Costa; maria isabel tulio martins do início ao reinício

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6 ÍNDICE DE IMAGENS Figura 01 Vênus de Willendorf Pré-História......................................14 Figura 02 Templo de Ramsés II Egito...............................................14 Figura 03 Estátua do Templo de Abu Mesopotâmia.........................15 Figura 04 A Leoa Ferida Assírios......................................................15 Figura 05 Kouros Grécia, Período arcaico.........................................16 Figura 06 Afrodite de Melos Grécia, século IV a.C............................16 Figura 07 - Soldado Gálata e sua Mulher Grécia, século V..................16 Figura 08 Imperador Justiniano Arte Bizantina.................................16 Figura 09 Pátio dos Leões Arte Islâmica...........................................16 Figura 10 David Donatello.................................................................17 Figura 11 Piedade Michelangelo.......................................................17 Figura 12 Êxtase de Santa Tereza Bernini.......................................18

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ÍNDICE DE IMAGENS

Figura 01 – Vênus de Willendorf – Pré-História......................................14

Figura 02 – Templo de Ramsés II – Egito...............................................14

Figura 03 – Estátua do Templo de Abu – Mesopotâmia.........................15

Figura 04 – A Leoa Ferida – Assírios......................................................15

Figura 05 – Kouros – Grécia, Período arcaico.........................................16

Figura 06 – Afrodite de Melos – Grécia, século IV a.C............................16

Figura 07 - Soldado Gálata e sua Mulher – Grécia, século V..................16

Figura 08 – Imperador Justiniano – Arte Bizantina.................................16

Figura 09 – Pátio dos Leões – Arte Islâmica...........................................16

Figura 10 – David – Donatello.................................................................17

Figura 11 – Piedade – Michelangelo.......................................................17

Figura 12 – Êxtase de Santa Tereza – Bernini.......................................18

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Figura 13 – Apolo e Dafne – Bernini........................................................18

Figura 14 – O Pensador – Rodin.............................................................19

Figura 15 – O Beijo – Rodin.....................................................................19

Figura 16 – O Beijo – Constantin Brancusi..............................................20

Figura 17 – Mãe Reclinada e Bebê – Henry Moore................................20

Figura 18 – Mulher Andando – Alexander Archipenko...........................23

Figura 19 – Pássaro no Espaço – Constantin Brancusi..........................23

Figura 20 – Figura Reclinada – Henry Moore.........................................28

Figura 21 – Grupo Familiar – Henry Moore.............................................28

Figura 22 – Concretividade Humana – Hans Arp....................................29

Figura 23 – Aquática – Hans Arp............................................................29

Figura 24 – Nyanga – Barbara Hepworth................................................30

Figura 25 – Expresso – Barbara Hepworth..............................................30

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Figura 26 – Polivolume: Superfície Multidesenvolvível – Mary Vieira...........32

Figura 27 – Polivolume: Momento Elipsoidal – Mary Vieira..........................32

Figura 28 – Croquis em Grafite................................................................33

Figura 29 – Croquis em Argila..................................................................34

Figura 30 – Talha no Isopor.....................................................................34

Figura 31 – Fatiamento do Isopor............................................................34

Figura 32 – Numeração nas fatias de Isopor...........................................34

Figura 33 – Transferência para a Madeira...............................................35

Figura 34 – Recorte na Madeira..............................................................35

Figura 35 – Peça de Isopor Montada......................................................35

Figura 36 – Montagem da peça na Madeira............................................35

Figura 37 – Lixamento da peça – Parte I.................................................35

Figura 38 – Lixamento da peça – Parte II................................................35

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Figura 39 – Peça Pré-acabada................................................................36

Figura 40 – Atração............................................................................39

Figura 41 – Gênese.................................................................................40

Figura 42 – Aconchego...........................................................................41

Figura 43 – Acolhida...............................................................................42

Figura 44 – Escolhas...............................................................................43

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INTRODUÇÃO

O conhecer inclui a compreensão, lembrança e associação de nossos

sentidos, entendendo assim os sinais do mundo e, ainda, as nossas funções

cerebrais que armazenam essas percepções. A linguagem da escultura procura

materializar o que o artista sente através de diferentes técnicas, materiais e formas e

dentro desta linguagem, a escultura abstrata orgânica nos proporciona variadas

maneiras de interpretação, sem que a mesma tenha que ser observada não

somente de um ângulo e sim de vários, permitindo-nos ter uma visão privilegiada,

proporcionando ao observador sua própria análise do que vê.

A motivação para realizar este projeto focaliza o desejo de aprofundar-me nos

procedimentos que envolvem a arte escultórica, cursando a oficina de escultura II,

ministrada pela Prfª Drª Carla de Cápua. Esta possibilidade, adicionada a várias

técnicas e a uma enorme variedade de materiais que se pode usar nesta disciplina

em uma única peça esculpida a partir da evolução de idéias, usufruindo ainda dos

mais variados materiais possíveis de serem utilizados, aguçou minha criatividade,

levando-me a criar uma proposta em torno da linguagem da escultura abstrata.

O tema proposto para este trabalho é o “AMOR”. Originalmente esta palavra

pode receber diversos signos (qualquer coisa que signifique algo a alguém), ícones

(associação de alguma forma a algo já conhecido) e símbolos (elementos que só

podem ser entendidos através de um código cultural). Também pode ser direcionado

a uma ou mais pessoas, atribuído a muitos significados e sentimentos como a

loucura, ódio, exagero, desespero e a covardia. Há quem o veja pelo lado bom da

vida e nunca mais queira abandoná-lo quando o encontra, como há os que sofrem

por tê-lo encontrado; há o amor incondicional, espiritual, familiar e amigo. O amor

existe de alguém para alguém, de alguém por alguém, enfim, inúmeras formas,

jeitos e olhares, para explicá-lo, senti-lo e enxergá-lo. Por este incógnito sentimento

e por haver estudado mais a fundo a arte da escultura, cheguei ao abstracionismo

orgânico, que revela uma enorme diversidade, dando-me a oportunidade de explorar

uma vasta área na metodologia proposta pelo curso de Artes Visuais. Neste

contexto, posso explorar sentimentos e características elementares como as

proporções lineares e pictóricas, formas planas de volume ou de profundidade,

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formas côncavas e convexas, forma fechada e forma aberta, pluralidade e unidade,

clareza absoluta e luz relativa, simetrias e composições; e pelo tema também ser

bastante complexo, posso explorar o universo dos sentimentos humanos.

Partindo de um fundamento teórico e prático, meu objetivo foi projetar uma

seqüência de 05 peças tridimensionais, em madeira, empenhando-me em seguir o

Amor como temática, dentro da estética do abstracionismo orgânico, envolvendo um

ou mais corpos. Não pretendi diversificar o masculino e o feminino, a massa corporal

do homem ou da mulher, nem a idade, o tempo, a altura ou o óbvio, e sim

aprofundar-me no encontro destes corpos onde nasce o amor e como ele evolui com

o passar do tempo, espalhando-se ao nosso redor e em quem escolhemos para

amar, levando o espectador a tirar suas próprias conclusões à frente das mesmas,

deixando assim sua imaginação viajar no mundo da arte.

Este trabalho está dividido em cinco (5) capítulos. O primeiro apresenta um

breve histórico sobre a Arte da Escultura seguido por sua história através dos

tempos mais remotos até os dias de hoje.

O segundo capítulo refere-se especificamente à escultura moderna, um

resumo das mudanças ocorridas em seus conceitos - os conceitos de

tridimensionalidade, forma, volume e abstração.

O terceiro capítulo segue com a citação de artistas e mestres inspiradores,

como Henry Moore, com suas formas simples e onduladas, há Mary Vieira, com sua

técnica de fatiamento em metal, entre outros que de algum modo serviram como

fonte de inspiração para minha produção.

No quarto capítulo, descrevo os procedimentos metodológicos, onde é

explicado o processo de criação, desde a elaboração dos croquis e das formas até a

produção final das peças.

O quinto e último capítulo, refere-se à análise de cada peça, onde descrevo a

linguagem que cada obra quer transmitir, seu movimento, suas curvas e vazados,

tornando, assim, mais simples a compreensão das mesmas.

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CAPÍTULO I

ESCULTURA: A ARTE DAS ARTES

Arte é um procedimento de construção de idéias e obras, ocasionado pela

própria arte. Seu comprometimento é poético, resultando na sensibilidade e na

intuição e embasada em pesquisas e teorias acadêmicas. A linguagem da escultura

procura comunicar o que o artista sente através de seus sentimentos, de seu estado

de espírito, aproveitando diferentes técnicas, materiais e formas. Os processos da

arte escultórica datam da antigüidade e sofreram poucas variações até o

revolucionário século XX. A partir de então, o campo da escultura foi ampliado e

enriquecido, com o surgimento de novas técnicas e materiais. Variados métodos

começaram a ser utilizados sem o abandono dos antigos, tais como o entalhe

(subtração de matéria), a modelagem (adição de matéria), entre outros como a

soldagem e a montagem. Estes processos podem ser classificados segundo o

material empregado: pedra, madeira, argila, metal, resina, tubos de neon, ou na

união destes. Assim sendo, é possível fazer esculturas com quase todos os

materiais orgânicos e inorgânicos existentes.

O conhecer inclui a compreensão, lembrança e associação, ativando nossos

sentidos, e entendendo assim os sinais do mundo e, ainda, as nossas funções

cerebrais que armazenam e catalogam essas percepções. Existe um princípio

comum em meio à Arte e à Natureza, pois ambas são importantes campos de cultivo

da matéria. De maneira que esse estudo pretende facilitar a aproximação de leigos

em arte aos ambientes estéticos visuais da obra de arte, instruindo-os para que

consigam realizar uma leitura através de seu próprio olhar, detalhando qualquer

conjunto de imagens criadas por si mesmos, possibilitando ainda que se coloquem

de forma mais crítica diante da escultura à sua frente e de qualquer outro objeto do

cotidiano que cumpra uma função estética; enfim, objetivando um melhor

desempenho na compreensão da obra, pois esta é composta por formas e cores,

além de outros elementos.

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Segundo Richard Perassi de Sousa,

Experimentar e representar consiste em conhecer. A arte utiliza, recria e renova conhecimentos e linguagens, constituindo para si um grande acervo de procedimentos e significações, que são próprios da cultura artística. Esse acervo é comumente compreendido e disseminado por meio do Ensino de Artes. (Sousa, 2005, p.25)

A evolução do homem e da arte está fortemente ligada, sendo difícil ou até

mesmo impossível separá-la, uma vez que uma depende da outra no procedimento

de transformação. Em meio às diversas manifestações artísticas, nenhuma outra

talvez, além da escultura, proporcione uma documentação mais completa da

evolução da cultura humana, apresentando muito sobre o estilo de vida de uma

determinada civilização, em determinada época, por meio da manifestação de suas

idéias.

Desde o início dos tempos o homem está em contínuo desenvolvimento,

almejando novos conhecimentos. Essa procura é decorrência da transformação do

costume espiritual do homem em relação ao mundo, assim como a consciência da

sua fragilidade como pessoa perante uma vida limitada. Possivelmente encontra na

arte, um meio de entender e inteirar-se ao mundo, através da magia. O anseio

humano de eternizar sua natureza é obtido através da criação de objetos, que

possibilitam sua continuidade através do tempo.

Segundo Herbert Read

A Arte tem o poder de nos confortar sobre a consciência da nossa mortalidade e é ela que nos acompanha e nos consola nesta jornada que chamamos vida. (Apud: Bozal, 1995)

1.1 – ESCULTURAS E SUA TRAJETÓRIA HISTÓRICA

Os primeiros registros de artefatos escultóricos na História da Arte surgem no

período Paleolítico Superior. A arte produzida pelo homem deste período era

realizada na forma de estatuetas, representando formas figurativas de animais e

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mulheres, com linhas simplificadas, onde os artesãos concentravam-se nas

aparências físicas que evidenciavam a sexualidade feminina geralmente talhada em

pedra, ossos e marfim. A escultura, seja em pedra, madeira, osso ou chifre foi a

primeira técnica utilizada pelo homem para relacionar-se com o mundo sobrenatural.

Assim sendo, os objetos tinham funções utilitárias, servindo como adornos pessoais

e ainda para realização de rituais religiosos. “Vênus de Willendorf” (Fig. 01) é uma

das esculturas mais antigas datada do período Paleolítico superior.

Ao longo dos séculos a arte foi se desenvolvendo, ainda sem perder suas

funções utilitárias e principalmente de rituais religiosos. Uma das principais

civilizações da Antiguidade se desenvolveu no Egito Antigo Imperial, com quase três

mil anos de tradição teocrática (de 2134 a.C. a 525 a.C.). (Sousa, 2005, p.44). A

religião é talvez o aspecto mais significativo da cultura deste povo, ela invadiu toda a

vida egípcia, determinando o papel de cada classe social e, conseqüentemente,

norteando toda a produção artística desse povo. Dessa forma a arte egípcia que

concretizou-se, desde o início nos túmulos, estatuetas e vasos deixados juntos aos

mortos, era bastante padronizada, não dando margem à criatividade ou imaginação

pessoal. A escultura deste período esculpida em pedra calcária era direcionada aos

templos, com toda arte voltada à demonstração de poder de cada faraó, (Fig. 02).

Fig. 01 Fig. 02

Nome: “Vênus de Willendorf” Nome: Templo de Ramsés II Data: Cerca de 20.000 a.C Data: 1290 - 1225 a. C, Material: Pedra Calcária, 10,45cm. Altura das Estatuas: 20m, Fachada: 33 x 38m. Museu Natural de Viena – Áustria Local: Egito. Fonte: Bozal, 1995. Fonte: Bozal, 1995.

Muitos outros povos também direcionavam a arte para as crenças e

divindades, assim como os Mesopotâmicos, Babilônicos, Assírios e Persas. As

esculturas Mesopotâmicas eram estáticas, hieráticas e pesadas em uma

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simplificação cônico-cilíndrica a partir de um bloco sólido de pedra calcária, típica da

região (Fig. 03). Os Babilônicos, Assírios e Persas contribuíram com maravilhosos

relevos, “A Leoa Ferida” Assírios: (Fig. 04).

Fig.03 Fig. 04

Nome: Estátua do Templo de Abu Nome: “A Leoa Ferida” Data: 2.700 – 2.500 a.C Data: 669 - 629 a.C. Material: Mármore, 76 cm. Material: Alabastro a base de gesso, 63 cm. Museu do Iraque – Bagdá Museu Britânico – Londres Fonte: Anthony F. e H.W. Janson, 1996. Fonte: Bozal, 1995.

Aproximadamente no final do século VII a.C., os gregos começaram a

esculpir. Os artistas não estavam submetidos a convenções rígidas, pois sua arte

não tinha uma função religiosa, podendo assim evoluir livremente e seu material de

base era o mármore. O escultor do período arcaico apreciava a simetria natural do

corpo humano, e esculpia figuras masculinas nuas, eretas, em posição frontal, com

o peso do corpo distribuído sobre as duas pernas (Fig. 05). Na época helenística o

escultor grego explorou toda a gama das expressões humanas (Fig. 06), estes

artistas procuravam o realismo executando esculturas a partir de modelos vivos. Foi

neste período que houve a criação artística de grupos de pleno relevo, o mais

conhecido deles é “Suicídio de Galata” (Fig. 07). (Cápua, 2004, e Janson, 1996,

Proença, 2003, Ostrower, 2004).

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Fig.05 Fig. 06 Fig. 07

Nome: “Kouros”, 525 a.C Nome: “Vênus de Milo”, séc.II a.C Nome: “Suicídio de Galata”, 230 a.C Material: Mármore, 194 cm. Material: Mármore, 202 cm. Material: Mármore, 211 cm. Museu Arqueólogo Museu do Louvre - Paris Museu Delle Terme-Roma Nacional - Atenas.

Fonte: Bozal, 1995.

Os romanos eram grandes admiradores da arte grega, por isso a maioria de

suas obras eram cópias de esculturas gregas, conseguindo se destacar nos bustos

e relevos. A escultura tipicamente romana é encontrada nos relevos comemorativos

presentes por todo lado, desde as estatuetas funerárias, altares, arcos e sarcófagos.

A Idade Média inicia-se na Arte Cristã Primitiva englobando a Arte Bizantina,

Islâmica, Românica e a Arte Gótica. Neste período todas as artes, incluindo a

escultura eram voltadas para as igrejas, templos e mesquitas, de certa forma

também à arquitetura, onde prevaleciam os mosaicos (Fig. 08), arabescos (Fig.09) e

baixo-relevos.

Fig. 08 Fig. 09

Nome: “Imperador Justiniano”, 526 - 547 Nome: “Pátio dos Leões”, 1377. Técnica: Mosaico Técnica: Arabesco Detalhe do Mosaico da igreja de Palácio Islâmico – Alhambra, Granada São Vital – Ravena Fonte: E.H Gombrich, 1999. Fonte: Proença, 2003.

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O Renascimento foi o primeiro período que teve consciência de sua própria

existência e criou um estilo próprio. Com ele chegou ao fim uma longa temporada de

anonimato. Com o ressurgimento de todas as artes, há um novo ideal que

transforma o homem e as artes em geral, o Humanismo, que se tornou o próprio

espírito do Renascimento, onde os artistas expressavam os maiores valores deste

movimento, a racionalidade e a dignidade do ser humano. É neste período que

surgem grandes mestres escultores como: Donatello (1386 – 1466), com sua

escultura em bronze “David” (Fig. 10), Lorenzo Ghiberti (1378 – 1455), Andrea Del

Verrocchio (1435 – 1488), entre outros. Mas o mais conhecido é Michelangelo (1475

– 1564), este foi um dos maiores fenômenos da escultura italiana. Diante de

inúmeras obras espetaculares, está a “Pietà” (Fig.11). (Ibidem).

Fig.10 Fig. 11

Nome: “David”, 1475 Nome: “Piedade”, 1497 - 1499 Material: Bronze, 128 cm. Material: Mármore, 174 x 195 cm. Museu Nacional – Florença Basílica de São Pedro - Vaticano Fonte: Bozal, 1996. Fonte: Bozal, 1996.

Nos séculos XVI e XVII, surgem as esculturas Barroca e Rococó. A primeira

originou-se na Itália, não tardando a irradiar por outros países da Europa e ao

continente americano, trazida pelos colonizadores portugueses e espanhóis. As

obras Barrocas tinham como características, romper com o equilíbrio entre o

sentimento e a razão ou entre a arte e a ciência. Nelas, predominam as emoções,

recobrem-se de efeitos decorativos, linhas e curvas, drapeados nas vestes e uso do

dourado. Grandes mestres podem ser citados neste período como o italiano Bernini

(1598 - 1680), com uma de suas obras mais conhecidas, “O Êxtase de Santa

Tereza” (Fig. 12), e “Apolo e Dafne” (Fig. 13). Já o Rococó, durante muito tempo foi

para diversos historiadores, uma variação decadente da arte barroca, mais tarde,

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porém, o Rococó foi reconhecido como um estilo próprio, ele era atrativo, brincalhão,

caprichoso, decorativo, virtuoso, delicado, etc. Sendo que o resultado não poderia

deixar de ser em um estilo solene e triunfal. (Bozal, 1996).

Fig.12 Fig. 13

Nome: “Êxtase de Santa Tereza”, 1645 – 1652. Nome: “Apolo e Dafne”, 1622 – 1625. Material: Mármore Bronze Dourado, 350 cm. Material: Mármore, 243 cm. Capela Cornaro - Roma Galeria Borghese - Roma Fonte: Bozal, 1996. Fonte: Bozal, 1996.

No final do século XVIII nasceu o Neoclassicismo, onde os artistas

recuperavam o que consideravam como princípios clássicos da arte. Realçando os

drapeados e o nu. O século XIX foi agitado por fortes mudanças sociais, políticas e

culturais, causadas pela Revolução Francesa, por isto neste século entramos em

contato com movimentos artísticos muito diferentes, como é o caso do Romantismo,

Realismo, Impressionismo e do Pós-Impressionismo. A escultura só volta ao auge

no Impressionismo, costuma–se dizer que ele revitalizou tanto a escultura quanto a

pintura. Auguste Rodin (1804 – 1917), primeiro escultor de gênio forte depois de

Bernini, que se destaca com obras como: “O Pensador” (Fig. 14) e a mais famosa,

“O Beijo” (Fig. 15)

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Fig.14 Fig. 15

Nome: “O Pensador”, 1879 – 1889. Nome: “O Beijo”, 1886. Material: Bronze, 1,55m. Material: Mármore, 190x120x115 cm. Museu Metropolitano de Arte Nova York Museu Rodin - Paris Fonte: Anthony F e H. W. Janson, 1996. Fonte: Jarrassé, 2001.

A partir do século XX a escultura, como a arte em geral, tornou-se sem

limites; com a modernidade o mundo passa a influenciar o artista. Os artistas se

autoconscientizam do problema “estilo”, e sempre que o assunto era debatido,

começavam a experimentar e a desencadear novos movimentos que usualmente

adotavam um novo “ismo” como grito de guerra. (Gombrich, 1995, p. 557).

Gombrich acrescenta que o artista moderno quer criar coisas. A ênfase está

em criar e em coisas. Ele quer sentir que realizou algo que antes não existia. Não

apenas cópia de um objeto real, por mais habilidosa, não apenas uma peça de

decoração, por mais engenhosa, mas algo mais importante e duradouro do que

ambas, algo que ele sente ser mais real.

A partir de 1930, a tendência do orgânico se alastrou rapidamente. Os

escultores se entregam ao Abstracionismo Orgânico, que é inspirado pela natureza.

A forma começa a ficar mais estilizada, mas ainda assim, de algum jeito, sempre

relacionada à figura humana, como podemos notar na obra de Brancusi (1876 –

1957), “O Beijo” (Fig. 16). Já outros escultores não abandonaram a figura humana,

mas passam a representa-lá de uma nova forma, com Henry Moore (1898 – 1986),

com sua obra “Mãe Reclinada e Bebê” (Fig. 17)

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Fig.16 Fig. 17

Nome: “O Beijo”, 1908. Nome: “Mãe Reclinada e Bebê”, 1983 Material: Granito, 58 cm. Material: Bronze, 265,5 cm. Museu Nacional da Arte – Filadélfia Fundação Henry Moore Fonte: Proença, 2003. Fonte: Pinacoteca, 2005.

O abstracionismo orgânico, que surge diretamente na natureza, está do

mesmo modo relacionado à temática que busco representar, e assim, no próximo

capítulo, farei um estudo desta tendência a partir da escultura moderna, destacando

aspectos históricos e estéticos.

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CAPÍTULO II

ESCULTURA MODERNA

Ao avaliarmos toda a Arte Moderna, observamos que todos os estilos

evoluíram em materiais, técnicas e expressões. E a escultura não está fora disso,

sendo até mesmo uma das linguagens com as maiores propagações e

diversificações.

Em relação às suas novas expressões, a escultura se mostra com intensa

versatilidade de idéias. Atualmente, seus espaços internos e externos são

considerados parte de um todo escultórico. Essa nova consideração de espaço

surge como reformulador de uma opinião sobre a escultura, onde ela apenas existe

com o volume pleno e íntegro.

Segundo Cavalcanti (1970)

Entre as características gerais da escultura moderna estão: novos materiais, o espaço e a transparência como elementos escultóricos, a abstração, o movimento, a luz, o som e a cor. (Cavalcanti, 1970)

Os novos tempos apresentaram novos materiais para a escultura, surgindo

assim combinações de materiais, permitindo novas técnicas e, em decorrência,

numa maior nitidez para as formas, criando movimentos, som e luz, fazendo com

que a escultura acompanhasse a tendência das diferentes linguagens artísticas.

Apesar de todos esses novos materiais, a escultura de hoje não perdeu a figuração.

No entanto, como a pintura, afasta-se do naturalismo das figuras representadas,

empregando para isso uma enorme sensibilidade deturpadora e de grande alteração

visual, deixando uma aparência de semi-acabamento e com nítidos sinais da

atuação das mãos ou de diferentes artefatos.

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2.1 – ABSTRAÇÃO: A RUPTURA

Segundo o Dicionário Houaiss da língua portuguesa, abstração é o “ato ou

efeito de abstrair (-se); abstraimento, operação intelectual, compreendida por

Aristóteles e Tomás de Aquino, como origem de todo processo cognitivo, na qual o

que é escolhido como objeto de reflexão é isolado de uma série de fatores que

comumente lhe estão relacionado na realidade concreta.”

A arte abstrata intitula uma sucessão de estilos artísticos desenvolvidos no

século XX, que recusava o tradicional conceito da arte como aspecto da realidade

ou sua reprodução. O termo é usado freqüentemente para obras que arriscam

restringir as formas rudimentares, as aparências dos objetos perceptíveis, tentando

estruturar objetos artísticos não figurativos, ou seja, não significativos em uma

diversidade de formas e cores.

Apesar de muitos escultores do século XX terem se vinculado a vários

movimentos, como o cubismo e o construtivismo, outros tenderam a abrir seus

próprios caminhos. Segundo Calvacanti (1970), os escultores exploram todas as

possibilidades tridimensionais do objeto, trabalhando principalmente o volume e a

textura. Iniciam também o uso de materiais diversificados, novas técnicas e

possibilidades de dispor os objetos no espaço. Afirma, ainda, que esta tendência

acontece tanto quando falamos da abstração surgida da natureza, quanto da

sensibilidade mecanicista contemporânea inspirada nos cubistas.

Em 1908 Alexandre Archipenko (1887 – 1964), vindo da Europa Oriental se

dirige a Paris. Rapidamente ele parte para a elaboração de esquemas formais

simples e resolutos onde a realidade é reduzida aos seus elementos fundamentais.

Sempre deixou claro a importância que dava a certos valores esculturais que

aprendeu a conhecer observando, como harmonia, ritmo, equilíbrio, distância

(espaço e profundidade), peso (volumes ligeiros e pesados), proporção e movimento

(Zanini, 1980, p:104 - 105).

Entretanto, a maior significação para a escultura contemporânea da obra de

Archipenko está na renúncia dos volumes plenos, levando-o a ser o primeiro a

perfurar um bloco e dar valor plástico ao vazio, como podemos verificar logo abaixo

em sua escultura “Mulher Andando” (Fig. 18).

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Constantin Brancusi (1876 – 1957), um romeno que estabeleceu residência

em Paris, contribuiu para as primeiras abstrações ao simplificar as formas até seu

ponto mais elementar, libertando-se das aparências de superfície para revelar a

beleza essencial dos próprios materiais utilizados. Seu primeiro grande sucesso foi

“O Beijo” já citado acima, em que a peça nem mesmo sai do retângulo onde foi

talhada. Brancusi determina sua escultura na forma monolítica, mas nos mostra um

agudo senso espacial ao superar a opacidade da massa pelo cansativo e impecável

polimento do mármore e bronze, como podemos constatar na obra “Pássaro no

Espaço” (Fig. 19).

Fig.18 Fig.19

Nome: “Mulher Andando”, 1912. Nome: “Pássaro no Espaço”, 1942-1940. Material: Bronze, 131 cm. Material: Bronze, 134 cm. Coleção Particular Coleção Peggy Guggenheim - Veneza Fonte: Zanini, 1980. Fonte: Bozal, 1996.

No ano de 1930, tem início a fase da escultura biomórfica, que dedicou-se a

representar o orgânico como conceito formativo de realidade despontando sem

manifesto nem planejamento. A tendência do orgânico se alastrou rapidamente, foi

um movimento amplo com muitas ramificações, tendo referência no surrealismo.

(Zanini, 1980).

Hans Arp (1887 – 1966) foi o maior sintetizador no período da criação das

esculturas orgânicas, como nenhum outro escultor uniu a esbelta forma escultural

com a essência pura do crescimento orgânico. Em seus trabalhos, a simplificação

das formas e silhuetas organizadas harmoniosamente, seria a seqüência de linhas

sinuosas na construção tridimensional da escultura.

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Com isso, usa-se o termo escultura biomórfica devido à semelhança de seus

trabalhos com elementos naturais da fauna e flora. Assim sendo faz-se a relação

das peças produzidas com características comuns da escultura biomórfica.

2.2 – TRIDIMENSIONALIDADE NA ABSTRAÇÃO ORGÂNICA

Ao ser tridimensional, uma escultura tem que ocupar um ambiente real,

manter-se em interação com este ambiente e dele fazer parte. Para que isto ocorra,

o objeto pode ser consistente e compacto, ou dotado de saliências, espaços ocos ou

diferentes elementos reunidos. Com qualquer formato pode-se alcançar um conjunto

em uniformidade. O que ocorre é que, com a escultura moderna, as definições de

espaço e elemento se expandem, vendo que as peças poderiam ser perfuradas sem

perder a definição do volume escultórico, somente sobrepondo um novo.

Existem oito subsídios fundamentais aplicados na escultura: o volume que é o

corpo da peça, igualmente chamado de massa; o espaço, vinculando-se interna e

externamente com o volume escultórico; as linhas, que modelam as formas

mostrando o seu tridimensional; o plano; o movimento; a textura e a cor. A escultura

exige combinação de muitos e diferentes elementos do desenho, já que será

observada de diversos pontos de vista.

Segundo Ostrower (1990), a estrutura do plano pictórico, analisando os

aspectos da altura e da largura, mostra os ritmos que possui a superfície. Sendo

este um conceito bidimensional, não é citada a profundidade. Entretanto, ainda

assim se pode trazer esta análise para os elementos escultóricos. A princípio, estas

formas já nos chamam a atenção num primeiro olhar. A horizontalidade sugere

suavidade, calma, comodismo, melancolia, algo estático ou pouco movimentado. A

verticalidade já presume uma elegância, altivez, seriedade, ascensão,

espiritualização, munida de impulso, mas que, todavia, poderá vir a desequilibrar

com maior facilidade. Estes são elementos da homogeneidade ou heterogeneidade

da composição, que são dinâmicas, e na qual também inclui o volume, fazendo com

que o objeto tenha a possibilidade de expandir-se para várias direções. Em relação

às alterações e transformações.

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25

A escultura ganha pulsação, vitalidade e uma construção de maior

homogeneidade, pois interage de maneira mais fácil com o ambiente e dá maior

sutileza à continuidade da movimentação. São inúmeras as formas e as maneiras de

avaliar essas formas escultóricas. O maior obstáculo é o fato de que algumas delas

expressam algo para uma maioria, mas não para todos. Cria-se então, apenas

sugestões ou razoáveis associações para alguma coisa tão particular como a

percepção humana.

2.3 – A FORMA E O VAZADO NA ABSTRAÇÃO

A origem da forma estética, segundo Read (1981), surge atendendo uma

necessidade interior, um desejo de refinação, precisão e ordem. Ao mesmo tempo, o

objeto se liberta da sua função utilitária, à medida que vai sendo aprimorado, fato

que está relacionado à evolução mental e espiritual do homem e à consciência de

sua existência como ser. Conforme o autor, essa é a fórmula que transforma objeto

utilitário em obra de arte: o poder ideológico que joga com a oposição entre a

matéria e o espírito.

Já segundo Arnheim (2000), a melhor definição de forma é que ela é a

configuração visível do conteúdo. A forma sempre ultrapassa a função prática das

coisas encontrando em sua configuração as qualidades visuais como rotundidade ou

agudeza, força ou fragilidade, harmonia ou discordância. O autor segue dizendo que

dentro da forma havia os níveis de abstração, uma dimensão na qual o artista pode

exercitar sua liberdade. Ele pode trabalhar com configurações completamente não

miméticas que refletem a experiência humana por meio da expressão visual pura e

pelas relações espaciais.

As formas do vazado, podem ser compreendidas como orientação a uma

transformação, que por sua vez induzirá a um desenvolvimento, sugerindo uma

futura variação da matéria, assim como ocorre na natureza. Esta transformação é

um movimento, uma expressão qualificada como a disposição de deslocamento

espacial, uma das características principais dos seres vivos, e agora, também

fundamental às obras de arte. A textura e a substância do material também geram

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26

certas características na forma escultórica, que devem ser respeitadas por serem

essenciais a este.

Por muitos séculos, os materiais mais tradicionais, clássicos e importantes

eram o barro, a pedra, o mármore, a madeira e o bronze. Atualmente podemos dizer

que, junto desses materiais, passaram a existir outros produzidos pela indústria,

como os incontáveis tipos de plásticos e cimentos, que são utilizados pelos

escultores com naturalidade, de forma que podem originar resultados artísticos

inesperados.

Langer (1980) define a forma como um volume escultural de vigorosa

abstração, dizendo que o volume não é apenas uma medida cúbica dentro do

espaço. É mais que a massa e a área que a figura ocupa, é o espaço tornado

visível. A forma tangível tem um complemento de espaço vazio que ela domina

absolutamente, que é de fato, parte do volume escultural. A própria figura parece

possuir uma espécie de continuidade com o vazio não importando a sua volta. O

vazio a envolve, e o espaço envolvente tem forma vital enquanto continuação.

A escultura, sem deixar de ser apreensível como objeto físico, alcançou uma

importante fluidez, onde luz e espaço apresentaram um significativo desempenho.

Segundo Cavalcanti (1970), as perfurações abertas na massa dos volumes,

para obter o espaço, desempenham a mesma função do volume maciço, fazendo

com que o espaço que o cerca ou envolve possa interagir com a obra, valorizando

toda a questão de espaço e movimento. A importância desta ação se dá, pois, tanto

interna como externamente.

Nas obras apresentadas, as características citadas estão presentes em todas

as peças, deste modo o espaço que as envolve é uma continuidade delas, realçando

mais suas formas e volumes.

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27

CAPÍTULO III

MESTRES INSPIRADORES

Quando falamos sobre inspiração, abre-se um vasto leque para a sua

definição, mas aqui cabe uma das definições do Dicionário Houaiss da Língua

Portuguesa: “Entusiasmo criador que anima e aumenta a criatividade de escritores,

artistas, pesquisadores, etc.”

Assim me senti quando pesquisei sobre estes artistas que tanto me auxiliaram

na hora de definir técnicas, formas e materiais.

Foi na escultura moderna, mais especificamente na abstração orgânica, que

me encontrei. Neste período, deparei-me com grandes artistas da escultura

moderna, e identifiquei-me com as formas abstratas orgânicas de Henry Moore, as

formas simples e a obsessão pelas ondulações de Hans Arp, com Barbara

Hepworth, que trabalhava com madeira, optando por dar um acabamento artesanal,

e finalizando com Mary Vieira nas suas formas e especialmente pela técnica de

fatiamento em metal. Todos eles me forneceram um imenso subsídio para a

realização do meu trabalho final.

3.1 – HENRY MOORE (1889 – 1986)

Foi um escultor e desenhista britânico. Decidiu-se por ser escultor, quando

passeava nos campos de Yorkshire, ao norte de Londres, admirando as gigantescas

rochas destacadas no panorama com formas provenientes da erosão e do vento.

A atração pela forma, que no início era apenas um volume sem forma

definida escondido num material, aos poucos se transforma, e toma seu lugar no

espaço. Procurou formas capazes de romper com a estatuária tradicional e

acadêmica. Suas esculturas, embora possam parecer em alguns momentos com a

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28

arte primitiva ou em outros possuir traços que lembrem alguns movimentos

artísticos, são apenas recursos dos quais ele utilizou para sua representação,

voltando às origens da escultura, à recuperação do material e da talha. Moore tornou

mais abstratas e sutis suas formas que, além de primitivas, davam a sensação de

decorrer da lenta erosão de milhares de anos, como pode se observar em sua obra,

“Figura Reclinada” (Fig. 20). Sendo um entalhador convicto, esteve sempre

refazendo a estrutura humana sem que essa transformação o fizesse perder contato

com o contexto natural (Wittkower, 2001). Suas obras monumentais demonstram

sua preocupação com o conjunto, espaço, volume e sua obsessão pela figura

humana.

A figura humana é o que me inspira mais profundamente; no entanto foi estudando na natureza as pedras, as rochas, os ossos, as árvores, as plantas, que descobri os princípios das formas e dos ritmos. (Apud: Lynton, 1979)

Moore muitas vezes pesquisa elementos da natureza para serem as formas

naturais que irão, adaptadamente e subjetivamente, substituir certas formas da

figura humana. Ele permanece basicamente fiel ao seu estilo, sobretudo ao fundo

orgânico e antropomórfico, desde suas primeiras peças, e alcança um de seus mais

altos níveis de criação na série “Grupos de Famílias” (Fig. 21), de 1946, em bronze.

Fig.20 Fig. 21

Nome: “Figura Reclinada”, 1958. Nome: “Grupo Familiar”, 1948-1949. Material: Pedra, 500 cm. Material: Bronze, 152 cm. Palácio da UNESCO – Paris Fundação Henry Moore Fonte: Bozal, 1996. Fonte: Pinacoteca, 2005.

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29

Resumindo, podemos afirmar que Moore pesquisou a harmonia plástica e a

importância expressiva entre o volume e o vazio e foi analisando a natureza, rochas,

ossos, árvores e plantas que descobriu as origens das formas e dos ritmos.

3.2 – HANS ARP (1887 – 1966)

Sua obra se desenvolveu a partir dos anos 20 e 30, foi escultor, pintor e

poeta. Apresentou um papel de grande valor na trajetória da Arte Moderna,

convivendo com o Cubismo, Dadaísmo e Surrealismo, produzindo obras

basicamente ao redor destas duas últimas correntes e que distinguiram o seu

trabalho, embora não estivesse preso a nenhuma delas.

Mas segundo Lynton (1979), ele foi encorajado pelo Surrealismo a abusar

mais da imprecisão da forma e significado da escultura, fazendo-o ostentar um estilo

cada vez mais biomórfico em sua construção.

Suas formas não possuíam indícios figurativos, ainda assim implicavam

cadência de desenvolvimento e desenvolvimento da própria matéria viva. A

obsessão pelas ondulações simples e os apelos mútuos do vazio e do cheio, como

podemos observar em “Concretividade Humana” (Fig. 22), e “Aquática” (Fig. 23),

foram características marcantes em sua obra.

Fig. 22 Fig. 23

Nome: “Concretividade Humana”, 1933. Nome: “Aquática”, 1953. Material: Mármore, 22”x 31”x 21”. Material: Mármore, N/C. Kunsthaus Zurich, Switzerland Coleção: Walker Art Center

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30

Apesar da simplicidade de suas formas, ao oposto de inclinar-se a uma possível

monotonia de sombras semelhantes, suas obras – realizadas em argila, gesso,

bronze, pedra, madeira e posteriormente outros materiais – girando em torno do

conceito formal, apontam seu vigor de criação na força silenciosa da Natureza.

(Wittkower, 2001).

3.3 – BARBARA HEPWORTH (1903 – 1975)

Barbara Hepworth era compatriota de Moore. Segundo Cavalcanti (1970),

esteve sob influência do mesmo, assim como de Arp e Brancusi. Trabalhou o

abstracionismo orgânico, sobretudo na madeira, optando por características de

acabamento artesanal (Fig. 24).

Ela idealizou formas de esculturas diferentes, algo para ser tocado, sentido,

que rompesse com a imobilidade entediante do espectador. O contato estimula o

conhecimento das percepções por movimento, em volta da escultura e este passeio

imposto pela forma que ela chamava de “resposta arcaica”, só é possível por meio

de formas que não sejam especificamente humanas. Ela considerava o trabalho do

escultor, do entalhador e do modelador de matérias naturais, equivalente ao das

forças que criaram o mundo e a vida humana, (Fig. 25).

Barbara Hepworth irrompeu com o obstáculo do distanciamento, para ela

tocar as esculturas era tão importante quanto vê-las.

Fig. 24 Fig. 25

Nome: “Nyanga”, 1959-1960. Nome: “Expresso”, 1960. Material: Madeira, 908 x 571 mm. Material: Bronze, 740 x 400 x 300 mm. The Tate Gallery - Londres The Tate Gallery - Londres Fonte: www.artcyclopedia.com/artist Fonte: www.artcyclopedia.com/artist

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31

3.4 – MARY VIEIRA (1927 – 2001)

Nasceu em São Paulo, foi criada em Minas Gerais e faleceu na Suíça.

Escultora e professora, estudou desenho e pintura com Alberto da Veiga Guignard

na escola do parque em Belo Horizonte.

É considerada a precursora dos movimentos concretista e neoconcretista no

Brasil e criadora dos “Polivolumes”, objetos interplásticos com possibilidades táteis e

dinâmicas, abertos à participação dos espectadores. Em 1951, muda-se para a

Suíça. Na Europa, Mary Vieira aprofundou suas propostas de uma escultura de

formas dinâmicas, que foram sucessivamente classificadas como: Monovolumes,

multivolumes, polivolumes e intervolumes.

Conforme Denise Mattar, (curadora da exposição “Mary Vieira – O Tempo do

Movimento”).

A obra de arte não representa a realidade; ao contrário, salienta estruturas e planos que exprimem por si mesmo uma dinâmica poética. Dentro desse conceito se encontra o trabalho desta artista, que evidencia o diálogo entre percepção e forma e leva seu espectador a interagir com a obra para que ela possa ser contemplada. (Apud: Mary Vieira – O Tempo do Movimento, 2005, p: 3)

Segundo ela, a obra de Mary Vieira pode ser considerada na área das

tendências voltadas à estética concretista, propondo soluções à problemática da

expressão plástica e à representação da idéia em uma nova realidade. Traduz na

sua escultura um aspecto polifônico conduzindo a um resultado volumétrico-

espacial. A sua primeira obra realizada no Brasil foi “Forma Eletrorotatória espirálica

à perfuração Virtual”. A espiral logarítmica se tornará a sua forma geométrica

preferida, aquela que traçará mais exatamente a beleza espiritual e material da vida.

A sua escultura apóia as suas razões criativas na solução de teoremas

plásticos por meio da libertação daquele novo elemento emocional que cada um

deles contém. O material é o veículo através do qual a forma se exprime e a sua

escolha é operada pela escultora em função das várias possibilidades estático-

dinâmicas que os novos metais oferecem para a composição de determinadas

relações plásticas. Assim, ela usa o aço e o alumínio, o ferro e o bronze, o chumbo e

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32

o latão destinando-lhes precisas funcionalidades formais, assim como o vidro, a

pedra dura e fria, o gesso, o cimento ou a terra, lhe sugerem possibilidades de

recepção volumétrica de vários estados espirituais. (Figuras 26 e 27).

A artista é reconhecida pela crítica internacional como uma das principais

representantes da arte cinética. Participou de exposições individuais e coletivas na

Europa, no Brasil e nos Estados Unidos, recebendo uma série de importantes

prêmios pelo seu trabalho.

Fig. 26 Fig. 27

“Polivolume: Superfície Multidesenvolvível”, 1966. “Polivolume: Momento Elipsoidal”, 1970. Material: Alumínio anodizado 56,5 x10, 5 x1,5 cm. Material: Alumínio anodizado, 200 x 40 x 10 cm. Colecionador: Museu de Arte Brasileira - RJ Colecionador: Banco Central - Brasília Fonte: Mary Vieira, 2005. Fonte: Mary Vieira, 2005.

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33

CAPÍTULO IV

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O presente trabalho foi concluído após muitas pesquisas bibliográficas para

obter a base teórica imprescindível à sua realização. O conceito introduzido nas

obras foi assimilado por estudo nas áreas de estética, filosofia e psicologia. Alguns

autores apresentaram ampla importância para o suporte teórico, em meio a eles,

Rudolf Wittkower, Fayga Ostrower, entre outros, que complementaram meus

pensamentos e propósito de fazer, através das formas, um relacionamento entre os

sentimentos e as emoções pertencentes ao ser humano. Para a realização da parte

prática, também foram lidos, comparados e observados alguns artistas, obras e

maneiras características de manusear o material de trabalho.

Iniciei a produção das esculturas determinando as formas abstratas, através

de esboços em desenho de traços simples (Fig.28) e posteriormente, com estudos

tridimensionais da forma e volume em croquis de argila (Fig. 29), estabeleci que a

forma que ofereceria unidade a todas as esculturas seria o símbolo da LUA.

(Fig. 28)

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34

(Fig.29)

Eleita a madeira para ser o material de produção, optei pela chapa de

compensado de 220 x 160 cm de virola branca, pois esta possui entre suas

características as qualidades que eu necessitava, especialmente sua espessura de

dez (10) mm e tendo em vista experimentos anteriores, concluí que, para o

desenvolvimento de formas orgânicas abstratas, o mais apropriado seria esculpir o

máximo, de maneira subtrativa. Iniciei a partir de um bloco de isopor medindo 100 x

60 x 50 cm (Fig. 30), que foi talhado, seguindo a forma do modelo em cerâmica, com

o auxilio de serrote, garfos, facas, estilete e lixas.

(Fig.30) (Fig.31) (Fig.32)

Quando o processo de esculpir já estava terminado, finalizei o acabamento

com lixa fina, e marquei as laterais da peça em toda sua altura com caneta

hidrográfica de cores diferentes. Em seguida o isopor foi fatiado (Fig. 31) em um

cortador incandescente, na espessura de dez (10) mm que é a mesma da madeira,

onde cada fatia foi enumerada em seu interior (Fig. 32) para servir de molde original

para ser riscado na madeira.

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35

A seguir, risquei a chapa de compensado, tendo como molde as fatias de

isopor, estas devidamente numeradas (Fig. 33). Com o auxilio da serra tico-tico de

mão, recortei a chapa em partes menores para somente depois cortá-las

linearmente na serra tico-tico profissional (Fig. 34).

(Fig.33) (Fig.34) (Fig.35)

Com o artefato de isopor montado (Fig. 35), fui executando a peça, seguindo

a numeração e intercalando pregos e cola entre as fatias (Fig. 36). Encerrada a

etapa de montagem, aguarda-se 24 horas para a secagem total da cola, e inicia-se a

etapa de acabamento.

(Fig.36) (Fig.37) (Fig.38

Para esta fase, munida por equipamentos de segurança, iniciei o lixamento da

peça. Primeiramente com amparo de uma lixadeira profissional elétrica, com lixas de

gramatura 16, 24 e 36, passando em seguida para uma lixadeira semi-profissional

com lixas de gramatura 80 e 120, (Fig. 37) e ainda, manualmente, usei lixas finas

(Fig. 38), sendo que nesta etapa, recolhi o pó da madeira para futuramente, junto à

seladora, preparar uma massa para corrigir defeitos que, porventura, apareceriam.

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36

(Fig.39)

O cuidado com o acabamento esteve sempre presente. A madeira tem

características próprias e pede um tratamento minucioso. Deixá-la ao natural, em

sua tonalidade clara, sem ocultar sua cor e textura, usando somente seladora, que

além de proteger a madeira desempenha um melhor acabamento estético, foi a

melhor opção (Fig. 39). Todas as cinco (05) peças foram executadas pelo mesmo

procedimento descrito acima.

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CAPÍTULO V

ANÁLISE DAS OBRAS

Em um resumo geral, a realização deste trabalho não teve qualquer ambição

de representar, narrar ou reler outras obras. Desejava desde o início passar a maior

pureza e harmonia para as obras, acontecendo tudo de maneira intuitiva. Meu

trabalho tem como objetivo a composição estética através de uma poética individual

das formas, onde predominam linhas e curvas. As esculturas aqui apresentadas

podem ser ligadas ao abstracionismo orgânico, associado com formas puras e

ritmos da natureza.

O conjunto é formado por uma série de 5 (cinco) peças, sendo que todas

sugerem movimento, seguido pelo aspecto lunar e baseadas em um conceito sobre

o sentimento que envolve o homem ao amor, comparando de certa maneira, com o

que já sentimos, o que já vivemos ou viveremos. Côncavos e convexos, assim como

cheios e vazios transbordando sentimentos e emoções intensas e inconscientes,

relativos à individualidade que é comum a todo ser humano. São peças grandes,

onde quatro delas tem em média 100 cm de altura, por 60 cm de largura e uma

praticamente reversa, mede 100 cm de largura, por 60 cm de altura.

Como já citei acima, as cinco (5) peças adotaram a linguagem da escultura

abstrata, sob a escolha do tema “AMOR”, processo pelo qual passa o homem e tudo

que o cerca, até mesmo a arte. De todos os procedimentos de mudanças na vida

humana, o mais inerente é o amor.

Para a construção das esculturas elegi o símbolo da lua como marco geral

das minhas obras, esta pode representar o amor, o homem, a mulher, a proteção, a

família, os amigos, até mesmo a maternidade. Tem como base fundamental o

sentimento que circunda o próprio nome. Apresento estas esculturas, inspirada no

mais nobre dos sentimentos, pois torna-se um ciclo em nossa vida.

O amor não nasce só, nem tampouco cresce ou se desenvolve só. Sempre se

necessita de alguém ou de algo para nutrir este sentimento. O amor humano é o que

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38

mais se encaixa em minha proposta, pois este é um ciclo interminável. Inicialmente

nasce o amor homem & mulher, representada pela escultura “Atração” (Fig. 36),

desta união passa a existir a descoberta de gerar uma nova vida, sentindo todos os

prazeres de uma gravidez, representada pela obra número 2 “Gênese” (Fig. 37).

“Acolhida” (Fig. 38) é a obra de número 3, onde os pais descobrem um amor

incondicional, chamado filho, que se torna a razão de viver do casal, fazendo-o

perceber até então um sentimento totalmente desigual, e que o leva em busca de

inúmeros caminhos para protegê-lo, de tudo e de todos, com o intuito de proteção no

céu, em deus e na espiritualidade. Assim forma-se a família, representada pela obra

“Aconchego” (Fig.39). Este pequeno ser, adolesce e começa a trilhar seu próprio

caminho, descobrindo então outra definição para o amor, ou seja, um amor mais

descompromissado, descontraído, alegre, sem tantas regras, obrigações e

comprometimento, batizado por amigos, “Escolhas” (Fig. 40). Com o passar dos

anos sua vida vai sendo preenchida por uma infinidade de amores. E sem mesmo

perceber, em determinado momento, depara-se com o destino, encontrando o seu

verdadeiro amor, o amor de sua vida, iniciando nesse momento, sem mais

explicações, o recomeço do ciclo, que em passado não tão remoto, seus pais

trilharam.

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39

(Fig. 36)

Título: “Atração”

Dimensões: 92 X 66 X 35 cm.

“Atração” é uma obra constituída por elementos simples onde o côncavo e o

convexo se fundem em único vazado favorecendo a passagem da claridade criando

assim um efeito de luz e sombra. As linhas e curvas podem ser vistas por todos os

ângulos.

Disposta verticalmente, esta obra nasce de uma única base, significando o

amor que os une. O ícone da lua perde um pouco sua evidência pelo modo como

estão dispostos, mas o conjunto remete a um enlaçamento de corpos.

A escultura está totalmente imóvel, mas causando a sensação de que a

qualquer momento haverá um entrelaçamento entre elas, formando um só corpo. A

disposição da peça convida o espectador a girar em torno da mesma, na expectativa

do movimento.

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40

(Fig. 37)

Título: “Gênese”

Dimensões: 90 x 80 x 30 cm.

“Gênese”, também disposta verticalmente, apresenta curvas acentuadas e

linhas sinuosas em sua altura. Simboliza a fecundação da primeira obra, a

concepção do sentimento que os uniu, o início da família, onde a gravidez se torna

aparente. Aqui o ícone lunar está bem aparente, como se envolvesse a enorme

barriga em sua própria luz, acomodando-a em sua própria forma.

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41

(Fig. 38)

Título: “Aconchego”

Dimensões: 100 x 77 x 33 cm.

Simbolizando o nascer da obra acima, “Aconchego” é uma peça vertical, onde

a imagem da lua está bem declarada. Em suas linhas côncavas acolhe curvas

sinuosas que lembram um bebê, como se fosse uma mãe aconchegando o filho em

seu ventre. A textura e a cor da madeira deram um ar iluminado à peça, unindo

ainda mais a simbologia lunar com a obra em si.

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42

(Fig. 39)

Título: “Acolhida”

Dimensões: 110 x 63 x 51 cm.

“Acolhida” é uma obra composta por quatro (4) ícones lunares totalmente

verticais, onde há uma grande concentração de linhas e curvas côncavas e

convexas formando vazados de diferentes tamanhos, que a meu ver, unificam toda a

peça. As luas maiores nascem da mesma base, mas para lados opostos, voltando a

se unir no topo da escultura, enquanto as outras duas luas menores nascem desta

mesma base, mas fundindo-se à mesma, sem darem a noção exata de onde brotam.

Os vazados permitem a passagem de luz, deixando as peças mais altas, com mais

claridade e sombreando aos poucos as peças menores, dando assim um efeito de

proteção.

Esta proteção que vem dos pais para os filhos, simboliza o afeto familiar,

onde o casal viveu seu amor, fecundou um filho, protege-o e presenteia-o com um

irmãozinho, formando assim a família, com uma base sólida, mas com liberdade de

expansão.

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43

(Fig. 40)

Título: “Escolhas”

Dimensões: 59 x 118 x 31 cm.

“Escolhas” é a única peça horizontal, com linhas sinuosas seguindo um único

padrão, esta peça sugere movimento, alegria e brincadeira, mesmo sendo

totalmente inerte fisicamente, não há como enxergá-la sem movimento. Por isso, ela

simboliza a amizade, o adolescente.

É como se as linhas e curvas, seguissem um único caminho, uma longa

decida em alta velocidade, sem se preocupar com as conseqüências, sem ter medo

de errar, preocupando-se somente em viver, viver o hoje e o agora, para mais tarde,

quando for obrigado a crescer, não se arrepender de suas escolhas e enfim reiniciar

o ciclo da vida, do amor, da família.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O processo de criação deste trabalho teve início, mesmo inconscientemente,

durante as aulas e oficina de escultura realizadas durante o curso. Foi precisamente

no terceiro ano, quando cursava a oficina direcionada somente à escultura, que

deparei com a técnica de sobreposição de chapas de madeira. Apaixonei-me pelo

resultado, pela técnica e decidi que meu projeto final seria embasado neste

procedimento envolvendo o tema “AMOR”.

As formas e os sentimentos foram abordados com a preocupação de instituir

uma relação entre o homem racional e o emocional, entre o homem e o sentimento.

As relações feitas a partir das diversidades e semelhanças entre o material e as

subjetividades, indicam que vivemos a todo o momento cercados de princípios que

discordam entre si, porém que necessitam permanecer unidos, de forma coerente e

harmoniosa.

Almejando constatar melhor esse vínculo, senti a necessidade de pesquisar

alguns livros na área de filosofia e psicologia. As pesquisas efetuadas, tanto teóricas

quanto as práticas, garantiram contextos e desenvoltura para o meu trabalho, além

de me proporcionar um enorme desenvolvimento pessoal e artístico.

Para o desenvolvimento prático das esculturas foram feitos muitos estudos

das formas com auxílio de desenhos de grafite em traços simples, seguidos por

experimentos da forma bi-dimensional em argila modelada e experimentos com

materiais miscigenados nesta técnica, fundamentados na harmonia do material.

Além disso, foi efetuada uma pesquisa sobre os tipos, tonalidades e espessuras da

madeira a ser usada. As dificuldades que despontaram no decorrer do processo de

produção serviram como um grande desafio, essas são atribuídas quase que

exclusivamente à qualidade das chapas de compensado, onde o processo de

acabamento da peça “Escolhas” foi extremamente trabalhoso, mas nada que não

pudesse ser solucionado. O resultado final de pesquisas e trabalhos sucessivos não

poderia ser outro que não o de ter finalizado com sucesso os objetivos propostos.

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BIBLIOGRAFIA

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