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1 CPV FGVDIRNOV2012_1DIA FGV Direito CPV O CURSINHO QUE MAIS APROVA NA GV 11/11/2012 (1 o Dia) REDAÇÃO Texto 1 Um espectro ronda a Europa — o espectro do comunismo. Todas as potências da velha Europa aliaram-se numa sagrada perseguição a esse espectro, o Papa e o Czar, Metternich e Guizot, radicais franceses e policiais alemães. (...) Já é tempo de os comunistas exporem abertamente perante o mundo todo, sua maneira de pensar, os seus objetivos, as suas tendências, e de contraporem ao conto da carochinha sobre o espectro do comunismo um manifesto do próprio partido. (...) Os comunistas recusam-se a dissimular suas visões e suas intenções. Declaram abertamente que os seus objetivos só podem ser alcançados pela derrubada violenta de toda a ordem social vigente até aqui. Que tremam as classes dominantes em face de uma revolução comunista. Nela os proletários nada têm a perder senão as suas cadeias. Eles têm um mundo a ganhar. Proletários de todos os países, uni-vos! Karl Marx e Friedrich Engels, Manifesto do Partido Comunista. Texto 2 Laerte, Folha de S. Paulo, 02/07/2012. Texto 3 Laerte, Folha de S. Paulo, 30/06/2012. Texto 4 Laerte, Folha de S. Paulo, 29/06/2012.

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1CPV fgvDIRNOv2012_1DIa

FGV – DireitoCPV O CursinhO que Mais aprOva na GV

11/11/2012 (1o Dia)reDação

Texto 1 Um espectro ronda a Europa — o espectro do comunismo. Todas as potências da velha Europa aliaram-se numa sagrada perseguição a esse espectro, o Papa e o Czar, Metternich e Guizot, radicais franceses e policiais alemães. (...) Já é tempo de os comunistas exporem abertamente perante o mundo todo, sua maneira de pensar, os seus objetivos, as suas tendências, e de contraporem ao conto da carochinha sobre o espectro do comunismo um manifesto do próprio partido. (...) Os comunistas recusam-se a dissimular suas visões e suas intenções. Declaram abertamente que os seus objetivos só podem ser alcançados pela derrubada violenta de toda a ordem social vigente até aqui. Que tremam as classes dominantes em face de uma revolução comunista. Nela os proletários nada têm a perder senão as suas cadeias. Eles têm um mundo a ganhar. Proletários de todos os países, uni-vos!

Karl Marx e Friedrich Engels, Manifesto do Partido Comunista.

Texto 2

Laerte, Folha de S. Paulo, 02/07/2012.

Texto 3

Laerte, Folha de S. Paulo, 30/06/2012.

Texto 4

Laerte, Folha de S. Paulo, 29/06/2012.

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2Texto 5

PlebiscitoVenceu o sistema de BabilôniaE o garção de costeletaCopacabana, 15-4-1946

Oswald de Andrade, O Escaravelho de Ouro, 1946.Texto 6

Vivemos num mundo conquistado, desenraizado e transformado pelo titânico processo econômico e tecnocientífico dodesenvolvimento do capitalismo, que dominou os dois ou três últimos séculos. Sabemos, ou pelo menos é razoável supor, que ele nãopodeprosseguiradinfinitum.Ofuturonãopodeserumacontinuaçãodopassado,ehásinais,tantoexternamentequantointernamente, de que chegamos a um ponto de crise histórica. (...) Não sabemos para onde estamos indo. Só sabemos que a história nos trouxe até este ponto. (...) Contudo, uma coisa é clara. Se a humanidade quer ter um futuro reconhecível, não pode ser pelo prolongamento do passado ou do presente. Se tentarmos construir o terceiro milênio nessa base, vamos fracassar. E o preço do fracasso, ou seja, a alternativa para uma mudança da sociedade, é a escuridão.

Eric Hobsbawm, Era dos Extremos: o breve século XX: 1914-1991.

A presente coletânea alinha textos que se referem à investidura do proletariado como classe revolucionária (texto 1), à atual desinvestidura revolucionária dessa mesma classe (textos 02, 03 e 04) e às vitórias do capitalismo sobre as forças que o antagonizavam (textos 05 e 06). Com base nas sugestões e reflexões neles apresentadas, redija uma dissertação argumentativa sobre o tema:

O atual triunfo do capitalismo: consequências e perspectivas.

Comentário Do CPV sobre a ProVa De reDação Da FGV DireitoA prova de Redação do Vestibular da Direito FGV/2013 solicitou aos candidatos a elaboração de um texto dissertativo sobre o tema O atual triunfo do capitalismo: consequências e perspectivas. Trata-se de uma proposta desafiadora aos candidatos, que deveriam mobilizar conhecimentos de Atualidades, História, Geopolítica e Sociologia para elaborar essa redação. Certamente, um tema que, apesar de acessível, exigiu muito dos estudantes.A coletânea oferecida como ponto de partida para a reflexão poderia ser analisada associando os textos em três grupos: ● 01, fragmento do Manifesto Comunista, de Karl Marx e Friedrich Engels, fazia uma convocação do proletariado à luta contra a

ordem social vigente à época, o capitalismo; ● 02, 03 e 04, tirinhas de Laerte, publicadas recentemente em sequência no jornal Folha de São Paulo, faziam alusão ao esmorecimento

da luta contra a opressão capitalista e ao desaparecimento da classe operária; ● 05, de Oswald de Andrade, e 06, de Eric Hobsbawm, versavam sobre a vitória do capitalismo sobre as forças que o antagonizavam.Os candidatos poderiam ressaltar que, segundo Karl Marx, a história se constrói a partir de um movimento dialético: o da luta de classes. No sistema capitalista, a relação antitética se faz entre o burguês, que é o dono dos meios de produção, e o proletário, detentor da força de trabalho. Já no século XIX, esse sistema promoveu muitas contradições: a despeito dos avanços materiais, questões econômicas e sociais — que afligiam a crescente massa de operários, como a pobreza, a jornada de trabalho, e a baixa remuneração de mulheres e crianças — persistiam. Mas será no século XX que o capitalismo enfrentará sua mais significativa oposição nas revoluções socialistas, principalmente com a Guerra Fria. Ao mesmo tempo, a Indústria Cultural tratou de se fortalecer e padronizar comportamentos e valores, convencendo o cidadão sobre o hedonismo do consumo e sobre a utopia da meritocracia em contextos de forte desigualdade social, estimulando o individualismo.Com a queda do muro de Berlim, em 1989, e a dissolução da União Soviética, decorrente do fracasso da economia de planejamento centralizado no Estado, marcou-se simbolicamente o fim da ameaça comunista e o triunfo do capitalismo. Os liberais enalteceram a derrocada do socialismo e contrapuseram o seu fracasso ao pretenso sucesso da economia de mercado. Como consequência dos fatores históricos, houve a otimização da produção de riquezas; uma significativa evolução tecnológica; intensificou-se o processo de globalização, o que permitiu maior fluxo de pessoas, mercadorias e capitais; além da exportação de multinacionais. Ao mesmo tempo, estabeleceu-se uma forte dependência econômica e política entre países pobres e ricos, tornando ainda mais significativas a concentração de renda e a divisão internacional do trabalho, sem esquecer que a destruição do meio ambiente e o desequilíbrio ecológico passaram a ameaçar a qualidade de vida no planeta, evidenciando que a lógica da economia capitalista favorece o interesse privado em detrimento do bem coletivo.O candidato também poderia ressaltar a crise financeira de 2008, provocada pela ousadia de um mercado financeiro desregulamentado, que afunda sociedades inteiras em crises inflacionárias, dívidas públicas e altas taxas de desemprego.Assim, se o socialismo real se configurou como o sistema da ausência da liberdade, o capitalismo real revelou-se como o sistema da injustiça e da desigualdade. Entre as perspectivas, o candidato poderia ressaltar a necessidade de novas estruturas políticas, sociais e econômicas capazes de proporcionar oportunidades iguais de acesso aos bens produzidos pela sociedade. A Equipe Pedagógica do CPV, mais uma vez, enaltace o trabalho da Banca Examinadora da Direito FGV pelo empenho em elaborar uma prova de redação que privilegia candidatos com capacidade de reflexão sobre a sua realidade, sem esbarrar na pieguice do senso comum.

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LinGUa PortUGUesa

01. Leia estas frases: I

Mandou, chegou.(Slogan publicitário de uma empresa de serviço de encomenda expressa)

IIVim, vi, venci.

(Tradução de uma frase latina, atribuída ao general e cônsul romano Júlio César)

a) A ordem dos verbos, nas duas frases, é aleatória ou é determinada por algum fator específico? Explique. b) Transcreva essas frases, unindo as orações que compõem cada uma delas mediante o emprego das conjunções adequadas

à relação de sentido que nelas se estabelece.

Resolução:

a) A sequência dos verbos nas sentenças propostas não é aleatória, elas seguem uma relação conclusiva intrínsecas às ações apresentadas, estabelecendo uma relação de anterioridade e posterioridade entre as ideias expostas.

b) I. Mandou, logo chegou. – O aluno poderia optar por qualquer outra conjunção conclusiva (então, portanto, sendo assim...). II. Algumas opções seriam: — utilizar um polissíndeto: Vim, e vi, e venci. — utilizar uma conjunção conclusiva: Vim, vi, então venci.

02. Leia o seguinte texto.

Se alguma dúvida paira ainda, depois dos últimos acontecimentos, sobre o caráter e a natureza do Mercosul, a Copa Libertadores da América está aí para ajudar a dissipá-la. Mercosul e Copa Libertadores são duas instituições da América Latina. Atuam em ambientes diversos, cada qual com os próprios personagens e os próprios instrumentos, as se unem na essência. Uma espelha e explica a outra.

Os locutores chamam de “espírito da Libertadores” o conjunto de eventos que caracterizam o torneio. Eles dividem ostimesentreosquetêmeosquenãotêm“espíritodaLibertadores”.Classificamaspartidasmaistomadaspeloafãsanguinário dos contendores como “típicas da Libertadores”. E se animam com isso. Os jogadores se estraçalham em campo, a plateia ulula, e os locutores entoam: “É o es-pí-ri-to da Li-ber-tado-res!!!”. O Mercosul é uma instituição de livre-comércio que permite a seus membros impedir o livre comércio entre si por meio de medidas protecionistas. Quando as medidas protecionistas não bastam, inventam-se papéis necessários à circulação das mercadorias e bloqueia-se a passagem dos caminhões nas fronteiras. “É o es-pí-ri-to do Mer-co-sul!!!”, comemoraria o locutor, se locutor houvesse como há no futebol.

Roberto P. de Toledo, Veja, 11/07/2012.

a) Qual o principal argumento utilizado pelo autor para afirmar, comparando a natureza do Mercosul com a da Copa Libertadores: “Uma espelha e explica a outra”?

b) Qual é o efeito de sentido produzido pelos hífens e exclamações usados nas frases “É o es-pí-ri-to da Li-ber-ta-do-res!!!” e “É o es-pí-ri-to do Mer-co-sul”?

Resolução:

a) O principal argumento utilizado pelo autor para afirmar que “Uma espelha e explica a outra” é o fato de que as duas instituições “se unem na essência”. Essa essência pode ser definida como a rivalidade, ideia que se confirma no texto, pois o autor diz que na Copa Libertadores da América “Os jogadores se estraçalham em campo” e o Mercosul “permite a seus membros impedir o livre-comércio”, ambas situações que são caracterizadas pela rivalidade.

b) O efeito de sentido produzido pelos hífens e pelas exclamações usadas nas frases mencionadas no enunciado é a oralidade no texto escrito, denotado pela ênfase do locutor à emoção.

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Texto para as questões 03 e 04

Sr. Diretor do Imposto de Renda: (...) Minha dúvida, meu problema, Sr. Diretor, consiste na desconfiança de que sou, tenho sido a vida

inteira um sonegador do Imposto de Renda. Involuntário, inconsciente, mas de qualquer forma sonegador. Posso alegar em minha defesa muita coisa: a legislação, embora profusa e até florestal, é omissa ou não explícita; os itens das diferentes cédulas não preveem o caso; o órgão fiscalizador jamais cogitou disso; todo mundo está nas mesmas condições que eu, e ninguém se acusa ou reclama contra si mesmo. Contudo, não me conformo, e venho expor-lhe lealmente as minhas rendas ocultas.

A lei manda cobrar imposto a quem tenha renda líquida superior a determinada importância; parece claro que só tributam rendimentos em dinheiro. A seguir, entretanto, a mesma lei declara: “São também contribuintes as pessoas físicas que perceberem rendimentos de bens de que tenham a posse, como se lhes pertencessem.” E aqui me vejo enquadrado e faltoso. Tenho a posse de inúmeros bens que não me

pertencem e que desfruto copiosamente. Eles me rendem o máximo, e nunca fiz constar de minha declaração tais rendimentos.

Esses bens são: o Sol, para começar do alto (só a temporada de praia, neste verão que acabou, foi uma renda fabulosa); a Lua, que, vista do terraço ou da calçada da Avenida Atlântica, diante do mar, me rendeu

milhões de cruzeiros-sonho; (...) as crianças brincando no play-ground ou a caminho da escola; em particular, três meninos que vêm e vão pelo ar, tão moleques e tão rendosos para este coração; (...) certos prazeres como andar por andar, ver figura em edições de arte, conversar sem sentido e sem cálculo, um filmezinho como Le petit poisson rouge, em que o gato salva o peixe para ser gentil com o canário, indicando um caminho aos senhores da guerra fria; e isso e aquilo e tudo mais de alta rentabilidade... não em espécie.

Estes os meus verdadeiros rendimentos, senhor; salários e dividendos não computados na declaração. Agora estou confortado porque confessei; invente depressa uma rubrica para incluir esses lucros e taxe-me sem piedade. Multe, se for o caso; pagarei feliz.

Atenciosas saudações. Carlos Drummond de Andrade, Cadeira de balanço.

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03. Responda ao que se pede.

a) Há alguma expressão no texto, além da palavra “cruzeiros” (L. 17), que permite identificar o contexto histórico em que ele foi escrito? Justifique e explique.

b) Explique o que o cronista pretendeu dizer com a expressão “não em espécie” (L. 21 e 22).

Resolução: a) Além de “cruzeiros”, uma expressão que pode ser indicativa

de contexto histórico é “guerra fria”, pois o conflito durou de 1945 até 1991, e o livro em que o texto foi publicado é de 1966, o que confirma a relação entre a expressão e o contexto histórico em que o texto foi escrito. Ademais, no texto há a ideia de que um filme poderia indicar “um caminho aos senhores da guerra fria”, de modo que um filme poderia dar uma sugestão sobre como os países envolvidos nesse conflito poderiam agir, o que reforça a ideia de que a guerra ainda não acabou.

b) O cronista pretendeu dizer com a expressão “não em espécie” que os rendimentos que ele havia mencionado anteriormente não se tratavam de rendimentos financeiros, mas rentáveis culturalmente. Confirmação disso são os tipos de rendimentos mencionados, como viagens, passeios, exposições e filmes. Ademais, no final do segundo parágrafo do excerto, o eu lírico explica que nunca declarou tais rendimentos, ou seja, eles não pertencem ao campo de rendimentos em dinheiro.

04. Atenda ao que se pede.

a) Reescreva o trecho “embora profusa e até florestal” (L. 5), substituindo a conjunção e os adjetivos por expressões equivalentes e introduzindo um verbo, sem alterar o sentido do texto.

b) As palavras “renda (s)” e “rendimentos”, usadas várias vezes no texto, apenas no final foram substituídas por “lucros” (L. 24). Que palavras poderiam substituir “rendosos” (L. 18) e “rentabilidade” (L. 21), tendo em vista o contexto?

Resolução:

a) — “... mesmo sendo abundante e grandiosa...” – O aluno poderia optar por qualquer outra conjunção de valor concessivo (conquanto, apesar de, mesmo que...) tomando os devidos cuidados com a conjugação verbal.

b) — No texto, após falar a respeito dos aspectos financeiros, o autor inicia um relato a respeito dos bens que, embora não possam ser mensurados quantitativamente, possuem grande valor sentimental. Sendo assim, tendo em vista o contexto, as palavras “rendosos” e “rentabilidade” poderiam ser substituídas, respectivamente, por “agradáveis, afáveis, amáveis, encantadores” e “satisfação, serventia, deleitação”.

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05. Leia o seguinte texto.

A existência de todo grupo social pressupõe a obtenção de um equilíbrio relativo entre as suas necessidades e os recursos do meio físico, requerendo, da parte do grupo, soluções mais ou menos adequadas e completas, das quais depende a eficácia eapróprianaturezadaquele equilíbrio.As soluções, por sua vez, dependemdaquantidade equalidadedasnecessidades a serem satisfeitas. São estas, portanto, o verdadeiro ponto de partida, todas as vezes que o sociólogo aborda o problema das relações do grupo com o meio físico.

Com efeito, as necessidades têm um duplo caráter natural e social, pois se a sua manifestação primária são impulsos orgânicos, a satisfação destes se dá por meio de iniciativas humanas que vão-se complicando cada vez mais, e dependem do grupoparaseconfigurar.Daíasprópriasnecessidadessecomplicaremeperderememparteocaráterestritamentenatural,para se tornarem produtos da sociedade. De tal modo a podermos dizer que as sociedades se caracterizam, antes de mais nada, pela natureza das necessidades de seus grupos, e os recursos de que dispõem para satisfazê-las.

O equilíbrio social depende em grande parte da correlação entre as necessidades e sua satisfação. E sob este ponto de vista,assituaçõesdecriseaparecemcomodificuldade,ouimpossibilidadedecorrelacioná-las.

Antonio Candido, Os parceiros do Rio Bonito.

a) Segundo o texto, as necessidades dos grupos sociais têm um “duplo caráter”. O que distingue um caráter do outro?

b) Atenda ao que se pede: a) O referente dos pronomes sublinhados em “satisfazê-las” e “correlacioná-las” é o mesmo? Explique. b) Reescreva a frase “todas as vezes que o sociólogo aborda o problema das relações do grupo com o meio físico”,

pondo o verbo na voz passiva.

Resolução: a) — Segundo o texto, as necessidades dos grupos sociais têm duplo caráter. Há o natural, cujas manifestações são impulsos orgânicos.

Além disso, existe também o social, visto que a satisfação de tais necessidades só ocorre por meio de iniciativas humanas num contexto coletivo.

b) a) O referente dos pronomes apresentados não é o mesmo, já que, no caso de “satisfazê-las”, refere-se ao termo “necessidades”, e em “correlacioná-las”, refere-se a “necessidades e sua satisfação”.

b) “... todas as vezes que o problema das relações do grupo com o meio físico é abordado pelo sociólogo...”

Comentário do CPV sobre as QUestões de LínGUa PortUGUesa Da FGV direiTo

A prova de Língua Portuguesa do Vestibular da EDESP 2013 teve uma novidade: em função do aumento de peso da disciplina no cômputo da média final, foram propostas 5 questões, quando nos vestibulares anteriores havia apenas 3 questões.

Apesar dessa diferença, a essência da prova se manteve: abordou assuntos geralmente ligados ao sentido do texto, como: Coesão; Refacção de Orações; Uso de Conjunções; Argumentação; Marcas de Oralidade no texto escrito; Denotação e Conotação; Sentido de Palavras em um contexto; Pronomes Anafóricos e Transposição da Voz Ativa para a Passiva.

Para averiguar o conhecimento dos alunos sobre os assuntos acima, a Banca Examinadora da EDESP usou um artigo de opinião, uma crônica e um artigo acadêmico, gêneros comuns ao vestibular da FGV Direito.

O grau de dificuldade da prova foi médio, exigindo do candidato, além da leitura atenta dos textos, os conhecimentos básicos de construção textual.

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inGLÊs

Guess what? It’s raining By Deborah Friedell

In the US, death row inmates are entitled to state-funded counsel only for their first appeal. Once they’ve lost that, they’re on their own. But being sentenced to death, as opposed to mere life imprisonment, has advantages. Lawyers opposed to the death penalty take action; the press takes notice. Foreign governments come, finally, to the defense of their citizens. A recent study found that those on death row were nine times more likely to be exonerated than those given prison terms for similar crimes, which confirmed what some convicts had already worked out for themselves. In 1986, Joe Amrine was convicted of murder in Missouri, and at the penalty phase of his trial decided to do everything he could to get the death penalty, but not because he wanted to die. He told National Public Radio:

“I only had one option. And the only option I had was to make sure I received the death sentence. And I came to the conclusion that night just between me and the guys that was in what they call the unit with me. We all talked about it. And they all came to the same thing I said, which was there was too many guys in prison who had life and fifty years without parole*, or life without parole, who might be innocent or whatever but they are stuck in prison because they don’t have a lawyer and they can’t get nobody’s attention.

“So I figured if I end up getting life in prison without the possibility of parole, I’m stuck. Any legal work that we did on my case, I’ve had to do it myself. Or any publicity I’m going to get, where am I going to get it from? I don’t have a death sentence. So what if a guy got life and fifty years? We hear about them every day.

“So when the penalty phase came and he put me on that witness stand, I had made my mind up that I’m going to think of every bad act I’ve ever done as far back as I can remember. Every bad act by my sisters and brothers, my father, my mother, my neighbours. Everything bad I could think to tell them. Everything bad I could think that I could tell them I did while I was in prison, I told it. Because I wanted to make sure I received the death sentence. Because I figured if I received the death sentence, I’ll have a lawyer. And I might be able to get some publicity. And I might be able to overturn this wrong conviction I have.”

Amrine was sentenced to death, and then as he’d predicted, a lawyer offered to represent him for free. A film was made about his life, and eventually he was exonerated and released.

Clive Stafford Smith, author of the book Injustice: Life and Death in the Courtrooms of America, writes, “nobody with the means to pay for an effective defense ever ends up on death row in the United States.” Later in this book, a rare moment of comedy is provided by Stafford Smith’s criticism of the innocent client, so much more annoying than the guilty one. The innocent man can’t tell his lawyer what happened — he wasn’t there. And his innocence is so obvious to himself that he doesn’t feel the need to spend a fortune on legal bills. But Americans know, or should know, that when you’re indicted for murder, it’s time to sell everything you have. “Have you been saving up for a rainy day?” Richard Gere as the defense attorney asks in the movie Primal Fear. “Guess what? It’s raining.”

* “The conditional release of a person convicted of a crime prior to the expiration of that person's term of imprisonment, subject to both the supervision of the correctional authorities during the remainder of the term and a resumption of the imprisonment upon violation of the conditions imposed.”

Adapted from the London Review of Books, July 5, 2012

Introduction

This passage, adapted from an article in The London Review of Books, discusses the situation of those accused of murder in the United States. Read the text and answer the questions below. You are advised to read the questions carefully and give answers that are of direct relevance.

Remember: Your answer to Question 1 must be written in Portuguese, but your answers to Questions 2 and 3 must be written in English. In answering the last two questions, you may use American English or British English, but you must be consistent throughout.

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Question 1 (to be answered in Portuguese)(This question tests your understanding of the text, as well as your ability to identify and paraphrase the relevant pieces of information. You should write approximately 120 words.)Many American states allow the execution of convicted murderers, and all states allow a sentence of life in prison for the crime of murder. Considering the information in the passage, compare the situation of an inmate on death row with that of an inmate sentenced to life in prison. For an innocent man or woman, what is the irony inherent in receiving a death sentence? Discuss the decision that Joe Amrine made when he was convicted of murder. Why did he make that decision, and what was the result? In your opinion, what factors indicate Joe Amrine’s probable economic level?

Resolução:Uma inovação nessa prova, a solicitação para que a resposta da Questão 1 fosse escrita em Português ocorreu no Vestibular de Inglês da EDESP pela primeira vez. Todas as provas anteriores pediam apenas redações em Inglês.O candidato deveria fundamentar-se bem no texto proposto, identificando e parafraseando-o, como sugeria a orientação da prova e o enunciado da questão. Seria interessante que a resposta fosse elaborada respeitando a ordem das subperguntas e que o texto fosse dividido em parágrafos.Sugestões do que poderia constar na resposta do vestibulando:Inicialmente, o texto sugeria que no sistema de penas dos Estados Unidos, estar condenado à pena de morte traria vantagens em relação à pena perpétua e à pena de 50 anos de prisão sem direito de liberdade condicional.A pena mais severa, a de morte, tem como vantagem a publicidade que gera. Atrai advogados que se opõem a tal pena e estão dispostos a atuar pro bono, a imprensa, que noticia com mais destaque a morte do que a pena perpétua, mais utilizada se comparada à anterior.Ademais, uma pesquisa recente destacada no texto mostrou maior êxito pela absolvição dos apenados com a morte, se comparados aos réus que ficariam presos para sempre. A ironia que há no texto é a possibilidade do condenado ter sua vida preservada e viver em liberdade se a condenação for máxima. Diferentemente do sentenciado a outras penas consideradas mais brandas, que não vê perspectiva de melhora da sua situação dentro dos sistemas jurídico e prisional norte-americanos.O réu, Joe Amrine, teve de recorrer a uma tática arriscada e não convencional, forçando sua condenação à sentença de morte, para que seu pedido e sua situação fossem apreciadas com mais atenção, pois, só assim, ele teria chance de ser absolvido e a possibilidade de representação de um profissional do Direito. Foi um apelo baseado nas estatísticas de julgados anteriores para tentar reverter sua condição de réu. Além do mais, seria a única forma de tornar pública a necessidade de um advogado de defesa, devido à sua condição financeira limitada, condição que se confirma pelo fato de que ele mesmo fez todo o trabalho burocrático de seu processo,em vez de ter contratado os serviços de um advogado.

Question 2 (to be answered in English)(This question tests your ability to express yourself in a manner that is clear, precise, and relevant. You should write approximately 100 words.)Considering all of the information in the passage, if you, as a Brazilian citizen, were arrested and wrongly accused of murder in the United States, what steps would you probably take to defend yourself? Moreover, if in the end you were convicted, how would you react? Could you – and would you – rely on the Brazilian government to help you? Knowing that you were innocent, would you use Joe Amrine’s tactic, even though such a tactic might be dangerous? In the end, what factors would be most likely to save you, that is, to get you out of prison? Give reasons and examples (from the passage and from your own knowledge and experience) to support your point of view.

Resolução:Sugestão de resposta:In order to defend myself, I would firstly contact my government, especially because in Brazil there is no death penalty in the Criminal Code. If I were convicted and my contact with the government were unfruitful, then I would try to be seen as a bad person. Bad enough to increase the chances of ending up in the death row.I could and would rely on the Brazilian government and juridical system. Moreover, Brazil has a strong diplomatic institution and role in the UN that could exert pressure on the US system, being able to intercede and work on my behalf.Knowing that I would be stuck in prison, I might consider using Joe Amrine’s tactic, despite the fact of its dangers. I would ask for counseling from the Brazilian lawyer to know whether he had run out of possibilities and could no longer help me, then decide if I should follow Joe’s steps.Finally, to prove my innocence I would work to produce evidence of my innocence and show my appeal in court.

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Question 3 (to be answered in English)

(This question tests your ability to construct a balanced, considered, and fluent argument in the form of a short composition. The quotation below highlights an aspect of the U.S. justice system. Read the quotation and answer the question. You should write approximately 120 words.)

At the end of her article, Deborah Friedell adds the following observation: “There are more than two million incarcerated Americans. If the system gets it right even 95 per cent of the time, more than 100,000 of them are innocent.”

So, in answering this question, take Deborah Friedell’s words into account and consider the following statement: Few people have ever condemned the execution of Nazi war criminals as a barbaric or immoral act.

With all of this in mind, discuss your opinion of the death penalty. Are you in favor of it or against it? You may consider such questions as whether or not the state has the right to kill and whether or not the death penalty is an example of justice or revenge. Moreover, keep in mind the suffering of a murder victim’s friends and family. In the end, does the death penalty improve society or hurt society? You may argue from any point of view (e.g., religious, ethical, or legal), but please strive to be as clear-sighted and logical as possible.

Resolução:

A partir de um trecho complementar de texto ao tema principal da prova, esta questão pedia para o candidato se posicionar sobre a pena de morte, levando em conta o fato de que poucos condenaram a execução de crimes de guerra durante o Nazismo como atos imorais e bárbaros.

A resposta poderia ser motivada por diversos pontos de vista: religioso, ético ou legal. O candidato poderia também discutir se há motivação e argumentação que justifique a pena de morte, mesmo com base em sua crença pessoal sobre o tema. Além disso, poderia discutir em sua abordagem a questão: a sociedade melhora ou piora com a pena de morte?.

Comentário Do CPV sobre as QUestões De inGLÊs Da FGV Direito

Como esperado, a FGV manteve seu padrão de prova ao usar um texto-base para sugerir o tema da prova toda.

No entanto, neste ano a Banca Examinadora inovou, ao pedir a resposta de uma das questões, a primeira, em Português. As demais questões, a dois e a três, deveriam ser redigidas em Inglês, com aproximadamente 100 e 120 palavras, respectivamente.

O tema central da prova foi o sistema de penas no sistema criminal norte-americano. Discutia a diferença entre as penas de morte e perpétua, sob a ótica do réu conseguir ou não ser absolvido ao final do processo judicial em um sistema que favorece o apenado de morte, em vez de favorecer o condenado à prisão perpétua ou de 50 anos, sem a previsão de liberdade condicional.

Essa prova foi bem elaborada, exigindo dos vestibulandos preparo específico e conhecimento técnico de vocabulário jurídico, embora não muito complexo, para que pudessem fazer boas redações nas questões dois e três.

Os alunos do CPV, por terem treinado em diversas aulas o mesmo modelo de resposta e até mesmo a temática da prova, conseguiram resolvê-la, embora tenham reclamado que foi curto o tempo dado para responder às questões do primeiro dia.

Sugestões para os próximos vestibulares: aumentar o espaço destinado às respostas, adotar 150 palavras e 5 horas de duração.

Justificativa: como as questões tinham muitas subperguntas, os alunos bem preparados precisariam de mais linhas para mostrar seus conhecimentos sobre o tema e sobre a Língua. Nesta toada, seria necessário que o processo seletivo tivesse 5 horas, em vez das 4 horas oferecidas, para a resolução total das três provas do dia.

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15/11/2012 (2o Dia)

raCioCínio LóGiCo-matemátiCo

01. Entre 2006 e 2010, foram cometidos em média 30 crimes por ano em Kripton (entre roubos, estelionatos e assassinatos). Em 2007, foram cometidos 40 crimes no total. Entre 2006 e 2010, o número de crimes evoluiu em uma progressão aritmética.

a) Qual é a razão da progressão aritmética em que evoluiu o número de crimes, entre 2006 e 2010?

b) Em 2010, houve duas vezes mais roubos que assassinatos e igual número de roubos e estelionatos.

Quantos estelionatos ocorreram em 2010? c) Em 2011, foram cometidos 30 crimes. Qual é o número

médio de crimes cometidos entre 2007 e 2011?

Resolução:

a) A quantidade de crimes de 2006 a 2010 é uma PA de 5 termos dada por (x – 2R; x – R; x; x + R; x + 2R), em que o primeiro termo corresponde ao número de crimes em 2006.

Como a média de crimes nesse período é 30, resulta que x R x R x x R x R− + − + + + + +2 2

5 = 30 Þ x = 30.

Como a quantidade de crimes cometidos em 2007 é 40, temos que x – R = 40 Þ 30 – R = 40 Þ R = –10.

A razão da progressão aritmética em que evoluiu o número de crimes, entre 2006 e 2010, é –10.

b) Seja y a quantidade de estelionatos ocorridos em 2010. Portanto, a quantidade de roubos é y e a quantidade de

assassinatos é y2

.

Logo: y + y + y2

= x + 2R Þ 52y = 10 Þ y = 4

Em 2010, ocorreram 4 estelionatos.

c) O número médio de crimes cometidos de 2007 a 2011 é dado por

x R x x R x R− + + + + + +2 30

5 =

= 4 30 2 10 30

5. .+ −( )+

= 26 O número médio de crimes cometidos de 2007 a 2011 foi

26.

02. Em 1o de junho de 2009, João usou R$ 150.000,00 para comprar cotas de um fundo de investimento, pagando R$ 1,50 por cota. Três anos depois, João vendeu a totalidade de suas cotas, à taxa de R$ 2,10 cada uma. Um apartamento que valia R$ 150.000,00 em 1o de junho de 2009 valorizou-se 90% nesse mesmo período de três anos. (Nota: a informação de que a valorização do apartamento foi de 90% nesse período de três anos deve ser usada para responder a todos os itens a seguir).

a) Se, ao invés de adquirir as cotas do fundo de investimento, João tivesse investido seu dinheiro no apartamento, quanto a mais teria ganhado, em R$, no período?

b) Para que, nesse período de três anos, o ganho de João tivesse sido R$ 20.000,00 maior com o fundo de investimento, na comparação com o apartamento, por quanto cada cota deveria ter sido vendida em 1o de junho de 2012?

c) Supondo que o regime de capitalização do fundo de investimento seja o de juros simples, quanto deveria ter sido a taxa de juros simples, ao ano, para que a rentabilidade do fundo de investimento se igualasse à do apartamento, ao final do período de três anos? Apresente uma função que relacione o valor total das cotas de João (Y) com o tempo t, em anos.

Resolução:

a) Número de cotas = 150 0001 5., = 100.000 cotas

Receita com as cotas = 100.000 . 2,10 =210.000,00

Valor do apartamento = 150.000,00

Valor do apartamento com a valorização = 150.000,00 . 1,9 = 285.000,00

Se, em vez de adquirir as cotas do Fundo de Investimento, João tivesse investido seu dinheiro no apartamento, teria ganhado 285.000,00 – 210.000,00 = R$ 75.000,00 a mais, no período.

b) O valor valorizado do apartamento acrescido de R$ 20.000,00 é R$ 305.000,00. Portanto, cada cota deveria ter sido vendida por R$ 3,05

em junho de 2012.

c) Temos que M = C (1 + i . t) juros simples

Então: 2,85 = 1,50 (1 + i . 3)

Logo: i = 0,3 isto é i = 30% a.a.

A taxa de juros simples para que a rentabilidade do fundo de investimento se igualasse à do apartamento, ao final do período de 3 anos deveria ter sido de 30% ao ano.

A função que relaciona o valor total das cotas de João (Y) com o tempo t, em anos é: y = 150.000 (1 + 0,3 t).

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03. Felipe e Carolina são donos de uma horta em uma cidade do interior. Vendem diversos legumes e vegetais que crescem em uma plantação de formato retangular, com 2.400 m2 de área e 280 m de perímetro. O principal produto que vendem é a beterraba, comercializada a R$ 3,00 o quilo. Felipe, cuidadoso com as finanças, sabe que, para evitar vender fiado, é necessário sempre ter dinheiro trocado e suficiente em caixa para conferir troco exato aos clientes.

a) Quais são as dimensões da plantação retangular (informe as medidas dos lados em metros)?

b) Se a produtividade média de beterrabas é de 10 quilos por metro quadrado e por ciclo de plantação, e a beterraba é produzida em um terço da área de plantação dessa horta, qual será o lucro de Felipe e Carolina, em um ciclo de plantação, sabendo que toda a produção é vendida e que o custo de produção desse legume é igual a 40% de seu preço de venda?

c) Considere a situação em que é necessário devolver troco exato a um cliente que compra qualquer quantidade entre 1,0 quilo e 3,5 quilos de beterraba com uma cédula de R$ 20,00. Se Felipe sempre devolve o troco utilizando primeiramente cédulas e, em seguida, o mínimo número possível de moedas, quantas moedas, no máximo, precisará usar?

Suponha que podem ser usadas, somente e em qualquer quantidade, moedas de R$ 0,01; R$ 0,05; R$ 0,10; R$ 0,25; R$ 0,50 e R$ 1,00; e podem ser usadas, somente e em qualquer quantidade, cédulas de R$ 2,00, R$ 5,00 e R$ 10,00.

Resolução:

a) Sendo x e y as dimensões, em metros, do retângulo, temos:

x + y = 140 x = 120 Þ xy = 2400 y = 20

As dimensões da plantação retangular são 120 m e 20 m.

b) A plantação de beterrabas é feita em 24003 m2 = 800 m2.

São produzidos 800 . 10 = 8000 kg de beterrabas em um ciclo de produção.

O lucro de Felipe e Carolina, em um ciclo de plantação, é dado por 8000 . (3 – 0,4 . 3) = R$ 14.400,00.

c) O troco é um valor de R$ 9,50 a R$ 17,00.

É possível dar a parte inteira do troco com cédulas, por exemplo:

R$ 17,00 = 3 . R$ 5,00 + 1 . R$ 2,00 ou R$ 16,00 = 1 . R$ 10,00 + 3 . R$ 2,00.

Utilizando-se o número mínimo de moedas possível, o máximo de moedas ocorre quando os centavos do troco forem 0,94 reais ou 0,99 reais, ou seja:

0,94 = 1 . 0,50 + 1 . 0,25 + 1 . 0,10 + 1 . 0,05 + 4 . 0,01 e 0,99 = 1 . 0,50 + 1 . 0,25 + 2 . 0,10 + 4 . 0,01.

Em ambos os casos, a quantidade de moedas que precisará usar é 8.

Comentário Do CPV Das QUestões De raCioCínio LóGiCo-matemátiCo

A edição da prova em novembro de 2012 repetiu a proposta de contextualização que, nos últimos anos, tem se consolidado. Tem sido muito sensível a preocupação da Banca em estruturar questões que exigem manipulação matemática, mas partem de situações características do Direito.Em nossa avaliação, acreditamos que as questões que incorporam essa filosofia são geralmente muito bem executadas por essa Banca e cremos, também, que a qualidade das provas tem evoluído bastante desde a primeira edição da prova.Porém, uma ressalva mereceu atenção nessa edição do exame: notamos que, no enunciado da questão 1, a falta de cuidado conceitual no uso da terminologia matemática poderia comprometer a interpretação correta e o procedimento esperado pela Banca.De qualquer modo, acreditamos que esse detalhe não foi um empecilho à qualidade geral da prova, que mantém seu brilho.

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História

01. O fotógrafo chileno Marcelo Montecino produziu a foto abaixo em 13 de setembro de 1973. A imagem registra uma movimentação diante da sede da Presidência da República do Chile, em Santiago, a capital do país.

a) A partir da escolha de um elemento apresentado pela foto, explique que situação foi retratada.

b) A fotografia representa o final de um período da história do Chile, iniciado em 1970 e encerrado em setembro de 1973. Aponte duas características desse período da história chilena.

c) Aponte duas características do período da história chilena que teve início após os eventos representados na fotografia e que viria a se encerrar em 1990.

Resolução:

a) A análise da fotografia nos permite elencar uma série de elementos que caracterizam o momento selecionado, como,por exemplo, ao fundo se vê o Palácio de La Moneda, sede da Presidência, em ruínas devido ao bombardeio de 11 de Setembro de 1973; além disso, pode-se observar a perplexidade do cidadão chileno face à violência da destituição de um governo legal, democraticamente eleito. A imagem, portanto, retrata o momento imediatamente posterior à implantação da Ditadura do General Pinochet.

b) Esse período caracteriza-se pelo governo da Unidade Popular, liderado por Salvador Allende, voltado para a execução de um programa de reformas econômicas (nacionalização de bancos e empresas estrangeiras), mudança do regime de propriedade rural e busca de um caminho pacífico para o Socialismo democrático. Além disso, o cenário político foi marcado por tensões políticas e pressão internacional da CIA, que, inclusive, incentivara a Greve dos Caminhoneiros, no ano de 1973.

c) O Governo Pinochet (1973-1990) foi marcado: pela obstrução de todo e qualquer canal de participação política democrática, pelo retrocesso das conquistas do governo da Unidade Popular e pela prática de prisões arbitrárias, fuzilamentos sumários, torturas e exílio de lideranças operárias sindicalistas, socialistas, acadêmicas, estudantis e artísticas.

02. Entre 1831 e 1845, estouraram revoltas em diversas províncias brasileiras. A Revolta dos Malês (1835) teve por base a cidade de Salvador, na Bahia. A Balaiada (1838-1841) alastrou-se pelo Maranhão e Piauí. A Farroupilha (1835-1845) desenrolou-se no Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

a) Aponte uma característica de cada revolta indicada no enunciado. b) Do ponto de vista das propostas sociais, qual a grande diferença entre os projetos da Balaiada, em sua fase final, e os da

Farroupilha? c) Em que contexto da política brasileira ocorreram tais revoltas?

Resolução:

a) A Revolta dos Malês, ocorrida no início do Período Regencial, foi um movimento protagonizado por escravos muçulmanos contra a escravidão e por liberdade de culto religioso.

A Balaiada, levante de enraizamento popular, tematizou o descaso das autoridades maranhenses (os bem te vis, liberais, e os cabanos, conservadores) com relação à miséria e ao abandono de trabalhadores livres, negros e mulatos nas cidades e áreas rurais.

A Revolução Farroupilha, por sua vez, materializou as aspirações separatistas e republicanas das elites estancieiras gaúchas.

b) A Balaiada girou em torno de demandas populares, contudo, sem clareza ideológica e sem definição de objetivos sociais (conforme defendido e explicado pelo historiador Caio Prado Júnior, na obra Evolução Política do Brasil).

A Farroupilha trazia na suas fileiras alguns defensores da abolição do trabalho escravo, como Manuel Lucas de Oliveira e Joaquim Pedro Soares.

c) Os levantes citados ocorreram no interregno do período regencial, entre 1831 (ano da Abdicação de Dom Pedro I) e 1840 (ano do Golpe da Maioridade). Nessa fase, a legitimidade do poder central, representado por regentes legalmente constituídos, passou a ser contestada, tanto pelos governadores provinciais, leais a Pedro I, quanto pelas oligarquias federalistas das áreas distantes da Capital (RJ).

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03. Luteranismo, anglicanismo e calvinismo são expressões religiosas ligadas à chamada Reforma Protestante, iniciada na Europa a partir do século XVI.

a) Aponte uma característica de cada uma dessas expressões religiosas. b) Por que luteranismo e calvinismo espalharam-se por diversas regiões da Europa e o anglicanismo concentrou-se sobretudo

na Inglaterra? c) Quais relações podem ser estabelecidas entre o calvinismo e o desenvolvimento do capitalismo. Resolução: a) O Luteranismo surgiu no contexto das disputas internas do Sacro Império Romano Germânico. Caracterizou-se por ser uma ferramenta

da tensão entre as correntes centralizadora (expressa pela monarquia Habsburgo) e os autonomismos dos principados eleitores. O Calvinismo surgiu no contexto das transformações econômicas do fim do século XVI. Sua característica principal é a ligação de tal

doutrina ao desenvolvimento do Capitalismo. O Anglicanismo é fruto da insubordinação à autoridade papal expressa no contexto da consolidação política da Dinastia Tudor. Sua

característica principal é ser um amálgama entre a forma católica (templos, sacramentos) e a doutrina protestante calvinista.

b) A diferença fundamental entre o espalhamento das doutrinas protestantes luteranas e calvinistas, em oposição à concentração do protestantismo Anglicano na Inglaterra se deveu ao fato de que o Anglicanismo é fruto do amálgama entre a forma católica e a doutrina protestantante Calvinista, ou seja, não existe uma Teologia propriamente Anglicana, ao passo que as doutrinas Luterana e Calvinista, cada qual com suas particularidades, promoveram a ruptura com os dogmas católicos de tradição medieval.

c) Diante das transformações econômicas que aconteceram na Europa durante a passagem da Idade Média para a Idade Moderna, podemos relacionar o Calvinismo ao desenvolvimento do Capitalismo a partir das ideias de valorização do trabalho, que são difundidas pela concepção de predestinação em sua doutrina. Deste modo, as práticas do lucro e da usura, que eram condenadas pela Igreja Católica, passaram a ser assimiladas pelos adeptos do Calvinismo e contribuíram para a expansão do sistema Capitalista.

GeoGraFia

01. Em encosta, a água de chuva ao atingir a superfície do terreno pode infiltrar no solo, ou escoar superficialmente até atingir o vale. Observe as figuras abaixo:

Geoportal. O ciclo da água. Disponível em:http://geoportal.no.sapo.pt/meio_natural.htm#Como_é_feita_a_utilização_do_solo_de_uma_bacia_hidrográfica_pelo_ser_humano.

a) Descreva a trajetória da água na situação representada nas figuras da esquerda e do meio. b) Descreva a trajetória da água na situação representada na figura da direita, destacando suas possíveis consequências. c) O que pode ser feito para minimizar os possíveis impactos das alterações do ciclo hidrológico em áreas urbanas?

Resolução:

a) Figura da esquerda: área com cobertura vegetal; proteção da superfície em relação ao impacto da água da chuva; diminuição do escoamento superficial e aumento da infiltração no solo e no substrato rochoso permeável.

Figura do meio: superfície desprovida totalmente de cobertura vegetal; exposição total da superfície à ação da água da chuva; o escoamento superficial predomina em relação à infiltração (situação gera maior poder erosivo).

b) Trajetória da água na figura da direita: área totalmente ocupada (construções verticalizadas) e, portanto, desprovida de cobertura vegetal; apresenta superfície impermeabilizada, sem a possibilidade de infiltração. Desta forma, o escoamento superficial é muito intenso, podendo acarretar em deslizamento (nas àreas de encosta mais íngreme) e enchentes (nas áreas mais planas juntos do leito dos rios).

c) Ações que podem ser feitas para minizar os impactos: ● preservação da vegetação das encostas e das matas galerias (que acompanham os rios). ● dragagem do leito dos rios, para garantir que o fluxo não seja diminuído, provocando enchentes. ● canais de drenagem direcionando a água para reservatórios (“piscinões”). ● limpeza de bueiros para impedir que o lixo seja carregado para o leito dos rios.

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02. Observe atentamente o gráfico abaixo:

IBGE: Censo Demográfico 2010Características da população e dos domicílios. Resultados do universo.

Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/caracteristicas_da_populacao/resultados_do_universo.pdf

Com base nele e em seus conhecimentos, responda:

a) Desde a década de 1970, a população rural brasileira está diminuindo em termos relativos. Procure explicar esse fenômeno.

b) O ritmo de crescimento da população urbana vem diminuindo significativamente desde a década de 1960. Procure explicar esse fenômeno.

c) O processo de urbanização da sociedade brasileira ainda estava em curso entre 2000 e 2010? Justifique sua resposta.

Resolução:

a) Mesmo tendo se iniciado antes, o processo de êxodo rural, a partir dos anos 1970 se intensificou devido a industrialização. A crescente instalação de indústrias na Região Sudeste acaba servindo de atração para milhares de pessoas se deslocarem para os grandes centros brasileiros. Nesse processo pode-se destacar a chegada de nordestinos para a grande São Paulo vindo em busca de empregos e melhores condições de vida.

b) A partir da década de 1960 o crescimento da população urbana diminui, mesmo ainda sendo acima da média do Brasil. Esse decréscimo tem a ver com o esgotamento do processo de industrialização, a condição precária de alguns migrantes nos grandes centros e o processo de mecanização ocorrido nas indústrias gerando cada vez menos empregos.

c) O crescimento da população urbana continua até os dias de hoje, mesmo que em um ritmo menor do que em décadas passadas. As principais áreas de geração de emprego, hoje estão associadas ao comércio e aos serviços, fortemente concentradas em centros urbanos, atraindo ainda hoje pessoas do campo. Cabe ressaltar que o crescimento urbano hoje se dá principalmente em cidades médias do que nas antigas metrópoles industriais.

03. O G7 não dispõe mais de condições para continuar a ser o diretório da economia mundial. Muitas de suas atribuições foram transferidas para o G20. Os emergentes adquiriram um peso maior nas decisões das instituições financeirasdeBrettonWoods,naOMC,nodebatesobreoclima, e, em breve, na ONU. Qual é a meta dessa corrida? Para alguns, substituir os poderosos de hoje; para outros, de modo mais realista, abrir as portas para um condomínio mundial mais representativo. Os BRICs têm boas credenciais para subir ao pódio dos vencedores na maratona do século.

VELLOSO, J. P. dos R. (coord.) China, Índia e Brasil:o país na competição do século. RJ: José Olympio: INAE, 2011. p.44.

Compare os países que compõem BRICs, considerando:

a) a matriz energética. b) o peso demográfico. c) a participação no mercado mundial de produtos

agrícolas.

Resolução:

a) Os 4 países integrantes do BRICs possuem sua matriz energética baseada nos combustíveis fósseis (petróleo, carvão mineral e gás natural). Cabe destacar que o Brasil se diferencia dos demais pela grande participação de recursos renováveis e mais limpos (biomassa e hidráulica).

b) Neste item podemos dividir os países em 2 grupos:

I. China e Índia: as duas maiores populações mundiais (mais de 1 bilhão de habitantes cada um), correspondendo, juntos, a cerca de 40% da população do planeta.

II. Brasil e Rússia: ambos com menos de 200 milhões de habitantes e apresentam menor pressão demográfica sobre suas respectivas economias.

c) O Brasil e a Índia são grandes produtores e exportadores mundiais agrícolas. Ambos integram o G20 comercial (formado no contexto da Rodada de Doha) e, junto com a África do Sul, lutam pela redução dos subsídios agrícolas praticados pelos EUA e União Europeia.

China: apesar de constar entre os grandes produtores mundiais, devido à ampliação de seu mercado consumidor interno, tornou-se país importador.

Rússia: encontra-se entre os grandes produtores mundiais de grãos (principalmente de trigo), mas não é um tradicional exportador.

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artes e QUestões ContemPorâneas

01. Leia o que segue:Fragmento I

(...) A partir daí os trabalhadores começam a formar uniões (sindicatos) contra os burgueses; atuam em conjunto na defesa dos salários; fundam associações permanentes que os preparam para esses choques eventuais. Aqui e ali a luta se transforma em motim.

Marx & Engels. O Manifesto do Partido Comunista. 2ª ed., Rio de Janeiro: Zahar, 1978, p.101

Fragmento II

Tenha a coragem de te servir de teu próprio entendimento, tal é, portanto, a divisa do Iluminismo. (...) Preceitos e fórmulas, instrumentos mecânicos do uso racional, ou antes, do mau uso dos seus dons naturais são os grilhões de uma menoridade perpétua.

Kant, I. Resposta à pergunta. O que é o Esclarecimento.In. http://www.ensnarfilosofia.com.br/_pdfs/e_livors/47,pdf.

a) Relacione cinema e crítica social, tendo como referência o Fragmento I e o documentário Cabra Marcado para morrer, contextualizando socialmente e historicamente.

b) Pensando Gregor Samsa — personagem de A Metamorfose, de Kafka — como um homem comum do mundo moderno, indique pelo menos dois grilhões que o impedem de sair da menoridade, referindo-se ao fragmento II, de Kant.

Resolução:

a) No fragmento de Marx e Engels, afirma-se que as uniões dos trabalhadores contra os burgueses, em luta por salários, e a fundação de associações permanentes preparam os episódios da luta de classes. Cabra Marcado para Morrer, de Eduardo Coutinho, pode ser entendido, em sua primeira fase de produção, como um retrato dessa luta: em 1964, nos dias que precederam o Golpe Militar, a intenção do diretor era registrar os conflitos entre proprietários e camponeses, a partir da história do assassinato do líder popular João Pedro Teixeira, ligado à tradição de luta da Sociedade Agrícola e Pecuária dos Plantadores de Pernambuco, fundada em 1955, no Engenho Galileia, com o apoio do advogado e deputado Francisco Julião. Os atores seriam os próprios camponeses, de modo que o filme, na exata medida em que registraria o conflito, também acabaria por fazer a história ser protagonizada pelos próprios trabalhadores explorados.

A produção do filme foi interrompida logo após o Golpe de 64 – e jamais foi concluído o projeto inicial. Mas, no início da década de 1980, com o processo de redemocratização do Brasil em andamento, após a anistia, o diretor retornou à região do Engenho Galileia e pôde encontrar, quase vinte anos depois, muitos dos envolvidos nas filmagens. Cabra Marcado para Morrer será concluído em 1984, na forma de documentário, relatando a história do Engenho Galileia e da Sociedade Agrícola e Pecuária dos Plantadores de Pernambuco; de João Pedro Teixeira; da esposa do líder, Elisabete, e de seus filhos, separados uns dos outros devido às perseguições políticas e aos preconceitos que a mãe sofria; e finalmente da própria produção da obra, o que confere ao filme caráter metalinguístico e potencial crítico. Na cena final, a despedida da equipe de produção e de Elisabete é permeada pela frase “A luta continua”, em desfecho claramente propositivo: depois de um dos mais violentos períodos de repressão da História do Brasil, era preciso retomar a luta pelos direitos dos trabalhadores do campo e reorganizá-los, para dar continuidade à luta proposta por Marx e Engels.

b) De forma geral, Gregor Samsa não pode abandonar a minoridade, nos termos propostos por Kant, porque para fazê-lo, segundo o filósofo, é preciso coragem resoluta. A personagem principal de A metamorfose, contudo, está imersa no universo alienado do trabalho, em que o sujeito é despido de qualquer horizonte de emancipação. Samsa, por exemplo, gasta todo o tempo livre dedicado ao incremento de sua produtividade no trabalho. Além disso, o protagonista está preso aos modelos de consumo e de luxo que pretende oferecer à própria família, tendo instalado a mãe, o pai e a irmã em apartamento de dimensões maiores do que as necessárias, impedindo-os de trabalhar, permitindo que tivessem, com ele, uma relação parasitária. Finalmente: a transformação de Samsa em um gigantesco inseto pode, de modo geral, ser entendida como a figuração de seu aprisionamento ao universo do trabalho e do consumo, que acaba por aprisioná-lo na menoridade e por restringir-lhe a condição de humano, rebaixando-o a condição de rês, isto é, de coisa ou de animal-operário.

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02.

QUINO; [traduzido por Eduardo Brandão]. Humanos Nascemos. São Paulo: WMF: Martins Fontes, 2010, p. 36.

Não deveríamos conceber a sociedade como dividida apenas em dois setores, o Estado e o mercado – ou o público e o privado. No meio há a área da sociedade civil, que inclui a família e outras instituições não econômicas. A sociedade civil é a arena em que atitudes democráticas [baseadas na igualdade de direitos e deveres] têm de ser desenvolvidas.

GIDDENS, A. Mundo em descontrole. O que a globalização está fazendo de nós. Rio de Janeiro: Record, 2011, p. 86-7 (modificado)

A proposição de Giddens confirma ou desmente os elementos centrais do texto visual? Explique.

Resolução:

Segundo a proposição de Giddens, as atitudes democráticas têm de ser desenvolvidas na arena da sociedade civil, isto é, entre instituições não econômicas como a família. Essas instituições figuram exatamente entre o universo público e o privado.

O que se observa no texto visual de Quino é exatamente a corrupção do universo público devido a sua contaminação por interesses privados, na personagem do homem público que prejudica os interesses da população em troca de benefícios pessoais. A força da tira vem exatamente da observação de que esse mesmo homem, no âmbito privado da família, corrige a postura do filho à mesa, exigindo-lhe comportamento adequado à etiqueta.

Primeiramente, a contradição da personagem da tira — moralista e rígido em casa, mas corrupto e permissivo na atuação pública — alcança extensão crítica que falta ao fragmento de Giddens, que apenas se restringe a afirmar que é na sociedade civil que as atitudes democráticas devem ser desenvolvidas. Na obra visual do argentino, também se nota que os planos público e privado, do Estado e do mercado, além de terem a sociedade civil de permeio, tocam-se por meio das instituições que a compõem e que os sujeitos, transitando pelos dois planos, podem atuar em cada uma das pontas de forma contraditória, exatamente para advogar apenas pelos próprios interesses. Em palavras mais simples: para o protagonista da tira, as regras devem valer em casa, de modo que ele seja respeitado como patriarca; nas negociações entre o público (o Estado) e o privado (a livre empresa, representada pelo engenheiro), entretanto, as regras são flexíveis exatamente para privilegiar o patriarca e sua família. Essa complexidade de relações entre o âmbito público e o privado — inspirada na obra Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda — parece faltar à análise de Giddens, de modo geral.

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03. Em Domingo no Parque Gilberto Gil usa a capoeira — jogo, dança e luta —, e uma sequência de imagens como recursos para cantar uma história.

Leia alguns de seus versos:

Juliana girando / Oi girando! / Oi na roda gigante / Oi girando / (...) O amigo João / João! O sorvete é morango / É vermelho! / Oi girando e a rosa / É vermelha! / Oi girando, girando / É vermelha! / Oi girando, girando / Olha a faca! / Olha a faca! / Olha o sangue na mão / É, José! / Juliana no chão / É, José! / Outro corpo caído / É, José! / Seu amigo João / É, José!

a) Formule o enredo desta história.

b) Esta canção dialoga com que tipos de artes? Dê pelo menos dois exemplos e justifique-os.

Resolução:

a) Em Domingo no Parque, de Gilberto Gil, observa-se o recontro de José e de João, ambos apaixonados pela mesma jovem, Juliana. João, trabalhador da construção e capoeirista, deixa de jogar capoeira pra “ir pra Ribeira” e namorar com Juliana. José, feirante, também vai ao mesmo local — e, encantado por Juliana, que se diverte com seu amigo João, ataca-os com uma faca, o que resulta na morte do casal de namorados.

b) Primeiramente, Domingo no Parque dialoga com o cinema – 01. na sequência de imagens superpostas, à moda de cortes; 02. na estrutura narrativa tradicional hollywoodiana, do gênero do faroeste, por exemplo, em que duas histórias paralelas, a de José e de João, se encontram, alcançando clímax final em duelo seguido de morte; e 03. nos efeitos e recursos sonoros, para além do plano da canção. Além disso, também se pode afirmar que a canção dialoga com a pintura, pela riqueza de recursos de cor e de sugestão de movimento.

Comentários Do CPVHistóriaA Prova de História da FGV Direito 2013 abordou os seguintes assuntos:América Latina - ChileHistória do Brasil - Período RegencialHistória Geral - Idade ModernaA prova manteve as características que tem apresentado nos últimos anos. A Banca Examinadora explorou temas tracicionais, com destque para a questão do golpe militar chileno de 1973.Embora com apenas três questões, foram selecionados temas significativos, que com certeza ajudarão a selecionar os candidatos melhor preparados.

GeoGraFiaA prova da FGV-Direito 2013 apresentou, como de costume, 3 questões, envolvendo os seguintes assuntos: Geografia do Brasil - Meio Ambiente Geografia do Brasil - Crescimento PopulacionalGeografia Geral - Características dos BRICs.Com nível médio de dificuldade e temas bem selecionados, apresentou uma evolução em relação à prova do ano passado, na qual perguntas muito específicas criaram uma dificuldade desnecessária.

artes e QUestões ContemPorâneas

Não é este o primeiro ano em que a avaliação de Artes — agora enriquecida pelos temas chamados de Questões Contemporâneas — da Escola de Direito da FGV merece elogios. A própria estrutura geral do vestibular, sem questões de múltipla escolha, privilegiando o domínio da escrita clara e objetiva, já favorece, em si mesma, os candidatos mais bem preparados. Para além disso, há que se reconhecer a riqueza da bibliografia teórica: a leitura de textos de Kant, Marx e Engels, e Giddens, já confere à prova o gume crítico que a permeia como um todo. Não se espera um candidato cuja formação privilegie apenas uma abordagem das questões contemporâneas: prefere-se o raciocínio crítico largamente fundamentado, no interior mesmo das contradições, às fórmulas fáceis dos macetes esquemáticos. Mais do que isso: a multiplicidade de linguagens artísticas — a da literatura, a do cinema e a das artes visuais — requer do candidato não apenas a articulação dos conteúdos teóricos, mas também a percepção dos dilemas contemporâneos sob a lente da arte.O CPV Vestibulares e a equipe de Artes e Questões Contemporâneas só podem comemorar a estrutura da prova. Primeiramente, pela possibilidade de promover, no âmbito do curso preparatório para vestibular (muitas vezes injustamente atacado pela superficialidade na abordagem dos conteúdos), um trabalho quase inédito de promoção de debates de alto nível, em sala de aula e em outras atividades pedagógicas, a respeito da bibliografia. Com efeito, aos alunos do CPV foi oferecida, para a fundamentação teórica das discussões, por exemplo, a leitura de teóricos do quilate de Walter Benjamin e Theodor Adorno; o debate a respeito da arte erudita, da indústria cultural e da cultura popular — sem a apresentação de modelos esquemáticos que restringissem o horizonte intelectual de nossos alunos (ao contrário: tivemos de combater, ao longo do ano, o hábito de receber "respostas prontas" do professor, e fomentamos a prática da interlocução e da formação dos espíritos críticos). Preferimos sempre a leitura das obras literárias integrais — pressuposto de nossas aulas —, em detrimento dos resumos, e compusemos material didático cuja pretensão era a orientação de leitura. Finalmente, sem falsa modéstia: nossos simulados corresponderam à expectativa da Banca Examinadora, promovendo a leitura das obras de arte à luz dos textos teóricos, exatamente como ocorreu hoje.Acreditamos sinceramente, para além das questões de mercado, que o modelo de avaliação da FGV Direito privilegia o candidatos mais bem preparados no que diz respeito ao espírito crítico — exatamente o que tentamos promover, ao longo do ano, nas aulas e simulados de Artes e Questões Contemporâneas do CPV.