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CORRUPÇÃO: UM PROBLEMA NOSSO

Denizia Moresqui1

Beatriz Moreira Anselmo2

RESUMO

O presente artigo contempla o relato de experiência de implementação do material

didático pedagógico que analisa a prática da corrupção por meio de textos jornalísticos

baseando-se no dialogismos de Mikhail Bakhtin. A proposta desse tema teve por

objetivo criar junto aos alunos um espaço de reflexão sobre as práticas de corrupção,

elencando em seguida alternativas necessárias para a mudança de comportamento tanto

de agentes públicos como do cidadão comum. O estudo iniciou-se com a definição do

termo corrupção, em seguida, foram lidos textos jornalísticos atuais sobre essa prática

cometida por políticos e atos desonestos do cidadão comum. Os alunos puderam

conhecer a estrutura de todos os textos abordados. Para finalizar o trabalho e estimular a

mudança de comportamento, abordou-se a ética, tanto em textos teóricos quanto em

notícias e reportagens que mostraram na prática atitudes éticas. A finalidade desse

estudo é incentivar o pensamento crítico a respeito dos textos jornalísticos com os

alunos do 9º ano “B” da Escola Estadual “Prof. Giampero Monacci” – Ensino

Fundamental, do Município de Itambé (PR).

Palavras-chave: educação, corrupção, ética, dialogismo, textos jornalísticos, Língua

Portuguesa.

1 Graduada em Letras pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Especialização em Psicopedagogia

(IESD) e Educação Especial (Faculdade Eficaz). Integrante do Programa de Desenvolvimento Educacional (2016), da SEED/PR e Universidade Estadual de Maringá. Email: [email protected] 2 Doutora em Língua e Literaturas da Língua Francesa (UNESP), professora do Departamento de Línguas

Modernas (DLM) na Universidade Estadual de Maringá (UEM).

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INTRODUÇÃO

O presente artigo tem o objetivo de apresentar a sistematização das atividades

desenvolvidas durante o Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), da

Secretaria de Estado de Educação do Paraná (SEED/PR), no decorrer dos anos de 2016

e 2017, vinculados ao Departamento de Letras da Universidade Estadual de Maringá

(UEM).

Neste documento, serão relatadas todas as etapas de implementação da

intervenção pedagógica em sala de aula da disciplina de Língua Portuguesa, com os

alunos do 9º ano, turma “B”, da Escola Estadual “Prof. Giampero Monacci” - Ensino

Fundamental. O tema de estudo é “Dialogismo da linguagem e o tema da corrupção no

Brasil”. Pois, para Bakhtin (1988): “A orientação dialógica é naturalmente um

fenômeno próprio a todo discurso. Trata-se da orientação natural de qualquer discurso

vivo.”3

Assim, foram lidos e interpretados, em sala de aula, textos jornalísticos sobre

corrupção, visando esclarecer tanto o discurso político quanto da própria mídia sobre o

tema. Além disso, também fez-se um estudo histórico sobre a corrupção no Brasil, suas

causas e consequências. Em contraponto, a ética foi abordada como forma de reflexão e

combate aos atos desonestos e transformar a cultura do “jeitinho brasileiro”. Dessa

forma, pretendeu-se levar os alunos a interessarem-se pela leitura de textos jornalísticos

como forma de estar atualizado sobre os acontecimentos do país, para que possam

interferir na história de forma consciente.

DESENVOLVIMENTO

1. Justificativa

Presente em todos os níveis sociais e esferas políticas, a prática de levar

vantagem em tudo faz com que os cofres públicos sejam saqueados, obras custem até o

triplo do valor real, estatais deem prejuízos e haja aumento de impostos para cobrir os

rombos. No setor privado, a corrupção está presente desde as relações comerciais até

nos relacionamentos afetivos. Diante desse quadro, qualquer atitude honesta vira

3 BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e Filosofia da Linguagem. Disponível

em:<http://www.fecra.edu.br/admin/arquivos/MARXISMO_E_FILOSOFIA_DA_LINGUAGEM.pdf>

Acesso 26 de agosto de 2016.

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notícia. Estaríamos então condenados a tolerar e a sofrer as consequências da corrupção

eternamente? De acordo com o filósofo Mário Sérgio Cortella (2015, p. 74): “Não

teremos corrupção em 20 anos se começarmos agora a não ter corrupção em nossa vida,

no nosso cotidiano, e também dentro da nossa casa.”

Ou seja, é preciso que o combate às práticas corruptas comece em cada cidadão.

Ao invés de apenas cobrar das autoridades públicas condutas éticas, cada um de nós

também deve ser ético, não adianta viver num país democrático se alguns eleitores

vendem seu voto, cidadãos furam fila, motoristas param em local proibido, empresários

não emitem nota fiscal, alunos colam nas provas.

É necessário que haja conscientização do que é corrupção, quais suas

consequências para as pessoas e ao país. As vantagens proporcionadas por atos ilícitos

trazem um benefício breve a um indivíduo e graves resultados à coletividade. Uma

medida que justifica o trabalho na escola sobre esse tema é apresentado pelo historiador

Leandro Karnal, parafraseando Aristóteles: “Para que haja pessoas éticas‚ tem que haver

atitudes e ensinamentos éticos. Para que haja uma sociedade ética‚ alguém tem que

ensinar e estimular o consenso e punir‚ coerção. Não existe sociedade sem coerção e

consenso.” (AUGUSTO apud Karnal, 2016)

Ninguém nasce consciente do bem comum nem ético, o ser humano imita ou

aprende condutas com outras pessoas. Se faz parte de um grupo desonesto, sem um

modelo diferente a seguir, a tendência é que continue a agir como seus pares. De acordo

com Kant (2016, p. 319),

Que virtude pode e precisa ser ensinada já de não ser ela inata, uma doutrina

da virtude é, portanto algo ensinável. Mas visto que não se conquista o poder

de pôr na prática as regras da virtude simplesmente se ensinando como se

deve comportar, ao fim de conformar-se ao conceito da virtude, os estoicos se

limitaram a entender que a virtude não pode ser ensinada meramente por

conceitos, dever ou mediante exortações (por paraenese), necessitando, ao

contrário, ser exercitada e cultivada mediante esforços, com o fito de

combater o inimigo interior dentro do ser humano (acese), pois não se pode

incontinenti fazer tudo que se quer fazer sem primeiramente ter

experimentado e exercitado os próprios poderes.

O exercício da ética, segundo Cortella (2015), pode ser transmitido através do

convencimento e da coação. Pelo primeiro, através do ensino, do esclarecimento,

poderemos convencer as pessoas a agir de determinada maneira para o bem de um

grupo. Por outro lado, quando as atitudes não mudam frente ao convencimento, entra

em cena a coação, exercida através de regras e leis punitivas, criadas para que o cidadão

não cause prejuízos ou danos a outros.

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Como nos compete o papel social de educadores, o caminho para a ética deve ser

trilhado pelo convencimento. Através de estudos sobre corrupção e ética, podemos

convencer os discentes de que é necessário mudar a si mesmo para que a sociedade e a

classe política mudem. Não devemos mais esperar que a transformação venha de cima

para baixo. Isto é, não esperar que os governantes transformem a sociedade e o cidadão;

este é que pode refletir sobre seus atos e ir, aos poucos, transformando o meio em que

vive, desde às urnas para que haja uma real mudança de condução no país. Pois, para

Karnal, “Não existe país no mundo em que o governo seja corrupto e a população honesta e

vice-versa.”4

Sendo assim, é fundamental que alguém mude sua conduta. Como não podemos

educar nossos políticos novamente para que reflitam sobre seus atos ilícitos, deixaremos

que a justiça os convença através da coação. Cabe a nós, professores, refletirmos sobre

nossa prática e buscar meios para formar cidadãos éticos. A escola democrática visa o

bem comum, para isso, ensinar ética aos alunos é fundamental. Como o ser humano é

um ser social, é necessário que ele trabalhe em prol da coletividade, como ressalta

Cortella, “Fazer a formação de pessoas para que consigam entender o sucesso individual

a partir da referência da abundância coletiva, é decisivo.” ( 2015, p. 30)

Além disso, Cortella chama a atenção para o papel da escola na politização dos

alunos, sem partidarismo, e sim no sentido de comunidade, pois para ele,

Há uma diferença entre partidarizar e politizar. Mas a política no sentido

amplo de cuidar da vida coletiva e da sociedade é, sim, obrigação escolar, e

componente essencial do currículo. Não pode a escola furtar-se ao mundo da

política, porque isso implicaria diretamente a impossibilidade da cidadania.

(CORTELLA, 2015, p. 51)

Não cabe à escola levar o aluno a aceitar ou rejeitar qualquer partido político,

pois isso seria incoerente com o papel democrático da instituição. Porém é preciso

conscientizar os educandos sobre a responsabilidade de cidadãos frente à vida pública.

Ou seja, todos nós devemos ser fiscais das ações dos agentes públicos. Eles administram

os impostos que os cidadãos pagam e esses recursos devem ser bem empregados para

melhorar a qualidade de vida da população. Se não houver a fiscalização e cobrança da

4 GLOBO COMUNICAÇÃO E PARTICIPAÇÕES S.A. 'Não existe país com governo corrupto e

população honesta', diz historiador. G1- Oeste e Sudoeste – PR. http://g1.globo.com/pr/oeste-

sudoeste/noticia/2016/05/nao-existe-pais-com-governo-corrupto-e-populacao-honesta-diz-

historiador.html (acesso em 16 de dezembro de 2017)

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sociedade, os recursos podem ser mal aplicados ou ainda desviados para contas

particulares de governantes e funcionários públicos.

Para analisar os textos jornalísticos a respeito de corrupção, será utilizada a

teoria da linguagem de Mikhail Bakhtin (1895-1975), Marxismo e Filosofia da

Linguagem (2016). O círculo de Bakhtin, como ficou conhecido um grupo de

pensadores russos do início do Século XX, dedicou-se ao estudo da linguagem como

meio de interação através do diálogo (Pinheiro, 2016). Para Bakhtin, a aquisição da

língua materna não se dava por meio do estudo de regras gramaticais ou de dicionários,

mas por meio dos enunciados concretos ouvidos e reproduzidos pela criança. Sendo

assim, a linguagem só existe em situações de comunicação.

A responsabilidade pela escolha do estilo e composição do discurso é do agente

das relações sociais, que utiliza outros enunciados para compor suas falas e textos,

tendo em vista a situação de comunicação do momento. A relação entre locutor e

interlocutor é de igualdade, visto que o primeiro escolhe as palavras para formular seu

enunciado e o segundo interpreta a mensagem formulando sua opinião sobre a mesma.

Bakhtin queria analisar o funcionamento real da linguagem, para isso, ele

estudou os gêneros do discurso. Pois, é através do gênero que a vida e a linguagem se

relacionam, no gênero que se dá o uso real da linguagem. Fiorin (2016) afirma ainda

que, por estudar um sistema virtual da língua, o qual parece não ter nenhum significado

para os estudantes, o sistema de ensino brasileiro está falido. Sendo assim, a obra de

Bakhtin ajudaria muito na prática dos professores, no sentido de dar novo significado ao

estudo da língua materna. Ou seja, os alunos precisam perceber que as aulas de

português na escola tem relação direta com o uso cotidiano da língua. Assim, o interesse

e dedicação deles pelo ensino serão mais intensos.

Como os textos jornalísticos são escritos a partir de situações reais do cotidiano,

a teoria da linguagem de Bakhtin é essencial para o presente projeto. Visto que colocará

o discente frente a notícias e artigos que foram produzidos em um contexto real e não

virtual. Com os subsídios teóricos bakhtinianos, o diálogo do aluno leitor com os textos

jornalísticos tende a fazer com que este reflita sobre as mensagens e expresse sua

opinião sobre as mesmas, tornando-se agente do seu conhecimento.

2. Revisão bibliográfica/fundamentação teórica

"Deputado tem que ganhar bem para não se envolver em escândalos como os

que a gente tem visto no Brasil". Ademar Traiano, Deputado Estadual, Presidente da

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Assembleia Legislativa do Paraná, sobre aumento de salários dos deputados - Beller,

2016.

“Não tem preço que pague a pessoa ser honesta. (...) Não é correto a gente ficar

com as coisas dos outros.” Ednaldo Sizenando da Silva, carroceiro pernambucano, estava

desempregado quando devolveu uma bolsa com sete mil reais encontrada numa rodovia. 5

O que torna uma pessoa corrupta ou ética? Grau de escolaridade, renda,

ambiente em que vive, escolhas? Para refletirmos sobre tais questões, é necessário

entender melhor o que é corrupção e o que é ética, e como essas condutas interferem no

caráter e nas atitudes das pessoas.

A palavra corrupção sempre esteve presente na imprensa nacional, dada sua

frequência nas escalas políticas e sociais. Porém, há dois anos, as notícias sobre o tema

vêm aumentando com a contribuição da Operação Lava Jato, um trabalho de

investigação da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, que começou como

investigação de um caso de lavagem de dinheiro por doleiros de Londrina-PR, e vem

desnudando uma rede de corrupção envolvendo todo o país. A investigação engloba

grandes empresas, funcionários de estatal petrolífera e políticos dos Poderes Executivo e

Legislativo, que se uniram para superfaturar obras, desviar recursos e lesar o patrimônio

público. O que mais há de inédito nesta Operação, como destacou o historiador Leandro

Karnal em sua palestra “A essencialidade da democracia para vencer a corrupção” é

que,

Nunca havíamos prendido pessoas do próprio governo. Sempre os

governos prendem pessoas do governo anterior. Os militares

prenderam‚ por exemplo‚ Carlos Lacerda. Os militares‚ por exemplo‚

prenderam Juscelino Kubitschek para averiguações. Getúlio mandou

prender Whashington Luiz‚ mas ele foi para o exílio. Prenderam-se

sempre os elementos do governo derrotado‚ nunca do governo

vigente‚ já que ética era algo a ser cobrado dos que governaram antes

de mim ou‚ como diziam as autoridades coloniais‚ depois de mim virá

aquele que me fará grande. (AUGUSTO apud Karnal, 2016)

Dados publicados por Camargo (2016) informam que a corrupção custa ao

Brasil cerca de R$ 69 bilhões por ano. Sem esse prejuízo, haveria um aumento de 16

milhões de vagas do ensino fundamental, mais de 300 mil leitos em hospitais, o

5 GLOBO COMUNICAÇÃO E PARTICIPAÇÕES S.A. Carroceiro devolve bolsa e como recompensa

ganha emprego. G1/Jornal Nacional. Disponível em: <http://g1.globo.com/jornal-

nacional/noticia/2016/06/carroceiro-devolve-bolsa-e-como-recompensa-ganha-emprego.html> Acesso em

10 de junho e 2016

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programa de habitação poderia crescer em mais de 70%, além de melhorias na

infraestrutura do país em ferrovias, portos e aeroportos. Em matéria publicada no dia

16/3/2016, no site da BBC Brasil, o Procurador Geral da República, Rodrigo Janot,

afirma que a Lava Jato já recuperou R$ 4 bilhões para os cofres públicos. Um acordo de

leniência entre uma das empresas investigadas e o Ministério Público Federal,

homologado pelo Juíz Federal Sérgio Fernando Moro, no dia 8/5/2016, restituirá mais

um bilhão de reais ao país. Mas para a Polícia Federal, ainda há muito a recuperar, pois

estima-se que os desvios da petrolífera podem ser de quarenta e dois bilhões de reais.

(FERNANDES, 2016)

De acordo com o Dicionário Etimológico (2016), a palavra corrupto é de origem

latina, corruptus, e significa o que é corrompido, podre, que se deixou estragar. Na

linguagem figurada, a corrupção passa a ser a designação de atos ilegais que tendem a

corromper para conseguir vantagens ou dinheiro, é o apodrecimento do caráter. Segundo

Cortella (2015, 31-2), “A podridão na relação de convivência, de condomínio, é quando

eu trago para o meu exclusivo interesse, para minha satisfação, aquilo que poderia ser

colocado a serviço da decência na convivência com outras pessoas.”

Podem se considerar dois tipos de corrupção, a ativa e a passiva. A ativa é

caracterizada quando alguém oferece dinheiro ou vantagem a outrem para obter algo

ilegal; a corrupção passiva é considerada quando a pessoa pede dinheiro para conceder a

ilegalidade. De qualquer forma, há sempre o corruptor e o corrompido em um esquema

de corrupção.

Seria o Brasil um país totalmente corrupto? O filósofo Mário Sérgio Cortella, em

entrevista citada pelo Portal Raízes, afirma que apenas 5% do brasileiros são “canalhas”,

os outros 95% são de pessoas honestas. Porém, essa minoria teria conseguido convencer

a todos os brasileiros que é invencível e que ser honesto é ser ingênuo. Sendo assim,

combater a corrupção seria algo praticamente impossível. (CORTELLA, 2016b)

Para entender como se chegou a essa falácia, é necessário conhecer um pouco da

história da corrupção no Brasil. Pois, esta influencia diretamente no modo de pensarmos

e agirmos, sem que, muitas vezes, tenhamos percepção disso.

Em depoimento ao Programa Mais Você, da Rede Globo de Televisão, no dia 13

de maio 2016, o historiador Clóvis Bulcão, professor do Instituto Superior de Educação

do Rio de Janeiro, disse que a corrupção teve início no Brasil logo após o

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descobrimento, na construção da primeira capital, Salvador. Numa combinação entre

autoridades e empreiteiros, houve fraude nas licitações.

Na época da exploração do ouro, os cidadãos tentavam enganar a Coroa

Portuguesa enviando o metal precioso dentro de imagens ocas de santos. Daí teria

surgido a expressão “Santo do Pau Oco”. Outro exemplo de corrupção aconteceu no

Palácio da Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro, sede oficial da família Real

Portuguesa, a partir de 1808. Boatos de roubalheira no Palácio tomaram conta da

cidade, principalmente na ucharia, uma espécie de despensa, com compras que

levantavam suspeitas.

Ainda segundo o depoimento de Bulcão, a corrupção não era exclusividade dos

governantes, padres também se mostravam corruptos por burlarem as regras da Igreja se

casando, tendo várias mulheres, ou cometendo outros atos pecaminosos segundo regras

bíblicas ou doutrinas eclesiásticas.

Em 1936, Sérgio Buarque de Holanda, no livro Raízes do Brasil (2016), dá uma

explicação ao caráter do povo brasileiro descrevendo o “homem cordial”, como aquele

que coloca as emoções e as relações familiares acima da razão e do profissionalismo.

Com isso, esse homem não separa a coisa pública da privada.

Já se disse, numa expressão feliz, que a contribuição brasileira para a

civilização será de cordialidade – daremos ao mundo o “homem

cordial”. A lhaneza no trato, a hospitalidade, a generosidade (...) Seria

engano supor que essas virtudes possam significar “boas maneiras”,

civilidade. São antes de tudo expressões legítimas de um fundo

emotivo extremamente rico e transbordante. Na civilidade há qualquer

coisa de coercitivo – ela pode exprimir-se em mandamentos e

sentenças. (HOLANDA, 2016, p. 147)

Atuando com essa cordialidade e amizade nas relações sociais, o brasileiro acaba

burlando regras e leis para favorecer quem é de seu círculo familiar ou de amizades.

Seria uma maneira de ser querido pelos outros e/ou ficar com créditos de favores que

poderiam ser usados posteriormente. Dessa prática, surgem o nepotismo, as fraudes em

licitações, em concursos públicos, entre outras irregularidades.

A cultura de “levar vantagem em tudo” tornou a corrupção corriqueira no Brasil.

De acordo com João E. Neto (2016), essa cultura deriva das dificuldades do brasileiro

de sobreviver que, inserido numa sociedade cruel e abandonado pelo poder público, foi

criando formas de burlar regras para manter a vida. Mas esse jeitinho acabou se

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transformando em malandragem, uma forma de enganar as pessoas e se esquivar das

leis. Então, quem conseguia prevalecer sobre os outros através da malandragem, com o

tempo, passa a ser admirado.

A partir disso, o malandro passa a ser visto como exemplo a ser

seguido, torna-se um referencial para o "dever ser" e se transforma em

um "paradigma ético paralelo". Assim, a malandragem - que, de

início, foi impulsionada pelas imposições de conservação da vida - se

converteu em referência para si mesma. Tornando-se uma espécie de

categoria ético-metafísica, ela se transformou em valor moral e passou

a ser norteada por si mesma. A malandragem se transfigurou em

modelo ético para a própria malandragem. (E. NETO, 2016, p. 4)

Assim, a malandragem foi passada de geração em geração como se fizesse parte

do caráter do povo brasileiro. Na década de 1940, surge a expressão “jeitinho

brasileiro”, que traduz essa forma do povo driblar as dificuldades do cotidiano. De

acordo com o Site de Curiosidades, a expressão teria surgido quando um médico

húngaro, Peter Kellemen, mudou-se para o Brasil em 1946. Para regularizar sua

situação neste país, ele foi até o consulado geral, onde o cônsul José de Magalhães e

Albuquerque facilitou a emissão do visto, registrando Peter como agrônomo e não como

médico, atitude que surpreendeu o estrangeiro. (MIRANDA, 2016)

Atualmente, para se eximir da culpa de pequenos delitos, o cidadão brasileiro

toma como base os atos corruptos dos políticos de Brasília. Ou seja, se o poder central

pode se locupletar desviando recursos públicos, por que o povo tem que seguir todas as

leis? E assim furamos fila, colamos na prova, escondemos bens e dinheiro da declaração

de imposto de renda, estacionamos em local proibido, etc. Dessa forma, cria-se a falsa

ideia de que se ninguém cumpre a lei, não há ninguém errado. Assim se forma uma

consciência social de que pequenos delitos não causam nenhum problema. Porém,

Bulcão (2016) destacou que não há dimensionamento entre delitos grandes ou pequenos

diante da lei. O historiador concluiu seu depoimento, ao Programa Mais Você, dizendo

que o Brasil só se tornará um país melhor quando toda a sociedade se conscientizar de

seus erros e decidir mudar o comportamento.

Para Filgueiras (2016), a corrupção também é uma herança cultural, por isso ela

seria tolerada no país. “Dessa forma, a corrupção é fruto da herança deixada pelos

colonizadores portugueses, que confere ao Brasil um forte caráter de sociedade

tradicional, onde a corrupção é prática corriqueira em função da ausência de

capitalismo, em particular do mercado.” Seria preciso rejeitar essa herança para que o

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Brasil deixasse a corrupção de lado. A partir do Século XX, através da modernização da

administração pública, houve a tentativa de ruptura com o passado patrimonialista, no

qual os líderes políticos não separavam o patrimônio público do privado. Foi uma

tentativa de forjar a administração governamental nos parâmetros do capitalismo e do

desenvolvimento político, racionalizando-os. Tendo em vista os grandes casos de

corrupção atualmente vinculados pela mídia, conclui-se que a máquina pública ainda

não foi modernizada.

Outro viés para explicar a tendência corrupta do país seria o caráter do

brasileiro, que usaria a malandragem e o jeitinho para conseguir levar vantagem nas

relações sociais e econômicas. Porém, para Filgueiras “A corrupção não está

relacionada ao caráter do brasileiro, mas a uma construção social que permite que ela

seja tolerada como prática.”6

A aceitação a atos corruptos não estaria no indivíduo e sim no pensamento

social, na cultura. A coletividade tende a tolerar a corrupção sistêmica. Mas se essa

prática faz parte da história do Brasil, por que os crimes de corrupção atuais chamam

tanto a atenção da mídia e da população? De acordo com Cortella e Barros Filho,

Nós não temos no Brasil mais corrupção do que tivemos; temos mais

denúncia e recusa. Nós não temos mais sujeira; temos a descoberta do

pó e da sujeira acumulada com o levantamento do tapete. Nós temos

democracia, portanto imprensa livre, plataformas digitais que indicam

os rastros deixados pela corrupção pública estatal e pública privada, e

podemos constatar que temos uma recusa maior a ela. (2014, p. 98)

A liberdade proporcionada pelo regime democrático fez com que os fatos

relativos à corrupção se tornassem públicos e pudessem ser investigados. O que seria

praticamente impossível numa ditadura.

Sendo a Democracia o sistema político do Brasil, o governo do povo para o

povo, a população elege diretamente seus representantes. Ou seja, todas as pessoas que

ocupam cargos eletivos e cometem crimes contra o patrimônio público procedem de

diversas camadas sociais e só chegaram ao poder através do voto direto. Elas

compartilham a mesma cultura e valores do restante da população. O que leva a crer que

a corrupção não é só um problema político, mas também social. Então, para mudar a

6 Filgueiras, Fernando. A tolerância à corrupção no Brasil: uma antinomia entre normas morais e

prática social. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-

62762009000200005&script=sci_arttext&tlng=ES> Acesso 8 de maio de 2016.

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política, é necessário começar pela sociedade. É preciso conscientizar as pessoas dos

danos que pequenos atos corruptos podem acarretar ao caráter de cada cidadão, assim,

quem engana no troco hoje, pode superfaturar uma obra milionária amanhã. Pois, de

acordo com Cortella, “O apodrecimento dos valores éticos positivos se inicia também

com pequenos delitos, infrações, aceitações, conivências.” ( 2015, p. 74)

Para entender os “valores éticos” é necessário entender o que é Ética. Essa

palavra, de origem grega, deriva de ethos que, de acordo com o Dicionário de Filosofia

de Sérgio Biagi Gregório (2016), significa morada, ou seja, o lugar onde o indivíduo se

abriga. O segundo sentido da palavra é o modo de ser, hábito. De ethos deriva a palavra

Ética. Em entrevista ao Programa do Jô, exibido pela Rede Globo de Televisão e

disponível no site You Tube, o filósofo Mário Sérgio Cortella nos dá uma definição bem

clara do que é Ética:

Ética é o conjunto de valores e princípios que usamos para responder a

três grandes questões da vida: (1) quero?; (2) devo?; (3) posso?

Nem tudo que eu quero eu posso; nem tudo que eu posso eu devo; e

nem tudo que eu devo eu quero. Você tem paz de espírito quando

aquilo que você quer é ao mesmo tempo o que você pode e o que você

deve. (CORTELLA, 2016)

A ética é a forma de fazer escolhas que nos deixam tranquilos com nossa

consciência. No livro Ética e Vergonha na Cara (2014) de Cortella e Barros Filho,

Cortella conta a história real de uma corrida de cross–country. O corredor queniano,

acreditando já ter ultrapassado a linha de chegada, para de correr e começa a

comemorar. Logo atrás vinha um espanhol, que poderia ter vencido facilmente o

concorrente. Mas ao invés disso, o espanhol avisou ao queniano que este não havia

ganho, até o empurrou para que continuasse a correr e vencesse a prova. Isso é uma

atitude ética, fazer o bem porque é o certo, mesmo que esse certo nos tire a vantagem

sobre o outro. O resultado que os dois corredores queriam era a vitória, mas, de acordo

com Cortella, não se pode fazer qualquer negócio para se chegar à meta. É preciso que o

caminho seja justo, ético. Jesus Cristo nos deu um ensinamento para agirmos

corretamente em relação ao outro: “Assim, em tudo, façam aos outros o que vocês

querem que eles lhes façam; pois esta é a Lei dos Profetas". (MATEUS, 7:12)

Ninguém quer ser ludibriado, roubado, traído, injustiçado enfim. Então é preciso

não ludibriar, roubar, trair ou ser injusto com o outro, um exercício que deveria ser

constante na vida em sociedade. Bem simples. Mas a simplicidade nem sempre é o

caminho trilhado por cidadãos e autoridades. De acordo com Kant (2016, p. 328), “A

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ginástica ética, portanto, consiste apenas em combater impulsos naturais o suficiente

para capacitar a dominá-los quando surge uma situação na qual ameaçam a moralidade;

consequentemente, nos torna bravos e jubilosos na percepção de nossa liberdade

restaurada.”

Mas nem todos querem vencer a luta contra seus próprios interesses. Diversos

estudos científicos foram feitos para observar o grau de honestidade das pessoas frente a

situações em que poderiam levar algum tipo de vantagem ilícita. De acordo com o

neurocientista argentino Facundo Manes, em artigo publicado pelo jornal eletrônico El

País,

Mediante o estudo de nosso comportamento evolutivo e a resolução de

dilemas morais, foi observado que não importam a cultura, idade,

classe social e religião, o homem é corrupto por natureza: pensa

primeiro no bem próprio e depois considera regras morais e sociais;

suas punições e suas percepções. Não realizar atos de corrupção

implica uma atitude pró-social frente a uma atitude que visa

exclusivamente o bem individual. A lei e o olhar social influem

positivamente em nossa conduta. (MANES, 2016)

Ou seja, o ditado popular, segundo o qual “a ocasião faz o ladrão”, foi

cientificamente comprovado. Ainda de acordo com Manes, a corrupção não é algo

individual, mas social. Sem punição a este tipo de ação, pessoas propensas à essa prática

poderão sentir-se liberadas a corromper e a serem corrompidas. É necessário que o

cidadão sinta-se constrangido por seus pares caso cometa atos corruptos. A admiração à

malandragem precisa acabar. Só o fim da tolerância da sociedade à corrupção e a

atuação imparcial da justiça poderão neutralizar esse crime. Sem a certeza da

impunidade, políticos e cidadãos pensarão melhor antes de agir.

Ao julgar, no Supremo Tribunal Federal, mais um caso de corrupção envolvendo

um deputado federal, o Ministro do Supremo, Luís Roberto Barroso, ressaltou: “Está

em curso no Brasil uma nova mudança de paradigma: não é mais aceitável desviar

recurso público. (...) É o fim de uma era de aceitação do inaceitável.” (BARROSO apud

www.oantagonista.com/brasil/inaceitavel/, 22/06/2016)

Seria esse o fim do culto à malandragem e ao jeitinho brasileiro? Que o Ministro

Barroso tenha razão e que, realmente, esta nova era se concretize no Brasil. Pois, de

acordo com o Procurador da Justiça responsável pela Operação Lava Jata, Deltan

Martinazzo Dallagnon:

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A corrupção é uma assassina sorrateira, invisível e de massa. Ela é

uma serial killer que se disfarça de buracos em estradas, em faltas de

medicamentos, de crimes de rua e de pobreza. Estima-se que se

desviem, pela corrupção no Brasil, duzentos bilhões de reais. Este

valor poderia triplicar o investimento em saúde, ou triplicar o

investimento federal em educação, ou quintuplicar tudo que se investe

em segurança pública na Federação inteira, compreendendo estados,

União e municípios. Nós poderíamos ter um país muito melhor. 7

Só haverá justiça social no país e desenvolvimento econômico, se o combate à

corrupção sistêmica for bem sucedido. Esse compromisso é de todos numa democracia.

Portanto, a escola não pode se furtar à responsabilidade de formar cidadãos conscientes de

seu papel social de zelar pela própria ética e pela ética dos candidatos que elegem. Assim,

seremos, segundo as teorias de Aristóteles (2016), verdadeiramente felizes.

Para a análise em sala de aula dos textos relacionados ao tema da corrupção, será

necessário recorrer aos estudos linguísticos de Mikhail Mikhailovich Bakhtin (1895-

1975). A escolha do autor se deve aos seus estudos sobre o dialogismo do discurso, isto

é, a pluralidade de vozes presentes em qualquer enunciado, principalmente em relação

ao discurso político. Como o tema central deste projeto é a corrupção nas altas esferas

do poder púbico, é fundamental ter como embasamento teorias que tentam desvendar as

entrelinhas desse discurso, para melhor compreensão da construção da base do poder

através da palavra.

Bakhtin nasceu na Rússia, mas o historiador e filólogo estudou várias línguas,

inclusive a Portuguesa. Ele percebeu que todas as línguas tinham algo em comum: a

proposta discursiva e a expressão de ideias que emitiam o enunciado. Como apoiou a

Revolução de 1917 da antiga União Soviética, Bakhtin travou enfrentamentos com os

ideais de Vladimir Ilitch Lenin (1870-1924) sobre a intervenção ou não do Estado nas

propostas do Socialismo. Esses enfrentamentos fizeram com que o estudioso se

interessasse pela formação do discurso, como as línguas se relacionavam, suas partes

comuns e propostas emitidas por cada interlocutor. Além disso, foi tema de seus estudos

o discurso político russo socialista (CARVALHO, 2016)

7GLOBO COMUNICAÇÃO E PARTICIPAÇÕES S.A. „Corrupção mata’, diz procurador da Lava

Jato no plenário da Câmara. G1. Disponível em:

<http://g1.globo.com/politica/noticia/2016/06/corrupcao-mata-diz-procurador-da-lava-jato-no-plenario-

da-camara.html> Acesso em 26 de junho de 2016.

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A partir disso, Bakhtin percebeu que havia interferências na língua e seria

necessário entender suas razões de existir, por que os interlocutores emitiam pareceres e

propostas sobre os enunciados. Sendo a União Soviética de ampla extensão territorial e

cultural, o filósofo entrou em contato com inúmeras culturas, discursos e formas de

artes, podendo assim analisar diferentes formas de expressão, o que enriqueceu seu

trabalho. Seus estudos contribuíram para o campo linguístico como a apropriação do

discurso, a forma de comunicação e a ideologia entre os interlocutores e as mensagens.

Para Bakhtin, a linguagem é dialógica, ou seja, ela é responsável por estabelecer

relações entre as pessoas, na forma de intersecção ou interação. Sendo assim, o discurso

nunca seria um monólogo. Mesmo quando uma pessoa conversa consigo, há implícito

um interlocutor, sua consciência, por exemplo. Sempre que temos algo a dizer, esse

enunciado pressupõe um interlocutor, sem o qual o discurso não terá razão de existir.

A enunciação, compreendida como uma réplica do diálogo social,

é a unidade de base da língua, trata-se de discurso interior (diálogo

consigo mesmo) ou exterior. Ela é de natureza social, portanto

ideológica. Ela não existe fora de um contexto social, já que

cada locutor tem um “horizonte social”. Há sempre um interlocutor,

ao menos potencial. O locutor pensa e se exprime para um auditório

social bem definido. (BAKHTIN, 2016, p.17)

Segundo esse autor, havia uma diferença entre diálogo e dialogismo. O primeiro

seria uma interação harmoniosa entre as partes envolvidas, chegando a um consenso. Já

o dialogismo seria o discurso entre os interlocutores que não prioritariamente chegaria a

um consenso, uma concordância. Todo enunciado ao ser externado já carrega em si as

ideologias do emissor, que podem ser ou não corroboradas pelo receptor, daí provém o

dialogismo. Para haver o dialogismo é necessário a ação entre duas partes, quando se

diz algo, sempre pressupõe-se o receptor da mensagem. No discurso político, o emissor

tem em mente a classe social a que quer convencer de suas ideias, ainda que tal discurso

seja feito através de meios de comunicação que mantenham emissor e receptor

separados fisicamente, e mesmo que tais ideias não sejam necessariamente a opinião

verdadeira do emissor. De acordo com o próprio Bakhtin,

A orientação dialógica é naturalmente um fenômeno próprio a todo

discurso. Trata-se da orientação natural de qualquer discurso vivo. Em

todos os seus caminhos até o objeto, em todas as direções, o discurso

se encontra com o discurso de outrem e não pode deixar de participar,

com ele, de uma participação viva e tensa. Apenas o Adão mítico que

chegou com a primeira palavra num mundo virgem, ainda não

desacreditado, somente este Adão podia realmente evitar por completo

esta mútua orientação dialógica do discurso alheio para o objeto. Para

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o discurso humano, concreto e histórico, isso não é possível: só em

certa medida e convencionalmente é que pode dela se afastar.

(BAKHTIN, 1988, apud LIMA, p. 1, 2016)

Bakhtin classificou o dialogismo como constitutivo e composicional. O

dialogismo constitutivo mostra que os enunciados derivam de outros enunciados.

Falamos o que já ouvimos, nossas falas são formadas por nossas vivências. Os

enunciados se formam a partir de duas vozes do discurso. Seria o discurso preparado,

pré-estabelecido e não espontâneo. O dialogismo composicional diz respeito às citações

de outrem em nossos discursos. Dessa forma, há a tentativa de dar mais peso, mais força

aos argumentos. Esse tipo de discurso é muito utilizado em debates políticos, nos quais

os candidatos mais preparados têm maior chance de convencer os eleitores.

Sob esse prisma, foram analisados textos jornalísticos referentes à corrupção

durante a aplicação do presente projeto em sala de aula. Dessa forma, os vários

discursos que compõem as matérias foram analisados para a maior compreensão dos

textos, para que o aluno leitor entenda a constituição da multiplicidade de vozes em um

único texto de notícia. Nos jornais e telejornais, as notícias e reportagens não

apresentam simplesmente o fato em si. Mas carregam as ideologias do meio de

comunicação no qual foi impresso ou televisionado, a opinião da mídia perpassa a

notícia através das palavras escolhidas, do tom de voz dos jornalistas, enquadramento

das imagens publicadas, no enfoque para um fato ou outro da matéria. De acordo com a

ideologia do emissor, ele usará meios implícitos no texto para tentar convencer o

receptor de seu ponto de vista.

Além disso, para cada fato, há no mínimo dois lados que divergem de opinião e

defendem-se com uso de argumentos ou frases de efeito. Por fim, há o

leitor/telespectador que precisará levar em conta todas as vozes do texto para formar

seus valores em relação ao fato. Sem a ideia do dialogismo, que nos põe frente à

diversidade de vozes em disputa, esse leitor pode ser levado pela opinião que prevalecer

no texto. E, dessa forma, ser dominado pela visão do emissor, independentemente da

verdade. É preciso levar em conta, no contato com o texto, a situação de comunicação,

isto é, quem fala, qual sua posição social, quais as circunstâncias da produção do

discurso, tempo, espaço, contexto social, quem são os interlocutores pretendidos, tudo

isso vai moldar a intencionalidade do texto. Com essas informações, o leitor poderá

entender melhor a opinião do emissor, a partir das ideologias presentes no discurso. A

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busca da verdade é árdua, necessita de aprofundamento no estudo do texto, portanto

valer-se de um teórico como Bakhtin foi essencial para o nosso trabalho.

Resultados

Inicialmente, este trabalho seria realizado com o 7º ano. Porém, após o início das

aulas em fevereiro de 2017, analisou-se a maturidade das turmas e decidiu-se aplicar a

unidade temática ao 9º ano.

Inicialmente, apresentou-se o tema à turma. Foram colhidos os conhecimentos

prévios dos alunos sobre este, para que os educandos se sentissem atuantes do processo

de ensino, interessando-se mais pelo assunto. A maioria dos educandos falou sobre o

tema, apresentando algum fato que leu em sites ou assistiu na televisão. Evidenciando,

entre eles, alguma familiaridade com o tema.

Por meio de slides fez-se o estudo etimológico e do significado da palavra

corrupção. Para concluir, foi exibido o filme A Fábula da Corrupção, uma animação na

qual os animais de estimação do dono de um armazém, juntamente com os ratos, levam

o comércio à falência por agir de forma desonesta. Após a exibição do curta, fez-se uma

análise do mesmo através de questionário. Assim, encerrou-se a primeira parte da

unidade temática.

Na segunda parte, foram feitas leituras de textos jornalísticos sobre corrupção na

política. Além do conteúdo dos textos, foram trabalhadas também suas estruturas para

que os alunos pudessem reconhecê-las e também produzi-las. O estudo de notícias foi

bem assimilado pelos alunos. Porém, para ler uma das reportagens, eles foram levados

até a sala de informática para que o fizessem no computador. Como o texto era longo,

logo se dispersaram e quiseram ver outros sites. Então, ficou decidido que os outros

textos seriam lidos na sala de aula, para maior aproveitamento do aprendizado. Alguns

textos sobre a história na corrupção no Brasil também foram abordados. Os estudantes

ficaram impressionados ao saber que a prática existe desde os tempos em que o país era

colônia de Portugal.

Outra tipologia textual que agradou os alunos foi a charge, por ser um texto

iconográfico e humorístico. Além de analisar o conteúdo e a estrutura da charges, foram

ministradas três aulas de desenho para produção de charges. Os estudantes se

interessaram muito pelas aulas. Para compor seus próprios textos, foram levados à sala

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de aula, jornais com notícias e reportagens sobre corrupção. Porém, nem todos os

alunos concluíram suas charges.

Além de textos escritos, também foram trabalhadas notícias e reportagens de

televisão, que chamavam bem mais a atenção dos alunos por apresentar ao mesmo

tempo imagem em movimento, som e recursos gráficos.

Na terceira parte da unidade, abordou-se a desonestidade dos cidadãos. O objetivo

desse trabalho era levar os alunos a perceberem que, assim como alguns políticos, o

cidadão também pode cometer atos desonestos e que é preciso combater esse mal

também na sociedade para que haja melhorias na política.

Para iniciar o trabalho, foi projetado na TV pendrive um slide com a pergunta:

Você é corrupto? A resposta da maioria foi: não. Porém quando perguntado se eles já

haviam colado em provas, furado fila, comprado produtos piratas, muitos disseram que

sim. Um dos alunos se sentiu indignado pela comparação entre esses atos e a corrupção

praticada por políticos, por serem de menor prejuízo ao bem comum. Em seguida, foi

exibida uma reportagem sobre a corrupção do cidadão, da TV SBT. No vídeo, cidadãos

admitiam que praticavam e consideravam normal subornar policiais, furar fila, entre

outras práticas desonestas. Para muitos, “pequenos deslizes” não fazem nenhum mal ao

próximo. A reportagem incomodou muito os alunos, pois, até então, os atos de políticos

e funcionários públicos estavam sendo questionados, agora eram alguns de seus

próprios atos.

Outro texto jornalístico abordado na unidade foi a crônica: “A velha

contrabandista”, de Stanislaw Ponte Preta. Por se tratar de um texto narrativo, os alunos

estavam familiarizados com sua estrutura e puderam compreendê-lo de modo

satisfatório e também produzir suas próprias crônicas, baseadas em notícias de jornal.

Sem dúvida, a crônica foi a tipologia textual mais fácil de ser produzida pelos alunos.

Outro texto abordado nessa parte da unidade foi o cartum da personagem

Mafalda, de Quino. Além do conteúdo do texto, através de questionários, sua estrutura

foi estudada e as diferenças entre este texto e a charge. Por fim, aproveitando as aulas de

desenho já ministradas, em duplas, os alunos produziram seus cartuns.

Para sistematizar o conhecimento adquirido até aqui, foram apresentadas aos

alunos várias notícias sobre atos desonestos de cidadãos comuns. Os alunos deveriam

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escolher uma notícia e produzir, a partir dela, outro texto jornalístico, como charge,

cartum, crônica ou artigo de opinião. A maioria optou pela crônica, pela familiaridade

com textos narrativos.

A quarta parte do trabalho, abordou a ética como forma de combater a corrupção e

a desonestidade. Para chamar a atenção dos alunos sobre o tema, o trabalho foi iniciado

por fotojornalismo. Uma foto de Fábio Melo retratando uma manifestação popular na

qual uma mulher segura um cartaz com a frase: “Ética na política”, foi o fio condutor da

aula. Colheram-se os conhecimentos prévios dos alunos sobre a palavra ética. Em

seguida, através de questionário, analisou-se a fotografia, visando compreender o

contexto em que a foto foi produzida e sua estrutura.

Para complementar o trabalho, apresentou-se uma carta do leitor de um político

questionando a ética da população, o que gerou revolta entre os alunos. Na carta, o

emissor mencionava a expressão “jeitinho brasileiro” e a “lei de Gerson”. As duas

expressões foram alvo de pesquisa dos alunos posteriormente.

Além dos textos mencionados, os alunos assistiram a um vídeo de filosofia sobre

ética e moral. Para melhor aproveitamento do conteúdo, o vídeo interrompeu-se

diversas vezes para maiores explicações da professora em sala de aula e também para

questionamentos dos alunos.

Para não limitar o trabalho somente na teoria, outros textos jornalísticos escritos e

televisionados sobre atos éticos de cidadãos comuns também fizeram parte da unidade

temática. Nestes, pessoas que agiram com honestidade, viraram notícia e ainda

conseguiram emprego ou aumento de clientes. Tendo em vista que a corrupção pode

trazer vantagens, é preciso contrapor a ideia de que “o crime vale à pena”, mostrando

que agir com honestidade vale mais à pena, pois além de estar em paz com sua

consciência, o cidadão ainda foi recompensado de outras formas também.

O último tipo de texto jornalístico trabalhado foi a entrevista. Fez-se um breve

estudo de sua estrutura e, em seguida, apresentou-se a entrevista de uma procuradora da

República que falou sobre o combate à corrupção. Antes do início do vídeo, houve uma

explanação por parte da professora sobre a entrevistada e seu trabalho. Após a exibição

do vídeo, os alunos produziram perguntas direcionadas à procuradora. O questionário

foi enviado por uma rede social à ela, porém não obtivemos resposta. Então, algumas

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das perguntas foram utilizadas para formular um questionário dirigido a cidadãos

escolhidos pelos alunos para serem entrevistados.

A quinta e última parte da unidade consistia na produção de um jornal pelos

alunos e um filme de curta metragem. Como os alunos não conseguiram ou não se

dedicavam a concluir seus textos, não foi possível produzir o jornal. Então, os alunos

foram levados à sala de informática para pesquisarem frases sobre honestidade e ética.

Depois, eles recortaram de jornais textos sobre corrupção. Fez-se assim um mural com

frases sobre ética ao lado de textos sobre corrupção, que ficou exposto no pátio da

escola para apreciação dos outros alunos e funcionários da escola.

Por enfrentar várias dificuldades na produção deste trabalho, a professora pensou

em desistir de fazer o filme. No entanto, em desabafo com os alunos frente a falta de

colaboração destes com o projeto, eles concordaram em cooperar mais na realização das

atividades. Sendo assim, fez-se um roteiro, apresentado então aos alunos para eventuais

sugestões e mudanças. Houve ensaios na sala de aula e a gravação das cenas, que

duraram nove aulas em contra turno. Após a edição, o filme foi exibido aos alunos para

que pudessem sugerir mudanças. Ao verem suas imagens em tela grande e o resultado

dos seus esforços, os alunos se emocionaram e não contiveram os sorrisos. Talvez, só

então, tomaram consciência de que eram capazes de produzir grandes trabalhos.

Dificuldades enfrentadas

O planejamento da unidade temática produzido em 2016 sofreu algumas

alterações na sua aplicação em 2017, a começar pela turma. A ideia inicial era trabalhar

com o 7º ano, mas acreditou-se que a imaturidade dos alunos seria um obstáculo ao

tema. Então optou-se pelo 9ª ano.

O trabalho com textos impressos não apresentou problemas, pois era só levá-los

até os alunos. A dificuldade maior foi com os vídeos que não eram reproduzidos pela

TV pendrive, mesmo mudando-os para vários formatos. Então, era preciso ir até a sala

onde estava instalado o datashow para exibi-los, o que dispersava muito os estudantes,

perdendo assim o foco do trabalho.

Outra dificuldade era a frequência dos alunos à escola. Por inúmeras razões,

muitos alunos faltavam às aulas em dias alternados, não conseguindo assim acompanhar

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todas as fases do trabalho. Constantemente, era preciso retomar o conteúdo para que os

alunos pudessem realizar as atividades, o que atrasava o roteiro planejado.

O projeto visava, como linha de estudo, a leitura. Porém, a produção textual

também foi seu foco. No entanto, os alunos não concluíam suas produções, alguns nem

começavam por acreditar que eram incapazes ou por falta de vontade. Não era possível

dar tarefas para serem feitas em casa, pois eles simplesmente não faziam, mesmo que

envolvessem algo de que gostavam muito, como seus telefones celulares. No caso da

entrevista, foi pedido para que filmassem uma pessoa respondendo perguntas sobre

corrupção; apenas três alunos fizeram a atividade. Sendo assim, a leitura acabou sendo o

ponto principal do trabalho.

Considerações Finais

Nunca na história da humanidade houve um acesso tão rápido e fácil à informação

quanto atualmente com o advento da Internet. No entanto, a facilidade na busca pela

informação não significa que as pessoas vão querer se informar; ou ainda, que as

informações serão verdadeiras ou imparciais. Sendo assim, é necessário que a escola

estimule os alunos a lerem muito, mas principalmente lerem bem. Isto é, não adianta ler

e acreditar piamente em tudo que se lê. É preciso que o leitor saiba analisar a fundo as

intencionalidades do que é veiculado pelos meios de comunicação para que não seja

manipulado por ninguém.

O que se alcançou com o fim da aplicação da Unidade Temática na escola foi que

os estudantes conseguiram perceber a importância de se manter informados para tomar

decisões a respeito de sua própria vida e da coletividade. Como são futuros eleitores

e/ou candidatos a cargos eletivos, viram que a corrupção afeta a população de forma

negativa e que ela existe em todas as esferas sociais e não só na política. Neste ponto, os

alunos se sentiram um tanto surpresos por perceberem que pequenas faltas, como furar

fila, colar na prova, enganar no troco também são atos corruptos.

Além disso, os textos jornalísticos apresentados na Unidade ajudaram-lhes a

conhecer uma grande variedade de tipologias textuais e suas estruturas, para assim

estudá-los mais profundamente. Já para a escrita, seria preciso focar em um ou dois

tipos apenas para que o trabalho se concretizasse, o que poderá ser feito nas próximas

vezes em que a Unidade for aplicada.

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