Costa Filho, Francisco Das Chagas Da.
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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-RIDO
DEPARTAMENTO DE CINCIAS AMBIENTAIS E TECNOLOGICAS
CURSO DE CINCIA E TECNOLOGIA
FRANCISCO DAS CHAGAS DA COSTA FILHO
DEPOSIO IRREGULAR DE RESDUOS DA CONSTRUO E DEMOLIO NA
CIDADE DE MOSSOR, RIO GRANDE DO NORTE
MOSSOR-RN
2011
-
FRANCISCO DAS CHAGAS DA COSTA FILHO
DEPOSIO IRREGULAR DE RESDUOS DA CONSTRUO E DEMOLIO NA
CIDADE DE MOSSOR, RIO GRANDE DO NORTE
Monografia apresentada a Universidade
Federal Rural do Semi-rido UFERSA, Departamento de Cincias Ambientais e
Tecnolgicas para a obteno do ttulo de
Bacharel em Cincia e Tecnologia.
Orientadora: Prof. Dra. Solange Aparecida
Goularte Dombroski UFERSA.
MOSSOR-RN
2011
-
Ficha catalogrfica preparada pelo setor de classificao e catalogao
da Biblioteca Orlando Teixeira da UFERSA
C837d Costa Filho, Francisco das Chagas da.
Deposio irregular de resduos da construo e demolio na
cidade de Mossor, Rio Grande do Norte. / Francisco das
Chagas da Costa Filho. Mossor-RN, 2011.
78f. il.
Monografia (Graduao em Bacharelado em Cincia e
Tecnologia) Universidade Federal Rural do Semi-rido.
Orientadora: Prof. Dra. Sc. Solange Aparecida Goularte
Dombroski.
1.Resduos da construo civil. 2.Gerenciamento de
resduos. 3.Deposio irregular. I.Ttulo.
CDD: 624 Bibliotecria: Marilene Santos de Arajo
CRB5 1013
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FRANCISCO DAS CHAGAS DA COSTA FILHO
DEPOSIO IRREGULAR DE RESDUOS DA CONSTRUO E DEMOLIO NA
CIDADE DE MOSSOR, RIO GRANDE DO NORTE
PARECER__________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
DATA DA DEFESA:_____/_____/_____
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________________
Prof. Dra. Solange Aparecida Goularte Dombroski UFERSA Presidente
_________________________________________________
Prof. Dra. Maria Aridenise Macena Fontenele UFERSA
Primeiro Membro
_________________________________________________
Prof. MSc. Blake Charles Diniz Marques - UFERSA
Segundo Membro
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DEDICATRIA
A Renata Oliveira, em agradecimento
pela sua total doao de vida na
evangelizao dos jovens aos moldes da
vocao Shalom.
Renata, intercedei por ns junto ao pai
(In memorian).
Aos meus pais que sempre me apoiaram
e me deram foras para nunca desistir de
buscar os meus objetivos.
As minhas irms e sobrinhos, por
estarem sempre prximos nos momentos
em que eu mais precisei.
-
AGRADECIMENTOS
A Deus primeiramente, que me deu fora e coragem para ir em busca dos meus sonhos;
Aos meus pais e minha famlia, que me apoiaram sempre nas escolhas da minha vida e me
aconselharam a buscar o melhor caminho;
Aos amigos, que sempre estiveram presentes nas diversas situaes;
Aos Mestres que tive ao longo do Bacharelado em Cincia e Tecnologia, em especial a Sergio
Sombra e Elmer Rolando Llanos Villarreal, que buscaram ao mximo transmitir
conhecimentos e me encorajaram a ir em frente, me apoiando sempre no que era possvel;
A minha orientadora, Dra. Solange Dombroski, por colaborar nesse projeto, pela pacincia,
amizade e companheirismo que me dedicou na realizao deste trabalho;
Aos membros da banca, pela colaborao para melhorar minha monografia;
A todos, que de alguma forma contriburam para a concretizao deste sonho.
-
No me dem frmulas certas, porque eu no espero acertar sempre.
No me mostre o que esperam de mim, porque
vou seguir meu corao!
No me faam ser o que no sou, no me
convidem a ser igual, porque sinceramente sou
diferente!
No sei amar pela metade, no sei viver de
mentiras, no sei voar com os ps no cho.
Sou sempre eu mesmo, mas com certeza no
serei o mesmo pra sempre!
(Clarice Lispector).
-
RESUMO
A construo civil o setor de produo responsvel pela transformao do ambiente natural
em meio construdo, adequado ao desenvolvimento das mais diversas atividades da sociedade.
O setor est relacionado s atividades de construo, conservao, reforma, demolio e da
preparao e escavao de terrenos. Estas atividades tem se mostrado fontes geradoras de
resduos slidos representativas, no contexto de resduos slidos urbanos (RSU). Pesquisas
estimam valores entre 10 e 50% de resduos da construo e demolio (RCD) em relao aos
RSU, em diferentes pases, incluindo o Brasil. Os RCD incluem diversos materiais como
tijolos, blocos cermicos, concreto em geral, solos, telhas, pavimento asfltico, vidros,
plsticos, tubulaes, fiao eltrica e outros. Com a aprovao da Resoluo do CONAMA
n307/2002, ficaram estabelecidos critrios e procedimentos para a gesto de RCD no Brasil.
Nos termos desta resoluo, os geradores devem objetivar prioritariamente a no gerao de
resduos e, secundariamente, a reduo, a reutilizao, a reciclagem e a destinao final.
Ainda, a resoluo estabelece que os RCD no devem ser dispostos em aterros de resduos
domiciliares, em reas de bota fora, em encostas, corpos d`gua, lotes vagos e em reas protegidas por Lei. Neste contexto, o presente trabalho teve por objetivo geral,identificar
reas, na regio urbana de Mossor, Rio Grande do Norte, utilizadas para deposio irregular
de RDC, visando contribuir para a tomada de decises em relao gesto destes resduos no
municpio. Para a realizao desta pesquisa, foram desenvolvidas atividades em duas etapas
principais. Na primeira parte desta obra, fez-se um levantamento de informaes em rgos
governamentais e na literatura sobre a evoluo da construo civil e a gerao estimada de
RCD no municpio de Mossor. Na segunda etapa, pesquisaram-se reas utilizadas para
deposio irregular de RCD na regio urbana de Mossor atravs de verificao in loco e
registro fotogrfico e georreferenciando. Quanto construo civil em Mossor relacionada,
especificamente, a obras pblicas cadastradas na Secretaria Municipal do Desenvolvimento
Territorial e Ambiental, verificou-se que houve um aumento de obras cadastradas em 2009
(82 obras) para 2010 (125 obras). Com relao a todas as obras realizadas no municpio de
Mossor entre 1973 e 2010, cadastradas na Gerncia Executiva do Desenvolvimento
Urbanstico do Municpio, observou-se: maior nmero de construes em 1981 com 321
obras, 1983 com 239 e 2010 com 222 obras cadastradas. A partir de 1987 at 1997, houve
uma tendncia de diminuio do nmero de obras, tendo sido cadastradas 23 obras em 1997.
A partir de 2001, observou-se uma tendncia geral de crescimento. Considerando o perodo
em que o estudo foi realizado e sua abrangncia, foram identificadas 57 reas utilizadas para
deposio irregular de resduos da construo e demolio, na regio urbana de Mossor-RN,
em 11 bairros dos 15 visitados. Quanto gerao destes resduos, as informaes obtidas
foram limitadas ao material removido pela prefeitura e, alm disso, foram diferentes entre si,
pois mencionaram a produo de entulho junto com resduos de poda em torno de 300 e 144
t/dia.
Palavras - Chave: Resduos da construo civil. Gerenciamento de resduos. Deposio
irregular.
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Impactos ambientais potenciais e medidas atenuantes, do setor da construo civil .................................................................................................................................................. 18
Tabela 2 - Responsabilidade pelo gerenciamento dos resduos slidos ................................... 21
Tabela 3- Quantidade coletada de resduos slidos urbanos e ndice per capita, por regies e
no Brasil .................................................................................................................................... 23
Tabela 4 - Municpios com servio de coleta de resduos slidos domiciliares e/ou pblicos,
por quantidade diria coletada, segundo as Grandes Regies e o estado do Rio Grande do
Norte - 2008 .............................................................................................................................. 24
Tabela 5 - Coleta e gerao de RSU no estado do Rio Grande do Norte em 2009 e 2010 ...... 25
Tabela 6- Coleta e gerao de RSU em Mossor, no estado do Rio Grande do Norte em 2010
.................................................................................................................................................. 26
Tabela 7 - Estimativa de gerao de resduos da construo e demolio, no mundo ............. 29
Tabela 8 - Quantidade total coletada de RCD por regio e no Brasil, em 2009 e 2010 ........... 31
Tabela 9 Municpios, total e com servio de manejo de resduos de construo e demolio por existncia e tipo de processamento dos resduos, segundo as Grandes Regies e as
Unidades de Federao - 2008.................................................................................................. 32
Tabela 10 Municpios, total e com servio de manejo de resduos de construo e demolio, por forma de disposio dos resduos no solo, segundo as Grandes Regies e as
Unidades da Federao - 2008.................................................................................................. 34
Tabela 11- Tipos de resduos, formas de coleta e remoo do canteiro de obra para resduos
oriundos da atividade construtiva ............................................................................................. 37
Tabela 12 - Tipos de resduos, formas de coleta e remoo do canteiro de obra para resduos
no oriundos da atividade construtiva ...................................................................................... 38
Tabela 13 - Alguns materiais ou resduos da construo e demolio com possibilidade de
reutilizao e seus respectivos cuidados exigidos .................................................................... 41
Tabela 14 Usinas de reciclagem de RCD instaladas em alguns municpios do Brasil .......... 43
Tabela 15 reas, na regio urbana de Mossor, visitadas para levantamento de ocorrncia de deposio irregular de resduos da construo e demolio ................................................ 52
Tabela 16 Resumo de obras cadastradas na Secretaria Municipal do Desenvolvimento Territorial e Ambiental da prefeitura municipal de Mossor em 2009, 2010 e 2011 ............. 54
Tabela 17 Nmeros de obras cadastradas na Gerencia Executiva do Desenvolvimento Urbanstico do Municpio de Mossor nos anos de 1973 a 2010 ............................................. 55
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Tabela 18 Levantamento de algumas reas utilizadas para deposio de resduos da construo e demolio, na regio urbana de Mossor-RN: material identificado, localizao
da rea, identificao de registro fotogrfico e data da verificao. ........................................ 66
Tabela 19 Materiais identificados nos registros de deposio irregular na rea urbana de Mossor .................................................................................................................................... 71
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Gerao de resduos slidos urbanos no Brasil em 2009 e 2010. ............................ 22
Figura 2 - Coleta de resduos slidos urbanos no Brasil em 2009 e 2010. ............................... 22
Figura 3 - Destinao final de RSU no estado do Rio Grande do Norte (t/dia). ...................... 25
Figura 4 Vista de caambas metlicas de chapas de ao em formato de tronco de pirmide invertido para resduos da construo e demolio. ................................................................. 36
Figura 5 - Sistema de produo convencional produo linear ............................................. 46
Figura 6 Sistema de produo cclica. ................................................................................... 46
Figura 7 Localizao do municpio de Mossor no Nordeste brasileiro. .............................. 48
Figura 8 Mapa geolgico de Mossor. .................................................................................. 49
Figura 9 Bairros da cidade de Mossor, Rio Grande do Norte. ............................................ 50
Figura 10 Vistas de deposies de resduos da construo e demolio: (A) Brita grantica e calcria, agregado mido (areia); (B) Brita grantica. Rua Rui Carneiro, Bairro Redeno.
Mossor, RN, 16/09/11. Coordenadas geogrficas: 5827S 37211W. ........................... 57
Figura 11 - Vistas de deposies de resduos da construo e demolio: (A) Detrito de
Alvenaria e madeira; (B) Detrito de Alvenaria, gesso e madeira; (C) Detrito de Alvenaria,
gesso, tijolo de oito furos e madeira; (D) Detrito de Alvenaria, gesso e madeira. Complexo
Vight Rosado Neto, Bairro Alto da Conceio/Alto do So Manoel. Mossor, RN, 19/08/11.
Coordenadas geogrficas: 51228S 372026W. ............................................................... 58
Figura 12 - Vista de deposio de resduos da construo e demolio: Ferro, tijolos de oito
furos, detritos de alvenaria e madeira. Rua Dom Helder Cmera, Bairro Belo Horizonte.
Mossor, RN, 07/10/11. Coordenadas geogrficas: 51216S 372123W. ....................... 59
Figura 13 - Vista de deposio de resduos da construo e demolio: detritos alvenaria. Rua
Padre Joo Urbano, Bairro Alto da Conceio. Mossor, RN, 29/08/11. Coordenadas
geogrficas 51213S 372056W. ...................................................................................... 59
Figura 14 - Vista de deposio de resduos da construo e demolio: telha, madeira e tijolo
de oito furos. Rua Padre Freire, Bairro Belo Horizonte. Mossor, RN, 07/10/11. Coordenadas
geogrficas 51218S 372119W. ...................................................................................... 60
Figura 15 - Vistas de deposies de resduos da construo e demolio: (A) gesso e tijolos de
oito furos; (B) madeira, tijolo comum e gesso. Cruzamento das ruas Manuel Antnio e Maria
Neura de Melo Freitas, Bairro Alto do So Manoel. Mossor, RN, 21/08/11. Coordenadas
geogrficas 51220S 372022W. ...................................................................................... 60
Figura 16 - Vistas de deposies de resduos da construo e demolio: (A) agregado mido
(areia), madeira, detritos de alvenaria com tijolos com 8 furos e gesso; (B) agregado mido
(areia), madeira, detritos de alvenaria, gesso e telha. Avenida Centenria, Bairro Aeroporto.
-
Mossor, RN, 07/10/11. Coordenadas geogrficas: 51134S e 372213W. .................... 61
Figura 17 - Vistas de deposies de resduos da construo e demolio: (A) detrito de tijolos
de oito furos, tijolos comuns e telha; (B) detritos de tijolos e gesso. Cruzamento da Rua
Manuel Antnio com Aristides Rebouas. Bairro Alto do So Manoel. Mossor, RN,
25/08/11. Coordenadas geogrficas: 51228S 372026W. .............................................. 61
Figura 18 - Vistas de deposies de resduos da construo e demolio: detritos de
demolio e movimento de terra. Rua Salvador. Bairro Alto do Sumar. Mossor, RN,
06/11/11. Coordenadas geogrficas: 51341S 372002W. ................................................ 62
Figura 19 - Vistas de deposies de resduos da construo e demolio: (A) tijolos de oito
furos; (B) tijolos de oito furos e telhas; (C) brita calcria; (D) tijolos de oito furos e vidro.
Avenida Francisco Mota, Bairro Presidente Dutra. Mossor, RN, 14/08/11. Coordenadas
geogrficas: 51214S 371924W. ...................................................................................... 62
Figura 20 - Vistas de deposies de resduos da construo e demolio: (A) detrito de
alvenaria; (B) detrito de alvenaria. Rua Andr P. Fernandes, Bairro Vight Rosado Neto, RN,
06/11/11. Coordenadas geogrficas: 51201S 371838W. ................................................ 63
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LISTA DE SIGLAS
ABNT - Associao Brasileira de Normas Tcnicas;
ABRELPE Associao Brasileira de Empresas de Limpeza Pblica e Resduos Especiais;
BNB Banco do Nordeste do Brasil;
CBIC Cmera Brasileira da Indstria da Construo Civil;
CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente;
GPS - Global Positioning System (Sistema global de posicionamento);
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica;
NBR Norma Brasileira Regulamentadora;
PIB Produto interno bruto;
PL Produo limpa;
PNAD - Pesquisa Nacional de Amostragem por Domiclios;
PNSB - Pesquisa Nacional de Saneamento Bsico;
RCD - Resduos de construo e demolio;
RSS - Resduos de servios de sade;
RSU Resduos slidos urbanos;
SINDUSCON Sindicato da Indstria da Construo;
UFERSA Universidade Federal Rural do Semi-rido.
-
SUMRIO
1 INTRODUO .............................................................................................................. 14
2 OBJETIVOS ................................................................................................................... 16
2.1 OBJETIVO GERAL ..................................................................................................... 16
2.2 OBJETIVOS ESPECFICOS ....................................................................................... 16
3 REVISO DA LITERATURA ..................................................................................... 17
3.1 O SETOR DA CONSTRUO CIVIL ....................................................................... 17
3.2 POTENCIAIS IMPACTOS AMBIENTAIS DO SETOR DA CONSTRUO
CIVIL........................................................................................................................................18
3.3 CONSIDERAES GERAIS SOBRE RESDUOS SLIDOS ................................. 19
3.3.1 Definio .................................................................................................................. 19
3.3.2 Classificao ............................................................................................................ 20
3.3.3 Responsabilidade pelo gerenciamento .................................................................. 20
3.3.4 Gerao e gerenciamento de resduos slidos urbanos (RSU) no brasil ........... 22
3.3.5 Dispositivos legais ................................................................................................... 26
3.4 RESDUOS DE CONSTRUO E DEMOLIO (RCD) ........................................ 28
3.4.1 Definio .................................................................................................................. 28
3.4.2 Classificao ............................................................................................................ 28
3.4.3 Gerao de resduos da construo e demolio.................................................. 29
3.4.4 Gerenciamento de resduos da construo e demolio ...................................... 30
3.4.5 Dispositivos legais e normas referentes a resduos da construo e demolio 39
3.4.6 Impactos ambientais relacionados a deposies irregulares de resduos da
construo e demolio .......................................................................................................... 39
3.5 ALTERNATIVAS PARA MINIMIZAO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS
NEGATIVOS RELACIONADOS A DEPOSIES IRREGULARES DE RESDUOS DA
-
CONSTRUO E DEMOLIO ........................................................................................... 41
3.5.1 Reutilizao ............................................................................................................. 41
3.5.2 Reciclagem ............................................................................................................... 42
3.5.3 Produo limpa ....................................................................................................... 44
4 MATERIAL E MTODOS ........................................................................................... 47
4.1 CARACTERIZAO DA REA DE ESTUDO ........................................................ 47
4.2 ETAPAS DA PESQUISA ............................................................................................ 51
4.2.1 Levantamento de informaes relacionadas evoluo da construo civil e
gerao de resduos da construo e demolio ................................................................... 51
4.2.2 Verificao de reas utilizadas para deposio irregular de resduos da
construo e demolio .......................................................................................................... 51
4.3 PERODO DE ESTUDO .............................................................................................. 53
5 RESULTADOS E DISCUSSO ................................................................................... 54
5.1 RESULTADOS SOBRE A CONSTRUO CIVIL EM MOSSOR ....................... 54
5.2 RESULTADOS SOBRE O LEVANTAMENTO DA GERAO DE RESDUOS DA
CONSTRUO E DEMOLIO, NA REA URBANA DE MOSSOR .......................... 56
5.3 RESULTADOS RELACIONADOS IDENTIFICAO DE REAS UTILIZADAS
PARA DEPOSIO IRREGULAR DE RESDUOS DA CONSTRUO E DEMOLIO,
NA REGIO URBANA DE MOSSOR ................................................................................ 57
6 CONCLUSES E CONSIDERAES FINAIS ........................................................ 72
7 RECOMENDAES ..................................................................................................... 74
REFERNCIAS .................................................................................................................... 78
-
14
1 INTRODUO
A cincia nos mostra que o planeta desde sua formao sempre sofreu modificaes,
mas a partir do surgimento da humanidade, essas modificaes foram acentuadas devido
prtica que o ser humano tem de transformar as paisagens e extrair matrias-primas para
satisfazer suas necessidades.
Essas transformaes feitas ao longo da histria da humanidade ocorreram de uma
maneira desordenada, gerando resduos e, s vezes, sem nenhum gerenciamento dos mesmos,
acarretando diversas consequncias negativas para o prprio ser humano.
Hoje, percebe-se que a urbanizao acelerada e o crescimento populacional tm
piorado a situao de gerao de resduos. Por outro lado, a populao e as empresas da
construo vm, aos poucos, se conscientizando sobre a necessidade de desenvolver uma
produo mais sustentvel, tentando assim minimizar o desperdcio tanto de matria-prima e
energia, quanto de dinheiro, alm de buscar uma gesto adequada dos resduos advindos desta
produo.
A preocupao com os resduos da construo e demolio de uma maneira geral,
ainda relativamente recente no Brasil. Segundo Lopes (2003 apud ROTH, 2008, p.23), em
alguns pases como a Holanda e Blgica, a reciclagem de entulhos j largamente utilizada,
consequncia da pouca quantidade de matria-prima existente nesses pases. No Brasil, esta
preocupao com os entulhos s foi intensificada com a publicao da Resoluo do Conselho
Nacional do Meio Ambiente CONAMA n307/2002, quando iniciou a criao de polticas
publicas, focando a coleta, transporte e disposio (SCHNEIDER, 2003, p. 13).
Em alguns pases j foram tomadas vrias medidas para minimizar as consequncias
negativas causadas pelo desperdcio e o mau uso das matrias primas a partir de mtodos
simples como o caso da reutilizao e da produo limpa. Sem dvida, a construo civil
um dos principais geradores de resduos urbanos, pois segundo Corra (2009, p. 37), a
indstria da construo civil produz rejeitos em todas as suas atividades, sendo estimada, no
Brasil, uma produo de 850.000 t/ms de entulho e em outras potencias mundiais como
Reino Unido e o Japo, so gerados, respectivamente, 53.000 e 6.000 t/ms. Isto enfatiza a
necessidade que as construtoras e o Estado tm de tornar as suas produes mais sustentveis,
implantando atividades que auxiliem na reduo e na reutilizao de resduos.
-
15
Estima-se que em 2010 foram coletadas cerca de 99.354 t/dia de rejeitos da
construo civil, segundo o panorama dos resduos slidos no Brasil (ABRELPE, 2010, p.
102), e que em 2008 foram coletados cerca de 259.547 t/dia de resduos slidos segundo a
Pesquisa Nacional de Saneamento Bsico PNSB 2008 (IBGE, 2010 a, p.163). Com esses
dados, percebe-se que a indstria da construo civil possui uma parcela significativa na
produo de resduos slidos. Apesar de vrios estudos feitos na rea da construo para
minimizar a gerao de rejeitos, a construo civil ainda acarreta diversos impactos no
ambiente, pois nem sempre os resduos produzidos so coletados, tendo um destino
inadequado, por exemplo, a utilizao de reas para a deposio desses rejeitos de maneira
indiscriminada, sem que haja um estudo prvio para os possveis reaproveitamentos que esses
materiais poderiam oferecer.
Para minimizar problemas causados pelo descarte dos rejeitos da construo, surge
implantao de atividades sustentveis, a produo limpa. Segundo Thorpe (1999 apud
SPERANDIO E DONAIRE, 2005, p.5), o mtodo da produo limpa (PL) tem como funo
investigar o fluxo dos materiais em meio sociedade, levando em considerao os processos
sofridos em seu perodo de utilizao, ou seja, sua produo, como foram processados, e quais
os desperdcios gerados ao longo da cadeia produtiva, seus derivados e o que acontece com
esses produtos durante e ao trmino de sua vida til.
Considerando que a resoluo de problemas requer um diagnstico destes, o presente
trabalho visa contribuir com informaes a cerca de deposies irregulares de resduos da
construo e demolio na rea urbana de Mossor, Rio Grande do Norte, alm de pesquisar
na literatura tcnica, alternativas para minimizao de impactos negativos relacionados a tais
resduos.
-
16
2 OBJETIVOS
No contexto de deposio irregular de resduos da construo e demolio, os
objetivos deste trabalho so apresentados a seguir.
2.1 OBJETIVO GERAL
Identificar reas, na regio urbana de Mossor, Rio Grande do Norte, utilizadas para
deposio irregular de resduos da construo e demolio, visando contribuir para a tomada
de decises em relao gesto destes resduos no municpio.
2.2 OBJETIVOS ESPECFICOS
Considerando a regio urbana de Mossor, Rio Grande do Norte, os objetivos
especficos deste trabalho foram:
(i) Pesquisar, junto a rgos governamentais, sobre a evoluo da construo civil;
(ii) Estudar, na literatura tcnica ou junto a rgos governamentais, a gerao estimada
de resduos da construo civil;
(iii) Realizar registros fotogrficos e georreferenciar as reas utilizadas para deposio
irregular de resduos da construo e demolio.
-
17
3 REVISO DA LITERATURA
Neste item, o assunto est dividido em quatro partes principais, o setor da construo
civil, consideraes gerais sobre resduos slidos, resduos de construo e demolio com
algumas de suas especificidades e alternativas para minimizao de impactos ambientais
negativos relacionados a deposies irregulares de resduos da construo e demolio.
3.1 O SETOR DA CONSTRUO CIVIL
A construo civil o setor de produo responsvel pela transformao do ambiente
natural em meio construdo, adequado ao desenvolvimento das mais diversas atividades. Essa
cadeia produtiva uma das maiores da economia e, consequentemente, possui enorme
impacto ambiental (JOHN, 2000 apud FREITAS, 2009, p.16).
O setor da construo civil est diretamente ligado a atividades de infra-estrutura
como saneamento; tcnicas de construtivas; abastecimento de materiais de construo;
conservao e produo de espaos habitacionais, entre outras atividades que tem
fundamental importncia para o crescimento do pas e o bem-estar do ser humano.
Segundo Gaede (2008, p.17), cerca de 70% de todos os investimentos feitos no pas
passa pela cadeia da indstria da construo civil e, desde 1995, vem aumentando a sua
participao na formao do Produto Interno Bruto (PIB), valorizando mais ainda o setor que
nos anos de 1995, 1996 e 1997 teve, respectivamente, registro de 14,2, 14,3 e 14,8% de
participao e, em 2001, chegou a 15,6%.
De acordo com a Cmara Brasileira da Indstria da Construo Civil (CBIC), a
construo civil espera crescer cerca de 6% em 2011, sendo este valor, acima do esperado
para o PIB. O crescimento do setor se dar pelo avano do programa de acelerao ao
crescimento (PAC) e os eventos esportivos que acontecero no Brasil, a Copa do Mundo em
2014 e as Olimpadas em 2016, dando ao setor um impulso maior na cadeia produtiva
(AGNCIA BRASIL, 2011).
Segundo o Estudo Setorial da Construo, entre janeiro e dezembro de 2010 foram
gerados 254.178 novos empregos formais no setor, o melhor saldo da srie histrica,
iniciada em 1996. Em 2009, tinham sido criados 177.185 empregos e, em 2008,
197.868. O ramo da construo representou quase 12% da gerao total de postos de
trabalho no Brasil em 2010, que chegou a 2,137 milhes no ano.
O setor de construo civil como um todo cresceu 11,6% em 2010, o melhor
desempenho dos ltimos 24 anos, segundo dados do IBGE (G1 ECONOMIA, 2011).
-
18
3.2 POTENCIAIS IMPACTOS AMBIENTAIS DO SETOR DA CONSTRUO CIVIL
Segundo o Manual de Impactos Ambientais do Banco do Nordeste do Brasil, os
potenciais impactos ambientais negativos da construo civil podem ser divididos nas fases de
planejamento da urbanizao e da construo propriamente dita (BNB, 2006, p. 149). Na
Tabela 1 apresenta-se um resumo de impactos ambientais relacionados construo civil.
Tabela 1 Impactos ambientais potenciais e medidas atenuantes, do setor da construo civil
IMPACTOS AMBIENTAIS
POTENCIAIS MEDIDAS ATENUANTES
Alterao no fluxo das guas provocada
pelos servios de drenagem do terreno.
Manejar as guas superficiais (pluviais) considerando:
minimizao das reas impermeveis; implantar reas
de infiltrao, manter espaos livres com vegetao;
utilizar vegetao para estabilizar taludes e facilitar a
infiltrao de gua; implantar retentor de gua para
retardar o lanamento nas galerias de guas pluviais.
Degradao da flora e da fauna em funo
da remoo da vegetao natural do local
de implantao da obra.
Promover a reposio da vegetao, mediante o plantio
de rvores no terreno ou na regio.
Degradao dos horizontes do solo,
gerao de poeira, eroso e sedimentao.
Implantar medidas de controle durante os servios de
terraplenagem, com proteo s guas superficiais,
umedecimento das vias de circulao interna e, se for
necessrio, implantar lagoa para sedimentao e
remoo de slidos suspensos antes do lanamento nas
guas pluviais.
Danos populao pela gerao de rudos
provocados por mquinas e equipamentos.
Implementar medidas de controle horrio especficos para funcionamento de equipamentos e mquinas
ruidosas (bate-estaca, retroescavadeira, caminhes etc.)
e medidas de isolamento de equipamentos
(compressores, geradores de energia etc.).
Degradao da qualidade ambiental pelo
aumento da gerao de resduos slidos e
de esgoto.
Estabelecer medidas de acondicionamento adequado
dos resduos slidos para a coleta e tratamento em
unidade do municpio (aterro, unidade de
processamento) e adequar-se s exigncias do sistema
de coleta e tratamento de esgoto disponvel ou
implantar unidade de tratamento local.
Fonte: BNB (2006, p. 152), adaptada pelo autor.
-
19
3.3 CONSIDERAES GERAIS SOBRE RESDUOS SLIDOS
A seguir so apresentadas as definies, classificao, responsabilidade pelo
gerenciamento, gerao de resduos slidos urbanos e aspectos legais relacionados a resduos
slidos.
3.3.1 Definio
A NBR 10004/2004 da Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT) define os
resduos slidos quanto aos seus riscos potenciais ao meio ambiente e sade pblica. De
acordo com a referida norma, resduos slidos so:
Resduos nos estados slidos e semisslidos, que resultam de atividades de origem
industrial, domstica, hospitalar, comercial, agrcola, de servios e de varrio.
Ficam includos nesta definio os lodos provenientes de sistemas de tratamento de
gua, aqueles gerados em equipamentos e instalaes de controle de poluio, bem
como determinados lquidos cujas particularidades tornem inviveis o seu
lanamento na rede pblica de esgotos ou corpos de gua, ou exijam para isso
solues tcnica e economicamente viveis em face melhor tecnologia disponvel
(ABNT, 2004, p.1).
No contexto da lei federal n 12.305/2010, a qual instituiu a poltica nacional dos
resduos slidos, estes so entendidos como
Material, substncia, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em
sociedade, cuja destinao final se procede, se prope proceder ou se est obrigado a
proceder, nos estados slido ou semisslido, bem como gases contidos em
recipientes e lquidos cujas particularidades tornem invivel o seu lanamento na
rede pblica de esgotos ou em corpos dgua, ou exijam para isso solues tcnica ou economicamente inviveis em face da melhor tecnologia disponvel (BRASIL,
2010).
Tanto a ABNT quanto a lei federal n 12.305/2010 consideram que resduo slido
engloba no s resduos no estado slido, mas tambm semisslidos e determinados lquidos
que no podem ser descartados no sistema da rede pblica de esgoto e segundo a lei, em
corpos dgua. Nesta condio de inviabilidade de lanamento na rede pblica de esgotos ou
em corpos dgua, a referida lei inclui ainda gases contidos em recipientes.
-
20
3.3.2 Classificao
Os resduos slidos podem ser classificados, entre outros, quanto aos riscos e quanto
natureza ou origem dos mesmos. A NBR 10004/2004, classifica os resduos slidos de
quanto aos riscos potenciais ao meio ambiente e a sade pblica. A periculosidade a
caracterstica apresentada por um resduo que, em funo das suas propriedades fsicas,
qumicas ou infecto-contagiosas, pode apresentar (ABNT, 10004, p.2):
a) Risco sade pblica, provocando mortalidade, incidncia de doenas ou acentuando seus
ndices.
b) Risco ao meio ambiente, quando o resduo for gerenciado deforma inadequada.
Em relao origem, Monteiro et al. (2001, p.26) consideram esta a caracterstica
fundamental para a classificao dos resduos slidos,agrupando-os em cinco classes:
a) Lixo domstico ou residencial: produzido a partir de atividades gerais de residncias.
b) Lixo comercial: resduos produzidos por atividades comerciais, que junto com o lixo
domstico, forma um grande grupo chamado de lixo domiciliar.
c) Lixo pblico: so os resduos encontrados em locais pblicos, desde folhas a bens
considerados inservveis.
d) Lixo domiciliar especial: este grupo engloba vrios tipos de resduos, como entulhos de
obra, pilhas e baterias, lmpadas fluorescentes e pneus.
e) Lixo de fontes especiais: resduos que merecem destaque por conter caractersticas que
enfatiza o seu gerenciamento, como o caso do lixo industrial, radioativo, de portos,
aeroportos, terminais rodoferrovirios, lixo agrcola e resduos de servios de sade.
3.3.3 Responsabilidade pelo gerenciamento
O gerenciamento de resduos slidos urbanos (RSU) tem como finalidade a limpeza
urbana, envolvendo tanto a administrao pblica quanto a sociedade civil.
De acordo com a lei federal n 12.305/2010,
Gerenciamento de resduos slidos o conjunto de aes exercidas, direta ou
indiretamente, nas etapas de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destinao
final ambientalmente adequada dos resduos slidos e disposio final
ambientalmente adequada dos rejeitos, de acordo com plano municipal de gesto
integrada de resduos slidos ou com plano de gerenciamento de resduos slidos,
exigidos na forma desta Lei (BRASIL, 2010).
-
21
Para que ocorra esse gerenciamento de forma correta e segura, todos os agentes
envolvidos devem agir de forma integrada, ou seja, se cada um (fabricantes, importadores,
distribuidores, comerciantes, consumidores e titulares dos servios pblicos de limpeza
urbana e de manejo dos resduos slidos) realizar as suas obrigaes, o lixo chegar ao seu
destino final como planejado.
Para isso, a populao dever realizar a separao dos resduos, diferenciando
aqueles que podem ser encaminhados para a reciclagem e reutilizao, dos que so
considerados inutilizveis. Os grandes geradores de resduos, como as indstrias, tambm
devem se comprometer para que os seus rejeitos sejam direcionados para o fim apropriado.
A prefeitura tem um papel fundamental nesse gerenciamento, agindo ativamente para
que as instituies e empresas contratadas para a limpeza da cidade exeram suas atribuies
de forma correta, coletando e destinando esses resduos para seus devidos fins, exercendo
assim um papel de sustentabilidade em meio sociedade.
A responsabilidade pelo gerenciamento dos resduos slidos urbanos da
administrao pblica municipal, porm os outros tipos de resduos slidos so de
responsabilidade do seu gerador (OLIVEIRA, 1997, p.15) conforme mostrado na Tabela 2.
Tabela 2 - Responsabilidade pelo gerenciamento dos resduos slidos
Tipo de resduos slidos Responsabilidade
Domstico Prefeitura
Comercial Prefeitura
Especiais Prefeitura*
Feiras, varrio e outros Prefeitura
De servios de sade Gerador
Industrial Gerador
De aeroportos, portos e terminais ferrovirios e rodovirios Gerador
Agrcola Gerador
Outros (txicos e/ou perigosos) Gerador
* Entulhos: a prefeitura co-responsvel por pequena quantidade de acordo com legislao
municipal vigente (coleta especial). Fonte: Jardim et al.(1995 apud OLIVEIRA, 1997, p.15).
-
22
3.3.4 Gerao e gerenciamento de resduos slidos urbanos (RSU) no Brasil
Segundo dados do Panorama dos Resduos Slidos no Brasil 2010 da Associao
Brasileira de Empresas de Limpeza Pblica e Resduos Especiais (ABRELPE, 2010, p.30),
entre 2009 e 2010 houve um crescimento significativo na gerao de resduos urbanos (RSU)
conforme os dados apresentados na Figura 1, superando o crescimento populacional do
mesmo perodo que foi de cerca de 1%.
A comparao da quantidade total gerada em 2010 com o total de resduos slidos
urbanos coletados, indicado na Figura 2, mostra que 6,7 milhes de toneladas de RSU
deixaram de ser coletados no ano de 2010 e, por consequncia, tiveram outro destino
(ABRELPE, 2010, p.30).
Figura 1 - Gerao de resduos slidos urbanos no Brasil em 2009 e 2010.
Fonte: ABRELPE (2010, p.30).
Figura 2 - Coleta de resduos slidos urbanos no Brasil em 2009 e 2010.
Fonte: ABRELPE (2010, p.31).
-
23
Cabe ressaltar a metodologia utilizada pela ABRELPE (2010) quanto ao
levantamento de dados e tratamento das informaes:
Os dados relativos s populaes urbana e total dos municpios e estados brasileiros
e os ndices de urbanizao da Pesquisa Nacional de Amostragem por Domiclios
(PNAD) foram obtidos por meio de consulta base de dados do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatstica (IBGE).
O levantamento de dados sobre os resduos slidos urbanos (RSU), resduos de
construo e demolio (RCD), coleta seletiva e resduos de servios de sade
(RSS) origina-se exclusivamente de pesquisas diretas realizadas pela ABRELPE
junto aos municpios com a aplicao de um questionrio.
Os dados que compem o captulo sobre reciclagem foram obtidos junto s
associaes representativas dos setores de alumnio, papel, plstico e vidro, os quais
abrigam as principais atividades de reciclagem no pas.
A pesquisa das informaes junto aos municpios brasileiros, relativas aos resduos
slidos urbanos (RSU) coletados pelos municpios e demais itens pertinentes
limpeza urbana, atingiu um universo de 350 municpios entrevistados.
Nas pesquisas realizadas pela ABRELPE, as informaes coletadas foram tabuladas
em planilhas que relacionam os municpios que as disponibilizaram juntamente com
as respectivas variveis consideradas relevantes para representar a situao atual dos
resduos slidos no pas. Aps tabuladas, as informaes foram submetidas a um
processo de anlise de consistncia, o que resultou na excluso daquelas que
apresentaram desvios considerados fora do intervalo adotado como padro para cada
varivel (ABRELPE, 2010, p.22).
Considerando os dados entre 2009 e 2010, a Tabela 3 apresenta um aumento de 5,3%
no ndice per capita de gerao de RSU do Brasil como um todo e um acrscimo de 6,8% na
quantidade total gerada.
Tabela 3- Quantidade coletada de resduos slidos urbanos e ndice per capita, por regies e
no Brasil
Regio
2009 2010
RSU coletado
(t/dia)/ndice
(kg/hab/dia)
Populao
urbana (hab)
RSU coletado
(t/dia)
ndice
(kg/hab/dia)
Norte 12.072/1,051 11.663.184 12.920 1,108
Nordeste 47.665/1,254 38.816.895 50.045 1,289
Centro-oeste 13.907/1,161 12.479.872 15.539 1,245
Sudeste 89.460/1,204 74.661.877 96.134 1,288
Sul 19.624/0,859 23.257.880 20.452 0,879
Brasil 182.728/1,152 160.879.708 195.090 1,213
Fonte: ABRELPE (2010, p.45).
-
24
Quanto Pesquisa Nacional de Saneamento Bsico (PNSB) de 2008, o objetivo foi
investigar as condies de saneamento bsico de todos os municpios brasileiros, atravs das
atuaes dos rgos pblicos e empresas privadas, permitindo uma avaliao sobre a oferta e
a qualidade dos servios prestados, alm de possibilitar anlises das condies ambientais e
suas implicaes diretas com a sade e qualidade de vida da populao (IBGE, 2010 a, p.20).
Com relao ao manejo de resduos slidos, a PNSB 2008, considerou que o
municpio tinha servio de manejo de resduos slidos quando este existisse em pelo menos
um distrito, ou parte dele, independentemente da cobertura e frequncia (IBGE, 2010 a, p.25).
Segundo este autor (p.59), os servios de manejo dos resduos slidos compreendem a coleta,
a limpeza pblica bem como a destinao final desses resduos, e exercem um forte impacto
no oramento das administraes municipais, podendo atingir 20,0% dos gastos da
municipalidade.
A Tabela 4 apresenta o nmero de municpios com servio de coleta de resduos
slidos domiciliares e/ou pblicos e as respectivas quantidades dirias coletadas, de acordo
com a PNSB 2008.
Tabela 4 - Municpios com servio de coleta de resduos slidos domiciliares e/ou pblicos,
por quantidade diria coletada, segundo as Grandes Regies e o estado do Rio Grande do
Norte - 2008
Grandes Regies e Rio
Grande do Norte
Municpios com servio de coleta
de resduos slidos domiciliares
e/ou pblicos
Quantidade diria coletada de
resduos slidos domiciliares
e/ou pblicos (t/dia)
Brasil 5.553 (municpios brasileiros
existentes em 2008: 5.564) 183.488
Norte 449 14.639
Nordeste 1.788 47.206
Centro-Oeste 466 16.120
Sudeste 1.665 68.181
Sul 1.185 37.342
Rio Grande do Norte 167 4.849
Fonte: Adaptado de IBGE (2010 a, p.33, 158).
A ABRELPE ainda relata que os 1.794 municpios do Nordeste produziram juntos
50.045 toneladas de RSU por dia em 2010, das quais 38.118 tonelada/dia foram coletadas. Em
relao gerao de resduos no perodo entre 2009 e 2010, observou-se um aumento de 2.8%
no ndice per capita de gerao de RSU, que atingiu a marca de 1,289 kg por habitante por
dia.
-
25
No ano de 2010, os municpios da regio nordeste aplicaram por ms R$ 3,19 por
habitante para realizar os servios de coleta de RSU e R$ 6,22 por habitante por ms
nos demais servios de limpeza e manuteno de parques e jardins, limpeza de
crregos, etc., que somados perfazem um total de R$ 9,41 por habitante por ms
para desempenho de todos os servios relacionados com a limpeza urbana das
cidades (ABRELPE, 2010, p.63).
De fato, percebe-se uma preocupao com a limpeza da cidade em todos os
municpios do Brasil, mas apesar dos esforos, pesquisas afirmam que ainda 61% dos
municpios brasileiros fazem uso dos famosos lixes e aterros controlados.
Em relao ao estado do Rio Grande do Norte, a gerao de RSU/dia em 2010 foi de
2.644 toneladas, sendo de 2.313 ton/dia em 2009. A Tabela 5 apresenta dados referentes
populao urbana, RSU coletados por habitantes, RSU coletado por dia e o total gerado por
dia referente a 2009 e 2010.
Tabela 5 - Coleta e gerao de RSU no estado do Rio Grande do Norte em 2009 e 2010
Ano Populao Urbana
(hab)
RSU coletado por
habitante (kg/hab/dia)
RSU coletado
(t/dia)
RSU gerado
(t/dia)
2009 2.262.739 0,866 1.960 2.313
2010 2.465.439 0,929 2.290 2.644
Fonte: ABRELPE (2010, p.74-75).
Apesar de todas as pesquisas e iniciativas feitas para o tratamento correto de RSU,
evidente que ainda no acontece destinao correta. Na Figura 3, a seguir, possvel
perceber um pequeno aumento de 1,2% no nmero de toneladas/dia de RSU que teve a
destinao correta.
Figura 3 - Destinao final de RSU no estado do Rio Grande do Norte (t/dia).
Fonte: ABRELPE (2010, p. 75).
-
26
De acordo com a PNSB de 2008, 50,8% dos municpios brasileiros depositaram os
resduos slidos em vazadouros a cu aberto, famosos lixes, embora, essa disposio seja
considerada inadequada. Verificou-se que os municpios das regies Nordeste e Norte tiveram
as maiores propores de disposio de resduos slidos em lixes, respectivamente de 89,3%
e 85,5%, enquanto as regies Sul e Sudeste apresentaram, respectivamente, 15,8% e 18,7%
(IBGE, 2010 a, p.60).
Na Tabela 6 so apresentados dados da produo e coleta de RSU para Mossor, no
estado do Rio Grande do Norte.
Tabela 6 - Coleta e gerao de RSU em Mossor, no estado do Rio Grande do Norte em 2010
Populao Urbana 2010
(hab)
Quantidade de RSU
Coletada (t/dia)
Quantidade de
RSU Coletada
(kg/hab/dia)
PIB per capita
(R$/hab)
237.300 216,3 0,91 12.522
Fonte: ABRELPE (2010, p.154).
A gesto de resduos slidos no Brasil ainda encontra diversos obstculos,
principalmente nos grandes centros urbanos. Conforme os dados apresentados no
Panorama dos Resduos Slidos no Brasil 2010, os ndices de gerao e coleta de
RSU por habitante superaram mais de seis vezes o ndice de crescimento
populacional do pas registrado pelo censo do IBGE 2010 no mesmo perodo, a
demonstrar a necessidade de adoo imediata de um sistema integrado e sustentvel
de gesto de resduos (ABRELPE, 2010, p. 138).
3.3.5 Dispositivos legais
Publicada em 22 de fevereiro de 2007, a lei federal n 11.445 (BRASIL, 2007), veio
alterar as leis n 8.666/93 e 8.987/95, estabelecendo as diretrizes nacionais para o Saneamento
Bsico entre outras providncias.
A respeito das alteraes ocorridas na Lei n 8.666 /93, refere-se basicamente ao Art.
24, que atualmente prev a dispensa de licitao para a contratao da coleta, processamento e
comercializao dos RSU reciclveis ou reutilizveis, onde existam sistemas de coleta
seletiva, gerenciadas por associaes ou cooperativas que possua sua formao
exclusivamente por pessoas fsicas de baixa renda.
J a alterao feita na lei n 8.987/95 refere-se ao seu Art. 42, que trata de
disposies transitrias para as concesses de servios pblicos, outorgadas anteriormente
vigncia desta lei.
-
27
A lei n 11.445 (BRASIL, 2007) estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento
bsico e para a poltica federal de saneamento bsico, nos seus quatro componentes:
abastecimento de gua, esgotamento sanitrio, manejo de resduos slidos e manejo de guas
pluviais.
Depois de alguns anos tramitando no Congresso Nacional, em agosto de 2010, a
Justia Federal publicou a Lei Federal n 12.305 que institui a poltica nacional de resduos
slidos, que foi sancionada pelo Presidente da Repblica 02 de agosto de 2010. A lei
estabelece princpios, objetivos, instrumentos e diretrizes relativas gesto integrada e ao
gerenciamento de resduos slidos, incluindo os perigosos. Esta lei se aplica a todos que de
certa forma desenvolvem alguma atividade que gera resduo, seja direta ou indiretamente, se
aplicando tanto ao gerador quanto ao poder pblico.
Ressalte-se que a poltica nacional de resduos slidos, lei no
12.305/2010 (BRASIL,
2010), trata na seo II do captulo III, da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida
dos produtos. Segundo esta lei, responsabilidade compartilhada, refere-se ao
Conjunto de atribuies individualizadas e encadeadas dos fabricantes,
importadores, distribuidores e comerciantes, dos consumidores e dos titulares dos
servios pblicos de limpeza urbana e de manejo dos resduos slidos, para
minimizar o volume de resduos slidos e rejeitos gerados, bem como para reduzir
os impactos causados sade humana e qualidade ambiental decorrentes do ciclo
de vida dos produtos, nos termos desta Lei (BRASIL, 2010).
Segundo o Art. 30da Lei no 12.305 (BRASIL, 2010):
instituda a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, a ser
implementada de forma individualizada e encadeada, abrangendo os fabricantes,
importadores, distribuidores e comerciantes, os consumidores e os titulares dos
servios pblicos de limpeza urbana e de manejo de resduos slidos, consoante as
atribuies e procedimentos previstos nesta Seo.
Pargrafo nico. A responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos
tem por objetivo:
I - compatibilizar interesses entre os agentes econmicos e sociais e os processos de
gesto empresarial e mercadolgica com os de gesto ambiental, desenvolvendo
estratgias sustentveis;
II - promover o aproveitamento de resduos slidos, direcionando-os para a sua
cadeia produtiva ou para outras cadeias produtivas;
III - reduzir a gerao de resduos slidos, o desperdcio de materiais, a poluio e
os danos ambientais;
IV - incentivar a utilizao de insumos de menor agressividade ao meio ambiente e
de maior sustentabilidade;
V - estimular o desenvolvimento de mercado, a produo e o consumo de produtos
derivados de materiais reciclados e reciclveis;
VI - propiciar que as atividades produtivas alcancem eficincia e sustentabilidade;
VII - incentivar as boas prticas de responsabilidade socioambiental.
-
28
3.4 RESDUOS DE CONSTRUO E DEMOLIO (RCD)
Para os resduos de construo e demolio, a seguir, apresentam-se: definio,
classificao, gerao, gerenciamento, armazenamento, coleta e transporte, disposio final,
dispositivos legais e normalizaes, e impactos ambientais relacionados a deposies
irregulares.
3.4.1 Definio
De acordo com a Resoluo n307/2002 do Conselho Nacional do Meio Ambiente
(CONAMA), resduos slidos da construo civil so provenientes de construes, reformas,
reparos e demolies de obras de construo civil, e os resultantes da preparao e da
escavao de terrenos, tais como: tijolos, blocos cermicos, concreto em geral, solos, telhas,
pavimento asfltico, vidros, plsticos, tubulaes, fiao eltrica e outros, comumente
chamados de entulhos de obras, calia ou metralha (BRASIL, 2002).
3.4.2 Classificao
Os resduos da construo civil so classificados segundo a Resoluo do CONAMA
n 307/2002 (BRASIL, 2002), sendo esta alterada pela Resoluo n 348/2004 (BRASIL,
2004), como se apresenta a seguir:
- Classe A: so os resduos reutilizveis ou reciclveis como agregados, tais como os
oriundos de:
a) construo, demolio reformas e reparos de pavimentao e de outras obras de infra-
estrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem;
b) construo, demolio, reformas e reparos de edificaes: materiais cermicos (tijolos,
blocos, telhas, placas de revestimento... etc.), argamassa e concreto;
c) processo de fabricao e/ou demolio de peas pr-moldadas em concreto (blocos,
tubos, meios-fios, etc.) produzidas nos canteiros de obras.
- Classe B: so os resduos reciclveis para outras destinaes, tais como: plsticos,
papel/papelo, metais, vidros, madeiras e outros.
- Classe C: so os resduos para os quais no foram desenvolvidas tecnologias ou aplicaes
economicamente viveis que permitam a sua reciclagem/recuperao, tais como os
produtos fabricados com gesso.
-
29
- Classe D: so resduos perigosos oriundos do processo de construo, tais como tintas,
solventes, leos e outros ou aqueles contaminados ou prejudiciais sade oriundos de
demolies, reformas e reparos de clnicas radiolgicas, instalaes industriais e outros,
bem como telhas e demais objetos e materiais que contenham amianto ou outros produtos
nocivos sade.
3.4.3 Gerao de resduos da construo e demolio
perceptvel que todas as aes humanas geram resduos e na construo civil no
diferente. Desde a elaborao do projeto a sua execuo, materiais vo sendo desperdiados,
seja no transporte, na construo e principalmente no acabamento, que um exemplo
clssico, que depois de construdas as estruturas, elas so perfuradas para fazer as instalaes
eltricas e hidrulicas. Segundo Freitas (1995 apud FRAGA, 2006, p.3) o desperdcio uma
caracterstica marcante na construo civil brasileira, sendo caracterizado, principalmente, por
desperdcios de materiais, de tempo, os relativos mo-de-obra e o de recursos financeiros.
No Brasil, a gerao per capita varia entre 230 a 760 kg/hab.ano considerando as
mdias realizadas em algumas cidades brasileiras (PINTO, 1999; CARNEIRO et al, 2001 e
PINTO; GONZALEZ, 2005, apud CRDOBA, 2010, p. 23).
Com isso, pode-se observar que atualmente um dos grandes problemas enfrentados
pelas prefeituras municipais disposio dos resduos em seus locais adequados, pois como
a gerao est acontecendo em grande escala, no mais s um problema administrativo,
passa ento a ter carter social medida que a populao se sente prejudicada. Sendo assim,
as autoridades tm que tomar uma posio para que no ocorram problemas sanitrios,
econmicos e sociais ocasionando transtorno a populao.
Estimativas internacionais apontam que em diversos pases essa gerao varia de 130
a 3.000 kg/hab.ano conforme a Tabela 7. Os autores ainda enfatizaram que essa variao, s
vezes, grande para um mesmo pas, devido inexistncia de metodologias unificadas para a
estimativa desta gerao (CRDOBA, 2010, p.24).
Tabela 7 - Estimativa de gerao de resduos da construo e demolio, no mundo Cont.
Pas Quantidade Anual
Milhes t/ano kg/hab.ano Fonte
Sucia 1,2 6 136 680 Tolstoy; Brklund; Carlson (1998), Crdoba
(1999).
Holanda 12,8 20,2 820 1.300 Lauritzen (1998), Brossink; Brouwers; Van
Kessel (1996), Crdoba (1999).
EUA 136 - 171 463 584 EPA (1998), Peng,;Grosskopf; Kibert (1994).
-
30
Reino Unido 50 70 880 1.120
Detr (1998), Lauritzen (1998).
Belgica 7,5 34,7 735 3.359 Dinamarca 2,3 10,7 440 2.010 Itlia 35 40 600 690 Alemanha 79 300 963 3.658 Japo 99 785 Kasai (1998).
Portugal 3,2 4,4 325 447 Crdoba (1999), Ruivo; Veiga apud Marques
Neto (2009, p.67).
Brasil - 230 760 Pinto (1999), Carneiro et al. (2001), Pinto e
Gonzalez (2005).
Fontes: John; Agopyan (2000), Pinto (1999), Carneiro et al. (2001), Pinto; Gonzalez (2005), Marques Neto
(2009) apud Crdoba (2010, p.25).
Existem fatores que possuem um grande impacto na gerao do RCD, como pases
que sofrem com guerras, ou com catstrofes naturais, que o caso do Japo, gerando RCD em
um ritmo muito alto e sem possibilidades de controle, acarretando vrias conseqncias
significativas para os cidados.
3.4.4 Gerenciamento de resduos da construo e demolio
Para efeito da Resoluo n 307/2002 do CONAMA (BRASIL, 2002),
gerenciamento de resduos o sistema de gesto que visa reduzir, reutilizar ou reciclar
resduos, incluindo planejamento, responsabilidades, prticas, procedimentos e recursos para
desenvolver e implementar as aes necessrias ao cumprimento das etapas previstas em
programas e planos.
De acordo com a referida Resoluo, os projetos de gerenciamento de resduos da
construo civil devero contemplar as seguintes etapas (BRASIL, 2002):
I- Caracterizao: identificar e quantificar os resduos gerados;
II- Triagem: dever ser realizada a triagem dos rejeitos de acordo com as classes
de resduos estabelecida na Resoluo;
III- Acondicionamento: o gerador dever realizar o confinamento dos resduos
gerados at que seja feito o transporte adequado daqueles que no podero ser
reutilizados ou reciclados;
IV- Transporte: realizao do transporte aps as outras etapas descritas acima, de
acordo com a norma vigente;
V- Destinao:dever ser prevista de acordo com o estabelecido nesta
Resoluo.
-
31
Segundo as pesquisas da ABRELPE (2010, p. 102), os municpios coletam to
somente os resduos de construo civil e demolio (RCD) lanados em logradouros
pblicos. Levando em considerao os anos de 2009 e 2010, observou-se um aumento
significativo na coleta dos RCD nos municpios do Brasil, cerca de 8,7%, enfatizando ainda
mais o crescimento urbano brasileiro, conforme apresentado na Tabela 8.
Tabela 8 - Quantidade total coletada de RCD por regio e no Brasil, em 2009 e 2010
Regio
2009 2010
RCD coletados (t/dia)/
ndice (kg/hab/dia)
Populao
urbana (hab)
RCD coletado
(t/dia)
ndice
(kg/hab/dia)
Norte 3.405/0,297 11.663.184 3.514 0,301
Nordeste 15.663/0,412 38.816.895 17.995 0,464
Centro Oeste 10.997/0,918 12.479.872 11.525 0,923 Sudeste 46.990/0,632 74.661.877 51.582 0.691
Sul 14.389/0,630 23.257.880 14.738 0,634
Brasil 91.444/0,576 160.879.708 99.354 0,618
Fonte: ABRELPE (2010, p. 102).
A Tabela 9, de acordo com a PNSB 2008, apresenta os municpios brasileiros que
possuem servio de manejo de resduos de construo e demolio.
Na Tabela 10 apresenta-se o nmero de municpios brasileiros que possuem servio
de manejo de resduos de construo e demolio, por forma de disposio dos resduos no
solo, segundo a PNSB 2008.
-
32
Tabela 9 Municpios, total e com servio de manejo de resduos de construo e demolio por existncia e tipo de processamento dos resduos, segundo as Grandes Regies e as Unidades de Federao 2008 Cont.
Grandes
regies e
Unidade de
Federao
Municpios
Total
Com servio de manejo dos resduos de construo e demolio
Total
Existncia e tipo de processamento de resduos
Total
Triagem simples dos
resduos de
construo e
demolio
reaproveitveis
(classes A e B)
Triagem e
triturao simples
dos resduos classe
A
Triagem e triturao dos
resduos classe A, com
classificao
granulomtrica dos
agregados reciclados
Reaproveitamento dos
agregados produzidos
na fabricao de
componentes
construtivos
Outros
Brasil 5.564 4.031 392 124 14 20 79 204
Norte 449 293 28 5 - - 6 18
Rondnia 52 28 9 - - - 3 6
Acre 22 6 - - - - 3 6
Amazonas 62 39 6 3 - - 2 1
Roraima 15 1 1 - - - 1 -
Par 143 117 12 2 - - - 10
Amap 16 4 - - - - - -
Tocantins 139 98 1 - - - - 1
Nordeste 1.793 1.454 178 38 4 6 32 118
Maranho 217 139 6 3 2 1 - 3
Piau 223 121 1 - - - - 1
Cear 184 167 31 2 - 1 2 28
Rio Grande
do Norte 167 141 42 4 - - 3 38
Paraba 223 189 6 4 1 1 1 3
Pernambuco 185 157 23 5 - 1 5 12
Alagoas 102 87 22 9 1 2 10 6
Sergipe 75 69 5 - - - - 5
Bahia 417 384 42 11 - - 11 22
Sudeste 1.668 1.272 109 50 7 12 25 38
Minas
Gerais 853 682 45 15 2 2 11 19
-
33
Esprito
Santo 78 60 3 2 - - - 1
Rio de
janeiro 92 64 9 6 1 - 1 1
So Paulo 645 466 52 27 4 10 13 17
Sul 1.188 639 54 24 3 2 14 16
Paran 399 272 22 10 - 1 6 6
Santa
Catarina 293 111 11 4 3 1 2 4
Rio Grande
do Sul 496 252 21 10 - - 6 6
Centro-
Oeste 466 373 22 7 - - 2 14
Mato Grosso
do Sul 78 60 10 1 - - - 10
Mato Grosso 141 80 5 1 - - 2 2
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenao de Populao e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saneamento Bsico (2008, p. 169)
Nota: O municpio pode apresentar mais de um tipo de processamento dos resduos de construo e demolio.
-
34
Tabela 10 Municpios, total e com servio de manejo de resduos de construo e demolio, por forma de disposio dos resduos no solo, segundo as Grandes Regies e as Unidades da Federao 2008 Cont.
Grandes
Regies e
Unidades da
Federao
Municpios
Total
Com servio de manejo dos resduos de construo e demolio
Total
Forma de disposio no solo
Disposio
em
vazadouro
s, em
conjunto
com os
demais
resduos
Disposio/uti
lizao sob
controle em
aterro
convencional,
em conjunto
com os
demais
resduos
Disposio
sob controle,
em ptio ou
galpo de
estocagem
da
prefeitura,
especfico
para
resduos
especiais
Disposio
transitria
sob controle,
aterro da
prefeitura
especfico
para resduos
especiais
Disposio
transitria
sob controle
em aterro de
terceiros
especfico
para
resduos
especiais
Utilizao
definitiva e sob
controle dos
resduos como
material de
aterro, pela
prefeitura,
aps triagem e
remoo dos
resduos classes
B, C e D
Utilizao
definitiva e
sob controle
dos resduos
como
material de
aterro, por
terceiros,
aps triagem
e remoo dos
resduos
classes B, C e
D
Outras
Brasil 5.564 4.031 1.330 442 176 267 181 503 292 1.235
Norte 449 293 148 27 5 13 11 16 12 71
Rondnia 52 28 7 5 3 - - - - 7
Acre 22 6 5 - - - - - - 1
Amazonas 62 39 11 3 - 2 3 6 4 12
Roraima 15 1 - - - - - - - 1
Par 143 117 61 5 2 5 4 9 8 36
Amap 16 4 4 - - - - - - -
Tocantins 139 98 60 14 - 6 4 1 - 14
Nordeste 1.793 1.454 744 92 21 46 56 143 114 391
Maranho 217 139 114 3 2 1 2 2 4 22
Piau 223 121 99 2 - 2 - - 2 21
Cear 184 167 50 8 - 8 15 24 27 43
Rio Grande
do Norte 167 141 65 6 3 4 5 36 6 31
Paraba 223 189 77 4 1 2 2 7 1 108
-
35
Pernambuco 185 157 52 14 1 5 4 22 19 52
Alagoas 102 87 46 10 6 4 7 10 6 13
Sergipe 75 69 34 3 - 2 4 10 10 12
Bahia 417 384 207 42 8 18 17 32 39 89
Sudeste 1.668 1.272 207 202 105 126 65 220 97 391
Minas
Gerais 853 682 153 127 32 49 22 130 64 172
Esprito
Santo 78 60 6 8 1 - 5 19 7 22
Rio de
Janeiro 92 64 16 9 3 8 4 11 3 19
So Paulo 645 466 32 58 69 69 34 60 23 178
Sul 1.188 639 77 74 33 37 37 73 51 284
Paran 399 272 46 29 25 19 19 19 9 114
Santa
Catarina 293 111 8 10 4 4 8 6 12 65
Rio Grande
do Sul 496 256 23 35 4 14 10 48 30 105
Centro-
Oeste 466 373 154 47 12 45 12 51 18 98
Mato Grosso
do Sul 78 60 11 3 5 25 1 14 - 10
Mato Grosso 141 80 41 16 5 11 3 4 4 2
Gois 246 232 101 27 2 8 8 33 14 85
Distrito
Federal 1 1 1 1 - 1 - - - 1
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenao de Populao e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saneamento Bsico (2008, p. 170)
Nota: O municpio pode apresentar mais de uma forma de disposio no solo dos resduos de construo e demolio.
-
36
3.4.4.1 Armazenamento
Segundo a Resoluo n 307/2002 do CONAMA (BRASIL, 2002), os geradores
devero ter como objetivo prioritrio a no gerao de resduos e, secundariamente, a
reduo, a reutilizao, a reciclagem e a destinao final. Em muitos locais as empresas
terceirizadas assumem a responsabilidade do armazenamento, deixando nas obras de
construo ou demolio, caambas que auxiliam na estocagem e no transporte dos rejeitos
para o seu devido fim.
Essas caambas metlicas so construdas com chapas de ao soldadas em formato
de tronco de pirmide invertido, as quais possuem capacidade til de 3, 4 ou 5m
(PARELLADA, 2001 apud CRDOBA, 2010, p.34).
Figura 4 Vista de caambas metlicas de chapas de ao em formato de tronco de pirmide invertido para resduos da construo e demolio.
Fonte: Autoria prpria (2011).
Este tipo de armazenamento muito comum, mas devem existir precaues na sua
utilizao, pois geralmente eles ficam abertos e sujeitos a contaminao de outro tipo de
rejeito, como por exemplo, pode-se tornar um local propcio ao desenvolvimento de larvas de
Aedes aegypti. Outro tipo de contaminao a disposio de animais mortos junto com os
RCD ou outros resduos slidos. Para isso ser evitado, pode se realizar uma medida simples,
como cobrir o reservatrio com algum tipo de material que impea a contaminao.
-
37
3.4.4.2 Coleta e transporte
Para coletar os resduos armazenados, comumente contratam-se carros que possuem
carroceria para fazer o transporte desses reservatrios. J, para os rejeitos dispostos em locais
clandestinos, a coleta, geralmente, feita pela prefeitura do municpio. Dependendo da
quantidade de rejeitos a prefeitura passa a ser parcialmente responsvel, j que a mesma
exerce papel fundamental na limpeza da cidade.
A Tabela 11 e a 12 apresentam, respectivamente, tipos de resduos e formas de coleta
e remoo do canteiro de obra, para resduos oriundos e no oriundos da atividade
construtiva, respectivamente.
Tabela 11- Tipos de resduos, formas de coleta e remoo do canteiro de obra para resduos
oriundos da atividade construtiva Cont.
TIPOS DE RESDUOS REMOO DOS RESDUOS
Bloco de concreto, blocos cermicos, outros
componentes cermicos, argamassas,
concreto, tijolos e assemelhados
Caminho com equipamento poliguindaste ou
caminho com caamba basculante, sempre coberto
com lona.
Madeira
Caminho com equipamento poliguindaste, caminha
com caamba basculante ou caminho com
carroceria de madeira, respeitando as condies de
segurana para a acomodao da carga na carroceria
do veculo, sempre coberto com lona.
Plsticos (sacaria de embalagens, aparas de
tubulaes etc.)
Caminho ou outro veculo de carga, desde que os
bags sejam retirados fechados para impedir mistura
com outros resduos na carroceria e disperso
durante o transporte.
Papelo (sacos e caixas de embalagens dos
insumos utilizados durante a obra) e papis
(escritrio)
Caminho ou outro veculo de carga, desde que os
bags sejam retirados fechados para impedir mistura
com outros resduos na carroceria e disperso
durante o transporte.
Metal (ferro, ao, fiao revestida, arames
etc.)
Caminho preferencialmente equipado com
guindaste para elevao de cargas pesadas ou outro
veculo de carga.
Serragem e EPS (poliestireno expandido,
exemplo: isopor)
Caminho ou outro veculo de carga, desde que os
sacos ou bags sejam retirados fechados para impedir
mistura com outros resduos na carroceria e
disperso durante o transporte.
Gesso de revestimento, placas acartonadas e
artefatos
Caminho com equipamento poliguindaste ou
caminho com caamba basculante, sempre coberto
com lona.
Solo
Caminho com equipamento poliguindaste ou
caminho com caamba basculante, sempre coberto
com lona.
Telas de fachada e de proteo Caminho ou outro veculo de carga, com cuidado
para conteno de carga durante o transporte.
Materiais, instrumentos e embalagens
contaminadas por resduos perigosos
(exemplos: embalagens plsticas e de metal,
Caminho ou outro veculo de carga, sempre
coberto.
-
38
instrumentos de aplicao com broxas,
pincis, trinchas e outros materiais auxiliares
como panos, trapos, estopas etc.)
Fonte: SINDUSCON/SP (2005, p.27).
Tabela 12 - Tipos de resduos, formas de coleta e remoo do canteiro de obra para resduos
no oriundos da atividade construtiva
TIPOS DE RESDUO REMOO DOS RESDUOS
Restos de alimentos e suas embalagens, copos
plsticos usados e papis sujos (refeitrio,
sanitrios e reas de vivncia)
Veculos utilizados na coleta pblica dos resduos
domiciliares, obedecendo aos limites estabelecidos
pela legislao municipal competente.
Resduos de ambulatrio Veculos definidos pela legislao municipal
competente.
Fonte: SINDUSCON/SP (2005, p.27).
3.4.4.3 Disposio final
De acordo com Resoluo n 307/2002 do CONAMA (BRASIL, 2002), os resduos
da construo civil no podero ser dispostos em aterros de resduos domiciliares, em reas de
bota fora, em encostas, corpos d`gua, lotes vagos e em reas protegidas por Lei.
O Art. 10 da Resoluo n 307/2002 do CONAMA (BRASIL, 2002) menciona que
os resduos da construo civil devero ser destinados das seguintes formas:
I- Classe A: devero ser utilizados ou reciclados na forma de agregados, ou
encaminhados a reas de aterro de resduos da construo civil, sendo dispostos de
modo a permitir a sua utilizao ou reciclagem futura;
II- Classe B: devero ser reutilizados, reciclados ou encaminhados a reas de
armazenamento temporrio, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilizao ou
reciclagem futura;
III- Classe C: devero ser armazenados, transportados e destinados em
conformidade com as normas tcnicas especficas;
IV- Classe D: devero ser armazenados, transportados, reutilizados e destinados em
conformidade com as normas tcnicas especficas.
Segundo Pinto e Gonzalez (2005 apud CRDOBA, 2010, p.53), existem duas
formas de disposio final irregular, a primeira seria o descarte em bota-foras clandestinos e
outra consiste em reas de deposio irregular.
Esses bota-foras so locais nos quais as empresas que coletam os rejeitos da
construo, despejam grandes volumes de RCD em reas que no esto licenciadas. As reas
de deposio irregular so locais utilizados por pequenos geradores de resduos para o
descarte, no s do RCD, como tambm os RSU, geralmente so terrenos baldios, vias
urbanas, margens de rios. Um exemplo so os RSU e os RCD que ficam a margem do rio
Mossor - Apodi.
-
39
Em muitos municpios, o que se v tambm a disposio em lixes,
comprometendo ainda mais esses locais e tambm desperdiando muito material que poderia
ser reaproveitado e reciclado.
As deposies ilegais oneram os cofres das prefeituras, como exemplo deste prejuzo
pode-se citar o setor de limpeza pblica paulistana que consome de 4% a 7%, cerca de
quatrocentos milhes de reais por ano (CABRAL, 2007 apud CRDOBA, 2010, p.55).
3.4.5 Dispositivos legais e normas referentes a resduos da construo e demolio
Algumas normas brasileiras relacionadas aos resduos da construo e demolio so
citadas a seguir:
- ABNT NBR 15112 - Resduos da construo civil e resduos volumosos - reas de
transbordo e triagem - diretrizes para projeto, implantao e operao;
- ABNT NBR 15113 - Resduos slidos da construo civil e resduos inertes - aterros -
diretrizes para projeto, implantao e operao;
- ABNT NBR 15114 - Resduos slidos da construo civil - reas de reciclagem diretrizes
para projeto, implantao e operao;
- ABNT NBR 15115 - Agregados reciclados de resduos slidos da construo civil
execuo de camadas de pavimentao procedimentos;
- ABNT NBR 15116 - Agregados reciclados de resduos slidos da construo civil -
utilizao em pavimentao e preparo de concreto sem funo estrutural requisitos.
- CONAMA N 307 - Estabelece diretrizes, critrios e procedimentos para a gesto dos
resduos da construo civil;
- Cdigo de obras, posturas e edificaes do Municpio de Mossor.
- Lei n 9.605 Crimes Ambientais: Dispe sobre as sanes penais e administrativas
derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e da outras providencias.
3.4.6 Impactos ambientais relacionados a deposies irregulares de resduos da construo e demolio
Toda ao humana utilizando a extrao de recursos naturais ou no, gera impactos.
Hoje, uma das principais discusses mundiais a preocupao com o meio ambiente, com os
impactos negativos que ocasionamos e consequncias geradas pelo uso irresponsvel de
recursos naturais.
-
40
Segundo Gaede (2008, p. 22), todas as etapas do processo construtivo, tais como:
extrao de matrias-primas, produo de materiais, construo, utilizao e demolio,
causam impactos ambientais que afetam direta ou indiretamente os seguintes aspectos:
- A sade, a segurana e o bem-estar da populao;
- As atividades sociais e econmicas;
- A biota;
- As condies estticas e sanitrias do meio ambiente;
- A qualidade dos recursos ambientais.
A Resoluo n 1/1986 do CONAMA define impacto ambiental da seguinte forma:
Qualquer alterao das propriedades fsicas, qumicas e biolgicas do meio
ambiente, causada por qualquer forma de matria ou energia resultante das
atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam a sade, a segurana e o
bem estar da populao, as atividades sociais e econmicas; a biota; as condies
estticas e sanitrias do meio ambiente; e a qualidade dos recursos ambientais
(BRASIL, 1986).
A construo civil uma das prticas que mais gera resduos entre todas as
atividades humanas e a disposio irregular desses resduos pode ocasionar consequncias
graves para a natureza e para o prprio ser homem. grande o nmero de reas degradadas
por bota-foras clandestinos ou por deposio irregular, sendo mais expressivo nas periferias
das cidades, onde se encontra a populao mais carente, que acaba sofrendo as consequncias
pelo mau gerenciamento dos RCD.
Entre os diversos impactos ambientais negativos ocasionados pela deposio
irregular dos RCD pode-se citar:
- Assoreamento de rios;
- Obstruo de vias, impedindo a passagem de pedestres e de veculos, degradando a
paisagem urbana;
- Contaminao do RCD por RSU, provocando a proliferao de possveis transmissores de
doenas;
- Obstruo de sistema de drenagem, aumentando as possibilidades de enchentes;
- Queimadas ocasionadas por resduos de alta combusto que podem ser depositadas junto
aos entulhos.
-
41
3.5 ALTERNATIVAS PARA MINIMIZAO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NEGATIVOS RELACIONADOS A DEPOSIES IRREGULARES DE RESDUOS
DA CONSTRUO E DEMOLIO
inquestionvel que o avano da construo no pas de alta importncia para a
economia e para a qualidade de vida da populao. Entretanto, toda ao gera uma
consequncia. Nesse sentido, fundamental que o desperdcio e a gerao de resduos sejam
minimizados, tanto quanto possvel.
Entre as alternativas existentes para a minimizao dos impactos ambientais
negativos relacionados a deposies irregulares, pode-se citar, por exemplo, a reutilizao, a
reciclagem e o modo de produo limpa.
3.5.1 Reutilizao
Nos termos da Resoluo n 307/2002 do CONAMA (BRASIL, 2002), a reutilizao
pode ser definida como o processo de reaplicao de um resduo, sem transformao do
mesmo.
A reutilizao de resduos da construo e demolio, como tambm mudanas
desde a concepo do projeto podem ajudar a diminuio da gerao de resduos da
construo. O clculo correto de tamanhos e quantidades de materiais necessrios pode
diminuir significativamente o desperdcio com quebras de materiais no acabamento e,
consequentemente, contribui na reduo dos custos, tanto na compra de novos materiais,
como tambm na contratao de transporte para proporcionar uma disposio final a esse
rejeito. Alm disso, a menor gerao de rejeitos diminui a possibilidade de disposio
irregular.
A Tabela 13 apresenta alguns materiais ou resduos da construo e demolio com
potencial para reutilizao.
Tabela 13 - Alguns materiais ou resduos da construo e demolio com possibilidade de
reutilizao e seus respectivos cuidados exigidos
TIPOS DE MATERIAL
OU RESDUO
CUIDADOS
REQUERIDOS PROCEDIMENTO
Painis de madeira
provenientes da desforma
de lajes, pontalentes,
sarrafos etc.
Retirada das peas,
mantendo-as separadas
dos resduos
inaproveitveis.
Manter as peas empilhadas, organizadas e
disponveis o mais prximo possvel dos
locais de reaproveitamento.
Se o aproveitamento das peas no for
prximo do local de gerao, essas devem
formar estoque sinalizado nos pavimentos
-
42
inferiores (trreo em ou subsolos).
Blocos de concreto e
cermicos parcialmente
danificados.
Segregao
imediatamente aps a sua
gerao, para evitar
descarte.
Formar pilhas que podem ser deslocadas para
utilizao em outras frentes de trabalho.
Solo
Identificar eventual
necessidade do
aproveitamento na prpria
obra para reaterros.
Planejar execuo da obra compatibilizando
fluxo de gerao e possibilidades de
estocagem e reutilizao.
Fonte: SINDUSCON/SP (2005, p.25).
3.5.2 Reciclagem
Segundo a Resoluo n 307/2002 do CONAMA (BRASIL, 2002), reciclagem o
processo de reaproveitamento de um resduo, aps ter sido submetido transformao.
Segundo Schulz e Hendricks (1992 apud PINTO, 1999, p. 87) o uso dos RCD
reciclveis s veio ter relevncia aps a Segunda Guerra Mundial, para satisfazer a
necessidade de remover os escombros das cidades europias e ao mesmo tempo aumentar a
produo de materiais de construo, j que a demanda nesta poca era muito alta.
A ento Repblica Federal da Alemanha herdou da guerra um volume entre 400 e
600 milhes de metros cbicos de escombros, dos quais foram reciclados cerca de 11,5
milhes de metros cbicos, que possibilitaram a produo de 175.000 unidades habitacionais
at o ano de 1955 (SCHULZ; HENDRICKS, 1992 apud PINTO, 1999, p. 87).
A reciclagem no Brasil ainda est em crescimento, mas j uma atividade praticada
por empresas que prezam pelo meio ambiente e pela reduo dos custos e tambm de suma
importncia para a destinao correta de resduos da construo e demolio.
Segundo Pinto (1999, p. 93), os primeiros trabalhos de reciclagem eram feitos no
prprio canteiro de obra, no inicio da dcada de 80. Eram utilizadas masseiras-moinho, um
tipo de equipamento de pequeno porte que propiciava a moagem intensa de resduos menos
resistentes, como alvenaria e argamassas, e o produto dessa moagem era utilizada para o
revestimento da edificao a qual se extraiu os rejeitos.
Crdoba (2010, p.43) mencionou que a reciclagem deve ser a terceira medida
adotada para o fim dos rejeitos, pois a primeira e a segunda dever ser respectivamente a no
gerao de resduos e a reutilizao.
Segundo Santos (2007 apud CRDOBA, 2010, p. 44), a aplicao de resduos
reciclados na indstria da construo civil pode ser feito tanto com material produzido de
atividades da prpria construo civil, como tambm de outras atividades.
-
43
Ainda de acordo com Crdoba (2010, p. 44), as principais aplicaes de RCD
reciclveis so:
- Base para pavimentaes;
- Agregados para concreto que no possua funo estrutural;
- Fabricao de objetos derivados do cimento, como o caso de blocos e bancos;
- Argamassas para tijolos ou revestimento.
Tendo em vista a regulamentao para utilizao de RCD reciclados, foram
elaboradas duas normas da ABNT para utilizao no Brasil, so elas:
- NBR 15.115/2004: Agregados reciclados de resduos slidos da construo civil execuo
de camadas de pavimentao - procedimentos;
- NBR 15.116/2004: Agregados reciclados de resduos slidos da construo civil utilizao
em pavimentao e preparo de concreto sem funo estrutural - requisitos.
Segundo Hamassaki (2000, p.183), existem diferenas significativas nos reciclados
de RCD do canteiro de obra e da usina. Isto se d pelo fato que os reciclados produzidos em
usinas podem ser contaminados por solos, matrias orgnicas, plsticos e outros rejeitos, pois
muitas vezes apresenta uma composio bastante heterognea. J, os reciclados no canteiro de
obra tornam-se mais puros, pois no tem muito contato com outros materiais.
A Tabela 14 apresenta algumas usinas de reciclagem que esto em atividade no
Brasil, como tambm as suas localizaes, propriedades, incios de suas atividades e suas
respectivas capacidades.
Tabela 14 Usinas de reciclagem de RCD instaladas em alguns municpios do Brasil Cont.
MUNICPIOS PROPRIEDADE INICIO DA
ATIVIDADE
CAPACIDADE
(T/H)
So Paulo SP Prefeitura 1991 100 Londrina PR Prefeitura 1993 20 Belo Horizonte MG (Estoril) Prefeitura 1994 30 Belo Horizonte MG (Pampulha) Prefeitura 1996 20 Ribeiro Preto SP Prefeitura 1996 30 Piracicaba - SP Autarquia/Emdhap 1996 15
So Jos dos Campos SP Prefeitura 1997 30 Muria MG Prefeitura 1997 8 So Paulo - SP ATT Base 1998 15
Maca RJ Prefeitura 1998 8 So Sebastio SP Adm. Regional 1999 5 Socorro SP Irmos Preto 2000 3 Guarulhos SP Prefeitura/ Proguaru 2000 15 Vinhedo SP Prefeitura 2000 15 Braslia DF Caenee 2001 30 Fortaleza CE Usifort 2002 60 Ribeiro Pires SP Prefeitura 2003 15
-
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Ciraco SP Prefeitura 2003 15 So Gonalo - RJ Prefeitura 2004 35
Jundia SP SMR 2004 20 Campinas SP Prefeitura 2004 70 So Bernardo do Campo - SP Urbem 2005 50
So Bernardo do Campo - SP Ecoforte 2005 70
So Jos do Rio Preto - SP Prefeitura 2005 30
So Carlos - SP Autarquia/PROHAB 2005 20
Belo Horizonte MG (BR 040) Prefeitura 2006 40 Ponta Grossa - SP P. Grossa Amb. 2006 20
Taboo da Serra SP Estao Ecologia 2006 20 Joo Pessoa PB Prefeitura/ Emlur 2007 25 Caraguatatuba PB JC 2007 15 Colombo PR Soliforte 2007 40 Limeira SP RL Reciclagem 2007 35 Americana SP Cemara 2007 25 Piracicaba SP Autarquia/Sema e 2007 20 Santa Maria RS GR2 2007 15 Osasco SP Inst. Nova Anera 2007 25 Rio das Ostras RJ Prefeitura 2007 20 Braslia - DF CAENGE 2008 30
Londrina - PR Kurica Ambiental 2008 40
So Lus MA Limpel 2008 40 So Jos dos Campos - SP RCC Ambiental 2008 70
Paulnia SP Estre Ambiental 2008 100 Guarulhos - SP Henfer 2008 30
Barretos SP Prefeitura 2008 25 So Jos dos Campos SP Julix Entema 2008 25 Petrolina PE Prefeitura 2008 25 Itaquaquecetuba - SP Entrec Ambiental 2008 40
H tambm usinas em Canoas, Caxias do Sul, Charquedas e So Leopoldo no Estado do RS, porm estas no
foram contabilizadas pelos autores em funo da falta de informaes mais detalhadas
Fontes: Miranda; ngulo; Careli (2008 apud PINTO, 2010, p.49).
3.5.3 Produo Limpa
O objetivo da produo limpa est basicamente relacionado com o do
desenvolvimento sustentvel, onde o foco a produo que minimiza os danos natureza e
no gera a escassez das fontes naturais de produo.
De acordo com o relatrio Nosso Futuro Comum (Our Commom Future), tambm
conhecido como Relatrio Brundtland, desenvolvimento sustentvel o modelo de
desenvolvimento que atenda as necessidades do presente sem comprometer a capacidade de
as geraes futuras atenderem tambm as suas (CMMAD, 1988, p.9).
Segundo Furtado (2000 apud SPERANDIO E DONAIRE, 2005, p. 6), h quatro
elementos fundamentais que compem o conceito de Produo Limpa:
- Princpio da precauo: obriga o poluidor potencial a arcar com o nus da prova de
que uma substncia ou atividade causar dano ao ambiente;
-
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- Princpio da preveno: consiste em substituir o controle de poluio pela
preveno da gerao de resduos na fonte, evitando a gerao e emisses perigosas
para o ambiente. Preferncia pelo aspecto preventivo em relao ao curativo ao
avaliar o efeito das emisses;
- Principio de controle democrtico: acesso informao sobre questes que dizem
respeito a segurana e uso de processos e produtos, por todos os interessados,
inclusive as emisses e registros de poluentes, planos de reduo de uso de produtos
txicos e dados sobre a utilizao de componentes perigosos nos produtos;
- Principio da integrao: viso holstica do sistema de produo de bens e servios,
com o uso de ferramentas especficas como a utilizao da Avaliao do Ciclo de
Vida (ACV).
De acordo com Kruzewska e Thorpe (1995 apud SPERANDIO E DONAIRE, 2005,
p. 6) a aplicao da PL envolve oito etapas, a saber:
- Identificar as substncias perigosas a serem gradualmente eliminadas com base no
princpio da precauo;
-Realizao de anlises qumicas e de fluxo de materiais;
-Estabelecimento e implantao de um