itens para agregar valor aos veícu-los produzidos no País. O maior rigor da legislação de emissões e de segurança também força a in-clusão de novos componentes.

“Por isso alguns segmentos es-tão crescendo mais depressa do que outros”, explica Gábor Deák, presidente da Delphi América do Sul. Ele cita o exemplo do ar-con-dicionado, instalado em menos de 20% dos veículos produzidos no Brasil até 2007 e hoje presente em 70%, “com tendência de chegar próximo de 100%”. Desde quan-do assumiu a presidência da Delphi, o executivo já precisou dobrar pelo menos duas vezes a capacidade da fábrica de compressores de ar-con-dicionado em Jaguariúna (SP), que hoje pode produzir até 2 milhões de unidades por ano.

O aperto da legislação também traz oportunidades. A Robert Bosch já anunciou que investirá cerca de US$ 13 milhões para construir, ainda este ano, uma nova fábrica de sistemas ABS, antitravamento de freios, e ESP, de controle eletrônico de estabilidade. A lei brasileira obriga a instalação de ABS em todos os veículos vendidos no País a partir de 2014, o que deve-rá elevar as vendas atuais do sistema da Bosch na região, hoje em torno de 500 mil unidades/ano. Para aproveitar

a mesma oportunidade, em breve a Continental também deverá anunciar a fabricação do ABS no País.

O ESP não é obrigatório, mas a Bosch aposta que será cada mais pro-curado, assim como outros itens de segurança e conforto. “A tendência é que carros cada vez mais compactos recebam mais tecnologia. O acesso dos países emergentes a novos siste-mas também será ampliado”, avalia Besaliel Botelho, presidente da Robert Bosch América Latina. O faturamento da empresa na América do Sul supera US$ 3 bilhões por ano e o Brasil res-ponde por 80% das vendas.

O esperado aumento das exigên-cias da legislação ambiental provoca evoluções dos fornecedores. Para atender aos limites de emissões de

poluentes da norma Euro 5, ado-tada pelo Brasil para motores die-sel desde o primeiro dia de 2012, os dois maiores fornecedores de turbocompressores precisaram fazer investimentos. A BorgWarner aplicou quase US$ 9 milhões em 2011 a fim de preparar seus pro-dutos para o Euro 5, dentro de seu programa de US$ 40 milhões até 2013, que inclui a construção de uma nova fábrica no País, em Ita-tiba (SP). A Honeywell, fabricante dos turbos Garrett, investiu US$ 5 milhões e já prepara novos aportes na unidade de Guarulhos (SP).

Limites mais apertados de emis-sões abrem espaço para o desen-

volvimento de motores mais efi-cientes e econômicos. Por isso todos os fornecedores de com-ponentes de powertrain no País

investem para garantir seu futuro no mercado. “Como estratégia geral, a ordem é investir em tecnologia para aumento da eficiência”, afirma Virgilio Cerutti, presidente da Magneti Marelli no Mercosul, que se prepara para pro-duzir sua nova geração de centrais eletrônicas de controle de motores bicombustíveis, que funcionam com etanol ou gasolina, usados por mais de 80% dos veículos novos vendidos no Brasil. A Continental, por sua vez, vai gastar cerca de US$ 13,5 milhões para montar um centro tecnológico de desenvolvimento de motores em Salto (SP).

Na corrida do ouro automotivo no Brasil, parece existir muito espa-ço para antigos e novos garimpeiros, mas só grandes investidores acharão as maiores pepitas. n

os Grandes investidoresacharão as maiores pepitas

bOTELhO: mais tecnologia em carros cada vez mais compactos

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42 • AutomotiveBUSINESS

entrevista | TÂNIA SILVESTRI

foto

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estratégias PARA VOLTAR À LIDERANÇA

PaULO riCarDO Braga

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AutomotiveBUSINESS • 43

AUTOMOTIVE BUSINESS – O que foi mais difícil na mudança da legislação para P7?TÂNIA SILVESTRI – O desafio prin-cipal foi sincronizar todas as iniciati-vas envolvidas, dentro da empresa e com nossos parceiros, para bater o martelo e levar os caminhões à Fe-natran. A feira representou um mar-co para todos os fabricantes.

Há alguma apreensão sobre o comportamento e uso dos mo-tores, já que o mercado lida com novidades operacionais?

TÂNIA SILVESTRI– Estamos bas-tante afinados do ponto tecno-lógico. Mergulhamos na rede de revendedores para treinar os profis-sionais e continuamos promoven-do campanhas educativas. Tenho boas expectativas.

A Mercedes-Benz já está comer-cializando caminhões P7?TÂNIA SILVESTRI – Sim, desde o mês de janeiro. Mas o que ocorreu principalmente ao longo de 2011 foi a antecipação de compra dos veículos P5, ou Euro 3, dos quais

trabalhar intensamente em ações de marketing e vendas. Essa será uma das estratégias da diretora

de vendas e marketing de caminhões na Mercedes-Benz do Brasil, Tânia Sil-vestri, para recuperar o terreno perdido pela marca no mercado interno e voltar a brigar pelo primeiro lugar do ranking nacional de vendas.

Contratada há oito anos, depois de atuar na Johnson & Johnson, Whirpool (Multibras) e Compac, ela passou pelas di-retorias de marketing e desenvolvimento da rede de concessionários antes de ocu-par a posição atual, que aceitou enquanto ocorriam as mudanças na legislação de emissões para veículos comerciais.

Casada, com três filhos, a executiva garante que gerencia bem a intensa agenda de compromissos familiares e profissionais. Nos últimos meses a car-ga de trabalho esteve acima do normal com as mudanças na companhia para ingressar na era do Euro 5, ou Proconve 7, no Brasil.

Em paralelo à intensa atividade na empresa para adequação das novas tec-nologias de powertrain ao diesel S50 e a sistemas de pós-tratamento rígidos para limpeza dos gases de combustão, ela participou da maratona para treinar a cadeia de suprimento, produção e dis-tribuição e ensinar a lidar com as novi-dades, o que incluiu os funcionários da montadora, fornecedores, a rede de dis-tribuidores e os frotistas.

Passada essa primeira onda, que le-vou ao lançamento dos caminhões na Fenatran, em 2011, e ao início da comer-cialização em janeiro (as vendas devem deslanchar a partir de abril) Tânia Silves-tri busca novo fôlego para colocar em prática as novas estratégias da diretoria de vendas. Agora com duas fábricas (a pioneira de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, e a reestruturada em Juiz de Fora, que já montou carros) e um por-tfólio de produtos totalmente renovado, é hora de aproveitar os vacilos dos adversá-rios para ganhar participação.

ESTAMOS BASTANTE AFINADOS DO

PONTO DE VISTA TECNOLÓGICO.

MERGULHAMOS NA REDE DE

REVENDEDORES PARA TREINAR OS

PROFISSIONAIS

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44 • AutomotiveBUSINESS

ENTREVISTA | TÂNIA SILVESTRI

correção que foi feita nas tabelas. O ponto de equilíbrio será definido pelo mercado e pela forte concorrência no segmento de caminhões, apesar da demanda estar em patamar histó-rico elevado.

O operador logístico está prepara-do para avaliar investimentos e des-pesas com as novas tecnologias? TÂNIA SILVESTRI – Não tenho dúvida a respeito. Seja na ponta do lápis, com a calculadora ou com softwares avançados que per-mitem simular as mais diversas variáveis. A Mercedes-Benz, por exemplo, comercializa uma dessas ferramentas virtuais.

Como avançará o mercado de veí-culos comerciais até o horizonte da Copa do Mundo e das Olimpíadas? E depois?TÂNIA SILVESTRI– A Mercedes--Benz enxerga com otimismo a evo-lução do mercado na América Latina e atuará decididamente para ocupar

ainda existem estoques. Os fabrican-tes podem faturar os caminhões P5 que estão no pátio até o final de mar-ço. Assim, abril deve marcar o início das vendas com mais força.

A antecipação de compras em 2011 terá impacto sobre o volume comer-cializado em 2012?TÂNIA SILVESTRI – A Anfavea e a maioria dos fabricantes têm projeta-do um recuo de 5% a 10% nas ven-das do ano.

Esse recuo será causado pelo au-mento no preço dos veículos?TÂNIA SILVESTRI – Haverá uma combinação de efeitos, somando a aquisição programada, já feita pelos frotistas em 2011, e também a nova tabela de preços.

Qual será o aumento praticado pela Mercedes-Benz?TÂNIA SILVESTRI – Vamos aplicar um reajuste da ordem de 8%, como havíamos antecipado na Fenatran.

Outros fabricantes chegaram a anunciar reajustes maiores. Como justificar essa evolução?TÂNIA SILVESTRI – Não é difícil explicar. De um lado a própria legis-lação fez exigências que só poderiam ser atendidas com tecnologias e pro-dutos mais sofisticados. O gerencia-mento do motor e o tratamento das emissões são mais complexos, para reduzir de forma até certo ponto radi-cal o impacto sobre o meio ambiente. Esse era o propósito básico. Mas a Mercedes-Benz escolheu o momento para promover atualizações tecno-lógicas, incorporando valor aos ca-minhões. Os motores serão até 10% mais econômicos. Haverá um ren-dimento maior do powertrain, com maior eficiência operacional. Foram agregados itens para garantir maior conforto, segurança e conectividade.

O repasse poderia ter sido menor?TÂNIA SILVESTRI – O valor de tu-do que foi incorporado aos veículos e os benefícios superaram bastante a

O VALOR DE

TUDO QUE FOI

INCORPORADO

AOS VEÍCULOS

PROCONVE 7

SUPERA BASTANTE

A CORREÇÃO QUE

FOI FEITA NAS

TABELAS

DE PREÇOS

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AutomotiveBUSINESS • 45

novos espaços, seja nos Brasil, que representa 80% da demanda, ou nos demais países. Os cenários para cami-nhões, no entanto, estão atrelados à evolução da economia. Entendo que há sinais positivos que se estendem muito além da Copa e das Olimpía-das, com a evolução da área agrícola e da infra-estrutura logística.

Quais serão os desa-fios dos novos fabri-cantes de caminhões que estão chegando ao Brasil?TÂNIA SILVESTRI – To-dos que nós já enfren-tamos e muitos outros para a consolidação das operações de suprimen-to e produção. A distri-buição será um obstácu-lo importante, já que não será fácil encontrar gru-pos empresariais prontos para atuar como reven-dedores e prestar servi-ços. Não se trata apenas de abrir as revendas e co-locar as operações para funcionar. Será preciso conhecer os diferentes segmentos de mercado e as necessidades dos fro-tistas, estruturar os ser-viços de pós-venda. Os fabricantes tradicionais estão há anos buscando a proximidade com os clientes. Os fabricantes e importadores que estão chegando sabem que essa conquista não ocorre do dia para a noite. O desafio para as novas marcas será muito maior do que vender caminhões.

o patamar cresce para 1,10% a 1,40%. A dife-rença pode ser extraor-dinária. O financiamento oficial só está disponível para veículos com 60% de conteúdo local e, pelo menos no primeiro momento, não deve be-neficiar os newcomers.

A inauguração da nova fábrica de Juiz de Fora muda alguma coisa pa-ra a Mercedes-Benz?TÂNIA SILVESTRI – Se-rá o início da retomada da liderança que já tivemos no segmento. Vamos ga-nhar a capacidade produ-tiva que faltava e também agilidade com a monta-gem do Actros e do Ac-celo em Juiz de Fora. Es-tamos muito motivados com a nova fábrica.

A produção de cami-nhões já começou em Juiz de Fora?TÂNIA SILVESTRI – Sim, mas falta azeitar as linhas de montagem e a logística das operações, que é um pouco diferen-tes do que fazemos em São Bernardo. A produ-ção vai crescer no tempo certo, mas já temos os Actros brasileiros para se-rem levados à experimen-tação dos frotistas.

Como isso tem sido feito?

TÂNIA SILVESTRI – É um programa nunca antes visto, que envolve recur-sos expressivos. Faz parte da nossa estratégia principal e das ações de ven-das e marketing. n

As operações Finame são decisivas para a comercialização de caminhões?TÂNIA SILVESTRI– As taxas da Fina-me ficam na casa de 0,90% a 0,92% ao mês. No caso de crédito bancário

DISTRIBUIÇÃO E SERVIÇOS

DE PÓS-VENDA SERÃO UM

OBSTáCULO IMPORTANTE PARA

NEwCOMERS. NÃO SE TRATA

APENAS DE ABRIR AS REVENDAS

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PRÊMIO REI Reconhecimento à Excelência e InovaçãoEtapa de votação durante o fórum para eleição dos vencedores em 16 categorias

Programa indispensável para avaliar o impacto das mudanças no regime automotivo, que trazem flexibilidade aos novos empreendimentos e aceleram os investimentos

de R$ 60 bilhões no setor até 2015. Confira em www.automotivebusiness.com.br

Use o QR Code para saber mais sobre o fórum

FAÇA AGORASUA INSCRIÇÃO

INFORMAÇÕES E INSCRIÇÕESwww.automotivebusiness.com.brforum@automotivebusiness.com.brTels. 11 5095-8882/8883Os participantes terão preço especial para hospedagem no Hotel Sheraton WTC, local do evento, à Avenida Nações Unidas, 12.559, Brooklin, São Paulo, SP. Recepção com serviço de manobristas a partir das 7h30. O fórum terá início às 8h00.

CONTATO COM A ORGANIZAÇÃ[email protected]. 11 5095-8888

Segunda edição do Fórum, em 2011, no Golden Hall

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Automotive Business promoverá um encontro estruturado entre participantes do fórum e representantes das áreas de compras e engenharia das montadoras. Estandes personalizados serão utilizados para atividades interativas, incentivando a aproximação profissional.

Um fórum importante para estimular negócios na indústria automobilística e definir as novas estratégias na cadeia de suprimentos

RELACIONAMENTO E NETWORK CAFÉ

Segunda edição do Fórum, em 2011, no Golden Hall

Network Café em 2011

PATROCÍNIO

PATROCÍNIO MASTER

EMISSÕES ZERO NO FÓRUMCertificado de neutralização de emissões emitido por

PATROCINADOR DA PESQUISA ELETRÔNICA

APOIO

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48 • AutomotiveBUSINESS

sistemistas | dana

Natalia Gómez

alÉm DO meRCaDO DE CAMINHÕES

C onhecida pela atuação no setor de eixos e cardãs para caminhões no Brasil, a

Dana atraiu os holofotes do mercado recentemente ao fechar acordo mi-lionário com a Sifco para fortalecer sua presença neste ramo. Mas mui-to além deste setor vai a atuação da companhia norte-americana no País. Os negócios da multinacional, que caminham a passos largos no forne-cimento de componentes e sistema de transmissão off road (fora de es-

trada) e de materiais de vedação para motores, como juntas, tampas de válvula e carters, devem crescer sobre novo pilar de atuação, que está para ser anunciado globalmente.

O próximo passo, que terá re-percussões em solo brasileiro, está sendo conduzido em segredo. O pre-sidente da Dana para a América do Sul, Harro Burmann, nada adianta a respeito, mas explica que a com-panhia está se reposicionando para fortalecer a atuação em áreas que

têm grande uso de tecnologia, e portanto, com produtos e serviços de maior valor agregado, como é o caso dos materiais para vedação. O segmento, chamado de Power Tec-nology Group (PTG) leva a tecnologia usada pela Dana na Europa. A com-panhia produz módulos de vedação com todos os componentes integra-dos. Uma inovação está no módulo de tampa de válvulas, produzido em termoplástico, material que o torna mais leve e econômico quando com-

A DANA AMÉRICA DO SUL RESPONDE POR 15% DA RECEITA GLOBAL DO GRUPO, qUE DEVE ANUNCIAR UMA AqUISIÇÃO OU UMA NOVA ÁREA DE NEGóCIOS PARA AMPLIAR A ATUAÇÃO EM

SEGMENTO DE MAIOR VALOR AGREGADO

eixOs ainda representam parte importante nos negócios da Dana na América do Sul

3.200 é o número De ColAborADoreS DA empreSA no brASil

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AutomotiveBUSINESS • 49

US$ 7,6 bilhõesfoi o faturamento global da

Dana em 2011, somando US$ 4,5 bilhões em produtos

on highway, US$ 1,8 bilhão off highway e US$ 1,8 bilhão com o PTG. A empresa projeta avanço

de 5% em 2012

US$ 1,4 bilhãofoi a receita da companhia na América do Sul em 2011, com

US$ 1,3 em on highway, US$ 70 milhões em off highway

e US$ 60 milhões no PTG. A previsão é manter o

nível em 2012

o presidente da Dana no Brasil fala com entusiasmo sobre a experiência com Gary Convis, o executivo

que criou uma divisão da empresa por regiões autônomas, destinando um presidente para cada uma delas. Burmann, que na época trabalhava nos Estados Unidos, foi escolhi-do para comandar a América do Sul em 2008. Gaúcho de 44 anos, Burmann está na Dana há quase 24 anos, onde começou como estagiário na forjaria. Depois de ficar onze anos nesta área, passou por diferentes posições

como gerente geral de eixos, diretor global para motores nos Estados Unidos, até assumir a presidência da América do Sul. “Depois da forjaria, não fiquei mais de três anos em nenhum cargo”, conta. A rotina atual do executivo é um reflexo da sua ampla experiência no chão de fábrica. Diariamente, Burmann chega ao trabalho às 7 horas, veste jaleco e circula pela fábrica, exigindo o mesmo interesse de seus engenheiros. “Não chego com discurso de chefe. Sou uma pessoa que já esteve no lugar dos funcionários.”

HaRRO BuRmaNN, presidente da Dana para América do Sul

parado à tampa metálica utilizada anteriormente no motor.

A produção para o mercado na-cional é feita em Gravataí (RS), e a solução modular de vedação está presente em motores da Volkswagen, Tritec e MWM-International. A unida-de gaúcha produz todos os itens que o PTG fabrica mundialmente.

Na área de fora-de-estrada, a com-panhia atende setores como constru-ção, mineração, agrícola e militar. As-sim como no PTG, neste segmento a tecnologia é europeia. “Mundialmente a Dana é líder nesta área”, diz Bur-mann. A fábrica voltada para veículos fora-de-estrada, situada em Gravataí, passa por duplicação que será con-cluída no primeiro semestre de 2012. O investimento não foi divulgado. De acordo com o executivo, a área agríco-la é especialmente promissora no País.

Segundo ele, a Dana acaba de fe-char acordo de fornecimento com um grande cliente produtor de trato-

res. “Tínhamos esta atividade fora do Brasil, mas não aqui. Agora estamos com grande foco nisso”, afirma. A área de construção também entu-siasma o executivo, pois hoje existe muito material importado que pode ser substituído por produto feito no País. A atividade de fora-de-estrada

da Dana era concentrada apenas na montagem no Brasil, mas a compa-nhia já atua com 50% de material nacional e avança para internalizar a produção. O restante vem da Itália.

Sobre o quarto pilar de atuação da Dana, que ainda não foi anunciado, Burmann não dá detalhes. “Não está totalmente definido, mas pode ser uma aquisição ou o anúncio de uma nova área de atuação”, diz. A América do Sul, região liderada por Burmann, corresponde a 15% dos negócios glo-bais da companhia e gera faturamen-to de US$ 1,4 bilhão, com a contribui-ção de US$ 1,1 bilhão do Brasil.

A parceria com a Sifco, concluída em 2011, foi o primeiro pacto do gê-nero firmada pela Dana desde seu período de concordata que terminou em 2008. No início daquele ano, a empresa contratou Gary Convis, co-nhecido executivo que foi o primeiro presidente não japonês da Toyota nos Estados Unidos. n

NÃO CHEGO COM DISCURSO DE CHEfE. JÁ ESTIVE NO LUGAR DOS fUNCIONÁRIOS

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perfil | AETHRA

50 • AutomotiveBUSINESS

AETHRA SISTEMISTA EM AlTA

Se você enxerga apenas empre-sas estrangeiras no ranking das maiores e melhores empresas

de autopeças no Brasil, prepare-se para conhecer melhor a Aethra. A companhia mineira, de capital nacio-nal, investe com determinação no parque industrial, conquista a maioria dos fabricantes de veículos da região e opera dentro de padrões interna-cionais. Os lucros têm sido sistema-ticamente aplicados na construção de novas unidades e introdução de solu-

PAulo RicARdo BRAgA

ções avançadas em projetos, dentro de um modelo que pode servir de inspiração para fortalecer a indústria nacional.

Abrir novas frentes de negócios tor-nou-se rotina para o presidente Pietro Sportelli, que acompanha de perto cada encomenda dos clientes e pro-grama de expansão da companhia. Da janela do escritório, à margem da Rodovia Fernão Dias, em Contagem, próximo a Belo Horizonte, o executivo observa sua iniciativa mais recente –

o edifício que receberá a maior parte dos 300 engenheiros da companhia. Enquanto estrutura esse núcleo high tech, que norteará o desenvolvimen-to tecnológico da Aethra e trabalhará em sintonia com os técnicos de cada divisão do grupo, Sportelli agendou a inauguração, para março, da planta de Córdoba, na Argentina. Será a dé-cima unidade do grupo brasileiro na firme trajetória de expansão, driblan-do marolas na economia e oscilações nas encomendas das montadoras.

PiETRo SPoRTElli, presidente

QuErEMoS SEr

rEconhEcIdoS

pElA cApAcIdAdE

TEcnológIcA

E EngEnhArIA

AvAnçAdA

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AutomotiveBUSINESS • 51

O fornecimento de serviços, partes e sistemas, endereçados aos fabrican-tes de veículos no Mercosul, levou a uma receita bruta de R$ 1,2 bilhão em 2011, resultado que coloca a sistemis-ta em posição privilegiada no ranking das companhias nacionais do setor.

Outro empreendimento, novo em folha, em Contagem, materializou o de-sejo de incorporar à organização uma instalação modelo de tecnologia e efici-ência. Dedicada à produção de compo-nentes vitais para a segurança veicular, como subsistemas do eixo traseiro, tra-vessa da suspensão dianteira e reserva-tórios de combustível de aço, a Thera é a menina dos olhos de Sportelli, exibida com orgulho. “O aprendizado obtido nessa planta será importante na moder-nização das outras filiais”, explicou.

SISTEMISTA“Queremos ser reconhecidos como sis-temista competente, mas também pela capacidade tecnológica e engenharia avançada”, observa Sportelli, referindo--se aos serviços integrados, desde a concepção de projetos, codesign e en-genharia simultânea até os testes, simu-lações e início de produção.

Enquanto a Thera simboliza o lado mais moderno da companhia, as ins-talações em Córdoba representam o primeiro passo na internacionalização

cABinES comPlETAS são um dos produtos da sistemista

R$ 1,2 bilhão foi o faturamento da

aethra em 2011

4 milé o número de

colaboradoreS da empreSa

A ThErA rEprESEnTA o lAdo MAIS AvAnçAdo dA AEThrA, QuE InIcIA A InTErnAcIonAlIzAção coM A

unIdAdE dE córdobAda Aethra, que já exporta produtos e serviços. A empresa, fundada em 1992, soma 18 anos no suprimento de componentes automotivos para o mercado interno. Depois de crescer próximo da Fiat Automóveis, principal cliente, da qual está distante alguns quilômetros, a empresa estruturou novas divisões na própria sede, na re-gião metropolitana de Belo Horizonte e em outros Estados. A empresa está presente em Taubaté, SP, onde produz

grupos soldados, como a travessa do painel, e comanda o módulo de ca-bines no consórcio modular da MAN, em Resende, MG, respondendo pelo projeto e armação dentro da planta industrial da montadora. Duas filiais estão situadas em Curitiba, PR. Uma delas produz itens estampados de médio e grande portes, grupos mon-tados, soldados e pintados, como a travessa do painel e a viga dos para--choques dianteiro e traseiro. A outra

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perfil | AETHRA

novA orgAnIzAção lEvA A plATAForMAS E A EQuIpES MulTIFuncIonAIS

a nova maneira de organizar o trabalho na Aethra levou os gerentes de projeto a coordenar times multifuncionais com pessoal experiente em

materiais, processo, produção e engenharia. “Instituímos a cultura de pla-taformas para disciplinar o desenvolvimento de produtos e sua manufa-tura”, revela Caio Arantes, diretor industrial. Ele assegura que a empresa possui a maior ferramentaria para a indústria automobilística do País, qua-lificada para projetos simultâneos. “Para nos tornarmos desenvolvedora de veículos, avançamos nos serviços de engenharia, com estações de CAD, CAM e CAE. Avançamos em soft tooling, protótipos, corte a laser 5D, criação de ferramentais, linhas de solda, montagem e produção just in time sequencial para atender todos os polos automotivos”, assegurou. Protótipos de estampados e conjuntos médios e grandes, como portas e laterais para veículos, são tarefa de uma divisão em Belo Horizonte, que fabrica modelos de cabines completas.

A Aethra Betim manufatura subsistemas de eixos traseiros, travessas da suspensão dianteira e tanques. Ferramentais de produtos estampados de médio e grande portes, como portas e laterais para veículos, são feitos na Aethra TEC, que possui fresadoras para usinagem em CAM, digitalizadora computadorizada de modelos para cópia das figuras dos ferramentais e máquinas de usinagem com CNC Fídia de última geração. A divisão exe-cuta ainda o ajuste final e try out de séries produtivas.

responde por conjuntos estampados em linhas automáticas e progressivas, junto dos grupos montados e solda-dos, como assoalhos, subconjuntos de portas e laterais de veículos.

EM MINAS A sede da Aethra, conhecida como Centauro, abriga um complexo de escritórios administrativos e instala-ções de serviços e produção. A equi-pe de engenharia trabalha em code-sign, projetos e criação de protótipos e engenharia de processo para peças e sistemas automotivos. Na área fa-bril são produzidos grupos e subcon-juntos e itens estampados de médio e grande portes, como laterais exter-nas, capô, portas, assoalhos com-pletos, chassis do compartimento de carga para veículos leves e subcon-juntos completos dos veículos. Já a Hammer, próxima, faz itens estampa-dos de pequeno e médio portes em linhas automáticas e progressivas, além de grupos montados, soldados e pintados, como defletores térmi-cos, molduras e barras de proteção das portas e bagageiros.

InSTITuíMoS

A culTurA dE

plATAForMAS pArA

dIScIplInAr o

dESEnvolvIMEnTo

dE produToS E

SuA MAnuFATurA

cAio ARAnTES, diretor industrial

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ANUNCIO_Simples FORUM AB.indd 1 08/03/2012 14:56:52anuncio.indd 53 08/03/2012 15:17:43

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engenharia a quatro mãos com as montadoras de veículos

Com a ênfase na área de engenharia e desenvolvi-mento de tecnologia, em colaboração com fabri-

cantes de veículos, a Aethra avança na direção dos me-lhores padrões internacionais no projeto e manufatura automotivos. Marley Lemos, superintendente de en-genharia, cita como exemplo a utilização de aços dual phase, mais resistentes, em chapas mais finas para ali-viar o peso das carrocerias e trazer ganhos na eficiência energética do powertrain.

Esforços combinados com a área de engenharia trazem otimismo também ao diretor industrial, Caio Arantes, que trabalha na instalação de equipamentos para a prensagem a quente, novidade importante em tarefas de estampagem exigentes. A evolução na área de ferramentaria é outro fator para ganhar agilidade no atendimento da estamparia, como portas, laterais, te-tos e para-lamas.

A confecção de protótipo ainda é exigida pelas mon-tadoras, apesar de todos os avanços na computação e projetos virtuais. A partir de propostas de estilo ou desenhos matemáticos dos fabricantes de veículos, a

engenharia da Aethra projeta e desenvolve em CAD as medidas funcionais e características técnicas e constru-tivas de produtos. Protótipos funcionais são criados a partir de ferramentais de baixa escala, de resina espe-cial ou fundidos cerâmicos, que podem ser feitos em modernas máquinas a laser de cinco eixos.

RESERVATÓRIOSLemos não hesita em garantir que os reservatórios de aço trazem ganhos em relação aos similares de plásti-co. Ele participou do desenvolvimento dos tanques do Novo Uno e do Novo Palio e garante que o processo construtivo leva a uma economia de 25% em material, sem elevar custos de manufatura. Os reservatórios, com materiais organometálicos, utilizados também pelo VW Fox, usam chapas pré-pintadas com A-36, tinta criada nos Estados Unidos que dispensa banhos de estanho, pintura catódica e proteção externa de PVC contra batidas. Outro segredo está na solda, que dis-pensa adição de metal ao passar pelas “costureiras” que fazem a consolidação das partes.

Marley leMos: em busca dos melhores padrões internacionais

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fornecedores | prêmio honda

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A Honda premiou, dia 24 de janeiro, no Espaço Via Appia, em Valinhos, SP, os fornecedores que se des-tacaram no atendimento à montadora em 2011. A

fabricante de automóveis de Sumaré, no interior de São Paulo, reconheceu a atuação dos parceiros comerciais nas categorias Qualidade e Atendimento; Avaliação no Desenvolvimento do Fornecedor; Destaque Empresarial; e Atendimento a Peças de Reposição. Foram concedidos 23 prêmios, a 22 empresas (a Saint-Gobain Sekurit foi con-templada em duas categorias).

PREMIADOSPela marca Fumagalli, fabricante de rodas de aço, a Maxion Wheels integrou a lista de premiados em Qualidade e Aten-dimento, recebendo também certificado de atendimento das metas de qualidade e logística. A empresa, que detém a mar-ca Hayes Lemmerz, equipa com rodas de aço e alumínio os

modelos Fit, City e Civic produzidos na América do Sul. O diretor-geral da Saint-Gobain Sekurit, José Luiz Re-

dondo, avaliou que o prêmio Destaque Empresarial, nas categorias Desenvolvimento e Atendimento a Peças de Reposição, é um reconhecimento ao cumprimento dos ri-gorosos padrões de qualidade impostos pela Honda, tanto em produtos como em serviços. Ele destacou também a iniciativa da Saint-Gobain Sekurit ao instalar unidade mo-dular no distrito industrial de Sumaré para fornecer à mon-tadora, em regime de pronta entrega e assistência técnica permanente, conjuntos completos de vidros (para-brisa, vidros laterais e vigia traseiro) para Fit, Civic e City.

A Mubea foi premiada como Destaque Empresarial na Cate-goria Desenvolvimento na área de chassis, com o produto mo-las de suspensão. Fazem parte do portfólio da empresa barras estabilizadoras de suspensão, molas de válvula e abraçadeiras.

“O prêmio Honda é expressivo e reforça nosso com-

No 14o ENcoNtro dE ForNEcEdorEs, A HoNdA AutomóvEis

PrEmiou os PriNciPAis PArcEiros comErciAis E

APrEsENtou os PLANos PArA 2012

os mELHorEs PArA A HONDA

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fornecedores | prêmio honda

Qualidade e atendimento Basf - Divisão CatalisadorColauto Adesivos e Massas Iochpe-Maxion – Fumagalli Pirelli Pneus Yutaka do Brasil

desenvolvimento Takata-PetriMetalúrgica de Tubos de Precisão Mangels Indústria e Comércio Saint-Gobain – SekuritBenteler Componentes Automotivos Mecaplast do Brasil Mubea do Brasil Stickolor Auto-Adesivos

destaQue empresarialG-KT do Brasil (Qualidade) Sumidenso Indústrias Elétricas (Qualidade) NGK (Atendimento) Thyssenkrupp Automotive (Atendimento) Styron do Brasil (Desempenho Comercial) TRW Automotive (Desempenho Comercial) Schaeffler Brasil (Desempenho Comercial)

peças de reposiçãoSaint-Gobain – SekuritNS São Paulo Componentes Automotivos IPA São Paulo

PREMIADAS

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60 • AutomotiveBUSINESS

fornecedores | prêmio honda

TRANSLOVATO FOI A MELHOR TRANSPORTADORA DA HONDA

A Honda realizou em 15 de dezembro a pre-miação de seu Progra-ma de Reconhecimento Transporte 2011, no Ho-tel Premium Norte, em Campinas, SP. As catego-rias da iniciativa incluíram a melhor transportadora, o melhor gerente comer-cial, operacional e aten-dente, além da melhor filial visitada das trans-portadoras que prestam serviços para a Rede Honda em todo o território nacional.

O processo de escolha de critérios e avaliação das em-presas concorrentes foi conduzido pela própria fabrican-te. A transportadora vencedora foi a Transportes Trans-lovato Ltda., avaliada em critérios como pontualidade, atendimento, processo e sustentabilidade. A seleção do melhor profissional levou em conta o conhecimento so-bre processos e produtos da Honda, o menor índice de extravio e a agilidade e proatividade na solução das de-mandas. Foram premiados Cristina Benatti (TNT Mercu-rio Cargas e Encomendas Expressas S/A) como melhor gerente comercial; Carlos Albuquerque (Translovato) co-mo melhor gerente operacional e Daiana Oliveira (Trans-lovato) como melhor atendente. Uma filial de cada em-presa foi premiada, segundo a avalição de performance

e índice de extravio.Foram apresentados

também os resultados dos seis meses de pro-grama até dezembro em um comparativo mês a mês durante 2011. Em todos os de-

monstrativos foi re-gistrada uma me-lhora sensível no desempenho das empresas de trans-

porte e logística após o início do programa, em julho. O levantamento apontou que a melhora pode ser sentida pelo consumidor final: o número de reclamações sobre demora de peças no SAC da Honda em todo o País caiu 100% na comparação do primeiro com o segundo semestre. O número de pedi-dos extraviados sofreu a expressiva redução de 96,6% na comparação com o mesmo período. Já a média dos pe-didos entregues dentro do prazo entre os dois semestres saltou de 85,4% para 98%.

A Honda já confirmou a manutenção do programa pa-ra o próximo ano, que também contará com premiação ao fim de 2012.

Os vencedores receberão uma viagem para visitar a fábri-ca da Honda Motos da Amazônia em Manaus e conhece-rão todo o processo de fabricação da marca. n

promisso com a fabricante, nos mo-tivando a superar expectativas”, disse Milton Vendramine, vice-presidente automotivo de vendas de sistemas de transmissão para a América do Sul da LuK, do Grupo Schaeffler. A empresa recebeu o Prêmio Destaque Empre-sarial, pelo desempenho, e certificado de performance em qualidade e logís-tica. Por meio da Luk, a Schaeffler for-

nece à Honda Automóveis do Brasil o conjunto de embreagem e volante do motor para o Fit 1.4 e 1.5 e City 1.5. Todos os modelos do Civic contam com o autotensionador hidráulico da marca INA.

A Sika Colauto, premiada na cate-goria Qualidade e Atendimento, con-siderou a conquista do prêmio o reco-nhecimento de um excelente trabalho

e do compromisso da empresa com seus clientes e parceiros.

A Mangels foi premiada na ca-tegoria Desenvolvimento 2011. A montadora escolheu a empresa pela performance em auditorias durante o desenvolvimento da nova roda do Ci-vic fornecida à Honda. O prêmio foi recebido pelo diretor superintendente da Divisão de Rodas, Ivens Pantaleão.

MONTADORA ENTREGOU PRÊMIOS DO PROGRAMA DE RECONHECIMENTO TRANSPORTE

NERI LOVATO, presidente da Translovato (centro), recebe o prêmio

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AutomotiveBUSINESS • 61

serviços

Jairo Morelli

receita para ganhar com a satisfação do clienteatenÇÃo totaL ao cLiente Da

VoLKSWagen regiStra USUÁrioS 25%

maiS SatiSFeitoS e receita aVanÇa 20%

naS reVenDaS certiFicaDaS

Em cenário de comoditização na manufatura e produtos automoti-vos, como chegar à diferenciação

e fidelizar clientes, recorrendo a inicia-tivas na área de serviços? A resposta pode estar nos serviços de pós-venda, embora não existam fórmula mágicas para atender fabricantes e distribui-dores. Na esteira desse raciocínio, a Volkswagen priorizou no planejamen-

to estratégico, traçado em 2008 para alcançar a liderança global em produ-tos e serviços em 2018, a excelência no atendimento.

“Aplicamos recursos consideráveis em pesquisas de mercado para identi-ficar as carências nas revendas. A par-tir dos resultados, definimos um novo processo de trabalho e desenhamos o programa Atenção Total ao Cliente”, explica Marco Aurélio Froes, especia-lista em pós-vendas e coordenador da iniciativa. A Holomática foi seleciona-da como parceira no desenvolvimento do modelo de concessionária ideal na prestação de serviços e colocou três dezenas de consultores para atuar diretamente da rede de distribuição, promovendo treinamento, melhoran-do fluxos e qualificando pessoal.

O ATC começou com 300 conces-sionárias (do total de 600) e certificou 270 até o fim de 2011. Froes assegura

que as casas certificadas regis-traram um avanço na satisfação dos consumidores em 25% e da

receita em 20%, com tendência de al-

ta. “Nossa expectativa é fechar o ano com 80% da rede certificada e mu-danças no relacionamento com 95% dos clientes”, esclarece o executivo.

A implantação da nova filosofia de atendimento contempla, em média, quatro meses de treinamentos, mi-nistrados por profissionais da empre-sa de São Bernardo do Campo. O custo dos serviços fica em torno de R$ 45 mil para cada revenda, mas po-de avançar para R$ 140 mil, depen-dendo do escopo de trabalho. Após a certificação vêm as avaliações men-sais e as recertificações semestrais.

Para a concessionária obter a certi-ficação, deve atingir um grau máximo de funcionamento baseado em nove critérios de atendimento ao cliente. A avaliação adota critérios baseados na prospecção, agendamento prévio dos serviços (um dos pontos fortes do programa), recepção customizada e entrega das peças e trabalhos realiza-dos pela concessionária.

Além da qualificação na gestão, com o atestado as revendas rece-bem compensações financeiras da montadora para os serviços corres-pondentes à garantia. Os adicionais são vantajosos e podem chegar a acréscimo de 30% das compensa-ções tradicionais. n

Marco froes: processo para atenção total a clientes

eduardo quadrado: modelo da revenda ideal

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VEÍCULOS PESADOS | INVESTIMENTOSfo

tos:

DIV

ULG

AÇÃo

fabrIcaNTES dE caMINhõES apostam no Brasil

INVESTIMENTOS EM EXPaNSÃO da PrOdUÇÃO E NOVaS fÁbrIcaS

JÁ SOMaM US$ 3,5 bILhõES aTÉ 2015 E POdEM crEScEr

“se nós não estivéssemos aqui há mais de 50 anos, com certeza viríamos

agora”, disse no fim de 2011 Jürgen Ziegler, presidente da Mercedes-Benz do Brasil, que fabrica caminhões no País desde 1957 – foi a primeira planta da empresa fora da Alemanha. Ziegler e outra dezena de fabricantes estão em uma mesma corrida do ouro estimu-

lada pela perspectiva de continuação do crescimento acelerado das vendas de veículos comerciais pesados, com vendas que podem superar 220 mil unidades por ano a partir de 2020, segundo projeções da própria Daimler, para quem o Brasil já é o maior merca-do em vendas de caminhões da marca Mercedes-Benz.

No Brasil, 70% de todos os bens cir-

culam sobre caminhões, desde produ-tos agrícolas e minérios até produtos industrializados – incluindo os próprios veículos. O crescimento econômico da última década aumentou ainda mais a necessidade de transporte rodoviário de cargas, em ritmo tão alucinante que duplicou as vendas domésticas de caminhões. De 60 mil unidades vendidas no ano 2000, os negócios

pEDro KUtnEY

linha DE montagEm dos caminhões mAn em Resende, RJ

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AutomotiveBUSINESS • 63

foram alçados para o recorde de quase 160 mil em 2010, uma expansão de 43,5% sobre 2009, e cresceram quase 10% em 2011, para 172,9 mil.

Esse desempenho transformou o País no quarto maior produtor de veí-culos comerciais pesados do mundo, atraindo a atenção de velhos e novos fabricantes, que juntos têm programas de investimento confirmados em an-damento desde 2007 que já somam US$ 3,5 bilhões até 2015, incluindo a ampliação de seis das nove fábricas em operação atualmente no País e a construção de três novas unidades in-dustriais, além do desenvolvimento de novos produtos. Mas o valor pode pas-sar de US$ 4 bilhões considerando o período 2011-2020 com alguns anún-cios que ainda são esperados para o primeiro trimestre deste ano, levando em conta novas injeções de capital em expansões de capacidade e a chegada de três fabricantes chineses.

“Poucos países rivalizam com o Bra-sil. É um país confiável para investidores. Exceto pela China, não há paralelo no mundo”, avalia Marco Mazzu, presiden-te da operação brasileira da Iveco, que se prepara para anunciar novos inves-timentos. Desde que começou a pro-duzir, em 2000, a fábrica da Iveco em Sete Lagoas (MG) mais que triplicou sua

capacidade. Hoje é a quinta marca mais vendida no País.

Roger Alm, pre-sidente da Volvo do Brasil, reforça que as perspectivas do mer-cado de caminhões

são muito positivas: “Esperamos por uma década de crescimento.” A Volvo terminou 2011 com expansão nas ven-das domésticas de 24,5% sobre 2010 e hoje o mercado brasileiro é o maior da companhia sueca no mundo. Alm revelou que já está em gestação um novo programa de investimentos que deverá superar os US$ 250 milhões aportados de 2009 a 2011.

Existem diver-sos fatores eco-nômicos que sus-tentam a corrida dos caminhões em alta velocida-

de. A contínua expansão de renda dos brasileiros, de 33% de 2003 a 2011, provoca a maior circulação de merca-dorias no País. A força da agricultura brasileira também favorece as vendas: são quase 160 milhões de toneladas de grãos e 600 milhões de tonela-das de cana-de-açúcar para colher e transportar todos os anos, em ritmo crescente. Outro fator de estímulo são as obras de infraestrutura, especial-mente com a aproximação da Copa do Mundo de Futebol em 2014, que o Brasil vai sediar, e os Jogos Olímpi-cos do Rio de Janeiro, em 2016. Todo

70% De toDos os bens cIRcULAm no PAís sobRe cAmInhões

Foton (no alto, à direita)

e sinotrUK (abaixo)

pretendem montar caminhões no País

aErostar será produzido pela

International na nova fábrica

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64 • AutomotiveBUSINESS

esse volume de coisas para fazer e transportar exigirá algumas centenas de milhares de caminhões.

Outra oportunidade para os fabrican-tes está na necessidade de renovação da frota brasileira de caminhões, que hoje soma 1,8 milhão de veículos em circula-ção, mas metade tem mais de dez anos de uso. Segundo especialistas, o Brasil tem potencial para a renovação de 600 mil caminhões com mais de 20 anos de idade. Para isso já existem programas de financiamento com taxas de juros redu-zidas, que vêm incentivando a compra de caminhões novos.

O Brasil atrai plantas de produção de

caminhões não só por causa do seu potencial econômico, mas também porque oferece uma proteção financeira extra contra importações. O banco brasileiro de fomento, o BNDES, garante o financiamento de veículos co-merciais pesados pelo programa

Finame com taxas muito atraentes, de 8% a 12% ao ano, mas só para aqueles modelos com no mínimo de 60% de con-teúdo nacional, o que se transforma em um potente estímulo à fabricação local.

Não é só o mercado doméstico que conta. O Brasil também se tornou ao longo dos últimos anos um exportador de ca-minhões. O exemplo mais impressionante é o da sue-ca Scania, que no início dos anos 2000 fez do País uma base exportadora, mandando para Europa e outros países cerca de 60% da produção

de sua antiga fábrica de São Bernardo do Campo (SP) – a primeira e única da empresa fora da Suécia, em operação desde 1957. A valorização da moeda brasileira tornou essa estratégia insus-tentável e hoje a Scania exporta cerca de 20% dos caminhões produzidos na planta brasileira.

O índice da marca sueca ficou agora mais parecido com o da maioria dos fabricantes de veículos comerciais pe-sados instalados no País, que em 2011 exportaram 12% da produção total de caminhões, de 216,3 mil. Ao todo,

POUcOS PaÍSES rIVaLIZaM cOM O braSIL. É UM PaÍS cONfIÁVEL Para INVESTIdOrESmarco mazzU, presidente da Iveco mercosul

O INVESTIMENTO É a cONTINUaÇÃO LÓGIca dO EXcELENTE dESEMPENhO dOS NEGÓcIOS NO braSIL

gEorg pachta-rEYhoFEn, ceo da mAn

SE NÓS NÃO ESTIVÉSSEMOS aQUI hÁ MaIS dE 50 aNOS, cOM cErTEZa VIrÍaMOS aGOraJürgEn ziEglEr, presidente da mercedes-benz do brasil e ceo para a América Latina

172,9 milcAmInhões foRAm

emPLAcADos em 2011, 10% mAIs qUe em 2010

60%De conteúDo nAcIonAL é o DesAfIo PARA os noVos fAbRIcAntes De cAmInhões

teRem Acesso às tAxAs De 8% A 12% Do fInAme

VEÍCULOS PESADOS | INVESTIMENTOS

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AutomotiveBUSINESS • 65

aS PErSPEcTIVaS Para O MErcadO dE caMINhõES SÃO MUITO POSITIVaS NO braSILrogEr alm, presidente da Volvo do brasil e América Latina

NOSSa NOVa PLaNTa fOI PrOJETada Para rEcEbEr EXPaNSõES PELOS PrÓXIMOS 30 aNOS WalDEY sanchEz, presidente da navistar América do sul

SOMOS MUITO cOMPETITIVOS cOM aS fÓrMULaS adOTadaS Na OPEraÇÃOmarcos DE olivEira, presidente da ford brasil e mercosul

26,3 mil unidades seguiram principal-mente para mercados da América Lati-na e África. Se não é o melhor número da história, também não é o pior e ajuda a manter a escala de produção em alta.

Não é de hoje que o mercado brasi-leiro atrai fabricantes de veículos comer-ciais pesados. Quase todos o9s que se instalaram no Brasil começaram fazen-do caminhões. A primeira, em 1945, foi a estatal FNM, depois comprada pela Alfa Romeo e pela Fiat, que desistiu do negócio e fechou a fábrica em 1985. Mercedes-Benz e Scania montaram no País suas primeiras plantas estrangei-ras no fim dos anos 1950. Na mesma época, Ford e General Motors deram início às operações brasileiras com mo-delos de caminhões. Depois disso, só em 1977 a Volvo decidiu vir. Em 1981 a Volkswagen entrou no negócio de ca-minhões e, em 1983, a brasileira Agrale decidiu ingressar no mercado também.

No fim dos anos 1990, com a es-

perança de retomada do crescimento econômico no Brasil, a Navistar/Inter-national começou a fazer caminhões em ala alugada da Agrale em Caxias do Sul (RS). E o Grupo Fiat resolveu retomar o negócio de veículos pesa-dos no País, com a construção de uma fábrica da Iveco em Sete La-goas (MG). Contu-do, naqueles tem-pos a produção mal chegava às 70 mil unidades/ano e no começo dos anos 2000 já existiam nove jogadores para di-vidir um bolo não muito grande. A crise econômica que assolou o mercado brasileiro no início da década tratou de fazer a seleção na-tural. Em 2001 a GM desistiu de fazer

1,8 milhãoDe cAmInhões estÃo

em cIRcULAÇÃo e 600 mIL, com mAIs

De 20 Anos De IDADe, estARIAm no ALVo

De Um PRoGRAmA De RenoVAÇÃo De fRotA

caminhões no Brasil e a International decidiu paralisar as vendas domésti-cas, mas continuou a montar o pesado 9800 somente para exportações para países da África e Nova Zelândia.

Entre altos e baixos, o mercado bra-sileiro de caminhões finalmente deu uma guinada para cima a partir da metade dos anos 2000, quando a produção dos oito fabricantes instalados no País (Agrale, Ford, International, Iveco, Mercedes-Benz, Sca-nia, Volkswagen e Vol-vo) rompeu a barreira das 100 mil unidades/ano, para não mais

sair desse patamar desde então. As-sim, os investimentos começaram a fluir novamente até chegar ao nível his-tórico atual, nunca visto.

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VEÍCULOS PESADOS | INVESTIMENTOS

A portes previstos deverão trazer seis novas fábricas de cami-nhões ao Brasil, fazendo o

número de plantas saltar de nove para quinze. Com isso a capacidade de produção instalada pode subir de 330 mil para 430 mil unidades/ano. De 2011 até 2015 estão confirmados investimentos de US$ 2,8 bilhões, mas algo entre US$ 800 milhões e US$ 1,3 bilhão em novos aportes até o fim desta década pode ser anunciado nos próximos meses, o que catapul-taria a capacidade de produção para mais de 460 mil/ano.

Hoje há nove fabricantes e nove plantas de caminhões no Brasil – a Hyundai CAOA se juntou aos oito em 2011 com o modelo médio HD 78, que começou a fabricar em Anápolis (GO), uma operação licenciada pela coreana Hyundai para o Grupo CAOA, o importador oficial da marca no Pa-ís. Existem mais quatro chegando: as chinesas Sinotruk (CNHTC), Shacman (Shaanxi), Foton e a americana Paccar, que virá com a marca holandesa DAF.

Dessas, só a Paccar de fato já divul-gou o local da fábrica, que começa a operar em 2013 em Ponta Grossa (PR), após investimento de US$ 200 milhões. “O Brasil é o mais importante mercado sul-americano e prevemos crescimento constante nos próximos anos. Claro que existirão períodos de baixa, mas as perspectivas são exce-lentes”, diz Bob Christensen, vice-pre-sidente executivo da Paccar. “Nós tam-bém vamos exportar para mercados da América do Sul a partir de nossa planta brasileira”, enfatizou o executivo.

Além dos novos participantes do

mercado de caminhões, International e Mercedes-Benz já anunciaram mais duas novas fábricas. A International colocou US$ 30 milhões para moder-nizar a linha de produção alugada da Agrale e assim voltou a vender dois

modelos de caminhões no Brasil, mas quer muito mais do mercado brasileiro e investirá US$ 200 milhões em uma nova planta, em local ainda a ser anun-ciado brevemente, que inicialmente produzirá um novo modelo projetado no Brasil e já apresentado, o Aerostar.

“A nova planta foi projetada para re-ceber expansões pelos próximos 30 anos”, conta Waldey Sanchez, presi-dente da Navistar América do Sul. Ele

projeta que o mercado brasileiro de caminhões deverá quase dobrar de ta-manho nos próximos oito anos, ultra-passando 300 mil unidades/ano. Para capitalizar esse crescimento, Sanchez quer uma marca full range, com mo-

delos em todos os segmentos, de semileves a extrapesados. Para is-so, os leves e médios, ausentes do portfólio da International, poderão ser projetados por meio das asso-ciações já mantidas na China, com a JAC Motors, e na Índia, com a Mahindra, que têm esses veículos.

Já a Mercedes-Benz, que por muitos anos foi líder em vendas de caminhões no Brasil e hoje é a segunda marca mais vendida, é a que tem o maior pro-grama de investimento em curso: US$ 880 milhões de 2010 a 2015. Todo o portfólio de produtos foi renovado em 2011. A capacidade da antiga fábrica de São Bernardo do Campo (SP) foi aumentada de 65 mil para 75 mil uni-

caPacIdadE POdE SOMar 460 mil caminhÕEs/ano

6 novas fábricas De cAmInhões VÃo se JUntAR

às 9 AtUAIs. há mAIs Us$ 1 bILhÃo A seR AnUncIADo

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AutomotiveBUSINESS • 67

4 nEWcomErs estruturam operações: Sinotruk,

Schacman, Foton e DAF

Us$ 880 milhões será o investimento da

Mercedes-Benz entre 2010 e 2015, para ampliar a planta do ABC paulista e reinaugurar a

unidade de Juiz de Fora

Us$ 660 milhões é a aplicação da Ford em

caminhões entre 2009 e 2015, em instalações, renovação do

Cargo e a nova família de extrapesados

Us$ 535 milhões é o aporte da MAN até 2016 para elevar a capacidade da

unidade de Resende a 100 mil unidades/ano e lançar a linha

de caminhões da marca

A fábrica da International receberá

Us$ 200 milhões para produzir o Aerostar,

projetado no Brasil

dades/ano. E desde janeiro a planta de Juiz de Fora (MG) começou a fazer o modelo leve Accelo e montar o pesado Actros, que chega em CKD. Inicialmen-te, a unidade mineira foi inaugurada em 1999 para produzir carros (lá foram feitos o Classe A até 2003 e depois o Classe C só para exportação), mas co-mo o negócio não prosperou em 2010 a Mercedes-Benz decidiu transformar o local para a produção de caminhões. “Com esses investimentos nos prepara-mos para enfrentar a forte concorrência e queremos retomar a liderança”, diz o presidente Jürgen Ziegler.

A alemã MAN entrou no País em 2008 com a compra da unidade de caminhões da Volkswagen, a mar-ca líder de mercado hoje em dia. O plano de investimento atual, de US$ 535 milhões até 2016, é o maior já feito pela empresa e deverá criar a maior fábrica de caminhões do Bra-sil, com o aumento da capacidade da planta de Resende (RJ) de 82 mil para 100 mil unidades/ano. Além dos modelos Volkswagen que já produz, a fábrica também começou este ano a montar os pesados TGX da marca MAN. Resende, inaugurada em 1995, tem um regime produtivo de alta efi-ciência, o consórcio modular, formado por oito fornecedores que atuam dire-tamente na montagem dos veículos.

“Entre 1995 e 2011, tivemos três ciclos de grandes investimentos, totalizando R$ 3 bilhões (cerca de US$ 1,8 bilhão). Agora, somaremos

plicou Roberto Cortes, presidente da MAN Latin America, que em outubro foi mais um dos muitos executivos da indústria automotiva que visitaram a presidente brasileira Dilma Rousseff para comunicar grandes investimen-tos no País. “A MAN Latin America faz parte do Grupo MAN há três anos. O investimento é a continuação lógica do excelente desempenho dos negócios no Brasil e será justificado pelo mer-cado que oferece grande potencial de crescimento”, declarou Georg Pachta--Reyhofen, CEO da MAN.

A Ford, terceira marca de caminhões mais vendida no Brasil, adotou a estra-tégia de crescer dentro de sua estrutura já existente, com substanciais ganhos de eficiência na planta de São Bernardo do Campo (SP). Nos últimos dez anos, a produtividade pulou de 23 mil para 48 mil unidades por ano em apenas um turno de trabalho. A Ford alcançou esse desempenho graças a um pecu-liar sistema de produção modular, em que grandes partes já chegam monta-das dos fornecedores, como a cabine, que é estampada, soldada, pintada e montada pela Automotiva Usiminas em Pouso Alegre (MG), e os motores vêm da Cummins em Guarulhos (SP). Tudo é juntado na linha de montagem final ao ritmo de um caminhão a cada dois minutos e quarenta segundos, ou 22 unidades por hora.

“Com essa fórmula nós somos muito competitivos”, diz Marcos de Oliveira, presidente da Ford Brasil e Mercosul. Com menos investimen-to em manufatura, a maior parte dos US$ 660 milhões programados para o período 2009-2015 vai para o de-senvolvimento de produtos, incluindo US$ 265 milhões para uma nova famí-lia de caminhões extrapesados. Ao que tudo indica, a competição no mercado de veículos pesados no Brasil será tão grande quanto o substantivo tamanho dos investimentos programados para os próximos anos. n

a DaF anunciou a construção da fábrica em Ponta Grossa, no Paraná, para montar a linha xf

mais de R$ 1 bilhão (US$ 535 milhões) a esse valor. Investiremos no desenvol-vimento de uma nova geração de ve-ículos, em novas motorizações e na pesquisa de tecnologias sustentáveis. Faremos ainda a prospecção de seg-mentos do mercado em que ainda não atuamos (semileves) e consolidaremos a marca MAN na América Latina”, ex-

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sustentabilidade | iveco

68 • AutomotiveBUSINESS

FoMoS ToMAR UM cAFÉ NA 100a ReveNDA DA iveco, APReSeNTADA coMo MoDeLo De SUSTeNTABiLiDADe. ANoTAMoS AS NoviDADeS PARA você checAR

JAIRO MORELLI

BeM-viNDo àREvEndA vERdE

ORLAndO MERLuzzI, diretor de gestão da rede Iveco, institui a 100a

revenda da marca como modelo e quer reeditar o projeto da arquiteta

Cristina Cangueiro nas próximas concessionárias

unidades (a Iveco soma caminhões a partir de 2,8 toneladas), a empresa quer chegar a 12% do mercado no médio prazo. A trajetória passará por uma nova etapa estratégica, que contempla 137 pontos no mapa de revendas ao final de 2015. Para o diretor de gestão e desen-volvimento de rede da marca, Orlando Merluzzi, a ampliação dará cobertura a regiões metropolitanas e algumas cida-des do interior. “Queremos fortalecer o atendimento e preencher uma ou outra lacuna no interior do país.” A expectativa é elevar para 2 mil os boxes de serviço

(hoje são 1.100) e capacidade instalada para 500 mil passagens/ano.

Na maratona para solidificar a rede, a fabricante italiana decidiu dar um passo agressivo no quesito sustenta-bilidade, traduzido com a inaugura-ção da Mercalf em Jundiaí, no interior de São Paulo, como concessionária modelo, apontada por Merluzzi como a mais ecológica do planeta. “Rece-bi consultas até de representantes de outras marcas, espantados com o projeto. Quer coisa melhor?”, come-mora o executivo.

E não é para menos. A nova casa conta com sistemas de reaproveita-mento de águas fluviais, captação de energia solar, paredes, tetos e solo verdes e mais uma série de soluções inimaginadas até então, aplicadas até mesmo no processo de constru-ção. Orquestrada pela arquiteta Cris-tina Cangueiro, a obra custou R$ 12 milhões, apenas 10% a mais do que seria consumido por um projeto con-vencional. Ela calcula que o retorno do aporte será rápido. “Com as eco-nomias proporcionadas, ele virá em cinco anos”, estima. A Mercalf ocupa espaço de 15 mil metros quadrados, com 3,8 mil metros de área construí-da e 24 boxes.

Um plano audacioso de reestru-turação da rede de distribui-ção mobilizou esforço extra da

cúpula diretiva da Iveco no País duran-te os últimos cinco anos. O trabalho, iniciado em 2007 e que custou à rede R$ 430 milhões, culminou com a subs-tituição de 50% dos grupos financeiros que dominavam as operações e permi-tiu dobrar o número de concessioná-rias para 102 casas e garantir cobertu-ra em todo o território nacional.

Com pouco mais de 9% de participa-ção nas vendas, em mercado de 210 mil

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A primeira ação sustentável, conta Cristina, se deu com a preser-

vação de uma encosta em rocha no terreno. “Instalamos escadas hidráuli-cas e sistema de canaletas e irrigações para que a proteção fosse possível”, explicou. Adequações no solo foram feitas com terra do próprio local, que permitiu elevar o piso da concessio-nária e evitar o trânsito de caminhões, diminuindo a emissão de poluentes. Para a preservação dos lençóis freá-ticos e suavização da temperatura foi usado concreto especial.

As paredes e tetos verdes também auxiliam na redução do calor. “O pé--direito alto de 6 metros e as solu-ções combinadas permitiram baixar a temperatura no showroom em até 7 graus, evitando a instalação de apare-lhos de ar-condicionado”, esclareceu a arquiteta. As paredes trazem ainda sistema de irrigação para manuten-ção da umidade interna.

Nos pilares, o emprego de for-mas de papelão evitou o descarte de madeira. Após o processo foram revendidas, garantindo certo retorno

financeiro. O trabalho de escoramen-to, que normalmente gera muito en-tulho, recorreu à locação de escoras metálicas. Restos de ferro também foram reaproveitados na construção de trilhos para captação de chuva. A impermeabilização das lajes na cobertura utilizou óleos recuperados na operação da revenda, enquanto o aquecimento da água por meio da captação de energia solar possibili-tou redução de 45% no uso de de-sengraxantes.

“Passamos a lavar caminhões com água quente, o que facilita a remoção

das sujeiras”, diz Cristina. A mesma tecnologia é utilizada para o banho dos funcionários. Os sistemas de cap-tação de águas fluviais proporcionam redução de até 93% no consumo. A acessibilidade, também está na base do projeto, com sinalização em braile e deslocamentos verticais e horizon-

tais facilitados.Na visão de Merluzzi, o respeito

ao meio-ambiente deve avançar nos próximos anos e todos os se-

tores seguirão por este caminho. “A sustentabilidade será exigência em futuras licitações e no fechamento de contratos.” Ele vai estimular as solu-ções aplicadas na Mercalf em novos projetos de revendas e, ao atender consultas, já descobriu: haverá um trabalho extra para adequar as solu-ções a cada região e projeto. “O que funciona aqui, pode não ter o mesmo resultado no Nordeste.” O princípio da sustentabilidade da Mercalf, no en-tanto, já comprovou ser uma receita a ser conferida e multiplicada, até nos pequenos detalhes, como utilizar ár-vores frutíferas na jardinagem. n

COnFIRA O PROJETO

o programa de sustentabilidade traz árvores de reflorestamento (1), reuso de água (2), concregrama (3), painéis de energia solar (4), parede verde interna (5), postes de energia solar (6), talude (7) e telhado verde (8)

CRIsTInA CAnguEIRO: aporte terá retorno rápido

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70 • AutomotiveBUSINESS

FORNECEDORES

MUITO PRAZER. MEU NOME É AISIN

O mercado brasileiro não para de atrair investimento estrangeiro. E no setor automotivo a reali-

dade não é diferente. A falta de capa-cidade e qualidade para atender deter-minadas demandas crescentes abrem leque de ouro para novos players, que já perceberam o potencial e as brechas do negócio. De olhos bem abertos para este cenário promissor, a japonesa Ai-sin – desconhecida nacionalmente, mas que leva o status de quarta maior fornecedora de autopeças do mundo,

com presença em vinte países – acaba de anunciar a abertura de sua segunda fábrica no País. A nova unidade, cuja estruturação acontece na cidade de Itu, no interior de São Paulo, recebeu R$ 65 milhões destinados à produção de partes de bancos e portas para tra-dicionais clientes da empresa, como Toyota e Honda, e servirá como refor-ço para a pequena fábrica de Barueri, também em São Paulo.

Na planta, ainda em fase de instala-ção de máquinas, é possível ver pouca

GIGANTE JAPONESA ABRE NOVA FÁBRICA NO BRASIL E PROJETA

RECEITA DE R$ 400 MILHÕES EM 2015, COM A PRODUÇÃO DE

BANCOS, PORTAS, MOTORES, FREIOS E TRANSMISSÕES

coisa, já que a operação só começará em agosto. Sua grandiosidade, entre-tanto, demonstra que algo importante está por vir. E, de fato, virá. A partir de 2014, a planta passará a fabricar tam-bém partes de motores, transmissões manuais e freios, produtos de maior valor agregado e que permitirão multi-plicar o faturamento da empresa, dos R$ 65 milhões estimados para 2012, para R$ 400 milhões em 2015. “Esta é nossa meta e já estamos conversan-do com algumas montadoras para viabilizar estes projetos. Mas ainda não temos nada fechado, são nego-ciações demoradas e que dependem de diversos fatores”, despista, em bom japonês, o simpático presidente da Aisin do Brasil, Hideki Kawamura.

Em poucas palavras, o objetivo da multinacional é abocanhar clientela de peso como Fiat, Ford, General Motors e Volkswagen que, atualmente, sofrem com falta de capacidade e fornecedo-res. Para isso, foi criada, no final do ano passado, estrutura independente de vendas e a divisão Automotive, cuja direção ficará nas mãos do nipônico Takeshi Osada. Enquanto as peças para o powertrain não se tornam rea-lidade em Itu, as atenções estarão vol-tadas à estamparia de partes do banco do novo carro compacto que a Toyota produzirá em Sorocaba, no interior de

JAPONESA é a quarta maior no ranking global de autopeças

JAIRO MORELLI

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São Paulo, assim como ao processo de nacionalização de componentes. “Um dos desafios que traçamos para a divisão Automotive é localizar o má-ximo possível de peças utilizadas em nossos produtos. A maioria dos com-ponentes que hoje trazemos do México e adaptamos e montamos em Barueri deverá ser produzida integralmente em Itu”, antecipa Osada.

Além do operacional produtivo, de-senvolvimentos locais também acon-tecerão mas, vale ressaltar, sempre pelas mãos de profissionais oriundos da matriz. De acordo com Osada, onze engenheiros japoneses serão trazidos, ainda este ano, para coman-dar os novos projetos e treinar o time local. “Engenheiros brasileiros tam-bém serão contratados e, alguns de-les, levados para o Japão em aperfei-çoamento”, conta o executivo. E este será o formato de trabalho desenvol-vido por aqui, com muita cautela, um pouco de desconfiança, sem o risco de entregar para a concorrência os diferenciais da companhia, que pro-mete produtos de qualidade elevada.

A prática se estende até mesmo às linhas de montagem, que chegam prontas do Japão. “Apenas algumas máquinas complementares deverão ser compradas por aqui.” Desta for-ma, acreditam os diretores da Aisin, será possível aumentar o nível de au-tomação da operação local, já que a unidade de Barueri, por ter sido construída em outro momento do mercado e com outras intenções, con-ta com muita interferência humana

HISTÓRIA – A Aisin, apesar de ainda ser desconhecida do grande pú-blico, já tem alguns bons anos de Brasil. Segundo Kawamura, as portas foram abertas em 1974, com a montagem de escritório para a venda de máquinas de costura provenientes do mercado mexicano. A produção de autopeças começou apenas em janeiro de 2003, em Jandira, interior de São Paulo, onde eram produzidas dobradiças de portas, limitador e fechadura eletrônica. Em 2006, as operações foram transferidas para a vizinha Barueri. Mundialmente, a companhia tem 74 mil funcionários e fornece grande variedade de produtos para motores, transmissões, portas e chassis. O portfólio compreende também equipamentos residenciais, como camas e máquinas de costura, hospitalares e de ar condicionado.

KAWAMURA e Osada: planos para crescimento

nos processos. “Isso ocorrerá em Itu, de maneira gradativa. Mas é uma das nossas intenções”, afirma Kawamura.

Com esta estruturação a Aisin es-pera conseguir brigar de frente com concorrentes de peso como Valeo, em portas, TRW, em freios, Mahle, em motores, entre outros fortes players instalados no País. “Nossa expecta-tiva é chegar a 2015 com a mesma

força destas companhias”, diz Osada. Com tantas possibilidades e metas, a empresa já reformula seu plano de negócios, que deverá estar pronto so-mente no início do segundo semestre. “Muitas coisas mudaram e oportuni-dades apareceram. A partir de junho, teremos com maior clareza tudo que deverá ser feito e quais outros investi-mentos serão realizados”, observa. n

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TECNOLOGIAfo

tos:

DIV

ULG

AÇÃo

TECNOLOGIA

RECEITA PARA O CAMINHÃO

DE 2020

72 • AutomotiveBUSINESS

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AutomotiveBUSINESS • 73

A CAbINE DO ACtrOs, projetada sob medida para valorizar a vida a

bordo, antecipa avanços em design e um nível elevado de eletrônica embarcada.

Conectividade, com recursos da internet, GPs, e-mail e comandos de voz vão se tornar comuns

nas famílias de veículos rodoviários e urbanos

A MERCEdEs-BEnz REvElA COMO EvOluIRãO

Os CAMInhõEs, quE TERãO O dIEsEl COMO

COMBusTívEl PREMIuM E MOTOREs ATé 20%

MAIs ECOnôMICOs, COM AlTA PERfORMAnCE

E EMIssõEs dOMAdAs. nOvAs TECnOlOgIAs

PROMETEM nívEl suRPREEndEnTE dE sEguRAnçA,

COnfORTO E RECuRsOs dE COMunICAçãO

PAulO rICArDO brAgA

AutomotiveBUSINESS • 73

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74 • AutomotiveBUSINESS

tecnologia

É comum ouvir palpites sobre a evolução dos cami-nhões até o fim da década: eles serão cada vez mais verdes, seguros e eficientes. Não satisfeito com a res-

posta óbvia e genérica, aceitei o convite para debater as soluções no transporte de cargas, em futuro próximo, pro-postas pela Mercedes-Benz. Em encontro com o vice-presi-dente global de engenharia da montadora, Georg Weiberg, acompanhado de Walter Sladek, diretor de engenharia da marca no Brasil, registrei surpreendentes reflexões sobre tendências na concepção e projeto de caminhões e outros veículos comerciais.

Um dos líderes do programa Shaping Future Transporta-tion, apresentado em 2010 durante o IAA - International Com-mercial Vehicle Show, em Hannover, Alemanha, prometendo caminhões, ônibus e vans capazes de frear automaticamente diante de obstáculos e valorizar o uso de energia com mínimo impacto sobre o meio ambiente, Weiberg explicou os concei-tos de clean, safe e value drive adotados pela empresa.

“Não existem plataformas verdadeiramente globais para caminhões. Há, sim, uma determinação de tornar os pro-jetos flexíveis para atender a diferenças regionais e estimu-lar a compatibilidade de componentes e procedimentos de manufatura e homologação”, disse o executivo, no início da entrevista. No desenvolvimento de novos modelos, a Mercedes-Benz envolve profissionais de diversos centros de tecnologia ao redor do mundo para compreender as necessidades de cada mercado. Exigências das frotas, topografia, clima e até características culturais fornecem diretrizes para novos projetos.

Weiberg entende que a indústria de veículos comerciais já atingiu a maior parte dos objetivos propostos no campo de emissões, com uma queda dramática nos volumes de óxidos de nitrogênio e particulados nos gases de escapa-mento na fase Euro 6, que chega à Europa. A preocupação agora, na caminhada para Euro 7, é uma redução expressi-va no consumo de combustível – que acentuará a redução

WAltEr slADEK E gEOrg WEIbErg, da Mercedes-Benz, concebem os caminhões do futuro

A ElETRIfICAçãO dEPEndE dE CusTOs E nOvAs sOluçõEs. já A TRAnsMIssãO, CéREBRO dA

OPERAçãO, dEsPERTA gRAndE InTEREssE

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de emissões. A meta é um ganho de 20% até 2020, sem levar em conta o efeito de fórmulas como misturas de diesel e combustíveis renováveis.

PÓS-TRATAMENTOOs engenheiros trabalharão para redu-zir perdas por atrito e melhorar a per-formance aerodinâmica dos veículos, enquanto aperfeiçoam o desempenho do powertrain e buscam um melhor equilíbrio entre motor e sistema de pós--tratamento, que combina as tecnolo-gias EGR e SCR para proporcionar re-sultados previstos na legislação. Como referência na progressão dos custos envolvidos para atender normas mais rí-gidas, Weiberg toma por base um motor diesel de 10 mil euros. O sistema de pós--tratamento nos padrões Euro 5 custa 2 mil a 3 mil euros. Já no caso de Euro 6, o patamar é de 5 mil a 6 mil euros. “A Mercedes-Benz aplica 400 milhões de euros por ano em estudos e experimen-tos na área de emissões”, esclarece.

O uso de biodiesel, diesel de cana, gás natural e etanol não traduz neces-sariamente redução de particulados e da maioria dos gases indesejáveis na saída do escapamento, embora no ci-clo completo, desde a cultura, os com-bustíveis verdes ofereçam vantagem ambiental. As tecnologias para utiliza-ção desses produtos alternativos vêm sendo aperfeiçoadas, embora ocorram tropeços, como acontece com o bio-diesel brasileiro, que apresenta proble-

mas de qualidade a serem equacionados.

“O etanol é um velho conhecido nosso, desde os anos 1980. Funciona bem com adição de um acelerador de ignição ou em combinação com die-sel”, afirma Walter Sladek, diretor de engenharia no Brasil, que avalia também a associação de gás natural com diesel. Para ele, há aplicações importantes para esses combustíveis em determinados nichos, como usinas de cana-de-açúcar que têm interesse na utilização de etanol ou do diesel de cana, testado com bons resultados.

O diesel, apesar das novidades e progressos com combustíveis reno-váveis, será a primeira escolha para abastecimento de veículos comerciais pelas próximas décadas, preservando a liderança disparada em relação a outras opções e uma invejável valori-zação do caminhão na hora da reven-da. Novas tecnologias de segurança e eletrônica embarcada serão adiciona-das aos projetos, mas a eletrificação do powertrain será restrita por um bom tempo e dependerá essencial-mente de reduções de custos e novas tecnologias.

“A disponibilidade de veículos híbri-dos ou elétricos no transporte de carga

dependerá de investimentos significa-tivos e de incentivos para constituição de frotas para serviços públicos. O preço desses veículos, especialmente das baterias, ainda é obstáculo signi-ficativo”, observa Weiberg. Ele explica que um Atego híbrido custa cerca de 40 mil euros na Europa e não poderá ser montado em série antes de chegar ao patamar de 15 mil a 20 mil euros.

Sistemas híbridos, associando mo-tores elétricos e a combustão, têm sido testados mas nem sempre vencem a fase de protótipos. Caminhões movidos exclusivamente a energia elétrica em longos percursos são inviáveis dentro das concepções tecnológicas atuais: exigiriam um pacote de baterias de 52 toneladas para percorrer três mil qui-lômetros, que seriam vencidos com um motor a combustão e mil litros de diesel.

A MERCEdEs quER REduzIR EM 20%

O COnsuMO dE COMBusTívEl

dOs CAMInhõEs ATé 2020

ElEtrôNICA embarcada trará avanços em segurança e conectividade

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tecnologia

“A densidade da energia acumulada nas baterias ainda é baixa em com-paração com a oferecida pelo diesel, cuja eficiência energética pode evoluir para 22 litros por cem quilômetros até 2020, ante os atuais 30 litros”, avalia o vice-presidente da Mercedes-Benz. Uma das receitas para chegar a esse padrão de consumo serão mecanis-mos de recuperação térmica.

Ao contrário dos elétricos, o po-wertrain híbrido, em comboios para percorrer longas distâncias, pode ser viável. Já os híbridos urbanos, pela capacidade de recuperar energia em frenagens ou utilizar start stop, des-pertam interesse a despeito dos cus-tos elevados ainda envolvidos e da autonomia limitada das baterias.

CÉREBROSoluções serão otimizadas para cada aplicação. “Não há um caminho úni-co”, assegura Weiberg, enfatizando que as estratégias terão em comum a bus-ca de maior economia e performance, pensando na integração aerodinâmica do cavalo-trator com os reboques. Ele destaca também a evolução da dupla embreagem para veículos comerciais e as modernas transmissões automáticas ou automatizadas.

“A transmissão é o cérebro do po-wertrain, sistema que define o ritmo e o regime de operação do motor. Te-mos dedicado esforços significativos para minimizar os níveis de fricção e otimizar as trocas de marcha, pro-movendo maior inteligência eletrôni-ca para garantir a operação ideal do motor sob o ponto de vista de efici-ência e consumo”, explica. Há uma atenção crescente também na defini-ção de relações de diferenciais mais adequadas, levando em conta fatores como a topografia e as condições de carga do veículo.

Na trajetória em direção ao caminhão do futuro, os recursos à disposição do condutor e seu conforto estarão em

destaque, ao lado de sistemas extras de segurança, capazes de facilitar mano-bras e evitar acidentes. São previsíveis avanços significativos em eletrônica embarcada e telemática, promovendo níveis elevados de conectividade e fer-ramentas para manutenção preventiva e gestão ótima de frotas.

Weiberg define três pilares para chegar ao caminhão ideal, passan-do pelo clean drive (otimização do powertrain e redução de emissões), value drive (redução do custo total da operação) e safety drive (segurança do veículo e motorista na interação com o tráfego). Para ele, a prioridade para agregar valor à marca será con-fiabilidade em alto grau, o que exigirá esforços em validação de produtos.

TECNOLOGIAAs questões em pauta nos debates entre a indústria e os operadores de transporte na Europa incluem as es-pecificações dos implementos, já que composições longas e pesadas podem trazer problemas e perigo no tráfego. Sistemas logísticos especí-ficos serão relevantes para equacio-nar o transporte de longo curso e a distribuição local. Resolvidas essas

questões, será possível imaginar ca-minhões de 50 toneladas percorren-do longos trechos em rotas com sis-temas inteligentes de transporte para garantir performance extra e poupar o esforço do condutor, um persona-gem que não perderá sua função para sistemas driveless tão cedo, diante de questões como segurança e legisla-ção envolvidas.

O excesso de tecnologia pode in-duzir a excesso de confiança, a ponto de o condutor transferir a responsa-bilidade da segurança para o veículo? A discussão existe há algum tempo, admite Weiberg, mas não há dúvida de que os sistemas ativos e passivos têm papel positivo indiscutível.

Depois da aula com os especialistas da Mercedes-Benz, que promovem o diesel ao primeiro plano como com-bustível e destacam que ainda está longe o tempo em que ruas e estradas serão dominadas por veículos movidos a eletricidade, concluímos que nossos engenheiros terão desafios crescentes para tornar o atual powertrain mais eficiente, acionando veículos cada vez mais verdes, seguros e conectados – um palpite mais do que convincente. E você, o que pensa a respeito? n

O dIEsEl COnTInuARá sEndO A PRIMEIRA EsCOlhA nO

ABAsTECIMEnTO dE vEíCulOs COMERCIAIs PElAs

PRÓXIMAs déCAdAs

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prêmio interação

MERCEDES-BENZ destacou os MeLHoRes FoRNecedoRes de 2011

Em ano marcado pela renovação da linha de cami-nhões e chassis de ônibus, tiveram significado espe-cial dois eventos promovidos pela Mercedes-Benz do

Brasil dia 6 de dezembro, no Clube Monte Líbano, em São Paulo: o 20º Prêmio Interação e a segunda edição do Prê-mio de Responsabilidade Ambiental.

“Homenageamos os nossos fornecedores, reconhecen-do os que mais se destacaram em 2011 pela excelência em qualidade, logística, custos e inovação, materiais indiretos, serviços e sustentabilidade ambiental”, disse Ricardo Viei-ra Santos, diretor de compras de material da montadora, explicando que foi uma ocasião oportuna para celebrar re-sultados e reafirmar parcerias.

eXCeLênCia em QUaLiDaDeApontada pela Excelência Operacional em Qualidade, a ThyssenKrupp Metalúrgica Campo Limpo está comemo-rando 50 anos de operação e tem a Mercedes-Benz como parceira de primeira hora: o virabrequim número um pro-duzido pela empresa no Brasil foi uma peça para a fabri-cante de São Bernardo do Campo, SP. Em 2011 o desta-que foi para o fornecimento de virabrequins das famílias de motores BR 300, BR 400 e BR 900.

A Fras-le, fabricante de materiais de fricção, foi outra ganha-dora dessa categoria. No Centro de Pesquisa e Desenvolvimen-to, em Caxias do Sul, RS, ela conta com laboratórios químico, físico e piloto para assegurar a performance dos produtos.

MoNtadoRa eNtRegou taMbéM No cLube MoNte LíbaNo, eM

são PauLo, o PRêMio de ResPoNsabiLidade aMbieNtaL

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prêmio interação | mercedes-benz

as MeLHoRes iNiciatiVas eMResPoNsabiLidade aMbieNtaL

A Durametal, que completou o trio de vencedores na excelência opera-cional em qualidade, participou do projeto Make or Buy, assumindo a usi-nagem de todos os tambores de freio. Segundo o cliente, durante o proces-so, demonstrou possuir uma logística pró-ativa.

LoGÍStiCaA Lopsa foi a ganhadora do Prêmio Interação na categoria “Excelência operacional em logística”. Investi-mento em tecnologia, informatização e automação, planejamento de qua-lidade e alinhamento à globalização

são prioridades para o fornecedor, que se destaca no setor de usinagem e montagem de conjuntos pela logís-tica e atendimentos em programas sequenciados.

eSpeCiaLA Tuper Exhaust Systems, que re-cebeu o Prêmio Especial, atua no desenvolvimento e fabricação de sis-temas de exaustão para a indústria automotiva. Os projetos são desen-volvidos em parceria com os clientes, que muitas vezes confiam à Tuper a responsabilidade total pela solução do sistema de exaustão.

O projeto Produtos Limpos e Ar Puro valeu ao Grupo Hübner o primei-ro lugar na segunda edição do Prêmio de Responsabilidade Ambiental da Mercedes-Benz. Ele desenvolveu um sistema inovador em nível mundial, no qual todo o carvão vegetal utilizado nos processos produtivos é obtido a partir da carbonização da madeira pelo sistema Bricarbras, com meto-dologia ecologicamente correta, sem emissão de poluentes atmosféricos.

Schulz e Denso do Brasil foram também apontadas pelas boas práti-cas ambientais em seus processos industriais, reiterando o compromisso com o desenvolvimento sustentável. A Schulz foi selecionada pelo projeto Inovação e Sustentabilidade que, por meio de sinergia com fornecedores, incorporou ao processo de moldagem como nova matéria-prima o Pó de Carvão Aditivado. O resultado foi a redução de 67% no consumo de areia nova e de 62% no descarte de areia de moldagem. A inovação traduziu-se em ganhos de qualidade do produto, redução de refugo por defeitos rela-cionados à areia de moldagem e ganhos econômicos.

A Denso do Brasil foi selecionada pelo projeto Fábrica Eco Eficiente, de-monstrando compromisso ambiental na implantação da nova unidade em Santa Barbara d’Oeste, SP. Com o objetivo de tornar a nova planta eficiente do ponto de vista ecológico, foi aplicado o princípio corporativo denomi-nado “Eco Fábrica” quanto ao projeto e construção das instalações, uso racional de energia elétrica e água e gerenciamento de resíduos.

Mais de cinco dezenas de trabalhos inscritos para o prêmio ambiental foram submetidas à avaliação de uma comissão julgadora formada por re-presentantes da Mercedes-Benz e da área de meio ambiente do BNDES e das faculdades FAAP e FEI, de São Paulo.

inoVaçãoGanhadora da categoria Inovação, a Kromberg&Schubert fabrica chicotes elétricos convencionais, chicotes mo-dulares e chicotes modulares sequen-ciados. A estrutura de desenvolvimento e fabricação permite ao fornecedor ofe-recer aos clientes os chicotes modula-res free option, o maior diferencial de seus produtos. A Kroshu destacou-se pela inovação na modularização de chi-cotes e flexibilidade no fornecimento de variantes à Mercedes-Benz do Brasil.

inDireto e SerViçoSForam premiadas em Excelência Operacional em Material Indireto e Serviços a Atlas Copco, Construcione e Heating & Coooling. A Atlas Copco, fornecedora de sistemas de fixação, apertadeiras pneumáticas e elétricas, garante a qualidade e a rastreabili-dade nas principais montagens dos produtos, focando a otimização de processos e prazos.

A Construcione promoveu reformas e obras na planta de São Bernardo do Campo e comandou a execução da adequação da fábrica de Juiz de Fora.

A Heating & Cooling, cujo relacio-namento com a montadora supera vinte anos, oferecendo serviços de engenharia térmica, instalações e in-fraestrutura, foi escolhida pelo com-prometimento com os objetivos téc-nicos e comerciais, sem abrir mão da qualidade e segurança.

eXCeLênCia em CUStoSEm Excelência em Custos a vence-dora foi a Metalúrgica Riosulense, no segmento de itens fundidos e usina-dos, que aceitou participar do projeto Cost Oriented Supplier Development, metodologia global da Daimler volta-da para a redução de custos, atuando na simplificação técnica e comuniza-ção de produtos, análise dos gerado-res de custos e otimização dos pro-cessos produtivos. n

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A Peugeot pretende começar a retomar terreno perdido no

Brasil nos últimos três anos com o hatch médio 308, que chega às suas 167 con-cessionárias (que podem ser 190 até o fim do ano) no País em março a partir de R$ 53.990. Fabricado na Argentina, o carro é o de maior volume lançado pela Peugeot no País desde o 207 tropicalizado, que veio no fim de 2008.

Frédéric Drouin, que em janeiro assumiu a presidên-cia da Peugeot no Brasil, ex-plica que boa parte do recuo da marca no País é devido à falta de produtos para partici-par do mercado de frotistas, o problema de suprimento de peças do Japão após o terremoto que atrasou lança-mentos, e o fim de ciclo do 307, que o 308 substitui sem aumento de preço.

Drouin aposta que a virada come-ça este ano, quando a marca france-sa completa 20 anos no Brasil, com meta de vender 100 mil unidades (fo-ram 85,8 mil em 2011). “Nos próxi-mos meses vamos encaixar produtos em diversos segmentos, de R$ 33 mil a R$ 140 mil”, disse o executivo du-rante o lançamento do 308, em Ouro Preto (MG), no começo de fevereiro. Depois do hatch médio, Drouin conta que virão o sedã grande 508 e o con-versível 308 CC. Para o começo de 2013 chega o hatch compacto 208, que conviverá com toda a família 207 (hatch, perua e sedã).

O 308 é um bom começo, porque finalmente a Peugeot decidiu fabricar no mercado sul-americano um carro atualizado tecnologicamente. Apesar de aportar por aqui só quatro anos depois do lançamento na Europa, o modelo chega em linha com o mo-delo europeu. Para lançar o carro na América do Sul a PSA Peugeot Ci-troën investiu 120 milhões de euros, principalmente para adaptar o 308 à realidade local, com ângulo de ataque ajustado para as ruas brasileiras, bate-ria e ar-condicionado mais potentes, vedações mais eficientes e pequenas modificações estéticas.

Com cinco opções de preços, de R$ 53.990 a R$ 70.990, a estimati-va é vender perto de 1 mil unidades do 308 por mês. A Peugeot espera aproveitar a herança do 307, que conquistou 76.373 consumidores no Brasil desde o lançamento, em 2002. Segundo pesquisas da mar-ca, o design felino (aprofundado no 308) foi o principal argumento de 45% dos compradores do Peugeot 307. Além disso, 92% das avalia-ções do carro foram positivas. O raciocínio da Peugeot é que muitos dos clientes do 307 comprem agora o 308. (Pedro Kutney) n

leão ensaia retomadanoVo HaTCH MÉDio MaRCa o ReCoMeÇo

peugeot 308

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transportes

Luciana Duarte

CONSOLIDAÇÃO À VISTA NO

SetOr De iMPLeMentOS

A tendência na oferta de solu-ções completas e

preços mais competitivos deve levar o pulverizado setor de implementos rodoviários a uma inevi-tável consolidação. Para Rafael Wolf Campos, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviá-rios (Anfir), a estabilidade econômica vivenciada no País favoreceu a expansão dos negócios e a chegada de novas empresas.

Entre 2004 e 2011 o número de fabricantes nacionais de implementos rodoviários associadas à entidade saltou de 44 para 159, enquanto a produ-ção de equipamentos avançou de 83,8 mil para 190,8 mil unidades por ano. “Sustentar os volu-mes atuais de reboques, semirreboques e carroce-rias sobre chassis exigirá um movi-mento natural de fusões para ganhos de escala”, prevê o executivo.

O movimento será favorecido pela

necessidade de baixar custos de produção para preservar a competi-tividade, enquanto parte da indústria nacional já importa alguns compo-

DepOIS DA expANSÃO e ChegADA De NOVOS fAbrICANTeS, A

COmpeTIÇÃO pODe LeVAr A um mOVImeNTO De fuSõeS e COmprAS

autOMOtive buSineSS

nentes e até aço inox da Ásia, Europa e Estados Unidos para baratear seus produ-tos. “Com a crise em alguns países os preços de equipa-mentos e matérias-primas lá fora estão bem mais vanta-josos que os nacionais”, compara o presidente.

Nos últimos anos, o setor representado pela Anfir assis-tiu a importantes movimen-tos de integração entre fabri-cantes, como a fusão entre as fabricantes de implemen-tos Pastre e a Boreal, além da venda da catarinense Fole Indústria de Implementos Rodoviários para o grupo Randon. “Os volumes são limitados e não se justificam tantas empresas para atender a demanda nesse segmento. Acredito que devem desa-

parecer no mínimo 60 empresas nos próximos anos”, prevê Erino Tonon,

vice-presidente de operações Randon. Para o executivo, a

união entre empresas “é o caminho natural para garantir o crescimento orgânico, ampliar a capacidade de produção e a linha de produtos”.

rafaeL wOLf: fusões são a alternativa para ganhar escala

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AutomotiveBUSINESS • 83

TrANSpOrTADOreS ApOSTAm NA SINOTruk

Dois meses depois de assumirem o controle compartilhado da

empresa paulista Metalcar Implemen-tos, André Ferreira, diretor da Rápido 900, Mira Júnior, diretor de compras e suprimentos da Mira Transportes, e Tayguara Helou, controller da Bras-press, decidiram investir em revendas de caminhões pesados. Os três jovens empresários, que pertencem à terceira geração das famílias controladoras de transportadoras tradicionais, abriram concessionárias da marca chinesa Sinotruk, fornecedora de caminhões pesados da China National Heavy Duty Truck Group Corporation.

Enquanto concluem as estruturas funcionais para atendimento exclusivo

Diversificar negócios é uma deci-são cada vez mais frequente

entre as centenas de transportado-ras brasileiras. Em recente inicia-tiva, a JSL, maior conglomerado de transporte de cargas do País, instituiu o aluguel de caminhões. Inspirada em modelo americano, a unidade do ABC Paulista ofere-ce um sistema flexível de locação com opções de contratos diários, semanais, mensais ou anuais. “É a primeira loja do gênero no Brasil”, garante Irecê Andrade, a diretora comercial da empresa.

Com um investimento de R$ 7,5 milhões em infraestrutura e aqui-sição de 43 caminhões, a JSL vai atender empresas e pessoas físicas. “Queremos popularizar o serviço. O locatário pode utilizar seu motoris-ta, mas só retira o veículo depois de realizar um teste de direção”, expli-ca a executiva.

Apesar de a primeira loja ficar em São Paulo, o serviço pode ser contratado por telefone em qual-quer região do Brasil. Por enquan-to, a loja oferece os veículos das marcas Volkswagen (8.150, 24.250, 26.260, 19.320), Scania (G380) e Iveco (35S14). (LD)

aos clientes nos municípios de Ribeirão Preto (SP), São José do Rio Preto (SP) e no Triângulo Mineiro (MG), os empre-endedores já divulgam o novo negócio em sua poderosa rede de contatos. “A estratégia de crescimento se concen-tra no relacionamento que temos com muitos frotistas”, diz Ferreira.

Os empresários não revelam o volu-me de investimentos, mas garantem que não será difícil comercializar a marca chinesa no Brasil. “Os cami-nhões Sinotruk foram desenvolvidos em cooperação com a Volvo e a MAN, duas marcas mundialmente conhecidas. Não há porque o frotista desconfiar ou não querer experimentar o produto”, opina Ferreira, da Rápido 900. (LD) n

NA JSL ALugAr CAmINhÃO É

bOm NegÓCIO

SÓCIOS DA meTALCAr Abrem reVeNDA De peSADOS

anDré ferreira, Mira JúniOr e tayguara HeLOu

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DISTRIBUIÇÃO | CONGRESSO NADA 2012

fé no renascimento do mercado

Na cidade do jogo e do pecado, como é conhecida Las Vegas, nos Estados Unidos, os con-

servadores concessionários america-nos fizeram seu congresso anual em clima de otimismo, com apostas fir-mes na retomada do mercado e forte apelo religioso-patriótico – incluindo logo na abertura oficial do evento, em 4 de fevereiro, a interpretação emoti-va da canção God Bless America por uma cantora adolescente de boche-chas vermelhas, hino nacional com fuzileiros portando a bandeira no pal-co e sermão de um pastor de olhos

conceSSIonÁrIoS doS eSTadoS UnIdoS

comemoram a reTomada daS VendaS

Pedro Kutney, de Las Vegas, estados unidos

fechados, pedindo proteção divina ao negócio de vender carros.

Com a fé na força do dinheiro que traz estampado “Em Deus Nós Con-fiamos” em cada cédula circulante de dólar, que começou a girar com maior intensidade no ano passado, o setor de distribuição dos Estados Uni-dos ainda comemora o resultado de 2011, com 12,8 milhões de veículos leves vendidos, em alta de 11,3% so-bre os 11,5 milhões de 2010, confir-mando assim a recuperação que vem sendo construída desde 2009, quan-do as vendas chegaram ao fundo do

poço, com 10,3 milhões de unidades – isso em um mercado que chegou a ter o impressionante tamanho de 16 milhões de carros em 2007. “Sobrevivemos à pior crise que já se abateu sobre o setor automotivo america-no”, afirmou Stephen Wade, que durante 2011 ocupou a presidência da associa-

ção dos concessionários americanos, a NADA.

A sazonalidade do mer-cado americano, em combi-

nação com os inesperados desastres naturais, impediu a formalização de um resultado ainda melhor em 2011. “Nossos meses fortes de vendas aqui são maio, junho e julho (início da Pri-mavera e Verão no Hemisfério Norte). E justamente nesse período ficamos sem carros, por causa do terremoto no Japão”, conta Bill Underriner, pre-sidente da NADA na gestão 2012. O dirigente explicou que o número de unidades vendidas poderia ter sido de 500 mil a 700 mil unidades maior se não fossem as intempéries que atin-giram principalmente as fábricas ja-ponesas de chips, fundamentais para a produção de qualquer automóvel atualmente. “Faltaram modelos im-portados e também os fabricados nos Estados Unidos que dependem de componentes estrangeiros.”

LIÇÃO APRENDIDANesse processo, as marcas japone-sas, mais dependentes de forneci-mento externo, foram as que mais perderam terreno nos Estados Uni-dos, permitindo que as americanas recuperassem participação – a Gene-ral Motors terminou 2011 de volta ao

o mercado cresce e a distribuição recupera margens

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86 • AutomotiveBUSINESS

DISTRIBUIÇÃO | CONGRESSO NADA 2012

topo do ranking perdido para a Toyota desde 2007. Para Underriner, no en-tanto, os desastres naturais ajudaram as montadoras locais, mas não expli-cam tudo: “É preciso considerar tam-bém que as americanas progrediram, diminuindo a diferença de qualidade com os carros japoneses.”

Underriner diz que a produção voltou ao normal no país, mas con-tinua abaixo da demanda. Pela pri-meira vez em muitos anos, são as concessionárias que “puxam” os carros, em vez de receber produtos “empurrados”. “Esse movimento ocorre porque muitas fábricas foram

fechadas durante a crise de 2008 e 2009, quando a capacidade era de 16 milhões de veículos por ano. Ago-ra as linhas voltaram a ficar quase 100% ocupadas, mas a capacidade é menor.” Para Underriner, essa é a principal lição deixada pela recessão: “Aprendemos a ganhar mais venden-do menos”, avalia, destacando que, mesmo entregando menos carros, todas as três montadoras de Detroit voltaram a apresentar lucros.

A lucratividade dos concessionários também está em franca ascensão, mas não sem dor. As margens melhoraram porque o setor encolheu: de 22,2 mil

lojas em 2000, esse número foi reduzi-do a 16,5 mil hoje e continua a cair, proporcionando um maior número de negócios por ponto de venda,

ainda que o mercado seja menor hoje.Uma das renascidas das cinzas

foi a Chrysler, que sob o controle da Fiat e o comando do CEO Segio Marchionne apresentou em 2011 o maior crescimento de vendas e par-ticipação de mercado nos Estados Unidos entre todos os fabricantes presentes no país, com avanço de 26% sobre 2010, fechando o balan-ço do ano com lucro operacional de US$ 2 bilhões e 2 milhões de uni-dades vendidas em todo o mundo. Com esse resultado na mão e um discurso sofisticado, Marchionne foi recebido como salvador da pátria pe-los concessionários em Las Vegas – a despeito de ter apresentado o discur-so mais à esquerda do evento.

Sem meias-palavras, o presidente dos grupos Fiat e Chrysler disse em seu discurso no congresso da NADA que a recessão dos últimos anos ser-viu para tirar os fabricantes da “inação” alimentada pela “arrogância”. O exe-cutivo lembrou que por muitos anos o setor trabalhou destruindo seu futu-ro. “Nossas companhias deixaram de obter lucros do negócio de fabricar e vender carros, começaram a viver de atividades correlatas, como os finan-ciamentos. Isso desviou a atenção de fazer automóveis que as pessoas querem comprar”, avaliou. “Sob a li-derança do presidente Barak Obama, o país ganhou coragem para forçar a reestruturação da indústria, assegu-rando que as empresas que emergi-ram da concordata fossem capazes de assentar as fundações para construir um novo processo de crescimento e desenvolvimento”, provocou Marchio-nne a plateia republicana – que dois dias depois aplaudiu de pé a palestra do beligerante ex-presidente George W. Bush, que logrou para si a salvação

aBertura do congresso em Las Vegas, nos Estados Unidos

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da indústria automobilística americana com dinheiro dos contribuintes.

CICLO VIRTUOSOCom ou sem crise e salvadores, o mercado americano continua sen-do o respeitável segundo maior do mundo, com perspectiva de atingir quase 14 milhões de unidades vendi-das este ano. “Entramos em um ci-clo virtuoso, com estoques em baixa e demanda em alta”, analisou Paul Taylor, economista-chefe da NADA. Ele acredita que um conjunto de fa-tores deve manter as vendas em alta: “O crédito está barato (com juros de cerca de 5% ao ano para a compra de carros em planos de 24 a 72 meses), o nível de emprego voltou a subir e a idade média da frota nunca foi tão alta. Isso sugere que em breve muitos

consumidores deverão tomar a deci-são de comprar um carro novo”, ex-plica o economista. De fato, o tempo de uso dos automóveis em circulação nos Estados Unidos é o mais alto des-

de 1995, quando o índice era de 8,4 anos, contra 10,8 hoje.

As perspectivas positivas para o mer-cado americano foram compartilhadas pelos mais de 20 mil visitantes que passaram pela feira e palestras da con-

venção da NADA em Las Vegas este ano. O encontro local atraiu também o interesse internacional de 1,5 mil con-cessionários de 36 países – muitos do Brasil, incluindo a diretoria da associa-ção das concessionárias brasileiras, a Fenabrave, e o presidente da entidade, Flávio Meneghetti, empossado em ja-neiro. Sinal de que, apesar da crise e dos muitos erros já cometidos, todos querem aprender a vender mais com a fé inabalável no consumo dos ame-ricanos. Afinal, foram os concessioná-rios do país que criaram a cultura de massa do automóvel: ainda em 1917, trinta revendedores se reuniram para ir à capital do país, em Washington, para convencer os congressistas a desistir de taxar os carros como bens de luxo. Eles conseguiram. Muitos gostariam de fazer o mesmo. n

BILL UNDERRINER, presidente da NADA na gestão 2012

APRENDEMOS A

GANHAR MAIS

VENDENDO MENOS

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ARTIGo | semcon

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o projeto de carros ambientalmente corretos, mais seguros e agradáveis

A Semcon participa de um projeto de pesquisa

de interface homem-máquina (Human Machine Interface – HMI) e sistemas otimizados, seguros, eficientes, amigáveis que respeitam o meio ambiente (Environmental Friendly efficient Enjoyable and Safety Optimized Systems – EFESOS), de 2009 a 2013, com o objetivo de tornar a condução dos carros do futuro com menor impacto ao meio ambiente, agradável e segura por meio de sistemas otimizados. O projeto, liderado pela Volvo Cars na Suécia e financiado (9 milhões de euros) e por diversos parceiros da indústria e de universidades, tem cerca de 50% do custo a cargo de autoridades suecas, como parte do Programa Estratégico de Pesquisa e Inovação Veicular. No total, nove parceiros industriais e universidades técnicas estão envolvidos.

A iniciativa pretende investigar, avaliar e

demonstrar soluções técnicas para a interação segura e agradável com os Sistemas de Informação de Bordo (IVIS), como manter a atenção do condutor a um nível adequado, melhorar a satisfação de uso e demonstrar uma inovação aberta e distribuída.

Outro objetivo é o desenvolvimento de métodos e ferramentas para assegurar que sistemas de segurança ativa, informações ao condutor e sistemas de infotainment desenvolvidos estão em total acordo com a cognição e limitações físicas dos motoristas para produzir o efeito ideal – implantando assim uma abordagem holística para elaborar e avaliar o HMI durante o desenvolvimento.

Exemplos de áreas de pesquisa são Interações Multimodais, que investigam como usar e combinar modalidades cognitivas e de percepção de maneira que suportem a interação segura, com funções avançadas durante

Anders sundinManager Ergonomics/HMI,

Automotive [email protected]

renAto PerrottARegional Manager Semcon Brazil

[email protected]

a semcon

revela o

projeto de

pesquisa do

qual participa,

liderado pela

volvo cars,

com nove

parceiros

a condução; e Internet a bordo, com avaliação de seu impacto sobre o comportamento do condutor, em situações como a busca de extensas informações enquanto dirige. Outras áreas a serem abrangidas são as Infraestruturas de Design Aberto (sobre tendências que podem ser identificadas na área da inovação e fontes abertas para desenvolvimento de software) e ainda novas formas de utilização de som 3D e projetos de vibração para alertar e divertir os usuários do carro.

Além dos dois casos descritos na página ao lado, outros exemplos de trabalhos em curso são o projeto contra sonolência na direção, a busca por novas maneiras de introduzir um design afetivo (design emocional) no projeto do carro e a exploração com mais detalhes da forma como o design pode acomodar diferenças culturais no comportamento do condutor, que acontece por exemplo entre a Europa e a China.

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O conteúdo inovador deste trabalho, avaliando emoções,

valor central e identidade no desenvolvimento do HMI, é a nova abordagem do “comportamento verde” no uso do carro, não só durante a condução, utilizando o Design de Experiência e a ciência comportamental com o

seguranÇa e satisFaÇÃo no uso de TOUCH SCREEN e TOUCH PAD

pontos de contato verdes no uso de internet dentro e Fora de veÍculos

O objetivo do teste foi a exploração de conceito

e comparação de tecnologias já existentes de interação com o usuário para manipulação de mensagens de texto, com foco em segurança no trânsito, facilidade de uso e satisfação. O simulador de direção usado havia sido recém-construído pela Volvo Cars Corporation.

A questão geral da pesquisa era sobre a extensão em que segurança, facilidade de uso e satisfação são atendidas pelos

conceitos touch screen e touch pad durante a digitação no veículo. Os resultados demonstram que a interface touch screen deu melhores resultados que a interface touch pad. Os pormenores são apresentados em Sundin A, Patten C.J.D., Bergmark M, Hedberg A, Iraeus I-M, Pettersson I. Methodical aspects of text testing in a driving simulator. International Ergonomics Association Conference IEA2012. Recife 13-16 February 2012. objetivo de explorar a mudança de

comportamento, marcas e utilização de tecnologias em torno de nós como Internet, smartphones e redes sociais.

A lógica de negócios por trás dessa abordagem, além de uma pegada de carbono reduzida, é a de afetar a experiência do consumidor na interação com a marca, com o objetivo de reforçar ou de “tornar verde” a imagem da marca.

Mais informações podem ser encontradas em Nätterlund K, Sundin A, Romell I, Gustavsson M. On Attitudes towards Green Touch Points in the Use of In- and Off Vehicle Internet. VDI conference Electronic Systems for Motor Vehicles, Baden-Baden 12-13 Oct 2011. n

Volvo Cars Corporation HMI Usability Lab

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90 • AutomotiveBUSINESS

TECNOLOGIA

foto

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próxima parada: POSTO DO FUTURO

A bastecer o carro não é mais uma tarefa corriqueira. Não no Posto do Futuro, desenvolvido

em conjunto pela Petrobras Distribui-dora (BR) e Intel, inaugurado no fim do ano passado, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. O empreendimento envolveu tecnologias emergentes de interatividade com o consumidor, que

possibilitam customizar o atendimento em todas as frentes do posto, desde o abastecimento à loja de conveniência e outros serviços. Essas características credenciam a iniciativa – que consu-miu R$ 2,4 milhões, incluindo tecnolo-gias e obras físicas – como a primeira dessa categoria no mundo.

Foram 12 meses de dedicação

de ambas as empresas, que resulta-ram em um ambiente em que todos os recursos se integram por meio da tecnologia da informação (TI), propor-cionando atividades e interações futu-ristas. Desde a chegada ao posto, o motorista pode selecionar o combus-tível no painel localizado na entrada e seguir a cor referente marcada no

protótipo de alta tecnologia e sustentabilidade, a

iniciativa inaugura conceito inovador de

interatividade com o consumidor

SOlange CalvO

aTenDimenTO nOTa 10 – No cadastro, o motorista escolhe como deseja ser identificado ao chegar ao posto e aos postos de serviço, pelo automóvel ou pelo nome. À noite, LEDs indicam o caminho até a bomba com o combustível desejadoCâmaRa e SenSOReS RFiD

ligados ao programa de fidelidade da BR Distribuidora identificam o veículo e o motorista, personalizando o atendimento, da bomba aos serviços de conveniência

INOVAÇÃO

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chão, ou sinalização com LEDs (à noite), que o levará à bomba escolhida.

Tudo isso é um desdobramento natural da vocação por inovação da distribuidora, segundo José Lima de Andrade Neto, presidente da BR. “A tecnologia de ponta aplicada nesse posto sinaliza para onde vai o mercado e é onde estaremos”, diz.

Fernando Martins, presidente da Intel Brasil, acrescenta a ousadia de o Posto do Futuro ter sido totalmente desen-volvido no País. “É um modelo para a indústria em todo o mundo e exemplo da criatividade brasileira na aplicação de tecnologias de última geração.”

É a criação de um novo conceito, de acordo com os presidentes. E tudo começa ao abastecer. Uma tela ao lado da bomba de combustível mostra informações sobre o veículo, ou moto-rista, identificado por meio de câmeras com capacidade de reconhecimento e sensores RFID ligados a painéis de mídia. Isso é possível, pois as tecnolo-gias estão integradas à base de dados do programa de fidelidade da Petro-bras Distribuidora (que reúne mais de 7 mil postos de serviços com a sua bandeira em todo o País), armazenada no modelo de computação em nuvem (cloud computing) da Petrobras. No

cadastro, o motorista escolhe como deseja ser identificado, pelo automóvel ou pelo nome.

INTEGRAÇÃO A integração é o ponto-chave do proje-to, na avaliação de Max Leite, diretor de inovação da Intel Brasil. “Trabalhamos na criação de uma solução específica, o software Posto do Futuro. Ele integra todas as tecnologias, representando o maior desafio”, diz, destacando que se trata de um sistema aberto, que nasceu com o objetivo de facilitar a interopera-bilidade na plataforma, possibilitando

a participação de variados parceiros. É um conjunto de tecnologias que abri-ga processadores de baixo consumo de energia (Intel Atom) e também os de alto desempenho da segunda gera-ção da família Intel Core.

“A expansão da plataforma cria-da com a integração de recursos de outras empresas aprimora os recur-sos e enriquece os benefícios para os clientes do posto”, afirma Leite. Fazem parte do portfólio de parcei-ros empresas como Cisco, Idea Labs, Engeset, Multiway e General Electric (GE), esta última com equipamento de carga de veículos elétricos e nas bombas de combustível com mídia digital e sistema de automação.

A Cisco participa da inovação com o Cisco Cius, dispositivo portátil de comunicação e colaboração, em formato de tablet, com aplicativos específicos para a marca BR, que permitem aos usuários do posto envol-vimento com todos os serviços. Os consumidores podem conversar em tempo real com especialistas da BR, por meio de videoconferência em alta definição, tirar dúvidas sobre rotinas de manutenção, como troca de óleo de veículos, ou mesmo obter informação sobre outros serviços oferecidos.

a tecnologia de

ponta aplicada

ao posto sinaliza

para onde vai o

mercado e

é onde estaremos

JOSé lima De anDRaDe neTO, presidente da BR

cloud computing

A BR Distribuidora e a Intel lideraram o projeto do Posto do Futuro, que recebeu recursos de

R$ 2,4 milhões e envolveu tecnologias emergentes de interatividade com o

consumidor e forte dose de CRM, TI

e cloud computing

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92 • AutomotiveBUSINESS

INOVAÇÃO

Quem tem cartão fidelidade BR também vai poder utilizá-lo no tablet Cisco e obter informações sobre o catálogo de produtos e promoções mensais das lojas BR Mania e aces-sar mapas de endereços específicos da cidade, entre outros serviços. “A inclusão de dispositivos móveis nesse projeto reforça o pioneirismo da BR no País, proporcionando mais agilidade, segurança e qualidade de atendimento aos clientes”, destaca Rodrigo Abreu, presidente da Cisco do Brasil.

Inicialmente, o projeto contará com

quatro unidades do Cius, que rodam aplicativos de colaboração da Cisco em plataforma móvel e permitem comunicação em tempo real. Além do Cius, o projeto da Cisco para o Posto do Futuro inclui também toda a infra-estrutura de servidores, equipamentos wireless, roteadores e switches.

ENERGIA SOLAREntre as atrações está um sistema de energia solar para aquecer a água que lava os carros. “A água quente reduz o uso de detergentes químicos e soma-

-se ao mecanismo de jatos de água que elimina as tradicionais escovas dessas máquinas, capazes de riscar a pintura dos veículos”, explica Paulo da Luz, gerente de tecnologia da rede de postos da Petrobras.

O sistema também alimenta o Eletroposto, onde é possível carregar veículos elétricos (usando a energia solar), que recebem 80% da carga em menos de uma hora. Nessa esteira, corre a Nissan, com o Leaf, veículo 100% elétrico, pronto para ser carrega-do no Posto do Futuro. De acordo com a montadora japonesa, ele tem auto-nomia de até 160 quilômetros com uma única carga da bateria.

Nesse ambiente futurista, desperdício é proibitivo. A água usada para a lava-gem dos carros vem 80% das chuvas e é reaproveitada para atender variadas operações. Com isso, o posto terá 50% de redução no consumo. O mesmo ocorre com a energia. Existe um aero-gerador, capaz de captar a energia do vento, iluminar o local em situações de emergência e ainda o chamado “telha-do branco” e iluminação “zenital”, de indução magnética e de LEDs. Esses procedimentos, somados, conduzem a uma economia de energia estimada em 50%.

FERNANDO MARTINS,presidente da Intel Brasil

RODRIGO ABREU, presidente da Cisco do Brasil

PROJETO É MODELO PARA

A INDÚSTRIA EM TODO

O MUNDO E EXEMPLO DA

CRIATIVIDADE BRASILEIRA

NA APLICAÇÃO DE

TECNOLOGIAS DE

ÚLTIMA GERAÇÃO

DISPOSITIVOS

MÓVEIS REFORÇAM

O PIONEIRISMO

DA BR NO PAÍS

COM SEGURANÇA

E QUALIDADE DE

ATENDIMENTO

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COm a aJUDa da tela sensível ao toque é possível traçar rotas rodoviárias

o banheiro high tech é totalmen-te autolimpante. “A cada uso,

ele limpa sozinho o vaso sanitário, por rotação, e a pia, tornando o espaço agradável ao usuário”, explica o geren-te de tecnologia da Petrobras.

Na loja de conveniência, mais atrações. As portas da geladeira, verdadeiros banners digitais, podem promover os produtos que estão em seu interior. Para fechar com chave de ouro, existe um grande painel digital, que chamam de quiosque, totalmente interativo e sensível ao toque. Nele, é possível acessar serviços como traçar uma rota rodoviária para o lugar dese-jado no Brasil e imprimir o roteiro para facilitar a viagem. Esse material poderá ser enviado por e-mail ou até mesmo por SMS.

“Vamos desenvolver inúmeras apli-cações para essa tecnologia. Tudo isso é apenas o começo. Muito da base de dados do programa de fidelidade da BR poderá gerar uma série de servi-ços, em linha com as expectativas dos clientes”, informa Nelson Costa Cardo-so, CIO da Petrobras Distribuidora.

O executivo diz que ao reconhecer a pessoa, a tecnologia poderá propor-cionar promoções personalizadas para esse cliente dentro do Posto do Futuro. O painel pode reconhecer se a pessoa é do sexo feminino ou mascu-lino e direcionar campanha especí-fica para ela. “É forte ferramenta de relacionamento com o consumidor. Moderna, integrada, CRM do futuro”.

O conceito do Posto do Futuro nos remete ao filme Minority Report, de Steven Spielberg, de 2002, que conta a história de um futuro (2054) em que a tecnologia interage de maneira inten-sa e personalizada com o cidadão, mexendo consideravelmente com o comportamento da sociedade. Quem quiser chegar mais perto do futuro, abasteça na Avenida das Américas, 3757, Barra da Tijuca, e atravesse o portal do tempo. n

crm avançado na br, com promoções

personalizadasa petrobras distribuidora utiliza forte

crm para personalizar o atendimento aos clientes de seu programa de fidelidade

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PRÊMIO REI

64 CANDIDATOS FORAM SELECIONADOS POR UM JÚRI

ESPECIALIZADO PARA A SEGUNDA ETAPA DO PRÊMIO AUTOMOTIVE

BUSINESS, QUE RECONHECE AS MELHORES INICIATIVAS DA INDÚSTRIA

AUTOMOBILÍSTICA, DESTACADAS PELA EXCELÊNCIA E INOVAÇÃO

Pág.

PROFISSIONAL DE 2012 98

EMPRESA DE 2012 99

AUTOMÓVEL 100

COMERCIAL LEVE 101

CAMINHÃO E ÔNIBUS 102

ELÉTRICO E HÍBRIDO 103

ENGENHARIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO 104

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL 105

OS FINALISTAS DO

PRÊMIO REI

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Faça o download em PDF deste caderno especial do Prêmio REIwww.automotivebusiness.com.br/PREMIOREI.pdf

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Pág.

PROFISSIONAL DE 2012 98

EMPRESA DE 2012 99

AUTOMÓVEL 100

COMERCIAL LEVE 101

CAMINHÃO E ÔNIBUS 102

ELÉTRICO E HÍBRIDO 103

ENGENHARIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO 104

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL 105

Pág.

106 MARKETING E PROPAGANDA

107 MANUFATURA

108 LOGÍSTICA

109 AUTOPEÇAS METÁLICOS

110 AUTOPEÇAS POWERTRAIN

111 AUTOPEÇAS QUÍMICOS

112 AUTOPEÇAS ELETRÔNICOS

113 AUTOPEÇAS SISTEMISTAS

JURADOS DO PRÊMIO REI

CATEGORIAS

CARLOS ARCE AutoEntusiastas

DAVID WONGKaiser Consultoria

FÁBIO PEAKE BRAGA SAE Brasil

FRANCISCO SATKUNAS Consultor

IVAN WITT Steer Recursos Humanos

JEANNETTE GALBINSKISetec Consultoria

JOÃO IRINEU MEDEIROSFiat Automóveis/FPT

JULIAN SEMPLECarcon Automotive

LUSO VENTURA Mobilidade Engenharia

MARIO GUITTI IQA

MARCO SALTINIMAN Latin America

22 profissionais participaram da análise e seleção das sugestões e cases apresentados pelo mercado. Eles não votaram em categorias com as quais têm interesse direto

MARTIN VOLLMEREdag do Brasil

MOACIR RICCIConsultor

NEUTO REISNTC & Logística

PAULO CARDAMONEIHS Automotive

PAULO GARBOSSAADK

REINALDO MURATORIMitsubishi Motors

RENATO ROMIOInstituto Mauá

RICARDO ABREU Mahle Metal Leve

SADAO HAYASHI NHT

STEPHAN KEESERoland Berger

VALTER PIERACCIANIPieracciani

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96 • AutomotiveBUSINESS

PRÊMIO REI

JÚRI APONTA OS EXECUTIVOS E EMPRESAS

QUE PODEM SER REISFINALISTAS DO PRÊMIO REI, ESCOLHIDOS POR UM JÚRI

INDEPENDENTE, VÃO PARA A SEGUNDA FASE DA ELEIÇÃO, QUE ENVOLVE O VOTO DEMOCRÁTICO DOS LEITORES

AUTOMOTIVE BUSINESS

O s presidentes Carlos Gomes, Cledorvino Belini, José Luiz Gandini e Roberto Cortes,

que comandam as operações locais da PSA Peugeot Citroën, Fiat Chrysler, Kia Motors e MAN Latin America, dis-putarão o título de Profissional de 2012 do Prêmio REI – Reconhecimento à Excelência e Inovação, promovido

por Automotive Business em segunda edição. Belini e Gandini representam também os extremos opostos de fer-renha disputa que envolve a Anfavea, entidade dos fabricantes locais, e a Abeiva, associação das empresas im-portadoras de veículos sem linhas de montagem no País.

Outros 60 candidatos passaram

à segunda fase da premiação, junto com os 4 presidentes, depois de se-lecionados por 22 jurados que ana-lisaram duas centenas de sugestões e cases enviados por empresas rela-cionadas à indústria automobilística.

O Júri apontou os quatro melhores candidatos, em 16 categorias, para a segunda etapa de votação, aberta aos

assinantes da newsletter Au-tomotive Business, que é en-viada diariamente para 25 mil endereços de e-mail. A eleição final, da qual não participam os diretores da revista, news-letter e portal Automotive Bu-siness, estende-se também aos participantes do III Fórum da Indústria Automobilística, dia 9 de abril, no Golden Hall do WTC, em São Paulo, SP.

Na categoria Empresa de 2012 foram selecionadas para a final a Delphi, Fiat Automó-veis, Iveco e MAN Latin Ame-rica. Em Automóveis, estão na disputa Chevrolet Cruze, Ford New Fiesta Hatch, Hyun-

dai Elantra e Nissan March, todos apresentados com boas novidades em 2011.

No segmento de comerciais

EVENTO DE ENTREGA dos troféus do Prêmio REI em 2011

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AutomotiveBUSINESS • 97

leves, entraram na fase final o Che-vrolet S10, Range Rover Evoque, Renault Duster e BMW X3. Entre os caminhões a escolha ficará entre o Ford Cargo 2012, Iveco Stralis NR Eu-rotronic, Mercedes-Benz Actros e VW Constellation 24.280 6x2. Os elétricos e híbridos na final são o Aris, utilizado em entregas de Sedex, Constellation 6x2 diesel-hidráulico, Nissan Leaf, que pode estrear em frotas no Brasil, e o ônibus diesel-elétrico da Volvo, que será montado em Curitiba.

A MAN LA foi a recordista em cases se-lecionados, colocando 8 finalistas na rela-ção de 64. Entre as empresas de autope-ças, o destaque ficou para a Delphi, com representantes em 5 categorias, mesmo número que obteve na primeira edição do Prêmio REI, em 2011. A entrega de certificados e troféus aos vencedores será realizada em maio, em São Paulo.

SELEÇÃOO processo de seleção dos finalistas do Prêmio REI envolveu de forma di-ferente as 16 categorias. Para as 6 pri-meiras não foi solicitada a apresenta-ção de cases, cabendo ao júri apontar profissionais, empresas e veículos que mereceram destaque pela excelência e inovação. Sugestões enviadas pelo mercado alimentaram a relação inicial de sugestões, junto com meticuloso levantamento promovido por Auto-motive Business e colaboradores. No caso das outras dez, voltadas para Engenharia, tecnologia e inovação, Responsabilidade socioambiental, Marketing e propaganda, Manufatura, Logística e Autopeças, foi necessário formalizar cases.

Cases e sugestões foram previa-mente editados, em grande parte depois de esclarecimentos junto aos

A INOVAÇÃO VIRA PRIORIDADE, MAS AVANÇA LENTAMENTE NA INDÚSTRIA P rivilegiar a excelência é possivelmente a meta mais comum entre os objetivos corporativos,

alinhada a missões de responsabilidade socioambiental e sustentabilidade. São muitas as empresas que levam a sério o desafio de aprimorar, até o limite de seus esforços, as opera-ções, os produtos, os serviços e as relações com a comunidade. Em outra vertente, os planos e os recursos para incentivar a inovação começam a sair lentamente das gavetas, avançando a passo de tartaruga em direção ainda a ser acertada.

O Prêmio REI – Reconhecimento à Excelência e Inovação, instituído por Automotive Business para reconhecer as melhores iniciativas de personalidades e empresas relacio-nadas à indústria automobilística, toma como régua de medida o grau de excelência e

inovação agregado aos empreendimentos. Cabe às empresas, para participar do desafio, revisitar seus melhores cases e defendê-los diante de um júri constituído de profissionais experientes, muitos deles conhecidos pela carrei-ra dedicada a tecnologias ou negócios automotivos.

A inovação pode ser considerada propósito central na concepção do novo regime automotivo, que pretende dis-ciplinar as atividades dos diferentes atores na cadeia local de suprimentos e produção, que se queixam da falta de competitividade ante adversários estrangeiros. Em tempos de globalização crescente, trata-se de uma disputa travada no mercado interno por duas dezenas de marcas representativas, sob bandeiras de diferentes nacionalidades. Trata-se, agora, de hastear mais alto os interesses nacionais.

O alerta de que apenas empresas inovadoras vão sobreviver na cadeia de produção automotiva foi uma das fontes de inspiração para a instituição do Prêmio REI. Valorizando a criatividade e adicionando uma dose extra de eficiência à fórmula de revitalização, as empresas locais poderão buscar novo patamar de excelência e enfrentar em posição forte os adversários que aproveitam o momento de fragilidade na competitividade do parque industrial brasileiro.

Informações sobre o prêmio estão em: www.automotivebusiness.com.br/premio2012

autores, e colocados em planilhas ele-trônicas para avaliação do Júri. Nessa etapa teve atuação decisiva a jorna-lista Marta Pereira, que se dedicou incansavelmente à leitura e edição de cases e sugestões, com o suporte dos jornalistas de Automotive Business.

Os profissionais que recebem dia-riamente a newsletter de Automotive Business serão convidados a respon-der a um e-mail e se inscrever para votar na etapa final, por meio de se-nha. O processo é simples e seguro, sem possibilidade de duplicações de voto. O mailing para envio da newslet-ter foi “congelado” dia 14 de fevereiro, antes que seus leitores soubessem das regras finais para votação.

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PRÊMIO REI

PROFISSIONAL DO ANO

CARLOS GOMESPresidente Brasil e América Latina da PSAHá apenas um ano no cargo, implementou uma nova organização, antecipou em 12 me-ses os investimentos previstos para o País, de R$ 1,4 bilhão, entre 2010 e 2012, e anun-ciou outros, totalizando R$ 3,7 bilhões, de 2010 a 2015. Divulgou a criação de uma nova política industrial para a PSA no Mercosul, a ampliação da Fábrica de Porto Real (RJ), a contratação de mais 800 funcionários, um plano de lançamento de 15 veículos, entre outros projetos. Inovou ao introduzir, para produção em massa, o sistema de partida a frio, com tecnologia Bosch.

CLEDORVINO BELINIPresidente da Fiat Chrysler América Latina e da AnfaveaO executivo conduziu com sucesso a Fiat Chrysler na região, levando mais uma vez a Fiat Automóveis à liderança nas vendas em 2011, com destaque para o desempenho do Novo Uno nos emplacamentos e expectativa para os resultados com o Novo Palio. Ele anunciou o maior plano de investimento do Grupo Fiat na região e o projeto Pernambuco, que levará à construção de um polo automotivo com um parque de fornecedores integrado, desbra-vando a região nordeste do País. Pode não ter tido o mesmo destaque como presidente da Anfavea, mas conduziu com firmeza as iniciativas da entidade quando foi preciso assegurar a posição das montadoras tradicionais presentes no País.

JOSÉ LUIZ GANDINI Presidente da Kia Motors do Brasil e da AbeivaTrouxe os primeiros veículos da marca coreana para o País, há exatos 20 anos. Sob sua administração, a empresa tornou-se um dos principais players do segmento de importa-ção de automóveis, e apresentou modelos atraentes, bastante seguros e tecnológicos. O empresário trouxe também os primeiros modelos bicombustíveis fabricados na Coreia do Sul, especialmente para o mercado brasileiro. Na presidência da Abeiva por quatro manda-tos, defendeu fortemente o segmento de importação automotiva, especialmente em 2011.

ROBERTO CORTES Presidente da MAN Latin America Em 2011, demonstrou mais uma vez a capacidade de liderança. Direcionou a empresa rumo ao topo da indústria de caminhões pelo 9º ano consecutivo, com a venda de 50.829 unidades, com 29,7% de participação, e avançou no segmento de chassis de ônibus. Conseguiu convencer a matriz, na Alemanha, a fazer o maior investimento de sua história no País: mais de R$ 1 bilhão. Sob seu comando, a MAN LA passou a montar caminhões da própria marca em Resende, RJ, e vai inaugurar um parque de fornecedores ao redor da fábrica.

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EMPRESA DO ANO

DELPHIEm 2011, a empresa inaugurou uma fábrica em Conceição dos Ouros (MG), expandiu as unidades de Jaguariúna (SP) e Itabirito (MG) e, pela 16a vez, ganhou o prêmio Destaque Tecnológico da SAE Brasil. A operação na América do Sul elevou de 3% para 10% a par-ticipação na receita global da corporação. Formou 140 jovens pelo Formare e levou seu projeto socioambiental para 15 mil crianças.

FIAT AUTOMÓVEISNo Brasil, obteve a liderança em automóveis e comerciais leves pelo 10o ano, com 22% do mercado. Apresentou o Novo 500, o Freemont e o Novo Palio. Iniciou seu maior ciclo de investimentos no País, com R$ 10 bilhões até 2014. Na área social, anunciou a cons-trução da sede própria do Programa Árvore da Vida, idealizado e desenvolvido pela em-presa, em parceria com as ONGs Fundação AVSI e CDM (Cooperação para a Morada Humana). Comemorou 35 anos de Brasil, com show de Andrea Bocelli, para 80 mil pes-soas em Belo Horizonte (MG).

IVECOA Iveco mostra fôlego no mercado de caminhões: as vendas cresceram três vezes mais que o mercado em 2011 e o market share bateu em 9,2%, recorde da marca (conquistou cinco pontos percentuais em cinco anos). Na Fenatran, apresentou uma gama renova-da, adequada ao Proconve P7, e revelou o novo modelo Stralis AS (a sétima família de produtos da marca em cinco anos), colocando-se no segmento premium dos pesados. A montadora instituiu o programa Padrões de Atendimento na rede e inaugurou a centé-sima revenda no País, que considera a primeira concessionária de caminhões sustentável do Brasil. Em 2011 confirmou investimentos na nova fábrica de blindados-anfíbios Gua-rani, desenvolvidos em parceria com o Exército Brasileiro.

MAN LATIN AMERICANo ano em que comemorou 30 anos, a MAN Latin America anunciou o maior investimen-to de sua história para ampliar as operações no Brasil: mais de R$ 1 bilhão, entre 2012 e 2016. A empresa também realizou sua maior sequência de lançamentos de veículos e conquistou, pelo 9o ano consecutivo, a liderança de vendas de caminhões no mercado nacional, com a comercialização de 50.829 unidades (29,7% de participação). A empresa renovou a frota na passagem da legislação de emissões para Euro 5 (P7), iniciou a produ-ção de veículos da marca MAN e vai inaugurar parque de fornecedores ao lado da fábrica para desafogar as linhas de montagem e ganhar agilidade.

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PRÊMIO REI

AUTOMÓVEL

NISSAN MARCHO primeiro compacto da Nissan ajudou a elevar bastante as vendas da japonesa no Brasil, e fez dela a marca que mais cresceu em 2011. Importado do México, o March já ultrapassou rivais como Renault Clio e Peugeot 207. É equipado com motor 1.0 flex de 74 cv, ou 1.6 16V flex de 111 cv, ambos com câmbio manual de cinco marchas. Traz airbag duplo e computador de bordo de série em todas as versões, e de oferece três anos de garantia.

HYUNDAI ELANTRAA marca coreana quer sacudir a briga dos japoneses pela liderança da categoria. Com visual totalmente esportivo, marcado por frente agressiva, o Elantra traz bom pacote de equipamentos, que inclui freios ABS, seis airbags e outros itens de conforto. Mas sob o capô ainda não havia a palavra flex em 2011: o motor é 1.8 com duplo comando de válvulas, de 160 cv, com câmbio manual ou automático de seis marchas. Acaba de ser eleito Car of the Year nos EUA.

FORD NEW FIESTA HATCHLanternas altas, esticadas para as laterais, linhas agressivas e vincos aparentes colocam o New Fiesta hatch anos à frente do modelo Rocam. Ainda assim, os dois convivem, já que a Ford decidiu manter o antigo Fiesta nas lojas. Produzido no México, o New Fiesta tem motor 1.6 flex de 115 cv e novidades como o controle de estabilidade, assistente de saída de rampa e sistema multimídia Sync, que equipa os modelos de luxo da marca, como Fusion e Edge.

CHEVROLET CRUZECom a missão de reviver os bons tempos do Monza, o sedã global da Chevrolet deu no-vos ares à marca: aposentou o Vectra e em poucos meses assumiu a segunda posição do segmento, ficando atrás apenas do Toyota Corolla. É oferecido com motor 2.0 flex de 144 cv, com opções de transmissão manual e automática de seis velocidades. Fruto de um projeto sul-coreano, o Cruze é um dos modelos de maior sucesso da GM nos Estados Unidos.

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COMERCIAL LEVE

CHEVROLET S10Desenvolvida no Brasil, a nova picape média global da GM só mantém o nome da ante-cessora. A plataforma é toda nova e a carroceria tem linhas arrojadas. Por dentro, o jeitão espartano fica para trás e o motorista se sente mais próximo de um moderno carro de passeio. Disponível nas configurações cabine simples ou dupla, pode vir com tração 4x2 ou 4x4, câmbio manual ou automático (seis marchas) e três versões de acabamento. O motor 2.4 flex ganhou torque e há um novo turbodiesel 2.8 de injeção direta.

LAND ROVER RANGE ROVER EVOQUEPela primeira vez, a tradicional fabricante inglesa entra na seara dos crossovers. Misto de utilitário esportivo e cupê (disponível com duas ou quatro portas), o Evoque se destaca pelo visual arrojado, quase idêntico ao do protótipo LRX que lhe serviu de inspiração. Motor 2.0 de 240 cv, câmbio automático de seis marchas e tração integral fazem do Evoque um esportivo que não treme na hora de ir para a terra. Acaba de ser eleito Truck of the Year nos EUA.

RENAULT DUSTERO primeiro rival de verdade do pioneiro crossover compacto Ford EcoSport chegou im-pressionando pelo volume de vendas. O Duster produzido no Paraná tem como trunfos a robustez e o espaço, já que deriva da plataforma dos Renault Logan e Sandero. Tem opções de motor 1.6 Flex de 115 cv ou 2.0 Flex de 142 cv. Este último pode vir acompa-nhado por câmbio automático de quatro marchas e tração 4x4. Os preços, outro ponto forte, variam entre R$ 51.800 e R$ 68.490.

BMW X3A segunda geração do crossover de origem alemã (a produção é concentrada na Ca-rolina do Sul, EUA) rompeu totalmente com a primeira. Para começar, cresceu a ponto de ter o porte do primeiro X5, seu irmão maior. Além disso, o desenho tem o arrojo que faltou ao X3 original. No Brasil, chega com motor 3.0 de seis cilindros em linha, com 258 cv (aspirado) ou 306 cv (biturbo), sempre com câmbio automático de oito marchas e tração integral.

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PRÊMIO REI

CAMINHÃO E ÔNIBUS

VOLKSWAGEN CONSTELLATION 24.280 6X2 O modelo mais vendido do Brasil agregou inovações tecnológicas e de segurança. O ca-minhão está equipado com o novo motor MAN D08, com tecnologia EGR, e, segundo o fabricante, oferece excelente desempenho e garante benefícios como boas retomadas de velocidade, baixo consumo de combustível e menor emissão de poluentes.

FORD CARGO 2012 Primeiro caminhão global desenvolvido no Centro de Design e Engenharia da Ford no Brasil, a linha Novo Cargo se destaca pelo visual inovador e funcional, pelo conforto oferecido na nova cabine e também a força e a robustez já tradicionais da marca. Maior novidade mercado em 2011, esse projeto recebeu mais de R$ 670 milhões em investi-mentos e já foi desenvolvido para atender a norma Proconve P7.

IVECO STRALIS NR EUROTRONICO Stralis NR Eurotronic é inovador na linha extrapesada, equipado de série com moderna transmissão automatizada, única com 16 marchas, que dispensa o pedal da embreagem. No modelo de maior potência da gama Stralis NR (460 cv), a nova transmissão amplia em até 7% a economia de combustível em relação ao modelo manual, compõe o mais eficiente sistema de freio motor da categoria (até 985 cv de potência de frenagem). Com marchas selecionadas por teclas no painel, o modelo eleva o nível médio dos motoristas (melhores médias de consumo, direção mais segura, menor desgaste físico) e traz de série o Frota Fácil, com telemetria aberta e acesso a dados para controle de custos pelo frotista.

MERCEDES-BENZ ACTROSCaminhão considerado pelo fabricante como o mais completo do mercado nacional e com a tecnologia mais avançada, o Actros da linha 2012 é fabricado na unidade da Merce-des-Benz em Juiz de Fora (MG) e traz novidades no trem-de-força, segurança e conforto, além dos motores com tecnologia BlueTec 5, mais econômicos e ecológicos, capazes de acentuar a produtividade no transporte de cargas, contribuindo para a maior rentabilidade do cliente.

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ELÉTRICO E HÍBRIDO

CPFL

Elétrico faz entregas do CorreioEm iniciativa conjunta, CPFL, Edra Aris e Correios efetuaram, durante mais de sete meses, a entrega de encomendas a bordo de um veículo elétrico. Fabricado pela Edra, o carro percorreu 68 km/dia, totalizando aproximadamente 9 mil km rodados pelas ruas de Cam-pinas (SP), sem apresentar qualquer defeito significativo. Com a carga completa de cinco horas, em tomada de 220 V, o VE pode percorrer pouco mais de 100 km, a velocidade máxima de 80 km/h.

VOLVO Chassis de ônibus híbridos diesel/eletricidade

A Volvo, de Curitiba (PR), foi escolhida para fabricar um ônibus híbrido da marca, sobre chassi 4x2, com um motor a diesel e outro elétrico, que funcionam em paralelo ou de for-ma independente. O motor elétrico é utilizado para arrancar e acelerar, até 20 km/h, e atua como gerador de energia em frenagens. O propulsor a diesel entra em funcionamento em velocidades mais altas. Com o veículo parado, no trânsito ou pontos de ônibus, o motor diesel fica desligado. Há economia de diesel de até 35%, redução de emissões de gases poluentes entre 80% e 90%.

MAN LATIN AMERICA

Tecnologia diesel/hidráulica recupera energiaA MAN Latin America desenvolveu o VW 17.280 6X2 híbrido, com tecnologia diesel/hi-dráulica, com o mesmo conceito de recuperação da energia cinética (KERS) dos carros da Fórmula 1. O grande diferencial está no dispositivo de armazenagem mais simples e eficiente, com acumuladores hidráulicos. No item consumo de combustível, a montadora registrou redução de até 15%, impactando positivamente no meio ambiente.

NISSAN LEAF Elétrico pode estrear em frota de serviços no Brasil

Em 2011 a Nissan assinou protocolo de intenções com a Prefeitura de São Paulo para a composição de uma frota do elétrico Leaf no centro da cidade. O modelo, lançado recen-temente em diversos mercados, é 100% elétrico, com propulsor de 110 cv. Tem autonomia para rodar até 160 km e precisa de oito horas para ser totalmente recarregado em uma tomada caseira, ou menos de uma hora para recarga de 80%, em um posto elétrico. Tem design futurista por fora e por dentro, com destaque para a alavanca de câmbio em forma de joystick.

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PRÊMIO REI

ENGENHARIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

FORDEcoSport como destaque globalA nova geração do EcoSport, que será vendida em mais de cem países, concretiza o surgimento de uma en-genharia nacional efetiva da Ford, com participação em projetos globais, e contribui para o avanço nas vendas da marca (2 milhões de veículos compactos até 2015). Segundo a Ford, o EcoSport global contribui para que o Brasil assuma o papel de criador de veículos, em vez de simples consumidor e montador de produtos. O modelo foi totalmente renovado, da carroceria aos motores, passando pelos chassis, sob a liderança do design e da engenharia da Ford brasileira, com apoio da estrutura mundial da empresa.

IVECOGuarani – um blindado únicoO Guarani, blindado 6x6 sobre rodas com capacidade anfíbia, para transporte de 11 militares, com 18 tone-ladas de PBT, foi desenvolvido no Brasil pela Iveco e o Exército Brasileiro, utilizando o maior número possível de “peças de prateleira” para reduzir custos, permitir a nacionalização e facilitar a manutenção. O modelo é o único de seu tipo no mundo com chassi (e não monobloco), o que reduz a complexidade produtiva, reduz custos e melhora o nível de proteção em aplicações antiminas. Um protótipo está em testes desde 2011 no campo de provas do Exército na Marambaia (RJ). O modelo será fabricado em linha exclusiva na fábrica da Iveco em Sete Lagoas (MG).

MAN LATIN AMERICANova tecnologia diesel/hidráulica Apresentado na Fenatran 2011, o caminhão de lixo híbrido diesel/hidráulico da MAN introduziu novo sistema de recuperação de energia cinética em frenagens. Desenvolvido pela engenharia brasileira e inédito no merca-do latino-americano, oferece potencial de redução de consumo de combustível de até 20% em aplicações do tipo “anda e para”. O custo de aquisição é significativamente inferior à tecnologia híbrido diesel/elétrico e os componentes do sistema de freio podem durar 80% mais. Os acumuladores hidráulicos permitem recuperar até 70% da energia cinética da frenagem. A iniciativa alia alta densidade de potência e maior durabilidade em comparação com dispositivos de armazenagem tradicionais elétricos. O veículo pode avançar de 0 a 25 km/h com a energia potencial armazenada nos acumuladores hidráulicos.

PSATech Center é referência globalO Latin America Tech Center (São Paulo, SP), é resposta ao plano de crescimento da PSA Peugeot Citroën na região, com o desenvolvimento de veículos, motores e pesquisas. A iniciativa tornou a operação brasileira referência mundial para a corporação em biocombustíveis e materiais verdes e traz reforço, investimento e ampliação das equipes locais de pesquisa, desenvolvimento e estilo, com unidades de apoio nas fábricas de Porto Real (RJ) e Palomar (Buenos Aires). Os trabalhos têm parceria nos centros mundiais da PSA (2 na França e 1 na China). O centro de P&D brasileiro conquistou funções importantes no Grupo PSA e autonomia em pesquisas e inovações. Foram abertas frentes de trabalho em biocombustíveis e materiais verdes, tornando o Latin America Tech Center centro de referência na PSA nesse campo.

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RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL

CUMMINSA costura do Pano Pra Manga

A Cummins construiu o Centro Comunitário J. Irwin Miller em Guarulhos, SP que oferece treinamento e ca-pacitação profissional aos moradores do bairro do Jardim Cumbica. Um dos programas desenvolvidos é a Oficina de Costura Pano Pra Manga, que já formou 87 pessoas e conta com seis profissionais que trabalham diariamente no projeto, comercializando produtos e gerando renda. Além do curso de corte e costura, os participantes recebem aulas de empreendedorismo. Os participantes atuam na captação de clientes, entre os quais a própria Cummins, para a qual fornecem jalecos, brindes e camisetas para uniforme confeccionadas em malha, com 50% de fibra (reciclagem de garrafas pets) e 50% algodão.

GKN

Superação leva ao trabalho O Programa SuperAção da GKN do Brasil, de Porto Alegre, RS, expõe crença de que a formação de pesso-as com deficiência e a inserção no mundo do trabalho não são exclusiva responsabilidade das autoridades governamentais ou organizações dedicadas à sua causa -- é também um dever das empresas que operam no contexto do estabelecimento de parcerias partilhadas. Originalmente apre-sentado como um projeto em 2006, a iniciativa tomou forma e 86 beneficiados pelo programa SuperAção trabalhavam em 2011 nas mais diversas áreas da empresa, mostrando um grande crescimento e potencial. O programa inclui a preparação de membros da família para ajudar no processo de ver os filhos como pessoas que trabalham, contratados como funcionários da companhia e pagos de acordo com as funções desempenhadas.

SUSPENSYSAposentadoria mais saudável

O Programa Novos Caminhos prepara o funcionário para a transição de carreira, após a aposentadoria. A partir dos 57 anos, ele tem a opção de participar das atividades do projeto, considerando a perspectiva de sua desvinculação da empresa aos 60 anos e tendo como critério-base estar aposentado pela Previdência Social. Funcionários com idade inferior a 57 anos que desejam se preparar para a desvinculação em até três anos também devem estar habilitados a se aposentar pela Previdência Social e/ou RandonPrev. A iniciativa orienta sobre saúde física e mental, envolvendo funcionário e família na elaboração das expectativas de atuação e planejamento financeiro. Em 2011, 80% dos funcionários aptos aderiram à iniciativa, com satisfação de 85%.

ARTECOLA

Ecofibra de cana para a GMA Artecola especializou-se em laminados fabricados com fibras naturais para diversos segmentos. Em parceria com a engenharia avançada da GM, desenvolveu a Ecofibra Automotive, derivada da cana-de-açúcar, para pro-dução de porta-pacotes, leve, reciclável, substituindo barras metálicas. Inédito globalmente, o produto obteve o 1º lugar entre projetos inovadores da empresa, pela metodologia GM-Design For Six Sigma de 2011 e ho-mologação para uso em fábricas da GM no mundo. A Artecola participou de cursos específicos para assimilar o desafio de conceber o produto inovador e utilizou softwares de simulação e metodologia de gerenciamento de projetos de última geração.

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MARKETING E PROPAGANDA

FIATDustin Hoffman e o novo 500“Fiat 500. É um carrão. Você que ainda não tinha percebido”, a mais importante campanha da Fiat em 2011, trouxe Dustin Hoffman como protagonista, que estrelou sob as lentes de Fernando Meirelles, para anunciar o novo 500. Criado pela Agência Fiat (Leo Burnett Tailor Made + Agência Click Isobar), o comercial gravado em Los Angeles e São Paulo, fez uma comparação divertida entre Dustin Hoffman (1,65m e 68 filmes) e o ator brasileiro Ricardo Macchi (1,90m e só uma novela de sucesso), brincando com a altura de cada um e o histórico da carreira para mostrar que não é preciso ser grande para ser um “atorzão”. E também não é preciso ser grande para ser um ‘carrão’, já que o novo 500 é um carro completo, exemplo de sofisticação, tecnologia, bom gosto e qualidade. O filme está em www.fiat.com.br/cinquecento.

MAN LATIN AMERICAConceito ajudou a liderançaPara fortalecer e disseminar o conceito Sob Medida, principalmente para o já proprietário da linha de produtos dos Caminhões Volkswagen, a MAN criou campanha, com esforço de comunicação robusto. Após três meses de veiculação, as vendas totais cresceram 19%. Nos mesmo período, o site da empresa registrou aumento de acessos de 114,7% sobre os três meses anteriores. O número de visualizações registrou um crescimento de 57,4%. Com a assinatura: “Caminhões Volkswagen. Feitos sob medida para seu negócio”, foram criados anúncios para a mídia impressa e, para a televisão, filmes de 60” e 30”. Em um cenário de fazenda, com vacas pastando, funcionários montam um caminhão Volkswagen ao redor da carga: chassi, eixos, motor, cabine e rodas. Logo o caminhão fica pronto, sob medida para transportar o produto para o qual foi feito.

NISSANCampanha Pôneis MalditosA campanha publicitária desenvolvida em 2011 seguiu a linha de comunicação questionadora da Nissan e reforçou os diferenciais da picape Frontier do segmento. Com humor, o comercial mostrou que o motor das picapes da concorrência têm pôneis ao invés de cavalos, o que faz com que estes veículos não tenham força suficiente para enfrentar os desafios exigidos por quem busca uma picape de verdade, como a Frontier. O de-safio na criação da campanha foi destacar que o motor da Frontier é o mais forte e potente da categoria, com 172 cavalos. A veiculação do comercial foi feita em rede nacional (TV aberta), paralelamente a ação nas redes sociais, como YouTube e Facebook. A campanha ‘Pôneis Malditos’ foi um sucesso e impulsionou as vendas da Frontier de maneira muito expressiva, depois de ir ao ar em 29 de julho.

VOLKSWAGENReforço a atributos de marca A VW do Brasil realizou em 2011 uma campanha voltada à comunicação institucional da marca, com foco em inovação,composta por quatro filmes divulgados em rede nacional de TV, três anúncios impressos e ações especiais nas redes sociais da internet para promover atratividade e interatividade na multiplicação das infor-mações. Toda a ação manteve alinhamento global dos elementos de comunicação da marca. O filme “Brasil--Alemanha” estabelece conexão entre os dois países, ao relacionar a maneira alemã de fazer e desenvolver tecnologias de última geração e o típico jeito brasileiro de ser. Os filmes “Óculos”, “Bebê” e “Coral” apresentam as inovações tecnológicas dos produtos Volkswagen. As campanhas renderam recorde no Facebook, entre as fabricantes de automóveis.

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MANUFATURA

HONEYWELLNova gestão para ser a melhor

A Honeywell Turbo Technologies (marca Garret), considerou excepcionais os resultados consolidados no Brasil em 2011, com redução de desperdícios para gerar ganhos significantes de produtividade em processos de manufatura e administrativos da empresa, de forma sustentável. A iniciativa promoveu mudanças profundas na organização, com avanços na gestão da produção. O modelo trouxe resultados mais confiáveis e estáveis e promoveu mudança de rotinas, hábitos e cultura. A unidade de Guarulhos, SP, recebeu certificação Prata da corporação, equiparando-se a fábricas da Coreia do Sul e Europa. Após 36 meses indicadores destacaram melhora de 84% no índice de qualidade dos produtos, zero acidente com afastamento ou atividades restritas, 32% de produtividade operacional e diminuição dos estoques de 12,5%.

MAN LATIN AMERICAAvanço no Consórcio Modular

Após a implementação do Consórcio Modular Production System (CMPS) na planta de Resende, RJ, surgiu a necessidade de aperfeiçoar os métodos de análise e solução dos problemas encontrados ao longo do processo produtivo. A metodologia A3 facilitou a transformação cultural e ajudou a consolidar o CMPS, e mudar o jeito de produzir veículos comerciais com uma nova conceituação de acompanhamento e celebração dos resulta-dos nos processos produtivo, logístico e administrativo, disseminando a metodologia A3 em todos os níveis da fábrica, por meio de uma ronda realizada diariamente por toda a liderança do Consórcio Modular. Houve sinergia jamais imaginada entre áreas que tratam dos problemas da planta, com bons resultados no âmbito emocional dos funcionários e nos planos de capacitação da empresa, metas pessoais e problemas crônicos que aparentemente seriam extremamente complicados de solucionar.

TENNECOSistemas de exaustão sem erro

A empresa entende que revolução é a palavra para definir a resposta que o maquinário MCS (Measure, Calibra-te, Stuffing, medir, inserir e calibrar) trouxe para a produção de sistemas de exaustão para veículos leves e pe-sados do mercado original (OEM), com ganhos de produtividade. Desenvolvido pela engenharia da Tenneco, no Brasil, o novo processo fabril reduz a zero a margem de erro de produção. O MCS garante que 100% das peças produzidas correspondam ao projeto especificado, com rígido controle de qualidade do próprio maqui-nário, que também elimina o desperdício de matéria-prima e geração de resíduos. A nova linha de montagem MCS atende a todos os novos conversores catalíticos, em especial a aplicação diesel, diminuindo o tempo de produção e colocando a margem de erro na escala zero.

VOLKSWAGENEvolução da fábrica digital

Em colaboração com a VW, a Siemens PLM trabalhou no desenvolvimento e simulação de novos processos em ambiente digital, para definir melhores alternativas, analisar interferências e avaliar o grau de manufaturabi-lidade antes da instalação física da fábrica real. O desafio solucionado foi transformar a manufatura de quatro plantas (Anchieta, em São Bernardo do Campo, SP; São José dos Pinhais, PR; Taubaté, SP; e São Carlos, SP) em ambiente digital, adaptar esse ambiente às práticas da companhia e cadeia de fornecedores. O programa proposto foi a implantação de soluções de simulação predial, processos e fluxo produtivo que permitem criar diversas alternativas de processo, desde a concepção ao “off line”, com análise de interferências, reutilização de meios produtivos, flexibilização de linhas e redução de gargalos de forma a garantir os objetivos de volume, qualidade e rentabilidade.

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LOGÍSTICA

DELPHIReduz custos de logística em 27%O sistema de logística internacional gerencia a cadeia de suprimentos de itens importados de forma mais eficiente, integrando e padronizando as fábricas na América do Sul, buscando melhorar a gestão de toda a ca-deia, aumento de produtividade e redução de custos. Após a implantação do sistema, a Delphi reduziu o tempo de trânsito dos embarques em 25%, o inventário em 18%, fretes especiais em 65% e o custo de logística total em 27%. A iniciativa, para elevar a produtividade nas 10 fábricas, foi implementada em 3 fases, para eliminar problemas alfandegários, falta de padronização de procedimentos, capacitação de pessoas, fornecedores e prestadores de serviço logístico envolvidos no processo e implantar regimes aduaneiros especiais, que propor-cionassem diferencial competitivo para a empresa.

GEFCOAvanços no milk run da PSA Com integração dos sistemas de gerenciamento de transportes, rastreamento de caminhões e mapas online, a Gefco criou sistema para acompanhar operações milk run, acessado em tempo real, por computador ou smartphones e tablets. O projeto para a PSA Peugeot Citroën, em Porto Real (RJ), traz mais confiança e transparência em operações logísticas complexas de milk run e redução de custos. A solução elevou em 22% as operações milk run em 2011, em comparação a 2010. As estadias no cliente diminuíram em 25%. A capacitação das equipes reduziu em 15% as cargas emergenciais. Ocorreu 97,5% de atendimento às janelas de carga/descarga, ante 93% do ano anterior; e pontualidade nos fornecedores de 96%, comparado aos 92% do ano anterior. Houve evolução de 70% na agilidade do rastreamento; redução de10% no tempo de carga/descarga e de 20% nos custos de operações via satélite e ligações.

ID LOGISTICSReengenharia na Meritor e recordesO crescimento de 20% na produção da Meritor na fábrica de Osasco, SP, com quebra de recordes e vendas, após a recuperação da crise iniciada em 2009, levou a a operadora logística ID Logistics a reestruturar a cadeia de abastecimento das linhas de produção. A iniciativa partiu da reengenharia nos fluxos operacionais na área de logística, buscando eficiência em custos, otimização das áreas de armazenagem, revisão de processos operacionais com ênfase em aumento da produtividade e maximização do espaço fabril, com revisão do fluxo inbound e planejamento de estoques internos e em centro de distribuição externo. Houve revisão do sistema de pedidos Kanban Eletrônico; implantação de projeto piloto de sequenciamento; e desenvolvimento de piloto para utilização de RFID em componentes e eixos.

MAN LATIN AMERICATrailler Kanban otimiza operaçãoA MAN reduziu estoques internos, evitou paradas de linha, reduziu o uso de empilhadeiras e otimizou o fluxo de transporte e operação dos itens de suspensão dos veículos 6x2 (eixos traseiros, molas e peças avulsas) através da implementação do fluxo puxado com gestão visual. Foi desenvolvido o processo do Trailler Kanban com-posto de três carretas: na descarga, no Gate e no depósito avançado do fornecedor. A iniciativa visou reduzir o tempo médio de permanência de veículos, a quantidade interna de veículos em descarga, paradas da linha de produção, complexidade dos processos internos e estoques de materiais. A redução média de estoque desses materiais na planta com a introdução do novo processo foi de 67%. Houve recuo de 75% no custo de trans-porte entre o depósito avançado e MAN LA e redução no tempo de permanência de veículos na planta de 58%.

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AUTOPEÇAS - METÁLICOS

AETHRAAços de alta-resistência nos carros

A utilização de aços de alta resistência Dual Phase (bifásicos, com propriedades diferentes em cada face) é essencial para a evolução de projetos automotivos. A Aethra passou a dominar essa tecnologia, com projeto multidisciplar que engloba ferramentas numéricas para predição de processo de manufatura e validação virtual de produto (cálculo estrutural) para peças que utilizam o material. O programa trouxe o domínio do ciclo de desenvolvimento de produto em aço Dual Phase, levando a componentes mais leves, seguros e resistentes e permitindo o uso de chapas de menor espessura . É possível antever possíveis problemas e soluções para o processo de estampagem. Consegue-se obter componentes/sistemas com menor massa e menor consumo de matéria-prima, gerando menor gasto energético em todo o processo de fabricação e, posteriormente, redução no consumo de combustível do veículo.

MAGNETI MARELLIEscapamento sem abraçadeira

A Divisão de Escapamentos desenvolveu e validou solução para eliminar a abraçadeira do sistema de escapa-mento, já disponível para novos desenvolvimentos e produtos correntes, visando redução de custos e massa nos veículos. A abraçadeira é componente com custo expressivo, que requer muita mão de obra na montagem e aperto na linha de produção. A solução encontrada foi “crimpar” (processo mecânico) as partes do sistema de escapamento que utilizavam a abraçadeira. Inicialmente, a crimpagem foi feita por meio de prensa, para verificar a eficácia da proposta. Após vários testes de vibração e rodagem em veículos, iniciaram-se os estudos dos meios de produção. A iniciativa permite montar componentes de forma segura e garantida, com ganhos econômicos, de massa e ambientais, pois a maioria das abraçadeiras, parafusos e porcas recebem tratamen-tos superficiais, no geral, com zinco.

MERITORCardãs dispensam manutenção

A Meritor desenvolveu a família de cardãs Permalube™, denominada RPL. Com sistema de vedação selado de alto desempenho, o produto dispensa a renovação da graxa lubrificante e, consequentemente, a necessidade de manutenção. O projeto inovador facilita a montagem e desmontagem, reduzindo significativamente o tem-po e os custos de reparo, além de aumentar a disponibilidade do veículo para operação. A família RPL destaca--se também pelo conjunto de mancais com duas carreiras de roletes, o que contribui para a distribuição das tensões superficiais, aumentando a vida útil dos rolamentos e cruzetas. O revestimento de nylon da haste do slip protege a superfície contra corrosão e reduz o atrito na superfície de vedação.

NORGRENConexões pneumáticas avançadas

A nova família de conexões Norgren, de latão Form Fit, evoluiu para atender mercado sensível a custo, prome-tendo a confiabilidade, robustez e simplicidade de sistemas Push-in em latão. O desenvolvimento visou ao que há de mais avançado em tecnologia de simulação mecânica, materiais e processos de fabricação. O ganho real para o cliente final chegou a 5 kg no peso por caminhão e redução de custos em até 20% no sistema. Na etapa de forja a quente, foi desenvolvida a tecnologia “flash free”, na qual a peça sai da máquina sem rebarba, reduzindo a perda de material em até 50%, e com o mínimo sobremetal necessário para usinagem, diminuindo a produção de cavacos em até 70%. O processo de fabricação passou de 13 para 6 etapas. Houve redução do peso por conexão em até 40%, em comparação a família anterior Fleet Fit.

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AUTOPEÇAS - POWERTRAIN

BORGWARNERSolução tríplice para Euro 5 A BorgWarner desenvolveu uma solução tríplice na mudança do powertrain para Euro 5, incluindo peças que contribuem diretamente para responder ao aumento de potência, recirculação dos gases e economia de combustível: os turbos R2S, embreagens viscosas e os módulos de resfriamento de gases de escape EGR Cooler. Os turbos R2S, de dois estágios em série, atendem diferentes regimes de rotação do motor diesel: um opera ativamente em baixa rotação e o outro atua em alta rotação. A redução no consumo de combustível e nas emissões é de 15% a 30%. As embreagens viscosas, com módulo eletrônico, atuam controladas pela temperatura do óleo que contêm, acionando ou bloqueando o funcionamento do ventilador. A economia é de até 4%. Os módulos de resfriamento EGR Coolers adotam placas de troca de calor inovadoras para reduzir a temperatura dos gases de escape e a formação de NOx e hidrocarbonetos.

BOSCHFlex Start elimina tanquinho na PSA O sistema Flex Start para o motor EC5 da PSA Peugeot Citroën consagra o sucesso dos veículos bicombustí-veis e a engenharia brasileira, promovendo o gerenciamento eletrônico para controlar o aquecimento do com-bustível e permitir a partida do motor em baixas temperaturas, quando abastecido com combustível contendo entre 85% e 100% de etanol. A iniciativa elimina o reservatório de gasolina (tanquinho) e melhora a resposta do motor à aceleração. Outra inovação é o wake up, que dá início ao pré-aquecimento do etanol quando a porta do motorista é aberta, eliminando o tempo de espera de 6 segundos, quando a temperatura ambiente é de +5ºC. O novo motor EC5 com Flex Start é o primeiro em larga escala a utilizar a tecnologia de partida a frio e equipa o novo Peugeot 308.

DELPHIPartida a frio traz avançosO sistema de aquecimento integrado ao injetor de combustível permite a partida de motores flex com uso somente de etanol a temperaturas do motor abaixo de zero. A combustão tem resultado mais eficiente, com até 70% de redução de emissões no uso de etanol e até 20% quando no uso de gasolina. A tecnologia elimina o tanquinho de gasolina, pode ser usada em carros ou motos e baseia-se no aquecimento do etanol no injetor de combustível, através do aquecimento do próprio injetor – não são necessários injetores adicionais ou aque-cedores. O aquecimento ocorre já nos primeiros pulsos de injeção, garantindo maior eficiência, podendo-se reduzir ou até eliminar o tempo de pré-aquecimento. A solução não causa impactos na montagem e permite a redução de emissões nas fases frias do ciclo de medição de emissões veiculares.

MAHLEBronzina com alto desempenhoA Mahle desenvolveu uma bronzina bimetálica com cobertura polimérica capaz de suportar exigências de motores modernos, trabalhando com menor temperatura, menor atrito, menor desgaste e maior resistência à fadiga do que uma bronzina convencional. A cobertura é composta por polímero resistente a altas temperatu-ras, lubrificantes sólidos para menor atrito e partículas metálicas para maior durabilidade. O desenvolvimento responde ao fato de que, com o foco em redução de emissões e consumo, os motores utilizam tecnologias mais severas para os componentes (flexfuel, stop-start, óleos com baixa viscosidade etc.). Em bronzinas, isso significa minimização do filme de óleo e maior contato com o virabrequim. Para melhorar a lubrificação, minimizar atrito e aumentar durabilidade do componente, o desenvolvimento de uma nova cobertura se fazia necessário, mantendo a competitividade econômica.

Estrutura de aço

Liga de alumínio

Cobertura polimérica

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AUTOPEÇAS - QUÍMICOS

COVENTYAParafusos mais leves e resistentes

Uma das alternativas para reduzir o peso dos veículos é diminuir o peso dos parafusos, aumentando sua força de tensão. Isso pode ser feito usando aços de alta resistência mecânica e à corrosão, com eletrodeposição de zinco ou zinco-liga. O que se sabia era que na eletrodeposição para aços de alta resistência mecânica deveria ser realizado um tratamento térmico especial para reduzir o risco de fragilização por hidrogênio. A Coventya financiou um estudo na universidade em Besancon, França, para demonstrar a não-fragilização por hidrogê-nio, quando da eletrodeposição de zinco-níquel. O resultado ajudou indústrias como VW, Scania, e Volvo e na decisão pela deposição de zinco-níquel em peças com a utilização de aço de alta resistência mecânica. Muitos parafusos hoje utilizados podem ser substituídos por outros de alta classe de resistência, diminuindo o peso do veículo e emissões de poluentes.

HENKEL DO BRASILPintura inova com economia

A Henkel introduziu no Brasil, com expressivo sucesso, a primeira aplicação automotiva do processo de pintura Aquence, obtendo já a partir do desenvolvimento do layout da planta da Lear ganhos agregados ao produto. A simplicidade e a redução das etapas do processo garantiram economia de 20% do investimento inicial. O maior gasto com os químicos na pintura de estruturas metálicas de bancos e encostos foi compensado pela redução do consumo de água, energia elétrica e mão de obra, levando a uma economia de 15% ao ano na comparação com os gastos de uma pintura convencional eletrostática. A não-emissão de gases tóxicos e a não-utilização de metal pesado, somadas à redução na demanda de água e do consumo de energia elétrica, pontos que tanto castigam os processos existentes de pintura, foram os motivos primordiais que levaram à decisão do cliente utilizar o Aquence.

SAINT-GOBAIN SEKURITPara-brisa reduz ruído

A Saint-Gobain Sekurit desenvolveu para-brisa com propriedades acústicas que neutralizam ruídos de baixa e alta frequências, em 5 dB e 8 dB, respectivamente. A tecnologia envolve duas lâminas de vidro com camada intermediária especial de PVB (polivinil butirol), com propriedades acústicas. O projeto envolveu a equipe de engenheiros do laboratório de pesquisa da empresa e recursos avançados dos fornos e da linha de produ-ção instalados na fábrica de Mauá, SP. Foram produzidas peças-protótipos e realizadas análises e ensaios no laboratório da empresa e testes de campo sob as mais variadas condições de utilização (tráfego urbano ou rodoviário). Além dos Citroën C3 Aircross e Picasso, Peugeot 408 e 3008, o para-brisa acústico é utilizado no Ford Fiesta Sedan.

YARA BRASILArla 32 para atender ao Proconve P7

A Yara utilizou a experiência na implementação do AdBlue (Europa) e DEF (América do Norte) para garantir a disponibilidade de seu Arla 32 (com a marca Air1) aos proprietários de veículos P7 (Euro 5) que utilizam a tec-nologia SCR para pós-tratamento de gases poluentes. Antes mesmo do inicio da nova legislação de emissões, em 1o de janeiro de 2012, a Yara já havia equacionado o desafio logístico de levar o produto, cujo suprimento em nível nacional era visto como missão quase impossível. A empresa passou a fornecer o Air1 para o primeiro enchimento de três grandes montadoras e reposição pelas respectivas redes de concessionárias. Em solução multisourcing, a Yara estabeleceu três soluções: adquirir o produto de fabricantes locais e distribuir tanto a granel ou embalado; importar o produto já pronto para consumo com custos competitivos; e importar ureia técnica, para produção de Arla 32 por dissolução.

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PRÊMIO REI

AUTOPEÇAS - ELETRÔNICOS

DELPHIA evolução da MAPEC brasileiraA nova central elétrica MAPEC 3.0 para mercados emergentes, desenvolvida por engenheiros brasileiros, pos-sibilita aumento de funcionalidades e utiliza gerenciamento energético e telemetria para monitorar e ativar funções elétricas do veículo. Substituindo equipamentos mecânicos por eletrônica embarcada, a principal característica é a escalabilidade, podendo ser aplicada a diversas plataformas veiculares, além de fazer comu-nicação, à distância, com centrais telefônicas e centrais de serviços de marketing e manutenção de veículos. O desafio no projeto foi permitir, dentro de uma mesma solução de arquitetura veicular, a adição de funções elétricas e eletrônicas (incluindo novos opcionais) até mesmo após o lançamento dos modelos. Além havia a necessidade de disponibilizar um conceito sofisticado de tecnologia também para carros populares adicionan-do, agora, a possibilidade de comunicação por telemetria veicular.

KOSTAL

Tecnologia de rastreadores antifurto A pesquisa, desenvolvimento e produção da linha de rastreadores antifurto ocorreu na planta de São Bernardo do Campo (SP). Os produtos incorporam alta tecnologia para oferecer segurança aos proprietários de auto-móveis e motos. Desbloqueados, podem ser monitorados pela empresa de preferência do cliente. Projetos específicos foram desenvolvidos para Moto Honda e Volkswagen. A produção em larga escala exigiu investi-mento de R$ 20 milhões em nova linha automatizada. Depois colocada em atividade a linha de montagem, novos testes foram realizados com os rastreadores já instalados nos veículos e motocicletas. Os resultados obtidos nas avaliações superaram as expectativas tanto da Kostal como dos clientes.O sucesso do projeto foi tão grande que a tecnologia foi oferecida a plantas da empresa em outros países.

MAGNETI MARELLITecnologias para elétricos e híbridosA Magneti Marelli está empenhada em tornar disponíveis no Brasil soluções para o desenvolvimento futuro de veículos elétricos e híbridos, a partir de trabalhos existentes na Europa, embora reconheça que existam obstáculos significativos, quanto a custos, para soluções competitivas e adoção comercial de componentes, como baterias, motor e eletrônica de potência (inversor, conversores e BMS - Battery Management System). As iniciativas buscadas, em andamento, em paralelo com a matriz na Itália, incluem a produção de protótipos de motores elétricos com tecnologia de alta eficiência; desenvolvimento do controle de potência do motor (inver-sor); integração da solução com o sistema do veículo, com monitoramento e indicação ao motorista da perfor-mance e consumo instantâneo (kW/h – km/l) e sistema de energia usado caso solução hibrida (ICE + Elétrico).

PST ELECTRONICS/PÓSITRON Rastreamento mais eficienteO sistema de localização LC110 foi criado com a otimização de tecnologias de radiofrequência com espalha-mento espectral, permitindo desenvolver uma rede de transmissão de dados com baixo custo, longo alcance e resistência a jamming (interferências indesejadas). Essas características permitem uma rápida expansão da rede, possibilitando a cobertura de novas praças de forma extremamente ágil. As tecnologias são GPS, RDS e GSM/GPRS. O sistema tem custo mais competitivo, altos índices de recuperação e é mais eficaz ao jamming. Com a solução, a empresa cobriu toda a região metropolitana de São Paulo e Campinas em apenas seis meses, obtendo índices de recuperação iguais ou até superiores às tradicionais redes baseadas GSM. A tecnologia proprietária de radiofrequência permitiu oferecer um equipamento com preço até 40% menor que o rastreador, sem perda de desempenho. A solução é endereçada a caminhões, motocicletas, veículos de passeio e de transporte de passageiros.

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AUTOPEÇAS - SISTEMISTAS

BOSCHFlex Start elimina tanquinho

O sistema Flex Start para o motor EC5 da PSA Peugeot Citroën consagra veículos bicombustíveis e a engenha-ria brasileira, promovendo o gerenciamento eletrônico para controlar o aquecimento do combustível e permitir a partida do motor em baixas temperaturas, quando abastecido com combustível contendo entre 85% e 100% de etanol. A iniciativa elimina o tanquinho e melhora a resposta do motor à aceleração. Outra inovação é o wake up, que inicia o pré-aquecimento do etanol na abertura da porta do motorista. O motor EC5 com Flex Start é o primeiro em larga escala a utilizar a solução e está no novo Peugeot 308.

DANA

Sistemas completos de driveline Acordo estratégico com a Sifco, fabricante líder de eixos dianteiros não-tracionados e componentes forjados na América do Sul, levou a Dana a tornar-se fornecedor líder de driveline completo – incluindo eixos dian-teiros e traseiros, eixos cardans e componentes de suspensão. O acordo permitiu adicionar eixos dianteiros não-tracionados para caminhões e ônibus à oferta de produtos na América do Sul e elevar a receita em US$ 500 milhões, para US$ 1,3 bilhão, já em 2011. A iniciativa assegurou o fornecimento de componentes--chave para os sistemas de eixos dianteiros não-tracionados (vigas, mangas e braços) que passaram a ser montados em Sorocaba, SP. A Dana adquiriu os direitos comerciais de distribuição dos sistemas de eixos dianteiros não-tracionados para veículos comerciais e responde por todas as relações com clientes, inclusive marketing, vendas, engenharia e montagem. A iniciativa leva a ganhos para todos os envolvidos.

DELPHISistemista amplia operações

Como parte dos planos para atender à crescente demanda do mercado, a Delphi na América do Sul investiu US$ 40 milhões em meios produtivos, RH, tecnologias, capacidade e desenvolvimento de fornecedores. Em 2011 foi inaugurada a planta de chicotes em Conceição dos Ouros (MG) e expandidas as de Itabirito (MG) e Jaguariúna (SP). A empresa recebeu o prêmio Destaque Tecnológico SAE pela 16a vez e avança para represen-tar 10% no faturamento global da corporação (em 2005 eram 3%). Conceição dos Ouros começou com 200 funcionários e hoje tem mais de 600. Itabirito cresceu em capacidade e gerou novos empregos. Em Jaguari-úna a capacidade anual de compressores subiu de 1,4 milhão para 2 milhões de unidades e a de trocadores de calor de 600 mil para 1,3 milhão. A Delphi promoveu o tradicional programa de desenvolvimento da base de fornecedores, para melhorar o desempenho de seus parceiros quanto a qualidade, entrega e custo; investiu em tecnologia e apresentou a inovadora MAPEC 3.0.

MERITORSistema de eixo inteligente

A Meritor desenvolveu em 2011 seu novo conceito de eixo inteligente, LogixDrive Intelligent System. Os bene-fícios incluem maior economia de combustível e redução da emissão de poluentes. Projetado para monitorar ativamente as condições de funcionamento do veículo, o LogixDrive é ativado por controle eletrônico, monito-ra constantemente a temperatura, velocidade e as condições de torque e frenagem para aplicar a quantidade otimizada de óleo lubrificante no eixo, reduzindo em 2% o consumo de combustível de veículos comerciais. O sistema LogixDrive aborda duas áreas de perda de potência nos eixos: atrito de engrenagens e rolamentos e a resistência do óleo devido à rotação das engrenagens. Em condições de cruzeiro, a necessidade de lubri-ficação do diferencial diminui, abrindo a possibilidade de redução do nível de óleo necessário, resultando na diminuição de perdas internas por atrito.

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cobiça

ELEGÂNCIA CASUAL

(preços pesquisados em fevereiro)

Feita em neoprene, a Gourmet Gateway, bolsa térmica da Built, é ideal para carregar um lanche rápido.

O material é resistente a água e conserva a temperatura dos alimentos. Por R$ 135,00.

www.cosenonparole.com.br.

A Speak-er box, inusitada caixa de som com desenho do Dovetusai Studio, torna qualquer ambiente descontraído. Em plástico, o equipamento mede 13 cm por 15 cm. Por R$ 1.080,00. Skitsch. Al. Gabriel Monteiro da Silva, 256, São Paulo, SP, tel.11 3068-8891.

Confeccionada em microfibra 100% reciclada com detalhes em alumínio, a pasta para documentos e

notebook da linha Airline é novidade da Lexon, marca francesa recém-chegada ao mercado nacional.

Por R$ 370,00. Dreux, Shopping Jardim Sul, Avenida Giovanni Gronchi, 5819, São Paulo, SP,

tel. 11 3501-4660.

A Belkin começa a vender no Brasil o seu portfólio de acessórios para produtos eletrônicos no primeiro semestre de 2012. Um dos destaques é a linha LiveAction Camera, para iPhone e iPod Touch. Os gadgets permitem tirar fotos e fazer vídeos com mais facilidade. Um dos produtos é o controle remoto para acionamento do obturador da câmera. Preço sob consulta. www.belkin.com.

A Swatch lançou novas versões dos relógios Full Blooded. Na cor Smoky Black o modelo ganha acabamento fosco e na Navy tem detalhe em acrílico. Ambos são feitos em aço com visor de vidro. Por R$ 550,00 e R$ 590,00, respectivamente.

Shopping Pátio Paulista, Rua 13 de maio, 1947, São Paulo, SP, tel. 11 3253-7573.

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