Costa Filho, Francisco Das Chagas Da.

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  UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS E TECNOLOGICA S CURSO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA FRANCISCO DAS CHAGAS DA COSTA FILHO DEPOSIÇÃO IRREGULAR DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO NA CIDADE DE MOSSORÓ, RIO GRANDE DO NORTE MOSSORÓ-RN 2011 

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Transcript of Costa Filho, Francisco Das Chagas Da.

  • UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-RIDO

    DEPARTAMENTO DE CINCIAS AMBIENTAIS E TECNOLOGICAS

    CURSO DE CINCIA E TECNOLOGIA

    FRANCISCO DAS CHAGAS DA COSTA FILHO

    DEPOSIO IRREGULAR DE RESDUOS DA CONSTRUO E DEMOLIO NA

    CIDADE DE MOSSOR, RIO GRANDE DO NORTE

    MOSSOR-RN

    2011

  • FRANCISCO DAS CHAGAS DA COSTA FILHO

    DEPOSIO IRREGULAR DE RESDUOS DA CONSTRUO E DEMOLIO NA

    CIDADE DE MOSSOR, RIO GRANDE DO NORTE

    Monografia apresentada a Universidade

    Federal Rural do Semi-rido UFERSA, Departamento de Cincias Ambientais e

    Tecnolgicas para a obteno do ttulo de

    Bacharel em Cincia e Tecnologia.

    Orientadora: Prof. Dra. Solange Aparecida

    Goularte Dombroski UFERSA.

    MOSSOR-RN

    2011

  • Ficha catalogrfica preparada pelo setor de classificao e catalogao

    da Biblioteca Orlando Teixeira da UFERSA

    C837d Costa Filho, Francisco das Chagas da.

    Deposio irregular de resduos da construo e demolio na

    cidade de Mossor, Rio Grande do Norte. / Francisco das

    Chagas da Costa Filho. Mossor-RN, 2011.

    78f. il.

    Monografia (Graduao em Bacharelado em Cincia e

    Tecnologia) Universidade Federal Rural do Semi-rido.

    Orientadora: Prof. Dra. Sc. Solange Aparecida Goularte

    Dombroski.

    1.Resduos da construo civil. 2.Gerenciamento de

    resduos. 3.Deposio irregular. I.Ttulo.

    CDD: 624 Bibliotecria: Marilene Santos de Arajo

    CRB5 1013

  • FRANCISCO DAS CHAGAS DA COSTA FILHO

    DEPOSIO IRREGULAR DE RESDUOS DA CONSTRUO E DEMOLIO NA

    CIDADE DE MOSSOR, RIO GRANDE DO NORTE

    PARECER__________________________________________________________________

    ___________________________________________________________________________

    ___________________________________________________________________________

    ___________________________________________________________________________

    DATA DA DEFESA:_____/_____/_____

    BANCA EXAMINADORA

    __________________________________________________

    Prof. Dra. Solange Aparecida Goularte Dombroski UFERSA Presidente

    _________________________________________________

    Prof. Dra. Maria Aridenise Macena Fontenele UFERSA

    Primeiro Membro

    _________________________________________________

    Prof. MSc. Blake Charles Diniz Marques - UFERSA

    Segundo Membro

  • DEDICATRIA

    A Renata Oliveira, em agradecimento

    pela sua total doao de vida na

    evangelizao dos jovens aos moldes da

    vocao Shalom.

    Renata, intercedei por ns junto ao pai

    (In memorian).

    Aos meus pais que sempre me apoiaram

    e me deram foras para nunca desistir de

    buscar os meus objetivos.

    As minhas irms e sobrinhos, por

    estarem sempre prximos nos momentos

    em que eu mais precisei.

  • AGRADECIMENTOS

    A Deus primeiramente, que me deu fora e coragem para ir em busca dos meus sonhos;

    Aos meus pais e minha famlia, que me apoiaram sempre nas escolhas da minha vida e me

    aconselharam a buscar o melhor caminho;

    Aos amigos, que sempre estiveram presentes nas diversas situaes;

    Aos Mestres que tive ao longo do Bacharelado em Cincia e Tecnologia, em especial a Sergio

    Sombra e Elmer Rolando Llanos Villarreal, que buscaram ao mximo transmitir

    conhecimentos e me encorajaram a ir em frente, me apoiando sempre no que era possvel;

    A minha orientadora, Dra. Solange Dombroski, por colaborar nesse projeto, pela pacincia,

    amizade e companheirismo que me dedicou na realizao deste trabalho;

    Aos membros da banca, pela colaborao para melhorar minha monografia;

    A todos, que de alguma forma contriburam para a concretizao deste sonho.

  • No me dem frmulas certas, porque eu no espero acertar sempre.

    No me mostre o que esperam de mim, porque

    vou seguir meu corao!

    No me faam ser o que no sou, no me

    convidem a ser igual, porque sinceramente sou

    diferente!

    No sei amar pela metade, no sei viver de

    mentiras, no sei voar com os ps no cho.

    Sou sempre eu mesmo, mas com certeza no

    serei o mesmo pra sempre!

    (Clarice Lispector).

  • RESUMO

    A construo civil o setor de produo responsvel pela transformao do ambiente natural

    em meio construdo, adequado ao desenvolvimento das mais diversas atividades da sociedade.

    O setor est relacionado s atividades de construo, conservao, reforma, demolio e da

    preparao e escavao de terrenos. Estas atividades tem se mostrado fontes geradoras de

    resduos slidos representativas, no contexto de resduos slidos urbanos (RSU). Pesquisas

    estimam valores entre 10 e 50% de resduos da construo e demolio (RCD) em relao aos

    RSU, em diferentes pases, incluindo o Brasil. Os RCD incluem diversos materiais como

    tijolos, blocos cermicos, concreto em geral, solos, telhas, pavimento asfltico, vidros,

    plsticos, tubulaes, fiao eltrica e outros. Com a aprovao da Resoluo do CONAMA

    n307/2002, ficaram estabelecidos critrios e procedimentos para a gesto de RCD no Brasil.

    Nos termos desta resoluo, os geradores devem objetivar prioritariamente a no gerao de

    resduos e, secundariamente, a reduo, a reutilizao, a reciclagem e a destinao final.

    Ainda, a resoluo estabelece que os RCD no devem ser dispostos em aterros de resduos

    domiciliares, em reas de bota fora, em encostas, corpos d`gua, lotes vagos e em reas protegidas por Lei. Neste contexto, o presente trabalho teve por objetivo geral,identificar

    reas, na regio urbana de Mossor, Rio Grande do Norte, utilizadas para deposio irregular

    de RDC, visando contribuir para a tomada de decises em relao gesto destes resduos no

    municpio. Para a realizao desta pesquisa, foram desenvolvidas atividades em duas etapas

    principais. Na primeira parte desta obra, fez-se um levantamento de informaes em rgos

    governamentais e na literatura sobre a evoluo da construo civil e a gerao estimada de

    RCD no municpio de Mossor. Na segunda etapa, pesquisaram-se reas utilizadas para

    deposio irregular de RCD na regio urbana de Mossor atravs de verificao in loco e

    registro fotogrfico e georreferenciando. Quanto construo civil em Mossor relacionada,

    especificamente, a obras pblicas cadastradas na Secretaria Municipal do Desenvolvimento

    Territorial e Ambiental, verificou-se que houve um aumento de obras cadastradas em 2009

    (82 obras) para 2010 (125 obras). Com relao a todas as obras realizadas no municpio de

    Mossor entre 1973 e 2010, cadastradas na Gerncia Executiva do Desenvolvimento

    Urbanstico do Municpio, observou-se: maior nmero de construes em 1981 com 321

    obras, 1983 com 239 e 2010 com 222 obras cadastradas. A partir de 1987 at 1997, houve

    uma tendncia de diminuio do nmero de obras, tendo sido cadastradas 23 obras em 1997.

    A partir de 2001, observou-se uma tendncia geral de crescimento. Considerando o perodo

    em que o estudo foi realizado e sua abrangncia, foram identificadas 57 reas utilizadas para

    deposio irregular de resduos da construo e demolio, na regio urbana de Mossor-RN,

    em 11 bairros dos 15 visitados. Quanto gerao destes resduos, as informaes obtidas

    foram limitadas ao material removido pela prefeitura e, alm disso, foram diferentes entre si,

    pois mencionaram a produo de entulho junto com resduos de poda em torno de 300 e 144

    t/dia.

    Palavras - Chave: Resduos da construo civil. Gerenciamento de resduos. Deposio

    irregular.

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 Impactos ambientais potenciais e medidas atenuantes, do setor da construo civil .................................................................................................................................................. 18

    Tabela 2 - Responsabilidade pelo gerenciamento dos resduos slidos ................................... 21

    Tabela 3- Quantidade coletada de resduos slidos urbanos e ndice per capita, por regies e

    no Brasil .................................................................................................................................... 23

    Tabela 4 - Municpios com servio de coleta de resduos slidos domiciliares e/ou pblicos,

    por quantidade diria coletada, segundo as Grandes Regies e o estado do Rio Grande do

    Norte - 2008 .............................................................................................................................. 24

    Tabela 5 - Coleta e gerao de RSU no estado do Rio Grande do Norte em 2009 e 2010 ...... 25

    Tabela 6- Coleta e gerao de RSU em Mossor, no estado do Rio Grande do Norte em 2010

    .................................................................................................................................................. 26

    Tabela 7 - Estimativa de gerao de resduos da construo e demolio, no mundo ............. 29

    Tabela 8 - Quantidade total coletada de RCD por regio e no Brasil, em 2009 e 2010 ........... 31

    Tabela 9 Municpios, total e com servio de manejo de resduos de construo e demolio por existncia e tipo de processamento dos resduos, segundo as Grandes Regies e as

    Unidades de Federao - 2008.................................................................................................. 32

    Tabela 10 Municpios, total e com servio de manejo de resduos de construo e demolio, por forma de disposio dos resduos no solo, segundo as Grandes Regies e as

    Unidades da Federao - 2008.................................................................................................. 34

    Tabela 11- Tipos de resduos, formas de coleta e remoo do canteiro de obra para resduos

    oriundos da atividade construtiva ............................................................................................. 37

    Tabela 12 - Tipos de resduos, formas de coleta e remoo do canteiro de obra para resduos

    no oriundos da atividade construtiva ...................................................................................... 38

    Tabela 13 - Alguns materiais ou resduos da construo e demolio com possibilidade de

    reutilizao e seus respectivos cuidados exigidos .................................................................... 41

    Tabela 14 Usinas de reciclagem de RCD instaladas em alguns municpios do Brasil .......... 43

    Tabela 15 reas, na regio urbana de Mossor, visitadas para levantamento de ocorrncia de deposio irregular de resduos da construo e demolio ................................................ 52

    Tabela 16 Resumo de obras cadastradas na Secretaria Municipal do Desenvolvimento Territorial e Ambiental da prefeitura municipal de Mossor em 2009, 2010 e 2011 ............. 54

    Tabela 17 Nmeros de obras cadastradas na Gerencia Executiva do Desenvolvimento Urbanstico do Municpio de Mossor nos anos de 1973 a 2010 ............................................. 55

  • Tabela 18 Levantamento de algumas reas utilizadas para deposio de resduos da construo e demolio, na regio urbana de Mossor-RN: material identificado, localizao

    da rea, identificao de registro fotogrfico e data da verificao. ........................................ 66

    Tabela 19 Materiais identificados nos registros de deposio irregular na rea urbana de Mossor .................................................................................................................................... 71

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 - Gerao de resduos slidos urbanos no Brasil em 2009 e 2010. ............................ 22

    Figura 2 - Coleta de resduos slidos urbanos no Brasil em 2009 e 2010. ............................... 22

    Figura 3 - Destinao final de RSU no estado do Rio Grande do Norte (t/dia). ...................... 25

    Figura 4 Vista de caambas metlicas de chapas de ao em formato de tronco de pirmide invertido para resduos da construo e demolio. ................................................................. 36

    Figura 5 - Sistema de produo convencional produo linear ............................................. 46

    Figura 6 Sistema de produo cclica. ................................................................................... 46

    Figura 7 Localizao do municpio de Mossor no Nordeste brasileiro. .............................. 48

    Figura 8 Mapa geolgico de Mossor. .................................................................................. 49

    Figura 9 Bairros da cidade de Mossor, Rio Grande do Norte. ............................................ 50

    Figura 10 Vistas de deposies de resduos da construo e demolio: (A) Brita grantica e calcria, agregado mido (areia); (B) Brita grantica. Rua Rui Carneiro, Bairro Redeno.

    Mossor, RN, 16/09/11. Coordenadas geogrficas: 5827S 37211W. ........................... 57

    Figura 11 - Vistas de deposies de resduos da construo e demolio: (A) Detrito de

    Alvenaria e madeira; (B) Detrito de Alvenaria, gesso e madeira; (C) Detrito de Alvenaria,

    gesso, tijolo de oito furos e madeira; (D) Detrito de Alvenaria, gesso e madeira. Complexo

    Vight Rosado Neto, Bairro Alto da Conceio/Alto do So Manoel. Mossor, RN, 19/08/11.

    Coordenadas geogrficas: 51228S 372026W. ............................................................... 58

    Figura 12 - Vista de deposio de resduos da construo e demolio: Ferro, tijolos de oito

    furos, detritos de alvenaria e madeira. Rua Dom Helder Cmera, Bairro Belo Horizonte.

    Mossor, RN, 07/10/11. Coordenadas geogrficas: 51216S 372123W. ....................... 59

    Figura 13 - Vista de deposio de resduos da construo e demolio: detritos alvenaria. Rua

    Padre Joo Urbano, Bairro Alto da Conceio. Mossor, RN, 29/08/11. Coordenadas

    geogrficas 51213S 372056W. ...................................................................................... 59

    Figura 14 - Vista de deposio de resduos da construo e demolio: telha, madeira e tijolo

    de oito furos. Rua Padre Freire, Bairro Belo Horizonte. Mossor, RN, 07/10/11. Coordenadas

    geogrficas 51218S 372119W. ...................................................................................... 60

    Figura 15 - Vistas de deposies de resduos da construo e demolio: (A) gesso e tijolos de

    oito furos; (B) madeira, tijolo comum e gesso. Cruzamento das ruas Manuel Antnio e Maria

    Neura de Melo Freitas, Bairro Alto do So Manoel. Mossor, RN, 21/08/11. Coordenadas

    geogrficas 51220S 372022W. ...................................................................................... 60

    Figura 16 - Vistas de deposies de resduos da construo e demolio: (A) agregado mido

    (areia), madeira, detritos de alvenaria com tijolos com 8 furos e gesso; (B) agregado mido

    (areia), madeira, detritos de alvenaria, gesso e telha. Avenida Centenria, Bairro Aeroporto.

  • Mossor, RN, 07/10/11. Coordenadas geogrficas: 51134S e 372213W. .................... 61

    Figura 17 - Vistas de deposies de resduos da construo e demolio: (A) detrito de tijolos

    de oito furos, tijolos comuns e telha; (B) detritos de tijolos e gesso. Cruzamento da Rua

    Manuel Antnio com Aristides Rebouas. Bairro Alto do So Manoel. Mossor, RN,

    25/08/11. Coordenadas geogrficas: 51228S 372026W. .............................................. 61

    Figura 18 - Vistas de deposies de resduos da construo e demolio: detritos de

    demolio e movimento de terra. Rua Salvador. Bairro Alto do Sumar. Mossor, RN,

    06/11/11. Coordenadas geogrficas: 51341S 372002W. ................................................ 62

    Figura 19 - Vistas de deposies de resduos da construo e demolio: (A) tijolos de oito

    furos; (B) tijolos de oito furos e telhas; (C) brita calcria; (D) tijolos de oito furos e vidro.

    Avenida Francisco Mota, Bairro Presidente Dutra. Mossor, RN, 14/08/11. Coordenadas

    geogrficas: 51214S 371924W. ...................................................................................... 62

    Figura 20 - Vistas de deposies de resduos da construo e demolio: (A) detrito de

    alvenaria; (B) detrito de alvenaria. Rua Andr P. Fernandes, Bairro Vight Rosado Neto, RN,

    06/11/11. Coordenadas geogrficas: 51201S 371838W. ................................................ 63

  • LISTA DE SIGLAS

    ABNT - Associao Brasileira de Normas Tcnicas;

    ABRELPE Associao Brasileira de Empresas de Limpeza Pblica e Resduos Especiais;

    BNB Banco do Nordeste do Brasil;

    CBIC Cmera Brasileira da Indstria da Construo Civil;

    CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente;

    GPS - Global Positioning System (Sistema global de posicionamento);

    IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica;

    NBR Norma Brasileira Regulamentadora;

    PIB Produto interno bruto;

    PL Produo limpa;

    PNAD - Pesquisa Nacional de Amostragem por Domiclios;

    PNSB - Pesquisa Nacional de Saneamento Bsico;

    RCD - Resduos de construo e demolio;

    RSS - Resduos de servios de sade;

    RSU Resduos slidos urbanos;

    SINDUSCON Sindicato da Indstria da Construo;

    UFERSA Universidade Federal Rural do Semi-rido.

  • SUMRIO

    1 INTRODUO .............................................................................................................. 14

    2 OBJETIVOS ................................................................................................................... 16

    2.1 OBJETIVO GERAL ..................................................................................................... 16

    2.2 OBJETIVOS ESPECFICOS ....................................................................................... 16

    3 REVISO DA LITERATURA ..................................................................................... 17

    3.1 O SETOR DA CONSTRUO CIVIL ....................................................................... 17

    3.2 POTENCIAIS IMPACTOS AMBIENTAIS DO SETOR DA CONSTRUO

    CIVIL........................................................................................................................................18

    3.3 CONSIDERAES GERAIS SOBRE RESDUOS SLIDOS ................................. 19

    3.3.1 Definio .................................................................................................................. 19

    3.3.2 Classificao ............................................................................................................ 20

    3.3.3 Responsabilidade pelo gerenciamento .................................................................. 20

    3.3.4 Gerao e gerenciamento de resduos slidos urbanos (RSU) no brasil ........... 22

    3.3.5 Dispositivos legais ................................................................................................... 26

    3.4 RESDUOS DE CONSTRUO E DEMOLIO (RCD) ........................................ 28

    3.4.1 Definio .................................................................................................................. 28

    3.4.2 Classificao ............................................................................................................ 28

    3.4.3 Gerao de resduos da construo e demolio.................................................. 29

    3.4.4 Gerenciamento de resduos da construo e demolio ...................................... 30

    3.4.5 Dispositivos legais e normas referentes a resduos da construo e demolio 39

    3.4.6 Impactos ambientais relacionados a deposies irregulares de resduos da

    construo e demolio .......................................................................................................... 39

    3.5 ALTERNATIVAS PARA MINIMIZAO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS

    NEGATIVOS RELACIONADOS A DEPOSIES IRREGULARES DE RESDUOS DA

  • CONSTRUO E DEMOLIO ........................................................................................... 41

    3.5.1 Reutilizao ............................................................................................................. 41

    3.5.2 Reciclagem ............................................................................................................... 42

    3.5.3 Produo limpa ....................................................................................................... 44

    4 MATERIAL E MTODOS ........................................................................................... 47

    4.1 CARACTERIZAO DA REA DE ESTUDO ........................................................ 47

    4.2 ETAPAS DA PESQUISA ............................................................................................ 51

    4.2.1 Levantamento de informaes relacionadas evoluo da construo civil e

    gerao de resduos da construo e demolio ................................................................... 51

    4.2.2 Verificao de reas utilizadas para deposio irregular de resduos da

    construo e demolio .......................................................................................................... 51

    4.3 PERODO DE ESTUDO .............................................................................................. 53

    5 RESULTADOS E DISCUSSO ................................................................................... 54

    5.1 RESULTADOS SOBRE A CONSTRUO CIVIL EM MOSSOR ....................... 54

    5.2 RESULTADOS SOBRE O LEVANTAMENTO DA GERAO DE RESDUOS DA

    CONSTRUO E DEMOLIO, NA REA URBANA DE MOSSOR .......................... 56

    5.3 RESULTADOS RELACIONADOS IDENTIFICAO DE REAS UTILIZADAS

    PARA DEPOSIO IRREGULAR DE RESDUOS DA CONSTRUO E DEMOLIO,

    NA REGIO URBANA DE MOSSOR ................................................................................ 57

    6 CONCLUSES E CONSIDERAES FINAIS ........................................................ 72

    7 RECOMENDAES ..................................................................................................... 74

    REFERNCIAS .................................................................................................................... 78

  • 14

    1 INTRODUO

    A cincia nos mostra que o planeta desde sua formao sempre sofreu modificaes,

    mas a partir do surgimento da humanidade, essas modificaes foram acentuadas devido

    prtica que o ser humano tem de transformar as paisagens e extrair matrias-primas para

    satisfazer suas necessidades.

    Essas transformaes feitas ao longo da histria da humanidade ocorreram de uma

    maneira desordenada, gerando resduos e, s vezes, sem nenhum gerenciamento dos mesmos,

    acarretando diversas consequncias negativas para o prprio ser humano.

    Hoje, percebe-se que a urbanizao acelerada e o crescimento populacional tm

    piorado a situao de gerao de resduos. Por outro lado, a populao e as empresas da

    construo vm, aos poucos, se conscientizando sobre a necessidade de desenvolver uma

    produo mais sustentvel, tentando assim minimizar o desperdcio tanto de matria-prima e

    energia, quanto de dinheiro, alm de buscar uma gesto adequada dos resduos advindos desta

    produo.

    A preocupao com os resduos da construo e demolio de uma maneira geral,

    ainda relativamente recente no Brasil. Segundo Lopes (2003 apud ROTH, 2008, p.23), em

    alguns pases como a Holanda e Blgica, a reciclagem de entulhos j largamente utilizada,

    consequncia da pouca quantidade de matria-prima existente nesses pases. No Brasil, esta

    preocupao com os entulhos s foi intensificada com a publicao da Resoluo do Conselho

    Nacional do Meio Ambiente CONAMA n307/2002, quando iniciou a criao de polticas

    publicas, focando a coleta, transporte e disposio (SCHNEIDER, 2003, p. 13).

    Em alguns pases j foram tomadas vrias medidas para minimizar as consequncias

    negativas causadas pelo desperdcio e o mau uso das matrias primas a partir de mtodos

    simples como o caso da reutilizao e da produo limpa. Sem dvida, a construo civil

    um dos principais geradores de resduos urbanos, pois segundo Corra (2009, p. 37), a

    indstria da construo civil produz rejeitos em todas as suas atividades, sendo estimada, no

    Brasil, uma produo de 850.000 t/ms de entulho e em outras potencias mundiais como

    Reino Unido e o Japo, so gerados, respectivamente, 53.000 e 6.000 t/ms. Isto enfatiza a

    necessidade que as construtoras e o Estado tm de tornar as suas produes mais sustentveis,

    implantando atividades que auxiliem na reduo e na reutilizao de resduos.

  • 15

    Estima-se que em 2010 foram coletadas cerca de 99.354 t/dia de rejeitos da

    construo civil, segundo o panorama dos resduos slidos no Brasil (ABRELPE, 2010, p.

    102), e que em 2008 foram coletados cerca de 259.547 t/dia de resduos slidos segundo a

    Pesquisa Nacional de Saneamento Bsico PNSB 2008 (IBGE, 2010 a, p.163). Com esses

    dados, percebe-se que a indstria da construo civil possui uma parcela significativa na

    produo de resduos slidos. Apesar de vrios estudos feitos na rea da construo para

    minimizar a gerao de rejeitos, a construo civil ainda acarreta diversos impactos no

    ambiente, pois nem sempre os resduos produzidos so coletados, tendo um destino

    inadequado, por exemplo, a utilizao de reas para a deposio desses rejeitos de maneira

    indiscriminada, sem que haja um estudo prvio para os possveis reaproveitamentos que esses

    materiais poderiam oferecer.

    Para minimizar problemas causados pelo descarte dos rejeitos da construo, surge

    implantao de atividades sustentveis, a produo limpa. Segundo Thorpe (1999 apud

    SPERANDIO E DONAIRE, 2005, p.5), o mtodo da produo limpa (PL) tem como funo

    investigar o fluxo dos materiais em meio sociedade, levando em considerao os processos

    sofridos em seu perodo de utilizao, ou seja, sua produo, como foram processados, e quais

    os desperdcios gerados ao longo da cadeia produtiva, seus derivados e o que acontece com

    esses produtos durante e ao trmino de sua vida til.

    Considerando que a resoluo de problemas requer um diagnstico destes, o presente

    trabalho visa contribuir com informaes a cerca de deposies irregulares de resduos da

    construo e demolio na rea urbana de Mossor, Rio Grande do Norte, alm de pesquisar

    na literatura tcnica, alternativas para minimizao de impactos negativos relacionados a tais

    resduos.

  • 16

    2 OBJETIVOS

    No contexto de deposio irregular de resduos da construo e demolio, os

    objetivos deste trabalho so apresentados a seguir.

    2.1 OBJETIVO GERAL

    Identificar reas, na regio urbana de Mossor, Rio Grande do Norte, utilizadas para

    deposio irregular de resduos da construo e demolio, visando contribuir para a tomada

    de decises em relao gesto destes resduos no municpio.

    2.2 OBJETIVOS ESPECFICOS

    Considerando a regio urbana de Mossor, Rio Grande do Norte, os objetivos

    especficos deste trabalho foram:

    (i) Pesquisar, junto a rgos governamentais, sobre a evoluo da construo civil;

    (ii) Estudar, na literatura tcnica ou junto a rgos governamentais, a gerao estimada

    de resduos da construo civil;

    (iii) Realizar registros fotogrficos e georreferenciar as reas utilizadas para deposio

    irregular de resduos da construo e demolio.

  • 17

    3 REVISO DA LITERATURA

    Neste item, o assunto est dividido em quatro partes principais, o setor da construo

    civil, consideraes gerais sobre resduos slidos, resduos de construo e demolio com

    algumas de suas especificidades e alternativas para minimizao de impactos ambientais

    negativos relacionados a deposies irregulares de resduos da construo e demolio.

    3.1 O SETOR DA CONSTRUO CIVIL

    A construo civil o setor de produo responsvel pela transformao do ambiente

    natural em meio construdo, adequado ao desenvolvimento das mais diversas atividades. Essa

    cadeia produtiva uma das maiores da economia e, consequentemente, possui enorme

    impacto ambiental (JOHN, 2000 apud FREITAS, 2009, p.16).

    O setor da construo civil est diretamente ligado a atividades de infra-estrutura

    como saneamento; tcnicas de construtivas; abastecimento de materiais de construo;

    conservao e produo de espaos habitacionais, entre outras atividades que tem

    fundamental importncia para o crescimento do pas e o bem-estar do ser humano.

    Segundo Gaede (2008, p.17), cerca de 70% de todos os investimentos feitos no pas

    passa pela cadeia da indstria da construo civil e, desde 1995, vem aumentando a sua

    participao na formao do Produto Interno Bruto (PIB), valorizando mais ainda o setor que

    nos anos de 1995, 1996 e 1997 teve, respectivamente, registro de 14,2, 14,3 e 14,8% de

    participao e, em 2001, chegou a 15,6%.

    De acordo com a Cmara Brasileira da Indstria da Construo Civil (CBIC), a

    construo civil espera crescer cerca de 6% em 2011, sendo este valor, acima do esperado

    para o PIB. O crescimento do setor se dar pelo avano do programa de acelerao ao

    crescimento (PAC) e os eventos esportivos que acontecero no Brasil, a Copa do Mundo em

    2014 e as Olimpadas em 2016, dando ao setor um impulso maior na cadeia produtiva

    (AGNCIA BRASIL, 2011).

    Segundo o Estudo Setorial da Construo, entre janeiro e dezembro de 2010 foram

    gerados 254.178 novos empregos formais no setor, o melhor saldo da srie histrica,

    iniciada em 1996. Em 2009, tinham sido criados 177.185 empregos e, em 2008,

    197.868. O ramo da construo representou quase 12% da gerao total de postos de

    trabalho no Brasil em 2010, que chegou a 2,137 milhes no ano.

    O setor de construo civil como um todo cresceu 11,6% em 2010, o melhor

    desempenho dos ltimos 24 anos, segundo dados do IBGE (G1 ECONOMIA, 2011).

  • 18

    3.2 POTENCIAIS IMPACTOS AMBIENTAIS DO SETOR DA CONSTRUO CIVIL

    Segundo o Manual de Impactos Ambientais do Banco do Nordeste do Brasil, os

    potenciais impactos ambientais negativos da construo civil podem ser divididos nas fases de

    planejamento da urbanizao e da construo propriamente dita (BNB, 2006, p. 149). Na

    Tabela 1 apresenta-se um resumo de impactos ambientais relacionados construo civil.

    Tabela 1 Impactos ambientais potenciais e medidas atenuantes, do setor da construo civil

    IMPACTOS AMBIENTAIS

    POTENCIAIS MEDIDAS ATENUANTES

    Alterao no fluxo das guas provocada

    pelos servios de drenagem do terreno.

    Manejar as guas superficiais (pluviais) considerando:

    minimizao das reas impermeveis; implantar reas

    de infiltrao, manter espaos livres com vegetao;

    utilizar vegetao para estabilizar taludes e facilitar a

    infiltrao de gua; implantar retentor de gua para

    retardar o lanamento nas galerias de guas pluviais.

    Degradao da flora e da fauna em funo

    da remoo da vegetao natural do local

    de implantao da obra.

    Promover a reposio da vegetao, mediante o plantio

    de rvores no terreno ou na regio.

    Degradao dos horizontes do solo,

    gerao de poeira, eroso e sedimentao.

    Implantar medidas de controle durante os servios de

    terraplenagem, com proteo s guas superficiais,

    umedecimento das vias de circulao interna e, se for

    necessrio, implantar lagoa para sedimentao e

    remoo de slidos suspensos antes do lanamento nas

    guas pluviais.

    Danos populao pela gerao de rudos

    provocados por mquinas e equipamentos.

    Implementar medidas de controle horrio especficos para funcionamento de equipamentos e mquinas

    ruidosas (bate-estaca, retroescavadeira, caminhes etc.)

    e medidas de isolamento de equipamentos

    (compressores, geradores de energia etc.).

    Degradao da qualidade ambiental pelo

    aumento da gerao de resduos slidos e

    de esgoto.

    Estabelecer medidas de acondicionamento adequado

    dos resduos slidos para a coleta e tratamento em

    unidade do municpio (aterro, unidade de

    processamento) e adequar-se s exigncias do sistema

    de coleta e tratamento de esgoto disponvel ou

    implantar unidade de tratamento local.

    Fonte: BNB (2006, p. 152), adaptada pelo autor.

  • 19

    3.3 CONSIDERAES GERAIS SOBRE RESDUOS SLIDOS

    A seguir so apresentadas as definies, classificao, responsabilidade pelo

    gerenciamento, gerao de resduos slidos urbanos e aspectos legais relacionados a resduos

    slidos.

    3.3.1 Definio

    A NBR 10004/2004 da Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT) define os

    resduos slidos quanto aos seus riscos potenciais ao meio ambiente e sade pblica. De

    acordo com a referida norma, resduos slidos so:

    Resduos nos estados slidos e semisslidos, que resultam de atividades de origem

    industrial, domstica, hospitalar, comercial, agrcola, de servios e de varrio.

    Ficam includos nesta definio os lodos provenientes de sistemas de tratamento de

    gua, aqueles gerados em equipamentos e instalaes de controle de poluio, bem

    como determinados lquidos cujas particularidades tornem inviveis o seu

    lanamento na rede pblica de esgotos ou corpos de gua, ou exijam para isso

    solues tcnica e economicamente viveis em face melhor tecnologia disponvel

    (ABNT, 2004, p.1).

    No contexto da lei federal n 12.305/2010, a qual instituiu a poltica nacional dos

    resduos slidos, estes so entendidos como

    Material, substncia, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em

    sociedade, cuja destinao final se procede, se prope proceder ou se est obrigado a

    proceder, nos estados slido ou semisslido, bem como gases contidos em

    recipientes e lquidos cujas particularidades tornem invivel o seu lanamento na

    rede pblica de esgotos ou em corpos dgua, ou exijam para isso solues tcnica ou economicamente inviveis em face da melhor tecnologia disponvel (BRASIL,

    2010).

    Tanto a ABNT quanto a lei federal n 12.305/2010 consideram que resduo slido

    engloba no s resduos no estado slido, mas tambm semisslidos e determinados lquidos

    que no podem ser descartados no sistema da rede pblica de esgoto e segundo a lei, em

    corpos dgua. Nesta condio de inviabilidade de lanamento na rede pblica de esgotos ou

    em corpos dgua, a referida lei inclui ainda gases contidos em recipientes.

  • 20

    3.3.2 Classificao

    Os resduos slidos podem ser classificados, entre outros, quanto aos riscos e quanto

    natureza ou origem dos mesmos. A NBR 10004/2004, classifica os resduos slidos de

    quanto aos riscos potenciais ao meio ambiente e a sade pblica. A periculosidade a

    caracterstica apresentada por um resduo que, em funo das suas propriedades fsicas,

    qumicas ou infecto-contagiosas, pode apresentar (ABNT, 10004, p.2):

    a) Risco sade pblica, provocando mortalidade, incidncia de doenas ou acentuando seus

    ndices.

    b) Risco ao meio ambiente, quando o resduo for gerenciado deforma inadequada.

    Em relao origem, Monteiro et al. (2001, p.26) consideram esta a caracterstica

    fundamental para a classificao dos resduos slidos,agrupando-os em cinco classes:

    a) Lixo domstico ou residencial: produzido a partir de atividades gerais de residncias.

    b) Lixo comercial: resduos produzidos por atividades comerciais, que junto com o lixo

    domstico, forma um grande grupo chamado de lixo domiciliar.

    c) Lixo pblico: so os resduos encontrados em locais pblicos, desde folhas a bens

    considerados inservveis.

    d) Lixo domiciliar especial: este grupo engloba vrios tipos de resduos, como entulhos de

    obra, pilhas e baterias, lmpadas fluorescentes e pneus.

    e) Lixo de fontes especiais: resduos que merecem destaque por conter caractersticas que

    enfatiza o seu gerenciamento, como o caso do lixo industrial, radioativo, de portos,

    aeroportos, terminais rodoferrovirios, lixo agrcola e resduos de servios de sade.

    3.3.3 Responsabilidade pelo gerenciamento

    O gerenciamento de resduos slidos urbanos (RSU) tem como finalidade a limpeza

    urbana, envolvendo tanto a administrao pblica quanto a sociedade civil.

    De acordo com a lei federal n 12.305/2010,

    Gerenciamento de resduos slidos o conjunto de aes exercidas, direta ou

    indiretamente, nas etapas de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destinao

    final ambientalmente adequada dos resduos slidos e disposio final

    ambientalmente adequada dos rejeitos, de acordo com plano municipal de gesto

    integrada de resduos slidos ou com plano de gerenciamento de resduos slidos,

    exigidos na forma desta Lei (BRASIL, 2010).

  • 21

    Para que ocorra esse gerenciamento de forma correta e segura, todos os agentes

    envolvidos devem agir de forma integrada, ou seja, se cada um (fabricantes, importadores,

    distribuidores, comerciantes, consumidores e titulares dos servios pblicos de limpeza

    urbana e de manejo dos resduos slidos) realizar as suas obrigaes, o lixo chegar ao seu

    destino final como planejado.

    Para isso, a populao dever realizar a separao dos resduos, diferenciando

    aqueles que podem ser encaminhados para a reciclagem e reutilizao, dos que so

    considerados inutilizveis. Os grandes geradores de resduos, como as indstrias, tambm

    devem se comprometer para que os seus rejeitos sejam direcionados para o fim apropriado.

    A prefeitura tem um papel fundamental nesse gerenciamento, agindo ativamente para

    que as instituies e empresas contratadas para a limpeza da cidade exeram suas atribuies

    de forma correta, coletando e destinando esses resduos para seus devidos fins, exercendo

    assim um papel de sustentabilidade em meio sociedade.

    A responsabilidade pelo gerenciamento dos resduos slidos urbanos da

    administrao pblica municipal, porm os outros tipos de resduos slidos so de

    responsabilidade do seu gerador (OLIVEIRA, 1997, p.15) conforme mostrado na Tabela 2.

    Tabela 2 - Responsabilidade pelo gerenciamento dos resduos slidos

    Tipo de resduos slidos Responsabilidade

    Domstico Prefeitura

    Comercial Prefeitura

    Especiais Prefeitura*

    Feiras, varrio e outros Prefeitura

    De servios de sade Gerador

    Industrial Gerador

    De aeroportos, portos e terminais ferrovirios e rodovirios Gerador

    Agrcola Gerador

    Outros (txicos e/ou perigosos) Gerador

    * Entulhos: a prefeitura co-responsvel por pequena quantidade de acordo com legislao

    municipal vigente (coleta especial). Fonte: Jardim et al.(1995 apud OLIVEIRA, 1997, p.15).

  • 22

    3.3.4 Gerao e gerenciamento de resduos slidos urbanos (RSU) no Brasil

    Segundo dados do Panorama dos Resduos Slidos no Brasil 2010 da Associao

    Brasileira de Empresas de Limpeza Pblica e Resduos Especiais (ABRELPE, 2010, p.30),

    entre 2009 e 2010 houve um crescimento significativo na gerao de resduos urbanos (RSU)

    conforme os dados apresentados na Figura 1, superando o crescimento populacional do

    mesmo perodo que foi de cerca de 1%.

    A comparao da quantidade total gerada em 2010 com o total de resduos slidos

    urbanos coletados, indicado na Figura 2, mostra que 6,7 milhes de toneladas de RSU

    deixaram de ser coletados no ano de 2010 e, por consequncia, tiveram outro destino

    (ABRELPE, 2010, p.30).

    Figura 1 - Gerao de resduos slidos urbanos no Brasil em 2009 e 2010.

    Fonte: ABRELPE (2010, p.30).

    Figura 2 - Coleta de resduos slidos urbanos no Brasil em 2009 e 2010.

    Fonte: ABRELPE (2010, p.31).

  • 23

    Cabe ressaltar a metodologia utilizada pela ABRELPE (2010) quanto ao

    levantamento de dados e tratamento das informaes:

    Os dados relativos s populaes urbana e total dos municpios e estados brasileiros

    e os ndices de urbanizao da Pesquisa Nacional de Amostragem por Domiclios

    (PNAD) foram obtidos por meio de consulta base de dados do Instituto Brasileiro

    de Geografia e Estatstica (IBGE).

    O levantamento de dados sobre os resduos slidos urbanos (RSU), resduos de

    construo e demolio (RCD), coleta seletiva e resduos de servios de sade

    (RSS) origina-se exclusivamente de pesquisas diretas realizadas pela ABRELPE

    junto aos municpios com a aplicao de um questionrio.

    Os dados que compem o captulo sobre reciclagem foram obtidos junto s

    associaes representativas dos setores de alumnio, papel, plstico e vidro, os quais

    abrigam as principais atividades de reciclagem no pas.

    A pesquisa das informaes junto aos municpios brasileiros, relativas aos resduos

    slidos urbanos (RSU) coletados pelos municpios e demais itens pertinentes

    limpeza urbana, atingiu um universo de 350 municpios entrevistados.

    Nas pesquisas realizadas pela ABRELPE, as informaes coletadas foram tabuladas

    em planilhas que relacionam os municpios que as disponibilizaram juntamente com

    as respectivas variveis consideradas relevantes para representar a situao atual dos

    resduos slidos no pas. Aps tabuladas, as informaes foram submetidas a um

    processo de anlise de consistncia, o que resultou na excluso daquelas que

    apresentaram desvios considerados fora do intervalo adotado como padro para cada

    varivel (ABRELPE, 2010, p.22).

    Considerando os dados entre 2009 e 2010, a Tabela 3 apresenta um aumento de 5,3%

    no ndice per capita de gerao de RSU do Brasil como um todo e um acrscimo de 6,8% na

    quantidade total gerada.

    Tabela 3- Quantidade coletada de resduos slidos urbanos e ndice per capita, por regies e

    no Brasil

    Regio

    2009 2010

    RSU coletado

    (t/dia)/ndice

    (kg/hab/dia)

    Populao

    urbana (hab)

    RSU coletado

    (t/dia)

    ndice

    (kg/hab/dia)

    Norte 12.072/1,051 11.663.184 12.920 1,108

    Nordeste 47.665/1,254 38.816.895 50.045 1,289

    Centro-oeste 13.907/1,161 12.479.872 15.539 1,245

    Sudeste 89.460/1,204 74.661.877 96.134 1,288

    Sul 19.624/0,859 23.257.880 20.452 0,879

    Brasil 182.728/1,152 160.879.708 195.090 1,213

    Fonte: ABRELPE (2010, p.45).

  • 24

    Quanto Pesquisa Nacional de Saneamento Bsico (PNSB) de 2008, o objetivo foi

    investigar as condies de saneamento bsico de todos os municpios brasileiros, atravs das

    atuaes dos rgos pblicos e empresas privadas, permitindo uma avaliao sobre a oferta e

    a qualidade dos servios prestados, alm de possibilitar anlises das condies ambientais e

    suas implicaes diretas com a sade e qualidade de vida da populao (IBGE, 2010 a, p.20).

    Com relao ao manejo de resduos slidos, a PNSB 2008, considerou que o

    municpio tinha servio de manejo de resduos slidos quando este existisse em pelo menos

    um distrito, ou parte dele, independentemente da cobertura e frequncia (IBGE, 2010 a, p.25).

    Segundo este autor (p.59), os servios de manejo dos resduos slidos compreendem a coleta,

    a limpeza pblica bem como a destinao final desses resduos, e exercem um forte impacto

    no oramento das administraes municipais, podendo atingir 20,0% dos gastos da

    municipalidade.

    A Tabela 4 apresenta o nmero de municpios com servio de coleta de resduos

    slidos domiciliares e/ou pblicos e as respectivas quantidades dirias coletadas, de acordo

    com a PNSB 2008.

    Tabela 4 - Municpios com servio de coleta de resduos slidos domiciliares e/ou pblicos,

    por quantidade diria coletada, segundo as Grandes Regies e o estado do Rio Grande do

    Norte - 2008

    Grandes Regies e Rio

    Grande do Norte

    Municpios com servio de coleta

    de resduos slidos domiciliares

    e/ou pblicos

    Quantidade diria coletada de

    resduos slidos domiciliares

    e/ou pblicos (t/dia)

    Brasil 5.553 (municpios brasileiros

    existentes em 2008: 5.564) 183.488

    Norte 449 14.639

    Nordeste 1.788 47.206

    Centro-Oeste 466 16.120

    Sudeste 1.665 68.181

    Sul 1.185 37.342

    Rio Grande do Norte 167 4.849

    Fonte: Adaptado de IBGE (2010 a, p.33, 158).

    A ABRELPE ainda relata que os 1.794 municpios do Nordeste produziram juntos

    50.045 toneladas de RSU por dia em 2010, das quais 38.118 tonelada/dia foram coletadas. Em

    relao gerao de resduos no perodo entre 2009 e 2010, observou-se um aumento de 2.8%

    no ndice per capita de gerao de RSU, que atingiu a marca de 1,289 kg por habitante por

    dia.

  • 25

    No ano de 2010, os municpios da regio nordeste aplicaram por ms R$ 3,19 por

    habitante para realizar os servios de coleta de RSU e R$ 6,22 por habitante por ms

    nos demais servios de limpeza e manuteno de parques e jardins, limpeza de

    crregos, etc., que somados perfazem um total de R$ 9,41 por habitante por ms

    para desempenho de todos os servios relacionados com a limpeza urbana das

    cidades (ABRELPE, 2010, p.63).

    De fato, percebe-se uma preocupao com a limpeza da cidade em todos os

    municpios do Brasil, mas apesar dos esforos, pesquisas afirmam que ainda 61% dos

    municpios brasileiros fazem uso dos famosos lixes e aterros controlados.

    Em relao ao estado do Rio Grande do Norte, a gerao de RSU/dia em 2010 foi de

    2.644 toneladas, sendo de 2.313 ton/dia em 2009. A Tabela 5 apresenta dados referentes

    populao urbana, RSU coletados por habitantes, RSU coletado por dia e o total gerado por

    dia referente a 2009 e 2010.

    Tabela 5 - Coleta e gerao de RSU no estado do Rio Grande do Norte em 2009 e 2010

    Ano Populao Urbana

    (hab)

    RSU coletado por

    habitante (kg/hab/dia)

    RSU coletado

    (t/dia)

    RSU gerado

    (t/dia)

    2009 2.262.739 0,866 1.960 2.313

    2010 2.465.439 0,929 2.290 2.644

    Fonte: ABRELPE (2010, p.74-75).

    Apesar de todas as pesquisas e iniciativas feitas para o tratamento correto de RSU,

    evidente que ainda no acontece destinao correta. Na Figura 3, a seguir, possvel

    perceber um pequeno aumento de 1,2% no nmero de toneladas/dia de RSU que teve a

    destinao correta.

    Figura 3 - Destinao final de RSU no estado do Rio Grande do Norte (t/dia).

    Fonte: ABRELPE (2010, p. 75).

  • 26

    De acordo com a PNSB de 2008, 50,8% dos municpios brasileiros depositaram os

    resduos slidos em vazadouros a cu aberto, famosos lixes, embora, essa disposio seja

    considerada inadequada. Verificou-se que os municpios das regies Nordeste e Norte tiveram

    as maiores propores de disposio de resduos slidos em lixes, respectivamente de 89,3%

    e 85,5%, enquanto as regies Sul e Sudeste apresentaram, respectivamente, 15,8% e 18,7%

    (IBGE, 2010 a, p.60).

    Na Tabela 6 so apresentados dados da produo e coleta de RSU para Mossor, no

    estado do Rio Grande do Norte.

    Tabela 6 - Coleta e gerao de RSU em Mossor, no estado do Rio Grande do Norte em 2010

    Populao Urbana 2010

    (hab)

    Quantidade de RSU

    Coletada (t/dia)

    Quantidade de

    RSU Coletada

    (kg/hab/dia)

    PIB per capita

    (R$/hab)

    237.300 216,3 0,91 12.522

    Fonte: ABRELPE (2010, p.154).

    A gesto de resduos slidos no Brasil ainda encontra diversos obstculos,

    principalmente nos grandes centros urbanos. Conforme os dados apresentados no

    Panorama dos Resduos Slidos no Brasil 2010, os ndices de gerao e coleta de

    RSU por habitante superaram mais de seis vezes o ndice de crescimento

    populacional do pas registrado pelo censo do IBGE 2010 no mesmo perodo, a

    demonstrar a necessidade de adoo imediata de um sistema integrado e sustentvel

    de gesto de resduos (ABRELPE, 2010, p. 138).

    3.3.5 Dispositivos legais

    Publicada em 22 de fevereiro de 2007, a lei federal n 11.445 (BRASIL, 2007), veio

    alterar as leis n 8.666/93 e 8.987/95, estabelecendo as diretrizes nacionais para o Saneamento

    Bsico entre outras providncias.

    A respeito das alteraes ocorridas na Lei n 8.666 /93, refere-se basicamente ao Art.

    24, que atualmente prev a dispensa de licitao para a contratao da coleta, processamento e

    comercializao dos RSU reciclveis ou reutilizveis, onde existam sistemas de coleta

    seletiva, gerenciadas por associaes ou cooperativas que possua sua formao

    exclusivamente por pessoas fsicas de baixa renda.

    J a alterao feita na lei n 8.987/95 refere-se ao seu Art. 42, que trata de

    disposies transitrias para as concesses de servios pblicos, outorgadas anteriormente

    vigncia desta lei.

  • 27

    A lei n 11.445 (BRASIL, 2007) estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento

    bsico e para a poltica federal de saneamento bsico, nos seus quatro componentes:

    abastecimento de gua, esgotamento sanitrio, manejo de resduos slidos e manejo de guas

    pluviais.

    Depois de alguns anos tramitando no Congresso Nacional, em agosto de 2010, a

    Justia Federal publicou a Lei Federal n 12.305 que institui a poltica nacional de resduos

    slidos, que foi sancionada pelo Presidente da Repblica 02 de agosto de 2010. A lei

    estabelece princpios, objetivos, instrumentos e diretrizes relativas gesto integrada e ao

    gerenciamento de resduos slidos, incluindo os perigosos. Esta lei se aplica a todos que de

    certa forma desenvolvem alguma atividade que gera resduo, seja direta ou indiretamente, se

    aplicando tanto ao gerador quanto ao poder pblico.

    Ressalte-se que a poltica nacional de resduos slidos, lei no

    12.305/2010 (BRASIL,

    2010), trata na seo II do captulo III, da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida

    dos produtos. Segundo esta lei, responsabilidade compartilhada, refere-se ao

    Conjunto de atribuies individualizadas e encadeadas dos fabricantes,

    importadores, distribuidores e comerciantes, dos consumidores e dos titulares dos

    servios pblicos de limpeza urbana e de manejo dos resduos slidos, para

    minimizar o volume de resduos slidos e rejeitos gerados, bem como para reduzir

    os impactos causados sade humana e qualidade ambiental decorrentes do ciclo

    de vida dos produtos, nos termos desta Lei (BRASIL, 2010).

    Segundo o Art. 30da Lei no 12.305 (BRASIL, 2010):

    instituda a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, a ser

    implementada de forma individualizada e encadeada, abrangendo os fabricantes,

    importadores, distribuidores e comerciantes, os consumidores e os titulares dos

    servios pblicos de limpeza urbana e de manejo de resduos slidos, consoante as

    atribuies e procedimentos previstos nesta Seo.

    Pargrafo nico. A responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos

    tem por objetivo:

    I - compatibilizar interesses entre os agentes econmicos e sociais e os processos de

    gesto empresarial e mercadolgica com os de gesto ambiental, desenvolvendo

    estratgias sustentveis;

    II - promover o aproveitamento de resduos slidos, direcionando-os para a sua

    cadeia produtiva ou para outras cadeias produtivas;

    III - reduzir a gerao de resduos slidos, o desperdcio de materiais, a poluio e

    os danos ambientais;

    IV - incentivar a utilizao de insumos de menor agressividade ao meio ambiente e

    de maior sustentabilidade;

    V - estimular o desenvolvimento de mercado, a produo e o consumo de produtos

    derivados de materiais reciclados e reciclveis;

    VI - propiciar que as atividades produtivas alcancem eficincia e sustentabilidade;

    VII - incentivar as boas prticas de responsabilidade socioambiental.

  • 28

    3.4 RESDUOS DE CONSTRUO E DEMOLIO (RCD)

    Para os resduos de construo e demolio, a seguir, apresentam-se: definio,

    classificao, gerao, gerenciamento, armazenamento, coleta e transporte, disposio final,

    dispositivos legais e normalizaes, e impactos ambientais relacionados a deposies

    irregulares.

    3.4.1 Definio

    De acordo com a Resoluo n307/2002 do Conselho Nacional do Meio Ambiente

    (CONAMA), resduos slidos da construo civil so provenientes de construes, reformas,

    reparos e demolies de obras de construo civil, e os resultantes da preparao e da

    escavao de terrenos, tais como: tijolos, blocos cermicos, concreto em geral, solos, telhas,

    pavimento asfltico, vidros, plsticos, tubulaes, fiao eltrica e outros, comumente

    chamados de entulhos de obras, calia ou metralha (BRASIL, 2002).

    3.4.2 Classificao

    Os resduos da construo civil so classificados segundo a Resoluo do CONAMA

    n 307/2002 (BRASIL, 2002), sendo esta alterada pela Resoluo n 348/2004 (BRASIL,

    2004), como se apresenta a seguir:

    - Classe A: so os resduos reutilizveis ou reciclveis como agregados, tais como os

    oriundos de:

    a) construo, demolio reformas e reparos de pavimentao e de outras obras de infra-

    estrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem;

    b) construo, demolio, reformas e reparos de edificaes: materiais cermicos (tijolos,

    blocos, telhas, placas de revestimento... etc.), argamassa e concreto;

    c) processo de fabricao e/ou demolio de peas pr-moldadas em concreto (blocos,

    tubos, meios-fios, etc.) produzidas nos canteiros de obras.

    - Classe B: so os resduos reciclveis para outras destinaes, tais como: plsticos,

    papel/papelo, metais, vidros, madeiras e outros.

    - Classe C: so os resduos para os quais no foram desenvolvidas tecnologias ou aplicaes

    economicamente viveis que permitam a sua reciclagem/recuperao, tais como os

    produtos fabricados com gesso.

  • 29

    - Classe D: so resduos perigosos oriundos do processo de construo, tais como tintas,

    solventes, leos e outros ou aqueles contaminados ou prejudiciais sade oriundos de

    demolies, reformas e reparos de clnicas radiolgicas, instalaes industriais e outros,

    bem como telhas e demais objetos e materiais que contenham amianto ou outros produtos

    nocivos sade.

    3.4.3 Gerao de resduos da construo e demolio

    perceptvel que todas as aes humanas geram resduos e na construo civil no

    diferente. Desde a elaborao do projeto a sua execuo, materiais vo sendo desperdiados,

    seja no transporte, na construo e principalmente no acabamento, que um exemplo

    clssico, que depois de construdas as estruturas, elas so perfuradas para fazer as instalaes

    eltricas e hidrulicas. Segundo Freitas (1995 apud FRAGA, 2006, p.3) o desperdcio uma

    caracterstica marcante na construo civil brasileira, sendo caracterizado, principalmente, por

    desperdcios de materiais, de tempo, os relativos mo-de-obra e o de recursos financeiros.

    No Brasil, a gerao per capita varia entre 230 a 760 kg/hab.ano considerando as

    mdias realizadas em algumas cidades brasileiras (PINTO, 1999; CARNEIRO et al, 2001 e

    PINTO; GONZALEZ, 2005, apud CRDOBA, 2010, p. 23).

    Com isso, pode-se observar que atualmente um dos grandes problemas enfrentados

    pelas prefeituras municipais disposio dos resduos em seus locais adequados, pois como

    a gerao est acontecendo em grande escala, no mais s um problema administrativo,

    passa ento a ter carter social medida que a populao se sente prejudicada. Sendo assim,

    as autoridades tm que tomar uma posio para que no ocorram problemas sanitrios,

    econmicos e sociais ocasionando transtorno a populao.

    Estimativas internacionais apontam que em diversos pases essa gerao varia de 130

    a 3.000 kg/hab.ano conforme a Tabela 7. Os autores ainda enfatizaram que essa variao, s

    vezes, grande para um mesmo pas, devido inexistncia de metodologias unificadas para a

    estimativa desta gerao (CRDOBA, 2010, p.24).

    Tabela 7 - Estimativa de gerao de resduos da construo e demolio, no mundo Cont.

    Pas Quantidade Anual

    Milhes t/ano kg/hab.ano Fonte

    Sucia 1,2 6 136 680 Tolstoy; Brklund; Carlson (1998), Crdoba

    (1999).

    Holanda 12,8 20,2 820 1.300 Lauritzen (1998), Brossink; Brouwers; Van

    Kessel (1996), Crdoba (1999).

    EUA 136 - 171 463 584 EPA (1998), Peng,;Grosskopf; Kibert (1994).

  • 30

    Reino Unido 50 70 880 1.120

    Detr (1998), Lauritzen (1998).

    Belgica 7,5 34,7 735 3.359 Dinamarca 2,3 10,7 440 2.010 Itlia 35 40 600 690 Alemanha 79 300 963 3.658 Japo 99 785 Kasai (1998).

    Portugal 3,2 4,4 325 447 Crdoba (1999), Ruivo; Veiga apud Marques

    Neto (2009, p.67).

    Brasil - 230 760 Pinto (1999), Carneiro et al. (2001), Pinto e

    Gonzalez (2005).

    Fontes: John; Agopyan (2000), Pinto (1999), Carneiro et al. (2001), Pinto; Gonzalez (2005), Marques Neto

    (2009) apud Crdoba (2010, p.25).

    Existem fatores que possuem um grande impacto na gerao do RCD, como pases

    que sofrem com guerras, ou com catstrofes naturais, que o caso do Japo, gerando RCD em

    um ritmo muito alto e sem possibilidades de controle, acarretando vrias conseqncias

    significativas para os cidados.

    3.4.4 Gerenciamento de resduos da construo e demolio

    Para efeito da Resoluo n 307/2002 do CONAMA (BRASIL, 2002),

    gerenciamento de resduos o sistema de gesto que visa reduzir, reutilizar ou reciclar

    resduos, incluindo planejamento, responsabilidades, prticas, procedimentos e recursos para

    desenvolver e implementar as aes necessrias ao cumprimento das etapas previstas em

    programas e planos.

    De acordo com a referida Resoluo, os projetos de gerenciamento de resduos da

    construo civil devero contemplar as seguintes etapas (BRASIL, 2002):

    I- Caracterizao: identificar e quantificar os resduos gerados;

    II- Triagem: dever ser realizada a triagem dos rejeitos de acordo com as classes

    de resduos estabelecida na Resoluo;

    III- Acondicionamento: o gerador dever realizar o confinamento dos resduos

    gerados at que seja feito o transporte adequado daqueles que no podero ser

    reutilizados ou reciclados;

    IV- Transporte: realizao do transporte aps as outras etapas descritas acima, de

    acordo com a norma vigente;

    V- Destinao:dever ser prevista de acordo com o estabelecido nesta

    Resoluo.

  • 31

    Segundo as pesquisas da ABRELPE (2010, p. 102), os municpios coletam to

    somente os resduos de construo civil e demolio (RCD) lanados em logradouros

    pblicos. Levando em considerao os anos de 2009 e 2010, observou-se um aumento

    significativo na coleta dos RCD nos municpios do Brasil, cerca de 8,7%, enfatizando ainda

    mais o crescimento urbano brasileiro, conforme apresentado na Tabela 8.

    Tabela 8 - Quantidade total coletada de RCD por regio e no Brasil, em 2009 e 2010

    Regio

    2009 2010

    RCD coletados (t/dia)/

    ndice (kg/hab/dia)

    Populao

    urbana (hab)

    RCD coletado

    (t/dia)

    ndice

    (kg/hab/dia)

    Norte 3.405/0,297 11.663.184 3.514 0,301

    Nordeste 15.663/0,412 38.816.895 17.995 0,464

    Centro Oeste 10.997/0,918 12.479.872 11.525 0,923 Sudeste 46.990/0,632 74.661.877 51.582 0.691

    Sul 14.389/0,630 23.257.880 14.738 0,634

    Brasil 91.444/0,576 160.879.708 99.354 0,618

    Fonte: ABRELPE (2010, p. 102).

    A Tabela 9, de acordo com a PNSB 2008, apresenta os municpios brasileiros que

    possuem servio de manejo de resduos de construo e demolio.

    Na Tabela 10 apresenta-se o nmero de municpios brasileiros que possuem servio

    de manejo de resduos de construo e demolio, por forma de disposio dos resduos no

    solo, segundo a PNSB 2008.

  • 32

    Tabela 9 Municpios, total e com servio de manejo de resduos de construo e demolio por existncia e tipo de processamento dos resduos, segundo as Grandes Regies e as Unidades de Federao 2008 Cont.

    Grandes

    regies e

    Unidade de

    Federao

    Municpios

    Total

    Com servio de manejo dos resduos de construo e demolio

    Total

    Existncia e tipo de processamento de resduos

    Total

    Triagem simples dos

    resduos de

    construo e

    demolio

    reaproveitveis

    (classes A e B)

    Triagem e

    triturao simples

    dos resduos classe

    A

    Triagem e triturao dos

    resduos classe A, com

    classificao

    granulomtrica dos

    agregados reciclados

    Reaproveitamento dos

    agregados produzidos

    na fabricao de

    componentes

    construtivos

    Outros

    Brasil 5.564 4.031 392 124 14 20 79 204

    Norte 449 293 28 5 - - 6 18

    Rondnia 52 28 9 - - - 3 6

    Acre 22 6 - - - - 3 6

    Amazonas 62 39 6 3 - - 2 1

    Roraima 15 1 1 - - - 1 -

    Par 143 117 12 2 - - - 10

    Amap 16 4 - - - - - -

    Tocantins 139 98 1 - - - - 1

    Nordeste 1.793 1.454 178 38 4 6 32 118

    Maranho 217 139 6 3 2 1 - 3

    Piau 223 121 1 - - - - 1

    Cear 184 167 31 2 - 1 2 28

    Rio Grande

    do Norte 167 141 42 4 - - 3 38

    Paraba 223 189 6 4 1 1 1 3

    Pernambuco 185 157 23 5 - 1 5 12

    Alagoas 102 87 22 9 1 2 10 6

    Sergipe 75 69 5 - - - - 5

    Bahia 417 384 42 11 - - 11 22

    Sudeste 1.668 1.272 109 50 7 12 25 38

    Minas

    Gerais 853 682 45 15 2 2 11 19

  • 33

    Esprito

    Santo 78 60 3 2 - - - 1

    Rio de

    janeiro 92 64 9 6 1 - 1 1

    So Paulo 645 466 52 27 4 10 13 17

    Sul 1.188 639 54 24 3 2 14 16

    Paran 399 272 22 10 - 1 6 6

    Santa

    Catarina 293 111 11 4 3 1 2 4

    Rio Grande

    do Sul 496 252 21 10 - - 6 6

    Centro-

    Oeste 466 373 22 7 - - 2 14

    Mato Grosso

    do Sul 78 60 10 1 - - - 10

    Mato Grosso 141 80 5 1 - - 2 2

    Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenao de Populao e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saneamento Bsico (2008, p. 169)

    Nota: O municpio pode apresentar mais de um tipo de processamento dos resduos de construo e demolio.

  • 34

    Tabela 10 Municpios, total e com servio de manejo de resduos de construo e demolio, por forma de disposio dos resduos no solo, segundo as Grandes Regies e as Unidades da Federao 2008 Cont.

    Grandes

    Regies e

    Unidades da

    Federao

    Municpios

    Total

    Com servio de manejo dos resduos de construo e demolio

    Total

    Forma de disposio no solo

    Disposio

    em

    vazadouro

    s, em

    conjunto

    com os

    demais

    resduos

    Disposio/uti

    lizao sob

    controle em

    aterro

    convencional,

    em conjunto

    com os

    demais

    resduos

    Disposio

    sob controle,

    em ptio ou

    galpo de

    estocagem

    da

    prefeitura,

    especfico

    para

    resduos

    especiais

    Disposio

    transitria

    sob controle,

    aterro da

    prefeitura

    especfico

    para resduos

    especiais

    Disposio

    transitria

    sob controle

    em aterro de

    terceiros

    especfico

    para

    resduos

    especiais

    Utilizao

    definitiva e sob

    controle dos

    resduos como

    material de

    aterro, pela

    prefeitura,

    aps triagem e

    remoo dos

    resduos classes

    B, C e D

    Utilizao

    definitiva e

    sob controle

    dos resduos

    como

    material de

    aterro, por

    terceiros,

    aps triagem

    e remoo dos

    resduos

    classes B, C e

    D

    Outras

    Brasil 5.564 4.031 1.330 442 176 267 181 503 292 1.235

    Norte 449 293 148 27 5 13 11 16 12 71

    Rondnia 52 28 7 5 3 - - - - 7

    Acre 22 6 5 - - - - - - 1

    Amazonas 62 39 11 3 - 2 3 6 4 12

    Roraima 15 1 - - - - - - - 1

    Par 143 117 61 5 2 5 4 9 8 36

    Amap 16 4 4 - - - - - - -

    Tocantins 139 98 60 14 - 6 4 1 - 14

    Nordeste 1.793 1.454 744 92 21 46 56 143 114 391

    Maranho 217 139 114 3 2 1 2 2 4 22

    Piau 223 121 99 2 - 2 - - 2 21

    Cear 184 167 50 8 - 8 15 24 27 43

    Rio Grande

    do Norte 167 141 65 6 3 4 5 36 6 31

    Paraba 223 189 77 4 1 2 2 7 1 108

  • 35

    Pernambuco 185 157 52 14 1 5 4 22 19 52

    Alagoas 102 87 46 10 6 4 7 10 6 13

    Sergipe 75 69 34 3 - 2 4 10 10 12

    Bahia 417 384 207 42 8 18 17 32 39 89

    Sudeste 1.668 1.272 207 202 105 126 65 220 97 391

    Minas

    Gerais 853 682 153 127 32 49 22 130 64 172

    Esprito

    Santo 78 60 6 8 1 - 5 19 7 22

    Rio de

    Janeiro 92 64 16 9 3 8 4 11 3 19

    So Paulo 645 466 32 58 69 69 34 60 23 178

    Sul 1.188 639 77 74 33 37 37 73 51 284

    Paran 399 272 46 29 25 19 19 19 9 114

    Santa

    Catarina 293 111 8 10 4 4 8 6 12 65

    Rio Grande

    do Sul 496 256 23 35 4 14 10 48 30 105

    Centro-

    Oeste 466 373 154 47 12 45 12 51 18 98

    Mato Grosso

    do Sul 78 60 11 3 5 25 1 14 - 10

    Mato Grosso 141 80 41 16 5 11 3 4 4 2

    Gois 246 232 101 27 2 8 8 33 14 85

    Distrito

    Federal 1 1 1 1 - 1 - - - 1

    Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenao de Populao e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saneamento Bsico (2008, p. 170)

    Nota: O municpio pode apresentar mais de uma forma de disposio no solo dos resduos de construo e demolio.

  • 36

    3.4.4.1 Armazenamento

    Segundo a Resoluo n 307/2002 do CONAMA (BRASIL, 2002), os geradores

    devero ter como objetivo prioritrio a no gerao de resduos e, secundariamente, a

    reduo, a reutilizao, a reciclagem e a destinao final. Em muitos locais as empresas

    terceirizadas assumem a responsabilidade do armazenamento, deixando nas obras de

    construo ou demolio, caambas que auxiliam na estocagem e no transporte dos rejeitos

    para o seu devido fim.

    Essas caambas metlicas so construdas com chapas de ao soldadas em formato

    de tronco de pirmide invertido, as quais possuem capacidade til de 3, 4 ou 5m

    (PARELLADA, 2001 apud CRDOBA, 2010, p.34).

    Figura 4 Vista de caambas metlicas de chapas de ao em formato de tronco de pirmide invertido para resduos da construo e demolio.

    Fonte: Autoria prpria (2011).

    Este tipo de armazenamento muito comum, mas devem existir precaues na sua

    utilizao, pois geralmente eles ficam abertos e sujeitos a contaminao de outro tipo de

    rejeito, como por exemplo, pode-se tornar um local propcio ao desenvolvimento de larvas de

    Aedes aegypti. Outro tipo de contaminao a disposio de animais mortos junto com os

    RCD ou outros resduos slidos. Para isso ser evitado, pode se realizar uma medida simples,

    como cobrir o reservatrio com algum tipo de material que impea a contaminao.

  • 37

    3.4.4.2 Coleta e transporte

    Para coletar os resduos armazenados, comumente contratam-se carros que possuem

    carroceria para fazer o transporte desses reservatrios. J, para os rejeitos dispostos em locais

    clandestinos, a coleta, geralmente, feita pela prefeitura do municpio. Dependendo da

    quantidade de rejeitos a prefeitura passa a ser parcialmente responsvel, j que a mesma

    exerce papel fundamental na limpeza da cidade.

    A Tabela 11 e a 12 apresentam, respectivamente, tipos de resduos e formas de coleta

    e remoo do canteiro de obra, para resduos oriundos e no oriundos da atividade

    construtiva, respectivamente.

    Tabela 11- Tipos de resduos, formas de coleta e remoo do canteiro de obra para resduos

    oriundos da atividade construtiva Cont.

    TIPOS DE RESDUOS REMOO DOS RESDUOS

    Bloco de concreto, blocos cermicos, outros

    componentes cermicos, argamassas,

    concreto, tijolos e assemelhados

    Caminho com equipamento poliguindaste ou

    caminho com caamba basculante, sempre coberto

    com lona.

    Madeira

    Caminho com equipamento poliguindaste, caminha

    com caamba basculante ou caminho com

    carroceria de madeira, respeitando as condies de

    segurana para a acomodao da carga na carroceria

    do veculo, sempre coberto com lona.

    Plsticos (sacaria de embalagens, aparas de

    tubulaes etc.)

    Caminho ou outro veculo de carga, desde que os

    bags sejam retirados fechados para impedir mistura

    com outros resduos na carroceria e disperso

    durante o transporte.

    Papelo (sacos e caixas de embalagens dos

    insumos utilizados durante a obra) e papis

    (escritrio)

    Caminho ou outro veculo de carga, desde que os

    bags sejam retirados fechados para impedir mistura

    com outros resduos na carroceria e disperso

    durante o transporte.

    Metal (ferro, ao, fiao revestida, arames

    etc.)

    Caminho preferencialmente equipado com

    guindaste para elevao de cargas pesadas ou outro

    veculo de carga.

    Serragem e EPS (poliestireno expandido,

    exemplo: isopor)

    Caminho ou outro veculo de carga, desde que os

    sacos ou bags sejam retirados fechados para impedir

    mistura com outros resduos na carroceria e

    disperso durante o transporte.

    Gesso de revestimento, placas acartonadas e

    artefatos

    Caminho com equipamento poliguindaste ou

    caminho com caamba basculante, sempre coberto

    com lona.

    Solo

    Caminho com equipamento poliguindaste ou

    caminho com caamba basculante, sempre coberto

    com lona.

    Telas de fachada e de proteo Caminho ou outro veculo de carga, com cuidado

    para conteno de carga durante o transporte.

    Materiais, instrumentos e embalagens

    contaminadas por resduos perigosos

    (exemplos: embalagens plsticas e de metal,

    Caminho ou outro veculo de carga, sempre

    coberto.

  • 38

    instrumentos de aplicao com broxas,

    pincis, trinchas e outros materiais auxiliares

    como panos, trapos, estopas etc.)

    Fonte: SINDUSCON/SP (2005, p.27).

    Tabela 12 - Tipos de resduos, formas de coleta e remoo do canteiro de obra para resduos

    no oriundos da atividade construtiva

    TIPOS DE RESDUO REMOO DOS RESDUOS

    Restos de alimentos e suas embalagens, copos

    plsticos usados e papis sujos (refeitrio,

    sanitrios e reas de vivncia)

    Veculos utilizados na coleta pblica dos resduos

    domiciliares, obedecendo aos limites estabelecidos

    pela legislao municipal competente.

    Resduos de ambulatrio Veculos definidos pela legislao municipal

    competente.

    Fonte: SINDUSCON/SP (2005, p.27).

    3.4.4.3 Disposio final

    De acordo com Resoluo n 307/2002 do CONAMA (BRASIL, 2002), os resduos

    da construo civil no podero ser dispostos em aterros de resduos domiciliares, em reas de

    bota fora, em encostas, corpos d`gua, lotes vagos e em reas protegidas por Lei.

    O Art. 10 da Resoluo n 307/2002 do CONAMA (BRASIL, 2002) menciona que

    os resduos da construo civil devero ser destinados das seguintes formas:

    I- Classe A: devero ser utilizados ou reciclados na forma de agregados, ou

    encaminhados a reas de aterro de resduos da construo civil, sendo dispostos de

    modo a permitir a sua utilizao ou reciclagem futura;

    II- Classe B: devero ser reutilizados, reciclados ou encaminhados a reas de

    armazenamento temporrio, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilizao ou

    reciclagem futura;

    III- Classe C: devero ser armazenados, transportados e destinados em

    conformidade com as normas tcnicas especficas;

    IV- Classe D: devero ser armazenados, transportados, reutilizados e destinados em

    conformidade com as normas tcnicas especficas.

    Segundo Pinto e Gonzalez (2005 apud CRDOBA, 2010, p.53), existem duas

    formas de disposio final irregular, a primeira seria o descarte em bota-foras clandestinos e

    outra consiste em reas de deposio irregular.

    Esses bota-foras so locais nos quais as empresas que coletam os rejeitos da

    construo, despejam grandes volumes de RCD em reas que no esto licenciadas. As reas

    de deposio irregular so locais utilizados por pequenos geradores de resduos para o

    descarte, no s do RCD, como tambm os RSU, geralmente so terrenos baldios, vias

    urbanas, margens de rios. Um exemplo so os RSU e os RCD que ficam a margem do rio

    Mossor - Apodi.

  • 39

    Em muitos municpios, o que se v tambm a disposio em lixes,

    comprometendo ainda mais esses locais e tambm desperdiando muito material que poderia

    ser reaproveitado e reciclado.

    As deposies ilegais oneram os cofres das prefeituras, como exemplo deste prejuzo

    pode-se citar o setor de limpeza pblica paulistana que consome de 4% a 7%, cerca de

    quatrocentos milhes de reais por ano (CABRAL, 2007 apud CRDOBA, 2010, p.55).

    3.4.5 Dispositivos legais e normas referentes a resduos da construo e demolio

    Algumas normas brasileiras relacionadas aos resduos da construo e demolio so

    citadas a seguir:

    - ABNT NBR 15112 - Resduos da construo civil e resduos volumosos - reas de

    transbordo e triagem - diretrizes para projeto, implantao e operao;

    - ABNT NBR 15113 - Resduos slidos da construo civil e resduos inertes - aterros -

    diretrizes para projeto, implantao e operao;

    - ABNT NBR 15114 - Resduos slidos da construo civil - reas de reciclagem diretrizes

    para projeto, implantao e operao;

    - ABNT NBR 15115 - Agregados reciclados de resduos slidos da construo civil

    execuo de camadas de pavimentao procedimentos;

    - ABNT NBR 15116 - Agregados reciclados de resduos slidos da construo civil -

    utilizao em pavimentao e preparo de concreto sem funo estrutural requisitos.

    - CONAMA N 307 - Estabelece diretrizes, critrios e procedimentos para a gesto dos

    resduos da construo civil;

    - Cdigo de obras, posturas e edificaes do Municpio de Mossor.

    - Lei n 9.605 Crimes Ambientais: Dispe sobre as sanes penais e administrativas

    derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e da outras providencias.

    3.4.6 Impactos ambientais relacionados a deposies irregulares de resduos da construo e demolio

    Toda ao humana utilizando a extrao de recursos naturais ou no, gera impactos.

    Hoje, uma das principais discusses mundiais a preocupao com o meio ambiente, com os

    impactos negativos que ocasionamos e consequncias geradas pelo uso irresponsvel de

    recursos naturais.

  • 40

    Segundo Gaede (2008, p. 22), todas as etapas do processo construtivo, tais como:

    extrao de matrias-primas, produo de materiais, construo, utilizao e demolio,

    causam impactos ambientais que afetam direta ou indiretamente os seguintes aspectos:

    - A sade, a segurana e o bem-estar da populao;

    - As atividades sociais e econmicas;

    - A biota;

    - As condies estticas e sanitrias do meio ambiente;

    - A qualidade dos recursos ambientais.

    A Resoluo n 1/1986 do CONAMA define impacto ambiental da seguinte forma:

    Qualquer alterao das propriedades fsicas, qumicas e biolgicas do meio

    ambiente, causada por qualquer forma de matria ou energia resultante das

    atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam a sade, a segurana e o

    bem estar da populao, as atividades sociais e econmicas; a biota; as condies

    estticas e sanitrias do meio ambiente; e a qualidade dos recursos ambientais

    (BRASIL, 1986).

    A construo civil uma das prticas que mais gera resduos entre todas as

    atividades humanas e a disposio irregular desses resduos pode ocasionar consequncias

    graves para a natureza e para o prprio ser homem. grande o nmero de reas degradadas

    por bota-foras clandestinos ou por deposio irregular, sendo mais expressivo nas periferias

    das cidades, onde se encontra a populao mais carente, que acaba sofrendo as consequncias

    pelo mau gerenciamento dos RCD.

    Entre os diversos impactos ambientais negativos ocasionados pela deposio

    irregular dos RCD pode-se citar:

    - Assoreamento de rios;

    - Obstruo de vias, impedindo a passagem de pedestres e de veculos, degradando a

    paisagem urbana;

    - Contaminao do RCD por RSU, provocando a proliferao de possveis transmissores de

    doenas;

    - Obstruo de sistema de drenagem, aumentando as possibilidades de enchentes;

    - Queimadas ocasionadas por resduos de alta combusto que podem ser depositadas junto

    aos entulhos.

  • 41

    3.5 ALTERNATIVAS PARA MINIMIZAO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NEGATIVOS RELACIONADOS A DEPOSIES IRREGULARES DE RESDUOS

    DA CONSTRUO E DEMOLIO

    inquestionvel que o avano da construo no pas de alta importncia para a

    economia e para a qualidade de vida da populao. Entretanto, toda ao gera uma

    consequncia. Nesse sentido, fundamental que o desperdcio e a gerao de resduos sejam

    minimizados, tanto quanto possvel.

    Entre as alternativas existentes para a minimizao dos impactos ambientais

    negativos relacionados a deposies irregulares, pode-se citar, por exemplo, a reutilizao, a

    reciclagem e o modo de produo limpa.

    3.5.1 Reutilizao

    Nos termos da Resoluo n 307/2002 do CONAMA (BRASIL, 2002), a reutilizao

    pode ser definida como o processo de reaplicao de um resduo, sem transformao do

    mesmo.

    A reutilizao de resduos da construo e demolio, como tambm mudanas

    desde a concepo do projeto podem ajudar a diminuio da gerao de resduos da

    construo. O clculo correto de tamanhos e quantidades de materiais necessrios pode

    diminuir significativamente o desperdcio com quebras de materiais no acabamento e,

    consequentemente, contribui na reduo dos custos, tanto na compra de novos materiais,

    como tambm na contratao de transporte para proporcionar uma disposio final a esse

    rejeito. Alm disso, a menor gerao de rejeitos diminui a possibilidade de disposio

    irregular.

    A Tabela 13 apresenta alguns materiais ou resduos da construo e demolio com

    potencial para reutilizao.

    Tabela 13 - Alguns materiais ou resduos da construo e demolio com possibilidade de

    reutilizao e seus respectivos cuidados exigidos

    TIPOS DE MATERIAL

    OU RESDUO

    CUIDADOS

    REQUERIDOS PROCEDIMENTO

    Painis de madeira

    provenientes da desforma

    de lajes, pontalentes,

    sarrafos etc.

    Retirada das peas,

    mantendo-as separadas

    dos resduos

    inaproveitveis.

    Manter as peas empilhadas, organizadas e

    disponveis o mais prximo possvel dos

    locais de reaproveitamento.

    Se o aproveitamento das peas no for

    prximo do local de gerao, essas devem

    formar estoque sinalizado nos pavimentos

  • 42

    inferiores (trreo em ou subsolos).

    Blocos de concreto e

    cermicos parcialmente

    danificados.

    Segregao

    imediatamente aps a sua

    gerao, para evitar

    descarte.

    Formar pilhas que podem ser deslocadas para

    utilizao em outras frentes de trabalho.

    Solo

    Identificar eventual

    necessidade do

    aproveitamento na prpria

    obra para reaterros.

    Planejar execuo da obra compatibilizando

    fluxo de gerao e possibilidades de

    estocagem e reutilizao.

    Fonte: SINDUSCON/SP (2005, p.25).

    3.5.2 Reciclagem

    Segundo a Resoluo n 307/2002 do CONAMA (BRASIL, 2002), reciclagem o

    processo de reaproveitamento de um resduo, aps ter sido submetido transformao.

    Segundo Schulz e Hendricks (1992 apud PINTO, 1999, p. 87) o uso dos RCD

    reciclveis s veio ter relevncia aps a Segunda Guerra Mundial, para satisfazer a

    necessidade de remover os escombros das cidades europias e ao mesmo tempo aumentar a

    produo de materiais de construo, j que a demanda nesta poca era muito alta.

    A ento Repblica Federal da Alemanha herdou da guerra um volume entre 400 e

    600 milhes de metros cbicos de escombros, dos quais foram reciclados cerca de 11,5

    milhes de metros cbicos, que possibilitaram a produo de 175.000 unidades habitacionais

    at o ano de 1955 (SCHULZ; HENDRICKS, 1992 apud PINTO, 1999, p. 87).

    A reciclagem no Brasil ainda est em crescimento, mas j uma atividade praticada

    por empresas que prezam pelo meio ambiente e pela reduo dos custos e tambm de suma

    importncia para a destinao correta de resduos da construo e demolio.

    Segundo Pinto (1999, p. 93), os primeiros trabalhos de reciclagem eram feitos no

    prprio canteiro de obra, no inicio da dcada de 80. Eram utilizadas masseiras-moinho, um

    tipo de equipamento de pequeno porte que propiciava a moagem intensa de resduos menos

    resistentes, como alvenaria e argamassas, e o produto dessa moagem era utilizada para o

    revestimento da edificao a qual se extraiu os rejeitos.

    Crdoba (2010, p.43) mencionou que a reciclagem deve ser a terceira medida

    adotada para o fim dos rejeitos, pois a primeira e a segunda dever ser respectivamente a no

    gerao de resduos e a reutilizao.

    Segundo Santos (2007 apud CRDOBA, 2010, p. 44), a aplicao de resduos

    reciclados na indstria da construo civil pode ser feito tanto com material produzido de

    atividades da prpria construo civil, como tambm de outras atividades.

  • 43

    Ainda de acordo com Crdoba (2010, p. 44), as principais aplicaes de RCD

    reciclveis so:

    - Base para pavimentaes;

    - Agregados para concreto que no possua funo estrutural;

    - Fabricao de objetos derivados do cimento, como o caso de blocos e bancos;

    - Argamassas para tijolos ou revestimento.

    Tendo em vista a regulamentao para utilizao de RCD reciclados, foram

    elaboradas duas normas da ABNT para utilizao no Brasil, so elas:

    - NBR 15.115/2004: Agregados reciclados de resduos slidos da construo civil execuo

    de camadas de pavimentao - procedimentos;

    - NBR 15.116/2004: Agregados reciclados de resduos slidos da construo civil utilizao

    em pavimentao e preparo de concreto sem funo estrutural - requisitos.

    Segundo Hamassaki (2000, p.183), existem diferenas significativas nos reciclados

    de RCD do canteiro de obra e da usina. Isto se d pelo fato que os reciclados produzidos em

    usinas podem ser contaminados por solos, matrias orgnicas, plsticos e outros rejeitos, pois

    muitas vezes apresenta uma composio bastante heterognea. J, os reciclados no canteiro de

    obra tornam-se mais puros, pois no tem muito contato com outros materiais.

    A Tabela 14 apresenta algumas usinas de reciclagem que esto em atividade no

    Brasil, como tambm as suas localizaes, propriedades, incios de suas atividades e suas

    respectivas capacidades.

    Tabela 14 Usinas de reciclagem de RCD instaladas em alguns municpios do Brasil Cont.

    MUNICPIOS PROPRIEDADE INICIO DA

    ATIVIDADE

    CAPACIDADE

    (T/H)

    So Paulo SP Prefeitura 1991 100 Londrina PR Prefeitura 1993 20 Belo Horizonte MG (Estoril) Prefeitura 1994 30 Belo Horizonte MG (Pampulha) Prefeitura 1996 20 Ribeiro Preto SP Prefeitura 1996 30 Piracicaba - SP Autarquia/Emdhap 1996 15

    So Jos dos Campos SP Prefeitura 1997 30 Muria MG Prefeitura 1997 8 So Paulo - SP ATT Base 1998 15

    Maca RJ Prefeitura 1998 8 So Sebastio SP Adm. Regional 1999 5 Socorro SP Irmos Preto 2000 3 Guarulhos SP Prefeitura/ Proguaru 2000 15 Vinhedo SP Prefeitura 2000 15 Braslia DF Caenee 2001 30 Fortaleza CE Usifort 2002 60 Ribeiro Pires SP Prefeitura 2003 15

  • 44

    Ciraco SP Prefeitura 2003 15 So Gonalo - RJ Prefeitura 2004 35

    Jundia SP SMR 2004 20 Campinas SP Prefeitura 2004 70 So Bernardo do Campo - SP Urbem 2005 50

    So Bernardo do Campo - SP Ecoforte 2005 70

    So Jos do Rio Preto - SP Prefeitura 2005 30

    So Carlos - SP Autarquia/PROHAB 2005 20

    Belo Horizonte MG (BR 040) Prefeitura 2006 40 Ponta Grossa - SP P. Grossa Amb. 2006 20

    Taboo da Serra SP Estao Ecologia 2006 20 Joo Pessoa PB Prefeitura/ Emlur 2007 25 Caraguatatuba PB JC 2007 15 Colombo PR Soliforte 2007 40 Limeira SP RL Reciclagem 2007 35 Americana SP Cemara 2007 25 Piracicaba SP Autarquia/Sema e 2007 20 Santa Maria RS GR2 2007 15 Osasco SP Inst. Nova Anera 2007 25 Rio das Ostras RJ Prefeitura 2007 20 Braslia - DF CAENGE 2008 30

    Londrina - PR Kurica Ambiental 2008 40

    So Lus MA Limpel 2008 40 So Jos dos Campos - SP RCC Ambiental 2008 70

    Paulnia SP Estre Ambiental 2008 100 Guarulhos - SP Henfer 2008 30

    Barretos SP Prefeitura 2008 25 So Jos dos Campos SP Julix Entema 2008 25 Petrolina PE Prefeitura 2008 25 Itaquaquecetuba - SP Entrec Ambiental 2008 40

    H tambm usinas em Canoas, Caxias do Sul, Charquedas e So Leopoldo no Estado do RS, porm estas no

    foram contabilizadas pelos autores em funo da falta de informaes mais detalhadas

    Fontes: Miranda; ngulo; Careli (2008 apud PINTO, 2010, p.49).

    3.5.3 Produo Limpa

    O objetivo da produo limpa est basicamente relacionado com o do

    desenvolvimento sustentvel, onde o foco a produo que minimiza os danos natureza e

    no gera a escassez das fontes naturais de produo.

    De acordo com o relatrio Nosso Futuro Comum (Our Commom Future), tambm

    conhecido como Relatrio Brundtland, desenvolvimento sustentvel o modelo de

    desenvolvimento que atenda as necessidades do presente sem comprometer a capacidade de

    as geraes futuras atenderem tambm as suas (CMMAD, 1988, p.9).

    Segundo Furtado (2000 apud SPERANDIO E DONAIRE, 2005, p. 6), h quatro

    elementos fundamentais que compem o conceito de Produo Limpa:

    - Princpio da precauo: obriga o poluidor potencial a arcar com o nus da prova de

    que uma substncia ou atividade causar dano ao ambiente;

  • 45

    - Princpio da preveno: consiste em substituir o controle de poluio pela

    preveno da gerao de resduos na fonte, evitando a gerao e emisses perigosas

    para o ambiente. Preferncia pelo aspecto preventivo em relao ao curativo ao

    avaliar o efeito das emisses;

    - Principio de controle democrtico: acesso informao sobre questes que dizem

    respeito a segurana e uso de processos e produtos, por todos os interessados,

    inclusive as emisses e registros de poluentes, planos de reduo de uso de produtos

    txicos e dados sobre a utilizao de componentes perigosos nos produtos;

    - Principio da integrao: viso holstica do sistema de produo de bens e servios,

    com o uso de ferramentas especficas como a utilizao da Avaliao do Ciclo de

    Vida (ACV).

    De acordo com Kruzewska e Thorpe (1995 apud SPERANDIO E DONAIRE, 2005,

    p. 6) a aplicao da PL envolve oito etapas, a saber:

    - Identificar as substncias perigosas a serem gradualmente eliminadas com base no

    princpio da precauo;

    -Realizao de anlises qumicas e de fluxo de materiais;

    -Estabelecimento e implantao de um