Créditos: Heleida Nobrega Metello RECEBI ESTA HISTÓRIA DE...
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RECEBI ESTA HISTÓRIA DE FRANCISCO E MARLI Créditos: Heleida Nobrega Metello
As ações que desenvolvemos
com o intuito de estabelecermos
um contato favorável
junto ao sujeito de nossa atenção
tem uma significância ímpar.
Contudo, para chegarmos
à um denominador comum
vai depender exclusivamente
da nossa postura e comprometimento
no cotidiano profissional.
Por onde começar?
Como trabalhar
com o ‘ outro’ ?
Com que olhar
vemos os profissionais que compõem a
equipe de saúde da nossa unidade?
Com que olhar e escuta cuidamos dos
usuários que buscam a unidade de saúde
por motivos diversos?
Com que olhar nos vemos?
Como percebemos nossas atitudes para
com a equipe, usuários e familiares?
E então?
Se apresentamos uma atitude de respeito
para com os demais profissionais da equipe,
se recebemos o usuário e família
de maneira com que se sintam acolhidos,
estamos plantando sementes para um
ambiente harmonioso de trabalho.
Tal ambiente favorece a todos,
inclusive à adesão do usuário
ao tratamento.
Culmina na credibilidade
das ações executadas
e no próprio serviço de saúde.
Isso confirma que
a presença do ser humano
não deixa de ser uma proposta
que suscita sempre uma resposta.
Mas, será que a nossa ação
é capaz de ‘tatear’ o ‘outro’
de tal forma a obtermos
uma apreensão plena
de sua imagem real?
De sua dignidade,
de seus direitos e sobretudo,
de sua diferença?
A problemática da dor e do sofrimento não
pode ser considerada uma simples questão
técnica, pois a intencionalidade solidária,
fraterna e confortadora depende mais de uma
atitude do caráter do que do conhecimento,
ou melhor, o sofrimento humano
diz muito mais respeito à ética que a técnica.
E, apesar de não termos nenhuma dúvida
de que a ciência, de fato, contribui para
soluções eficientes aos problemas de saúde,
confirmamos na prática, que alguns aspectos
mais sublimes do ‘outro’ (‘sujeito’)
tais como suas emoções, suas crenças e valores
não podem, em hipótese alguma,
deixar de ser consideradas concomitantemente.
Um se entrelaçando no outro,
confirmando a necessidade do ‘sujeito’ ser
considerado em sua integralidade .
Como perceber
as emoções, as crenças,
os valores do ‘outro’?
Os sentidos são fundamentais
para qualquer percepção.
Olhar, ver e reparar
são maneiras distintas
de usar o órgão da vista.
OLHAR
(...) O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de, vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto(...)
Alberto Caieiro, “O Guardador de Rebanho”
Não basta olhar.
Só o reparar pode chegar a ser visão plena, quando
num ponto determinado ou sucessivamente a atenção
se concentra, até chegar ao ponto que a imagem tivesse de
produzir-se em dois lugares distintos do cérebro com
diferença temporal de um centésimo de segundo, primeiro
o sinal simplificado, depois o desenho rigoroso, a definição
nítida..."
Horácio Costa ,1997. José Saramago
O período formativo.
Lisboa, Editorial Caminho
OUVIR
A arte de escutar permite alcançar sabedoria,
superando toda ignorância.
Nossos ouvidos podem ser traiçoeiros, mas,
se bem tratados e cuidados, podem
tornar-se excelentes aliados.
Depende só de checarmos, a cada momento,
se realmente estamos escutando
o que está sendo dito.
Escutar significa ‘estar disponível para o outro’.
"Não é bastante ter ouvidos para ouvir o que é dito.
É preciso também que haja silêncio dentro da alma",
escreveu o poeta português Fernando Pessoa
sob o pseudônimo de Alberto Caeiro.
Ouvir é saber escutar, é saber esquecer
um pouco de si mesmo enquanto o outro fala.
Escutar é uma experiência transformadora.
É testemunhar a existência" . Fonte: Rubem Alves
Enquanto nossos ouvidos
vão se adequando
ao teor de cada história,
nossos sentimentos,
dia após dia,
tendem a despertar
e seguir a direção ao ‘outro’.
FALAR
‚... a cada palavra que digo, engajo-me um pouco mais no
mundo e, ao mesmo tempo, passo a emergir dele um pouco
mais, já que o ultrapasso na direção do porvir. ‚
SARTRE, 1993: 20
PALAVRA
A cada palavra que ouço do ‘outro’
devo buscar nas entrelinhas,
o que não foi dito...
Quem fala demais
não deixa o outro falar.
E, é claro,
não abre espaço para ouvir.
As palavras são secundárias;
os silêncios entre as palavras
são prioritários!
"Estou usando palavras para criar
intervalos de silêncio.‚
( "Quem Tem Medo de Escutar" )
Dialogar não significa apenas falar.
Significa também – e principalmente –
‘ escutar o outro’.
E neste sentido são sábias as palavras
do Eclesiaste quando alerta que:
‚há tempo para falar e tempo para calar,
tempo para falar e tempo para ouvir.‛
Em nossos próprios lares, por vezes,
cheios de ruídos e gritos,
cada um deveria se fazer a pergunta:
‘há quanto tempo não escuto ninguém?’
Fonte: Rubem Alves
AGORA SIM...
EU OLHO
ATENTAMENTE
E REPARO.
AGORA SIM...
EU OUÇO
O QUE REALMENTE
O ‘ OUTRO’ QUER DIZER,
MESMO QUE NÃO
CONSIGA DIZER...
AGORA SIM...
NÃO FICO SÓ FALANDO.
PERMITO QUE
O OUTRO SE EXPRESSE.
PROCURO ESTABELECER
UM DIÁLOGO.
“É muito bom sabermos
que, mesmo sem ser forçado,
sai alguém em busca de trabalho
compreendendo que jamais poderá
aperfeiçoar-se, se não tiver o
mundo como mestre.
Há muito se fala:
A experiência se adquire na prática.
William Shakespeare/ adaptação
Créditos: Heleida Nobrega Metello
2007