Cosplay

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1. Cosplay Cosplay, vindo das palavras em inglês Costume (fantasia) e Play (brincar, jogar), é definido como o ato de representar um personagem ficctício, por meio de caracterização adequada, baseandose em diversos meios de entretenimentos distintos, como quadrinhos americanos (comics) e orientais (mangás), desenhos animados, animês, filmes, séries de televisão, livros e jogos, procurando interpretálo na medida do possível. Os participantes dessa atividade são chamados de cosplayers, e a realizam em eventos de cultura pop e convenções de fãs que ocorrem em diversos países. A intenção do cosplayer é a de representar o personagem da maneira mais fiel possível, tanto em caracterização quanto na representação da personalidade deste, embora a diversão maior esteja na exposição e no contato social gerado dentro do ambiente, com outros fãs, às vezes até mesmo criando interações entre personagens de diferentes obras e universos. Normalmente em eventos há espaços para apresentação teatral do personagem com música, simulação de lutas, livre adaptação e diálogo, como em uma peça de teatro. Em alguns eventos ocorrem concursos, que avaliam tanto a qualidade e proximidade com o original, quanto à interpretação; essas apresentações podem ser solo e em grupo. Em muitos concursos são aceitas somente roupas e acessórios confeccionados à mão, mas os cosplayers podem tanto providenciar o material para confecção em uma costureira, quanto fazer sua roupa inteiramente em lojas especializadas. Os gastos necessários são muito variados, pois os figurinos podem ser feitos a partir de materiais reciclados, adaptações de trajes do armário, até a confecção completa de roupas e de acessórios. Outra maneira de expor o cosplay além dos concursos é através da fotografia, buscando recriar cenas da história original, ou em situações inusitadas para o personagem, buscando também locações e cenários com uma atmosfera semelhante ao ambiente que se pretende representar. Cosplayers e fotógrafos são compartilham seus trabalhos online, geralmente por meio de blogs, redes sociais e sites de galerias onlines (como Flickr, deviantART, Instagram, Facebook, Tumblr e Twitter) ou ainda em sites de comunidades dedicados ao cosplay. É uma atividade da qual podem participar todos os tipos de pessoas, desde crianças, adolescentes até adultos, de todas as idades, gêneros, condições sociais, e preferências, sendo um passatempo como outro qualquer, com a singularidade de permitir ao participante representar seu personagem favorito durante um dia, somandose a isso todo o esforço de produzir a caracterização cuidadosamente, de maneira a tornar o personagem o mais real possível, podendo ser considerada até mesmo artística. Para muitas pessoas, porém, o cosplay deixou de ser simplesmente um hobby e transformouse em um meio de ganhar dinheiro. Diversos concursos possuem prêmios em dinheiro para os ganhadores, e nos concursos de nível mundial, esse prêmio é de uma quantia considerável. Além disso, também existem pessoas que se dedicam a fabricar cosplays e acessórios para vender. Com o reconhecimento e apreciação do seu trabalho e da fidelidade com a qual retratam os personagens, estes queridos pelo público, os cosplayers se tornam famosos e conhecidos mundialmente, sendo convidados para realizar eventos fora do âmbito das convenções, como jurados em concursos e como modelos para lojas e para eventos. Ainda, de acordo com o seu nível, podem ser contratados pelas próprias produtoras e estúdios que produzem determinado conteúdo para se tornarem promoters em eventos, sendo então “cosplayers oficiais” de determinados personagens.

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Breve definição da prática do cosplay no Brasil. História, Exemplos e Classificação

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1. Cosplay

Cosplay, vindo das palavras em inglês Costume (fantasia) e Play (brincar, jogar), é definido como o ato de representar um personagem ficctício, por meio de caracterização adequada, baseando­se em diversos meios de entretenimentos distintos, como quadrinhos americanos (comics) e orientais (mangás), desenhos animados, animês, filmes, séries de televisão, livros e jogos, procurando interpretá­lo na medida do possível. Os participantes dessa atividade são chamados de cosplayers, e a realizam em eventos de cultura pop e convenções de fãs que ocorrem em diversos países.

A intenção do cosplayer é a de representar o personagem da maneira mais fiel possível, tanto em caracterização quanto na representação da personalidade deste, embora a diversão maior esteja na exposição e no contato social gerado dentro do ambiente, com outros fãs, às vezes até mesmo criando interações entre personagens de diferentes obras e universos. Normalmente em eventos há espaços para apresentação teatral do personagem com música, simulação de lutas, livre adaptação e diálogo, como em uma peça de teatro.

Em alguns eventos ocorrem concursos, que avaliam tanto a qualidade e proximidade com o original, quanto à interpretação; essas apresentações podem ser solo e em grupo. Em muitos concursos são aceitas somente roupas e acessórios confeccionados à mão, mas os cosplayers podem tanto providenciar o material para confecção em uma costureira, quanto fazer sua roupa inteiramente em lojas especializadas. Os gastos necessários são muito variados, pois os figurinos podem ser feitos a partir de materiais reciclados, adaptações de trajes do armário, até a confecção completa de roupas e de acessórios.

Outra maneira de expor o cosplay além dos concursos é através da fotografia, buscando recriar cenas da história original, ou em situações inusitadas para o personagem, buscando também locações e cenários com uma atmosfera semelhante ao ambiente que se pretende representar. Cosplayers e fotógrafos são compartilham seus trabalhos online, geralmente por meio de blogs, redes sociais e sites de galerias onlines (como Flickr, deviantART, Instagram, Facebook, Tumblr e Twitter) ou ainda em sites de comunidades dedicados ao cosplay.

É uma atividade da qual podem participar todos os tipos de pessoas, desde crianças, adolescentes até adultos, de todas as idades, gêneros, condições sociais, e preferências, sendo um passatempo como outro qualquer, com a singularidade de permitir ao participante representar seu personagem favorito durante um dia, somando­se a isso todo o esforço de produzir a caracterização cuidadosamente, de maneira a tornar o personagem o mais real possível, podendo ser considerada até mesmo artística.

Para muitas pessoas, porém, o cosplay deixou de ser simplesmente um hobby e transformou­se em um meio de ganhar dinheiro. Diversos concursos possuem prêmios em dinheiro para os ganhadores, e nos concursos de nível mundial, esse prêmio é de uma quantia considerável. Além disso, também existem pessoas que se dedicam a fabricar cosplays e acessórios para vender.

Com o reconhecimento e apreciação do seu trabalho e da fidelidade com a qual retratam os personagens, estes queridos pelo público, os cosplayers se tornam famosos e conhecidos mundialmente, sendo convidados para realizar eventos fora do âmbito das convenções, como jurados em concursos e como modelos para lojas e para eventos. Ainda, de acordo com o seu nível, podem ser contratados pelas próprias produtoras e estúdios que produzem determinado conteúdo para se tornarem promoters em eventos, sendo então “cosplayers oficiais” de determinados personagens.

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1.1. História

Apesar de ser retratado na mídia como sendo uma moda relativamente nova, a primeira vez em que utilizaram uma fantasia durante um evento foi em 1939, durante a primeira Worldcon, a Conferência de Ficção Científica Mundial. Desde então, esta tornou­se uma prática anual em todas as edições, com concursos e atrações próprias, e mais tarde estendendo­se aos fãs de literatura fantástica e de quadrinhos.

Os primeiros cosplays de mangás/animes registrados são posteriores ao anos 70, ainda nos EUA, chegando ao Japão somente na década de 80, por meio de Nobuyuki Takahashi, um famoso diretor de filmes japonês que ficou impressionado com o costume ao visitar umaWorldcon, e começou a incentivar a prática no Japão. Foi ele quem cunhou o termo “cosplay”, que passou a ser uma definição mais correta, e que ia além de simplesmente fantasiar­se.

Os cosplays tornaram­se comuns no Japão durante das Comic Markets, criadas em 1975, que eram eventos de compra e venda de Doujinshi, conhecidas no ocidente como fanzines, revistas impressas de forma independentes, criadas por fãs, com histórias envolvendo personagens já existentes, ou originais. Esse evento se realiza regularmente em Tokyo até hoje, e os cosplays acabaram sendo muito relacionados aos personagens de animes, mangás e jogos japoneses, pois foi o nicho onde se espalhou mais rapidamente e fez mais sucesso, e com o passar do tempo, acabou ganhando destaque internacional e se estendendo a outros domínios e culturas, com eventos que ocorrem em diversos países diferentes.

Com a popularização dos animes nos anos 90, o cosplay japonês tornou­se conhecido em todo o mundo, tratando­se de caracterização de personagens pré­existentes, enquanto o cosplay inicial, criado nos Estados Unidos, tratava­se principalmente da representação de personagens originais de cada autor.

1.2. Tipos de cosplay

1.2.1. Cosplay Americano

Geralmente baseado em filmes, séries de televisão e comics, tem como foco principal os quadrinhos de heróis, da Marvel e da DC comics, por exemplo. Com o sucesso das franquias de filmes com esse foco, é cada vez maior o público que aprecia o gênero. A variedade é grande, principalmente nos quadrinhos onde o personagem pode ter inúmeras versões diferentes de acordo com a época ou o autor que o desenhou.

São exemplos os heróis de quadrinhos já conhecidos, como Superman, Batman, Spider­man, e os personagens de filmes recentes que ganham destaque, com os de Avengers, X­men, e outros. Também incluem­se cosplays de filmes baseados em livros, como Jogos Vorazes e Harry Potter, e de séries de TV, como Doctor Who. Alguns desenhos animados também são vistos nos eventos, como Avatar, Steve Universe e Hora de Aventura.

1.2.2. Cosplay Japonês

No Japão, a ideia é conceber o personagem na sua forma mais fiel possível, tanto na aparência quanto nos trejeitos, sendo praticado por uma maioria jovem e feminina. São baseados principalmente em personagens de animes e mangás, e buscam retratar o traço característicos de olhos grandes e cabelos extravagantes por meio de lentes de contato e perucas. São vistos também muitos cosplays de personagens de jogos, e mechas, que são robôs de forma humanóide.

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A variedade de mangás e animes no Japão é tão grande e conta com uma lista imensa, seria impossível listar todos, mas alguns exemplos dos mais famosos mundialmente são Cavaleiros do Zodíaco, Dragon Ball, Sailor Moon e Naruto.

1.2.3. Crossplay

Quando uma pessoa faz cosplay de um personagem de gênero oposto ao seu. É bastante comum no Japão que as meninas façam cosplay de personagens masculinos, pois esses geralmente possuem feições delicadas em seu traço, dos quais garotos raramente conseguem se aproximar. O contrário também ocorre, tanto como forma de diversão quanto legitimamente.

1.2.4. Genderbender

Se trata de transformar o personagem em questão, criando uma forma do gênero contrário do mesmo. Muitos personagens de quadrinhos, principalmente americanos, possuem versões oficiais de gênero oposto, mas a maioria deles é concebido pelos fãs.

1.2.5. Furry

São cosplays de personagens que se assemelham a animais. Geralmente são fantasias mais robustas, utilizando pelúcia e outros materiais semelhantes na confecção. Um exemplo de personagens assim são pokémons e digimons, e também personagens de desenhos infantis, como My Little Pony.

1.2.6. Mecha

Cosplays de personagens robóticos e andróides, como por exemplo, Transformers, o mega­zord dos Power Rangers ou os EVAS de Evangelion.

1.2.7. “Cospobres”

São cosplays improvisados, feitos por pessoas que não querem investir dinheiro e buscam somente a diversão. São geralmente feitos com material reciclado ou disponíveis em casa, e não procuram seguir com fidelidade o figurino do personagem.

1.2.8. Cosplay de Armário

São cosplays montados com roupas comuns que a pessoa já possui. Alguns cosplays não necessitam fantasias muito elaboradas, ou o cosplayer deseja fazer uma versão do personagem com roupas casuais. São feitos sobretudo para diversão, ou para tirar fotos.

1.2.9. Kigurumi

Kigurumi não é um cosplay, mas uma espécie de traje inteiro que se assemelha a um pijama ou macacão, e que possui a forma de algum personagem, geralmente animalzinho ou mascote. Alguns exemplos bastante usados são o Pikachu de Pokémon, o Banguela de Como Treinar seu Dragão ou o Stich de Lilo e Stitch.

1.3. Eventos

Ao redor do mundo ocorrem muitos eventos e convenções em diversos países que trazem o cosplay como uma de suas atrações. Nos Estados Unidos, um dos maiores e mais conhecidos é a ComicCon que acontece durante quatro dias em San Diego, Califórnia. Em 1970, iniciou como uma feira de compra, venda e troca de

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revistas em quadrinhos usadas, e hoje é uma das maiores convenções de cultura pop do mundo, chegando a marca de 140.000 pessoas em 2009, e reunindo fãs e grandes empresas de diversos setores, estúdios de cinema, editoras de quadrinhos, canais de televisão, trazendo atores famosos e pessoas que trabalham no ramo para divulgarem seus trabalhos e entrar em contato com o público, de forma direta.

Outro grande evento que acontece nos Estados Unidos é o Anime Expo, que acontece em Los Angeles há 24 anos, e foca mais nas produções orientais, e além das competições de cosplay e shows ocorrendo simultaneamente em diversos palcos, traz também aspectos da cultura nipônica, como danças e culinária. O evento sempre conta com convidados ilustres da indútria japonesa e americana, e reúne cerca de 125.000 pessoas todos os anos.

Na Europa, temos o Japan Expo, que ocorre há 16 anos em Paris. No seu primeiro ano, contou com mais de 3.500 visitantes, e em 2011 reuniu 190.000 pessoas, tornando­se um dos maiores eventos do gênero.

No Japão, o maior evento continua sendo a Comiket, que além da venda de revistas produzidas de forma independente, ainda trás muitas outras atrações e painéis, tendo o cosplay como um dos seus focos. Ocorre duas vezes ao ano, tipicamente referidos como NatsuKomi e Fuyukomi, contrações de Comic Market de Verão e de Inverno. Outro importante evento é o World Cosplay Summit, A Copa do Mundo de Cosplays, que acontece desde 2003, mas que a partir de 2005 passou a ter importância mundial. Dezessete países vão ao Japão para disputar esse título, e o Brasil é um dos maiores ganhadores, empatado somente com a Itália, sendo vencedor de três das dez edições anuais do concurso.

Atualmente, no Brasil temos uma grande quantidade de eventos nos quais é possível observar, mostrar e competir usando cosplay. A maior competição que há é o WCS, elaborado pela Editora JBC, que promove uma competição entre os melhores do país (previamente selecionados em seus estados) e, na final, é decidido quem viaja ao Japão para a final mundial de cosplay. Um dos maiores eventos que ocorre no Brasil é a Comic­con Experience, sendo um ramo da Comic­con original, e trazendo para o Brasil a divulgação de importantes estúdios, além de contar com a presença de atores e produtores famosos do ramo. A primeira edição foi em 2014 e foi um sucesso, com cerca de 97.000 pessoas prestigiando o evento, e em 2015 ocorrerá a segunda edição, em dezembro.

O Anime Friends é um dos maiores eventos do Brasil direcionado a animes, mangás e cultura japonesa em geral. Teve sua 1ª edição em julho de 2003 e conta hoje com um público superior a 120 mil pessoas todo mês de julho, atraindo caravanas de fãs de todo lugar do país e algumas caravanas de países da America Latina. Também é muito conhecido pelos shows, tendo trazido várias vezes cantores de K­Pop e J­Rock de renome. O evento também conta com presenças especiais de dubladores, diversas salas de grupos de fãs, workshops e cursos, e ainda com stands e lojas de produtos específicos relacionados a anime e mangá.

2. Cosplay nos Meios de Comunicação

A prática de Cosplay vem crescendo nos últimos anos no Brasil, e com isso atraindo mais a atenção das mídias de massa, principalmente da televisão, porém infelizmente, as matérias criadas e veiculadas pela TV, jornais e revistas poucas vezes trazem uma abordagem séria e informatiza sobre cosplay, muitas vezes tratando como “curiosidade bizarra” ou como nova moda entre os jovens algo que já existe há décadas, e que já se consolidou tanto no país como fora dele.

Em programas de variedades já foram feitas matérias em eventos, e trazendo cosplays para divulgarem seu trabalho, como por exemplo no Programa da Eliana, no SBT, o Esquenta e o Encontro com a Fátima Bernardes, da Rede Globo, e no Programa Sábado Total, da RedeTV. Em alguns outros programas menores

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já foram feitos algumas matérias de eventos locais, também. A TV Cultura produziu em 2009 um documentário denominado “Japão Pop no Brasil”, sobre culutra pop japonesa e que também abordaria cosplays, foi aguardado com grande expectativa por ser o primeira produção séria e profissional feita para divulgar de forma ampla essa prática, mas que acabou sendo mais uma vez pouco informativa e superficial.

A internet segue sendo o principal meio de divulgação, troca de informações e veiculação de cosplayers, tanto em blogs pessoais onde expoem seus trabalhos e eventos em que participam, quanto por meios de vídeos, de tutoriais de confecção de roupas e acessórios e de contato entre cosplayers e apreciadores do trabalho. Sendo produzido por pessoas interessadas no assunto, esse material consiste em um teor mais informativo e condizente com a realidade, tanto para quem não é conhecedor da área quanto para as pessoas que buscam saber mais sobre o assunto.

Tendo em vista que a internet seria um meio mais coerente de se realizar a divulgação de informações, excluindo a visão muitas vezes preconceituosas que as pessoas dispõem de um assunto para elas desconhecido, em algumas ocasiões acaba ocorrendo exatamente o contrário. Por exemplo, podemos citar a reportagem feita para o portal da internet Notícias Uol, com o título “Cosplay: Adolescente que se fantasia demais tem problema de identidade?”.

Na reportagem, foi destacado que cosplayers são jovens sem identidade definida, e que são facilmente influenciados pelos trabalhos de ficção que apreciam, tornando­se anti­sociais e confundindo a própria personalidade com a dos papéis que interpretam, insinuando que os praticantes da atividade teriam graves problemas psicológicos e crise de identidade.

A pergunta inicial feita na matéria é “Quem é você?”. Estando em um evento realizado com a intenção de promover a cultura pop da qual são fãs, e respondendo essa mesma questão ao longo do dia, é evidente que a primeira possibilidade que passa pela cabeça do entrevistado é a de que estejam perguntando qual personagem ele está representando. Porém, a reportagem insinua estar perguntando o nome real da pessoa, o que ocasiona a confusão, e reforça a ideia de que o cosplayer deseja ser o personagem em questão.

Os próprios jovens entrevistados pela UOL alegaram que suas frases foram distorcidas e colocadas fora de contexto para atender à intenção da matéria no decorrer da mesma, utilizando as respostas dadas por eles para enfatizar o ponto de vista das psicólogas que foram convidadas, sem a chance de rebatar essa informação, e sem esclarecer sobre o que se tratava a questão.

Muitas das pessoas que fazem cosplay não são nem mesmo adolescentes, como enfatiza a matéria, mas adultos e pessoas com suas vidas resolvidas, profissionais com suas carreiras, pais de família e ou estudantes universitários, que veem o cosplay como um hobby, uma diversão que dura um ou dois dias, para depois voltarem ao seu cotidiano. Nenhum deles usa fantasia no dia a dia, ou encarna o personagem durante todo o evento. A interpretação de papéis é realizada somente durante os concursos, ou para tirar fotos.

A reportagem gerou discussão e polêmica entre cosplayers e fãs no Brasil. Uma petição recolhendo cinco mil assinaturas foi realizada no site Avaaz, solicitando que a UOL e os responsáveis pela matéria fizessem uma nota de esclarecimento e uma resposta aos leitores, pois a mesma havia saído totalmente do conceito previamente apresentado para os entrevistados durante o evento, e pedindo pela remoção do vídeo, pois o mesmo não condizia com a conduta dos cosplayers e os mesmos não deram autorização para que sua imagem fosse utilizada dessa forma.

O acontecimento também ajudou a alavancar uma campanha anterior, Cosplayer Também é Gente, criada pela página 4cosplay Magazine no Facebook, que buscava divulgar a ideia de que cosplayers não eram seus personagens em tempo integral, e exerciam suas profissões e viviam sua vida pessoal como qualquer outra

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pessoa, com a intenção de afastar a ideia equivocada de que fantasiar­se e pretender ser outro personagem era uma forma de escapar da realidade em que viviam ou de ser outra pessoa.

Muitas pessoas se manifestaram nas redes sociais, em vídeos, em seus próprios sites de notícias, e nos comentários no próprio site da UOL, demonstrando sua indignação com o conteúdo tendencioso e com informações erradas que foi publicado, até mesmo pessoas formadas na área de psicologia que identificaram erros no diagnóstico apresentado pelas psicólogas entrevistadas, que abordaram o tema com superficialidade, pouca pesquisa e falta de conhecimento de causa.

Como resultado desse conjunto de ações, o vídeo foi retirado do ar, a reportagem excluída do site e a UOL retratou­se em uma nota de esclarecimento, relatando que o vídeo continha informações incorretas e agradecendo a participação dos internautas em alertar sobre a dedução equivocada que a reportagem gerava, pedindo desculpas a todos os envolvidos.

É possível observar que, mesmo em fontes de informação consideradas confiáveis, podem ocorrer equívocos, permeadas pela falta de pesquisa, de busca por conhecimento e interpretação de fatos, ocasionando opiniões e deduções errôneas a partir de conclusões precipitadas. Com a rapidez com as quais as informações se alastram na internet, a resposta para qualquer assunto polêmico é imediata, principalmente quando a resposta é negativa. Reportagens sensacionalistas e tendenciosas que são produzidas somente para receber mais audiência já não são aceitas tão bem pelo público que a absorve, e quando a reação não é em concordância, a resposta é imediata.

Tanto a internet quanto para a televisão, que já é amplamente afetada pelo efeito causado por essa mudança nos meios de comunicação, e desse modo, produtoras de conteúdo para ambas devem ter atenção ao que veiculam, qual seu público­alvo, e até onde suas fontes são confiáveis, pois do contrário, continuarão a ser alvos da pressão exercida pela massa, e sendo obrigadas a se retratar e excluir seus conteúdos sempre que eles irem contra a opinião da maioria.

Fontes:

Serounaosei.com,. Disponível em: <http://www.serounaosei.com/colunas/anime­manga/5­ melhores­eventos­mundo­nerd/>. Acesso em: 5 out. 2015.

Jedirio.com.br,. Breve história do cosplay no mundo. Disponível em: <http://www.jedirio.com.br/artigos/cosplay/breve­historia­do­cosplay­no­mundo/>. Acesso em: 5 out. 2015.

Cosplaybr.com.br,. Cosplay Brasil ­ Home. Disponível em: <http://www.cosplaybr.com.br/site/index.php>. Acesso em: 5 out. 2015.

Coshunter,. Tipos de Cosplay – Guia definitivo Coshunter. Disponível em: <http://www.coshunter.com.br/tipos­de­cosplay­guia­definitivo­coshunter/>. Acesso em: 5 out. 2015.

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Medeiros, D. Cosplay é coisa séria! Conheça os melhores cosplayers do mundo. Disponível em: <http://www.blog.quartogeek.com.br/cosplay­e­coisa­seria­conheca­os­melhores­cosplayers­do­mundo>. Acesso em: 5 out. 2015.

Lopes, R. COSPLAY ­ A polêmica reportagem do UOL ­ Actions & Comics. Disponível em: <http://www.actionsecomics.com.br/2015/08/cosplay­polemica­reportagem­do­uol.html#.VhK98vlViko>. Acesso em: 5 out. 2015.

Mais de Oito Mil,. Em apenas um vídeo o UOL conseguiu zoar mais os cosplayers que eu em 6 anos de MdOM. Disponível em: <https://maisdeoitomil.wordpress.com /2015/08/22/em­apenas­um­video­o­uol­conseguiu­zoar­mais­os­cosplayers­que­eu­em­6­anos­de­mdom/>. Acesso em: 5 out. 2015.