COSMOGONIA SUMÉRIA E HISTÓRIAS E MITOS DA CRIAÇÃo

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COSMOGONIA SUMÉRIA E HISTÓRIAS E MITOS DA CRIAÇÃO No princípio, existe Nammu, o mar primordial, o 1º elemento do Universo. A deusa das águas primordiais. O mundo está unificado, num caos estático. Separação a partir de um mundo unificado, estático Para um universo bipolar Céu e Terra Um deus importante, Enki foi também conhecido inicialmente por EnKur, o senhor do Kur (o Caos), outra vez o oceano, as águas primordiais. O estanho era o ‘metal do Céu’. Supunham que a abóboda celeste fosse feita com esse metal. Localizavam-se aí a Lua, o Sol, as estrelas e os ‘deuses errantes’ (os planetas principais). Entre o Céu e o plano da Terra, uma substância – ‘Lil’, o Ar, a atmosfera, vento, sopro, espírito, preenchia o espaço. Dotada de movimento e de expansão. Da mesma matéria que a atmosfera mas com a qualidade da luminosidade, eram feitos o Sol, a Lua, os planetas e estrelas. E toda esta esfera – Terra, Atmosfera, Céu – , o Universo, enfim, mantinha-se imerso fixo e imóvel no seio de um ‘oceano infinito’. Nunca se indagaram porém sobre o que teria sido, existido, antes desse tal ‘mar primordial’, no tempo e no espaço. Quem desencadeia a Criação e mantém em acção o Universo? Os ‘Dingirs’, nome genérico para os deuses, os seres superiores de forma humana que são em geral invisíveis aos olhos dos mortais mas que tudo controlam: Céu, Ar, Terra, Mar, Sol, Lua, estrelas, planetas, etc. É dos filósofos sumérios a doutrina que se tornou dogma em todo o Próximo Oriente, a doutrina do ‘poder criador da palavra’. Temos ainda outra designação para Ki, mais numa vertente de divindade maternal: ela é Ninhursag, a ‘Senhora da Montanha’, mas em ugarítico ela é também Atiratu Yammi: ‘she who treads on the sea dragon’, na tradução inglesa – a que domina o dragão marinho. Yam é outro dos nomes do caos, desse monstro, oceano primordial, um nome cananita e babilónico. Distinguem-se então quatro divindades criadoras principais: Cosmogonia Suméria e Babilónica http://www.pauloliveira.com/CosmogSumer/Cosmog.htm 1 de 3 30/12/2013 17.37

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COSMOGONIA SUMÉRIA E HISTÓRIAS E MITOS DA CRIAÇÃO

No princípio, existe Nammu, o mar primordial, o 1º elemento do Universo. A deusa das águas primordiais. O mundo está unificado,num caos estático.

Separação a partir de um mundo unificado, estático

Para um universo bipolar Céu e Terra

Um deus importante, Enki foi também conhecido inicialmente por EnKur, o senhor do Kur (o Caos), outra vez o oceano, as águasprimordiais.

O estanho era o ‘metal do Céu’. Supunham que a abóboda celeste fosse feita com esse metal. Localizavam-se aí a Lua, o Sol, asestrelas e os ‘deuses errantes’ (os planetas principais).

Entre o Céu e o plano da Terra, uma substância – ‘Lil’, o Ar, a atmosfera, vento, sopro, espírito, preenchia o espaço. Dotada demovimento e de expansão.

Da mesma matéria que a atmosfera mas com a qualidade da luminosidade, eram feitos o Sol, a Lua, os planetas e estrelas.

E toda esta esfera – Terra, Atmosfera, Céu – , o Universo, enfim, mantinha-se imerso fixo e imóvel no seio de um ‘oceano infinito’.

Nunca se indagaram porém sobre o que teria sido, existido, antes desse tal ‘mar primordial’, no tempo e no espaço.

Quem desencadeia a Criação e mantém em acção o Universo? Os ‘Dingirs’, nome genérico para os deuses, os seres superiores deforma humana que são em geral invisíveis aos olhos dos mortais mas que tudo controlam: Céu, Ar, Terra, Mar, Sol, Lua, estrelas,planetas, etc. É dos filósofos sumérios a doutrina que se tornou dogma em todo o Próximo Oriente, a doutrina do ‘poder criador dapalavra’.

Temos ainda outra designação para Ki, mais numa vertente de divindade maternal: ela é Ninhursag, a ‘Senhora da Montanha’, masem ugarítico ela é também Atiratu Yammi: ‘she who treads on the sea dragon’, na tradução inglesa – a que domina o dragão marinho.Yam é outro dos nomes do caos, desse monstro, oceano primordial, um nome cananita e babilónico.

Distinguem-se então quatro divindades criadoras principais:

Cosmogonia Suméria e Babilónica http://www.pauloliveira.com/CosmogSumer/Cosmog.htm

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Céu An

Terra Ki

Mar EnKi

Ar EnLil

A CRIAÇÃO, SEGUNDO OS SUMÉRIOS

Outros mitos aprofundam como se terá dado a Criação:

A ‘mãe’ que deu origem ao Céu e à Terra, a deusa do mar primordial, gerou a Montanha Céu-Terra (An-Ki), a ‘Montanha Cósmica’.

Céu e Terra unidos como uma ‘montanha’. Temos o deus An (macho) e a deusa Ki (fêmea) e da sua união, um dos filhos que surge éEnLil, o deus ou ‘Senhor’ do Ar

EnLil separa o Céu da Terra. Enquanto o deus An, o ‘Senhor do Céu’, levava o Céu, o topo da montanha cósmica, EnLil levava amãe, Ki, a base, a Terra.

Uma união posterior de Enlil com a sua mãe foi assim a origem do Universo organizado que mais tarde levaria à criação de homens,animais e plantas e ao estabelecimento da civilização.

O Ar, Lil (deus EnLil, Senhor de Lil) interpõe-se assim entre o Céu e a Terra. Só com uma atmosfera, evidentemente, um planetavive(!) nos termos que conhecemos.

E da união de Enlil com uma outra deusa, Ninlil, que o mito diz ser filha da deusa Numbarshegunu (?) nascerá Nanna (ou Sin), adeusa da Lua. NinLil, na lenda, é violada por Enlil, gerando a deusa da Lua. Então a Lua é criada pela Atmosfera. E posteriormente éa Lua, Nanna, quem gera o Sol (Utu) e Vénus (a deusa Inanna). Assim como, provavelmente, os restantes planetas e estrelas. É afase de criação dos corpos astrais luminosos.

Ao tempo da geração de Nanna/Sin já existiriam então NinLil e outros deuses. As lendas falam em 50 deuses principais, os Anunnaki,os grandes deuses. Mas havia como que um ‘núcleo duro’ dos 7 deuses que decretavam os destinos: An, Ki, Enlil, EnKi, Nanna-Sin,Utu, Inanna, mas pontificando aí os 4 deuses criadores – An, Ki, Enlil e Enki (Céu, Terra, Ar e Mar). Foram eles que criaram tudo.Inclusivé, todos os outros deuses nos seus respectivos ‘pelouros’, reinos. Da ideia surgia a palavra, e daí, o ‘objecto’ – deus, coisa ouacção. E após a fase de criação dos corpos astrais teve início a existência das plantas, dos animais e da vida humana.

NOS QUADROS SEGUINTES, ESQUEMATIZA-SE O PANTEÃO SUMÉRIO QUADRO 1 QUADRO 2

O curioso Ciclo de Enki e as 8 plantas relatado numa das lendas - ver AQUI

Notas diversas

Os sumérios tinham Kur, a palavra que tanto designava abismo, caos, como montanha, país estrangeiro, ou inferno, demónio. Doponto de vista cósmico seria também o espaço vazio que separava a crosta terrestre do mar primordial. Era para aí, para o Kur, queiam as sombras dos mortos. Os babilónios usaram a palavra e divindade Tiamat, para essa divindade das águas primordiais esalgadas, associada ao mar do Golfo. Do imenso mar de água salgada, Enki conquistará o Apzu, as Águas Doces, onde constrói oseu palácio. Torna-se o senhor de Apzu. Chuva/Rios? Que irrigam a terra e faz a terra prosperar. Mais tarde para os hebreus temos oSheol, o abismo, reino de mortos. Para os gregos é o Hades. Todas as divindades em geral relacionadas com o ‘mundo inferior’ sãoclassificadas como ‘ctónicas’.

Alguns mitos contam como Gilgamesh – é esse o seu grande drama – irá passar a pertencer ao ‘mundo inferior’ e será o falecidoherói um dos ‘juízes’ dos infernos. Gilgamesh era um semi-deus, originalmente um sacerdote-rei em Uruk, e Kullaba. Um herói emvários mitos, mas mortal, como todos os humanos! Daí a sua desesperada busca da imortalidade, acompanhado do seu companheiroEnkidu. Irão até Ziousudra (o ‘Noé’ sumério, o Ut-Napishtim babilónico), aparentemente imortal, e que havia sido o único a sobreviverao Dilúvio. Ziousudra desilude-o... ‘a imortalidade é só para os deuses!’.

Sobre Asag, o monstro das profundezas e demónio da doença, as lendas babilónicas contam que não terá sido despedaçado comoTiamat mas que viverá no abismo mesmo após a criação. Encontra-se a travar as águas primordiais quando é morto por Ninurta. Aságuas sobem então e engolfam a terra. Esse deus Ninurta constrói então um dique sobre o cadáver de Asag, e pega nas águas que

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haviam subido e despeja-os no Eufrates. O Eufrates, agora em cheia, inunda, irriga as margens, o que lava a abundância à Terra. Istoacaba por ser um mito que tem a ver com as cheias anuais deste rio.

Sobre Ninurta, fala-se que possuía uma ‘arma viva’, Sharur, e que esta é que o convenceu a destruir o demónio Asag. Nalguns mitos,Ninurta surge com o nome de Ningirsu e sendo o irmão de Nanshe. Filho de Ki e de Enlil. Já nos mitos babilónicos é referido comopodendo ser uma versão ‘de base persa’ de Nergal, deus do inferno, pois é tido como esposo de Ereshkigal. Outro nome para Nergal:Erra. Ainda noutro mito, é ele quem recupera ao pássaro-demónio Anzu (Zu), as Tábuas do Destino. Ninurta é tido em geral como umdeus ‘modelo’ para o posterior Marduk, que será filho de Enki. Na mitologia hebraica, as figuras associadas às de Nergal ou Ninurtasão as do arcanjo Resheph que se identifica com a de Khamael (também Mekal, o ‘aniquilador’) e Shemhazai, o ‘porteiro do Céu’,‘derrotado por Moisés’ numa das lendas. Se Nergal é associado ao planeta Marte, aqui o Arcanjo Shemhazai, entre os hebreus,aparece contudo ligado à figura da constelação Orion, ‘pendurado de cabeça para baixo entre Céu e Terra’.

O Panteão Babilónico - ver AQUI AQU e AQUI

Apsu e Tiamat, a interligação dos dois eram as águas primordiais, Apsu, o ‘marido’ de Tiamat. Originalmente eram um só até que emluta o deus Enki separa Apsu de Tiamat. De um mundo unipolar passa-se a um universo bipolar. Apsu seria derrotado, arrancado,separado, morto por Enki, também conhecido como Ea ou Ia, por (Apsu) conspirar contra os novos deuses. Tiamat, é a deusa daságuas primordiais salgadas, associada portanto ao Golfo Pérsico. Era ela originalmente a portadora das Tábuas do Destino. Assimcomo Enki derrotou o Apzu e o vizir deste, Mummu, Tiamat seria derrotada pelo filho de Enki, Marduk. Com ela pereceria também oseu filho e segundo marido, Kingu. É Marduk quem também resgata e traz as Tábuas do Destino. É todo este processo que liberta ainformação do universo conhecido. Tiamat é em certa forma equivalente ao abismo, e ao Asag sumério. Ela é vista ainda como odesejo universal de retorno ao Caos, assim como ‘todos os rios correm para o mar!’

Kingu, é o filho de Tiamat e seu segundo marido, após a morte de Apsu. É ele quem a incita a atacar Enki. Ela entrega-lhe não só asTábuas do Destino como o comando de um exército de ‘demónios’ e deuses rebeldes que lança sobre Enki e outros para vingar amorte de Apsu. Quando do outro lado Marduk, filho de Enki, assume o comando das operações e ataca, escravizando as divindadesrebeldes e vence a batalha, exterminando as hordas do Caos. Morta Tiamat, preso Kingu, acabarão por ser os próprios ex-súbditosde Kingu aprisionados que o irão denunciar a Marduk. Marduk tomado de piedade pelos seus gritos de desespero tê.los-ia incitado adenunciar quem era o líder para que fosse esse a sofrer em seu lugar. Kingu será apontado e massacrado e o seu sangue usado nacriação do Homem. O Homem doravante deverá trabalhar, sendo então libertados os deuses rebeldes cativos de Marduk.

As Tábuas do Destino acima citadas são ‘O Livro da Vida’ referido em muitos escritos judaicos. Como vemos, de Tiamat passampara Kingu. São conquistadas por Marduk que mais tarde as dá a Enlil e são pilhadas pelo pássaro Zu ouAnzu e levadas para uma‘montanha’. Resgatadas de novo pelo deus Ninurta, morto Zu por Lukalbanda, pai de Gilgamesh, as ‘Tábuas’ ou ‘Livro da Vida’voltam a surgir na mitologia judaica nas mãos do arcanjo Ratziel que as terá entregue a Adão. Mas outros anjos invejosos pilham-nase deixam-nas cair no oceano. Rahab, outra figura mítica judaica associada aos abismos é despertada para recuperar o livro que voltaàs mãos de Adão. Da próxima vez que se ouve falar em tais Tábuas ou Livro, encontram-se já nas mãos de Noé com instruções paraa construção da Arca. Daí, as Tábuas chegarão até ao rei Salomão.

Marduk é Bel, o Senhor. Ficou famoso pela derrota que inflige a Tiamat e a Kingu, destruindo assim o Caos. Da desordem, cria, trazas leis, o Livro, as Tábuas do Destino. Por tudo isto Marduk é agora um deus superior além de divindade das Tempestades. Comoherói dos deuses, apresenta uma história semelhante ao Baal cananita. Nos mitos de Canaã, Baal derrota Yam. Marduk e o seu filhoNabu são ainda divindades solares, na linha do Osíris e do Seth egípcios. No plano astral ele é identificado com o planeta Júpiter.

Quanto a Nabu, o epíteto dele é de Deus da Sabedoria e da Escrita. Deus da Ciência e Guardião dos Deuses. Surge associado aMercúrio no plano astral, sendo assim outro dos deuses ‘errantes’. Apresenta-se na figura de um velho com longa barba e trajescompridos, ostentando na cabeça uma coroa de 100 cornos.

Zu ou Anzu é um pássaro-homem mítico, com algo de demoníaco.As suas histórias assemelham-se às de Asag, Lotan, Typhon eLeviathan, criaturas associadas aos abismos e ao ‘mundo inferior’. Surge como oposto aos deuses e relacionado à descendência‘demoniáca’ de Tiamat. Mais tarde será ele quem rouba as Tábuas do Destino que haviam passado entretanto de Marduk para Enlil.Anzu leva as Tábuas para a montanha. Vários deuses declinam a tarefa de o capturar. Por fim será Lukalbanda, o pai do rei-herói esemi-deus babilónico Gilgamesh quem se atreve a matar Zu. Mas outra lenda conta que foi o próprio Marduk quem esmagou acabeça de Zu e outras citações ainda referem a conquista de Zu pelo ‘herói dos deuses e deus do Tempestuoso Vento-Sul’, o deus

Ninurta.

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