Corrosão das Armaduras Não Estruturais em Elementos de ... · Vogal: Doutor José Manuel Martins...

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Sérgio Boris Gouveia Alves MESTRADO EM ENGENHARIA CIVIL Corrosão das Armaduras Não Estruturais em Elementos de Betão Armado DISSERTAÇÃO DE MESTRADO DM fevereiro | 2016

Transcript of Corrosão das Armaduras Não Estruturais em Elementos de ... · Vogal: Doutor José Manuel Martins...

  • Srgio Boris Gouveia AlvesMESTRADO EM ENGENHARIA CIVIL

    Corroso das Armaduras No Estruturaisem Elementos de Beto ArmadoDISSERTAO DE MESTRADO

    DM

    fevereiro | 2016

  • Srgio Boris Gouveia AlvesMESTRADO EM ENGENHARIA CIVIL

    Corroso das Armaduras No Estruturaisem Elementos de Beto ArmadoDISSERTAO DE MESTRADO

    ORIENTADORLino Manuel Serra Maia

  • i

    Corroso das armaduras no estruturais

    em elementos de beto armado

    Tese submetida para a obteno do grau de Mestre em Engenharia Civil na

    Universidade da Madeira

    por

    SRGIO BORIS GOUVEIA ALVES

    Orientador

    Lino Manuel Serra Maia

    (Universidade da Madeira)

    Verso para discusso fevereiro de 2016

  • Ttulo: Corroso das armaduras no estruturais em elementos de beto armado

    Palavras-chave: Armaduras; Beto; Corroso; Deteriorao.

    Keywords: Armor; Concrete; Corrosion; Deterioration.

    Autor: SRGIO ALVES

    FCEE Faculdade de Cincias Exatas e da Engenharia

    Campus Universitrio da Penteada

    9020 - 105 Funchal Portugal, s/n

    Telefone + 351 291 705 230

    Correio eletrnico: [email protected]

    Jri:

    Presidente: Doutor Joo Paulo Martins da Silva Lobo

    Vogal: Doutor Jos Manuel Martins Neto dos Santos

    Vogal: Doutor Lino Manuel Serra Maia

    Funchal, Madeira

  • iii

    Don't only practice your art,

    But fOrce youR way into Its Secrets,

    for it and knowledge can

    raise men to the divine.

    Ludwig Van Beethoven

  • Resumo

    v

    RESUMO

    A corrente dissertao enquadra-se na temtica da corroso das armaduras mais concretamente nas

    armaduras mnimas, no estruturais e construtivas. frequente encontrarmos sinais de degradao em

    estruturas e elementos de beto armado, maioritariamente causado pela corroso das armaduras. Tais

    armaduras por vezes no tm solicitaes estruturais, desta forma estuda-se a hiptese de as mesmas

    terem sido dispensadas no momento de conceo da estrutura ou do elemento. Tem-se em conta todos

    os fatores que podem influenciar a corroso de forma a entender o seu comportamento, assim como o

    seu enquadramento legislativo. So inmeras as causas de corroso prematura das armaduras, como a

    elevada porosidade do beto, a utilizao dos materiais errados de acordo com o ambiente, o

    recobrimento insuficiente, entre outros. Contudo o processo de corroso provocado apenas pela

    carbonatao e/ou cloretos existentes no beto que destri a pelicula passiva das armaduras.

    Elaborou-se anlises em casos mais usuais com degradao acentuada. Assim, apenas analisou-se casos

    onde a corroso era visvel, uma vez que a anlise se baseou apenas na observao visual, e ignorou-se

    os restantes casos devido incerteza da existncia de corroso, mesmo em ambientes agressivos. Em

    todos os casos teve-se em conta o comportamento qumico e fsico, do beto e das armaduras de forma

    a compreender as causas da degradao e suas consequncias, assim como outros parmetros como por

    exemplo a temperatura.

    Com base nos dois pargrafos anteriores, e com recurso ao levantamento fotogrfico de alguns

    elementos e estruturas de beto armado, analisou-se neste trabalho 8 casos no estruturais e 2 casos

    estruturais referente aplicao das armaduras.

  • Abstract

    vii

    ABSTRACT

    The current dissertation is part of the theme of steel corrosion, specifically minimum, non-structural and

    constructive reinforcement. We often find signs of degradation on reinforcement concrete elements and

    structures, mainly caused by reinforcement corrosion. Such reinforcement sometimes doesnt have

    structural requests, so i studied the hypothesis of them being removed at the time the structure or element

    was build. I took in to account all the influence factors to corrosion, in order to understand its behaviour,

    as well its legislative framework. There are numerous causes of premature corrosion of reinforcement,

    such as high concrete porosity, the use of wrong materials according the current environment,

    insufficient coverage, among others. However, the corrosion process is caused only by carbonation

    and/or chlorides the exist in concrete, those will destroy the reinforcement passive film.

    I elaborated analysis in more usual severe degradation cases. Thus, I only analysed cases where

    corrosion was visible, since the analysis is based on visual observation, and I ignored other cases due to

    the uncertainty of the existence of corrosion, even in harsh environments. In all cases I took into account

    the chemical and physical concrete behaviour in order to understand the degradation causes and

    consequences, as well as other parameters such as temperature.

    Based on the previous two paragraphs, and using photographic survey of some concrete elements and

    structures, I analysed in this work 8 non-structure and 2 structural cases, concerning the application of

    reinforcement.

  • ndice

    ix

    NDICE

    Resumo ............................................................................................................................................................. v

    Abstract .......................................................................................................................................................... vii

    ndice ............................................................................................................................................................... ix

    ndice de figuras ............................................................................................................................................ xiii

    ndice de quadros ......................................................................................................................................... xvii

    Lista de acrnimos e simbologia .................................................................................................................... xix

    Termos e definies ....................................................................................................................................... xxi

    Agradecimentos ........................................................................................................................................... xxiii

    1. CONSIDERAES INICIAIS ..................................................................................................... 1

    1.1. Introduo ............................................................................................................................................... 1

    1.2. Objetivos ................................................................................................................................................. 2

    1.3. Contribuies cientficas e limitaes ...................................................................................................... 3

    1.4. Estrutura da dissertao .......................................................................................................................... 3

    2. ESTADO DA ARTE .................................................................................................................. 5

    2.1. Composio e comportamento Estrutural do Beto ................................................................................ 5

    2.1.1. Constituintes do beto ................................................................................................................ 6

    2.1.1.1. Cimento ......................................................................................................................................... 6

    2.1.1.2. Agregados ...................................................................................................................................... 7

    2.1.1.3. gua de amassadura ..................................................................................................................... 7

    2.1.1.4. Adies .......................................................................................................................................... 8

    2.1.1.5. Adjuvantes..................................................................................................................................... 8

    2.1.2. Caratersticas fsicas do beto ..................................................................................................... 9

    2.1.2.1. Resistncia compresso ............................................................................................................. 9

    2.1.2.2. Resistncia trao ....................................................................................................................... 9

    2.2. Composio e comportamento Estrutural do Ao ...................................................................................10

    2.2.1. Composio qumica ..................................................................................................................10

    2.2.2. Comportamento estrutural ........................................................................................................11

    2.3. Patologias no Ao ...................................................................................................................................11

    2.3.1. Carbonatao .............................................................................................................................11

    2.3.1.1. Mecanismo da Corroso ............................................................................................................. 13

    2.3.1.2. Teor de humidade ....................................................................................................................... 15

    2.3.1.3. Razo gua-cimento e temperatura............................................................................................ 16

  • ndice

    x

    2.3.1.4. Tipo de cimento ........................................................................................................................... 17

    2.3.2. Cloretos ..................................................................................................................................... 17

    2.3.2.1. Penetrao dos cloretos .............................................................................................................. 18

    2.3.2.2. Limite crtico de cloretos ............................................................................................................. 20

    2.3.3. Carbonatao e cloretos em simultneo .................................................................................... 23

    2.3.4. Corroso das armaduras ............................................................................................................ 23

    2.3.4.1. Corroso uniforme ...................................................................................................................... 24

    2.3.4.2. Etapas da corroso ...................................................................................................................... 25

    2.4. Patologias no beto ................................................................................................................................ 26

    2.4.1. Fendilhao ............................................................................................................................... 26

    2.4.2. Delaminao .............................................................................................................................. 27

    2.4.3. Desagregao e eroso do beto ............................................................................................... 28

    2.4.4. Infiltraes ................................................................................................................................. 29

    2.4.5. Deformaes ............................................................................................................................. 30

    2.4.6. Deteriorao causada por erros/deficincias ............................................................................. 31

    3. ENQUADRAMENTO LEGISLATIVO ....................................................................................... 33

    3.1. NP EN 206-1 2007 ................................................................................................................................... 33

    3.1.1. Classificao .............................................................................................................................. 33

    3.1.2. Requisitos para o beto ............................................................................................................. 36

    3.1.2.1. Teor de cloretos ........................................................................................................................... 36

    3.1.3. Valores limite recomendados para a composio do beto ....................................................... 37

    3.2. Especificao LNEC 464 2007 .................................................................................................................. 37

    3.2.1. Degradao do beto e as classes de exposio ......................................................................... 38

    3.2.2. Prescries para a composio do beto ................................................................................... 40

    3.2.2.1. Prescries para vida til de 50 anos .......................................................................................... 40

    3.2.2.2. Prescries para vida til de 100 anos ........................................................................................ 42

    3.2.3. Combinaes de classes de exposio ....................................................................................... 42

    3.2.4. Recobrimentos mnimos ............................................................................................................ 43

    3.3. Eurocdigo 2 parte 1-1 (NP EN 1992-1-1 2010) ....................................................................................... 44

    3.3.1. Classes de resistncia e de exposio ........................................................................................ 44

    3.3.2. Recobrimento mnimo ............................................................................................................... 44

    3.3.3. Controlo da fendilhao ............................................................................................................ 45

    3.3.3.1. Armaduras mnimas..................................................................................................................... 46

    3.3.4. Armadura no estrutural e construtiva ...................................................................................... 47

    3.4. Regulamento de estruturas de Beto Armado e Pr-Esforado .............................................................. 47

    3.4.1. Fendilhao ............................................................................................................................... 47

  • ndice

    xi

    3.4.2. Recobrimento mnimo das armaduras .......................................................................................48

    3.4.3. Armadura mnima, no estrutural e construtiva ........................................................................49

    4. CASOS DIVERSOS ................................................................................................................ 51

    4.1. Caso no estrutural 1 ..............................................................................................................................51

    4.2. Caso no estrutural 2 ..............................................................................................................................58

    4.3. Caso no estrutural 3 ..............................................................................................................................60

    4.4. Caso no estrutural 4 ..............................................................................................................................62

    4.5. Caso no estrutural 5 ..............................................................................................................................65

    4.6. Caso no estrutural 6 ..............................................................................................................................70

    4.7. Caso no estrutural 7 ..............................................................................................................................74

    4.8. Caso no estrutural 8 ..............................................................................................................................75

    4.9. Caso estrutural 1.....................................................................................................................................76

    4.10. Caso estrutural 2.....................................................................................................................................81

    5. CONSIDERAES FINAIS ..................................................................................................... 89

    5.1. Notas finais .............................................................................................................................................89

    5.2. Concluses ..............................................................................................................................................89

    5.3. Perspetivas futuras .................................................................................................................................90

    REFERNCIAS ............................................................................................................................. 91

  • ndice de figuras

    xiii

    NDICE DE FIGURAS

    Figura 1.1 Relevncia das causas de deteriorao do beto (2) ..................................................... 2

    Figura 2.1 Dimenses dos cubos e cilindros para teste de resistncia segundo NP EN 12390-3 . 6

    Figura 2.2 Consequncia da variao da quantidade de carbono presente nas armaduras ..... 10

    Figura 2.3 Proteo das armaduras no beto ................................................................................ 12

    Figura 2.4 Despassivao das armaduras no beto ....................................................................... 12

    Figura 2.5 Penetrao do carbono no recobrimento em geral (18) ............................................. 13

    Figura 2.6 Volume relativo dos produtos da corroso (25) .......................................................... 14

    Figura 2.7 Fendilhao esquerda e delaminao direita do beto ......................................... 15

    Figura 2.8 Trs casos distintos relativamente ao teor de humidade (da esquerda para a direita -

    ambiente seco; ambiente com elevado teor de humidade; ambiente saturado) (2) ....................... 16

    Figura 2.9 Velocidade da carbonatao de acordo com o teor de humidade (2) ........................ 16

    Figura 2.10 Influncia da razo gua-cimento e temperatura na profundidade de carbonatao

    adaptado de (2) .................................................................................................................................... 17

    Figura 2.11 Profundidade de penetrao cloretos da experincia de Zhiwu Yu (35) ................ 19

    Figura 2.12 Formas de aparecimento dos cloretos ........................................................................ 20

    Figura 2.13 Coeficiente de difuso com uma variao da razo gua/cimento (22) .................. 21

    Figura 2.14 Limites crticos de cloretos (2) .................................................................................... 22

    Figura 2.15 Relao entre a espessura do recobrimento e o perodo de iniciao da corroso (2)

    ............................................................................................................................................................... 24

    Figura 2.16 Corroso uniforme numa varanda de ao junto ao mar .......................................... 25

    Figura 2.17 Acelerao da corroso das armaduras devido fendilhao do beto ................. 27

    Figura 2.18 Exposio das armaduras devido delaminao do beto ...................................... 28

    Figura 2.19 Desagregao e eroso do beto ................................................................................. 29

    Figura 2.20 Exemplo de uma m junta de betonagem (52) .......................................................... 30

    Figura 2.21 Acumulao de gua devido a deformaes na laje (53) .......................................... 31

  • ndice de figuras

    xiv

    Figura 4.1 Resultado de uma deficiente cofragem ......................................................................... 52

    Figura 4.2 Posicionamento do elemento estrutural no ambiente ................................................. 52

    Figura 4.3 Esquematizao de uma cofragem incorreta escorando a cofragem do elemento de

    beto pelo interior ................................................................................................................................ 52

    Figura 4.4 Mau posicionamento das armaduras ........................................................................... 53

    Figura 4.5 Esquematizao do mau posicionamento das armaduras .......................................... 53

    Figura 4.6 Elemento de beto pr fabricado destrudo ................................................................. 54

    Figura 4.7 Esquematizao e posicionamento dos elementos de beto ........................................ 55

    Figura 4.8 Degradao acelerada de uma pea de beto armado ................................................ 55

    Figura 4.9 Degradao acelerada de uma pea de beto armado ................................................ 56

    Figura 4.10 Armaduras de uma pea de beto armado em degradao acelerada .................... 57

    Figura 4.11 Esquematizao das formas de degradao do recobrimento ................................. 57

    Figura 4.12 Suporte de fixao de uma varanda junto ao mar .................................................... 58

    Figura 4.13 Soldadura da varanda aos vares existentes no beto armado pelo exterior do mesmo

    ............................................................................................................................................................... 59

    Figura 4.14 Esquematizao dos sistemas de fixao das varandas abordados ......................... 59

    Figura 4.15 Muro de suporte de um talude .................................................................................... 60

    Figura 4.16 Muro de suporte de um talude .................................................................................... 61

    Figura 4.17 Esquematizao do muro de suporte de um talude .................................................. 62

    Figura 4.18 Recobrimento de um muro .......................................................................................... 62

    Figura 4.19 Fendilhao do recobrimento em todo o muro .......................................................... 63

    Figura 4.20 Corte esquemtico do recobrimento existente no muro aps corroso das armaduras

    ............................................................................................................................................................... 64

    Figura 4.21 Betonagem em cima de parede ................................................................................... 64

    Figura 4.22 Esquema em corte da Figura 4.21 .............................................................................. 65

    Figura 4.23 Fendilhao numa varanda devido corroso .......................................................... 65

    Figura 4.24 Esquema em corte da varanda degradada devido corroso das armaduras ....... 66

    Figura 4.25 Desvio de uma fenda num corrimo ........................................................................... 67

  • ndice de figuras

    xv

    Figura 4.26 Esquema aproximado do corte da varanda com o desvio da fendilhao .............. 67

    Figura 4.27 Fendilhao do suporte do corrimo e da base dos balastres ................................ 68

    Figura 4.28 Esquema em corte da fendilhao do suporte dos corrimes .................................. 68

    Figura 4.29 Fendilhao e destacamento do beto em balastres ............................................... 69

    Figura 4.30 Esquema em corte da fendilhao de um balastre ................................................. 69

    Figura 4.31 Reparao de beto armado mal efetuada ................................................................ 70

    Figura 4.32 Esquema do beto novo sobre o antigo com as armaduras corrodas .................... 71

    Figura 4.33 Orientao principal da degradao .......................................................................... 71

    Figura 4.34 Dimenso de alguns agregados superiores ao recomendvel ................................... 72

    Figura 4.35 Estado avanado de degradao do elemento de beto armado .............................. 73

    Figura 4.36 Heterogeneidade do beto no elemento estrutural ................................................... 73

    Figura 4.37 Edifcio em degradao ............................................................................................... 74

    Figura 4.38 Churrasqueira familiar fendilhada ............................................................................ 75

    Figura 4.39 Fendilhao ao pormenor na churrasqueira ............................................................. 76

    Figura 4.40 M colocao das armaduras numa laje junto ao mar ............................................ 77

    Figura 4.41 Esquematizao da colocao das armaduras apresentado na Figura 4.40 ........... 77

    Figura 4.42 M colocao das armaduras numa laje junto ao mar ............................................ 78

    Figura 4.43 Corroso das armaduras numa zona tracionada de um tabuleiro numa ponte .... 79

    Figura 4.44 Esquematizao do recobrimento e frentes de ataque do ........................................ 79

    Figura 4.45 Parte exterior de uma ponte sobre o mar .................................................................. 80

    Figura 4.46 Parte interior de uma ponte sobre o mar .................................................................. 80

    Figura 4.47 Corte da ponte das figuras anteriores com as armaduras em anlise ..................... 81

    Figura 4.48 Ponte rodoviria junto ao Aeroporto da Madeira .................................................... 82

    Figura 4.49 Degradao dos pilhares e da laje de suporte do aterro ........................................... 82

    Figura 4.50 Degradao dos pilhares ............................................................................................. 83

    Figura 4.51 Degradao dos pilhares ............................................................................................. 83

    Figura 4.52 Degradao dos pilhares ............................................................................................. 84

  • ndice de figuras

    xvi

    Figura 4.53 Degradao dos pilhares .............................................................................................. 84

    Figura 4.54 Degradao dos pilhares .............................................................................................. 85

    Figura 4.55 Alado da estrutura ..................................................................................................... 85

    Figura 4.56 Corte transversal da estrutura .................................................................................... 86

    Figura 4.57 Foras aplicadas ponte .............................................................................................. 86

  • ndice de quadros

    xvii

    NDICE DE QUADROS

    Quadro 2.1 - Carateristicas das guas para amassadura de betes (4) ............................................ 8

    Quadro 2.2 Resistncia trao dos betes mais utilizados ........................................................... 9

    Quadro 3.1 - Classes de exposio da NP EN 206-1 2007 ................................................................ 34

    Quadro 3.2 - Valores limite das classes de exposio para ataque qumico proveniente de solos

    naturais e de guas neles contidas da NP EN 206-1 2007 ................................................................ 35

    Quadro 3.3 - Mximo teor de cloretos do beto da NP EN 206-1 2007 .......................................... 36

    Quadro 3.4 - Valores limite para a composio e para as propriedades do beto da NP EN 206-1

    2007 ....................................................................................................................................................... 37

    Quadro 3.5 Outros exemplos onde ocorrem as classes de exposio, inseridos pela especificao

    LNEC E 464 2007 NP EN 206-1 2007 .......................................................................................... 38

    Quadro 3.6 - Limites da composio e da classe de resistncia do beto sob ao do dixido de

    carbono, para uma vida til de 50 anos da especificao LNEC E 464 2007.............................. 40

    Quadro 3.7 - Limites da composio e da classe de resistncia do beto sob ao dos cloretos, para

    uma vida til de 50 anos da especificao LNEC E 464 2007 ...................................................... 41

    Quadro 3.8 - Limites da composio e da classe de resistncia do beto sob ao do gelo/degelo,

    para uma vida til de 50 anos da especificao LNEC E 464 2007 ............................................. 41

    Quadro 3.9 - Limites da composio e da classe de resistncia compresso do beto sob ataque

    qumico, para uma vida til de 50 anos da especificao LNEC E 464 2007 .............................. 41

    Quadro 3.10 - Combinaes de classes de exposio da especificao LNEC E 464 2007 ......... 42

    Quadro 3.11 - Recobrimentos mnimos (mm) cmin,dur no beto armado na E 464 2007 ............. 43

    Quadro 3.12 - Recobrimentos mnimos (mm) cmin,dur no beto pr-esforado na E 464 2007 .... 43

    Quadro 3.13 - Valores recomendados de wmax (mm) ........................................................................ 46

    Quadro 3.14 - Estados limite de fendilhao do REBAP ................................................................. 48

    Quadro 3.15 - Recobrimentos mnimos no REBAP ......................................................................... 48

    Quadro 4.1 Foras aplicadas ........................................................................................................... 87

  • Lista de acrnimos e simbologia

    xix

    LISTA DE ACRNIMOS E SIMBOLOGIA

    Acrnimos

    EN Europische Norm (Norma Europeia)

    LNEC Laboratrio Nacional de Engenharia Civil

    NP Norma Portuguesa

    REBAP Regulamento de estruturas de beto armado e pr-esforado

    Simbologia

    Letras minsculas

    cdur,y Margem de Segurana

    s Valor absoluto da tenso mxima admissvel na armadura imediatamente depois da

    formao da fenda

    Act rea de beto tracionado

    As,min rea mnima das armaduras para beto armado na zona tracionada

    cdur,add Reduo do recobrimento mnimo no caso de proteo adicional

    cdur,st Reduo do recobrimento mnimo no caso de utilizao de ao inoxidvel

    cmin Recobrimento mnimo

    cmin,b Recobrimento mnimo para os requisitos de aderncia

    cmin,dur Recobrimento mnimo relativo s condies ambientais

    fct,eff Valor mdio da resistncia do beto trao data em que se prev que se possam formar

    as primeiras fendas

  • Notao e simbologia

    xx

    k Coeficiente que considera o efeito das tenses no uniformes autoequilibradas, de que

    resulta uma reduo dos esforos de coao

    kc Coeficiente que tem em conta a distribuio de tenses na seo, imediatamente antes

    da fendilhao e da variao do brao do binrio

    Letras maisculas

    C Concrete (beto normal)

    HC Heavy concrete (beto pesado)

    KN Kilo Newton

    LC Light Concrete (Beto leve)

    MPa Mega Pascal

  • Termos e definies

    xxi

    TERMOS E DEFINIES

    De modo a facilitar e clarificar a leitura desta dissertao, apresentam-se de seguida alguns termos e

    definies utilizados na bibliografia.

    Cloretos superfcie Cloretos ligados superfcie dos poros do beto

    Cloretos ligados a C3A Cloretos ligados ao sal de Fridel existente no beto

    Cloretos livres Cloretos existentes nos poros do beto

    Cloretos Totais Cloretos existentes no beto

    Coeficiente de difuso Coeficiente que representa a facilidade com que um soluto se move num

    solvente

    Endurecimento um fenmeno que consiste em tornar rgido aumentando a resistncia

    mecnica, resultado da presa

    Presa um processo correspondente passagem do estado pastoso (no caso do

    cimento) ao estado slido

  • Agradecimentos

    xxiii

    AGRADECIMENTOS

    O conhecimento no tem limites e facilmente adquirido quando temos certas pessoas que nos apoiam

    e esto sempre presentes para nos erguer.

    Assim e s assim esta etapa tornou-se possvel!

    Agradeo profundamente aos que me ajudaro a conquistar mais uma vitria.

    Ao meu orientador Dr. Lino Maia, pela oportunidade que me facultou, coordenando-me, incentivando-

    me e partilhando os seus conhecimentos com a maior excelncia.

    A minha esposa Carina Gois, que me fornece fora para continuar.

    Aos meus pais Srgio Alves e Helena Alves e irm Melissa Alves, que me mostraram e mostram o

    caminho a percorrer.

    A todas as outras pessoas que contriburam diretamente e indiretamente.

    Funchal, fevereiro 2016

    Srgio Alves

  • Captulo 1 Consideraes iniciais

    1

    1 1. CONSIDERAES INICIAIS

    1.1. INTRODUO

    Esta dissertao tem um foco acentuado nos elementos de beto armado, tendo em conta que nesta

    insere-se particularmente a deteriorao do beto causada pela corroso das armaduras. O tema ganha

    um determinado interesse devido quantidade de deterioraes existentes nos diversos ambientes e em

    diferentes tipos de elementos de beto armado estruturais como nos no estruturais. O beto armado

    um dos principais materiais de construo em todo o mundo mas no tem o mesmo ndice de utilizao

    em todos os pases, sendo mais utilizado nuns pases do que noutros, devido diferente relao

    utilidade/custo, em comparao com diferentes materiais existentes no mercado local. Como todos os

    materiais existentes, o beto armado est sujeito ao desgaste e s alteraes qumicas e fsicas de acordo

    com a sua utilizao e exposio. Apesar de existirem medidas regulamentares que permitem melhorar

    a durabilidade do material de modo a impedir tais anomalias, a corroso das armaduras existentes no

    beto armado muitas vezes prematura e difcil de controlar. Esta prematuridade compromete o

    comportamento estrutural da estrutura porque corri as armaduras resultando numa diminuindo da

    seco das mesmas. Uma diminuio das armaduras corresponde a uma diminuio doas esforos

    resistentes podendo comprometer os elementos de beto armado e conduzir ao colapso do mesmo.

    medida que a corroso aumenta, as foras de trao devido expanso das armaduras tambm aumentam

    e acabam por causar a fendilao e a delaminao do beto. Esta alterao no beto reduz a seco do

    elemento estrutural assim como os esforos resistentes na zona de compresso.

    Na corroso prematura das armaduras podero estar envolvidos diversos fatores, como por exemplo

    uma m pormenorizao, um mau controlo de qualidade, a insero de erros no projeto, a falta de

    manuteno, uma m execuo, a presena de um excesso de agentes agressores no meio ambiente face

  • Corroso das armaduras no estruturais em elementos de beto armado

    2

    ao previsto ente outros fatores. Todos os fatores apresentados tm como consequncia a carbonatao

    ou o ataque de cloretos ou ambos em simultneo. A corroso do ao uma das causas mais dominantes

    na degradao prematura do beto armado (Figura 1.1) (1).

    Figura 1.1 Relevncia das causas de deteriorao do beto (2)

    Em muitos dos casos as armaduras existentes nos elementos de beto armado no so estruturais e desta

    forma no so exigveis no seu dimensionamento estrutural. Pelo fato dessas armaduras existirem, iro

    deteriorar o beto envolvente devido corroso. O mesmo ocorre com algumas armaduras mnimas

    como no caso de lajes.

    Com este trabalho pretende-se analisar diversos casos de elementos de beto armado onde a corroso

    afeta as armaduras no estruturais e mnimas, e analisar tambm a possibilidade de estas serem

    dispensadas uma vez que provvel que no sejam necessrias, onde se evitar assim a degradao dos

    elementos de beto armado ou de beto quando seja possvel a dispensa da armadura.

    1.2. OBJETIVOS

    Esta dissertao tem como principal objetivo avaliar elementos e estruturas de beto armado no que

    concerne possvel dispensa das armaduras, devido deteriorao do beto causada pela corroso das

    mesmas. correntemente observvel a existncia de estruturas de beto armado em que a armadura

    visvel, est corroda e contribui para uma m esttica do beto envolvente, mas no compromete a

    eficincia estrutural. A colocao de tais armaduras podem ser consequncia de vrios fatores, desde

    uma m interpretao de clculos efetuados a uma m interpretao em obra, entre outros. Este tipo de

  • Captulo 1 Consideraes iniciais

    3

    armaduras pode-se considerar no estruturais, desta forma no so necessrias e podiam ter sido

    dispensadas. Com esta dissertao pretende-se ainda:

    Efetuar um levantamento de situaes em que foram utilizadas armaduras construtivas em

    elementos de beto que no precisavam de armaduras estruturais e cuja corroso das armaduras

    conduziu a deteriorao do elemento;

    Enquadrar os objetos em estudos na legislao sobre a necessidade da introduo de armaduras

    no estruturais / armaduras mnimas / armaduras construtivas nos elementos de beto;

    Elaborar anlises estruturais quanto necessidade de colocao de armaduras nos diversos

    casos.

    1.3. CONTRIBUIES CIENTFICAS E LIMITAES

    Os casos prticos que constam nesta dissertao foram analisados sem acesso ao seu projeto de

    fabrico/execuo, ou seja, foram analisados com base apenas na inspeo visual.

    Trata-se de uma observao de projeo onde esta elaborada tendo em conta a regulamentao, com a

    exceo do caso de armaduras em zonas do beto comprimidas nas vigas, ou no caso da utilizao de

    armaduras mnimas quando o clculo de tais armaduras resulta num valor inferior s mnimas,

    aumentando o volume da corroso resultante. Seria interessante elaborar um estudo ao pormenor das

    referidas armaduras, quais as suas vantagens e desvantagens assim como a necessidade de coloca-las.

    1.4. ESTRUTURA DA DISSERTAO

    Na elaborao desta dissertao utilizou-se cinco captulos na sua estruturao, sendo o primeiro as

    consideraes iniciais onde consta uma breve apresentao do tema, assim como os seus objetivos e

    uma sintetizao estrutural de conduo da dissertao.

    O segundo captulo dedica-se inteiramente ao estado de arte da dissertao, nele inclui-se todos os

    aspetos e conhecimentos necessrios ao desenvolvimento deste trabalho, nomeadamente composio e

    comportamento dos materiais de construo envolvidos, assim como uma descrio detalhada dos

    processos de corroso das armaduras e seus influentes.

    O terceiro captulo dedicado legislao existente, no que concerne s exigncias regulamentares

    afetas durabilidade das estruturas, fazendo especial referncia aos mtodos, limites e requisitos de

    projeo estrutural.

  • Corroso das armaduras no estruturais em elementos de beto armado

    4

    No quarto captulo apresentam-se casos de estudo onde a corroso de armaduras no estruturais

    pertinente em elementos de beto armado, apresentam-se tambm anlises estruturais quanto

    existncia de tais armaduras.

    O quinto e ltimo captulo denominado de consideraes finais apresenta as notas finais, as principais

    concluses obtidas e perspetivas futuras de pesquisa e desenvolvimento para investigaes posteriores

    relacionadas com o tema.

  • Captulo 2 Estado de arte

    5

    2 2. ESTADO DA ARTE

    2.1. COMPOSIO E COMPORTAMENTO ESTRUTURAL DO BETO

    O beto um material resultante da mistura de vrios constituintes, podendo estes serem separados em

    2 grupos. Um grupo os componentes bsicos: o cimento, agregados de vrias dimenses, gua, e outro

    grupo as adies e adjuvantes (3). Este material pode ser utilizado na execuo de estruturas apenas por

    si s ou na conjuno de armaduras, denominado de beto simples, beto armado e beto pr-esforado.

    O beto passa por 2 fases, a primeira fase denomina-se beto fresco e consiste na adio de todos os

    seus componentes assim como a sua amassadura e depsito em formas, a segunda fase trata-se do

    processo de endurecimento atravs de reaes qumicas de hidratao entre os gros de cimento e a

    gua, adquirindo uma certa resistncia. Esta resistncia tem incio em poucas horas aps o fabrico do

    beto e atinge entre 60 a 90 % do endurecimento total aps 28 dias, dependendo do tipo de cimento e

    cura utilizados (4).

    O beto aps endurecer pode ser classificado como beto leve (LC), beto normal (C) e beto pesado

    (HC) dependendo da sua massa volmica, menor ou igual a 2000 kg/m3, maior que 2000 kg/m3 at 2600

    kg/m3 e superior a 2600 kg/m3, respetivamente (4). A classificao refere ainda a classe de resistncia

    do beto, temos o exemplo do beto C30/37 que corresponde a um beto normal com uma resistncia

    compresso aos 28 dias de pelo menos 30 MPa medido em cilindros e 37 MPa medido em cubos (5)

    (Figura 2.1). No REBAP a classe de resistncia tem uma designao diferente sendo o exemplo anterior

    equivalente a B37.

  • Corroso das armaduras no estruturais em elementos de beto armado

    6

    Figura 2.1 Dimenses dos cubos e cilindros para teste de resistncia segundo NP EN 12390-3

    O beto classificado em diferentes classes de exposio de acordo com o meio ambiente, estas classes

    de exposio so regulamentares e esto explcitas no Capitulo 3.

    2.1.1. CONSTITUINTES DO BETO

    O beto contem vrios constituintes tendo por base o cimento, a gua e os agregados, mas podem ser

    adicionados outros mais de acordo com as necessidades em obra como requisitos de durabilidade,

    resistncia e proteo das armaduras.

    2.1.1.1. CIMENTO

    O cimento um material inorgnico, ou seja um ligante hidrfilo hidrulico, que ganha presa, endurece

    e pode aglomerar outros materiais, ao misturar com a gua forma uma pasta que endurece ao ar ou num

    ambiente saturado de gua (4) (3).

    O cimento Portland, obtm-se atravs da mistura de calcrio (CaCO3) com argilas, que atravs da sua

    cozedura temperatura de 1450C forma pequenos aglomerados denominados de clinquer (4). Esse

    clinquer modo aps o seu arrefecimento juntamente com gesso para regular o tempo de presa e

    adjuvantes para facilitar a moagem, o seu custo torna-se elevado devido aos gastos elevados de energia

    (6). A ele adicionado outras adies como pozolanas, cinzas volantes, escrias de alto-forno entre

    outras para modificar as suas propriedades de acordo com o pretendido. Os seus componentes minerais

    principais so silicato triclcico, silicato biclcico, aluminato triclcico e alumino ferrato tetra clcico

    (7). Os cimentos so definidos na Norma NP EN 197-1 e podem ser utilizados no beto simples, armado

    ou pr-esforado (4).

  • Captulo 2 Estado de arte

    7

    2.1.1.2. AGREGADOS

    Os agregados ocupam geralmente entre 70 a 80 % do volume do beto sendo desta forma um constituinte

    importante (6). A sua composio principalmente proveniente de rochas, podendo ser partculas ou

    areias, existe ainda agregados artificiais ou partculas recicladas que podem tambm, ser utilizadas como

    aglomerados. Os agregados tem dimenses entre 0,1 mm e 20 cm e afetam marcadamente o

    comportamento do beto (6), designam-se por areias os agregados com dimenses inferiores a 5 mm

    (areia rolada quando de origem natural e areia britada quando de origem artificial) e agregados grossos

    quando tenham dimenses superiores a 5 mm (godos quando com origem natural e brita quando de

    origem artificial) (4).

    As propriedades mais importantes que devem ser consideradas na seleo dos agregados para

    constituio do beto podem ser de natureza fsica, qumica e geomtrica, deve ter determinada forma e

    dimenses proporcionadas, boa resistncia s foras que iro provocar tenses no beto (geralmente

    esto na ordem dos 60 MPa), adequadas propriedades trmicas, boas propriedades qumicas que

    permitam boa aderncia pelo ligante e resistncia s tenses e no devem conter substancias que

    prejudiquem o beto (4).

    A quantidade dos agregados deve ser a maior possvel, tendo em conta que as suas partculas so

    aglomeradas pela pasta de cimento, desta forma a sua dimenso deve ser a mxima possvel desde que

    compatvel com as condies e exigncias em obra (6). tambm de salientar que as dimenses dos

    agregados devem ser variadas de forma a obter um bom preenchimento dos possveis vazios existentes

    no beto, onde a sua granulometria ir condicionar a compacidade do beto. Quanto maior for a mxima

    dimenso do agregado menor ser a quantidade de cimento e gua necessria, contudo o tamanho do

    agregado ir ser condicionado pelo afastamento das armaduras (8). Uma granulometria mais compacta

    resulta num beto com mais facilidade em se desagregar mas em contrapartida tem uma resistncia mais

    elevada devido baixa porosidade, pouca retrao e grande durabilidade (4).

    Os agregados so definidos nas normas NP EN 12620 e NP EN 13055-1.

    2.1.1.3. GUA DE AMASSADURA

    A gua de amassadura um componente essencial no fabrico do beto, confere uma boa trabalhabilidade

    ao beto e permite uma boa compactao (9). A quantidade de gua a utilizar no beto deve ser

    controlada, quando em excesso cria-se uma rede de poros que aps a secagem que prejudica a resistncia

    do beto, desta forma dever ser a mnima quantidade possvel que garanta uma adequada

    trabalhabilidade (4). A gua dever ainda respeitar outros parmetros estipulados no Quadro 2.1 de

  • Corroso das armaduras no estruturais em elementos de beto armado

    8

    forma a no comprometer as caratersticas fsicas e qumicas do beto, nem contribuir posteriormente

    para a degradao da estrutura.

    Quadro 2.1 - Carateristicas das guas para amassadura de betes (4)

    Caraterstica Legislao

    Valor a satisfazer

    Beto simples Beto armado e

    pr-esforado

    pH NP 411 4 4

    Resduo dissolvido (g/dm3) E 380 35 10

    Resduo em suspenso (g/dm3) E 380 5 2

    Consumo Qumico de Oxignio (mg/dm3) NP 1414 500 500

    Teor de cloretos (mg/dm3) NP 423 4500 600

    Teor de sulfatos (mg/dm3) NP 413 2000 2000

    Teor de ortofosfatos (mg/dm3) E379 100 100

    Teor de nitratos (mg/dm3) E382 500 500

    Teor de sulfuretos (mg/dm3) NP 1417 100 100

    Teor de sdio e de potssio (mg/dm3) E 381 1000 1000

    2.1.1.4. ADIES

    As adies so materiais inorgnicos que se adiciona ao beto para melhorar determinadas propriedades

    como por exemplo a durabilidade e resistncia do beto, podem ser de origem natural ou origem em

    subprodutos industriais (10). As adies podem ser classificadas em dois tipos, sendo do tipo I as adies

    quase inertes como o filer calcrio e do tipo II as adies com propriedades hidrulicas latentes como a

    escria granulada de alto-forno, as cinzas volantes e a slica de fumo. A utilizao de adies do tipo II

    confere ao beto menor resistncia inicial mas a longo prazo resulta em melhores propriedades

    mecnicas, maior resistncia ao ataque qumico maior resistncia ao ataque qumico e menor teor em

    hidrxido de clcio (4).

    2.1.1.5. ADJUVANTES

    Os adjuvantes so produtos adicionados em pouca quantidade antes ou na fase de amassadura,

    normalmente inferior a 5% da massa de cimento, com a finalidade de modificar as propriedades do beto

    sendo a mais importante a trabalhabilidade do mesmo. Como foi referido anteriormente deve-se

    adicionar a menor quantidade de gua de amassadura possvel sendo o adjuvante uma boa soluo para

    tal, porque no alterar a trabalhabilidade devido reduo da gua (11). Alm da trabalhabilidade os

    adjuvantes podem retardar e/ou acelerar a presa, acelerar o endurecimento do beto, aumentar a

    resistncia aos ciclos gelo/desgelo, diminuir a permeabilidade, ajudar a bombagem e inibir a corroso

    das armaduras (4).

  • Captulo 2 Estado de arte

    9

    2.1.2. CARATERSTICAS FSICAS DO BETO

    A principal funcionalidade do beto resistir compresso uma vez que este material tem uma

    capacidade de compresso muito superior trao, assim sendo este material colocado

    estrategicamente com a funcionalidade resistente em locais onde exista compresso (4). Contudo

    tambm utilizado em zonas tracionadas para cobrir as armaduras e consequentemente transferir os

    esforos s fundaes, poder tambm ser utilizado para conferir rigidez estrutura.

    2.1.2.1. RESISTNCIA COMPRESSO

    Como foi referido anteriormente a sua resistncia depender dos seus constituintes e o seu ensaio feito

    atravs de cubos e cilindros de cimento, obtendo estes ltimos uma resistncia cerca de 20% inferior do

    ensaio cbico, devido maior esbelteza do objeto (4). Devido heterogeneidade do material deve-se ter

    em conta uma disperso dos valores obtidos em ensaios, desta forma devido a essa variao a resistncia

    caraterstica do beto tem em conta a probabilidade de 95% de ser excedida.

    2.1.2.2. RESISTNCIA TRAO

    A resistncia trao do beto tem um papel importante na fendilhao do mesmo e na aderncia s

    armaduras, mas os valores da resistncia trao so muito inferiores compresso (cerca de 10%) (4).

    de referir que a mesma pea de beto pode estar sujeita a foras de compresso, trao e toro em

    simultneo, sendo que nesta situao este deve ser reforado com armaduras no mbito de garantir uma

    resistncia de acordo com as solicitaes (5). Seguidamente apresentam-se a resistncia trao

    caraterstica para os betes mais utilizados no Quadro 2.2.

    Quadro 2.2 Resistncia trao dos betes mais utilizados

    Designao fctm (MPa)

    C15/20 1,9

    C20/25 2,2

    C25/30 2,6

    C30/37 2,9

    C35/45 3,2

    C40/50 3,5

  • Corroso das armaduras no estruturais em elementos de beto armado

    10

    2.2. COMPOSIO E COMPORTAMENTO ESTRUTURAL DO AO

    O ao pode apresentar-se numa estrutura de construo em diversas formas, mas no sentido desta

    dissertao apenas torna-se relevante referir o seu aparecimento como armaduras ordinrias e armaduras

    de pr-esforo no beto armado. Quanto s armaduras ordinrias estas apresentam-se nervuradas de

    forma a possuir aderncia com o beto e lisas (estas ultimas muito incomum) enquanto as armaduras de

    pr-esforo podem ter aderncia ou no, podendo ser aplicadas antes da betonagem ou aps o

    endurecimento atravs de bainhas deixadas no interior do beto (12).

    2.2.1. COMPOSIO QUMICA

    As armaduras (ao) tm como principais constituintes o ferro e o carbono, possuem tambm algumas

    impurezas como mangans, silcio, crmio, nquel, cobre e alumnio onde estas podem ser controladas

    de forma a obter as propriedades desejadas. A percentagem de carbono utilizada separa os tipos de ao

    denominados de aos macios e aos duros, os aos duros tm uma percentagem de carbono mais elevada

    at 2 %. Quanto maior for a quantidade de carbono maior ser a resistncia rotura, maior o limite de

    elasticidade do material e menor o limite de elasticidade (Figura 2.2) (13).

    Figura 2.2 Consequncia da variao da quantidade de carbono presente nas armaduras

    Enquanto os aos macios tm uma resistncia entre os cerca de 200 a 600 MPa, os aos duros atingem

    valores entre os 1600 a 1800 MPa, j a elasticidade varia entre os 20 a 30 % nos primeiros tornando-os

    dcteis e 4 a 8% nos segundos tornando-os frgeis.

  • Captulo 2 Estado de arte

    11

    2.2.2. COMPORTAMENTO ESTRUTURAL

    As armaduras apesar de terem um bom comportamento trao e compresso (no caso das ordinrias),

    estas so utilizadas no beto armado essencialmente em situaes trao, para transferir esforos no

    caso dos estribos da viga e para impedir a flexo de outras armaduras no caso dos estribos dos pilhares.

    Algumas armaduras so utilizadas apenas por razes construtivas como o caso das armaduras

    utilizadas a meio vo de uma viga na parte onde a compresso est instalada (12). No caso das armaduras

    ordinrias estas colocam-se o mais afastadas da linha neutra do elemento para garantir uma maior

    resistncia criando um maior momento resistente, como consequncia estas localizam-se muito

    prximas do ambiente exterior onde apenas tm como proteo o recobrimento em beto. Estas

    armaduras apresentam-se disponveis no mercado com dimetros comuns de 6, 8, 10 , 12, 16, 20, 25 e

    32 mm e uma teno de cedncia de 235, 400 e 500 MPa (14).

    2.3. PATOLOGIAS NO AO

    Os problemas que podero surgir no ao, alm da sua deformao e rotura, so provocadas pela

    incapacidade de proteo do beto envolvente aos agentes agressores sendo os principais problemas a

    carbonatao e o ataque de cloretos (15).

    2.3.1. CARBONATAO

    O beto armado considerado um elemento de elevada durabilidade devido proteo qumica que o

    beto confere s armaduras nele embebidas (3) (16). A carbonatao ocorre no beto porque o hidrxido

    de clcio reagem o dixido de carbono que provem do ar ou da gua para forma carbonato de clcio,

    esta carbonatao melhora a resistncia do beto, mas desvantajoso no caso do beto armado porque

    diminui o pH, conduzindo corroso das armaduras (17). No interior do beto armado as armaduras

    encontram-se protegidas devido elevada alcalinidade do meio (18). O beto que envolve as armaduras,

    possui um pH elevado entre 12 e 14 devido presena elevada de hidrxido de clcio e quantidades

    inferiores de hidrxido de sdio e potssio, compostos resultantes da hidratao dos silicatos de clcio

    do cimentos e dos lcalis do clnquer (2). Devido a este ambiente alcalino ocorre a passivao das

    armaduras atravs da formao de uma pelicula passiva na superfcie da armadura (10 nanmetros de

    espessura), esta pelicula constitui uma barreira de proteo que impede a corroso (Figura 2.3) (19).

    No se conhece a 100% a composio da referida pelicula, mas considera-se que base de complexos

    de ferro e clcio com ies OH- e CO32-, xidos de ferro Fe2O3 e Fe3O4 e gua molecular (2).

  • Corroso das armaduras no estruturais em elementos de beto armado

    12

    Figura 2.3 Proteo das armaduras no beto

    A penetrao do dixido carbnico atravs dos poros do beto armado, mais concretamente na zona do

    recobrimento (Figura 2.4), reage com o hidrxido de clcio (carbonatao) e provoca uma diminuio

    da alcalinidade (20). Esta reduo alcalina quando atinge valores de pH inferiores a cerca de 10 11,

    iniciar-se- a despassivao das armaduras atravs da dissoluo da pelicula expansiva existente e

    originar o incio do mecanismo da corroso das armaduras quando na presena de O e H2O (2).

    Figura 2.4 Despassivao das armaduras no beto

    A Figura 2.5 representa a profundidade da penetrao no beto ao longo do tempo, esta no tem uma

    velocidade de penetrao constante e sempre decrescente desde o incio da penetrao. A maior

    velocidade nos primeiros 10 anos e nos restantes continua a descer mas com uma menor desacelerao.

    No caso de elaborar uma eventual medio de profundidade de carbonatao, h que ter em conta que

    quanto mais antiga for a estrutura maior deve ser a sensibilidade da medio uma vez que a profundidade

    por ano diminui drasticamente (18).

  • Captulo 2 Estado de arte

    13

    Figura 2.5 Penetrao do carbono no recobrimento em geral (18)

    A resistncia carbonatao de um elemento de beto pode ser determinada de acordo com a

    especificao do LNEC E391 de 1993 (20).

    2.3.1.1. MECANISMO DA CORROSO

    O processo de corroso das armaduras d-se por um processo eletroqumico, envolvendo reaes

    qumicas e correntes eltricas e constitui-se por quatro componentes principais: nodo, ctodo, condutor

    metlico e eletrlito (21). Na zona despassivada da armadura ocorre nodos geralmente muito pequenos

    e prximos uns dos outros atravs da criao de micro clulas de corroso, mantendo ctodos tambm

    muito pequenos em todo o resto da mesma armadura (22). Uma vez que a armadura um bom condutor

    eltrico e o beto considerado um eletrlito como um meio aquoso em que a corrente eltrica

    transportada por ies, aps ocorrer a dissoluo do ao, permite que o ferro (Fe) perca 2 eletres (Reao

    2.1) (reao andica) e estes sejam conduzidos para as zonas onde existam ctodos (2).

    Fe Fe2+ + 2e- (Reao 2.1)

    Os dois eletres iro reagir com o oxignio e a gua existente volta dos ctodos, resultar numa reduo

    do oxignio e produzir duas molculas de hidrxido por reao catdica (Reao 2.2) (23).

    O2 + H2O + 2e- 2OH- (Reao 2.2)

    Estas duas molculas de OH- reagiro com o Fe2+ de (Reao 2.1) e produzir hidrxido de ferro (Reao

    2.3) o qual ser o composto resultante da corroso.

  • Corroso das armaduras no estruturais em elementos de beto armado

    14

    Fe2+ + 2HO- Fe(OH)2 (Reao 2.3)

    Alm das reaes mencionadas existiro reaes andicas secundrias (Reaes 2.3) cujos produtos iro

    originar um elevado aumento do volume na zona do nodo (Figura 2.6), podendo aumentar o tamanho

    em 6 vezes (24).

    Fe2+ + 3H2O Fe(OH)3 + 3H+ + 3e-

    3Fe + 4H2O Fe3O4 + 8H+ + 8e-

    Fe + 2H2O FeO(OH-) + 3H+ + 2e-

    FeO(OH-) + O2 Fe3O4 ou Fe(OH)2

    (Reaes 2.3)

    (21)

    Figura 2.6 Volume relativo dos produtos da corroso (25)

    Alguns dos produtos resultantes acumulam-se na pasta cimentcia, quando os poros e os vazios

    existentes no beto ficam preenchidos, ocorrem tenses devido expanso das armaduras causando

    fendilhao e delaminao no beto (Figura 2.7) (2).

    0 1 2 3 4 5 6 7

    Hydrated ferric oxide

    Ferric hydroxide

    Ferrous hydroxide

    Akageneite

    Lepidocrocite

    Goethite

    Feroxyhite

    Maghemite

    Hematite

    Magnetite

    xido de ferro

    Ferro puro

    Volume base xidos Hidrxidos

    Fe

    FeO

    Fe3O4

    -Fe2O3

    -Fe2O3

    -FeOOH

    -FeOOH

    -FeOOH

    -FeOOH

    Fe(OH)2

    Fe(OH)3

    Fe(OH)33H2O

  • Captulo 2 Estado de arte

    15

    Figura 2.7 Fendilhao esquerda e delaminao direita do beto

    Quanto maior for a acessibilidade do oxignio s armaduras e maior for a condutividade eltrica do

    beto, maior ser a velocidade de corroso (26). A corroso s possvel se acontecerem todos os

    parmetros abordados e existir diferenas de potencial na superfcie das armaduras em simultneo (27).

    tambm de referir que num ambiente submerso no ocorrer corroso significativa devido no

    disponibilidade de oxignio, nem num beto localizado num ambiente muito seco tambm no ocorrer

    a corroso das armaduras devido baixa condutividade, uma vez que no existir eletrlito (21). A

    corroso por ao da carbonatao um processo de degradao lento e pode demorar dezenas de anos

    (21).

    A taxa de corroso das armaduras por ao da carbonatao varia entre os 20 a 50 m/ano (28).

    2.3.1.2. TEOR DE HUMIDADE

    O beto quando seco, apesar de ter uma boa acessibilidade ao oxignio tem uma resistividade muito

    elevada e medida que o teor de humidade aumenta, tambm aumenta a velocidade de corroso (2). At

    aos 40 % de teor de humidade o aumento da velocidade relativamente baixo, mas aps os 40% a

    velocidade sobe mais rpido com um incremento igual de teor de humidade face a menos de 40%. A

    velocidade mxima de corroso atingida quando o teor de humidade atinge os 70 % e volta a baixar

    at deixar de existir a corroso, isto deve-se fraca existncia de oxignio at sua ausncia devido

    presena de gua nos poros do beto (Figura 2.9), neste ultimo caso o oxignio passa a ser o fator que

    controlar a velocidade da corroso (29). A Figura 2.8 apenas apresenta risco de corroso na imagem

    do centro.

  • Corroso das armaduras no estruturais em elementos de beto armado

    16

    Figura 2.8 Trs casos distintos relativamente ao teor de humidade (da esquerda para a direita -

    ambiente seco; ambiente com elevado teor de humidade; ambiente saturado) (2)

    Figura 2.9 Velocidade da carbonatao de acordo com o teor de humidade (2)

    2.3.1.3. RAZO GUA-CIMENTO E TEMPERATURA

    A razo gua-cimento assim como a quantidade de cimento sero os fatores que iro condicionar a

    porosidade de beto aumentando ou diminuindo-a. Desta forma uma maior razo gua-cimento resulta

    numa maior permeabilidade com maior porosidade, o que torna-se favorvel corroso pois existe mais

    espao para os agentes agressores. Quanto ao cimento, se aumentamos a sua quantidade maior ser a

    disponibilidade de Ca(OH)2 o que resultar numa profundidade menor de carbonatao (Figura 2.10)

    (2), assim como a uma temperatura mais baixa (30). J o perodo de cura contribuir para uma menor

    profundidade de carbonatao quanto maior for.

  • Captulo 2 Estado de arte

    17

    Figura 2.10 Influncia da razo gua-cimento e temperatura na profundidade de carbonatao

    adaptado de (2)

    2.3.1.4. TIPO DE CIMENTO

    O tipo de cimento tambm ser um fator importante na profundidade de penetrao da carbonatao

    (31). As reservas alcalinas no beto que podem reagir com o dixido de carbono so condicionadas pelo

    tipo de cimento, os cimentos com adies pozolnicas possuem menor quantidade de produtos alcalinos

    logo a velocidade de carbonatao ser maior devido baixa alcalinidade resultante do beto (32). Desta

    forma os cimentos Portland normais so os mais resistentes penetrao da carbonatao devido sua

    alta alcalinidade (31). As adies dos cimentos podem reduzir a velocidade de penetrao, estas

    reduziro a porosidade do beto devido aos produtos resultantes bastantes finos, resultantes da

    combinao com Ca(OH)2 formando silicato de clcio hidratado, este silicato dificultar a difusibilidade

    de dixido de carbono (33).

    2.3.2. CLORETOS

    O beto inerentemente durvel quando exposto aos cloretos (34), contudo o ataque de cloretos

    considerado um dos mais importantes fatores que afetam a vida de servio das estruturas de beto

    armado, a degradao dessas estruturas devido penetrao dos cloretos tm criado problemas srios

    na engenharia civil durante muitos anos (35). O seu processo rpido (alguns anos) e d-se atravs de

    2 etapas sendo a primeira denominada de iniciao, esta caracteriza-se pela diminuio da alcalinidade

    e pela penetrao de cloretos at atingirem o limite critico, esta etapa no gere perda de funcionalidade

  • Corroso das armaduras no estruturais em elementos de beto armado

    18

    da estrutura (22). A segunda etapa ocorre aps a despassivao das armaduras, a partir da perda da

    proteo do ao comea o processo de corroso e posteriormente a degradao do beto armado devido

    corroso das armaduras (36). Ao contrrio da carbonatao formam-se macro clulas de corroso por

    ao dos cloretos, sendo as zonas catdicas muito superiores s zonas andicas podendo ser o seu grau

    de proximidade muito varivel (22), esta desproporo das zonas catdicas face s andicas tem como

    consequncia um aceleramento na corroso das armaduras, dissolvendo o ao nas zonas andicas devido

    s altas densidades de corrente nessas zonas. A corroso geralmente localizada ou por picados, mas

    pode tambm ser considerada no geral quando o nvel de contaminao muito elevado. A taxa de

    corroso por aes dos cloretos variam entre os 50 a 100 m/ano em betes de boa qualidade e 100 a

    500 m/ano em betes de baixa qualidade (28), muito superior carbonatao.

    2.3.2.1. PENETRAO DOS CLORETOS

    Os cloretos penetram-se do exterior para o interior do beto atravs de vrios mecanismos,

    nomeadamente permeao, absoro ou difuso (22). Estes mecanismos podem ocorrer em simultneo

    ou isoladamente. A permeao consiste no transporte dos cloretos atravs de lquidos ou gases atravs

    da presso exercida sobre o beto, como por exemplo em estruturas submersas onde a presso torna-se

    elevado devido ao peso da gua. A absoro ocorre apenas quando a estrutura encontra-se em ciclos de

    molhagem e secagem. Na fase de molhagem ocorre a penetrao de cloretos por capilaridade e assim

    que ocorrer a secagem, apesar de a gua se evaporar os cloretos mantm-se no interior do beto e

    acumulam assim nas sucessivas molhagens e secagens, quantidades de cloretos superiores ao seu meio

    envolvente (ocorre principalmente em zona de rebentao das ondas e das mars). A difuso no

    corresponde troca de lquidos entre o beto e o meio mas sim na criao de uma ponte entre lquidos,

    para isso o beto deve possuir lquidos e o seu meio envolvente tambm. Desta forma quanto maior for

    a porosidade do beto (macroporos) maior ser o risco de ataque de cloretos, devido a existir mais espao

    livre entre o beto para uma maior concentrao dos referidos agentes (22).

    Zhiwu Yu elaborou testes emergindo amostras de beto de classe C50 numa soluo saturada de calcrio

    com 5% de cloreto de sdio a 20 durante 28 dias e mediu a concentrao dos cloretos no beto de

    acordo com a profundidade (35). Na Figura 2.11 indica que o contedo de cloretos diminui com o

    aumento da profundidade tal como a carbonatao, as respetivas curvas so um ajuste dos dados

    recolhidos os quais possuem uma margem de erro pouco significativa.

  • Captulo 2 Estado de arte

    19

    Figura 2.11 Profundidade de penetrao cloretos da experincia de Zhiwu Yu (35)

    O contedo de cloretos e sua profundidade de penetrao aumentam com o tempo, onde o valor mximo

    de cloretos atingido primeiramente na superfcie do beto. Quanto maior for a profundidade de

    penetrao menor ser a sua velocidade porque o salto da curva dos 28 dias para a curva dos 3 meses

    muito superior da curva dos 3 meses curva dos 4 meses, tal deve-se ao preenchimento dos vazios pelos

    cloretos dificultando a entrada dos mesmos (35), a velocidade neste caso decrescente mas no

    uniforme. Observa-se tambm que o incio da curva dos 28 meses menos acentuada que as restantes

    curvas e medida que a sua concavidade se situa mais profunda (com o aumento do tempo), a zona

    antes da concavidade tende a formar uma reta, tal indica que a velocidade de penetrao at os 0,20 %

    de contedo de cloretos superior, a acelerao de penetrao mxima em cerca de 0,016 % (teor

    existente j no beto muito antes da cura) e d-se uma desacelerao at esta chegar a zero nos 0,20%,

    aps tal acontecimento a velocidade constante. O contedo de cloretos nunca zero porque o mesmo

    j existe no beto no momento da sua conceo (37). Quanto maiores forem as foras de compresso no

    beto, maior ser a concentrao de cloretos na superfcie do mesmo devido s suas caratersticas como

    por exemplo a microestrutura, a porosidade e a saturao inicial que influencia o gradiente de

    concentrao dos cloretos (35).

    Quanto s vrias classes do beto, observa-se que quanto melhor a qualidade do beto mais difcil a

    penetrao dos cloretos (35).

  • Corroso das armaduras no estruturais em elementos de beto armado

    20

    2.3.2.2. LIMITE CRTICO DE CLORETOS

    No momento de amassadura do beto e pelo contato com um ambiente contaminado com cloretos, estes

    integram-se no beto sob 3 formas: dissolvem-se na soluo do beto sob a forma de cloretos livres

    (agressivos), absorvem-se quimicamente ao aluminato triclcico (C3A sal de Friedel, no agressivos)

    e fisicamente na superfcie dos poros (no agressivos) (Figura 2.12) (2).

    Figura 2.12 Formas de aparecimento dos cloretos

    Os cloretos livres so os principais intervenientes na corroso das armaduras, desta forma medida que

    estes se combinam quimicamente a C3A, resulta na reduo da velocidade de penetrao assim como

    na reduo de cloretos livres (22). O fenmeno da corroso desencadeia-se quando o teor de cloretos

    livre atinge um certo limite, o qual de difcil compreenso pois existem vrios fatores que o

    influenciam. O limite de teor de cloretos admissvel varivel e depende da alcalinidade do meio, sendo

    o limite superior quanto mais elevada for a alcalinidade (38). Depende ainda de outros fatores j

    abordados na carbonatao como: o tipo de cimento; a compactao e cura; a razo gua/cimento; a

    temperatura; a humidade; a profundidade da carbonatao; e o estado de conservao dos vares (2).

    Tipo de cimento

    Quanto melhor for a qualidade do beto e a espessura do recobrimento, maior ser o limite do teor de

    cloretos para o incio da corroso, tanto a especificao LNEC E 464 como a NP EN 206-1 estabelecem

    diferentes classes de exposio a aplicar nos diferentes casos (tais classes sero reveladas no capitulo

    do enquadramento legislativo na presente dissertao).

    Compactao e cura

    A compactao como o nome indica consiste em compactar o beto, isto , provocar a sada do ar

    existente no beto atravs do rearranjo das partculas do mesmo. Esta sada do ar resulta numa menor

    porosidade que por sua vez resulta numa menor penetrao dos cloretos. A cura e o seu perodo ir

  • Captulo 2 Estado de arte

    21

    determinar o grau de hidratao das partculas de cimento na camada superficial do recobrimento, a um

    aumento do perodo conduz a um aumento da resistncia penetrao dos cloretos

    Razo gua/cimento

    Como foi estipulado anteriormente, quanto maior for a dimenso dos poros mais fcil ser a penetrao

    dos cloretos atravs dos lquidos, quanto aos gases, estes no dependem do tamanho dos poros mas sim

    de toda a estrutura porosa devido s suas molculas serem muito inferiores s molculas de lquidos.

    Com uma reduo da razo gua/cimento (sem considerar outras adies), os poros tendem a reduzir de

    tamanho reduzindo assim a permeabilidade e consequentemente a entrada de cloretos. Apesar de o

    tamanho dos poros ser um fator determinante na penetrao dos poros, a condutividade dos poros

    tambm o porque formam uma rede porosa interligada no interior do beto, esta rede pode tambm ser

    interrompida eliminando a sua continuidade reduzindo a razo gua/cimento com perodos de cura

    adequados. Esta descontinuidade deve-se formao de um tipo de gel denominada de silicato de clcio

    hidratado (CSH) resultante da diminuio de A/C. Consequncia duma menor porosidade ser o

    aumento da resistncia do beto devido a uma ligao mais resistente e menor desenvolvimento de

    cristais de hidrxido de clcio (22). Na Figura 2.13 apresenta a influncia da razo gua cimento no

    coeficiente de difuso, quanto maior a razo A/C maior o coeficiente de difuso que resulta numa melhor

    penetrao dos cloretos. De acordo com a especificao LNEC E 464 os cimentos pozolnicos e de alto

    forno so os mais indicados para estruturas inseridas em ambientes com o teor de cloretos elevado, tal

    comprova-se na Figura 2.13.

    Figura 2.13 Coeficiente de difuso com uma variao da razo gua/cimento (22)

  • Corroso das armaduras no estruturais em elementos de beto armado

    22

    Temperatura

    A variao de temperatura conduzir libertao dos cloretos combinados, ou seja os cloretos presos

    fisicamente na superfcie dos poros e quimicamente a C3A libertar-se-o para cloretos livres (21).

    Humidade

    O teor de humidade que apresenta maior risco para o ataque dos cloretos situa-se entre os 75 e 85 %,

    uma humidade at os 50% e em ambientes saturados o limite dos teor crtico de cloretos superior

    devido maior resistividade do beto e restrio do oxignio s armaduras respetivamente (Figura 2.14)

    (21).

    Figura 2.14 Limites crticos de cloretos (2)

    Profundidade de carbonatao

    Os cloretos ao atuar em conjunto com a carbonatao, aceleram o processo de corroso das armaduras

    (2.3.3).

    Estado de conservao dos vares

    O processo de corroso torna-se agravado na presena de cloretos quando existe a despassivao das

    armaduras devido ao decrscimo da alcalinidade ou as mesmas j se encontram em corroso pela

    carbonatao.

  • Captulo 2 Estado de arte

    23

    2.3.3. CARBONATAO E CLORETOS EM SIMULTNEO

    A corroso das armaduras aps a despassivao das armaduras, pode ser iniciada pela carbonatao ou

    pela ao dos cloretos e os dois em conjuntamente gerando efeitos com maior intensidade. Apesar de

    no existirem muitos estudos sobre este tema, sabe-se que na presena dos dois agentes em simultneo

    o processo de corroso pode acontecer muito antes do previsto (39). O aumento da velocidade de

    corroso est relacionado com o decrscimo da alcalinidade pela carbonatao, o pH ao descer liberta

    os ies Cl- existentes no sal de Friedel aumentando consideravelmente os cloretos livres e por sua vez a

    agressividade de corroso (40). Uma vez que o processo da carbonatao comum nos elementos de

    beto armado, as condies mais gravosas para os dois processos em simultneo sero aquelas em que

    o ambiente envolvente contem maior contaminao de cloretos, como o caso dos elementos estruturais

    junto ao mar. Os cloretos existentes entram em contato com o beto atravs das mars, de rebentao de

    ondas e salpicos e tambm so transportadas pelo vento, em zonas que o elemento esteja submerso o

    risco de corroso no grave (41). De forma a reduzir a velocidade da penetrao dos agentes nas

    situaes indicadas, deve-se utilizar o beto prescrito pelas normas com rigor.

    2.3.4. CORROSO DAS ARMADURAS

    A corroso das armaduras reconhecida como o fator predominante que limita a vida de servio de

    estruturas de beto armado, expostas a ambientes agressivos (42). A corroso eletroqumica abordada

    anteriormente pode manifestar-se atravs de diferentes formas no caso dos metais, embora possua

    mecanismos idnticos com a formao de zonas andicas e catdicas. Fong-Yuan Ma (43) diz que a

    corroso pode ser por picadas, galvnica, intersticial, filiforme, seletiva, intergranular, devido a aes

    mecnicas, microbiolgica e uniforme, onde esta ultima a nica que faz sentido salientar para esta

    dissertao tendo em conta que apenas se refere as armaduras ordinrias de ao e pr-esforo no interior

    do beto. Tal processo provoca uma reduo da armadura e diminui desta forma a resistncia trao,

    a resistncia fadiga e confere uma maior deformao ao elemento de beto armado, causa tambm a

    fissurao e a delaminao do beto, onde este perde seo e a aderncia dos vares, aumenta tambm

    a taxa de corroso (44). Pela fragilizao por hidrognio e quando na presena de fenmenos de corroso

    sob tenso, poder ocorrer a rotura frgil das armaduras ou at o colapso das mesmas (2). Uma perda de

    seo do ao pelo efeito da corroso resulta tambm numa perda de ductilidade do mesmo diminuindo

    a extenso na rotura (45).

    O dixido de carbono e os ies cloreto so os principais agentes responsveis pelo processo da corroso

    das armaduras, contudo no prejudicam a integridade do beto apesar de se encontrarem no mesmo, mas

  • Corroso das armaduras no estruturais em elementos de beto armado

    24

    quando esses agentes chegam s armaduras corroem-nas e esta corroso que trar problemas ao beto.

    So muitos os fatores que podem desencadear o processo de corroso das armaduras, sendo os mais

    relevantes: a dosagem de cimento, a razo gua-cimento, a compacidade, a homogeneidade do beto, a

    cura do beto, o estado da superfcie e presena de elevadas tenses nos vares, a humidade, o oxignio,

    a temperatura, os ies despassivantes e dixido de carbono atmosfrico (2).

    Na Figura 2.15 apresenta o perodo da corroso das armaduras de acordo com o tipo de agente agressor

    nomeadamente ataque por carbonatao e por cloretos. Em ambos os casos uma melhor resistncia do

    beto resulta num recobrimento mnimo inferior face a uma classe de resistncia mais baixa, isto deve-

    se dificuldade da penetrao dos agentes agressores no caso de um beto mais resistente (46). Quanto

    penetrao dos agentes para a mesma classe de resistncia do beto, facilmente podemos observar que

    os cloretos corroem numa escala muito superior face carbonatao, temos por exemplo um C45 aos

    90 anos tem uma penetrao de carbonatao de 1 cm enquanto que os cloretos 10 cm.

    Figura 2.15 Relao entre a espessura do recobrimento e o perodo de iniciao da corroso (2)

    2.3.4.1. CORROSO UNIFORME

    A corroso uniforme acontece em toda a superfcie do metal quando exposta ao agente corrosivo, onde

    diminui a sua espessura uniformemente (47). Na Figura 2.16 apresenta-se um exemplo de corroso

    uniforme onde podemos observar que o metal corri uniformemente de acordo com a sua exposio,

    apesar de a pea em questo possui uma camada de tinta protetora, os cloretos acabam sempre por atingir

    o metal mais rpido em certas zonas no que outras devido a irregularidades. Uma vez que os cloretos

  • Captulo 2 Estado de arte

    25

    chegam ao ao, comea o processo de corroso e a tinta (em barras de ao pintadas) volta da zona

    atingida comea-se a soltar-se volta do ao expondo mais ao aos agentes agressores, reduzindo a

    espessura at que a pea deixe de existir.

    Figura 2.16 Corroso uniforme numa varanda de ao junto ao mar

    Este tipo de corroso comum nas armaduras do beto armado quando estas esto expostas aos agentes

    agressores. No caso de elementos de beto armado, quando os agentes corrosivos destroem a pelicula

    passiva das armaduras, estas entram em corroso localizada, mais concretamente na zona despassivada

    que se expandir ao resto das armaduras atravs da degradao do beto causada pela prpria corroso

    (48). No dimensionamento de algumas estruturas, em fase de projeto, o projetista poder ter em

    considerao a perda de seco devido corroso aumentando a mesma para garantir o tempo de vida

    pretendido da estrutura (2).

    2.3.4.2. ETAPAS DA CORROSO

    A corroso das armaduras pode ser descrita em 3 etapas: o perodo da corroso inicial; a permanncia

    de ferrugem ou o perodo inicial de fendilhao; e o perodo da propagao das fendas (41). O perodo

    inicial define o tempo que demora para os cloretos presentes no ambiente chegarem ao ao, atravs do

    recobrimento e/ou acumulao em quantidade significativa no beto, de forma a destruir a pelicula

    passiva do ao e iniciar a sua corroso, durante este perodo no h a ocorrncia de danos (41). O perodo

    da fendilhao inicial define o tempo que demora para o aparecimento da ferrugem para gerar tenses

  • Corroso das armaduras no estruturais em elementos de beto armado

    26

    internas, que leva fendilhao do recobrimento e o perodo de propagao da fendilhao define a

    expanso das fendas.

    2.4. PATOLOGIAS NO BETO

    As estruturas tradicionais tm como materiais principais o beto e as armaduras nele contido

    denominado de beto armado. Sem estes dois componentes em simultneo no seria possvel suportar o

    peso das estruturas como os carregamentos previstos, utilizando apenas o beto. O beto armado

    utilizado em elementos estruturais garante a eficcia e a durabilidade dos mesmos, quando estes esto

    sujeitos a foras de trao e/ou compresso. O beto protege as armaduras contra a corroso atravs do

    recobrimento que constitui uma barreira fsica e qumica contra a entrada de agentes agressores, a

    corroso das armaduras a principal causa de deteriorao dos elementos de beto armado (20). Podem

    ser muitas as causas que originam ou influenciam este fenmeno, porm as principais so devido ao

    dos ies de cloreto e da carbonatao (49), como foram referidas anteriormente.

    Existem algumas patologias como a fendilhao, a delaminao, a desagregao do beto e a eroso que

    contribuem para a acelerao da corroso das armaduras, entre as patologias criadas no beto como

    consequncia da corroso das armaduras, como a delaminao do beto, deformaes ou at colapso

    parcial ou total da estrutura pelo desaparecimento das armaduras.

    2.4.1. FENDILHAO

    A fendilhao no beto devido corroso das armaduras tem uma influncia substancial no desempenho

    e segurana da estrutura de beto armado (Figura 2.17). No s afeta a esttica criando a necessidade de

    manuteno, como tambm acelera o processo de corroso dos vares de ao alimentando a corroso

    com oxignio e gua pela zona fendilhada, que futuramente ir criar novas fendas (1). Tanto a

    fendilhao como a delaminao iro diminuir a seo do elemento estrutural, e como resultado ir

    alterar o comportamento da estrutura e diminuir a sua capacidade de servio. A fendilhao pode ter

    diferentes origens, pode ocorrer devido s foras internas no beto de retrao ou devido variao de

    temperatura (deformaes impedidas), sendo muito comum em peas longas de beto, pode ocorrer

    devido ao excesso de carga aplicada como por exemplo em vigas, e pode tambm ocorrer devido

    expanso das armaduras durante a corroso das mesmas.

  • Captulo 2 Estado de arte

    27

    Figura 2.17 Acelerao da corroso das armaduras devido fendilhao do beto

    2.4.2. DELAMINAO

    A delaminao no beto entende-se como um destacamento de uma poro de uma pea de beto (Figura

    2.18). Pode ser provocado devido a reaes expansivas internas no beto ou devido corroso das

    armaduras sendo muito comum em armaduras corrodas muito prximas. As reaes expansivas internas

    devem-se a reaes lcalis-slicas e sulfticas, estas quando ocorrem conduzem delaminao ou

    perda de resistncia em determinadas condies, devido criao de compostos expansivos (50). A

    delaminao devido corroso das armaduras ocorre quando as mesmas expandem-se criando foras de

    trao internas conduzindo ao destacamento do recobrimento, tal acontece devido proximidade das

    armaduras entre elas que faz com que o recobrimento entre as armaduras no tenham rea suficiente

    para contrariar a tenso exercida pela expanso provocada pela corroso das armaduras. Caso a rea

    fosse suficiente ocorreria a fendilhao em vez da delaminao.

    Em ambos os casos ocorre a acelerao da corroso das armaduras, sendo esta mais acentuada na

    delaminao causada pela corroso das armaduras uma vez que as expe diretamente com o exterior,

    delaminao causada pelas reaes expansivas internas contribuir para a corroso mas numa escala

  • Corroso das armaduras no estruturais em elementos de beto armado

    28

    inferior uma vez que o destacamento poder ser at numa zona onde no exista armaduras, ou

    simplesmente a espessura do destacamento poder ser inferior do recobrimento.

    Figura 2.18 Exposio das armaduras devido delaminao do beto

    2.4.3. DESAGREGAO E EROSO DO BETO

    A pasta de cimento utilizada no beto tem uma resistncia ao desgaste inferior dos seus agregados,

    onde esta o fator condicionante para a desagregao e eroso do beto, uma vez que a desagregao e

    eroso do beto deve-se sua perda (Figura 2.19). O seu desencadeamento est associado

    movimentao fsica de partculas de lquidos, ao impacto de outros objetos assim como o deslizamento

    dos mesmos. Pode tambm ocorrer a desagregao do beto atravs de processos qumicos como a

    presena de cido, gua pura e sulfatos (51). O fogo tambm um condicionante que pode conduzir

  • Captulo 2 Estado de arte

    29

    desagregao do beto. um processo lento mas que certamente reduz a espessura do recobrimento e

    facilita a penetrao doas agentes agressores s armaduras.

    Figura 2.19 Desagregao e eroso do beto

    2.4.4. INFILTRAES

    Como foi referido na seo da fendilhao, a infiltrao uma forma de penetrao direta ao interior do

    beto, porque permite que lquidos e gases tenham acesso imediato s armaduras. Apesar de a

    fendilhao ser o processo mais comum que provoca as infiltraes existem tambm outros como por

    exemplo as infiltraes de gua em juntas de betonagens deficientes (Figura 2.20).

  • Corroso das armaduras no estruturais em elementos de beto armado

    30

    Figura 2.20 Exemplo de uma m junta de betonagem (52)

    2.4.5. DEFORMAES

    As deformaes no provocam a corroso diretamente mas podem acelerar o incio da corroso das

    armaduras. mais usual em lajes, estas aps se deformarem (como por exemplo devido fluncia)

    possuem boa capacidade de reteno de lquidos impedido o seu escoamento (poas de gua) (Figura

    2.21), devido a essa reteno faz com que a penetrao dos mesmos no beto seja mais prolongada o

    que resulta numa penetrao mais profunda, com o ciclo molhagem secagem resulta numa grande

    acumulao de cloretos a profundidades superiores ao previsto.

  • Captulo 2 Estado de arte

    31

    Figura 2.21 Acumulao de gua devido a deformaes na laje (53)

    2.4.6. DETERIORAO CAUSADA POR ERROS/DEFICINCIAS

    Alm das patologias mencionadas anteriormente que condicionam a corroso das armaduras, existem

    outros fatores que tambm iro influenciar devido a erros humanos (54):

    Problemas e/ou deficincias de projeo;

    Deficiente drenagem e impermeabilizao;

    Deficiente pormenorizao das armaduras;

    Deficiente controlo da fendilhao;

    Conceo estrutural inadequada juntas de dilatao;

    Formas estruturais sensveis deteriorao;

    Efeito de canto;

    Elementos esbeltos em ambientes muito agressivos;

    Deficiente avaliao das aes/esforos atuantes;

    Deficincias de execuo:

    o Seleo inadequada dos materiais;

  • Corroso das armaduras no estruturais em elementos de beto armado

    32

    o Fabrico do beto;

    o Cofragens deficientes;

    o Posicionamento das armaduras;

    o Recobrimentos espaadores;

    o Colocao compactao do beto;

    o Cura do beto;

    o Remoo prematura do escoramento da cofragem.

  • Captulo 3 Enquadramento legislativo

    33

    3 3. ENQUADRAMENTO LEGISLATIVO